Geografia - noções conceituais para a contemporaneidade
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Geografia: noções conceituais para a contemporaneidade
Éderson Dias de Oliveira
GODOY, P. R. T. (org.) História do Pensamento Geográfico e Epistemologia em Geografia. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
Ler Uma necessidade epistemológica a distinção entre paisagem e espaço, In: Milton Santos, A Natureza do Espaço, Edusp, São Paulo, 2006.
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Geografia - como surgiu essa ciência?
Saber que acompanha nós desde os primórdios da humanidade (localização, forma do globo).
Estabelecimento de relações com a Natureza fez parte das estratégias de sobrevivência dos grupos humanos desde suas primeiras formas de organização;
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•Os povos da pré-história já desenvolviam conhecimentos considerados geográficos (ANDRADE, 1987);
• Ex. caçadores e coletores - observação da dinâmica das estações do ano e do ciclo reprodutivo da natureza; navegadores - conhecimento da direção e a dinâmica dos ventos, marés e correntes marítimas; agricultores - conhecimento das variações climáticas;
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• São conhecimentos que
permitiram às sociedades se
relacionarem com a Natureza e
modificá-la em benefício próprio;
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• Ao longo da história, a natureza foi sendo transformada pelo trabalho do homem, que passou a produzir um espaço com o objetivo de garantir sua subsistência.
• Esse processo de humanização tornou a natureza cada vez mais artificializada, graças ao desenvolvimento de técnicas.
• Poucos lugares da superfície terrestre ainda não sofreram transformações.
• Expandiram-se as áreas agrícolas, desenvolveram-se as cidades e as indústrias, construíram-se estradas, enfim, cada vez mais novas técnicas foram sendo incorporadas ao espaço geográfico, transformando-o.
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• Porém, mesmo esses lugares, como no interior da Floresta Amazônica ou nas calotas polares, o território está delimitado, existe domínio político.
• Embora as paisagens estejam impregnadas de relações humanas, essas não são facilmente percebidas, sendo necessário desvendá-las para que o espaço geográfico possa ser apreendido em sua essência.
• Estes estão sujeitos a acordos internacionais e neles atuam interesses, ligados aos que buscam sua preservação e aos que desejam explorá-los de forma predatória.
•Mesmo em um meio natural, que pareça intocado, existem relações políticas, econômicas, culturais e ambientais que não são visíveis na paisagem.
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• Enfim, a geografia é um conhecimento que tem seu início paralelo ao surgimento do homem.
• No entanto, suas ideias mais elaboradas ocorreram na Grécia - Pitágoras e Aristóteles;
• Geo = terra – Grafia = descrição / termo contraditório
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• Desde a Antiguidade muitos autores elaboraram estudos considerados geográficos, embora o conhecimento fosse disperso e desarticulado, vinculado à filosofia, à matemática e às ciências da natureza.
• Na Grécia Antiga, Heródoto, Hipócrates e Aristóteles, entre outros, analisaram a dinâmica dos fenômenos naturais, elaboraram descrições de paisagens e estudaram a relação homem-natureza.
• Na Idade Média, Cláudio Ptolomeu fez importantes estudos geográficos e cartográficos registrados em sua obra Síntese Geográfica.
• A expansão marítima européia proporcionou substanciais avanços aos estudos geográficos.
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• No entanto, somente em meados do século XIX, dois pesquisadores alemães Alexandre Von Humboldt (1769-1859) - naturalista; geólogo e botânico; e Karl Ritter (1779-1859) - estudo dos lugares; filosofia e história; fundaram a geografia como ciência;
• Essa como uma área do conhecimento que passou a ser pesquisada e ensinada nas universidades, com a gradativa sistematização de seu arcabouço teórico-metodológico.
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• Até meados do século XX a maioria dos geógrafos se limitava a descrever as características físicas, humanas e econômicas das diversas formações socioespaciais, procurando estabelecer comparações e diferenciações entre elas.
• Embora tenha tido um importante papel no desenvolvimento da geografia como ciência, a geografia tradicional nos legou um ensino escolar centrado no:
clima;
relevo;
Vegetação;
Hidrografia;
memorização de mapas e;
dados estatísticos sobre população e economia.
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• Essa estrutura perdurou até a segunda metade do séc. XX, quando a descrição das paisagens, com seus fenômenos naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais eficiente e atraente pela televisão;
• Assim os geógrafos se viram obrigados a buscar novos objetos de estudo que permitissem à geografia sobreviver como disciplina escolar no ensino básico e como ramificação das ciências humanas em nível universitário.
• Nesse período, o processo de mudança do objeto de pesquisa da disciplina teve seu marco principal na década de 1970, quando a geografia passou por um efervescente processo de renovação em suas bases teóricas e nos seus métodos de análise.
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• Esse processo transformador teve como um dos pioneiros o geógrafo francês Yves Lacoste.
• Em 1976 ele publicou A geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra, livro que viria a balançar as estruturas da geografia tradicional.
• Criticava seu conteúdo ideológico a serviço dos interesses dominantes – político e econômico – e apontava caminhos para a renovação crítica.
• No Brasil um dos pioneiros nesse processo foi o geógrafo Milton Santos, em seu livro Por uma geografia nova, publicado em 1978.
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• Enquanto na França e no Brasil a renovação teve forte influência do pensamento de esquerda, sobretudo do marxismo, nos Estados Unidos à contraposição à corrente tradicional foi à quantitativa ou pragmática;
• Esta criticava a falta de pragmatismo, o atraso tecnológico da geografia tradicional e passou a utilizar sistemas matemáticos e computacionais para interpretar o espaço geográfico.
• Essa corrente tecnicista e utilitarista da renovação, que mascarava os conflitos e as contradições sociais denunciados pelos geógrafos críticos, era uma perspectiva conservadora, a serviço do status quo.
• O fim do socialismo real contribuiu para reduzir a influência do marxismo nas ciências humanas.
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• Isso abriu caminho para a difusão de outras correntes teórico-metodológicos na geografia crítica, como a fenomenologia e o existencialismo;
• Também, ao mesmo tempo as correntes críticas passam a valorizar as novas tecnologias – computadores, satélites etc. – na interpretação do espaço geográfico.
• Atualmente, depois de três décadas de renovação emergem novos atores com o avanço da globalização, o crescimento de problemas como os conflitos étnicos, a questão ambiental, os movimentos terroristas, as crises financeiras etc.
• Esses consolidam a certeza de que a geografia é uma disciplina fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo nas escalas local, nacional e mundial.
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O que é Geografia? polêmica ..
Para algumas pessoas, é:
o estudo da paisagem;
a descrição da Terra;
o estuda das regiões;
o estudo dos mapas;
o estudo dos lugares;
e para vocês?
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Definição do conceito de Geografia
• É uma ciência que tem como objeto principal de estudo o espaço (geográfico) - palco das realizações humanas;
• “Lugar” da relação homem x meio - busca pela sobrevivência;
O homem faz geografia à medida que se faz humano, ser social
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CIÊNCIA GEOGRÁFICA
•GEOGRAFIA – Ciência que estuda o espaço geográfico.
• Ciência que tem na base de seus métodos a busca pelo esclarecimento das contradições existentes na relação homem e natureza através do entendimento que é a partir das relações sociais que o homem produz o espaço geográfico. • É pelo trabalho humano que a natureza se torna recurso e meio, condição e produto de sobrevivência do homem na terra.
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• A Geografia é a ciência que estuda o espaço e as relações que ocorrem nele.
• Já o espaço é a construção do trabalho humano sobre um ambiente natural (SANTOS, 2001).
Especialidades da Ciência Geográfica
Geografia Física:
Geografia Humana:
Geografia Econômica:
Geografia Cultural:
Geografia Política:
Milton Almeida dos Santos – 1926 - 2001
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A Geografia Objetiva:
• Compreender os porquês das paisagens em que vivemos;
• Como ela foi construída;
• Por que ela é assim;
• Busca do rompimen-to da simples visu-alização e descrição conformista das paisagens;
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LUGAR - primeira referência que cada um tem no mundo.
“(...) Percorrer as ruas do Centro, depois de anos em
que não pisava por lá, dava certo prazer a dona Irene.
Prazer que ela não confessava a si mesma. Parava
diante de vitrines. Sim senhor, como isso mudou. (...) Ali
era uma livraria. Mais adiante, cadê a confeitaria que
tinha aquele sorvete de pistache, super delicioso? Nada
de confeitaria . Somente bancos, financeiras, agências
de loteria esportiva. Dona Irene sentia leve saudade da
década de 60. Era outro Rio. Mas devemos conhecer o
Rio de hoje, e ela ia aproveitando o percurso na direção
do ônibus para ver, assuntar, sentir, apesar do multidão,
do bolo de gente, do barulho... (...)”
Carlos Drummond de Andrade. “O medo e o relógio”. In: Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987.
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O que é paisagem?
“Tudo aquilo que nós vemos, o que a nossa visão alcança, é a paisagem [...]. Não apenas formada de volumes, mas também de cores, odores, movimentos, sons etc.”
Provérbio oriental – paisagem está a frente e atrás dos nossos olhos;
Milton Santos
Vista do bairro Iguaçu, Ipatinga, MG, 2007.
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A transformação das paisagens
Inserção de trabalho humano no espaço ao longo do tempo;
Construção de novas paisagens;
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Segundo Lucas (1991), os fatores estéticos da paisagem estão relacionados com a reação mental do que os olhos vêem.
Ronai (1976), apud Cabral (2000, p.36) afirma que “não existe um olhar virgem, espontâneo, inocente.
O olhar não é somente o exercício de um sentido (a visão), ele é também a produção de sentido (significação)”.
É preciso ter em mente que o arranjo de formas naturais e/ou artificiais assume diferentes sentidos segundo o modo de olhar (atribuir significados).
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Oferecida à nossa percepção e, ao mesmo tempo, produto de nossas experiências, a paisagem traduz-se como campo de significação individual e sócio-cultural, indicando que essa categoria geográfica deve ser considerada em seu caráter pluridimensional (CABRAL, 2000, p.42).
A paisagem resulta, portanto, do homem, de seu olhar, de seus atos, não é a coisa ou a natureza em estado bruto.
Desta forma, não há como escapar da subjetividade da análise. Até mesmo a interpretação de fotografias ou imagens orbitais é dependente da acuidade e experiência do fotointérprete. As paisagens são temporais e espaciais, pois sempre resultam das ações das pessoas sob o ambiente ao longo do tempo.
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Inevitavelmente, a paisagem é portadora de significados, expressando os valores, as crenças, os mitos e as utopias dos seres que a habitam, tendo, portanto, uma dimensão cultural (CORRÊA & ROSENDAHL, 1998).
Para Alves (2001), o termo paisagem surgiu do desenvolvimento da pintura. A palavra teria sido utilizada pela primeira vez pelo poeta Jean Molinet em 1493: “quadro representando uma região”.
Mais tarde, o conceito assume outros aspectos, incluindo noções materiais, sensoriais, afetivas, estéticas, etc. A definição mais acessível e mais simples para paisagem é aquela encontrada no dicionário Aurélio: “Espaço de terreno que se abrange num lance de vista”.
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Tal definição se baseia na manifestação visual dos componentes da paisagem, especialmente quanto às qualidades estéticas dos mesmos.
As pessoas quando usam a palavra paisagem estão realmente pensando em uma vista panorâmica. A imagem dos rios, lagos, montanhas, vegetação, construções, animais e pessoas compõem a estrutura da paisagem, ou seja, aquilo que é disponibilizado ao olhar.
Assim, a paisagem é determinada por atributos naturais da geomorfologia, clima, uso da terra, hidrografia, etc.
Mas, inevitavelmente, sempre haverá a intervenção da percepção do observador.
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Trabalho Morto x Trabalho Vivo
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Espaço Geográfico
•Decorrente do trabalho humano;
• É produto e condição do e para o homem;
• Se organiza a partir das relações sociais;
• Se produz enquanto meio de vida para a sociedade;
• É presente, mas contém o passado e revela o futuro.
Geografia e Espaço Geográfico
• Pode-se compreender o escopo científico da geografia a partir da leitura, interpretação e crítica das transformações humanas sobre a natureza.
• Processo de materialização do trabalho humano sobre os recursos da natureza ao longo do tempo.
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Território - é uma porção do espaço definido por uma relação de poder.
Ex.
• o morro de uma favela dominado por um grupo de traficantes;
• embaixada de um país;
• blocos econômico de países;
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Os conceitos de paisagem, região, lugar, espaço e território são exemplos de áreas privilegiadas pela geografia na sua tarefa de conhecer e estudar a superfície terrestre;
Esses cinco conceitos-chaves guardam forte grau de parentesco entre si, pois todos se referem à ação humana sobre a superfície terrestre;
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Si o senhor não "tá" lembrado
Dá licença de "contá"Que aqui onde agora está
Esse "edifício arto"Era uma casa véia
Um palacete assombradadoFoi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímo nossa malocaMais, um dia
Nóis nem pode se alembráVeio os homi c'as
ferramentasO dono mandô derrubáPeguemo todas nossas
coisasE fumos pro meio da rua
Aprecia a demoliçãoQue tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caíaDuia no coração
Mato Grosso quis gritáMas em cima eu falei:Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugarSó se conformemo quando
o Joca falou:"Deus dá o frio conforme o
cobertor"E hoje nóis pega a páia nas
grama do jardimE prá esquecê nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemos os dias feliz de
nossas vidasSaudosa maloca,maloca
querida,Dim dim donde nóis
passemo os dias feliz de nossas vidas.
Canção - Saudosa Maloca de Adoniran Barbosa
L – EG mutante – new P - T