Geografia - Suplemento de Apoio do Professor - Manual geo constr

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Manual do Professor

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Sumário

Parte 1

Parte 2

A dinâmica da natureza e as tecnologias

Unidade 1: A linguagem da Geografia, 12

Capítulo 1: A produção do espaço geográfico, 13Capítulo 2: Interpretando os mapas, 13

O enfoque interdisciplinar, 13Biblioteca do professor, 14Indicações de leitura, 14

Unidade 2: A geografia da natureza, 15

Capítulo 3: Geomorfologia e recursos minerais, 15Capítulo 4: As bases físicas do Brasil, 15Capítulo 5: Dinâmica climática e ecossistemas, 16Capítulo 6: Os domínios de natureza no Brasil, 16Capítulo 7: A esfera das águas e os recursos hídricos, 17O enfoque interdisciplinar, 17Biblioteca do professor, 18Indicações de leitura, 19

Unidade 3: Tecnologias e recursos naturais, 19

Capítulo 8: Os ciclos industriais, 19Capítulo 9: Agropecuária e comércio global de alimentos, 20Capítulo 10: Estratégias energéticas, 20

O enfoque interdisciplinar, 21Biblioteca do professor, 21Indicações de leitura, 22

O Brasil, território e nação

Unidade 4: O Brasil e a globalização, 23

Capítulo 11: Industrialização e integração nacional, 24Capítulo 12: A matriz energética, 24Capítulo 13: Os complexos agroindustriais, 25

A proposta da obra❚ A dimensão do tempo, 4❚ A dimensão da escala, 5❚ Organização dos conteúdos, 5❚ O sentido do planejamento pedagógico, 7❚ As atividades e a avaliação, 8❚ A avaliação do aprendizado, 8❚ Critérios cartográficos, 9❚ Fontes estatísticas, 9❚ Navegando na internet, 10

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Parte 3

Capítulo 14: Urbanização e redes urbanas, 25Capítulo 15: Comércio exterior e integração sul-americana, 26

O enfoque interdisciplinar, 26Biblioteca do professor, 27Indicações de leitura, 28

Unidade 5: Sociedade e espaço geográfico, 28

Capítulo 16: A estrutura regional brasileira, 28Capítulo 17: Nordeste, nordestes, 29Capítulo 18: A Amazônia e o planejamento regional, 29Capítulo 19: Desigualdades sociais e pobreza, 30Capítulo 20: A questão fundiária, 30

O enfoque interdisciplinar, 31Biblioteca do professor, 31Indicações de leitura, 32

Geografia e geopolítica da globalização

Unidade 6: O espaço da globalização, 33

Capítulo 21: Os fluxos da economia global, 34Capítulo 22: Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano” , 34Capítulo 23: União Européia e CEI, 35Capítulo 24: A Bacia do Pacífico, 35

O enfoque interdisciplinar, 35Biblioteca do professor, 36Indicações de leitura, 37

Unidade 7: A fronteira Norte/Sul, 37

Capítulo 25: Periferias da globalização, 37Capítulo 26: A transição demográfica, 38Capítulo 27: Urbanização e meio ambiente, 39

O enfoque interdisciplinar, 39Biblioteca do professor, 39Indicações de leitura, 40

Unidade 8: Geopolíticas da globalização, 41

Capítulo 28: Da Guerra Fria à “nova ordem mundial”, 41Capítulo 29: O mundo muçulmano e o Oriente Médio, 42Capítulo 30: Estado e nação na África, 42

O enfoque interdisciplinar, 43Biblioteca do professor, 43Indicações de leitura, 44

Respostas

Exercícios propostos, 45Vestibulares/Enem, 92

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A proposta da obraO espaço geográfico é constituído por uma trama

de objetos técnicos e informacionais construídos pelasociedade, pelos fluxos de matéria e informação que ne-les se apóiam e os transformam e pelo substrato físico ebioquímico da superfície terrestre. Ele pode ser compa-rado a um texto, escrito em parte pelos seres humanos eem parte pelos processos naturais.

O ensino de Geografia destina-se a formar cidadãoscapacitados a “ler” esse “texto”, ou seja, a decifrar atrama do espaço geográfico, identificando suas estrutu-ras básicas e as relações principais que se estabelecementre elas. Essa função é essencial na democracia da cha-mada “era da informação”. A “leitura” do espaço geo-gráfico constitui, ao lado de competências desenvolvi-das em outras disciplinas, um instrumento crucial para ainterpretação da torrente aparentemente caótica de in-formações que atinge os cidadãos.

As Diretrizes e os Parâmetros Curriculares Nacionaispara o Ensino Médio (DCNs e PCNs) ecoaram a críticade educadores contra o ensino enciclopédico e formalistareproduzido pela força da inércia e muitas vezes legiti-mado pelos exames vestibulares tradicionais.

“[...] a formação básica a ser buscada no ensino mé-dio se realizará mais pela constituição de competên-cias, habilidades e disposições de condutas do quepela quantidade de informação. Aprender a aprendere a pensar, a relacionar o conhecimento com dadosda experiência cotidiana, a dar significado ao apren-dido e a captar o significado do mundo, a fazer aponte entre teoria e prática, a fundamentar a crítica,a argumentar com base em fatos, a lidar com o senti-mento que a linguagem desperta.”

MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Diretrizes curriculares nacionais para o ensino

médio: um currículo voltado para as competênciasbásicas. Brasília: MEC, 1999. p. 35.

“Aprender a aprender e a pensar”: não se trata deoferecer um cardápio mais ou menos vasto de informa-ções, mas de desenvolver a autonomia dos estudantes,capacitando-os a atuar como sujeitos na “era da infor-mação”. A tradução dessa meta geral no ensino de Geo-grafia solicita a construção do conceito de espaço geo-gráfico em suas dimensões de tempo e de escala.

A dimensão do tempoA Geografia situa-se no campo das Ciências Huma-

nas. O espaço geográfico é produto da atividade socialsobre um substrato natural, que é a superfície terrestre.Seu estudo exige o reconhecimento das distintas dinâ-micas que o permeiam: o “tempo da natureza” e o“tempo da história”.

Os processos físicos e bioquímicos que ocorrem nabiosfera e modificam a superfície terrestre são ritmadospelo “tempo da natureza”, que se apresenta eventual-mente de modo “cataclísmico”, mas é fundado em di-nâmicas de longa duração. O “tempo geológico” – naexpressão inspirada de Stephen Jay Gould, “tempo pro-fundo” – é sua expressão extrema.

A atividade social de construção do espaço geográ-fico, por sua vez, é ritmada pelo “tempo da história”,que se revela nas mudanças das formas de organizaçãoda sociedade, nos conjuntos de tecnologias empregadosna produção e no consumo e das concepções e idéiassobre o mundo.

Milton Santos sugeriu interpretar o espaço geográ-fico como “acumulação desigual de tempos”. Vale apena seguir seu raciocínio, no contexto de uma discus-são sobre as técnicas:

“Será possível falar da idade de um lugar segundo[...] um critério propriamente ‘geográfico’? Osgeomorfólogos o fazem. A observação da incidêncialocal dos processos naturais lhes permite datar áreasinteiras, segundo a disposição das camadas que re-velam as fases da história natural. [...] Diante das pai-sagens elaboradas pelo homem, será possível encon-trar um método de observação que produza idênticoresultado? Pode a técnica exercer, em relação à geo-grafia, um papel semelhante ao dos cortes geológi-cos e geomorfológicos?

A materialidade artificial pode ser datada, exatamen-te, por intermédio das técnicas: técnicas da produção,do transporte, da comunicação, do dinheiro, do con-trole, da política e, também, técnicas da sociabilidadee da subjetividade. As técnicas são um fenômeno his-tórico. Por isso, é possível identificar o momento desua origem. Essa datação é tanto possível à escala deum lugar, quanto à escala do mundo. Ela é tambémpossível à escala de um país, ao considerarmos o ter-ritório nacional como um conjunto de lugares.”

SANTOS, Milton. A natureza do espaço.São Paulo: Hucitec, 1996. p. 46.

O reconhecimento da dimensão temporal do espa-ço geográfico deve ser uma das metas gerais do ensinode Geografia. Isso não significa, contudo, importar aabordagem da História, que reconstitui cronologicamen-te os processos sociais, narrando uma trama singular deeventos a partir de fontes documentais. A Geografia nãoé uma “história das técnicas”, pois seu método não é ométodo da História.

Na abordagem geográfica, o ponto de partida ede chegada é o espaço geográfico do presente, em suasdiferentes escalas. O enfoque processual destina-se aidentificar e caracterizar seus elementos singulares,

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propiciando o reconhecimento das relações que man-têm entre si. Essa “datação” revela a existência conco-mitante do “novo” e do “velho” numa totalidade queé mundial e se expressa desigualmente nos territóriosnacionais, nas regiões e nos lugares.

A dimensão da escalaNa cartografia, o conceito de escala tem um sentido

estritamente matemático. Mas a opção pelo uso de umadeterminada escala requer uma compreensão abrangentedo espaço geográfico e das técnicas de representação.

Os mapas em pequena escala ocultam uma infini-dade de fenômenos, mas explicitam relações entre asgrandes estruturas espaciais. Os mapas em grande esca-la não podem captar essas relações, mas representam asestruturas de dimensões menores. A opção de escala re-percute sobre o significado da representação. Ou, na sín-tese de Yves Lacoste:

“[...] um fenômeno só pode ser representado numadeterminada escala; em outras escalas ele não érepresentável ou seu significado é modificado.”

LACOSTE, Yves. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar,para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988. p. 74.

Geografia não é igual a cartografia, embora esta úl-tima seja uma técnica crucial para a apreensão e inter-pretação do espaço geográfico. O problema da escala,em Geografia, não se esgota no uso correto da escalacartográfica. O tema, de óbvia relevância para o ensino,foi proposto da seguinte forma por Iná Elias de Castro:

“A análise geográfica dos fenômenos requer objetivaros espaços na escala em que eles são percebidos. Estepode ser um enunciado ou um ponto de partida paraconsiderar, de modo explícito ou subsumido, que o fe-nômeno observado, articulado a uma determinada es-cala, ganha um sentido particular. Esta consideraçãopoderia ser absolutamente banal se a prática geográfi-ca não tratasse a escala a partir de um raciocínioanalógico com a cartografia, cuja representação de umreal reduzido se faz a partir de um raciocínio matemá-

tico. Este, que possibilita a operação, através da qual aescala dá visibilidade ao espaço mediante sua repre-sentação, muitas vezes se impõe, substituindo o pró-prio fenômeno. É verdade que para os geógrafos asperspectivas da grande e da pequena escala ainda sefazem por analogia àquela dos mapas, fruto da confu-são entre os raciocínios espacial e matemático [...].”

CASTRO, Iná Elias de. “O problema da escala”. In: CASTRO,Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa e CORRÊA,Roberto Lobato (Orgs.). Geografia: conceitos e temas.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 120-121.

A discussão teórica sobre o problema da escala geo-gráfica, entendida como conceito não redutível à escalacartográfica, está longe de uma conclusão. Contudo, écada vez mais claro que o uso de diferentes escalas geo-gráficas proporciona a apreensão de características di-versas dos fenômenos e processos espaciais.

O fenômeno da urbanização, por exemplo, revela-senos seus diferentes aspectos quando abordado na escalado mundo, do território nacional, da região ou do lugar. Aescala do mundo evidencia funções da cidade relacionadasà divisão internacional do trabalho e aos grandes fluxos daeconomia global. A escala do território nacional iluminasuas funções na divisão regional do trabalho e na rede ur-bana do país. A escala da região possibilita a investigaçãoda sua capacidade de polarização. A escala do lugar des-venda os nexos da estrutura do espaço intra-urbano e aspercepções sociais ligadas à vivência urbana.

As diferentes escalas geográficas não se confundem,mas se inter-relacionam. A estrutura intra-urbana de SãoPaulo, para retomar o exemplo anterior, é fortemente in-fluenciada pelas funções de metrópole global que a cida-de desempenha na atualidade. O lugar, mais do que emqualquer época anterior, é um lugar-no-mundo.

O reconhecimento das diferentes escalas geográfi-cas não se reduz à capacidade de operar com a escalacartográfica, mesmo que, obviamente, essas competên-cias estejam relacionadas. Uma meta crucial do ensinoda Geografia consiste em proporcionar aos alunos os ins-trumentos conceituais para a distinção entre as escalasdo mundo, do território nacional, da região e do lugar.

Organização dos conteúdosAlgumas interpretações superficiais das DCNs e dos

PCNs difundiram-se largamente, configurando caricatu-ras que funcionam como obstáculos para a reforma doensino. Uma dessas interpretações consiste na crençasegundo a qual o ensino deve buscar o desenvolvimentode competências e habilidades, ao invés de conteúdoscurriculares.

O equívoco embutido nessa crença é o de contraporas competências aos conteúdos. Os próprios documentosoficiais encarregam-se de definir conteúdo curricular comoo conjunto de discursos que entram em jogo no processode ensino-aprendizagem, que abrange tanto os conteúdosprogramáticos (planos e programas de estudos) quanto ascompetências e habilidades construídas. Segundo os PCNs:

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“[...] as competências não eliminam os conteúdos, poisque não é possível desenvolvê-las no vazio. Elas apenasnorteiam a seleção dos conteúdos, para que o professortenha presente que o que importa na educação básicanão é a quantidade de informações, mas a capacidadede lidar com elas, através de processos que impliquemsua apropriação e comunicação e, principalmente, suaprodução ou reconstrução, a fim de que sejam transpos-tas a situações novas. Somente quando se dá essa apro-priação e transposição de conhecimentos para novassituações é que se pode dizer que houve aprendizado.”

MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Parâmetros curriculares nacionais – ensino médio: ciências

humanas e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999. p. 26.

Uma qualidade dessa definição é a de esclarecerque há uma relação permanente entre conteúdos pro-gramáticos, de um lado, e competências e habilidades,de outro. Se não funcionam como fontes para o desen-volvimento das competências e habilidades desejadas,os conteúdos programáticos não merecem esse nome –são apenas fragmentos de informações enciclopédicasdestituídas de relevância. Ao mesmo tempo, as compe-tências e habilidades não se produzem no vácuo inte-lectual, mas emergem da reflexão organizada sobre umcorpo de conhecimentos relevantes que são exatamen-te os conteúdos programáticos. Eles são os veículos –isto é: os meios – para alcançar as metas do curso deGeografia. Meios e fins mantêm relações estreitas. Aseleção adequada dos meios é indispensável para quese alcancem as finalidades planejadas.

Abordando o ensino de Geografia, os PCNsdirecionaram a crítica a duas tradições – uma mais anti-ga, outra mais recente – que se manifestam nos livrosdidáticos.

“Em primeiro lugar, é necessário abandonar a visãoapoiada simplesmente na descrição e memorização da‘Terra e o Homem’, com informações sobrepostas dorelevo, clima, população e agricultura, por exemplo. Poroutro lado, é preciso superar um modelo doutrinário de‘denúncia’, na perspectiva de uma sociedade pronta, emque todos os problemas já estivessem resolvidos.”

MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Parâmetros curriculares nacionais – ensino médio: ciências

humanas e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999. p. 59.

A tradição mais antiga enxerga os conteúdosprogramáticos como listas de temas ou assuntos que, pormotivos arbitrários, deveriam ser conhecidas pelos estu-dantes. A mais recente recorta caprichosamente os con-teúdos programáticos em função do “modelo doutriná-rio” eleito como verdadeiro.

Nesta obra, os conteúdos programáticos são encara-dos como veículos na construção dos conceitos básicos da

Geografia e, portanto, das competências necessárias para“ler o texto” constituído pelo espaço geográfico. Isso signi-fica que a obra não contém “toda a Geografia”, qualquerque possa ser o sentido dessa expressão, mas se pauta pelaabordagem aprofundada dos conteúdos selecionados, dis-tinguindo-se radicalmente dos “almanaques geográficos”tão em voga no universo do ensino.

Nela, a opção metodológica ganha consistência pelaarticulação entre a exposição e as atividades propostas.As atividades dividem-se em quatro seções distintas, quecontemplam, em cada capítulo, níveis diferentes de apre-ensão dos conteúdos e abrangem a interpretação demapas e de textos. Além delas, uma seção que concluicada Unidade, contém sugestões de projetos de traba-lhos interdisciplinares. Finalmente, a obra contém bate-rias de exercícios selecionados que apareceram em exa-mes vestibulares recentes, em todo o país.

A estrutura da obra condensa uma proposta de or-ganização dos conteúdos nas três séries do Ensino Mé-dio. A Parte I – A dinâmica da natureza e as tecnologias,composta por três unidades e dez capítulos, compreen-de as noções básicas da Geografia. A Parte II – O Brasil,território e nação situa o olhar na escala do territórionacional. A Parte III – Geografia e geopolítica daglobalização está pautada na escala do mundo.

A Parte I destina-se a construir os fundamentos doconceito de espaço geográfico. Sua unidade inicial (A lin-guagem da Geografia), que atua como introdução detoda a obra, discute o espaço geográfico como fruto dahumanização da superfície da Terra e aborda a cartogra-fia como técnica e expressão de concepções culturais so-bre o mundo. As unidades seguintes (A geografia da na-tureza e Tecnologia e recursos naturais) abordam,respectivamente, as dinâmicas naturais e as relações en-tre as tecnologias e a produção do espaço geográfico.Essas duas unidades têm a finalidade de elaborar os con-ceitos de “tempo da natureza” e “tempo da socieda-de”, e investigar o caráter processual de produção daspaisagens e do espaço geográfico.

A Parte II situa-se na perspectiva da escala do territó-rio nacional. Isso não significa que as demais escalas geo-gráficas estejam ausentes, mas que elas aparecem comoinstrumentos auxiliares na apreensão da construção do es-paço geográfico brasileiro. A primeira unidade (O Brasil e aglobalização) está consagrada à dialética entre a escala doterritório nacional e a do mundo. A segunda unidade (Soci-edade e espaço geográfico), à dialética entre a escala doterritório nacional e as escalas da região e do lugar.

É importante sublinhar que essa parte da obra temcomo foco o território nacional, mas não é um “livro deGeografia do Brasil” anexado a uma coleção, pois algunsconteúdos tradicionalmente estudados em Geografia doBrasil aparecem na parte inicial da obra, assim como naparte final. A explicação encontra-se na opção metodo-lógica: nesta obra, os conteúdos não possuem um valor

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intrínseco, mas são plataformas sobre as quais erguem-se os blocos de conceitos.

A Parte III situa-se na perspectiva da escala do mun-do. Mais uma vez, isso não significa que as outras esca-las geográficas estejam ausentes. As escalas dos territó-rios nacionais, das regiões e dos lugares são usadas emmomentos distintos, como instrumentos destinados aevidenciar as diferentes dimensões do espaço mundialda chamada “era da globalização”.

Na unidade inicial (O espaço da globalização), abor-da-se a reorganização do espaço mundial associada à

globalização econômica. A unidade seguinte (A fronteiraNorte/Sul) discute a persistência de uma “fronteira Nor-te-Sul” marcada por profundas desigualdades socioeco-nômicas entre os países desenvolvidos e subdesenvolvi-dos. A unidade final (Geopolíticas da globalização) mudao registro de análise, abordando o espaço mundial sob oponto de vista geopolítico e estratégico.

Na seqüência deste manual, discute-se com maiorprofundidade a organização dos conteúdos de cada umadas partes, unidades e capítulos, além das estratégiaspedagógicas sugeridas pelos autores.

O sentido do planejamento pedagógicoO ensino conteudista e enciclopédico e seu corolário

extremo, representado pelos materiais apostilados queproliferaram à sombra dos exames vestibulares tradicio-nais, repercutiu devastadoramente sobre o planejamen-to pedagógico. Os “cursos prontos”, em receituáriosproduzidos aula-a-aula, privaram escolas e professoresde uma autonomia pedagógica básica. Esses modelos,abstraindo a singularidade das escolas, impuseram pa-drões rígidos que, além de tudo, referenciam-se unica-mente aos conteúdos programáticos, e não estãofocados na construção de competências.

Nessa moldura, a atividade de planejamento do cur-so perde seu valor pedagógico, limitando-se a uma or-denação de assuntos em função do calendário escolar.Muitas vezes, tudo se resume à reprodução do sumáriodo material didático ou à sua adaptação direta à cargahorária disponível.

O ensino renovado define os conteúdos programáti-cos como etapas de construção de conceitos e competên-cias. Sob essa perspectiva, cada um dos temas é o suportepara a elaboração do edifício conceitual da disciplina. A ati-vidade de planejamento, destinada a explicitar a trama deconceitos associados aos temas e assuntos, ganha, assim,sua verdadeira dimensão pedagógica. O planejamento é,ainda, o momento no qual traçam-se as estratégias desti-nadas ao desenvolvimento das competências gerais e es-pecíficas trabalhadas em cada série e disciplina.

No planejamento, o professor evidencia para si mes-mo o sentido de seu trabalho didático. Ele não tratará dageomorfologia para fixar na mente dos estudantes a su-cessão de eras e períodos da coluna geológica, mas paraelaborar o conceito de “tempo profundo”. Não trataráda geografia da indústria para promover a memorizaçãodas regiões industriais européias e norte-americanas, maspara elaborar o conceito de localização industrial. O pla-nejamento do curso permitirá visualizar a trama de con-ceitos na sua totalidade e, portanto, as relações que seestabelecem entre eles.

As seções deste manual consagradas às partes, uni-dades e capítulos são subsídios para o planejamento. Elasexplicitam um ponto de vista dos autores, mas não de-vem ser interpretadas como uma camisa-de-força impos-ta ao professor. Na atividade de planejamento, o profes-sor tem a oportunidade de criar seu próprio curso,inclusive por meio de ordenamentos alternativos do con-teúdo programático. Sobretudo, porém, o professor tema oportunidade de colocar ênfases especiais a determi-nados conteúdos e/ou atividades, que decorrem da suaprópria estratégia de desenvolvimento dos conceitos ecompetências.

Neste manual, na conclusão da exposição dos con-teúdos de cada Unidade, há uma seção intitulada Oenfoque interdisciplinar. Trata-se de sugestões de pes-quisa e trabalho em equipes que requerem a participa-ção de professores de outras disciplinas. A seção não foiincluída no corpo da obra a fim de não prejudicar a flexi-bilidade do planejamento escolar. Além dela, aparece aseção Biblioteca do professor, que contém um texto eindicações de leitura. Essa seção não se destina obvia-mente a ser utlilizada com os alunos, mas à reflexão teó-rica e metodológica do professor.

O livro didático consiste em uma seleção, entre ou-tras possíveis, dos conhecimentos geográficos adequadospara o processo de ensino-aprendizagem. Essa seleção égenérica – cabe ao professor adaptá-la às condições sin-gulares da escola e do público com o qual trabalha, bemcomo à sua própria forma de entender o ensino de Geo-grafia. A escolha de materiais de apoio didático – livros,publicações periódicas, jornais, vídeos, etc. – é uma dasestratégias para realizar essa adaptação. Outras estraté-gias são o planejamento de avaliações e atividades, os pro-jetos de pesquisa, o estudo do meio. Por essas vias, o pro-fessor apropria-se do curso, define suas ênfases, ritmo epontuação. Assim, ele subordina o livro didático às neces-sidades de uma escola e um público específicos, exercen-do plenamente sua função criadora.

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As atividades e a avaliaçãoAs propostas originais de atividades da obra foram

dispostas em seções distintas, pois desempenham papéistambém distintos no processo de ensino e aprendizagem.No final de cada capítulo, aparecem quatro seções deatividades:

• Revendo o capítulo. Seção destinada à retomadados principais conceitos trabalhados no capítulo. Suafunção é promover uma leitura competente do tex-to teórico, isto é, levar o aluno a desenvolver a ple-na compreensão da estrutura da narrativa, com aidentificação das idéias centrais e dos nexosexplicativos internos do texto. Idealmente, essesexercícios deveriam ser indicados como tarefa decasa e discutidos na aula seguinte.

• O capítulo no contexto. Seção voltada à aplicaçãodos conceitos principais do capítulo em contextosdistintos. O uso freqüente de recursos como peque-nos textos, gráficos e tabelas é uma característicada seção. Esses exercícios, que apresentam grau decomplexidade maior, têm a finalidade de funcionarcomo parâmetro do aprendizado.

• Trabalhando com mapas. Como o título indica, tra-ta-se de uma seção voltada para a interpretação derepresentações cartográficas de um ou mais fenô-menos discutidos no capítulo. Sua finalidade é pro-piciar ao professor um instrumento para a continui-dade da “alfabetização cartográfica”, ao longo detodo o curso. As questões que acompanham os ma-pas podem versar sobre técnicas de representaçãoou sobre a natureza dos próprios fenômenos. Suge-re-se que as questões sejam propostas para resolu-ção em pequenos grupos, mediante discussão pré-via dos alunos.

• Dialogando com o texto. Seção associada à leiturados textos complementares. Esses textos, de dife-rentes autores, evidenciam o debate social que cer-ca algum problema abordado no capítulo. As ques-tões que acompanham esses textos funcionamcomo uma “ficha de leitura”, ou seja, como um re-sumo das idéias centrais e, em certos casos, comouma expansão da problemática neles contida.

Além das quatro seções básicas, a obra ofereceprojetos de trabalho e baterias de exercícios dos exa-mes vestibulares.

A seção Projeto de Trabalho, que aparece ao finalde cada unidade, oferece propostas de projetosinterdisciplinares, sempre associadas aos conteúdos ecompetências desenvolvidos nos capítulos precedentes.São sugestões a serem apresentadas aos professores deoutras disciplinas e, eventualmente, incorporadas ao pla-nejamento geral da escola.

As propostas estão voltadas para o trabalho emequipe, sob orientação constante dos professores. Todasprevêem que a pesquisa conduza a um produto final. Naforma como foram elaboradas, solicitam várias semanasde trabalho e podem ser propostas em bases bimestrais,trimestrais ou semestrais.

A seção Questões de vestibulares/Enem abrangebaterias de testes de múltipla escolha e exercíciosdiscursivos extraídos de exames vestibulares de todo opaís, de programas de avaliação seriada e do Enem. Osautores selecionaram essas questões utilizando critériosde qualidade, representatividade e diversidade geográfi-ca. Algumas questões foram selecionadas com base nasua qualidade intrínseca, outras porque evidenciam cer-tas abordagens tradicionais ou determinados problemasvalorizados pelos exames vestibulares

A avaliação do aprendizado“Somente quando se dá [...] apropriação e trans-

posição de conhecimentos para novas situações é quese pode dizer que houve aprendizado.” Os PCNs apon-tam o rumo: avaliação não é cobrança de uma sériemaior ou menor de informações específicas, mas aferi-ção da construção de conceitos e competências rele-vantes. Isso significa que a simples memorização nãoindica aprendizado.

O ponto de partida do aprendizado, em Geografiacomo nas demais disciplinas, é a competência de leiturae interpretação. O sucesso na apreensão do sentido edos significados de textos, mapas, gráficos e tabelas de-veria ser objeto de aferição contínua.

A competência para estabelecer relações entre fe-nômenos, com a mediação de conceitos, é um indicadordecisivo de que houve aprendizado. No caso da Geogra-fia, essa competência abrange a capacidade de identifi-car fenômenos espaciais, nas suas diferentes escalas, ede estabelecer relações pertinentes com outros fenôme-nos espaciais.

A “transposição do conhecimento para novas situa-ções” abrange a capacidade de aplicar no cotidiano osconceitos básicos da Geografia. Os fenômenos estuda-dos em sala de aula manifestam-se, sob formas específi-cas, no “lugar-mundo” do aluno, quer por meio da ex-periência vivida quer por meio da torrente de informações

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oferecidas pela mídia. A avaliação do aprendizado deveesforçar-se para aferir essa capacidade, explorando aspotencialidades de estudos do meio e fazendo uso donoticiário cotidiano dos meios de comunicação.

Uma meta fundamental do ensino é a construçãodo espírito científico. A capacidade de operar com o mé-todo científico – identificando fenômenos relevantes,observando-os e descrevendo-os, formulando hipótesessobre sua origem e dinâmica, testando essas hipóteses eelaborando explicações – é desenvolvida desde o inícioda vida escolar e ganha sofisticação crescente. A avalia-ção do aprendizado deve conferir maior valor ao proces-so de construção do espírito científico que à adequaçãoou ao rigor das conclusões obtidas.

As atividades propostas na obra foram elaboradascom vistas a contribuir para a avaliação contínua do

aprendizado. Essa observação vale particularmente paraas seções O capítulo no contexto, Trabalhando commapas e Dialogando com o texto. Além disso, particu-larmente no caso da 3a série, a seção Questões de ves-tibulares/Enem oferece subsídios para a elaboração deprovas ou simulados.

A avaliação contínua é, atualmente, um consensoentre os educadores. Mas esse processo permanente deaferição da aprendizagem não deveria implicar a supres-são das provas formais. O momento da prova tem valorpedagógico comprovado e elas oferecem ao professor umtermômetro acurado da própria eficiência das estratégiasde ensino utilizadas. As provas periódicas deveriam estarpautadas pela aferição de metas de aprendizagem nítidas,definidas desde o momento do planejamento em termosde conteúdos, conceitos e competências.

Critérios cartográficos

Fontes estatísticasNesta obra, utilizam-se estatísticas oriundas das

mais diversas fontes: governos nacionais, instituições eagências multilaterais, organizações não-governamen-tais. Todas as fontes estão citadas.

Na medida do possível, a obra utiliza estatísticas pa-dronizadas, de modo a facilitar a comparação entre infor-mações apresentadas em diferentes seções ou capítulos.Assim, por exemplo, privilegia-se o uso do PIB mensuradopelo método da paridade do poder de compra, emboraem casos isolados, por razões específicas, utilize-se outrasformas de medir a riqueza nacional. Sempre que relevan-te, há explicação do significado do método de mensuraçãoou da unidade de medida utilizados.

A periodicidade dos censos e pesquisas nacionais variade país a país. Algumas séries estatísticas publicadas porinstituições e agências multilaterais ou organizações não-governamentais apresentam descontinuidades no tempo.Além disso, há importantes pesquisas que foram realizadasuma única vez e perderam parte de seu rigor quantitativo,mas ainda conservam forte poder explicativo.

Como regra, procurou-se utilizar a estatística maisatualizada disponível. Contudo, em alguns casos, as sériesdisponíveis encontram-se defasadas no tempo. Um casonotório, por exemplo, é o do Censo Agropecuário brasi-leiro, realizado pela última vez em meados da década de1990. O critério adotado nesses casos foi o do poderexplicativo das séries existentes, à luz das finalidades dolivro didático. As informações didáticas foram utilizadas.

Nesta obra, foram adotados os seguintes critérios, emrelação à orientação, projeção e notação da escala dosmapas.

OrientaçãoA agulha da bússola aponta para o norte magnético daTerra (Ilha Ellef Ringnes, Canadá), mas, para simplificarsua leitura, os mapas já estão orientados para o nortegeográfico.

ProjeçãoAdota-se uma projeção cartográfica de acordo com osobjetivos do mapa, tendo em vista a extensão, a configu-ração e a posição da área de interesse no globo. A con-veniência de uma ou outra projeção está relacionada àssuas propriedades básicas – conformidade (ângulos ver-dadeiros), equivalência (áreas verdadeiras) e eqüidistân-cia (distâncias verdadeiras) – na tentativa de reduzir aomínimo as deformações. Nesta obra, a maioria dos pla-nisférios estão na Projeção de Miller, que representa ospólos como uma linha e não deforma exageradamentenem áreas nem formas.

EscalaPara facilidade, empregou-se neste livro a escala gráfica.Ela permite medir as distâncias diretamente sobre o mapae pode ser usada mesmo em reduções ou ampliações.

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�Navegando na internet

A internet oferece uma verdadeira “biblioteca da Babilônia” pós-moderna, imensae diversificada. Existem milhares de sites dedicados a temas relevantes para o ensino deGeografia. A relação seguinte limita-se a sites em português, de boa qualidade, renova-dos de modo sistemático ao longo do tempo, que são mantidos por instituições públicas,organizações não-governamentais ou empresas privadas.

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)

<www.cvrd.com.br>

Site da antiga estatal, gigante da mineração e dalogística. Além de páginas de interesse empresarial, o siteoferece uma história da CVRD e uma página dedicada aassuntos relativos à mineração.

Deutsche Welle

<www.dw-world.de>

O portal brasileiro da agência de notícias alemã trazdiversos dossiês temáticos de grande interesse. Ele é umaexcelente fonte de pesquisa para temas como a agendaambiental global, as relações do Brasil com a Alemanhae com a União Européia e os grandes destaques da polí-tica internacional.

Europa

<www.europa.eu.int>

Site da União Européia, com versão em português.Oferece informações históricas, econômicas e sociais,além de estatísticas sobre o bloco europeu.

Greenpeace Brasil

<www.greenpeace.org.br>

Site da seção brasileira da organização ambientalis-ta global. Além da divulgação de campanhas, tem umaseção de textos sobre temas relativos às políticas ambien-tais e energéticas.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

<www.ibge.gov.br>

O site do IBGE oferece parcela significativa das in-formações estatísticas obtidas nos censos e pesquisas do

Agência Carta Maior

<agenciacartamaior.uol.com.br>

Portal da Agência de Notícias Carta Maior, que desta-ca os grandes temas da agenda ambiental e social brasileira.

Ciência Hoje

<www2.uol.com.br/cienciahoje>

Site da tradicional revista de divulgação científica.Oferece artigos sobre tecnologia, saúde e ambiente re-levantes para os conteúdos de Geografia.

Climatempo

<www4.climatempo.com.br>

Site de previsão do tempo e análise climática. Exibeimagens orbitais cedidas pela Administração NacionalOceânica e Atmosférica (Noaa), dos Estados Unidos, alémde imagens orbitais do Brasil e dos diferentes continentes.

Clube Mundo

<www.clubemundo.com.br>

Site mantido pelo jornal Mundo – Geografia e Polí-tica Internacional. Oferece textos de análise sobre a con-juntura política e econômica. Disponibiliza as ediçõescompletas do jornal, dos anos anteriores, com um siste-ma de busca que permite a consulta a mais de uma dé-cada de textos de análise.

Com ciência

<www.comciencia.br>

Revista eletrônica de jornalismo científico, produzi-da pela SBPC e pelo Labjor-Unicamp. Oferece dossiêstemáticos que contemplam diversos conteúdos associa-dos ao ensino de Geografia.

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órgão. É um instrumento eficiente para pesquisas de alu-nos, especialmente em temas ligados à demografia e àeconomia brasileiras.

Instituto Nacional de Meteorologia

<www.inmet.gov.br>

Site de previsão do tempo e do clima, mantido peloInmet, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento. Oferece imagens do satélite Goes de abrangên-cia global e da América do Sul, nas faixas visível, infra-vermelho e vapor d’água.

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

<www.inpe.br>

Site mantido pelo Inpe, do Ministério da Ciência eTecnologia. Oferece dados climáticos e ambientais geradosa partir de imagens orbitais da Terra do projeto Landsat.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

<www.ipea.gov.br>

O site do órgão de pesquisa vinculado ao Minis-tério do Planejamento oferece dois recursos relevan-tes para os professores de Geografia. Um deles é apágina do IPEADATA, uma base de dados estatísticossobre economia mais abrangente que a do IBGE. Ooutro são os textos para discussão, que podem seracessados em versão eletrônica e abordam inúmerostemas socioeconômicos.

National Geographic

<www.nationalgeographic.abril.com.br>

Site da National Geographic, revista publicada emdiversos países e idiomas pela National GeographicSociety. Trata de temas de geografia, história, arqueolo-gia, paleontologia, cartografia e explorações.

Organização das Nações Unidas

<www.onu-brasil.org.br>

Portal em português da ONU, que reúne informa-ções sobre a atuação de suas agências no Brasil e apre-senta reportagens interessantes sobre os eventos temá-ticos patrocinados pela organização.

Petrobras

<www.petrobras.com.br>

O site da estatal de petróleo contém diversas infor-mações úteis. A página Sala de Aula está dedicada àsescolas e representa um instrumento extremamente útilpara o ensino das diversas etapas da exploração, produ-ção, refino e distribuição do petróleo.

Rios Vivos

<www.riosvivos.org.br>

Trata-se de um interessante portal dedicado àsquestões ambientais, em especial àquelas referentes aosrecursos hídricos. O portal é mantido por uma coalizãode Organizações Não-Governamentais.

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Parte 1

A dinâmica da naturezae as tecnologias

O objetivo da Parte I desta obra é construir o con-ceito de espaço geográfico em suas múltiplas dimen-sões. Sua estrutura está baseada no referencial teóricoelaborado pelo geógrafo Milton Santos, para quem ahistória humana se expressa como uma sucessão demeios geográficos.

O meio natural é pautado pelas dinâmicas da na-tureza. Sua expressão sensível são as paisagens natu-rais. Através delas, é possível observar a diversidadede situações gerada pelos processos físicos e bioquí-micos e a interdependência entre os elementos natu-rais. Para decifrar as dinâmicas da natureza, é indis-pensável conceituar o tempo geológico. Esse “tempoprofundo” distingue-se radicalmente do tempo histó-rico, ao qual está habituada a sensibilidade humana.A distinção não é apenas quantitativa, mas qualitati-va: a escala de milhões de anos não faz parte da nossaexperiência. Assim, um aspecto fundamental destaUnidade é estabelecer relações significativas entre aspaisagens naturais e os processos de longa duraçãoque as produziram.

É um erro teórico e filosófico contrapor o “ho-mem” à “natureza”. O ser humano é parte do mundonatural e compartilha a biosfera com os demais orga-nismos. O que singulariza a humanidade é seu poderde transformação extensiva e intensiva do ambiente,através da elaboração de projetos e da criação de tec-nologias capazes de executá-los. O ser humano queatua sobre o substrato natural e o transforma em meiotécnico e em meio tecnocientífico e informacional éum ser social. Não é o “homem”, mas a sociedade queproduz os sucessivos meios geográficos. As tecnologi-as, criações sociais embebidas por um “tempo históri-co”, são o principal objeto de análise da última unida-de desta Parte I.

UNIDADE 1

A linguagem da geografia

“A ordem global busca impor, a todos os lugares, umaúnica racionalidade. E os lugares respondem ao Mundosegundo os diversos modos de sua própria racionalidade[...]. A ordem global funda as escalas superiores ou ex-ternas à escala do cotidiano. Seus parâmetros são arazão técnica e operacional, o cálculo da função, a lin-guagem matemática. A ordem local funda a escala docotidiano, e seus parâmetros são a co-presença, a vizi-nhança, a intimidade, a emoção, a cooperação e a soci-alização com base na contiguidade [...]. Cada lugar é, aomesmo tempo, objeto de uma razão global e de umarazão local, convivendo dialeticamente.”

SANTOS, Milton. A natureza do espaço.São Paulo: Hucitec, 1996. p. 272-273.

Conforme afirmamos na apresentação da propostadesta obra, as competências e habilidades a serem de-senvolvidas pelo ensino de Geografia podem ser sinteti-zadas como a capacidade de “ler” o espaço geográfico,ou seja, a trama formada pelos objetos naturais e técni-cos e pelas múltiplas relações entre eles. Esta primeiraUnidade apresenta os elementos básicos para o desen-volvimento destas habilidades.

O arcabouço conceitual que sustenta o conheci-mento geográfico, bem como as múltiplas relações entreas diferentes escalas de análise geográfica da realidadeàs quais se refere o fragmento de texto reproduzido aci-ma, são abordados no Capítulo 1.

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A Geografia distingue-se nas Ciências Humanaspela espacialidade do seu objeto. Os mapas e cartas, des-tinados a captar arranjos espaciais na superfície terrestre,formam sua linguagem e são instrumentos privilegia-dos de análise do espaço geográfico. O Capítulo 2 dedica-se à cartografia.

• Conteúdo programático

Capítulo 1

A produção do espaço geográficoAs paisagens, as técnicas e as tecnologias; A natu-reza do espaço geográfico; A economia em rede; Olugar, o território e o mundo.

Este primeiro capítulo destina-se a construir os con-ceitos que fundamentam a perspectiva geográfica deapreensão da realidade, e que formam o arcabouço es-trutural do conjunto da obra.

A paisagem é a dimensão sensível do espaço geo-gráfico, e, por isso mesmo, o ponto de partida para seuestudo. As diferentes escalas temporais que produzemas formas naturais e as formas sociais que compõem aspaisagens são apresentadas por meio das noções de“tempo da natureza” e de “tempo da história”.

Além das formas naturais e sociais, o espaço geo-gráfico também abrange a rede de relações dos homensentre si e com a superfície terrestre, mediada pelas técni-cas. Assim, o espaço geográfico incorpora a diversidadenatural que caracteriza esta superfície e a intervençãoigualmente desigual das sociedades sobre ela.

De acordo com o geógrafo Milton Santos, o es-paço geográfico se apresenta como meio natural,quando ritmado pelos tempos da natureza; comomeio técnico, quando predominam as estruturas daera industrial, ou como meio tecnocientífico e infor-macional, quando dominado pelas tecnologias de in-formação que estruturam as redes virtuais. Estes con-ceitos, que são a chave da aventura geográfica dedescoberta do mundo, são cuidadosamente elabora-dos neste capítulo. Para discutir os efeitos da difusãodesigual das infra-estruturas do meio tecnocientíficoe informacional no espaço geográfico, por exemplo,é utilizado o exemplo do trágico tsunami que custoua vida de centenas de milhares de pessoas na baciado Oceano Índico.

Os conceitos de lugar, de território e de mundo ilus-tram as diferentes escalas da análise geográfica e as múl-tiplas relações entre estas escalas. A reflexão em tornodas relações dialéticas entre o lugar e o mundo, media-das pelos poderes políticos que controlam os territóriosnacionais, encerra este capítulo introdutório.

Capítulo 2

Interpretando os mapasA descoberta do mundo; A linguagem dos mapas;Coordenadas geográficas; A representação da Terra.

Este capítulo enfoca a Cartografia na sua dupla condi-ção de técnica de representação e de elemento da cultura.Os exemplos extraídos da história da Cartografia apresen-tam os mapas em sua condição de produtos sociais, quetraduzem uma visão de mundo.

Os mapas são também instrumentos do planejamen-to. Através deles, o poder público adquire o domínio inte-lectual sobre o território. Eles servem, por exemplo, parafinalidades de zoneamento urbano e rural, destinado a dis-ciplinar os usos da terra. A revolução tecnocientífica e in-formacional multiplicou as possibilidades da Cartografia.As tecnologias modernas de sensoriamento remoto, ba-seadas no uso de imagens digitais de satélites em diferen-tes bandas do espectro eletromagnético, proporcionammapas constantemente atualizados das mais diversas ca-racterísticas de quase toda a superfície do planeta. A car-tografia computadorizada reduziu brutalmente os custose o tempo para a produção de mapas. Esse conhecimentomais vasto e profundo do espaço geográfico materializa-se em Sistemas de Informações Geográficas (SIG).

Do ponto de vista do Ensino Médio, as técnicascartográficas têm importância na medida em que permi-tem desenvolver habilidades de interpretação da lingua-gem dos mapas, que envolvem a compreensão do siste-ma de coordenadas geográficas, da escala cartográficanumérica e gráfica e da legenda.

As projeções são, em princípio, técnicas cartográfi-cas. Mas a opção por determinada projeção é, muitasvezes, um ato cultural e politicamente motivado. As di-ferenças entre as projeções cilíndricas de Mercator e dePeters permitem revelar duas visões de mundo distintas,cada uma delas adequada ao seu tempo. A projeção deMercator materializa o eurocentrismo; a de Peters, a va-lorização do Terceiro Mundo. Por outro lado, a projeçãoazimutal responde às necessidades da geopolítica.

• O enfoque interdisciplinarCartografia e Navegações

As Grandes Navegações são tema muito relevanteno estudo de História. Elas foram cruciais para o desen-volvimento da Cartografia moderna, pois revelaram paraos europeus as verdadeiras dimensões do planeta e a dis-posição das terras emersas e oceanos.

O estudo de mapas antigos pode ser muito esclare-cedor. Como era o mundo cartografado pelos gregos, naAntiguidade? E o mundo cartografado no século XVI?Como a concepção de mundo expressa pelos mapas re-nascentistas participou da revolução de idéias do seu

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tempo? Quando e por que se fixaram as convenções atu-ais, utilizadas na produção de planisférios, como a de co-locar o Hemisfério Norte na parte superior do mapa?

• Biblioteca do professorDo ponto de vista da Geografia, o processo de

globalização é também o da emergência de um meiotecnocientífico e informacional. No texto abaixo, MiltonSantos reconstrói a história dos sucessivos meios geo-gráficos, mostra os profundos impactos dos sistemas téc-nicos sobre o território e enfatiza as especificidades domomento atual, no qual os objetos técnicos são movidospela energia da informação.

“O meio tecnocientífico e informacional

A história das chamadas relações entre sociedade e na-tureza é, em todos os lugares habitados, a da substitui-ção de um meio natural, dado a uma determinada socie-dade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é,sucessivamente instrumentalizado por essa mesma soci-edade. Em cada fração da superfície da Terra, o caminhoque vai de uma situação a outra se dá de maneira parti-cular; e a parte do ‘natural’ e do ‘artificial’ também varia,assim como mudam as modalidades de seu arranjo.

Podemos admitir que a história do meio geográficopode ser grosseiramente dividida em três etapas: omeio natural, o meio técnico, o meio tecnocientífico einformacional. [...]

Quando tudo era meio natural, o homem escolhia danatureza aquelas suas partes ou aspectos considera-dos fundamentais ao exercício da vida, valorizando,diferentemente, segundo os lugares e as culturas, es-sas condições naturais que constituíam a base mate-rial da existência do grupo. [...]

O período técnico vê a emergência do espaço mecani-zado. Os objetos que formam o meio não são, ape-nas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos,ao mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componentematerial é crescentemente formado do natural e doartificial. Mas o número e a qualidade de artefatosvariam. As áreas, os espaços, as regiões, os paísespassam a se distinguir em função da extensão e dadensidade da substituição, neles, dos objetos natu-rais e dos objetos culturais, por objetos técnicos. [...]

O terceiro período começa praticamente após a Se-gunda Guerra Mundial e, sua afirmação, incluindo ospaíses de terceiro mundo, vai realmente dar-se nosanos 1970. É a fase que R. Richta [...] chamou de perío-do técnico-científico, e que se distingue dos anterio-res, pelo fato da profunda interação da ciência e datécnica, a tal ponto que certos autores preferem falarde tecnociência para realçar a inseparabilidade atualdos dois conceitos e das duas práticas. [...]

Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mes-mo tempo técnicos e informacionais, já que, graças àextrema intencionalidade de sua produção e de sua lo-calização, eles já surgem como informação; e, na verda-de, a energia principal de seu funcionamento é tambéma informação. Já hoje, quando nos referimos às manifes-tações geográficas decorrentes dos novos progressos,não é mais de meio técnico que se trata. Estamos dianteda produção de algo novo, a que estamos chamandode meio tecnocientífico e informacional.

Da mesma forma como participam da criação de no-vos processos vitais e da produção de novas espécies(animais e vegetais), a ciência e a tecnologia, juntocom a informação, estão na própria base da produ-ção, da utilização e do funcionamento do espaço etendem a constituir o seu substrato.

Antes, eram apenas as grandes cidades que se apre-sentavam como o império da técnica, objeto de modi-ficações, supressões, acréscimos, cada vez mais sofis-ticados e mais carregados de artifício. Esse mundoartificial inclui, hoje, o mundo rural. [...]

Cria-se um verdadeiro tecnocosmo [...], uma situaçãoem que a natureza natural, onde ela ainda existe, ten-de a recuar, às vezes brutalmente. Segundo ErnestGellner [...], ‘a natureza deixou de ser uma parte sig-nificativa do nosso ambiente’. [...]

Podemos então falar de uma cientificização e de umatecnicização da paisagem. Por outro lado, a informaçãonão apenas está presente nas coisas, nos objetos técni-cos, que formam o espaço, como ela é necessária à açãorealizada sobre essas coisas. A informação é o vetorfundamental do processo social, e os territórios são, des-se modo, equipados para facilitar a sua circulação. [...]

Os espaços assim requalificados atendem sobretudoaos interesses dos atores hegemônicos da economia,da cultura e da política e são incorporados plenamen-te às novas correntes mundiais. O meio tecnocientíficoe informacional é a cara geográfica da globalização.”

SANTOS, Milton. A natureza do espaço.São Paulo: Hucitec, 1996. p. 186-191.

• Indicações de leituraCASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São

Paulo: Paz e Terra, 2000. v.1.

JOLY, Fernand. A cartografia. Campinas: Papirus,1990.

MARTINELLI, Marcello. Cartografia temática: ca-derno de mapas. São Paulo: Edusp, 2003.

MORAES, Antonio Carlos Robert. A gênese da Geo-grafia moderna. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1989.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Pau-lo: Hucitec, 1996.

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UNIDADE 2

A geografia da naturezaO geógrafo Jurandir Ross sintetiza a dinâmica dos

ambientes naturais e as múltiplas interferências da socie-dade sobre estes ambientes:

“As unidades de paisagens naturais se diferenciam pelorelevo, clima, cobertura vegetal, solos ou até mesmopelo arranjo estrutural e do tipo de litologia ou por ape-nas um desses componentes. No entanto, como na na-tureza esses componentes são interdependentes, quan-do há variações na litologia, por exemplo, certamenteobservam-se diferenças na forma do relevo, na tipologiados solos e até mesmo na composição florística da co-bertura vegetal. Esta última interfere no clima ou pelomenos no microclima, na diferenciação e distribuição dafauna e microrganismos, e assim sucessivamente paraos demais componentes. [...] Nesse panorama [...] deambientes naturais, o homem, como ser social, interferecriando novas situações ao construir e reordenar os es-paços físicos com a implantação de cidades, estradas,atividades agrícolas, instalações de barragens, retifica-ções de canais fluviais, entre inúmeras outras.”

ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia: ambientee planejamento. São Paulo: Contexto, 1997. p. 11-12.

A superfície da Terra é o substrato material sobre oqual atuam as sociedades, produzindo o espaço geográfi-co. Há, portanto, um meio natural prévio à humanidade,fruto de processos físicos e bioquímicos. Esses processos sãoresultantes tanto da dinâmica energética interna quanto dadinâmica externa do planeta, esta última baseada na inte-ração da energia solar com a atmosfera. O meio natural,portanto, se encontra em estado de fluxo permanente.Além disso, é um meio vivo, ou seja, não é apenas um am-biente que abriga a vida, mas consiste, em parte, num pro-duto da atividade dos organismos. Esta Unidade 2 se de-dica a investigar as dinâmicas do meio natural e a transfor-mação de seus elementos em recursos naturais.

• Conteúdo programático

Capítulo 3

Geomorfologia e recursos mineraisO planeta Terra; As grandes estruturas geológicas;O modelado da crosta; Os recursos minerais.

A dinâmica da litosfera compõe o eixo central doCapítulo 3. A litosfera está em contato com a hidrosferae a atmosfera. Sua dinâmica estrutural depende do fluxo

de energia do interior do planeta, ou seja, da dissipaçãodo calor do núcleo através do manto. É essa dinâmicaque determina a existência de placas tectônicas.

A compreensão da escala de tempo geológico,apresentada no capítulo, envolve uma forte capacidadede abstração, pois ela está baseada em uma dimensãotemporal dissociada da experiência sensível. Os méto-dos de datação das rochas e as evidências do registrofóssil, discutidos no capítulo, fornecem as evidênciasempíricas desta dimensão. O Texto Complementar tra-balha o tempo geológico do ponto de vista lógico, utili-zando paralelos e metáforas.

As grandes estruturas geológicas da litosfera sãogeradas pelos processos geomorfológicos de longa du-ração. O estudo dos escudos cristalinos remete a proces-sos muito antigos, ligados à origem da litosfera. O estu-do dos dobramentos modernos remete à construção doconceito de placas tectônicas e à identificação das suasfaixas de fronteira, continentais e oceânicas. O estudodas bacias sedimentares remete aos processos perma-nentes de destruição e construção das feições da crosta.Por meio das tecnologias, as rochas, agregados formadospor um ou mais minerais que constituem cada uma dasgrandes estruturas geológicas, são transformadas em re-cursos utilizados intensivamente pelas sociedades; porisso, os recursos minerais são discutidos neste capítulo.

O modelado da crosta também é um produto dosprocessos geomorfológicos de longa duração. Tais pro-cessos decorrem de fatores internos (modeladores), asso-ciados ao tectonismo, e fatores externos (esculpidores),associados à erosão e à sedimentação. Os primeiros com-preendem a orogênese e a epirogênese e, numa outra es-cala de tempo, as manifestações “catastróficas” dovulcanismo e dos sismos. Os segundos compreendem aerosão eólica, a erosão provocada pelo trabalho das águas(fluvial, marinha e glacial) e o intemperismo.

Capítulo 4

As bases físicas do BrasilO arcabouço geológico; A modelagem do relevo.

O Capítulo 4 esclarece o trabalho das forças inter-nas e externas sobre a Placa Sul-americana, que gera-ram as estruturas geológicas e as formas do modeladopresentes no território brasileiro. Para tanto, divide otempo geológico em dois componentes: os “tempos an-tigos” e os “tempos recentes”. Os “tempos antigos”abrangem o Pré-Cambriano e as eras Paleozóica eMesozóica, associando-se à configuração do arcabouçogeológico. Os “tempos recentes” abrangem os períodosTerciário e Quaternário da Era Cenozóica e associam-seà modelagem do relevo. Essa distinção é crucial, pois per-mite dissipar a confusão bastante comum entre as estru-turas geológicas e as formas do modelado.

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A análise dos “tempos antigos” está focalizada nasforças tectônicas, isto é, na orogênese e na epirogênese. Aorogênese antiga que age no que atualmente é o territóriobrasileiro configurou sistemas de dobramentos, dos quaisaparecem apenas vestígios. A epirogênese soergueu toda aplataforma sul-americana, provocando regressão marinhageneralizada. O capítulo enfatiza os resultados atuais daação das forças geológicas, destacando a localização dosdepósitos de minérios metálicos e de carvão mineral.

A análise dos “tempos recentes” está focalizada naação das forças externas de erosão e sedimentação, queconstituem processos controlados pelos climas. O capí-tulo apresenta a proposta de classificação das formas domodelado elaborada pelo geógrafo Jurandyr Ross, naqual elas são divididas em planaltos, depressões e planí-cies. A noção de erosão diferencial é vital para a com-preensão das molduras de depressões configuradas emtorno dos planaltos brasileiros e também das formaçõesde chapadas comuns em vastas áreas do território.

Capítulo 5

Dinâmica climática e ecossistemasA radiação solar; Circulação da atmosfera e dasmassas líquidas; Os grandes tipos climáticos; Aspaisagens vegetais; A Convenção da DiversidadeBiológica.

O capítulo prossegue o estudo sobre os processos queconfiguram o meio natural, enfocando a dinâmica climáti-ca e sua relação com os grandes ecossistemas da Terra.

A dinâmica da troposfera, camada inferior da at-mosfera, origina os climas do planeta. Os gases datroposfera absorvem a radiação terrestre. O “jogo dereflexão” que se forma entre a troposfera e a superfíciedo planeta produz um efeito estufa, sem o qual a tem-peratura média e a amplitude térmica seriam desfavorá-veis para o desenvolvimento da vida. Considerando apolêmica atual sobre os “gases de estufa”, é importanteesclarecer que o efeito estufa é um traço do meio natu-ral, ainda que possa ser intensificado pela ação antrópica.

A energia solar recebida pela Terra varia em termostemporais e espaciais. A rotação determina os ciclos diá-rios, expressos pelo sistema dos fusos horários. A transla-ção determina os ciclos anuais, expressos pelas estaçõesdo ano. Os efeitos das latitudes, do modelado e da mariti-midade/continentalidade, são responsáveis pela diferen-ciação das quantidades de luz e calor recebidas pelas di-versas áreas da superfície terrestre num mesmo momento.A análise de cada um desses fatores ajuda a introduzir anoção da diversidade de ambientes naturais do planeta.

A compreensão da dinâmica dos climas exige tambémo estudo das trocas de calor em escala planetária: a circula-ção atmosférica e a circulação oceânica são os principaismecanismos dessas trocas de calor. A atuação das massas

de ar, a influência das correntes marinhas e os efeitos demaritimidade/continentalidade são fundamentais para adiferenciação dos grandes tipos climáticos. O estudo decada um deles se baseia na análise de climogramas, de for-ma a propiciar o desenvolvimento de habilidades específi-cas de leitura de gráficos que relacionam o ciclo sazonal aduas variáveis: médias térmicas e precipitações. A dinâmicasazonal das monções asiáticas recebe atenção especial, emvirtude da nitidez com que permite explicar as relações en-tre os climas e as massas de ar.

Os solos são produto da complexa interação entreatmosfera, litosfera e biosfera. Sua gênese está associa-da ao desgaste das rochas pelo intemperismo. Os solossão um meio vivo: a atividade física e químico-biológicados organismos participa da sua formação. O conheci-mento dos horizontes dos solos permite esclarecer a açãodo intemperismo e relacionar os diferentes tipos de solosàs características dos climas de cada área.

O conceito de ecossistema fundamenta a análisedos domínios fitogeográficos. Trata-se de um conceitooperativo, utilizado para uma abordagem integrada dosdiversos componentes da natureza e das suas relaçõesrecíprocas. Os domínios fitogeográficos apresentam as-pecto geral contínuo e definem a área de abrangênciados grandes ecossistemas da Terra.

A compreensão das características de cada um dosdomínios fitogeográficos facilita o entendimento da po-lêmica suscitada pelo processo atual de devastação dasflorestas pluviais equatoriais e tropicais e de redução dadiversidade biológica que as caracteriza. Por isso, a Con-venção da Diversidade Biológica é apresentada neste ca-pítulo, que aborda também a oposição entre os interes-ses dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos notratamento deste e de outros grandes temas ambientais.

Capítulo 6

Os domínios de natureza no BrasilAs massas de ar e os tipos climáticos brasileiros;Os domínios morfoclimáticos.

O capítulo analisa a relação entre a dinâmica climá-tica e a diversidade das paisagens naturais na escala doterritório brasileiro.

As massas de ar atuantes sobre o território brasilei-ro são explicadas em função da circulação geral atmos-férica e, em particular, da convergência intertropical eda atividade das frentes frias de origem polar. As corren-tes marítimas, predominantemente quentes, exercem in-fluência mais direta sobre os climas da fachada costeira,em especial no Nordeste e Sudeste. Os tipos climáticosequatorial, tropical atlântico, tropical, semi-árido e tropi-cal de altitude associam-se ao comportamento da Zonade Convergência Intertropical (ZCIT), enquanto o climasubtropical associa-se predominantemente ao compor-tamento da massa Polar atlântica (mPa).

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A análise do quadro natural brasileiro baseia-se noconceito de domínio morfoclimático, elaborado por AzizAb’Sáber, que considera a íntima conexão entre os ele-mentos da natureza. A análise dos fatores limitantes quedefinem a configuração das formações vegetais propor-ciona um nexo concreto entre o estudo dos climas e odos domínios morfoclimáticos brasileiros. Por isso, na ca-racterização de cada um dos domínios, são discutidas astemperaturas (médias e amplitudes térmicas) e as preci-pitações (anuais e sazonais) associadas às formações ve-getais. No caso da caracterização do cerrado, também éimportante destacar os fatores limitantes de ordempedológica e as funções ecológicas desempenhadas pe-las queimadas naturais.

A análise da intervenção antrópica sobre os domí-nios morfoclimáticos demonstra as diferentes conse-qüências ambientais das atividades sociais e econômi-cas. O desmatamento praticamente destruiu as flores-tas subtropicais e as florestas tropicais da MataAtlântica, e ameaça uma parcela considerável das flo-restas amazônicas. No cerrado, a aceleração da ero-são, resultante muitas vezes de práticas agrícolas ina-dequadas, torna-se particularmente dramática emfunção das enxurradas tropicais que removem solosférteis, geram sulcos, ravinas e voçorocas e causamassoreamento dos rios. Nos domínios da Caatinga edas Pradarias, o capítulo discute os processos de are-nização e desertificação, destacando as práticas eco-nômicas que os provocam.

Capítulo 7

A esfera das águase os recursos hídricosO ciclo hidrológico; As sociedades e a utilizaçãode água; O estado das águas no Brasil.

Este capítulo aborda a dinâmica da hidrosfera e asmúltiplas dimensões da crise contemporânea dos recur-sos hídricos, no mundo e no Brasil.

A hidrosfera, formada pelo conjunto de reservató-rios de água do planeta, é supostamente um sistema fe-chado, no qual a água migra continuamente de um re-servatório para outro. O conceito de ciclo hidrológicoesclarece os mecanismos naturais responsáveis por estamigração. As águas doces superficiais e subterrâneas re-presentam uma parcela da hidrosfera, e sua distribuiçãodesigual pelo planeta é um fenômeno do meio natural,condicionado, principalmente, pela dinâmica climática epelas estruturas geológicas.

Em diversas regiões do globo, entretanto, os impac-tos das atividades humanas sobre o ciclo hidrológico, acontaminação de fração crescente dos reservatórios deágua doce e o abuso das práticas de irrigação agrícolageram ou intensificam um quadro de escassez de água

potável que repercute em escala global. Além disso, oconsumo de água contaminada por resíduos tóxicos in-dustriais e mesmo residenciais figura entre os maioresproblemas de saúde pública do mundo contemporâneo.Nas grandes cidades, o quadro de escassez está forte-mente relacionado à poluição dos mananciais disponí-veis e à ampliação do consumo.

O caso brasileiro é bastante ilustrativo. Mesmo do-tado de uma riqueza excepcional em termos de recursoshídricos superficiais e subterrâneos – entre os quais sedestaca o Aqüífero Guarani –, o país enfrenta problemassérios de abastecimento de água, principalmente na por-ção semi-árida da região Nordeste e nas principais re-giões metropolitanas. Para enfrentar este quadro, o Es-tado adotou um modelo institucional de gestão dos re-cursos hídricos centrado na formação de Comitês de Ba-cia e na cobrança pelo uso de grandes quantidades deágua para fins industriais ou agrícolas, que é apresenta-do para discussão neste capítulo.

• O enfoque interdisciplinarFósseis e evolução biológica

O registro fóssil desempenha papel destacado naGeologia. Mas ele é crucial para a Biologia, pois sustentaa teoria da evolução. Essa discussão pode envolver o pro-fessor de Biologia, que terá muito a acrescentar sobre otrabalho de investigação das espécies extintas a partirdos fósseis.

O trabalho em colaboração com o professor de Bio-logia pode esclarecer os critérios utilizados para a elabo-ração da coluna geológica, cujas divisões baseiam-se naevolução da vida. Há perguntas interessantes: O que dis-tingue o Pré-Cambriano das eras seguintes? Quandocomeçou a se desenvolver uma flora continental exube-rante? Quando viveram os dinossauros? Por que as gran-des “catástrofes” geológicas – como as transgressõesmarinhas ou a orogênese terciária – tiveram grande im-pacto sobre a evolução das espécies?

Nos domínios da termodinâmica

A dinâmica dos climas está associada às trocas decalor. Na atmosfera, trata-se do movimento das massasde ar. Nos oceanos, do movimento das correntes mari-nhas. Mas há também trocas de calor entre a troposferae a superfície e entre as massas líquidas e continentais.Esses mecanismos obedecem às leis da termodinâmica.O professor de Física pode contribuir para esclarecê-los.

Por que há diferenças na pressão atmosférica? Porque o ar quente descreve movimento ascendente, en-quanto o ar frio descreve movimento descendente? Porque as massas líquidas apresentam comportamento tér-mico diferente das massas sólidas?

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Essas e outras questões podem ser alvo de trabalhointerdisciplinar e, eventualmente, originar propostas deexperimentos em laboratório.

• Biblioteca do professorO texto seguinte, extraído de uma entrevista dada

por Aziz Ab’Sáber à Revista de Estudos Avançadospublicada pelo IEA-USP, sintetiza a complexa históriageológica da Amazônia brasileira, relacionando-a com ospadrões de drenagem e com o afloramento das grandesreservas minerais.

“Estudos Avançados – Diante da semelhança entregeógrafos e geólogos no que tange à noção de esca-la do tempo, da natureza e da escala de tempo dahumanidade, como o sr. vê a escala do século quepassou? Gostaria que a avaliação fosse feita com ex-pectativas para o século XXI.

Aziz Ab’Sáber – Vou decepcioná-lo um pouco. Você fa-lou nas escalas de tempo e espaço e, no caso da Ama-zônia, isso é essencial. O que aconteceu na história geo-lógica da Amazônia brasileira, sobretudo, foi extraordi-nário em termos de interferências tectônicas e mudan-ças de tipos de bacias sedimentares. A teoria de placasque procura explicar a junção de África e Brasil tem maispropriedade do que as teorias de derivas antigas, em-bora a deriva deva ser considerada entre os dois blo-cos; sendo assim, se é que a teoria de placas pode seraceita, a depressão amazônica, antes que houvessequalquer barreira oeste tipo andina, era um golfão, e apresença de sedimentos de várias idades do Paleozóico,Siluriano, Devoniano e Carbonífero e depois muito maistarde, restos de sedimentos marinhos do Mioceno, emvários lugares, a oeste, um pouquinho a leste, na regiãoda Bragantina, servem para documentar que o mar vi-nha de oeste até um certo tempo. Nesse caso, o dobra-mento dos Andes acabou com o golfo, criando umparedão volteado, que nós chamamos de terrascisandinas. De maneira que isto proporcionou o começode uma sedimentação terrígena flúvio-lacustre muitoampla, que é a que deu origem, dentro do golfão anti-go, a grandes territórios para a Formação Alter do Chão:barra, barreiras. Somente a partir dessa sedimentação éque o rio se inverteu – o Amazonas era um rio complica-do dentro do golfão que não era muito homogêneo.Quando os Andes se soerguem, a sedimentaçãoterrígena estende-se de oeste para leste, tamponandovelhas formações sedimentares paleomesozóicas do an-tigo macrogolfo regional (Amazônia ocidental); existe acerteza de que a drenagem amazônica possuía um rumoleste-oeste, na direção do grande golfo regional. Nosfins do Terciário, o paleorio Amazonas, que diferia total-mente do atual, foi tamponado pelas formaçõessedimentares pliocênicas (Formação Alter do Chão e For-mação Barreiras), de forma que o rio Amazonas, tal

como o conhecemos hoje, é um curso fluvialhidrologicamente recente, gerado em tempos pós-pliocênicos.

Tais acontecimentos geológicos foram responsáveispor uma drenagem quaternária tipicamente centrípetana Amazônia ocidental, sob a condicionante ecológi-ca de um domínio clímato-botânico equatorial. A por-ção brasileira da Amazônia, pelo seu tamanho e ex-tensão, constitui o mais importante megadomínio denatureza tropical da Terra. Na realidade, é um domí-nio quente e úmido propiciador de uma história vege-tal que embrionariamente remonta ao início do perío-do Quaternário. Até o Terciário Médio, comportava-secomo um paleogolfão da fachada pacífica do conti-nente, intercalado entre os terrenos do EscudoGuianense e do Escudo Brasileiro norte-oriental. Essagrande inversão, forçada pelo dobramento da Cordi-lheira Andina, exige que, antes desse fato, os bordosda Amazônia oriental ainda teriam vínculos com osterrenos antigos da África Ocidental.

Isso me leva a dizer que as escalas de tempo na Ama-zônia são muito complexas, porque o embasamentocristalino que está do lado das Guianas e do lado doplanalto brasileiro setentrional possuiu rochasgnáissicas e graníticas em importantes enclaves(Carajás, Serra do Navio), de rochas metalogênicas(manganês, ferro, entre outros), de antiqüíssimasorogêneses criadas em determinadas situações quehoje não podemos imaginar, visto que o escudo derochas resistentes sofreu vários soerguimentosepirogênicos, acompanhados de sucessivos processoserosivos que acabaram por expor jazidas minerais for-madas em grande profundidade, através de muitoscontatos de calores extraordinários. E do outro ladohá a grande área de manganês que também sugeretempos muito antigos – embora hoje a Serra do Na-vio esteja reduzida a um buraco [...]. Na parte, tam-bém do sul, onde está Carajás, com grandes reservasde minério de ferro da mais alta qualidade, há, para-lelamente, um distrito mineral, provavelmente o últi-mo grande distrito mineral descoberto no mundo du-rante a segunda metade do século XX.

As idades dos terrenos cristalinos, cristalofianos e osdotados de ferro de um lado e manganês do outro,são muito antigas. Constam, por aproximação, de umbilhão e quinhentos milhões de anos, enquanto osterrenos Devonianos, Silurianos e Carboníferos, quesão como depósitos marinhos de fundo de golfo dopassado, têm cerca de trezentos milhões de anos. Osterrenos sedimentares desta vasta bacia, formadapelos dobramentos dos sedimentos flúvio-lacustres,possuem no máximo quinze milhões de anos.”

BORELLI, Dario Luis. Aziz Ab’Sáber: problemasda Amazônia brasileira. Cadernos de Estudos

Avançados. n. 53, 2005. p. 7-35. v. 19.

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• Indicações de leituraAB’SÁBER, Aziz. Os domínios de natureza no Bra-

sil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

CONTI, José Bueno. Clima e meio ambiente. SãoPaulo: Atual, 1998.

DREW, David. Processos interativos homem-meioambiente. São Paulo: Difel, 1986.

TUNDISI, José Galisia. Água no século XXI: enfren-tando a escassez. São Paulo: Rima/IIE, 2003.

GREGORY, K. J. A natureza da Geografia Física.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.

IBGE. Recursos naturais e meio ambiente: uma vi-são do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1997.

RIBEIRO, Wagner Costa (Org.). Patrimônioambiental brasileiro. São Paulo: Edusp/Im-prensa Oficial, 2003.

ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia: ambiente eplanejamento. São Paulo: Contexto, 1997.

UNIDADE 3

Tecnologias e recursosnaturais

“As características da sociedade e do espaço geográ-fico, em dado momento de sua evolução, estão emrelação com um determinado estado das técnicas.Desse modo, o conhecimento dos sistemas técnicossucessivos é essencial para o entendimento das di-versas formas históricas de estruturação, funciona-mento e articulação dos territórios, desde os alboresda história até a época atual. Cada período é porta-dor de um sentido, partilhado pelo espaço e pela so-ciedade, representativo da forma como a história rea-liza as promessas da técnica.”

SANTOS, Milton. A natureza do espaço.São Paulo: Hucitec, 1996. p. 137.

O período atual é marcado pela presença de umsistema técnico tornado universal e pelo avanço domeio tecnocientífico e informacional sobre o meio na-tural. Esta Unidade 3 investiga esses sinais nos proces-sos produtivos industriais e agropecuários e nas estra-tégicas energéticas.

A crise ambiental contemporânea revela os impas-ses e limitações do modelo de produção e consumo im-plantado nas áreas mais ricas do planeta. Por isso, a dis-cussão ambiental se integra à análise das diferentes

atividades econômicas abordadas nesta Unidade e ga-nha destaque no Capítulo 10, que relaciona os padrõesde consumo energético e de emissão de gases de estufacom o nível de industrialização e o modelo energéticodas economias nacionais, e apresenta os termos do Pro-tocolo de Kyoto.

• Conteúdo programático

Capítulo 8

Os ciclos industriaisOs ciclos tecnológicos da Revolução Industrial;Tecnologia e localização industrial; A siderurgiano Brasil.

A aceleração tecnológica da era industrial e a confi-guração de um espaço mundial de fluxos são os funda-mentos gerais deste capítulo, estruturado em torno doconceito de ondas de inovação e na teoria dos ciclostecnológicos.

A força motriz dos ciclos tecnológicos da era indus-trial é a chamada “destruição criadora”, pela qual as ino-vações dissolvem tecnologias estabelecidas e renovamradicalmente os padrões da divisão técnica do trabalho.O resultado das inovações é o salto da economia paranovos patamares de produtividade, que implicam a re-dução de custos de produção e a expansão dos merca-dos. No terceiro ciclo da revolução industrial, por exem-plo, o advento da eletricidade e do motor a combustãointerna, ao lado do uso de derivados do petróleo comocombustível, possibilitaram o surgimento da indústriaautomobilística e a organização do trabalho fabril em li-nha de montagem. O “ciclo do petróleo” imprimiu pro-fundas transformações em diferentes escalas do espaçogeográfico, conforme explicita o capítulo.

O espaço geográfico dos ciclos iniciais da “era daindústria” constitui-se em um meio técnico, profunda-mente marcado pela urbanização acelerada da popula-ção e pelos fenômenos de concentração industrial.

Em contrapartida, desde meados do século XX, co-meça a se esboçar uma tendência à desconcentração in-dustrial. No plano internacional, esta tendência resultouna industrialização de regiões situadas nos países subde-senvolvidos dotadas de importantes vantagens compara-tivas, principalmente no que diz respeito ao custo da mão-de-obra. Mas a desconcentração industrial também semanifesta no plano nacional, em especial nos países de-senvolvidos: nas antigas regiões industriais, a escassez deterrenos, a força do movimento sindical, os congestiona-mentos e a degradação ambiental se traduzem em dese-conomias de aglomeração. As indústrias de alta tecnolo-gia, marcadas pela forte integração com os centros depesquisa e desenvolvimento e com as universidades, se

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instalam longe das velhas aglomerações fabris, dinamizan-do regiões industriais em ascensão. Os tecnopólos, cen-tros de produção de pesquisadores, tecnologias e novosprodutos, são resultantes desse processo.

A localização industrial não se define unicamentepelos ciclos tecnológicos e pela economia de mercado,mas depende também da política industrial conduzidapelo Estado. No Brasil, a concentração espacial da siderur-gia no Sudeste foi, em parte, condicionada pela configu-ração da região industrial central, mas foi também um pro-duto de decisões políticas. A disputa entre as elites políticasdo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais traduziu-seem decisões específicas de localização das siderúrgicas es-tatais. A configuração do Vale do Aço deve ser encaradacomo resultado dessa disputa política, na qual a elite deMinas Gerais soube impor a precedência das reservasde matéria-prima como fator locacional decisivo.

Capítulo 9

Agropecuária e comércioglobal de alimentosAgropecuária, natureza e tecnologia; Os sistemasda agricultura tropical; Agropecuária e comércio in-ternacional; Agropecuária e meio ambiente.

Nas sociedades urbano-industriais, o conjunto daagropecuária é condicionado pelas necessidades urba-nas, no que diz respeito tanto à demanda de alimentosquanto de matérias-primas para as indústrias. Por seuturno, a agropecuária depende cada vez mais dosmaquinários e insumos industrializados, que garantem aelevação da produtividade. Essa dependência está na ori-gem do conceito de agricultura industrializada, que re-vela a intensidade tecnológica que caracteriza o setor emalgumas regiões do planeta.

Entretanto, e apesar de seu conteúdo técnico, aagricultura permanece estruturalmente diferente da in-dústria: a produtividade da agricultura é limitada pelofato de que suas matérias-primas são seres vivos, cujodesenvolvimento depende de processos naturais. Há mi-lênios, as técnicas de seleção dirigida buscam ampliar ocontrole humano sobre esses processos. Nas últimas dé-cadas, o surgimento de novas biotecnologias, responsá-veis pela produção de organismos transgênicos por meioda engenharia genética, revelam o notável avanço domeio tecnocientífico sobre o meio rural.

A análise do espaço agrário dos Estados Unidos eda União Européia revela o quanto o meio rural é diver-sificado, mesmo em áreas nas quais predomina a agri-cultura industrializada. Essa diversidade não é apenas tri-butária da diversidade do meio natural, mas também dahistória: nos Estados Unidos, a agricultura nasceu sob osigno do mercado; na Europa, a economia de mercadodeparou-se com as tradicionais aldeias camponesas,

cujas marcas ainda estão presentes na paisagem. Con-forme já disse Milton Santos, “o espaço é uma acumula-ção desigual de tempos”.

Na maior parte do mundo tropical, a revoluçãotecnocientífica não se completou no meio rural. Assim,predominam as técnicas tradicionais da agriculturacamponesa voltada para a subsistência, muitas vezes as-sociada às plantations implantadas pelos colonizadores.Contudo, a diversidade também marca os sistemas daagricultura tropical, conforme revelam os exemplos ana-lisados no capítulo.

O abismo tecnológico que separa os países desen-volvidos dos países subdesenvolvidos, que será retomadonos capítulos da Unidade 2 da Parte 3 deste livro, é aquiapresentado sob o prisma da agricultura: a tecnologia pre-sente na elevada produtividade que caracteriza as princi-pais potências agrícolas do planeta. Além da tecnologia,também o recurso aos subsídios agrícolas reduz substan-cialmente a competitividade dos países subdesenvolvidosno concorrido mercado mundial de alimentos.

Os impactos ambientais provocados pelas práticasagrícolas também são objeto de discussão neste capítu-lo. Entre eles se destaca a redução da diversidade bioló-gica (em especial nas áreas de monocultura); a intensifi-cação da erosão (sobretudo nas vertentes tropicais); adesertificação (nos ecossistemas do semi-árido) e asalinização (causada pela irrigação descontrolada).

Tecnologia e meio ambiente se cruzam no debatesobre os organismos geneticamente modificados(OGM). De um lado, o processo em curso é definidopelas estratégias de corporações transnacionais, forte-mente respaldadas pelos Estados Unidos. De outro, or-ganizações ambientalistas alertam para os riscos poten-ciais de transferência horizontal de genes e para aredução mais acelerada da diversidade biológica. O ca-pítulo traça as grandes linhas de força do debate,enfatizando tanto a sua dimensão tecnológica quanto asua dimensão ecológica e social.

Capítulo 10

Estratégias energéticasA energia e os ciclos industriais; As fontes de ener-gia; Geopolítica do petróleo; Alternativas energé-ticas; O aquecimento global.

A história dos ciclos tecnológicos da era industrialpode ser contada por meio da evolução do consumoenergético e da incorporação de novas fontes de ener-gia. Entretanto, nas sociedades pré-industriais, o consu-mo e o balanço energético pouco se alteraram nos últi-mos séculos; neste caso, ainda predominam as fontestradicionais, tais como a força muscular e a madeira.

Os combustíveis fósseis, recursos não-renováveisgerados pela fossilização de material orgânico, figuram

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entre as fontes energéticas mais utilizadas e alimentam ro-tas comerciais estratégicas. Utilizados como fonte de calornas indústrias, nos transportes e na produção de eletricida-de, os combustíveis fósseis liberam grandes quantidades degases de estufa na atmosfera. O urânio, que alimenta ascentrais nucleares dedicadas à produção de eletricidade,também é uma fonte não-renovável de energia. Nessecaso, a geração de resíduos com elevado poder de conta-minação figura como o grande problema ambiental.

Entre as fontes renováveis de energia, destaca-se aforça das águas correntes, transformada em eletricidadenas centrais hidrelétricas. Porém, o potencial de geraçãode energia hidrelétrica é limitado pelas condiçõesmorfológicas e climáticas. Nos países de consumoenergético intensivo, mesmo aqueles dotados de eleva-do potencial, estas centrais produzem uma porcentagemrelativamente pequena da demanda por eletricidade.

Nos anos que se seguiram aos choques do petró-leo protagonizados pela OPEP, a busca da eficiênciaenergética e da viabilização do uso comercial de ener-gias alternativas sustentáveis do ponto de vista ambien-tal – tais como a solar e a eólica – se transformaram emprogramas prioritários nos países desenvolvidos. Masestes programas respondem também a imperativoseconômicos: em meados da década de 1980, algunsdeles foram total ou parcialmente desativados. Atual-mente, sob o impacto da “guerra ao terror”, da inten-sificação dos conflitos associados ao petróleo e do de-bate sobre o aquecimento global, as fontes alternativasapresentam renovado interesse.

A intensificação do consumo de energia e da emis-são de gases de estufa nas sociedades industriais figuraentre as principais causas da crise ambiental contemporâ-nea, cujos impactos afetam o conjunto do planeta. Defato, a Convenção sobre Mudanças Climáticas Globais eos termos atuais do Protocolo de Kyoto atribuem metasde redução da emissão de gases de estufa apenas aos pa-íses desenvolvidos, considerados os maiores responsáveispelas alterações climáticas que ocorrem em escala global.Os Estados Unidos, entretanto, recusam os termos do tra-tado e comprometem seriamente sua eficácia.

• O enfoque interdisciplinarRevolução Industrial e organização do trabalho

A Revolução Industrial deu origem a característicasessenciais da sociedade contemporânea, tanto em ter-mos da sua estrutura social – com a formação de umaclasse de empresários industriais e uma classe de operá-rios fabris – como da organização do seu espaço geográ-fico – com a expansão da urbanização e a configuraçãode regiões industriais. A Geografia e a História cruzam-se e se enriquecem mutuamente na investigação da Re-volução Industrial.

Uma dimensão vital dessa investigação envolve asformas de organização do trabalho. Como se distingue osistema de fábrica das formas de produção anteriores?Qual foi a novidade introduzida pela linha de montagemnesse sistema? Como o advento da indústria moderna edo operariado fabril modificaram politicamente a socie-dade? E como eles modificaram a paisagem urbana?

• Biblioteca do professorO texto selecionado para esta seção é de autoria

do geógrafo francês Claude Raffestin. Raffestin produ-ziu uma obra geográfica singular, que percorre um ca-minho próprio e não admite as tradicionais divisões en-tre a Geografia Física, a Geografia Econômica e aGeografia Política. Suas inspirações teóricas abrangema historiografia dos “tempos longos” de Fernand Brau-del e a lingüística de Saussure e Barthes. Sobre essesfundamentos interdisciplinares, ele construiu uma abor-dagem da globalização que articula as noções de rede,tecnologia, informação e poder.

O texto seguinte reflete acerca do controle dos pa-íses desenvolvidos e das empresas transnacionais sobreas tecnologias e o saber de ponta. Nele, o autor não fazapenas uma análise, mas defende a tese de que as tec-nologias intermediárias podem revelar-se adequadaspara as necessidades dos países subdesenvolvidos, masgeralmente são rejeitadas por razões políticas. As tecno-logias intermediárias consistem em processos de produ-ção e equipamentos que, por não incorporarem os avan-ços da atual revolução tecnocientífica e informacional,custam menos e utilizam mais mão-de-obra por unidadede capital que as tecnologias de ponta.

As multinacionais e a transferência tecnológica

“Em matéria de tecnologia, são as empresasmultinacionais que centralizam a produção dos co-nhecimentos e que asseguram a circulação interna eexterna dessa informação. O essencial das atividadesde pesquisa e de desenvolvimento é efetuado nospaíses de origem das multinacionais […]. É uma estra-tégia da informação, que permite preservar o controlereal sobre os recursos. Todavia, essa informação cir-cula no espaço e, nesse sentido, pode-se falar detransferências, mas na maioria das vezes trata-se deuma transferência interna no espaço das empresas.

A rede de circulação dessa informação não é pública,mas privada. Os fluxos de informação tecnológica li-gam as matrizes às filiais. Isso não significa que nãose façam pesquisas nos centros secundários, mas sóo centro principal conhece a sua finalidade e, assim,pode utilizá-la com eficácia. A informação paga pelasmultinacionais oferece a possibilidade de umaestocagem fácil e de uma mobilização muito rápida

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dos conhecimentos necessários à tomada de decisões.É uma estratégia que se concebe, se elabora e desa-brocha em ‘territórios abstratos’, ou melhor, nos terri-tórios das empresas.

Existe a circulação externa da informação [que], namaioria das vezes, trata-se de uma tecnologia neces-sária à utilização do produto. É, de certa forma, um‘saber-manejar’ o produto que é transferido, mas nãoum ‘saber-fazer’ o produto. Sem dúvida, é do interes-se da empresa vulgarizar o ‘saber-manejar’, enquantoo ‘saber-fazer’ permanece privado. A informação do‘saber-fazer’ é a base do poder das multinacionais,por isso elas não têm nenhum interesse em deslocara inovação e, nessas condições, a circulação internapermanece preponderante e predominante em rela-ção à circulação externa.

[…] Estamos na presença de relações assimétricasque são a conseqüência do desenvolvimento desi-gual do saber. […] Enquanto as relações foremmarcadas pela cunha da dominação, as transferên-cias tecnológicas continuarão a ser desviadas. Comochegar a uma nova ordem tecnológica […]? Pode-sedistinguir três tipos de tecnologia: a tecnologia alie-nada, cedida em virtude de um acordo particular,que é a informação não-livre, secreta, cristalizada deuma forma complexa nos produtos, capitalizada nosbens intermediários e nos bens de capital; atecnologia socializada, disponível e acessível semrestrição, que é a informação livre; e, enfim, atecnologia ‘encarnada’, o conhecimento de base, osaber-fazer assimilado pelos homens.

A variável tecnológica tem um caráter multi-dimensional, pois afeta as taxas de crescimento, oemprego, a repartição dos lucros, o balanço de paga-mentos e o meio, entre outros. Não temos dúvida deque o problema recai sobre a questão da escolha en-tre técnicas que implicam muito capital, a exemplodas técnicas ocidentais muito sofisticadas, e aquelasque implicam muita mão-de-obra. Essa escolha, fun-damental para a elaboração de uma estratégia, de-semboca na tese [da] tecnologia intermediária,mediatizada pelo Estado e pelas universidades. Sabe-se que a China, muitas vezes evocada a propósitodas tecnologias intermediárias, hoje se distancia de-las, considerando sem dúvida que por essa via o ca-minho para o poder é muito lento. Os recentes acor-dos feitos com o Japão indicam uma mudança, atémesmo uma reformulação da política industrial.

[…] Por meio da tecnologia intermediária, procura-secriar instrumentos pouco dispendiosos que utilizammuita mão-de-obra e serviços que podem aumentar acapacidade produtiva de uma comunidade,minimizando, ao mesmo tempo, os deslocamentosdos indivíduos. A tecnologia intermediária se situa

entre as técnicas ancestrais e as técnicas sofisticadas.Para que interessem […], devem ser pouco onerosas:100 dólares de capital por cada emprego criado. Poroutro lado, devem servir para mobilizar matérias lo-cais que permitirão produzir artigos destinados aoconsumo doméstico. Isso não significa que os benscriados não alimentarão um mercado de exportação,mas esse não é o principal objetivo visado. Além dis-so, essas técnicas devem ser criadoras de empregos ede pólos de desenvolvimento.

[…] Entretanto, isso não chega a eliminar a descon-fiança dos países do Terceiro Mundo, que logo têma impressão de estarem utilizando uma tecnologiade segunda mão. […] Os países que dispõem detecnologias avançadas fazem questão de valorizá-las, mas também de fazer delas as condições parao seu poderio. Os países que não as possuem eque procuram adquiri-las não desejam obtertecnologias que não sejam verdadeiras fontes depoder, no sentido político do termo. […] Nesse caso,a satisfação das necessidades sociais vem depoisda satisfação das necessidades políticas de poder.A esse respeito o exemplo da tecnologia intermedi-ária é esclarecedor, pois essa tecnologia não satis-faz a nenhum dos atores em questão. É a prova deque se trata de um problema de poder: os paísesdesenvolvidos só podem conservar sua potênciapelo controle quase total do mercado tecnológico,e os subdesenvolvidos não podem concorrer eficaz-mente com eles.”

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder.São Paulo: Ática, 1993. p. 245-250.

• Indicações de leituraBAER, Werner. Siderurgia e desenvolvimento bra-

sileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

GOLDEMBERG, José. O que é energia nuclear.São Paulo: Abril/Brasiliense, 1985.

GOMES, Francisco Magalhães. História da side-rurgia no Brasil. Belo Horizonte-São Paulo:Itatiaia/Edusp, 1983.

GREENPEACE. Aquecimento global. Rio de Janei-ro: FGV, 1992.

MANZAGOL, Claude. Lógica do espaço industri-al. São Paulo: Difel, 1985.

NOVAES, Washington. A década do impasse: daRio-92 à Rio+10. São Paulo: Estação Liberda-de/ISA, 2002.

RIFKIN, Jeremy. O século da biotecnologia. SãoPaulo: Makron Books, 1999.

SILVA, José Graziano da. A modernização doloro-sa. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

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Parte 2

O Brasil, território e naçãoAs fronteiras políticas indicam os limites do territó-

rio no qual o Estado exerce sua soberania. Mas, do pon-to de vista do Estado-Nação contemporâneo, a sobera-nia só se torna efetiva pela apropriação econômica doterritório. Essa apropriação é uma obra social que jamaisse encerra. O povoamento, que se realiza pela difusãodesigual das forças produtivas e da população, qualificao território nacional, configurando uma totalidade hete-rogênea e dinâmica. A regionalização é uma tentativade captar a imagem complexa do território apropriadopela sociedade nacional.

O modelo econômico brasileiro associa-se às di-nâmicas territoriais nacionais, numa dupla direção. Deum lado, o modelo econômico atualiza o território, emfunção das suas necessidades sempre renovadas. Deoutro, o território, que incorpora as heranças do longociclo de modernização por substituição de importações,define os campos de opções dos investidores e empre-sários, refinando o modelo econômico e qualificandoas vocações das regiões e dos lugares. Esta associaçãose expressa nos padrões de concentração industrial noCentro-Sul, na distribuição da produção energética, naorganização espacial da agroindústria, na estruturaçãoda rede urbana e nas infra-estruturas subcontinentaisde transportes. O papel do Estado como agente e in-dutor das dinâmicas territoriais se torna nítido na aná-lise das políticas de desenvolvimento regional direcio-nadas para a Amazônia e para o Nordeste.

A extrema desigualdade social que caracteriza oBrasil também apresenta múltiplas relações com as di-nâmicas espaciais. Em grande parte, ela é tributáriada concentração fundiária e da modernização perver-sa da agricultura brasileira. Nas cidades, a exclusãosocial é ancorada nos mecanismos de segregação es-pacial. No território brasileiro, a produção social dariqueza está intimamente associada com a reprodu-ção da pobreza.

UNIDADE 4

O Brasil e a globalização“Assim como se fala de produtividade de uma máquina,de uma empresa, podemos, também, falar de produtivi-dade espacial ou produtividade geográfica, noção quese aplica a um lugar, mas em função de uma determina-da atividade ou conjunto de atividades. Essa categoriase refere mais ao espaço produtivo, isto é, ao ‘trabalho’do espaço. Sem minimizar a importância das condiçõesnaturais, são as condições artificialmente criadas quesobressaem, enquanto expressão dos processos técni-cos e dos suportes geográficos da informação. [...]

Os lugares se especializam, em função de suas virtuali-dades naturais, de sua realidade técnica, de suas vanta-gens de ordem social. Isso responde à exigência demaior segurança e rentabilidade para capitais obriga-dos a uma competitividade sempre crescente. [...] Namedida em que as possibilidades dos lugares são hojemais facilmente conhecidas à escala do mundo, sua es-colha para o exercício dessa ou daquela atividade torna-se mais precisa. Disso, aliás, depende o sucesso dosempresários. É desse modo que os lugares se tornamcompetitivos. O dogma da competitividade não se im-põe apenas à economia, mas também à geografia.”

SANTOS, Milton. A natureza do espaço.São Paulo: Hucitec, 1996. p. 197-199.

O novo estágio das dinâmicas territoriais brasileirasestá marcado pela crescente inserção da economia naci-onal nos fluxos da globalização. Este processo integra di-ferencialmente os lugares, valorizando aqueles dotadosde maior produtividade espacial e redimensionando oquadro de desigualdades entre as regiões brasileiras. Areestruturação dos eixos de circulação, as formas deintegração entre os complexos regionais e entre o Brasil

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e os seus vizinhos hispano-americanos também são ex-pressões do modelo econômico internacionalizado noterritório nacional.

• Conteúdo programático

Capítulo 11

A indústria e a integração nacionalA integração do território brasileiro; A concentra-ção industrial; As migrações inter-regionais.

Este capítulo, que introduz a análise do espaço geo-gráfico em escala nacional, aborda a formação territorialdo Estado brasileiro.

A América Portuguesa caracterizou-se pela frag-mentação política e pela fragmentação econômica, con-substanciada na estruturação de pólos exportadores fra-camente conectados entre si. O Estado brasileiro herdouessa dupla fragmentação. No plano político, enfrentou odesafio da construção da unidade nacional. No planogeoeconômico, o “arquipélago econômico” de origemcolonial perdurou por cerca de um século.

O conceito de “arquipélago econômico” não pre-tende negar a conexão entre as economias regionais bra-sileiras, mas realçar a existência de mercados regionaisdistintos, que estavam separados por impostos que one-ravam a circulação interna de mercadorias e pela virtualausência de redes de transporte nacionais.

No interior do “arquipélago econômico” brasileiro, aemergência da economia cafeeira assinalou o início da tra-jetória que conduziria à integração nacional. A prosperi-dade da “ilha exportadora de café” propiciou acumula-ção interna de capitais e gerou um mercado regionalsignificativo, dinamizado pela imigração de trabalhadoreslivres. Esse foi o arcabouço para a industrialização, queacabou por gerar um mercado nacional unificado sob ahegemonia do Sudeste.

O processo de industrialização foi baseado no mo-delo de substituição de importações, que se consolidoupor meio dos fluxos de capitais produtivos que permiti-ram a implantação de um setor diversificado de produ-ção de bens de consumo duráveis no país, em especialno pós-guerra. A montagem da nova economia urbanae industrial assentou-se sobre um tripé, constituído pe-los capitais nacionais, pelas empresas estatais e pelos in-vestimentos transnacionais.

A integração nacional, sob o comando dos capitais edas elites industriais do Sudeste, deu origem a uma novadivisão territorial do trabalho e estimulou as migraçõesinter-regionais. Os fluxos de nordestinos para o Sudesterefletiram as desigualdades regionais crescentes e alimen-taram o crescimento econômico do pólo urbano-industrial

do país. A “marcha para o oeste”, deflagrada desde a “eraVargas” e estimulada pela transferência da capital, assina-lou uma etapa crucial da constituição de um mercado naci-onal unificado. A colonização moderna do Centro-Oeste edas molduras meridionais da Amazônia realizou-se pormeio das frentes de expansão e das frentes pioneiras. Adistinção entre esses conceitos, fundamentais no pensa-mento geográfico brasileiro, é vital para a compreensão dosconflitos fundiários que pontuaram e ainda pontuam asfronteiras agrícolas do país.

Capítulo 12

Energia no BrasilA matriz energética brasileira; O sistema elétrico;A energia e o transporte.

A matriz energética guarda nítidas relações com operfil das economias nacionais. No modelo agroexporta-dor, vigente até as primeiras décadas do século XX, a le-nha se destacava como a principal fonte energética. Aemergência do modelo urbano-industrial, em meados doséculo XX, alterou profundamente os padrões de consu-mo de energia. Desde então, a indústria e os transportespassaram a dominar a demanda energética.

No Brasil, o setor industrial apresenta elevado consu-mo energético relativo, em função das formas assumidaspela industrialização. O peso determinante dos ramosenergointensivos (com destaque para a siderurgia e a me-talurgia do alumínio) revela a importância da transforma-ção dos recursos minerais na indústria brasileira e solicitaoferta de energia abundante e barata. Na montagem dotripé industrial brasileiro, analisado no capítulo anterior, oEstado assumiu a função de fornecedor de energia baratapara esses ramos industriais. Impulsionando a moderniza-ção dependente, a Eletrobrás passou a garantir subsídiosindiretos para a indústria, oferecendo energia a preços infe-riores aos custos reais de produção. No novo modelo dosetor elétrico brasileiro, o Estado busca substituir o investi-mento público pelo investimento capitalista na ampliaçãoda capacidade de geração e distribuição de eletricidade nopaís, atraindo investidores privados para o setor. Os percal-ços no caminho desta transição ficaram patentes durante acrise energética que se abateu sobre o país em 2001.

A modernização dependente exigiu a implantação deuma rede nacional de transportes. Essa rede estruturou-sea partir da opção rodoviária, definida ainda antes da Se-gunda Guerra Mundial. O alto consumo energético dosetor de transportes é uma decorrência dessa opção e tor-nou-se a raiz principal das importações de petróleo quedurante décadas oneraram a balança comercial brasileira.

Os padrões de consumo de energia condicionadospelo modelo urbano-industrial têm como contrapartidaum esforço de produção, organizado em três frentesprincipais: a eletricidade, o petróleo e a biomassa.

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A produção de eletricidade desenvolveu-se essenci-almente pela implantação de hidrelétricas. Essa opção, quedistingue o país no panorama internacional, associou-seao elevado potencial natural dos rios brasileiros, que seexplica em função dos climas e do relevo. Nesse ponto, aforça explicativa da Geografia revela todo seu vigor, per-mitindo estabelecer as conexões entre o modelo econô-mico e as características naturais do território nacional.

A produção de eletricidade por termelétricas desem-penhou papéis secundários no Brasil. As termelétricas movi-das a combustíveis fósseis limitaram-se quase apenas aosestados do Sul e à Amazônia, enquanto as usinas nuclearesassumiram maior importância política que energética. Con-tudo, os custos econômicos e ambientais crescentes da pro-dução hidrelétrica, assim como o fornecimento de gás na-tural de origem boliviana e a descoberta de grandes reservasde gás no território brasileiro, apontam para um significati-vo crescimento da produção termelétrica no Centro-Sul.

A análise da produção petrolífera abrange, em pri-meiro lugar, as particularidades da prospecção no país,fortemente dependente de campos situados na platafor-ma continental. A exploração desses campos, viabilizadapelas tecnologias desenvolvidas pela Petrobras, tornou-se prioritária após os “choques do petróleo”, que eleva-ram as cotações internacionais do produto. Em segundolugar, a análise da produção petrolífera abrange as ativi-dades de refino, destacando-se a amplitude dos merca-dos consumidores como fator decisivo na implantaçãoespacial das refinarias brasileiras.

Os “choques do petróleo” estiveram na raiz do lan-çamento do Proálcool, na década de 1970. A produçãonacional de álcool para os transportes teve grandes reper-cussões na agricultura do Centro-Sul e do Nordeste, masoscila ao sabor das flutuações das cotações internacionaisdo petróleo. Por outro lado, o lançamento de um númerocrescente de automóveis dotados de motores bicombustí-veis traz novas perspectivas para o álcool combustível.

Capítulo 13

Os complexos agroindustriaisA modernização conservadora; A divisão territorialdo trabalho na agropecuária; Os impactos ambi-entais da agropecuária brasileira.

Neste capítulo, a discussão sobre os complexosagroindustriais desdobra-se em três direções: a análiseda organização produtiva do agronegócio, o estudo dadivisão territorial do trabalho na agricultura brasileira eum panorama dos impactos ambientais provocados pelamoderna economia agrícola.

Do ponto de vista histórico, os complexos agroindus-triais substituíram os antigos complexos rurais, que se su-bordinavam à lógica do modelo agroexportador. A consoli-dação do modelo urbano-industrial ocorreu paralelamente

à modernização da economia rural, materializada pelamecanização da agropecuária e por um processo, ainda emcurso, de transferências setoriais de mão-de-obra que libe-rou força de trabalho para os setores urbanos. Por meio dascadeias produtivas, o agronegócio fornece alimentos e ma-térias-primas para a indústria, além de fornecer commodi-ties para o mercado externo, gerando divisas. Consumindotecnologias, insumos e sementes, a agricultura modernamantém relações estreitas com a pesquisa científica.

As cadeias produtivas estão subordinadas aos capi-tais industriais e aos capitais financeiros, mas suas etapasagrícolas são realizadas por empresas rurais, que funcio-nam em bases capitalistas, ou por produtores familiares,que não dispõem de capital e raramente empregam tra-balhadores assalariados.

A análise econômica dos complexos agroindustriais éo fundamento para a discussão das suas características es-paciais no território brasileiro. Aqui, trata-se de evidenciar aexistência de uma divisão territorial do trabalho na agricul-tura, que reitera e aprofunda as desigualdades regionais.

Os impactos ambientais da modernização daagropecuária são sintomas da industrialização do meiorural e revelam os problemas de sustentabilidade ecoló-gica da acumulação de capital promovida pelos comple-xos agroindustriais.

Capítulo 14

Urbanização e redes urbanasRumo às cidades; A rede urbana brasileira; Os es-paços metropolitanos; A cidade-capital.

O ponto de partida do capítulo é o processo de ur-banização e o conceito de meio urbano. A polêmica emtorno dos critérios oficiais utilizados no Brasil para classi-ficar a população como urbana ou rural evidencia a idéiade que o conceito de meio urbano é uma construção te-órica, cujo significado varia em função dos diferentescontextos histórico e geográfico. A análise da urbaniza-ção brasileira funciona como suporte para a discussão darede urbana e, em seguida, dos espaços metropolitanos.

No conjunto do território brasileiro, o processo deurbanização acelerou-se após a Segunda Guerra Mundi-al, sob o efeito da modernização econômica e do êxodorural gerado pela dissolução da economia rural auto-su-ficiente. Contudo, os ritmos da urbanização expressamas desigualdades regionais e as taxas de urbanização eservem como sinais das diferenças econômicas estrutu-rais entre as regiões brasileiras.

A rede urbana define-se pela configuração de umahierarquia particular, que é uma expressão das dinâmi-cas territoriais em escala nacional e regional. A introdu-ção da categoria de metrópole global, associada a SãoPaulo e ao Rio de Janeiro, permite aprofundar a discus-são sobre a polarização e as funções urbanas na era da“revolução da informação”.

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A hierarquia urbana é, tradicionalmente, definidade modo quase exclusivo em termos da polarizaçãoproporcionada pelas redes de transportes. Atualmente,contudo, essa definição deve incorporar a polarizaçãoproporcionada pelas redes de comunicações. Na esteiradessa revisão e ampliação do conceito, os mapas de po-larização urbana mais recentes produzidos pelo IBGE,utilizados nesta obra, representam as descontinuidadesespaciais e as superposições das regiões de influênciaurbana no Brasil.

A concentração espacial da população e de recur-sos produtivos, que tem raízes coloniais, foi impulsiona-da pelas formas específicas da modernização industrialbrasileira. A figura jurídica da região metropolitana cons-tituiu um reconhecimento das tendências geográficas doprocesso de urbanização e ofereceu um quadro para oplanejamento urbano nas metrópoles e áreas conurba-das. Desde o início da década de 1990, os processos deconurbação, que envolvem também cidades médias si-tuadas em diversas áreas do país, conduziram à criaçãode mais de uma dezena de regiões metropolitanas e daRegião Integrada do Distrito Federal e Entorno. Nesteúltimo caso, as regiões administrativas que compõem oPlano Piloto se distinguem das chamadas “cidades saté-lites” pela dinâmica da segregação, cujos contornos sãoanalisados no item que encerra o capítulo.

No Sudeste, o desenvolvimento do processo de ur-banização está na base de dois fenômenos de escala re-gional. Um deles é o da constituição da megalópole bra-sileira no eixo que conecta as duas metrópoles nacionais.O outro é o da constituição da metrópole expandida, oumacrometrópole, que têm por centro a Região Metro-politana de São Paulo. Estes dois conceitos proporcio-nam a oportunidade para a abordagem dos problemassociais e ambientais associados à expansão das manchasurbanas em escala regional.

Capítulo 15

Comércio exterior e integraçãosul-americanaO Brasil no comércio mundial; O Mercosul e a Amé-rica do Sul; A Área de Livre Comércio das Américas.

As transformações na divisão internacional do traba-lho, causadas pelos fluxos da globalização e pela revolu-ção tecnocientífica contemporânea, assinalaram o esgo-tamento do modelo de substituição de importações. Nadécada de 1990, o Brasil transitou para o modelo de in-ternacionalização da economia, expresso na abertura co-mercial e na ampliação do comércio exterior. O comérciomultidirecional, que já caracterizava o país, consolidou-seatravés do aumento dos fluxos de intercâmbio com aAmérica Latina e, em especial, com a Argentina. Dessemodo, o Brasil firmou-se como global trader, mantendofluxos de intercâmbio com a União Européia, o Nafta e o

Mercosul. A importância adquirida pelo comércio exteriore a condição de global trader realçaram o papel desempe-nhado pela Organização Mundial de Comércio na políticaexterior brasileira.

A importância adquirida pelo comércio exteriortambém lançou um foco de luz sobre os custos de deslo-camento de mercadorias no território nacional, pondoem relevo a inadequação da rede de transportesconstruída à sombra do modelo de substituição de im-portações. A necessidade de redução dos custos de des-locamento das exportações nacionais traduziu-se emprojetos ferroviários e hidroviários destinados a geraruma rede de transportes em “bacia de drenagem”.

A inserção do Brasil nos processos de integração re-gional em curso no subcontinente sul-americano empres-ta especial relevância às políticas sul-americanas, destina-das a estreitar os laços geopolíticos e econômicos queunem o Brasil aos seus vizinhos hispano-americanos.

O Mercosul figura como a mais importante entreessas políticas. Estruturado em torno das duas maioreseconomias sul-americanas, mas compromissado com anoção de regionalismo aberto, ele foi projetado para ser-vir como plataforma de inserção competitiva nos fluxosinternacionais de mercadorias e capitais. Assim, seu fun-damento é sobretudo o da integração econômica. Aocontrário do que acontece na União Européia, o Merco-sul não prevê o compartilhamento de soberanias entreos Estados-membros, e depende sobretudo da diploma-cia presidencial nos momentos de impasse.

Entretanto, a estratégia norte-americana deintegração hemisférica, consubstanciada na Alca, poderepresentar uma ameaça para o futuro do Mercosul. Parao Brasil, a alternativa consiste em consolidar o bloco doCone Sul e avançar no sentido da criação de uma áreade livre comércio sul-americana, como forma de tornarmais equilibrada as negociações da Alca. Nesse contex-to, o incremento das trocas comerciais entre o Brasil e osdemais países sul-americanos e o aprimoramento dasinfra-estruturas subcontinentais de transporte se tornamtarefas urgentes.

• O enfoque interdisciplinarA química na agricultura moderna

A agricultura moderna caracteriza-se pelo uso in-tensivo de agrotóxicos no combate ao desenvolvimentode pragas. Uma pesquisa, orientada pelos professores deQuímica e Biologia, pode esclarecer os principais efeitosdesses produtos no ambiente e na saúde humana. Quaissão os produtos químicos mais utilizados e em quais cul-tivos? De que maneira eles afetam os produtos cultiva-dos? Quais os riscos envolvidos no consumo desses ali-mentos? Os agrotóxicos deixam resíduos nos campos decultivo? Quais os impactos ambientais desses resíduos?

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Por que as pragas se desenvolvem em monoculturas e,muitas vezes, tornam-se resistentes aos agrotóxicos?Como a engenharia genética pode contribuir no comba-te às pragas agrícolas?

O olhar cinematográfico sobre a ditadura

Tanto no Brasil como na Argentina, o regime militarserviu de tema para um conjunto importante de obrascinematográficas. A colaboração dos professores de Co-municação e Expressão pode ser solicitada para a mon-tagem de uma mostra de vídeos sobre o tema, que podeser complementada por um ciclo de debates organizadopelos alunos. A título de exemplo, sugerimos o filme ar-gentino A Historia Oficial (Dir. Luis Puenzo) e os brasi-leiros Pra Frente, Brasil (Dir. Roberto Farias) e O que éisso, companheiro? (Dir. Bruno Barreto).

• Biblioteca do professorJames Holston é antropólogo especializado em es-

tudos urbanos. O texto que reproduzimos nesta seçãofoi extraído de sua pesquisa, desenvolvida na década de1980 a respeito de Brasília, que analisa os valores e ati-tudes envolvidos no processo conflituoso de produçãosocial da cidade.

O pensamento geográfico não se restringe aos tra-balhos e reflexões de geógrafos. No campo dos estudosurbanos, inúmeras contribuições para a compreensãodos processos de produção do espaço geográfico origi-nam-se de arquitetos, urbanistas, economistas, sociólo-gos e antropólogos.

O texto de Holston é um exemplo do carátertransdisciplinar dos estudos urbanos. Ele desvenda as re-lações entre a produção social da cidade e os valores eatitudes envolvidos nesse processo conflituoso.

A segregação planejada

“[…] Brasília sustenta um padrão de urbanização quederiva e contradiz seus princípios iniciais: é um padrãotípico das grandes cidades brasileiras, onde as eliteshabitam o centro urbano e dominam os estratos inferi-ores e desassistidos da periferia. Deve também ser ob-servado, contudo, que Brasília intensifica, de várias ma-neiras significativas, as desigualdades do típico padrãometropolitano. […] A capital tem, proporcionalmente,mais habitantes na periferia e menos habitantes nocentro que qualquer outra grande cidade brasileira.

[…] Enquanto outras cidades misturam bairros residen-ciais de elite e favelas ou cortiços em suas regiões cen-trais, Brasília separa rigorosamente os primeiros no Pla-no Piloto e os outros nas cidades-satélites. Isto não sig-nifica menosprezar o crescente número de habitantes demédia renda e de burocratas de nível médio morando

nas cidades-satélites mais próximas, ou as favelas queresistem a investidas policiais em áreas isoladas doPlano Piloto. É meramente observar que nas áreasmais urbanizadas da capital não há cortiços […].

Ademais, […] as disparidades de renda entre o centro deBrasília e sua periferia são bem maiores que em outrascidades brasileiras, precisamente porque a alta renda,no Distrito Federal, está concentrada de forma esmaga-dora e quase uniforme no Plano Piloto e nas mansõesdo Lago. Por fim, o que também intensifica as diferen-ças entre o centro de Brasília e sua periferia é a formacom que são expressas em termos espaciais. Enquantooutras cidades são ocupadas continuamente do centroaté a periferia, Brasília dicotomiza-os em termos absolu-tos: não há nenhuma cidade-satélite em um raio de 14quilômetros a partir do Plano Piloto. Assim, a distinçãoentre centro e periferia é implacavelmente nítida […].

Um processo básico na formação da periferia de Brasíliaé a transformação de tomadas de terras ilegais em ur-banizações legais. Com efeito, as próprias cidades-saté-lites têm origem em ciclos de rebelião e legitimação queremontam aos pioneiros e continuam até hoje. Na pri-meira fase desse processo, a população se apropria dedireitos à terra formando favelas. Na segunda fase, ogoverno reconhece formalmente esses direitos usurpa-dos, seja dotando as terras tomadas de um status legalin situ, seja removendo os moradores para terrenosresidenciais recentemente demarcados em uma cidade-satélite já existente. Esta mudança de status legal resul-ta na adição de novos moradores ao conjunto dos quetêm direitos legais a serviços urbanos, e na expansãoda periferia urbana em novas áreas […].

Seguindo a tradição dos pioneiros, as associações defavelados na Brasília de hoje organizam tomadas deterra para obter acesso legal à propriedade e aos ser-viços urbanos. Como em outras cidades brasileiras,os favelados alcançam este objetivo persuadindo asautoridades a mudar o status de seus povoamentos.O paradoxo desta situação — de que os faveladosestão bem conscientes — é que na maioria dos casosé apenas por meio do ato ilegal de invadir um terrenoque eles podem ter os serviços de que necessitamdesesperadamente. Mais ainda, sua situação é para-doxal em outro sentido: o que a maioria dos faveladosprocura, além dos serviços urbanos básicos, é a res-peitabilidade social que a sociedade legítima lhesnega. Carentes de respeito, organizam-se para obtê-lo esposando um dos valores fundamentais da ordemsocial em que lutam por inserir-se: a propriedade pri-vada. A invasão de terras é para eles um meio deadquirir os serviços urbanos e o status social de res-peitabilidade que derivam da propriedade privada.”

HOLSTON, James. A cidade modernista: uma críticade Brasília e sua utopia. São Paulo: Companhia

das Letras, 1993. p. 293-296.

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• Indicações de leituraCORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

DEÁK, Csaba e SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). Oprocesso de urbanização no Brasil. São Paulo:Edusp, 1999.

EVANS, Peter. A tríplice aliança. Rio de Janeiro:Zahar, 1982.

SANTOS, Regina B. dos. Migrações no Brasil. SãoPaulo: Scipione, 1994.

SILVA, José Graziano da. A modernização doloro-sa. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da in-dústria no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega,1981.

VEIGA, José Eli. A face rural do desenvolvimento.Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS,2000.

VESENTINI, José William. A capital da geopolítica.São Paulo: Ática, 1986.

UNIDADE 5

Sociedade e espaçogeográfico

“A questão da espacialidade, da territorialidade bra-sileira, é sempre deixada de lado nas discussões polí-ticas e nas formulações dos planos e políticas públi-cas. Os discursos produzidos sobre estas questõesinsistem em ignorar que as características essenciaisda economia brasileira, ou, melhor dizendo, a forma-ção socioespacial brasileira, a formação do territóriobrasileiro, são produtos das relações sociais no Bra-sil. A sociedade e o espaço brasileiros precisam serconsiderados concomitantemente.”

SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. O NovoBrasil Urbano, integração ou fragmentação.

In: GONÇALVES, Maria Flora. O novo Brasil urbano.Porto Alegre: Mercado Aberto, 1995. p. 69

As políticas territoriais de planejamento, voltadaspara a correção dos “desequilíbrios regionais” por meioda dinamização ou da conquista de determinadas por-ções do território, deixaram marcas profundas no espa-ço geográfico brasileiro, em especial no Nordeste e naAmazônia. Mas não alteraram o traço estrutural da soci-edade e do espaço nacional: o Brasil permanece sendo oterritório da desigualdade.

• Conteúdo programático

Capítulo 16

Estrutura regionalbrasileira

Divisões regionais do Brasil; A globalização e asdesigualdades regionais; A industrialização con-centrada; A industrialização descentralizada.

A regionalização oficial do território brasileiro,elaborada em diferentes versões pelo IBGE, foi conce-bida para servir de base aos levantamentos estatísticosque subsidiam as políticas públicas e de planejamentoeconômico, além de apresentar finalidade didática.Considerando sobretudo os padrões de produtividadeda economia, as densidades demográficas e as paisa-gens naturais, o IBGE divide o território brasileiro emcinco macrorregiões.

Mas a região não é um dado da realidade: é umaconstrução teórica que admite os mais diferentes crité-rios e que se transforma com a história. Por isso mes-mo, a proposta de regionalização do IBGE não é nemúnica nem definitiva. No final da década de 1960 sur-giu uma proposta de regionalização do território brasi-leiro capaz de sintetizar as dinâmicas territoriais impul-sionadas pela integração nacional e pela hegemonia doscapitais industriais e financeiros do Sudeste: trata-se dadivisão do Brasil em três grandes complexos regionais,elaborada pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger. No iní-cio do século XXI, o geógrafo Milton Santos cunhou aexpressão Região Concentrada para identificar umnovo conjunto regional formado pelas regiões Sul e Su-deste. Surgida da internacionalização da economia e daconcentração das infra-estruturas do meio tecnocientí-fico e informacional, a Região Concentrada se estendeentre Minas Gerais e o Rio Grande do Sul.

O conceito de Região Concentrada ilumina aspec-tos importantes das dinâmicas territoriais em curso noBrasil. A “soldagem” entre o Sudeste e Sul evidencia oatual processo de descentralização industrial, materiali-zado pela emergência de novos pólos industriais do in-terior de São Paulo e do Rio de Janeiro, em Minas Ge-rais e no Brasil meridional. Neste processo, a metrópolepaulista não está perdendo a hegemonia econômicatradicional, pois a redução da sua participação na ativi-dade industrial ocorre paralelamente ao reforço do seupapel dominante na centralização financeira das ativi-dades produtivas em geral. As regiões industriais peri-féricas no Nordeste e na Amazônia, por sua vez, sãoem grande parte tributárias das políticas de planeja-mento regional.

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Capítulo 17

Nordeste, nordestesOs “nordestes”; O Nordeste e o Planejamento Re-gional; O Nordeste da Sudene; O Nordeste e a glo-balização.

Este capítulo está organizado em torno de quatrograndes eixos temáticos, organizados de forma a escla-recer o significado das diferentes políticas regionais vol-tadas para o Nordeste brasileiro.

No primeiro deles, investiga-se os “nordestes” pro-duzidos pela economia agroexportadora. O “Nordesteaçucareiro”, dos grandes latifúndios da Zona da Mata,foi o primeiro a se configurar, ainda nos primórdios dacolonização. O “Nordeste algodoeiro-pecuarista” emer-giu no Sertão, durante a vigência do Império. O “Nor-deste cacaueiro”, por sua vez, estruturou-se no sudesteda Bahia, nas primeiras décadas do século.

Ao longo da história republicana, as elites latifundi-árias presentes em cada um desses “nordestes” prota-gonizaram uma disputa calorosa pelo controle políticoestadual e pela captura dos recursos federais. Os “coro-néis do sertão” defendiam a atuação governamental nocombate aos impactos da seca; os “barões do açúcar”lutavam para manter a competividade de suas lavourasante os concorrentes do Centro-Sul.

O segundo eixo deste capítulo aborda as políticaspúblicas resultantes desta disputa. A chamada “políticahidráulica”, esboçada ainda durante o Império, oficiali-zada na primeira década do século XX e consolidada nogoverno Getúlio Vargas, representou uma vitória das oli-garquias sertanejas. Por meio dela, um conjunto de obraspatrocinadas pelo governo federal no semi-árido – taiscomo açudes, barragens, poços e estradas de rodagem –funcionava como meio de valorização das propriedadesdos coronéis. Os barões do açúcar, por sua vez, encon-tram amparo no Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA),criado em 1926. Estabelecendo um mecanismo de cotasde produção e implementando um sistema de preçosúnicos, o IAA, na prática, oferecia subsídios públicos àselites do Nordeste açucareiro.

O terceiro eixo temático do capítulo enfoca a cons-tituição do Nordeste como região geoeconômica perifé-rica, resultante do processo de industrialização coman-dado pelo Sudeste e da integração nacional. Nessecontexto, e sob a ótica do desenvolvimentismo, as polí-ticas públicas voltadas para a região passaram a enfatizarsobretudo a implementação de pólos de desenvolvimen-to industrial, dinamizados por capitais oriundos do Cen-tro-Sul, como forma de minimizar os desequilíbrios regi-onais existentes no Brasil.

Finalmente, o quarto e último eixo temático analisa oimpacto da abertura econômica e da chamada globalizaçãosobre as estratégias de planejamento regional voltadas para

o Nordeste. Agora, trata-se principalmente de integrar aregião aos fluxos de investimentos globalizados e ao mer-cado mundial. Esta é a lógica que norteia a nova política deincentivos, voltada sobretudo para a agricultura empresari-al de frutas no semi-árido, para o turismo e para as grandesobras de infra-estrutura. A transposição do rio São Francis-co se insere nesta lógica, na medida em que cria novos pó-los de agronegócio na região. No tocante ao setor industri-al, destaca-se o crescimento do setor de bens de consumonão-duráveis, ou seja, das indústrias de trabalho intensivo.Os conglomerados do setor são atraídos por diversas mo-dalidades de incentivos federais e estaduais e também pelobaixo custo da mão-de-obra local, que lhes conferecompetitividade internacional.

Capítulo 18

A Amazônia e oplanejamento regionalA conquista da fronteira amazônica; Amazônia Ori-ental; Amazônia Ocidental; Planejamento e desen-volvimento sustentável; O Estado na fronteira.

A Amazônia Legal, região de planejamento, foi cria-da junto com a Sudam, em 1966, nos primeiros anos doregime militar. Concebida como um espaço de fronteirapolítica, demográfica e econômica, a região foi objetode políticas territoriais marcadas pelo signo da conquis-ta. No plano político, a conquista da Amazônia envolviaa construção de bases para o exercício da soberania na-cional nas faixas de fronteira; no plano demográfico, opovoamento com base nos excedentes populacionaisgerados no Nordeste e no Centro-Sul; no plano econô-mico, a atração de grandes investimentos em projetosagropecuários, minerais e industriais.

O conjunto de políticas voltadas para a conquistada Amazônia deixou um rastro de violência e degrada-ção ambiental, muitas vezes sobrepostos. Os conflitosfundiários envolvendo índios, grileiros e migrantes re-cém-chegados configuraram um “arco da violência” nasfranjas orientais e meridionais da Amazônia, enquantoos grandes projetos criavam um “arco de devastação”nas áreas em que foram implementados.

Também como resultado do empreendimento de con-quista, orientado pelos principais vetores de transporte, aregião Amazônica foi bipartida. Na Amazônia Oriental,estruturada pelo eixo da Belém-Brasília e da E. F. Carajás, adevastação é sobretudo resultado dos grandes projetos deexploração mineral, transformados em verdadeiros enclavesna floresta e indutores de um processo de urbanização caó-tico e desordenado em seu entorno. A Amazônia Ociden-tal, estruturada pelo segmento sul da Cuiabá-Santarém eda Brasília-Acre, foi o principal eixo de expansão da frontei-ra agrícola, além de abrigar um enclave industrial idealiza-do pelo governo militar: a Zona Franca de Manaus.

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A política de desenvolvimento regional dos milita-res valorizou sobretudo a acumulação de capital porgrandes empresas por meio do uso predatório dos recur-sos naturais. O desmatamento de imensos trechos da flo-resta e a miséria urbana foram seus resultados mais sig-nificativos. Os novos projetos de obras viárias, emespecial a pavimentação da BR-319 (Porto Velho-Manaus) e da BR-163 (Cuiabá-Santarém), assim como oavanço da agropecuária moderna sobre áreas florestadasparecem estar anunciando um novo ciclo de devastaçãoambiental, de proporções ainda maiores. A reversão des-se quadro depende da adoção de políticas territoriaisvoltadas para o desenvolvimento sustentável e funda-mentadas em um minucioso zoneamento econômico eecológico da região.

Em contrapartida, a preocupação com o exercícioda soberania efetiva sobre a extensa faixa de fronteirasamazônicas sobreviveu ao regime militar. O Projeto Ca-lha Norte, implantado em 1985, foi concebido para fa-zer frente a esta preocupação. Também o Sivam é umainiciativa voltada para o controle do espaço amazônico.

Capítulo 19

Desigualdades sociais e pobrezaA economia da desigualdade; Pobreza e desenvol-vimento humano; A geografia da pobreza; Traba-lho infantil e exclusão social.

Este capítulo busca desvendar os mecanismos res-ponsáveis pela disseminação da exclusão social e da po-breza no Brasil, que inscrevem o país entre os campeõesmundiais de concentração de renda.

A análise dos indicadores sociais revela a existênciade um verdadeiro fosso econômico e cultural separandoos brasileiros ricos dos brasileiros pobres. O monopóliode acesso à terra e a transferência de um grande contin-gente de trabalhadores sem qualificação para os gran-des centros urbanos, por meio do êxodo rural, garanti-ram as condições de reprodução da pobreza, mesmo nasfases de grande expansão do PIB nacional.

Os indicadores de condições de vida elaboradospela ONU ajudam a dimensionar a exclusão social e osníveis de pobreza vigentes no país. De acordo com o IPH,cerca de 12% dos brasileiros vivem em condições de ex-trema carência. Com relação ao IDH, o Brasil tambémocupa uma posição bastante modesta, abaixo de suaclassificação em termos de PIB per capita. Isso significaque, apesar dos avanços dos últimos decênios,registrados nos relatórios da ONU dedicados ao desen-volvimento humano, o país ainda tem um longo cami-nho a percorrer no sentido de transformar a renda naci-onal em bem-estar social.

Mas a tragédia social brasileira é ainda mais nítidaquando analisada de acordo com os critérios elaborados

por pesquisadores do IPEA, que estabeleceram uma linhanacional de pobreza cruzando dados referentes à rendaper capita familiar e ao preço de bens de consumo consi-derados essenciais. Os resultados obtidos em 2002 reve-lam que mais de 30% dos brasileiros vivem em famíliascuja renda não é suficiente para garantir suas necessida-des básicas em termos de habitação, alimentação, vestuá-rio e transporte. Revelam ainda que a pobreza tem umforte componente regional, e que sua incidência relativa émaior entre as populações rurais do que entre as popula-ções urbanas. Nas cidades, a pobreza alimenta um merca-do imobiliário informal constituído por loteamentos clan-destinos, cortiços e favelas; muitos dos quais situados emáreas de risco ambiental e epidemiológico.

A disseminação do trabalho infantil é uma das con-seqüências da situação de pobreza na qual vivem milha-res de famílias brasileiras. Embora a porcentagem de cri-anças trabalhadoras esteja recuando no Brasil, asestatísticas mostram que esse ainda é um problema soci-al de grandes dimensões. Os programas federais criadospara combater o trabalho infantil têm se mostrado maiseficientes no meio rural do que no meio urbano, já que,nas cidades, os rendimentos auferidos pelos menores tra-balhadores são significativamente superiores à bolsafornecida pelo governo para as famílias que mantêm seusfilhos na escola. Por fim, as modalidades de trabalho for-çado que ainda resistem no Brasil constituem o limiteextremo da exclusão social.

Capítulo 20

A questão fundiáriaA terra e os trabalhadores do campo; Trabalhado-res do campo; A luta pela terra.

O capítulo está organizado em torno de três gran-des eixos temáticos, fortemente relacionados entre si. Oprimeiro discute as origens históricas da concentraçãofundiária, o segundo analisa a estrutura ocupacional daagropecuária e o terceiro aborda a luta pela terra.

A modernização da agricultura, acompanhada porum processo de valorização das terras e de expulsão damão-de-obra, aprofundou a concentração fundiária nasregiões agrícolas mais dinâmicas. Este processo alimen-tou tanto o êxodo rural quanto os fluxos migratórios quese dirigiram para regiões de fronteira, inicialmente ocu-padas pelas pequenas propriedades familiares. Mais tar-de, com a chegada dos grandes proprietários às frontei-ras agrícolas, iniciava-se um novo ciclo de concentraçãofundiária e de expulsão de mão-de-obra. Este padrão deconcentração, desconcentração e reconcentraçãofundiária que caracterizou a expansão da área agrícolatotal do país perdurou pelo menos até a década de 1980.

Ao contrário do que acontece nos setores urbanos,no campo brasileiro o número de produtores diretos su-pera com larga margem o número de trabalhadores as-

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salariados. Os produtores diretos formam uma categoriasocial heterogênea composta por proprietários familia-res, parceiros, rendeiros e posseiros. Enquanto os estra-tos superiores praticam uma agricultura empresarial,marcada pelo uso de tecnologias sofisticadas, os estratosinferiores dedicam-se principalmente à produção de sub-sistência, e constituem-se como fonte de mão-de-obrasazonal para a agricultura patronal. A força de trabalhoengajada na agricultura patronal, por sua vez, é consti-tuída pelos assalariados permanentes e pelos assalaria-dos temporários. A oferta de empregos sazonais, porém,encontra-se em declínio, já que um número cada vezmaior de empresas rurais está mecanizando a colheita.

No Brasil a agricultura familiar sempre foi preteridaem favor da agricultura patronal. Essa é uma das causasda disseminação da pobreza no campo brasileiro e datrágica situação econômica e social na qual se encontraa maior parte dos pequenos produtores. O último eixodo capítulo apresenta um panorama da história da lutapela terra no Brasil, destacando a importância política doMST na história recente do país, e apresenta o sentidoeconômico, social e ambiental da noção moderna de re-forma agrária voltada para a consolidação da agriculturafamiliar.

• O enfoque interdisciplinarAs crianças trabalhadoras

A exploração do trabalho infantil é objeto de inten-sos debates internacionais, tanto no âmbito da Organi-zação Internacional do Trabalho (OIT) quando no daOrganização Mundial do Comércio (OMC). No Brasil, otema tem sido objeto de diversas campanhas de esclare-cimento, patrocinadas tanto pelo governo federal comopor ONGs. Além disso, o governo federal busca comba-ter o trabalho infantil por meio do Programa Bolsa-esco-la. Com o auxílio dos professores de Comunicação e Ex-pressão, os alunos podem organizar um painel comdepoimentos de crianças trabalhadoras e produzir umrelatório relacionando o teor dos depoimentos com osmecanismos de exclusão social abordados no capítulo.O professor de Sociologia, por sua vez, pode contribuirpara um debate sobre as virtudes e defeitos nos progra-mas federais de combate ao trabalho infantil.

O desenvolvimento sustentável

O conceito de desenvolvimento sustentável se tor-nou amplamente conhecido por meio do relatório pro-duzido pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e De-senvolvimento, instituída pela ONU. Publicado em 1987,o Relatório Brundtland (como ficaria mundialmente co-nhecido) aborda de maneira integrada as questõesambientais, demográficas e sociais. De acordo com ele,o uso intensivo de recursos naturais e a manutenção de

padrões de consumo acima das possibilidades ecológicasem certas regiões do planeta, assim como a dissemina-ção da pobreza em outras, são fatores de risco para oambiente global. Vale a pena investigar os significadosdesse conceito, com o auxílio do professor de Biologia.Além disso, os alunos poderiam ser orientados no senti-do de realizar uma pesquisa sobre as atividades econô-micas implantadas na Amazônia que atendam aos requi-sitos da sustentabilidade ambiental.

• Biblioteca do professorBertha Becker, uma das maiores expoentes do pen-

samento geográfico brasileiro, dedica grande parte desua vasta produção teórica à reflexão sobre a Amazôniabrasileira. No trecho reproduzido abaixo, o enfoque re-cai sobre as perspectivas da região diante do processocontemporâneo de mercantilização na natureza.

Globalização e Amazônia como fronteirado capital natural

“Até recentemente, dominava no projeto internacio-nal a percepção da Amazônia como uma imensa uni-dade de conservação a ser preservada, tendo emvista a sobrevivência do planeta, devido aos efeitosdo desmatamento sobre o clima e a biodiversidade.A base dessa percepção teve como origem, em gran-de parte, a tecnologia dos satélites, que permitiupela primeira vez uma visão de conjunto da superfí-cie da Terra e da sua unidade trazendo o sentimentoda responsabilidade comum, assim como a percep-ção do esgotamento da natureza, que se tornou umrecurso escasso.

A natureza foi então reavaliada e revalorizada a par-tir de duas lógicas muito diferentes, mas que con-vergem para o mesmo projeto de preservação daAmazônia. A primeira lógica é a civilizatória ou cul-tural, que possui uma preocupação legítima com anatureza pela questão da vida, o que dá origem aosmovimentos ambientalistas. A outra lógica é a daacumulação, que vê a natureza como recurso escas-so e como reserva de valor para a realização de ca-pital futuro, fundamentalmente no que tange ao usoda biodiversidade condicionada ao avanço datecnologia. Outro recurso de que pouco se fala, masque já é fundamental, é a água como fonte de vida ede energia em razão dos isótopos de hidrogênio,questão teórica ainda não solucionada, mas que vemsendo pesquisada em muitos países, especialmentena Alemanha e nos EUA.

Torna-se patente que, se há uma valorização da na-tureza e da Amazônia, há também a relativizaçãodo poder da virtualidade dos fluxos e redes domundo contemporâneo, com a globalização, que

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acaba com as fronteiras e com os Estados. Na ver-dade, os fluxos e redes não eliminam o valor estra-tégico da riqueza localizada, in situ; eles susten-tam a riqueza circulante do sistema financeiro, dainformação, mas a riqueza localizada no territóriotambém tem seu papel e seu valor.

Isso, conseqüentemente, trouxe uma disputa das po-tências pelos estoques das riquezas naturais, umavez que a distribuição geográfica de tecnologia e derecursos está distribuída de maneira desigual. En-quanto as tecnologias avançadas são desenvolvidasnos centros de poder, as reservas naturais estão lo-calizadas nos países periféricos, ou em áreas nãoregulamentadas juridicamente. Esta é, pois, a baseda disputa.

Há três grandes eldorados naturais no mundo con-temporâneo: a Antártida, que é um espaço divididoentre as grandes potências; os fundos marinhos,riquíssimos em minerais e vegetais, que são espaçosnão regulamentados juridicamente; e a Amazônia, re-gião que está sob a soberania de estados nacionais,entre eles o Brasil.

Esse contexto geopolítico, principalmente nas déca-das de 1980 e 1990, gerou sugestões mundiais pelasoberania compartilhada e o poder de gerenciar aAmazônia, que abalou até o Direito Internacional.Hoje, contudo, são crescentes os interesses ligados àvalorização do capital natural, que tende a se sobre-por à lógica cultural.

Observa-se um processo de mercantilização da natu-reza. Elementos da natureza estão se transformandoem mercadorias fictícias, usando a expressão de KarlPolanyi, em seu livro A grande transformação. Fictí-cias por quê? Porque elas não foram produzidas paravenda no mercado – o ar, a água, a biodiversidade.Mas, no entanto, através desta ficção são geradosmercados reais e isto se deu, como Polanyi mostramuito bem, no início da industrialização, quando ter-ra, dinheiro e trabalho foram transformados em mer-cadorias fictícias, gerando mercados reais. [...]

Não é fantasia o fato de que está em curso na Ama-zônia a transformação de bens da natureza em mer-cadorias. É o caso da Peugeot, que faz investimen-tos no sentido de seqüestro do carbono no MatoGrosso; na ilha do Bananal, a empresa inglesa S.Barry; a Mil Madeireira, que tem um projeto nestesentido no estado do Amazonas; a Central SouthWest Corporations, de Dallas, uma empresa de ener-gia que fez uma aquisição no Paraná de setecentosmil hectares, através da mediação da National Con-servancy, da reserva da Serra de Itaqui; além dos

projetos que não conhecemos, visto que uns são ofi-ciais e outros não. Há restrições a colocar nesse sen-tido porque a terra e a floresta são bens públicos, ea venda de floresta significa venda de território enão é correta do ponto de vista do país. [...]

Polanyi mostra que há uma necessidade de organiza-ção da sociedade para impedir o livre jogo das forçasde mercado em relação aos elementos vitais para ohomem. Para tanto, foram criados sindicatos para pro-teger o mercado do trabalho e organizadas associa-ções para regular o mercado da terra e o papel doestado tornou-se fundamental. Que vamos fazer noBrasil, e qual deve hoje ser nossa reação? Temos to-dos esses trunfos – florestas, biodiversidade, água;como a sociedade e o governo brasileiro devem secomportar em relação ao seu uso? Hoje, o movimentode mercantilização é irreversível e temos de sabercomo lidar com ele. Parece-me que caberia ao gover-no e à sociedade lutar pela regulação desses merca-dos, mas ela deveria ser bem negociada [...]”

BECKER, Bertha K. Geopolítica da Amazônia. Revistade Estudos Avançados. n. 53, 2005. p. 74-77. v. 19.

• Indicações de leituraAB’SÁBER, Aziz N. Amazônia: do discurso à práxis.

São Paulo: Edusp, 1996.

ANDRADE, Manuel Correia de. Classes sociais eagricultura no Nordeste. Recife: Fundação Joa-quim Nabuco/Massangana, 1985.

ARAÚJO, Tânia Bacelar de. Ensaios sobre o de-senvolvimento brasileiro: heranças e urgências.Rio de Janeiro: Revan/Fase, 2000.

AUBERTIN, Catherine. A ocupação da Amazônia:das drogas do sertão à biodiversidade. In:EMPERAIRE, Laure. A Floresta em jogo: oextrativismo na Amazônia central. São Paulo:UNESP/Imprensa Oficial, 2000.

BECKER, Bertha K. e MIRANDA, Mariana (Org.).A geografia política do desenvolvimento sus-tentável. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.

BRANDÃO, Carlos Antônio, GONÇALVES, MariaFlora e GALVÃO, Antônio Carlos. Regiões e ci-dades, cidades nas regiões. São Paulo: Unesp/Anpur, 2003.

FURTADO, Celso. A fantasia desfeita. Rio de Ja-neiro: Paz e Terra, 1989.

SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Bra-sil: território e sociedade no início do séculoXXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.

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Parte 3

Geografia e geopolíticada globalização

Esta Parte 3 aborda o espaço mundial contemporâ-neo e sua perspectiva é fornecida pela escala geográficado mundo. As demais escalas, tratadas com freqüência,funcionam como instrumentos auxiliares no desvenda-mento da trama do espaço mundial.

O ensino de Geografia, tributário em alguma medidada tradição dos estudos regionais da “escola francesa”,acostumou-se a abordar o espaço mundial como umasomatória de espaços nacionais. Por muito tempo – e essaprática ainda subsiste aqui e ali – ensinou-se uma “Geo-grafia regional do mundo” por meio da descrição de ca-racterísticas físicas, humanas e econômicas das unidadespolíticas nacionais. Essa tradição degradou-se a ponto detransformar os cursos em pouco mais que a apresentaçãode sínteses de almanaque das “características geográfi-cas” de cada país. No fundo, a abordagem tradicional se-quer reconhece a escala geográfica do mundo, obscure-cendo a teia de relações econômicas, políticas e culturaisque se estabelecem no espaço mundial.

O título dessa Parte merece um comentário. O ter-mo “globalização” é um foco de polêmicas teóricas epolíticas. No terreno teórico, argumenta-se que aglobalização, se entendida como processo de configura-ção de uma economia mundial integrada, tem suas raízesnas Grandes Navegações. E, de fato, o capitalismo co-mercial do século XVI já estruturava uma nítida divisãointernacional do trabalho e diversas especializações pro-dutivas regionais. Numa linha semelhante, argumenta-se que os dois ciclos da Revolução Industrial do séculoXIX geraram ondas de investimentos internacionais queintegraram em profundidade a economia mundial.

De certa forma, a maior parte do século XX podeser interpretada como uma longa reversão do processode globalização das décadas anteriores. A Primeira Guer-ra Mundial (1914-1918), a Revolução Russa (1917), aGrande Depressão (1929 – década de 1930), a SegundaGuerra Mundial (1939-1945), a Revolução Chinesa(1949) e a formação do bloco soviético da Guerra Friainterromperam ou mesmo reverteram as tendências an-teriores. Sob uma perspectiva histórica, o que se deno-mina hoje “globalização” poderia ser interpretado como

uma “segunda globalização”, cujas raízes encontram-seno fim da Guerra Fria, na implosão da União Soviética ena abertura econômica da China.

Sob a perspectiva da Geografia, a globalização con-temporânea não pode ser dissociada da revoluçãotecnocientífica e informacional. O ciclo de inovações des-sa revolução, que se desenvolve desde os anos 1970,reorganiza extensa e profundamente o espaço mundial.Essa reorganização – desigual, traumática e perversa – éo objeto de análise desta Parte da obra.

UNIDADE 6

O espaço da globalizaçãoManuel Castells sintetizou a configuração da “eco-

nomia global regionalizada” que emergiu nas duas últi-mas décadas:

“A economia global apresenta diversificações internasrepresentadas por três regiões principais e suas áreasde influência: América do Norte [...], União Européia [...]e a região do Pacífico asiático [...]. Em torno desse triân-gulo de riqueza, poder e tecnologia, o resto do mundoorganiza-se em uma rede hierárquica e assimetricamen-te interdependente, conforme países e regiões diferen-tes competem para atrair capital, profissionais especiali-zados e tecnologias para suas praias [...].

O conceito de uma economia global regionalizada nãorepresenta nenhuma contradição de termos. Há, defato, uma economia global porque os agentes econô-micos operam em uma rede global de interação quetranscende as fronteiras nacionais e geográficas. Masessa economia é diferenciada pelas políticas, e osgovernos nacionais desempenham um papel muitoimportante nos processos econômicos.”

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede.São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 117-119.

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É preciso destacar os elementos dessa análise, queocupam lugares estratégicos na abordagem geográficado espaço mundial da globalização:

1. Um tripé de “riqueza, poder e tecnologia”, consti-tuído pela América do Norte, União Européia e Ba-cia do Pacífico, estrutura o espaço mundial;

2. A economia global opera em rede, uma rede “hie-rárquica e assimetricamente interdependente” queabrange o conjunto das regiões e países;

3. As diferenciações na economia global decorrem, emmedida significativa, dos papéis desempenhadospelos governos.

A Unidade 6 dedica-se a caracterizar, de modo geral,a configuração desse espaço mundial. Os fluxosmundializados – de mercadorias, capitais, pessoas e infor-mações –, que dinamizam o processo de globalização, ge-ram redes hierárquicas e interdependentes. Na base dessesfluxos encontra-se o meio tecnocientífico e informacional,que garante a conexão e a complementaridade dos proces-sos de produção e de consumo em escala mundial.

• Conteúdo programático

Capítulo 21

Os fluxos da economia globalGlobalização: a economia policêntrica; Os conglo-merados transnacionais; Fluxos de mercadorias: ocomércio global; Fluxos de capital: os investimentosinternacionais; As cidades mundiais.

O ponto de partida do Capítulo 21 é a configura-ção da economia mundial capitalista do pós-guerra, noambiente geopolítico da Guerra Fria.

A ordem econômica constituída em Bretton Woods,baseada no padrão dólar e nas instituições econômicasmultilaterais (FMI, Banco Mundial e GATT, atual OMC),propiciou as condições para as reconstruções européia ejaponesa. A gradual emergência de uma economia glo-bal policêntrica, de um lado, e os investimentos no exte-rior das corporações transnacionais, de outro, formaramas bases do atual processo de globalização.

O capítulo apresenta o tripé “riqueza, poder etecnologia” que estrutura o espaço mundial por meio daanálise dos fluxos de mercadorias e dos fluxos de capitaisna economia global. Essa análise desvenda a complexa di-visão internacional do trabalho contemporânea, que semanifesta no espaço mundial sob as formas das especiali-zações produtivas regionais, dos eixos de comércio interna-cional e da distribuição dos pólos das finanças mundiais.

As cidades mundiais figuram como um traço mar-cante da globalização. O estudo da função, localiza-ção e distribuição desses centros financeiros e sedes

dos quartéis-generais das corporações transnacionaisajuda a esclarecer a topologia do espaço mundial.

Capítulo 22

Os Estados Unidose o “Hemisfério Americano”Formação territorial dos Estados Unidos; O caldei-rão dos povos; A dinâmica regional; O Nafta e aAlca.

O Capítulo 22 está consagrado ao estudo dos Esta-dos Unidos e das suas esferas de influência econômicamais imediatas.

A seção inicial tem por finalidade investigar a dinâ-mica expansionista do século XIX, amparada na DoutrinaMonroe e no Destino Manifesto, e o contraste entre asformações socioespaciais do Norte e do Sul. O ponto dechegada é a Guerra Civil e a integração econômica e polí-tica do território sob o comando da burguesia nortista.

Esse ponto de chegada, porém, funciona comoponto de partida da análise da formação nacional. Asondas de imigração européia, os fluxos contemporâ-neos de imigrantes latino-americanos e asiáticos e adifícil trajetória de incorporação dos negros na socie-dade são abordados pelo prisma da noção de melting-pot, o “cadinho” de povos, e dos conceitos de inte-gração/segregação.

Os fluxos migratórios contemporâneos, em parti-cular a imigração de mexicanos, evidenciam a importân-cia da discussão do conceito de fronteira, nas suas di-mensões política e cultural. O tema da incorporação dosnegros na sociedade norte-americana, por sua vez, ofe-rece a oportunidade para a discussão dos processos gê-meos de segregação social e espacial, e da configuraçãode guetos étnicos e sociais urbanos.

A seção destinada à abordagem da dinâmica regio-nal segue a trajetória de concentração e desconcentraçãoindustrial nos Estados Unidos. A formação e o apogeudo Manufacturing Belt, seguido no pós-guerra peladesconcentração de investimentos industriais para o Sule o Oeste, revelam o impacto das mudanças tecnológicase das políticas públicas no espaço nacional. Nesta seção,o conceito de meio tecnocientífico desdobra-se na análi-se dos pólos de alta tecnologia e dos pólos das altas fi-nanças, situados em lugares diferentes do território.

A seção final aborda a criação do Nafta e o projetoda Alca. Essas iniciativas, que só podem ser entendidasna moldura da globalização, evidenciam a configuraçãode uma esfera de influência regional da maior potênciaeconômica do mundo. No caso do Nafta, o conjunto daAmérica do Norte solda-se economicamente aos Esta-dos Unidos. O projeto da Alca, por sua vez, tem o po-tencial de conectar em profundidade a América do Sulaos Estados Unidos.

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Guerra Fria experimentou notável reconstrução econômicae redefiniu seu lugar na divisão internacional do trabalho.O novo lugar ocupado pelo país foi determinado, durantedécadas, pela parceria estratégica e pelo intercâmbio eco-nômico com os Estados Unidos.

A emergência dos Novos Países Industrializados (NPIs,ou “Tigres Asiáticos”) refletiu as mudanças profundas nadivisão internacional do trabalho provocadas pela revolu-ção tecnocientífica e informacional. O Japão redefiniu maisuma vez seu lugar na economia global, tornando-se impor-tante fonte de investimentos no exterior. Os NPIs iniciaramsua trajetória de crescimento com base nos investimentosjaponeses e no mercado consumidor norte-americano. Decerto modo, a nova grande região industrial surgiu comoextensão dos pólos da microeletrônica e da informática ja-poneses e norte-americanos.

A emergência econômica da China assinala umaetapa posterior nesse processo e deflagra novosrearranjos na divisão internacional do trabalho. A segun-da seção do capítulo está consagrada ao estudo da emer-gência da China e da reconfiguração da Bacia do Pacífi-co que está em curso.

Ao longo do capítulo, a perspectiva central daabordagem é fornecida pela escala geográfica do mun-do. Mas, isso não implica o abandono das escalas nacio-nal, regional e local. No caso do Japão, discute-se a for-mação da megalópole de Tokaido e o fenômeno maisrecente de descentralização industrial, que gera pólosindustriais no interior do arquipélago e financia parcial-mente a industrialização dos NPIs. No caso da China,propõe-se uma análise das desigualdades socioeconô-micas regionais, que são aprofundadas pela aberturaeconômica do país.

• O enfoque interdisciplinarA economia-mundo e a rede de cidades

No passado, quando o comércio internacional co-meçou a interligar espaços distantes, desenhando a mol-dura da economia-mundo, algumas cidades desempe-nharam funções similares às das atuais cidades mundiais.

Gênova, no mar Tirreno, e Veneza, no mar Adriático,foram as pioneiras do movimento de expansão comercialda Europa nos séculos XIV e XV. Dois séculos mais tarde,Amsterdã, na Holanda, tornou-se a mais importante “ci-dade mundial”, funcionando como vértice do comércioholandês no Oriente e no Ocidente. A Companhia dasÍndias Orientais estabeleceu a hegemonia holandesa so-bre as rotas do Oceano Índico, agindo nos mercados asiá-ticos a partir de sua base um Batávia (atual Jacarta), naIndonésia. A menos poderosa Companhia das Índias Oci-dentais chegou a controlar o comércio açucareiro doCaribe e, por algum tempo, as áreas de plantations nor-destinas da América Portuguesa.

Capítulo 23

União Européia e CEIA integração européia; Núcleo e periferias daUnião Européia; A Rússia e a CEI.

O capítulo prossegue na investigação sobre a etapaatual do processo de constituição de uma economiamundial, marcada pelas tendências aparentemente con-traditórias de globalização e regionalização.

Criando vastos “mercados interiores” e reforçandoo poder econômico das grandes corporações que atuamno mercado global, os blocos econômicos supranacionaisfuncionam como pilares da globalização. O processo deregionalização se manifesta contemporaneamente de di-versas formas. Na Europa, ele resulta de uma longa his-tória de aproximações e acordos diplomáticos, cujas ori-gens remontam ao período da Guerra Fria.

Atualmente, a União Européia vive um novo ciclode alargamento, que empurra os limites do blocosupranacional até as fronteiras da Comunidade de Esta-dos Independentes (CEI). As dimensões política, econô-mica e estratégica desse processo são objetos de discus-são neste capítulo, que aborda também as negociaçõesem torno do Tratado Constitucional, do qual emerge afigura do “cidadão europeu”.

A expansão mais recente da União Européia eviden-ciou a divisão geopolítica da Europa no pós-Guerra Fria.A Rússia e seu chamado “exterior próximo” – isto é: aCEI – configuram um bloco geopolítico e conferem novosignificado à expressão Europa Oriental.

O capítulo retoma e rediscute os conceitos de Esta-do, território, bloco supranacional, fronteira política efronteira estratégica. Além disso, proporciona a oportu-nidade para o exame das desigualdades socioeconômicasno interior do bloco europeu e das políticas públicas vol-tadas para a coesão estrutural desse bloco.

Capítulo 24

A Bacia do PacíficoO Japão e os “Tigres Asiáticos”; A China, nova po-tência mundial?

O capítulo aborda a Bacia do Pacífico, um bloco ra-dicalmente distinto do Nafta e da União Européia pornão estar definido em tratados comerciais, econômicosou políticos. A Bacia do Pacífico, entretanto, pode serinterpretada a partir do conceito de bloco econômico emvirtude do processo de integração comandado pelos flu-xos intra-regionais de investimentos, que geram inter-câmbios regionais cada vez mais significativos.

O ponto de partida é a análise da evolução geopolíticado Japão, desde a Restauração Meiji, e da sua reorganiza-ção no pós-guerra, definida, em larga medida, pela ocupa-ção norte-americana. O Japão empresarial-burocrático da

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Um trabalho conjunto com o professor de Históriapode estabelecer algumas semelhanças e diferenças entre:

❚ as “cidades-Estado” do passado e as cidadesmundiais do presente;

❚ as companhias de comércio holandesas e as atu-ais corporações transnacionais.

• Biblioteca do professorA configuração de uma macrorregião integrada por

investimentos industriais e fluxos de comércio na Baciado Pacífico foi um dos fenômenos marcantes das últimasdécadas. A configuração do espaço mundial alterou-seem profundidade e as repercussões do crescimento eco-nômico da China e dos NPIs (os “Tigres Asiáticos”) con-tinuam a se fazer sentir, modificando globalmente as di-reções dos investimentos financeiros e dos intercâmbiosde bens e serviços.

Nos NPIs e em vastas áreas da China litorânea, aonda de modernização varreu antigas paisagens de socie-dades agrícolas, gerando novas paisagens urbanas e in-dustriais. O texto seguinte, de Jean-Raphael Chaponnière,analisa esse processo. As tendências apontadas continu-am a se desenvolver, confirmando a análise do autor.

O vírus industrial no Extremo Oriente

“Desde a metade da época de 1950, o crescimentoeconômico tornou-se contagioso na Ásia. A reconstru-ção do Japão foi seguida pela arrancada da Coréia doSul, de Taiwan, de Hong Kong e de Cingapura já nadécada de 1960 e, vinte anos mais tarde, pela emer-gência da Indonésia, da Malásia, da Tailândia e daChina e, enfim, depois da desagregação do bloco so-viético, pela do Vietnã. Um após o outro, esses paísesadotaram estratégias de industrialização combinandoa promoção das exportações de manufaturados e –com exceção de Hong Kong e Cingapura – uma prote-ção seletiva dos seus mercados [...].

Tal dinamismo causa espanto. O Banco Mundial evo-ca os ‘milagres asiáticos’ e a mídia descreve os ‘no-vos tigres’, diferentes dos ‘pequenos dragões’ (isto é,Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura). Con-tudo, tais qualificativos não dão conta da diversidadede países que, excetuando a localização geográfica,não têm muito em comum.

A distância econômica entre a Alemanha e a Grécia,na Europa, é pouca coisa comparada ao fosso quesepara Taiwan, com renda per capita vizinha à da Es-panha, da Indonésia, com renda per capita próxima àdo Egito. Cingapura é uma cidade-Estado povoadapor cerca de 3 milhões de habitantes; a Indonésia,um arquipélago de quase 200 milhões de habitantes,e um quinto da humanidade é chinesa. Enquanto a

Coréia do Sul e Taiwan se caracterizam pela homoge-neidade étnica, a Malásia acolheu imigrantes india-nos e chineses no século XIX. As diferenças culturaissão consideráveis: a esfera de povoamento chinêsestá longe do mundo muçulmano da Malásia e dasociedade budista tailandesa [...].

Correndo o risco da simplificação, podem-se distin-guir os Novos Países Industrializados, ou NPIs (Coréiado Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura), que com-partilham o fundo cultural chinês, da segunda ondacomposta pela China e os países da Ásia de Sudeste(Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã).

Mesmo desprovidos de recursos naturais, os NPIs zar-param na frente. As análises elaboradas por ArnoldToynbee para compreender a história das civilizaçõesencontram uma aplicação imprevista nesses paísesonde o desenvolvimento consistiu em ultrapassar de-safios: o do Japão – antiga metrópole colonial – e daconcorrência próxima do comunismo, para a Coréiado Sul, Taiwan e Hong Kong, e aquele do entornomalaio, para o enclave chinês de Cingapura.

Postos avançados da Guerra Fria, a Coréia do Sul eTaiwan se beneficiaram de uma ajuda internacional im-portante nos anos 1950 [...]. A diminuição da ajuda osestimulou a adotar uma estratégia de promoção dasexportações. Lançados no movimento iniciado pelo Ja-pão, esses países exportaram sucessivamente camisas,tecidos, televisores, em seguida peças eletrônicas e au-tomóveis [...]. Entre 1987 e 1995, com o auxílio da de-mocratização e das lutas sociais, os salários aumenta-ram mais de 10% ao ano e o diferencial com os níveisde vida europeus diminuiu. Essas altas ampliaram oconsumo local, mas pesam sobre os custos de produ-ção [...]. Para superar essa restrição, os industriais in-vestiram pesadamente na China e no resto da Ásia.

Foi através da valorização dos seus recursos naturaisabundantes (estanho, petróleo, gás natural, planta-ções de borracha e produção de óleo de palmeira)que os países do Sudeste asiático se desenvolveramapós as independências. A indústria de bens de con-sumo não-duráveis, controlada por empresários deorigem étnica chinesa, era pouco exportadora. A par-tir de 1980, a queda dos preços das matérias-primasno mercado internacional convenceu os Estados aconferirem prioridade às exportações; na mesma épo-ca, a China engajava-se nas reformas de moderniza-ção para construir o ‘socialismo de mercado’. Taismudanças coincidiram com o início das relocalizaçõesjaponesas [...], coreanas e taiwanesas. O Sudeste asi-ático e a China se tornaram plataformas de exporta-ção de produtos industriais. O petróleo e o gás repre-sentaram o essencial das exportações da Indonésiaem 1980, mas menos de 40% em 1994. Desde 1992, aChina exporta mais que a Coréia do Sul [...].

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O movimento de integração que acompanha a emer-gência da Ásia testemunha um fenômeno de regiona-lização. Nem o fax, nem as teleconferências permiti-ram eliminar as restrições da geografia, e a maiorparte dos países realizam o essencial das suas trocascom os seus vizinhos: a França com a Alemanha, osEstados Unidos com o Canadá. Esse não era o casoda Ásia. Embora baste uma jornada de navio para irda península coreana ao litoral chinês ou para atra-vessar o estreito de Taiwan, nem a Coréia do Sul,nem Taiwan realizavam comércio com a China.

Tudo mudou depois de 1989. Em 1995, a China foi oterceiro parceiro comercial da Coréia do Sul, e Taiwanrealiza 10% das suas trocas com o continente chinês.A isso, deve-se acrescentar os fluxos ligados àsrelocalizações da Ásia oriental na direção da Ásia desudeste.”

CHAPONNIÈRE, Jean-Raphael. L’émergence des économiesasiatiques: une croissance contagieuse. In: L’État

du Monde 1996. Paris: La Découverte, 1995. p. 132-135.Traduzido pelos autores.

• Indicações de leituraBEAUD, Michel. História do capitalismo. São Pau-

lo: Brasiliense, 1987.

BENKO, Georges. Economia, espaço e globaliza-ção. São Paulo: Hucitec, 1996.

MAGNOLI, Demétrio. Globalização: Estado nacio-nal e espaço mundial. São Paulo: Moderna,2004.

——. União Européia: história e geopolítica. SãoPaulo: Moderna, 2004.

—— e ARAUJO, Regina. O projeto da Alca: He-misfério Americano e Mercosul na ótica do Bra-sil. São Paulo: Moderna, 2003.

ROCHEFORT, Michel. Rede e sistemas. São Pau-lo: Hucitec, 1998.

SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial.São Paulo: Studio Nobel, 1998.

WALLERSTEIN, Immanuel. O capitalismo históri-co. São Paulo: Brasiliense, 1985.

UNIDADE 7

A fronteira Norte-SulO par conceitual desenvolvimento/subdesenvolvi-

mento consolidou-se durante o processo de descoloniza-ção do pós-guerra. Sua expressão geopolítica foi a noçãode Terceiro Mundo, propagada a partir da Conferência de

Bandung, de 1955. A escola de geógrafos franceses da“Geografia Ativa” abordou o subdesenvolvimento em di-versos estudos, que conduziram a listagens de caracterís-ticas dos “países subdesenvolvidos”. Aquelas característi-cas esvaziaram-se de significado nas últimas décadas, emvirtude da difusão da indústria por diversos países subde-senvolvidos e da aceleração da urbanização na AméricaLatina, Ásia oriental e, em grau menor, também na Ásiameridional e na África Subsaariana.

Há sentido utilizar o par conceitual desenvolvimen-to/subdesenvolvimento na “era da globalização”? Essaindagação continua submetida a interessantes debates epolêmicas apaixonadas. A obra que apresentamos utilizaesse par conceitual, redefinindo-o de acordo com suges-tões de diferentes autores.

O espaço mundial estruturado pelo tripé “riqueza,poder e tecnologia” e organizado em “uma rede hierár-quica e assimetricamente interdependente” está atraves-sado por uma fronteira socioeconômica de fundo. Essafronteira que separa o “Norte” do “Sul” define-se pelocontrole sobre os grandes estoques de capital e pelo con-trole das tecnologias da revolução tecnocientífica einformacional. Yves Lacoste sugere que a fronteira socio-econômica também expressa as desigualdades no ritmodo processo de transição demográfica.

“Norte” e “Sul” representam, na escala mundial,conjuntos de países que desempenham funções de centroe periferia na economia global. Mas “Norte” e “Sul” ex-pressam, em outras escalas, o contraste entre regiões elugares inscritos nos circuitos da globalização, de um lado,e regiões e lugares excluídos desses circuitos, de outro.

• Conteúdo programático

Capítulo 25

Periferias da globalizaçãoAs fronteiras da produtividade; As fronteiras da po-breza; Ásia meridional; África Subsaariana.

A problemática do desenvolvimento e do subdesen-volvimento constitui o eixo central do capítulo. A abor-dagem proposta elabora o conceito de produtividadeeconômica e, com base nele, discute o processo de trans-ferências setoriais da força de trabalho associadas à evo-lução tecnológica. A finalidade é desvendar os significa-dos históricos e geográficos das transferências de forçade trabalho do setor agrícola para os setores econômicosurbanos e relacionar essas transferências ao conceito dedesenvolvimento.

Mas o conceito de desenvolvimento experimentou,ele próprio, um desenvolvimento. Atualmente, esse con-ceito deve ser referenciado na revolução tecnocientífica ena configuração do meio tecnocientífico-informacional. O

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desenvolvimento significa, cada vez mais, controle sobre astecnologias de ponta, o que representa aumento da produ-tividade geral da economia e, o que é de importância sin-gular na Geografia, aumento da “produtividade espacial”.

O mapa dos investimentos em Pesquisa & Desen-volvimento que conclui a primeira seção do capítulo ofe-rece a oportunidade de apreensão de uma dimensãofundamental do espaço mundial contemporâneo. Ele re-vela os contornos do “Norte” e do “Sul” e, também,permite apreciar aspectos importantes das desigualda-des entre os países do “Sul”.

As seções seguintes do capítulo estão destinadas àanálise da difusão da pobreza no espaço mundial. O Índi-ce de Desenvolvimento Humano (IDH) é certamente omais completo indicador das condições de vida das popu-lações em todo o mundo: daí seu destaque no capítulo.

Se é verdade que a pobreza está presente tambémem países de IDH elevado, como revela o Índice de Po-breza Humana (IPH), é verdade também que ela não sedistribui no mundo de maneira uniforme. O capítulo dis-cute em detalhes a Ásia Meridional e a África Subsaaria-na, que apresentam as maiores concentrações de pobre-za absoluta no mundo.

Na Ásia Meridional, a excessiva pressão demográficasobre os vales férteis e a permanência de uma estruturade produção agrícola baseada no trabalho intensivo figu-ram entre as principais causas da pobreza generalizada.

Em algumas regiões da África Subsaariana, como oSahel, a pobreza é também conseqüência da pressãodemográfica sobre sistemas ecologicamente frágeis.Mas, no conjunto, a miséria africana é principalmenteuma herança do colonialismo. As economias agroexpor-tadoras, implantadas pelos colonizadores, ocupam asmelhores terras e uma parte significativa da força de tra-balho, enquanto as economias de subsistência foram, eainda são, desestruturadas pela penetração desigual dasrelações de produção capitalistas.

As dramáticas crises de fome que abalam o conti-nente e a pandemia de aids são indicadores da difusãoda pobreza absoluta, mas não podem ser explicadas uni-camente sob esse prisma. Elas refletem, em grande me-dida, a falência política dos Estados pós-coloniais.

Capítulo 26

A transição demográficaIndustrialização e demografia; O mito da explosãodemográfica; As migrações internacionais; Dinâmi-ca da população no Brasil; A estrutura etária da po-pulação brasileira.

O capítulo aborda a transição demográfica global eno Brasil. A construção do conceito de transiçãodemográfica fundamenta a crítica das explicações natura-listas do comportamento demográfico da humanidade. Ao

mesmo tempo, revela a teia de relações que conecta ademografia humana à economia, às tecnologias e ao es-paço geográfico.

O ritmo e a intensidade do crescimento demográficodas populações variam no tempo e no espaço. De acordocom as proposições malthusianas, tanto o comportamen-to reprodutivo das sociedades humanas quanto o padrãogeral de mortalidade nelas vigente seriam determinadospor mecanismos naturais de regulação. Nessa perspecti-va, a natureza se encarregaria de “eliminar” o excedentepor meio de epidemias e crises generalizadas de fome queteriam a mesma função reguladora que a dos predadoresentre os animais.

O conceito de transição demográfica proporcionauma narrativa isenta de naturalismo. A transição demo-gráfica se refere à transição entre duas situações padrãode crescimento demográfico. No período pré-transicio-nal, um regime demográfico tradicional se define por al-tas taxas de natalidade e de mortalidade. O período pós-transicional, ou seja, o regime demográfico moderno,define-se por baixas taxas de natalidade e de mortalida-de. A fase aguda de crescimento da população corres-ponde exatamente ao período de transição, no qual ataxa de mortalidade já caiu e a de natalidade permaneceelevada. A Europa, berço da Revolução Industrial, co-nheceu esse período de transição no século XIX. A per-manência de taxas de fecundidade relativamente eleva-das explica o grande aumento do crescimento vegetativoque marcou essa etapa da história do continente, na qualsurgiram as teses malthusianas.

Atualmente, a transição demográfica já se comple-tou tanto na Europa quanto no conjunto dos países de-senvolvidos, caracterizados por um regime demográficomoderno. O caso europeu, no entanto, é ainda bastanteparticular: a manutenção da PEA do continente depen-derá cada vez mais da imigração.

Nos países subdesenvolvidos, a transição se inicioumuito mais tarde, após a Segunda Guerra Mundial, coma redução generalizada das taxas de mortalidade, resul-tante da revolução médico-sanitária. A conseqüência dis-so, ou seja, o incremento demográfico sem precedentesna história humana, alimentou o mito da explosãodemográfica e o surgimento do neomalthusianismo e doecomalthusianismo.

Entretanto, todas as regiões do mundo subdesen-volvido já ingressaram na segunda fase da transiçãodemográfica, ou seja, apresentam tendência de quedadas taxas de mortalidade, ainda que o ritmo do processoseja desigual. A análise dessas desigualdades proporcio-na a apreensão de mais uma dimensão do espaço mun-dial contemporâneo.

Na moldura conceitual anterior, o capítulo abordaa evolução das estruturas etárias e analisa, em particu-lar, o caso da estrutura etária brasileira. Nesta seção,

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evidencia-se a relação entre estrutura de idades e de-mandas sociais, o que coloca em pauta a discussão daspolíticas públicas de educação, saúde e previdência.

Capítulo 27

Urbanização e meio ambienteO processo de urbanização; Metrópoles e megaló-poles; O fenômeno das megacidades; O meio am-biente urbano.

O processo acelerado de urbanização da populaçãomundial, o espaço das grandes aglomerações urbanas esuas dinâmicas ambientais constituem os eixos temáticosdeste capítulo. A Revolução Industrial pode ser vistacomo o marco inicial desse processo, já que com elaemergiu a divisão social do trabalho que caracteriza associedades modernas.

No conjunto dos países desenvolvidos, a segundametade do século XIX correspondeu a um período degrande urbanização. De um lado, a introdução de no-vas tecnologias no campo gerou intensa migração emdireção às cidades, alimentando o mercado de traba-lho industrial em expansão. De outro, os grandes cen-tros urbanos e mesmo os núcleos modestos se trans-formaram em metrópoles, imensas superfíc iesurbano-industriais que nasceram em função da ten-dência à concentração geográfica da produção, típicado capitalismo industrial. Mais tarde, seria a vez dasmegalópoles, grandes regiões urbanizadas polarizadaspor duas ou mais metrópoles.

Nos países desenvolvidos, a urbanização pratica-mente já se completou e a população da maioria dasmetrópoles parou de crescer ou cresce muito lentamen-te. Mas, no conjunto dos países subdesenvolvidos, o pro-cesso de urbanização deslanchou após a Segunda Guer-ra Mundial, sob o efeito da modernização econômica edo êxodo rural provocado pela dissolução da economiarural auto-suficiente.

As diferenças no processo de urbanização dos paí-ses desenvolvidos e dos subdesenvolvidos devem serabordadas sob o ponto de vista estrutural, isto é, quali-tativo. No caso dos países subdesenvolvidos – mesmonaqueles que conheceram significativa industrialização –a oferta de empregos no setor secundário é relativamen-te escassa. O resultado é a expansão do pequeno co-mércio, dos serviços de baixa qualificação e das mais va-riadas formas de exclusão social.

Além disso, na Europa pré-industrial, já havia umadensa rede de cidades antes da arrancada da urbaniza-ção: a metropolização apenas tornou mais complexauma hierarquia urbana preexistente. Em muitos paísessubdesenvolvidos, ao contrário, quase todo o êxodo ru-ral está direcionado para uns poucos centros urbanos,gerando o fenômeno conhecido como macrocefalia

urbana. Atualmente, a maior parte das megacidades estálocalizada no mundo subdesenvolvido. Todas elas sofremde grandes problemas de infra-estrutura, principalmenteaqueles relacionados ao saneamento básico e à moradia.Mas é claro que esses problemas são tão mais intensosquanto menor for a capacidade de investimento do po-der público e, portanto, quanto mais pobre for o país noqual ela se situa.

Nas grandes cidades, o predomínio das formas arti-ficiais atesta de maneira inequívoca o recuo do meio na-tural e suas conseqüências, em termos de impactosambientais. Os resíduos lançados nos rios, solos e atmos-fera são os principais responsáveis pelos problemasambientais tipicamente urbanos. No ambiente das gran-des cidades, configura-se um microclima urbano forte-mente alterado e potencialmente danoso para a saúdehumana. A poluição atmosférica deriva da emissão degases e de material particulado, que também produzemos nevoeiros constantes e contribuem para a ocorrênciade chuvas ácidas. O uso intensivo de combustíveis fós-seis e a densidade das construções produzem o fenôme-no conhecido como ilha de calor, perceptível principal-mente nas áreas centrais. Por meio do metabolismourbano, a energia e a matéria consumidas e processadaspelas cidades geram quantidades colossais de resíduossólidos e líquidos.

• O enfoque interdisciplinarSubnutrição, desnutrição e fome

A incidência da fome é um dos indicadores maiscontundentes da pobreza e das precárias condições devida das populações. Uma pesquisa interdisciplinar en-volvendo o professor de Biologia pode revelar outras di-mensões desse problema.

Os alunos poderão investigar, por exemplo, quais sãoos patamares diários mínimos de ingestão de calorias, re-comendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS),e em que eles se baseiam. Além disso, poderão buscarinformações acerca do significado clínico da subnutrição eda desnutrição, e sobre seus efeitos no organismo.

• Biblioteca do professorO geógrafo Yves Lacoste participou – ao lado de

Pierre George, Raymond Guglielmo e Bernard Kayser –da obra coletiva A Geografia Ativa que, na década de1960, anunciou um movimento de renovação crítica dopensamento geográfico. Na época, ele formulou, sob aperspectiva da Geografia, os conceitos de subdesenvol-vimento e Terceiro Mundo.

Os dois conceitos acompanharam toda sua reflexãoposterior. A industrialização parcial e desigual dos países

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subdesenvolvidos obrigou-o a rever as idéias originais,adaptando-as às transformações do espaço mundial.Depois, enfrentando os críticos que se voltavam contra anoção de uma bipartição do mundo em países desenvol-vidos e subdesenvolvidos, Lacoste mais uma vez defen-deu a validade do par conceitual.

O texto a seguir, extraído da obra na qual contestaos críticos, reflete sobre as relações entre subdesenvolvi-mento, crescimento demográfico e fome.

A explosão demográfica contradiz a teseda fome planetária

“[…] É incontestável que a fome, no sentido exatodo termo, afeta periodicamente uma parte da po-pulação de Estados como a Etiópia, o Sudão, os dazona do Sahel, Moçambique e, sem dúvida, tam-bém o Haiti e Bangladesh, que no total formam […]menos de 10% da população do Terceiro Mundo —e isso já é inadmissível, pois hoje essas tragédiaspodem ser evitadas sem que seja necessário espe-rar o estabelecimento de uma ‘nova ordem econô-mica’ no planeta.

Entretanto, não só é falso mas também […] extre-mamente perigoso proclamar que a fome devastahoje a totalidade do Terceiro Mundo. Na realidade,sabemos que os países da África, Ásia e AméricaLatina se caracterizam há vários decênios por umgrande crescimento demográfico, que resulta damanutenção de altos índices de natalidade e, so-bretudo, de uma considerável redução dos índicesde mortalidade.

[…] A redução da mortalidade que se manifestou nes-ses últimos decênios […] resulta principalmente doemprego de técnicas sanitárias eficazes (um dos efei-tos positivos da revolução científica e técnica). Masesta redução da mortalidade também é conseqüên-cia do fato de que, nos últimos trinta anos, as terrí-veis fomes de outrora puderam ser vencidas na maio-ria dos países.

[…] É importante frisar que os gravíssimos períodosde fome que se manifestavam periodicamente duran-te todo o século XIX e nas primeiras décadas do sécu-lo XX, na maioria dos países do Terceiro Mundo, ocor-reram quando a densidade de povoamento era duasou três vezes menor que hoje, e o crescimentodemográfico era ainda muito reduzido. Não há corre-lação entre a fase de multiplicação dos períodos defome e a do grande crescimento demográfico. Ao con-trário, apesar do que se poderia acreditar, a correla-ção é inversa: foi depois do grande aumento da po-pulação no conjunto dos países do Terceiro Mundoque a fome se tornou muito menos freqüente que an-tes. E este fato explica aquele.

[…] As populações não confundem, de modo algum,a subalimentação ou a má nutrição de que sofrempermanentemente, ou durante longos períodos, coma fome, que elas temem como uma catástrofe e que,muitas vezes, provoca movimentos de êxodo ou depânico. Fome é gente morrendo em grande númeroao longo das estradas, e os que ainda não morre-ram sem forças sequer para enterrá-los.

[…] Durante os últimos decênios, o desenvolvimentodas contradições econômicas, sociais, políticas e cul-turais que caracterizam os países do Terceiro Mun-do, e o fato de que, por diversas razões, as popula-ções tomam cada vez mais consciência da sua misé-ria — tudo isso conduziu os governos a temer odesencadeamento da fome. Esta pode provocar tu-multos, rebeliões difíceis de dominar. Os progressosda climatologia permitem agora prever com antece-dência os efeitos de certas irregularidades climáti-cas. A ampliação da rede rodoviária, a multiplicaçãodo número de caminhões e a ajuda internacional per-mitem agora encaminhar os socorros mais ou menosa tempo de evitar que a verdadeira fome se manifes-te. Hoje a fome é muito perigosa politicamente.

Ora, é importante constatar que os períodos atuaisde fome e os que ocorreram nos últimos quinze anosse localizam nos países do Terceiro Mundo onde aextensão das atividades resultantes do sistema capi-talista é ainda particularmente reduzida. É o caso dospaíses do Sahel: as terras permaneceram basicamen-te coletivas, as culturas de exportação quase não sedesenvolveram e vastas regiões estão ainda nas mãosde pastores. Na Etiópia, não são as regiões cafeeirasque são atingidas pela fome, mas as regiões semi-áridas de agricultura tradicional.

Em contrapartida, consegue-se conter a fome há vá-rias décadas — apesar de um grande crescimentodemográfico — nos Estados mais modernizados pelocrescimento das atividades ligadas ao setor capitalis-ta, e ela teve de ser vencida em razão das contradi-ções sociais e políticas que este crescimento produz.No entanto, o fato é que, em todos os países do Ter-ceiro Mundo, a subalimentação, a má nutrição e asituação sanitária são muito graves para a grandemaioria da população.”

LACOSTE, Yves. Contra os antiterceiro-mundistas e contracertos terceiro-mundistas. São Paulo: Ática, 1991. p. 41-46.

• Indicações de leituraDOWBOR, Ladislau. A formação do Terceiro

Mundo. São Paulo: Brasiliense, 1985.

FERRO, Marc. História das colonizações. São Pau-lo: Companhia das Letras, 1996.

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LACOSTE, Yves. Contra os antiterceiro-mundistase contra certos terceiro-mundistas. São Paulo:Ática, 1991.

MARTINE, George (Org.). População, meio am-biente e desenvolvimento. Campinas:Unicamp, 1996.

ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo:Brasiliense, 1995.

VERRIERRE, Jacques. As políticas de população.São Paulo: Difel, 1980.

UNIDADE 8

Geopolíticasda globalização

O que é a fronteira? Na natureza, fronteiras são fai-xas, às vezes bastante largas, que assinalam a transiçãoentre domínios. Na política, são estruturas lineares quedelimitam territórios. O geógrafo Michel Foucher evi-denciou os três registros da fronteira política:

“As fronteiras são estruturas espaciais elementares,de forma linear, que exercem funções de descontinui-dade geopolítica, de delimitação e demarcação, nostrês registros do real, do simbólico e do imaginário. Adescontinuidade interpõe-se entre as soberanias, ashistórias, as sociedades, as economias, os Estados,freqüentemente – mas não sempre – também entre aslínguas e as nações.

No registro real, é o limite espacial de exercício deuma soberania [...]. O simbólico remete à participa-ção em uma comunidade política inscrita num terri-tório que lhe pertence: é um sinal identitário. O ima-ginário conota as relações com o Outro, vizinho,amigo ou inimigo, e portanto as relações da comu-nidade política com a sua própria história e seusmitos fundadores [...]. A fronteira não é, então, umlimite funcional banal, com simples funções jurídi-cas ou fiscais.”

FOUCHER, Michel. Fronts et frontières: um tour du mondegéopolitique. Paris: Fayard, 1991. p. 38.

No registro do real, a fronteira delimita soberaniaspolíticas e, portanto, territórios definidos por sistemas deleis. Mas a fronteira não desempenha apenas funçõesjurídicas ou fiscais.

No registro do simbólico, a fronteira delimita o ter-ritório de uma comunidade política que se define por si-nais de identidade: o hino, a bandeira, o mapa.

No registro do imaginário, a fronteira distingueuma comunidade do Outro, isto é, do estrangeiro. Essadistinção realiza-se por meio de uma narrativa sobre asingularidade da comunidade política: a língua e a cul-tura compartilhadas, um passado comum, a crença numfuturo de unidade.

A Unidade 8 dirige as atenções para a construçãodos conceitos de Estado, nação, território e fronteira. Otemário abrange temas fundamentais da geografia polí-tica contemporânea, mas sua finalidade não é, primaria-mente, oferecer informações ou explicações para o sis-tema internacional pós-Guerra Fria, os conflitos noOriente Médio ou os dilemas políticos africanos. É de-senvolver o quadro de conceitos que proporciona a lei-tura competente do noticiário político e, portanto, o ple-no exercício da cidadania.

• Conteúdo programático

Capítulo 28

Da Guerra Fria à “novaordem mundial”O equilíbrio bipolar da Guerra Fria; A “nova or-dem mundial”.

O capítulo aborda a ordem internacional bipolar daGuerra Fria, sua dissolução e as características da ordeminternacional atual.

A seção inicial, dedicada à ordem da Guerra Fria,discute os conceitos de sistema internacional de Esta-dos, blocos geopolíticos e fronteira estratégica. O cará-ter bipolar e universal do sistema da Guerra Fria estru-tura-se sobre a dupla hegemonia das superpotênciasnucleares.

A Europa é o palco principal de confrontação dassuperpotências nucleares. A divisão da Europa em blo-cos geopolíticos estabeleceu os conceitos antagônicosde Europa Ocidental e Europa Oriental. A Cortina deFerro funcionou como fronteira estratégica entre osblocos europeus.

A dissolução da Guerra Fria, cujos marcos são aqueda do Muro de Berlim (1989) e a implosão da UniãoSoviética, originou uma ordem internacional instável ecomplexa. “Nova ordem mundial” não é uma descri-ção adequada da ordem pós-Guerra Fria, mas umabandeira dos Estados Unidos triunfantes do início da dé-cada de 1990.

A segunda seção está consagrada ao sistema in-ternacional atual. A ordem pós-Guerra Fria não confi-gura um sistema de polaridades claramente definidas.No plano estratégico, os Estados Unidos funcionamcomo hiperpotência global. No plano econômico, aépoca da globalização apresenta-se sob configuração

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multipolar. A complexidade do sistema manifesta-setambém nas transformações do espaço europeu, apóso fim do bloco soviético e a expansão da OTAN e daUnião Européia em direção ao leste. A fronteira estra-tégica européia não desaparece, mas muda de natu-reza e de lugar, passando a separar a Rússia e a CEI dorestante do continente.

Na ordem pós-Guerra Fria, as instituições inter-nacionais sofrem os efeitos da tensão gerada pelahegemonia da hiperpotência. Essa tensão manifesta-se sobretudo na ONU, como atestam os aconteci-mentos ligados à invasão norte-americana do Iraque,em 2003.

O sistema internacional atual está longe da estabi-lidade. Um dos fatores principais de instabilidade sãoos conflitos nacionais, que voltaram a abalar a Europae, particularmente, os Bálcãs na década de 1990. A aná-lise dos conflitos balcânicos e da questão irlandesa abrecaminho à construção dos conceitos de Estado e nação,que solicitam a elaboração da idéia de fronteira nos re-gistros do simbólico e do imaginário.

Capítulo 29

O mundo muçulmanoe o Oriente MédioMundo árabe, mundo muçulmano; O nacionalismoárabe e o Estado de Israel; O Islã e o terror global.

A Doutrina Bush alçou o conceito de civilização àcondição de elemento central do programa de políticaexterna da hiperpotência global. Parte significativa e in-fluente da mídia ocidental entregou-se à difusão de es-tereótipos e preconceitos sobre árabes e muçulmanos.O exame dos conceitos de mundo árabe e mundo mu-çulmano, na seção incial do capítulo, destina-se a funda-mentar toda a discussão seguinte, que pretende situar oconflito entre palestinos e Israel e a questão do terrorglobal numa moldura política. Esse procedimento tem afinalidade de mudar o registro estereotipado propostopor essa parte da mídia, que se engajou na sua própria“guerra ao terror”.

A segunda seção aborda o Oriente Médio e, emparticular, o conflito na Palestina. O conceito de fron-teira reaparece sob um novo enfoque. A estratégia éevidenciar o conteúdo nacional do conflito entre Israele os palestinos, e suas releituras culturais e religiosas,que obedecem às necessidades da narrativa dos funda-mentalistas dos dois campos antagônicos. Além disso,procura-se revelar o sentido estratégico das disputasterritoriais na Palestina, inclusive sob o ponto de vistado controle das fontes de água, um recurso natural es-casso na região.

A terceira seção aborda a Doutrina Bush e a ques-tão do terror global. A análise histórica evidencia que a

“jihad” global não é fruto do Islã, mas o resultado dedoutrinas políticas contemporâneas que se consolidaramapós a virtual dissolução do projeto pan-arabista. O ter-ror “islâmico” não é, portanto, o porta-voz de uma reli-gião, uma cultura ou uma civilização.

Capítulo 30

Estado e nação na ÁfricaÁfrica do Norte e África Subsaariana; As fronteirase os Estados; O fracasso do Estado-Nação.

No ensino tradicional de Geografia, a ÁfricaSubsaariana é abordada unicamente sob a perspectivado subdesenvolvimento, da miséria e da “explosãodemográfica”. O ponto de vista metodológico exclui,conscientemente ou não, as sociedades africanas doterreno da política. Tudo se passa como se essas socie-dades estivessem “condenadas” à pobreza e à exclu-são. O capítulo tem a finalidade de situar em outrostermos a discussão sobre a África Subsaariana, eviden-ciando as raízes históricas e as fontes políticas dos seusdilemas socioeconômicos.

A seção inicial caracteriza a África Subsaariana, res-saltando sua extraordinária diversidade. No fundo, oconjunto que hoje se denomina África Subsaariana nãoapresenta unidade interna, pois o tráfico negreiro e,mais tarde, a expansão imperial européia “inventaram”uma África Subsaariana.

Essa “invenção” deixou marcas e cicatrizes profun-das, discutidas na segunda seção. A “caça ao homem”e o empreendimento mercantil internacional do tráficonegreiro afetaram a demografia e a política africanas.Em especial, o tráfico negreiro internalizou-se, funcio-nando como argamassa para a construção de apare-lhos políticos das elites negreiras africanas. Muitas dasatuais identidades étnicas na África Subsaariana foramconstruídas nesse processo, cujas repercussões expli-cam, ao menos em parte, os conflitos atuais entre clãse etnias nas sociedades africanas.

A expansão imperial européia desenhou as fron-teiras políticas africanas. As potências coloniais estabe-leceram territórios que viriam a gerar os atuais Estadosafricanos. A descolonização significou, em diversos ca-sos, a substituição do poder europeu pelo poder de eli-tes étnicas selecionadas pelos colonizadores. Os atuaisEstados africanos não surgiram, de modo geral, comoexpressão de nacionalismos africanos, mas como he-rança do imperialismo europeu.

A terceira seção dedica-se ao exame dos dilemasda miséria e das guerras civis. A moldura política daanálise é o fracasso do Estado-Nação em grande parteda África Subsaariana. Esse fracasso em unificar socie-dades atravessadas por identidades étnicas e clânicas,em erguer instituições nacionais verdadeiramente

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públicas, não reflete um “destino”. É um produto dahistória e, por isso mesmo, pode ser modificado pelaação criadora dos cidadãos.

• O enfoque interdisciplinarA Geografia, a História e o nacionalismo

A Geografia e a História nasceram, como ciênciascontemporâneas, no berço do positivismo. Ensinadas nasescolas fundamentais e médias desde o século XIX, essasdisciplinas tornaram-se instrumentos da difusão de iden-tidades nacionais. Os procedimentos metodológicos dopositivismo moldaram as descrições geográficas e as nar-rativas históricas do nacionalismo.

A História desempenhava a função de inscrevera pátria no tempo, elaborando a narrativa das origens.A Geografia cumpria a função de inscrever a pátriano espaço, fornecendo uma narrativa sobre o territó-rio nacional.

De que modo o positivismo moldou a Geografia ea História, no século XIX? Quais são os procedimentosdas descrições geográficas típicas do nacionalismo? Eas das narrativas históricas nacionalistas? Estas ques-tões, fundamentais para uma compreensão mais pro-funda das ciências, podem ser abordadas em conjuntocom os professores de Filosofia e História.

• Biblioteca do professorO texto seguinte é de autoria da antropóloga Anne-

Marie Thiesse. A autora aborda o tema da fabricaçãocultural das “paisagens nacionais”, que é de especial in-teresse para a Geografia.

Seu texto revela o papel desempenhado pelopaisagismo na construção política das identidades nacio-nais. Por meio dele, é possível perceber que a nação éum produto da história e da cultura, bem como da geo-grafia. A construção de “paisagens nacionais” típicas foium empreendimento diversificado, do qual participaramgeógrafos, escritores, pintores, viajantes. Os resultadosforneceram imagens e símbolos poderosos para a con-solidação dos Estados nacionais.

Paisagens nacionais

“A pintura da paisagem se renova no final do séculoXVIII, propondo a contemplação de uma natureza naqual não mais aparecem os homens e seu trabalho.Natureza virgem, animada pela sua própria vida, naqual os traços da atividade humana, quando apare-cem, só o fazem sob a forma de ruínas. Os picos alpi-nos, as margens acidentadas do Reno participam des-sa estética na qual a contemplação do grandioso ofe-

rece ao espectador o sentimento do sublime. E aindaé uma natureza supostamente virgem que os primei-ros pintores franceses da paisagem vão procurar em1830 na floresta de Fontainebleau, a ‘selva’ mais pró-xima da capital. Isso, por outro lado, conduz rapida-mente a transformar as paisagens pintadas em luga-res ‘a serem vistos’. Logo, os guias de viagem pas-sam a indicá-los e Napoleão III institui as ‘zonas artís-ticas protegidas’.

[…] Colina arenosa, rochas, solidão: essa paisagemde Fontainebleau é […] um dos grandes modelos deconstrução das paisagens do século XIX. Não há nadade espantoso nisso, se sabemos que a formação dospintores não passa mais pela viagem à Itália, maspor temporadas na França e na Alemanha. Outrosgrandes modelos de base: a paisagem alpina, desco-berta inicialmente na Suíça pelos ingleses e, mais tar-diamente, a costa da Bretanha, na condição de con-servatório do litoral selvagem.

As paisagens nacionais derivam, geralmente, de umou de outro desses modelos, por adaptação e adiçãode elementos significativos. O trabalho de elaboraçãoda paisagem nacional é, de fato, uma obra coletiva,realizada tanto por poetas e escritores quanto por pin-tores: a descrição paisagística ocupa um lugar desta-cado na literatura do século XIX. Todas selecionadasno reservatório da natureza e, segundo uma estéticacoerente, os cenários são carregados de sentido eportadores de sentimentos.

Mas como determinar precisamente as paisagens quesintetizam a nação, funcionando como seus emble-mas? Como escolher entre montanha e planície, mar,lago ou rio, floresta ou landes, sabendo que váriospaíses possuem a gama completa ou parte dela? É,em geral, um princípio de diferenciação que é postoem prática. A paisagem nacional norueguesa, assim,não é vale nem floresta, mas toma a forma do fiordeimaculado de neve, cuja cor e verticalidade contras-tam fortemente com as verdes pradarias do antigodominador dinamarquês e das não menos verdes flo-restas do novo dominador sueco.

A Hungria tem montanhas, nos Cárpatos, e colinas.Mas, por uma distinção radical em relação à Áustria eseus Alpes grandiosos, os poetas e pintores húnga-ros retiveram como paisagem típica da Hungria aPuszta (Grande Planície). Um poema de Petofi, em1844, exalta essa paisagem, em princípio ingrata, pro-clama que a Puszta é bela e que os húngaros devemamá-la. Essa imensidão descrita como infinita e bati-da pelas tempestades, sob um céu carregado decumulus, aparece como um tipo de mar continental,símbolo de liberdade feroz.

[…] A Suíça, apesar da ampliação de seu território noinício do século XIX, permanece diminuta entre seus

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vastos vizinhos: ela se apresenta alta, muito alta. Opaís dos helvéticos se representa todo em picos pro-digiosos e resplandescentes. A paisagem nacionalfrancesa é mais complexa, pois aparece essencial-mente sob a forma de uma série de paisagens regio-nais bem identificadas mas bastante diversas. Essaaparente indeterminação da imagem nacional nãose deve apenas à quantidade de pintores, francesese estrangeiros, que se dedicaram na França à repre-sentação paisagística. É que no século XIX se instalauma concepção da especificidade francesa baseadana variedade de recursos naturais do país: a França,pela sua diversidade, pode se orgulhar de ser algocomo uma síntese ideal da Europa, onde se encon-tra junto tudo aquilo que, em outros lugares, só exis-te separadamente.”

THIESSE, Anne-Marie. La création des identités nationales.Paris: Leul, 1999. p. 185-188. Tradução dos autores.

• Indicações de leituraARBEX JR., José. Islã, um enigma de nossa época.

São Paulo: Moderna, 1996.

ARMSTRONG, Karen. O Islã. Rio de Janeiro: Ob-jetiva, 2001.

COSTA, Wanderley Messias da. Geografia políticae geopolítica. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1992.

HOURANI, Albert. Uma história dos povos ára-bes. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

KAPUSCINSKI, Ryszard. Ébano: minha vida naÁfrica. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MAGNOLI, Demétrio. O poder das nações no tem-po da globalização. São Paulo: Unesp, 2005.

——. África do Sul: capitalismo e apartheid. SãoPaulo: Contexto, 1998.

MARTIN, André Roberto. Fronteiras e nações. SãoPaulo: Contexto, 1992.

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder.São Paulo: Ática, 1993.

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RESPOSTAS EXERCÍCIOS PROPOSTOS

PARTE 1A dinâmica da natureza

e as tecnologias

UNIDADE 1

A linguagem da Geografia

■ Capítulo 1A produção do espaço geográfico

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. As paisagens humanas são um produto do trabalhosocial. Elas sedimentam o esforço coletivo e organi-zado de gerações que, por meio das técnicas dispo-níveis, instalam artefatos que servem a finalidadesúteis. A evolução técnica, as novas tecnologias e asmudanças culturais imprimem-se às paisagens sob aforma de artefatos humanos. As paisagens são, porisso, testemunhos da organização social, das técni-cas e das idéias de diferentes tempos históricos.

2. As mudanças no meio natural decorrem de proces-sos físico-químicos e biológicos que se desenrolamna biosfera. Esses processos são ritmados pelo “tem-po da natureza”: o tempo das transformações geo-lógicas, morfológicas e biológicas que modificam aspaisagens naturais. Algumas dessas transformaçõessão cataclísmicas, como por exemplo, as que decor-rem de abalos sísmicos. Mas os processos de fundorealizam-se na escala de tempo dos milhões de anos:a escala do “tempo profundo”, que escapa aos sen-tidos humanos.

3. Meio natural, meio técnico e meio tecnocientífico einformacional não são “coisas” mas conceitos ana-líticos. Os lugares, as regiões, os territórios nacio-nais combinam elementos naturais e artefatos hu-manos que expressam diferentes momentos daevolução tecnológica. Os elementos do meio natu-ral são dominantes na maior parte do espaço ama-zônico, onde as vias líquidas, formadas pela rede hi-drográfica, funcionam como principais suportes paraos fluxos de pessoas e mercadorias. As vias férreasde transporte de minérios ilustram as tecnologias ca-racterísticas do meio técnico. Um elemento recente,as torres de recepção de sinais de telefonia celular,evidenciam a introdução das tecnologias do meiotecnocientífico e informacional nas paisagens.

4. As estações ferroviárias das “ferrovias do café” tor-naram-se núcleos em torno dos quais cresceram

povoados e cidades. A contigüidade à estrada deferro valorizava aquelas localizações, que davamacesso à nova rede de transportes e, portanto, aosmercados consumidores vinculados à economiacafeeira paulista.

5. Assim como a instalação de novas redes de trans-porte, as novas redes de comunicações deflagramprocessos de “valorização espacial”. Os lugares ser-vidos por infra-estruturas de internet em banda lar-ga oferecem acesso privilegiado à rede mundial da“era da informação”, atraindo empresas e negó-cios. Os produtos e serviços comercializados pelasempresas instaladas nesses lugares beneficiam-se demaior visibilidade em todos os mercados influencia-dos pela rede.

6. Na “era da globalização”, os fluxos de mercadorias,capitais e informações têm caráter mundial. Aabrangência e intensidade desses fluxos tendem aromper o antigo isolamento dos lugares e das pe-quenas comunidades. O lugar, no mundo contem-porâneo, mantém profundos intercâmbios materi-ais e culturais com regiões e países distantes.

O capítulo no contexto

7. Os elementos constitutivos das paisagens huma-nas expressam as formas de organização social eeconômica, as técnicas e as visões de mundo daépoca em que foram produzidos. A Avenida Pau-lista, nas primeiras décadas do século XX, ocupadapelas mansões dos “barões do café”, traduzia umadas funções desempenhadas pela cidade de SãoPaulo, de centro polarizador da economia cafeeirae sede da elite social e política daquela economiaagroexportadora. A paisagem atual da AvenidaPaulista, dominada por edifícios de instituições fi-nanceiras e grandes empresas, traduz uma dasprincipais funções desempenhadas pela metrópolena economia nacional, de centro do capital finan-ceiro e de elo entre o mercado brasileiro e a eco-nomia globalizada.

8. a) A figura revela que a população mundial concen-tra-se predominantemente nas cotas altimétricasmais baixas, rarefazendo-se com o aumento daaltitude.

b) O fato de que mais de metade da populaçãomundial concentra-se na cota mais baixa de alti-tude é uma herança da história das implantaçõeshumanas. As implantações humanas situadas nasplanícies costeiras e vales fluviais beneficiaram-sedo acesso às vias naturais de transporte, que sãoos mares e os rios. Elas prosperaram e cresceram,pois estabeleceram conexões com mercados dis-tantes, desenvolvendo intercâmbios materiais.

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9. a) As estações ferroviárias facilitam o acesso dosbens aos mercados consumidores, reduzindo oscustos de transferência. Em torno delas, estabe-lecem-se empresas e estruturas de comercializa-ção, gerando demanda por força de trabalho eserviços. Esse processo estimula a formação decentros urbanos.

b) O meio técnico é formado pelas concentraçõesindustriais, campos agrícolas, cidades e infra-estruturas de circulação estabelecidos ao longoda era industrial. As redes ferroviárias são umelemento característico do meio técnico. As es-tradas de ferro, implantadas na prairie cana-dense nas últimas décadas do século XIX, de-flagraram processos de expansão das culturascomerciais e formação de centros urbanos, in-corporando toda a vasta área aos fluxos daeconomia internacional.

10. Segundo o autor, o lugar opera segundo uma lógi-ca singular, que domina as escalas mundial e naci-onal, diferente da lógica da razão técnica, utilizadapelas grandes empresas e pelos Estados. O lugar,nessa visão, opera segundo lógicas ligadas à socia-bilidade cotidiana, aos relacionamentos interpes-soais diretos, aos códigos e costumes gerados pelaproximidade.

11. a) O autor se refere à nação como uma “comuni-dade imaginária” para enfatizar o caráter culturale ideológico da nação. A comunidade política na-cional é uma construção histórica relativamenterecente, gerada pelo nacionalismo.

b) A nação é, historicamente, um empreendimentodas elites políticas nacionalistas que, a partir dosséculos XVIII e XIX, unificaram povos em torno desistemas de leis, regras econômicas, conjuntosde valores, crenças e símbolos, uma língua oficialetc. Esse empreendimento conferiu uma identi-dade comum a populações que cultivavam dife-rentes tradições, falavam diversos dialetos, parti-cipavam de variados agrupamentos culturais. Onacionalismo borrou a lembrança das tradiçõessingulares e produziu novas memórias.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. a) A rede de hidrovias interiores da Europa de noro-este abrange, essencialmente, as planícies costei-ras dos Países Baixos, da Bélgica, do nordeste daFrança e norte da Alemanha. O limite das mon-tanhas assinala a faixa de fronteira dessa rede detransporte. A construção de eclusas e canais per-mitiu conectar algumas cidades situadas na áreamontanhosa à rede hidroviária das planícies e aosportos do Mar do Norte.

b) Essa rede de hidrovias é um elemento do meiotécnico, pois sua implantação envolveu a cons-trução de canais artificiais, barragens e eclusas.

2. a) Nessa rede, os arcos de transmissão estão repre-sentados pelos eixos e os pontos de acesso, pelascidades.

b) A cidade que ocupa o lugar mais valioso na redeé Detroit, pois funciona como nó de bifurcaçãode um grande número de arcos de transmissão.

c) Sault Ste. Marie Marquette e Petoskey são as ci-dades que ocupam os lugares mais periféricos narede, pois são servidas por apenas um arco detransmissão.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Os objetos naturais “não são obra do homem”; porisso, devem ser investigados sob a escala do “tem-po da natureza”. Os objetos sociais, que são “teste-munhas do trabalho humano”, devem ser investi-gados sob a escala do “tempo da história”.

2. Os elementos constitutivos da paisagem surgiramem tempos diferentes e modificam-se em lapsos detempo diferentes. Assim, a paisagem materializa di-versos momentos da história social e, também, dahistória natural.

3. [Questão de resposta aberta. Sua finalidade é dirigira atenção dos estudantes para as paisagens relacio-nadas à sua própria vivência e estimular a observa-ção e análise dos processos de transformação doespaço urbano. Fenômenos como a verticalizaçãode áreas centrais ou de determinados bairros, asubstituição de usos residenciais por usos comerci-ais, a implantação de shopping centers ou de con-domínios fechados podem, entre outros, aparecernas respostas.]

■ Capítulo 2Interpretando os mapas

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) O modelo cartográfico Ptolomaico sintetizavaos conhecimentos geográficos anteriores àsGrandes Navegações. No seu mapa do mundo,o Oceano Índico era representado como ummar interior, limitado por terras meridionais

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que conectavam o sul da África à extremidadeda Ásia. O mapa, que pretendia mostrar todoo ecúmeno, dividia o mundo em três continen-tes: Europa, Ásia e África.

b) O planisfério de Cantino, de 1502, evidenciouuma revolução no pensamento geográfico pro-vocada pelas Grandes Navegações. Ele foi o pri-meiro documento cartográfico a registrar a exis-tência da América – a “Quarta Parte do Mundo”.As dimensões da Terra e a configuração geral doscontinentes e oceanos tornavam-se, finalmente,conhecidas.

2. Durante a Idade Média, as concepções religiosasfundamentaram grande parte da cartografia produ-zida na Europa cristã. Os planisférios elaboradospelos sábios religiosos funcionavam como represen-tações simbólicas, nas quais se misturavam conheci-mentos geográficos, crenças religiosas e monstrosmíticos. Os mais famosos, conhecidos como cartasT-O, são os que inscrevem o mundo habitado emum círculo, representado por um disco chato e cen-trado em Jerusalém. A divisão entre os três conti-nentes conhecidos era representada por meio decursos d’água, formando o T. O T, além de repre-sentar a cruz e o sacrifício de Cristo, é o símbolo daSantíssima Trindade. O O evoca a harmonia de ummundo fechado.

3. A escala, um dos atributos fundamentais de ummapa, estabelece a correspondência entre as dis-tâncias representadas no mapa e as distâncias re-ais da superfície cartografada. Existem duas ma-neiras de expressar a escala de um mapa. Naescala numérica a correspondência é indicada pormeio de uma fração. Na escala gráfica, essa cor-respondência é diretamente indicada em uma li-nha graduada.

4. a) Quando os relógios marcam 20 horas em Colom-bo, são 12 horas em Brasília.

b) Quando os relógios marcam 20 horas em Brasí-lia, são 4 horas do dia seguinte em Colombo.

5. a) A projeção de Mercator distorce as superfícies dasmassas continentais. Nessa projeção, à medidaque aumenta a distância do Equador (onde estáo foco da projeção), aumentam as superfícies re-lativas. Como conseqüência, os continentes e pa-íses situados nas latitudes maiores são “favoreci-dos”, aparentando uma dimensão relativa maiordo que a real.

b) Na projeção de Peters, as formas são distorcidas,gerando o alongamento dos continentes. Isso ébem perceptível na silhueta da África ou da Amé-rica do Sul.

O capítulo no contexto

6. A cartografia é um instrumento de poder pois ofereceinformações especiais sobre a superfície terrestre e aorganização do espaço geográfico. Os mapas revelamcom exatidão a distribuição espacial dos objetos natu-rais e sociais, funcionando como meios para o controleintelectual e material do espaço e dos territórios.

7. e.

8. a) As escalas utilizadas dependem do atlas consul-tado. Mas, no mesmo atlas, a escala do planisfé-rio político será menor que a do mapa político daEuropa. Isso porque, para representar áreas mai-ores, é necessário usar uma redução tambémmaior, ou seja, uma escala menor.

b) No mapa político da Europa dos atlas escolaresaparecem informações como a localização das ca-pitais e cidades principais, o traçado dos rios maisimportantes e os nomes de diversas ilhas. Devidoà escala utilizada, no planisfério não aparecem ascidades, os rios e a maior parte das ilhas.

9. A convenção da hora do meridiano de Greenwich(GMT) estabelece um padrão horário mundial quefacilita as comunicações e os fluxos internacionaisem geral. As transmissões internacionais de televi-são ao vivo usam essa referência, que serve tam-bém para controle de vôos em rotas internacionais.

10. Todos os planisférios tendem a difundir idéias pre-conceituosas ou preconcebidas pois não é possívelreproduzir com exatidão uma superfície esférica so-bre um plano. Os planisférios decorrem da opçãopor uma projeção cartográfica, que veicula ummodo específico de representar o mundo e implicaa valorização de certas áreas ou características, emdetrimento de outras.

11. A projeção azimutal eqüidistante permite a constru-ção de planisférios centrados em qualquer ponto dasuperfície terrestre, a partir do qual as direções e dis-tâncias são expressas com precisão. Trata-se da pro-jeção mais adequada para a elaboração de mapasgeopolíticos, nos quais geralmente se pretende re-presentar a situação de um Estado específico diantedo seu entorno ou do resto do mundo.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. No mapa, a escolha das cores não obedece à regrada boa leitura, pois a escala cromática não foi utilizadacorretamente. As zonas nas quais a participaçãoda lenha e do carvão vegetal no consumo energéticoé menor deveriam receber as cores mais claras.

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3. Utilizou-se uma projeção semelhante, ou conforme.Nesse tipo de projeção, conserva-se a relação entreas formas da esfera e as do planisfério, mas a rela-ção entre as superfícies é distorcida. Essa distorçãotransparece no mapa, por exemplo, na superfíciemuito exagerada da Antártida.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Ao mencionar o “intervalo medieval”, o autor refe-re-se ao longo período no qual a cartografia subor-dinou-se à hegemonia ideológica da Igreja. Nesseintervalo, os mapas funcionaram em grande medi-da como símbolos religiosos, expressando essenci-almente a idéia de que a Terra é uma obra de Deus.

2. Exemplificando as relações entre a cartografia e opoder político, o autor menciona: o uso de mapasfundiários no Egito antigo pelos coletores de im-postos do faraó; o desenvolvimento cartográficoda época das Grandes Navegações, que servia aosinteresses das potências coloniais; o projeto carto-gráfico da Endeavour, que fornecerá informaçõesestratégicas ao Departamento de Defesa dos Esta-dos Unidos.

3. O mapa da Endeavour contribuirá para estudos so-bre o ambiente global e os ecossistemas, análises deerosão e perda de solos, projetos ligados às teleco-municações, entre outros. Beneficiará agricultores,o setor de turismo, governos, instituições científicase empresas ligadas às tecnologias da informação.

4. Resolução significa, no caso, a distância mínimaentre dois objetos para que eles apareçam sepa-rados na imagem. A restrição à divulgação públi-ca de dados de maior resolução tem motivaçãoestratégica: o Departamento de Defesa dos Esta-dos Unidos pretende manter sigilo sobre informa-ções relativas à localização precisa de instalaçõesde interesse militar.

5. O Departamento de Defesa dos EUA contribui parao financiamento do projeto pois ele oferecerá infor-mações estratégicas que permanecerão sob seu con-trole estrito.

UNIDADE 2

A geografia da natureza

■ Capítulo 3Geomorfologia e recursos minerais

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) A estrutura interna da Terra é composta pelo nú-cleo interno, núcleo externo, manto e crosta.

b) Porque ela é formada por elementos de diferen-tes pesos e densidades. Durante o processo deformação do planeta, os elementos mais pesadose densos migraram para o interior, enquanto osmais leves afloraram à superfície.

2. Os minerais são constituintes naturais da crostaterrestre. Já os minérios são uma classe especial deminerais, dos quais é possível extrair substânciasde interesse econômico. O conceito de minériosdepende, assim, da organização econômica e dastecnologias.

3. Essas cordilheiras montanhosas são denominadasdobramentos modernos, pois configuram estruturasde formação geológica recente. Os dobramentosmodernos formaram-se no período Terciário da EraCenozóica.

4. a) As bacias sedimentares são formadas por diver-sas camadas de materiais sedimentares deposita-dos em diferentes eras e períodos geológicos.

b) Elas podem abrigar combustíveis fósseis, taiscomo o carvão, o petróleo e o gás natural.

c) As bacias podem sofrer soerguimentos tectôni-cos, constituindo baixos planaltos ou platôs.

5. O arquipélago japonês e a Califórnia situam-seem regiões de contato entre placas tectônicas,sujeitas a falhamentos, vulcanismo e grande ativi-dade sísmica.

O capítulo no contexto

6. a) A hipótese atualmente aceita é a de que a crostaé constituída por placas tectônicas separadas queflutuam sobre a astenosfera.

b) Os estudos do assoalho oceânico mostram comoos materiais provenientes do magma incorpo-ram-se à crosta, fornecendo evidências de que asplacas tectônicas estão em movimento.

7. Os trabalhos de erosão e de sedimentação realiza-dos pelos ventos e pela água, assim como o intem-perismo físico e químico, são processos exógenos(ou externos), transformadores do relevo. A atua-ção de cada um desses agentes varia de acordo como clima: nas regiões equatoriais, por exemplo, dota-das de elevada umidade, predomina o intemperis-mo químico, enquanto nos desertos, onde a ampli-tude térmica diária é muito grande, a desintegraçãomecânica das rochas é explicada por meio do in-temperismo físico.

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8. A figura mostra as diferentes idades de forma-ção das ilhas do arquipélago havaiano, que for-mam uma fileira desde a mais antiga (Kauaí) atéa mais recente (Havaí). Ela sugere um “pontoquente” fixo atuando sobre uma placa tectônicaem movimento.

9. De acordo com o princípio da isostasia, os blocoscontinentais que flutuam sobre o manto encontram-se em estado de equilíbrio. O derretimento do gelona Península Escandinava torna este bloco continen-tal mais leve; como conseqüência, sua raiz subterra-nêa diminui por meio do soerguimento.

10. Esta previsão sustenta-se no sentido do movimentoatual das placas tectônicas. A Dorsal Meso-Atlânti-ca, por exemplo, fornece evidências do afastamen-to progressivo entre a Placa da Eurásia e a PlacaNorte-Americana.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Cada uma das placas tectônicas se move de manei-ra independente, com uma direção e um sentido pe-culiar. A Placa Indo-Australiana, por exemplo, semove na direção nordeste, chocando-se com a Pla-ca da Eurásia. A Placa Sul-Americana, por sua vez,desloca-se para o oeste, chocando-se com a Placade Nazca.

2. Nas faixas de encontro entre as placas predomi-nam os dobramentos modernos, bem como o vul-canismo ativo.

3. As zonas de afastamento entre as placas são domi-nadas pelas dorsais submarinas.

4. As rochas situadas sob os oceanos são resultantesdo material vulcânico expelido nos sistemas de fa-lhamentos que acompanham as dorsais submarinas,e, portanto, são mais recentes que a maior parte dasrochas continentais.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Diante da vastidão do tempo geológico, a históriadas sociedades humanas parece muito pequena. Aescala do tempo geológico é estranha à experiênciae sensibilidade humanas: daí o uso da expressãotempo profundo. O tempo profundo é mensuradoem milhões de anos; o tempo histórico, em cente-nas de anos. Neste caso, as metáforas são utilizadaspara comparar fenômenos de ordens de grandezamuito diferentes, tornando mais compreensível anoção de tempo geológico.

2. O tempo histórico é uma medida de tempo ade-quada à história da humanidade; o tempo geoló-gico é uma medida de tempo adequada à históriado planeta Terra; o tempo cósmico refere-se àmedida de tempo dos fenômenos que configura-ram o universo.

3. A história da Terra é pontilhada de eventos climá-ticos e geológicos extremos, que modificaram asuperfície do planeta e provocaram a extinção deum grande número de seres vivos. Basta lembrardo soerguimento de grandes cadeias montanho-sas, das erupções vulcânicas, dos abalos sísmicosprovocados pelo ajuste das placas rochosas queformam a crosta terrestre ou, ainda, das glacia-ções que cobriram de gelo grande parte do pla-neta. Assim, as alterações ambientais provocadaspelas sociedades modernas não põem em risco aexistência do planeta, ainda que ameacem seria-mente as condições necessárias para a sobrevi-vência de diversas espécies que o habitam, inclu-sive os homens.

■ Capítulo 4As bases físicas do Brasil

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. A plataforma sul-americana é constituída por es-cudos cristalinos e bacias sedimentares. Os escu-dos são formados por rochas cristalinas do Pré-Cambriano. As bacias, por material rochosooriundo da erosão das rochas magmáticas e meta-mórficas ou por detritos orgânicos que se acumu-laram nas depressões.

2. O território brasileiro experimenta notável estabili-dade geológica por estar inteiramente contido naplataforma sul-americana. As plataformas são for-madas por um embasamento cristalino de origempré-cambriana e por coberturas sedimentares anti-gas ou recentes. Sua estabilidade deriva do fato deestarem localizadas fora das faixas orogênicas decontato entre placas tectônicas.

3. d.

4. Os depósitos de carvão do sul do Brasil começa-ram a se formar no ambiente glacial do permocar-bonífero, durante o qual as florestas e os pântanosde Gondwana foram recobertos por sedimentos.

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5. Este arcabouço estrutural é fruto dos sistemas dedobramentos e falhamentos resultantes da orogê-nese ocorrida no Pré-Cambriano, que foram reati-vados pelo soerguimento epirogenético durante aEra Cenozóica.

6. Protegidas pela vegetação, as dunas contribuempara atenuar os efeitos da erosão marinha sobre aplanície costeira. Quando ocorre desmatamento dasdunas, a planície fica mais vulnerável ao avanço domar, que pode ameaçar vias de tráfego e habita-ções. Além disso, o deslocamento da própria dunatambém pode se tornar uma ameaça para as cons-truções humanas implantadas na planície.

O capítulo no contexto

7. As chapadas são mesas delimitadas por taludesabruptos. As rochas mais resistentes à erosão for-mam a chapada. Os taludes revelam a atuaçãopretérita da erosão sobre rochas menos resisten-tes. Assim, as chapadas – como a dos Veadeiros,que aparece na foto – são feições residuais dorelevo.

8. No relevo brasileiro, as depressões que circundamos planaltos foram, em grande parte, geradas pelodesgaste erosivo das massas rochosas menos resis-tentes. Em geral, o arcabouço geológico das de-pressões é constituído pelas bacias sedimentares.As bordas de contato das depressões com os pla-naltos atestam a resistência desigual do substratorochoso à erosão. Assim, a erosão atua diferencia-damente sobre os diversos substratos, produzindoas depressões.

9. a) A expressão estrutura geológica designa o subs-trato físico que forma a crosta e pode ser estuda-do pelas suas características litológicas. As formasda crosta – ou seja, o relevo – são “esculturas”da natureza, que podem ser estudadas comouma organização espacial. O relevo está susten-tado por estruturas geológicas mas não se con-funde com elas.

b) O alerta do geógrafo destina-se a enfatizar o fatode que o relevo brasileiro deriva, em grande par-te, do trabalho geologicamente recente de ero-são e sedimentação.

10. A primeira foto mostra uma paisagem natural típicade áreas úmidas, com formas arrendondadas pelointemperismo químico; a segunda revela uma pai-sagem natural formada, principalmente, pela de-composição mecânica, com formas angulosas e aflo-ramentos rochosos.

11. a) Nas duas primeiras figuras, observa-se a forma-ção de um banco arenoso ilhado. A terceira figura

mostra sua ligação com um esporão de areia jáexistente. A quarta figura registra a evolução doesporão, com a formação de uma lagoa.

b) A causa do fenômeno é a acumulação arenosapelo trabalho das águas do mar. Seu resultado éa formação de uma restinga.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Os mapas de altimetria mostram as altitudes, isto é,um aspecto da realidade do modelado do relevo. Jáos mapas de classificação de relevo são resultantesdo trabalho de interpretação de seus autores, quedividiram o modelado em compartimentos poreles criados.

2. Aroldo de Azevedo criou compartimentos de relevocom base nas altitudes médias. Já Aziz Ab´Sáberconsiderou sobretudo os processos de sedimenta-ção e erosão que originaram as formas do modela-do. Por isso, apresenta um número maior de com-partimentos. Além disso, Ab’Sáber sugere adenominação Planícies e Terras Baixas Amazônicaspara a área classificada por Azevedo como PlanícieAmazônica, já que os processos erosivos predomi-nam sobre o processo de sedimentação na maiorparte deste compartimento.

3. Jurandyr Ross também considerou os processos deerosão e sedimentação ao elaborar sua tipologiaclassificatória. Porém, ele criou um novo tipo decompartimento, denominado de depressão, quecomo nos planaltos exibem predomínio dos proces-sos erosivos, mas apresentam características peculi-ares com relação à forma das superfícies.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. O carvão é chamado de combustível fóssil pois seorigina da fossilização de material orgânico. Tal pro-cesso teve início com o soterramento de antigas flo-restas, no ambiente glacial dos períodos Permiano eCarbonífero.

2. A drenagem ácida resulta do descarte dos mineraisque se apresentam intercalados com as camadas decarvão durante os procedimentos de extração. Estesminerais contêm sulfeto de ferro, que em contatocom o oxigênio forma ácido sulfúrico, que torna áci-dos os cursos fluviais nos quais se espalha. Esta for-ma de poluição só ocorre em escala regional emSanta Catarina, que responde pela maior parte daprodução nacional e concentra a maioria das minasde carvão em atividade.

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■ Capítulo 5Dinâmica climática e ecossistemas

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. Os ventos alísios e contra-alísios formam a CélulaTropical da circulação geral atmosférica. A dinâmicada Célula Tropical é condicionada pelas diferençasde pressão entre o Equador e os trópicos. A CélulaTropical redistribui calor e umidade entre as latitu-des equatoriais e subtropicais. Na faixa equatorial, asubida e resfriamento dos alísios úmidos provocacondensação e chuvas o ano inteiro. Os contra-alí-sios, enquanto se deslocam para o norte e para osul, perdem calor, tornando-se cada vez mais pesa-dos. Ao descerem, estão bastante secos, absorvema umidade existente nas proximidades da superfíciee condicionam a formação de áreas desérticas nasfaixas tropicais.

2. O climograma de Cingapura mostra precipitaçõesmínimas mensais sempre superiores a 150 mm, oque evidencia a ausência de estação seca no climaequatorial. As chuvas abundantes ao longo de todoo ano decorrem do mecanismo da convecção dosventos alísios de ambos os hemisférios, que ascen-dem na zona de baixa pressão equatorial.

3. a)

4. a) No continente americano, os desertos estendem-se pelo sudoeste dos Estados Unidos e pelo litoralnorte do Chile e sul do Peru (Atacama).

b) Os desertos do sudoeste dos Estados Unidosresultam principalmente da disposição das cor-dilheiras montanhosas, que bloqueiam a açãodas massas úmidas provenientes do mar. Se-cundariamente, esses desertos são condiciona-dos pela influência da corrente marinha fria daCalifórnia. O deserto de Atacama, uma dasáreas mais secas do mundo, resulta, basica-mente, da influência da corrente marinha friade Humboldt.

5. A lixiviação é o processo de lavagem dos horizon-tes superficiais do solo pelas chuvas torrenciais típi-cas do clima tropical. Por meio da lixiviação, ocorretransporte dos nutrientes minerais e empobrecimen-to do solo.

6. a) O bioma da tundra ocorre nas altas latitudes bo-reais, ocupando uma faixa circumpolar de 2 mi-lhões de hectares nos quais não existem árvo-res. Seu limite norte é a calota permanente degelo polar. Seu limite sul são as florestas de co-níferas. Devido à posição latitudinal dos conti-nentes, a tundra praticamente não ocorre noHemisfério Sul. A floresta boreal de coníferas(ou taiga) é encontrada principalmente no He-misfério Norte, devido à posição latitudinal doscontinentes, abrangendo a faixa que se estendeentre a tundra, ao norte, e as florestas tempera-das e pradarias, ao sul.

b) A presença permanente de uma camada de solocongelado abaixo da superfície – o permafrost –impede o desenvolvimento de raízes de árvores emarca rigidamente a fronteira entre a tundra, aonorte, e a taiga, ao sul.

O capítulo no contexto

7. a)Miami

Chicago

OCEANO

ATLÂNTICO

12010080120140160

80

60

40

20

100 80 60 6040 4020 200

Posição do veleiro Paratii Lat. 49° 49, N

Lat. 23° 49, W

OCEANO

ATLÂNTICO

b) A amplitude térmica anual de Miami é de 8,6°C.A amplitude térmica anual de Chicago é de28,4°C.

c) A amplitude térmica anual de Miami é pequenapois a cidade localiza-se em latitude subtropical,em região dominada pelo clima subtropical, for-temente influenciado pela maritimidade. A am-plitude térmica anual de Chicago é grande pois acidade localiza-se em latitude intermediária, emregião dominada pelo clima temperado, sob for-te influência do fenômeno da continentalidade.

0 630 km

0 2.270 km

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b) O vidro de Nescafé foi recuperado por um meni-no norueguês, mais de 8º ao norte de onde foilançado ao mar, pois derivou arrastado pela cor-rente do Atlântico Norte, que é o prosseguimen-to da Corrente do Golfo.

c) As correntes marinhas são empurradas pelas mas-sas de ar que se deslocam sobre os oceanos e re-fletem, até certo ponto, os padrões da circulaçãoatmosférica. Mas suas trajetórias são desviadaspela disposição das terras emersas. A Corrente doGolfo origina-se da ação dos ventos alísios, queempurram as águas do Atlântico Central para oistmo centro-americano, e da disposição do istmoe das ilhas das Antilhas, que desviam essas águaspara o Atlântico Norte, através dos estreitos daFlórida. A corrente do Atlântico Norte, que éprosseguimento da Corrente do Golfo, é empur-rada pelos ventos de oeste. Essa corrente quenteatua no litoral ocidental e setentrional da Europa,amenizando as amplitudes térmicas da fachadaatlântica do continente e provocando significati-vas precipitações. É a ação dessa corrente queevita o congelamento das águas oceânicas, nacosta ocidental norueguesa.

8. a) As chuvas de monções, na Ásia meridional, ca-racterizam os meses de verão. Elas se iniciamem julho mas ganham intensidade em agosto esetembro.

b) A brusca alteração climática é o início do períodochuvoso, marcado por fortes precipitações diá-rias e elevada umidade do ar. Essa alteração de-corre da transferência dos centros de baixa pres-são do Oceano Índico para as áreas centrais damassa continental asiática.

9. A diferença na amplitude térmica registrada nas trêscidades ocorre sobretudo em função dos efeitos demaritimidade e continentalidade. Em Amiens, situa-da na costa atlântica da França, a ação da Correntedo Golfo ameniza a temperatura durante o inverno.Praga, na República Tcheca, apresenta grande am-plitude térmica anual pois sofre principalmente oefeito de continentalidade, que é ainda mais acen-tuado em Kiev, na Rússia.

10. De acordo com o gráfico, as florestas tropicais sãocaracterísticas de regiões de temperaturas e pre-cipitações relativamente elevadas. Desertos e tun-dras compartilham níveis baixos de chuvas, masdistinguem-se em relação às médias térmicas. Avegetação campestre desenvolve-se numa amplafaixa de condições térmicas, mas não ultrapassaas áreas com precipitações superiores a 1.000 mmanuais, que são domínios florestais. Na orla dosdesertos temperados, onde as precipitações apro-

ximam-se de 500 mm anuais, aparecem manchascampestres. Em áreas com temperaturas um pou-co acima de 00C a tundra vai dando lugar à flo-resta de coníferas.

11. a) Durante as negociações da Convenção sobre Di-versidade Biológica, os governos dos países sub-desenvolvidos resistiram em adotar políticas pre-servacionistas que acarretam restrições aos fluxosdemográficos e às atividades econômicas. Em de-fesa de programas de colonização de áreas flo-restais como as do Peru e Brasil, os países subde-senvolvidos aferraram-se à defesa da soberanianacional e rechaçaram a aplicação do conceito depatrimônio da humanidade a ecossistemas locali-zados em seus territórios.

b) Do ponto de vista científico, a biodiversidade re-presenta um vasto campo de pesquisas, que po-derão resultar na ampliação dos conhecimentosacerca da riqueza e da complexidade da vida naTerra. Do ponto de vista econômico, a biodiver-sidade pode ser a base de novos e lucrativos ne-gócios para as indústrias de alimentos, de remé-dios e de cosméticos.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Trata-se da floresta pluvial equatorial, perene, ca-racterizada por uma grande diversidade biológica.

2. O desmatamento para a exploração madeireira, mi-neral e energética ou para a formação de pastos ecampos de cultivo figura entre as principais causasda devastação retratada nos mapas.

3. Apesar de toda a devastação recente, a florestaequatorial amazônica ainda recobre uma vasta re-gião sul-americana e o Brasil é o país com maior áreade floresta original do mundo. Por isso, a Amazôniaocupa o centro dos debates internacionais sobre bi-odiversidade.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. A diversidade biológica nas florestas da Europa eAmérica do Norte é limitada pela curta duração dosperíodos de verão e pela grande amplitude térmicaanual. Além disso, a diversidade biológica é estrutu-ralmente pequena em função dos episódios glaciaisque marcaram os paleoclimas do Quaternário.

2. O plano canadense de manejo é adequado às flo-restas homogêneas, que apresentam pequena diver-sidade biológica. O reflorestamento não é capaz de

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reconstituir domínios de florestas tropicais como asbrasileiras, devido à sua diversidade e à complexi-dade das suas cadeias alimentares.

3. A destruição da Mata Atlântica é qualificada comotragédia que não pode ser dimensionada, pois é im-possível inventariar a diversidade biológica de umafloresta tropical.

■ Capítulo 6Os domínios de natureza no Brasil

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. c.

2. Belo Horizonte situa-se no domínio do clima Tropi-cal de Altitude. As chuvas concentram-se no verãoe o inverno é a estação da estiagem. As médias tér-micas de inverno caem abaixo dos 19°C, em funçãodo efeito da altitude. As médias térmicas de Teresi-na, João Pessoa e Cuiabá são bem mais elevadasque as dos climograma apresentado. Joinville en-contra-se em domínio subtropical, no qual as chu-vas estão distribuídas de forma mais equilibrada en-tre as estações do ano.

3. d. 4. d. 5. e.

6. O cerrado apresenta a relação com o fogo descritano texto. Neste ecossistema, o fogo atua no proces-so de reciclagem, transformando os detritos acumu-lados em nutrientes minerais.

O capítulo no contexto

7. a) A amplitude térmica diária é a diferença de tem-peratura entre a hora mais quente e a hora maisfria do dia. A amplitude térmica anual é a dife-rença de temperatura entre a média do mês maisquente e a média do mês mais frio.

b) Genericamente, as amplitudes anuais aumentamcom o aumento das latitudes. Assim, no Brasil, asmenores amplitudes anuais são registradas na Ama-zônia e as maiores, na parte meridional do território.

c) Isso ocorre porque grande parte do território bra-sileiro está situada na Zona Intertropical, sob do-mínio de climas equatoriais e tropicais, caracte-rísticos das baixas latitudes.

8. a) As geadas são precipitações de baixíssima altitu-de que resultam do congelamento do orvalho nasproximidades do solo. As nevadas são precipita-ções de grande altitude que ocorrem em condi-

ções de temperatura próximas às do ponto decongelamento.

b) Esses fenômenos ocorrem predominantementenos planaltos da Região Sul em função das bai-xas temperaturas de inverno nessas áreas. Asquedas de temperatura que provocam geadas enevadas resultam, muitas vezes, da invasão damassa Polar atlântica (mPa).

9. No caso das caatingas, a queda periódica das folhasestá associada aos prolongados períodos de secaque ocorrem nesse ecossistema; nas florestas tem-peradas, o fenômeno é resultante das baixas mé-dias térmicas que caracterizam o inverno. A Amazô-nia e a Mata Atlântica, por sua vez, situam-se emregiões tropicais de elevada pluviosidade: daí a pre-dominância de espécies perenes.

10. a) A irregularidade das precipitações, a presença desolos pouco profundos, a predominância de es-pécies vegetais decíduas e de rios intermitentes esazonais figuram entre as principais característi-cas deste domínio.

b) O desmatamento para a formação de campos decultivo e pastagens, o sobrepastoreio, a minera-ção e o uso de técnicas inadequadas de irrigaçãosão responsáveis pelos principais impactos ambi-entais de origem antrópica neste domínio.

11. a) O mapa mostra o avanço de uma frente fria peloBrasil meridional. A frente fria provoca rebaixa-mento da pressão atmosférica e tempo instável.

b) A ZCIT encontra-se ao norte do Equador porque,durante o inverno, o disco solar encontra-se so-bre o Hemisfério Norte.

c) Na maior parte do território nacional, predomi-nam as altas pressões e o tempo bom. Há tempoinstável, com possíveis chuvas, no Rio Grande doSul e Santa Catarina. Há instabilidades tropicaisem uma faixa que se estende entre Rondônia e osul do Amazonas.

d) Após a passagem da frente fria, as temperaturasdevem cair e o tempo torna-se claro e estável.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. No verão, as menores precipitações são registradasno Nordeste, no extremo sul do país e em Roraima.

2. No inverno, as maiores precipitações são registra-das no litoral oriental nordestino e em porções se-tentrionais da Amazônia.

3. As precipitações na Amazônia estão basicamentevinculadas ao fenômeno da convecção das massasde ar e, portanto, os máximos sazonais de chuvas

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acompanham o deslocamento da ZCIT. No verão doHemisfério Sul, o disco solar move-se para a faixado Trópico de Capricórnio e as maiores precipita-ções atingem a Amazônia meridional. No outono, odisco solar está sobre a linha do Equador e as chu-vas mais abundantes caem sobre a parte setentrio-nal da Amazônia.

4. O litoral oriental nordestino apresenta regime dechuvas contrastante com o da maior parte do Brasil.Nessa faixa, as precipitações máximas concentram-se no outono e no inverno.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Essas conclusões são apoiadas por dois tipos de evi-dências: a presença de estruturas rochosas subter-râneas que indicam a presença de água e a presen-ça de fósseis de espécies vegetais característicos dedomínios florestados.

2. O processo de formação das espeleotemas, estrutu-ras que dependem da presença de água, foi datadopor meio do método de desintegração radioativados elementos urânio e tório.

3. No passado, é provável que tenha havido intercâm-bio genético de espécies animais e vegetais entre osdiversos ecossistemas florestados que compõem es-tes domínios. Este intercâmbio e o conseqüente sur-gimento de novas espécies pode ser uma das cha-ves explicativas da imensa biodiversidade quecaracteriza tanto a Floresta Amazônica quanto aMata Atlântica.

■ Capítulo 7A esfera das águas e os recursos hídricos

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. O ciclo hidrológico é o processo de transferênciacontínua da água de um tipo de reservatório paraoutro. A evaporação e a transpiração, por meio dasquais a água é transferida da superfície para a at-mosfera, são diretamente causadas pela energia so-lar. A atuação da força de gravidade pode ser exem-plificada pelo fluxo contínuo das águas fluviais emdireção aos oceanos.

2. Durante as glaciações quaternárias, a erosão glacialescavou profundas depressões na superfície terres-

tre em diversos locais situados nas altas latitudes doHemisfério Norte. Mais tarde, essas depressões secobririam de água, transformando-se em imensoslagos e sistemas lacustres. O Hemisfério Sul não foiatingido por este ciclo glacial e abriga uma parcelasignificativamente menor do estoque global de águadoce lacustre.

3. Atualmente, pelo menos 1 bilhão de pessoas dependeda água dos lençóis subterrâneos para suprir suasnecessidades básicas. Além disso, os estoques sub-terrâneos são utilizados intensamente para a irriga-ção de cultivos agrícolas. O esgotamento destes re-servatórios pode diminuir a produtividade daagricultura e a produção de alimentos em diversasregiões, além de acirrar os conflitos internacionaispelo controle das reservas superficiais.

4. Conforme demonstra o gráfico, o acesso à águapotável não é condicionado apenas pelo tamanhodas reservas hídricas de cada país, mas, principal-mente, em função dos investimentos realizadosno setor. Assim, nos países pobres, parcelas ex-pressivas da população estão sujeitas aos diversosproblemas de saúde decorrentes do uso de águacontaminada e da inexistência de serviços sanitá-rios eficientes.

5. Nesse intervalo de tempo, ocorreu um brutal au-mento na velocidade do escoamento superficial naregião metropolitana e, por conseqüência, da quan-tidade de água que escoa pela calha do rio Tietêdurante episódios de chuvas fortes. Este processo éresultado do crescimento da área impermeabilizadapelas construções e pelo asfalto.

O capítulo no contexto

6. O estabelecimento de cotas de uso de água e a co-brança pelo excesso de consumo pode ser uma ma-neira eficaz de garantir o atendimento das necessi-dades sociais básicas e, ao mesmo tempo, limitar acontaminação dos recursos hídricos por parte dosgrandes usuários. No caso do México, por exem-plo, a cobrança acarretou a redução do desperdícioe a adoção de novas práticas agrícolas, de forma aracionalizar o uso dos estoques hídricos sem prejuí-zo das atividades econômicas.

7. a) A “guerra da água” na Bolívia evidencia umadas dimensões cruciais da crise contemporâneados recursos naturais: em um cenário de dete-rioração das reservas pluviais disponíveis e doaumento acelerado do consumo, a água potá-vel se torna uma “mercadoria” tanto mais vali-osa quanto mais escassa. Contudo, muito antesde ser uma mercadoria, ela é um recurso essen-cial para a vida humana.

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b) Para os movimentos sociais bolivianos, a águadeve ser tratada como um bem público, e, comotal, deve atender às necessidades básicas doconjunto da população. Para as multinacionaisque operam no setor, a água é uma mercadoria,cujo valor oscila em função das leis da oferta eda procura.

8. Em um cenário de diminuição drástica dos estoquesde água potável no planeta, os atuais conflitos pelouso dos sistemas fluviais, lacustres e subterrâneosque atravessam territórios nacionais distintos ten-dem a se acirrar, e novos focos de tensão diplomáti-ca ou de guerra aberta podem surgir. Ao que tudoindica, a água ocupará um lugar cada vez mais des-tacado nas relações internacionais.

9. Apesar da aparente abundância de recursos hídri-cos, diversas cidades brasileiras sofrem severas li-mitações no que diz respeito ao consumo deágua. Apenas em alguns centros urbanos do semi-árido nordestino o problema principal é mesmo aescassez de fontes de abastecimento. Na grandemaioria dos casos, porém, a escassez resulta daconcentração da demanda e da contaminação dosmananciais: é o que ocorre, por exemplo, nas re-giões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Ja-neiro e de Belo Horizonte.

10. O texto considera que a escassez de água é antesum fato econômico e social do que um fato físico.De acordo com seu argumento central, o principalproblema não é a falta de água, mas a falta de di-nheiro para arcar com os custos do acesso regular àágua potável, por parte de parcelas crescentes dapopulação mundial.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. O Canadá dispõe de uma população de pouco maisde 30 milhões de pessoas, enquanto a China é opaís mais populoso do mundo, com mais de 1,25bilhão de habitantes. Assim, a disponibilidade percapita de água é muito maior no Canadá que naChina, ainda que os dois países detenham estoquessemelhantes.

2. Nos países situados nesta vasta região, o predo-mínio de climas desérticos e semi-áridos caracte-rizados pelos baixos índices de precipitação é oprincipal fator responsável pela escassez crônicade água.

3. No caso do Egito e do Sudão, o conflito está ligadoà disputa pelas águas do rio Nilo, fundamental parao abastecimento humano e a irrigação agrícola emambos os países.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. O desvio de grandes quantidades de água dos riosAmurdarya e Sydarya, tributários do mar de Aral,para abastecer projetos de irrigação que servem so-bretudo às culturas de algodão na Ásia Central, fi-gura como a principal causa da drástica redução dovolume do mar de Aral.

2. A redução do volume aumentou a salinidade do marde Aral. Além disso, a utilização intensiva de pestici-das e defensivos agrícolas nas culturas irrigadas re-sultaram em elevadas taxas de contaminação dossolos da região, inclusive na área que já foi ocupadapelas águas do Aral.

3. O mar de Aral é um exemplo incontestável da ex-trema degradação ambiental que pode resultar degrandes projetos de irrigação realizados sem os ne-cessários estudos acerca das conseqüências do des-vio das águas para o conjunto do ecossistema. Nes-te sentido, ele pode servir de alerta para impedirnovos desastres ambientais.

UNIDADE 3

Tecnologias e recursos naturais

■ Capítulo 8Os ciclos industriais

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. c.

2. A afirmação II é falsa pois a fase descendente dosciclos caracteriza-se pela saturação do mercado epela redução das margens de lucro, o que dificultaa entrada de pequenos capitais na disputa por mer-cados submetidos ao domínio de oligopólios. Aafirmação IV é falsa, pois a teoria dos ciclos de ino-vação ajuda a compreender as tendências de loca-lização industrial mais importantes em cada ciclo,ao mostrar a importância variável dos fatores deprodução (como matérias-primas ou mão-de-obraespecializada, por exemplo).

3. Na cadeia produtiva do setor petroquímico, o pri-meiro estágio produz matéria-prima para o segun-do, e, por isso, ambos tendem a operar de maneiraconcentrada. Já o terceiro estágio, que produz mer-cadorias prontas para o consumo final, tende a seratraído pelos grandes mercados consumidores.

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4. No segundo ciclo tecnológico da Revolução Indus-trial, que se espalhou na Europa em meados do sé-culo XIX, o carvão era a principal fonte de energiatanto para as indústrias de base (em especial a side-rurgia) como para as indústrias de bens de consumo(principalmente as do ramo têxtil). Por isso, as baci-as carboníferas tornaram-se focos de grandes con-centrações fabris. Essas concentrações originais con-tinuam a responder por grande parte da produçãoindustrial européia.

5. c.

O capítulo no contexto

6. a) Entre o final do século XVIII e meados do séculoXIX, a indústria têxtil nascente organizava-se emtorno do tear hidráulico. A água corrente dos riosera a principal fonte de energia mecânica para asfábricas e, por isso, as indústrias aglomeravam-seem torno dos cursos d’água.

b) O carvão mineral e a máquina a vapor funciona-ram como fonte de energia principal e tecnologiaessencial para a Revolução Industrial do séculoXIX. Em função dos altos custos de deslocamen-to, as aglomerações industriais estabeleceram-sejunto às jazidas de carvão mineral.

c) No século XX, a eletricidade e o petróleo abriramum amplo leque de novas localizações indus-triais. Os baixos custos de transmissão da energiaelétrica possibilitaram a implantação de indústriasem lugares distantes das fontes de energia. Osmotores a combustão interna e a indústria auto-mobilística deflagraram a construção de rodovias,que representaram novas redes de transporte,muito mais densas que as redes ferroviárias, origi-nando novas localizações para as indústrias e oscentros urbanos.

7. a) O conceito de “acumulação flexível” diz respeitoà forma de acumulação nascida com a revoluçãotecnocientífica, fundada na qualificação técnica ecientífica da força de trabalho e voltada para aprodução de mercadorias de elevado conteúdotecnológico, adaptadas a nichos de mercado comexigências específicas.

b) As regiões industriais tradicionais, nascidas sob aégide do fordismo e da produção serializada, ten-dem a perder importância com a emergência dasregiões industriais características do meio técni-co-científico-informacional, marcadas pela disse-minação das tecnologias de ponta.

8. a) O fundamento da “reconversão econômicaglobal” ao qual se refere o texto é produto dadesconcentração seletiva da indústria no planointernacional, por meio da qual as indústrias de

tecnologias básicas e intermediárias tendem ase implantar nos países subdesenvolvidos in-dustrializados e as indústrias de conteúdo tecno-lógico avançado tendem a se concentrar nos paí-ses desenvolvidos.

b) O crescimento da indústria têxtil e de confecçõesnos países asiáticos, que se manifesta desde a dé-cada de 1970, é um exemplo desta nova divisãointernacional do trabalho.

c) No Brasil, a importância estratégica do setor si-derúrgico e a participação incipiente dos setoresde ponta no conjunto da produção industrial de-monstram que o país está afirmando sua inser-ção nos fluxos econômicos globais com base emindústrias oriundas de ciclos de inovações anteri-ores à revolução tecnocientífica.

9. a) O complexo siderúrgico brasileiro está altamen-te concentrado no Sudeste, em virtude da pro-ximidade dos grandes mercados consumidoresindustriais.

b) No interior da região, Minas Gerais concentra amaior parte da produção, em virtude da proxi-midade do Quadrilátero Ferrífero. As grandes si-derúrgicas de São Paulo e do Espírito Santo situ-am-se junto aos portos marítimos. No Rio deJaneiro, a CSN está conectada por ferrovia àsreservas minerais do Quadrilátero Ferrífero e aosportos marítimos.

c) O Vale do Aço é a maior concentração siderúrgi-ca do país. O espaço de relações do Vale do Açoé definido pelas ferrovias que o conectam ao Valedo Paraíba e ao porto de Tubarão, no EspíritoSanto. O eixo siderúrgico mineiro tornou-se umimportante corredor de urbanização e configu-rou uma área de significativo dinamismo econô-mico associada a Belo Horizonte.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A maioria dos pólos de alta tecnologia do mundoestá localizada nos países industriais centrais, emespecial nos Estados Unidos e na União Européia.Contudo, observa-se a existência de pólos impor-tantes na China, na Índia e nos NPIs, sinalizando aimportância da região do Pacífico no mapa mundialda indústria de ponta.

2. A geografia industrial contemporânea é marcadapor uma desconcentração seletiva. Os países sub-desenvolvidos recebem uma parcela significativados novos investimentos em setores industriais ba-seados em tecnologias tradicionais, enquanto agrande parte dos investimentos em setores industriaismarcados pelo uso intensivo de tecnologias inova-

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doras se realiza nos países industriais centrais. Estabipartição tecnológica é o cerne da divisão interna-cional do trabalho que atualmente caracteriza o es-paço mundial da indústria.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. As redes de comunicação possibilitam o descola-mento espacial entre as diferentes etapas do pro-cesso produtivo. Assim, as empresas podem disper-sar suas unidades produtivas, aproveitando vantagenscomparativas oferecidas por diferentes localidadespara cada uma dessas etapas e minimizando os cus-tos de produção.

2. Esta frase remete às vantagens locacionais oriundasda aglomeração inicial de indústrias. De fato, essaaglomeração, provocada por fatores muitas vezescircunstanciais, pressiona pela implantação de infra-estruturas, cria ambientes empresariais e amplia omercado de consumo e de mão-de-obra. Tudo issoatua sobre as novas decisões de localização, geran-do vantagens comparativas que irão atrair novos in-vestimentos.

3. De acordo com o texto, a Geografia resulta da sín-tese entre o ambiente natural e a história. Nestaperspectiva, o estudo da Geografia tem como metaa compreensão do processo histórico de produçãodas paisagens e de avanço do meio técnico sobre omeio natural.

■ Capítulo 9Agropecuária e comércio global de alimentos

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. As tecnologias da indústria e da biotecnologia ga-rantiram um enorme salto de eficiência e produtivi-dade no setor agropecuário, mas não eliminaram oscondicionamentos naturais aos quais o setor estásubmetido, tais como os ciclos vegetativos naturais,as limitações climáticas e pedológicas e a vulnerabi-lidade da agropecuária às alterações climáticas eambientais que escapam ao controle humano. Umadas conseqüências deste fato é que o trabalho naagricultura e na pecuária, mesmo modernizadas,continua a ser menos produtivo do que o trabalhona indústria. É por isso que a produção agropecuá-ria continua a constituir um setor econômico domi-

nado pelos produtores familiares. As grandes em-presas concentram-se, geralmente, na comercializa-ção e industrialização de alimentos.

2. A seleção dirigida consiste numa intervenção sobreos mecanismos evolutivos naturais: por meio de cru-zamentos entre variedades ou raças da mesma es-pécie, são gerados descendentes com algumas ca-racterísticas desejadas. A engenharia genéticaconsiste num patamar mais avançado de interven-ção sobre a natureza: através da introdução de ge-nes escolhidos em plantas ou animais, criam-se ca-racterísticas que não se encontram no potencialgenético da espécie. A seleção dirigida limita-se apromover o intercâmbio de material genético no in-terior das espécies; a engenharia genética faz esseintercâmbio por cima das fronteiras das espécies. Aseleção dirigida origina novas raças de animais e va-riedades de plantas; a engenharia genética produzorganismos geneticamente modificados (OGM).

3. O caráter intensamente comercial da agriculturanorte-americana gera importantes conseqüênciasespaciais, pois os produtores agrícolas definem osusos da terra de modo a obter vantagens compara-tivas e maximizar seus lucros. A diversidade climáti-ca, o acesso diferencial aos mercados e o preço de-sigual das terras influem nos custos de produção. Aacirrada concorrência entre os produtores provocaa especialização de cultivos. Sob o impacto da lógi-ca da concorrência, delineou-se historicamente umzoneamento agrícola caracterizado pelo surgimentode cinturões especializados denominados belts. Ocinturão dos laticínios localiza-se nas adjacências dasconcentrações urbano-industriais, em virtude daproximidade do mercado consumidor. O cinturãodo milho localiza-se no alto e médio Vale do RioMississipi, o que facilita o abastecimento das áreasde pecuária leiteira intensiva dos Grandes Lagos. Acultura do algodão, adaptada a climas mais quen-tes, domina as áreas subtropicais do sudeste e dobaixo Vale do Rio Mississipi.

4. a) A herança histórica distingue a agropecuária daEuropa meridional. Durante a Idade Moderna, oslatifundiários passaram a residir nas cidades esubdividiram suas propriedades em parcelas, en-tregando-as à exploração de camponeses pobres,em troca de uma renda equivalente à metade dacolheita. A dissolução desse sistema de trabalho,no século XIX, originou a estrutura de pequenaspropriedades familiares característica de toda aregião. Na Grã-Bretanha, onde a velha agricultu-ra camponesa foi destruída pelos cercamentos e,mais tarde, pela modernização industrial do sé-culo XIX, os estabelecimentos atingem as maio-res áreas médias do continente.

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b) Nos países europeus, o tamanho médio dos esta-belecimentos é muitas vezes menor que o das fa-zendas norte-americanas. O contraste reflete opeso das tradições históricas européias, ligadas àagricultura camponesa pré-capitalista, e da mo-dernização mais intensa da agricultura norte-americana. Mas ele também decorre, em parte,das densidades demográficas, que são muitomaiores na Europa.

5. d.

O capítulo no contexto

6. a) Pierre George refere-se ao sistema de plantations.

b) De acordo com o texto, as aldeias tribais daregião do Golfo da Guiné, nas quais é pratica-da a agricultura de subsistência, funcionamcomo reserva de mão-de-obra sazonal para asplantations que integram a economia agrícolade mercado.

7. a) O gráfico revela a importância dos subsídios agrí-colas concedidos pelos países desenvolvidos. Elemostra que apenas na área do Euro ocorreu umaforte redução de subsídios entre 1991 e 2001,embora os subsídios europeus continuem signifi-cativamente superiores aos norte-americanos.

b) A Rodada Uruguai da OMC provocou a necessi-dade de uma reforma na Política Agrícola Co-mum (PAC) da União Européia. Essa reforma re-duziu os subsídios agrícolas dos países da UE.

c) A reduzida participação dos países subdesenvol-vidos no mercado mundial de alimentos decorre,antes de tudo, da concorrência desigual dos pro-dutores dos países desenvolvidos, que se benefi-ciam de vultosos subsídios agrícolas.

8. Os agroecossistemas exibem diversidade biológicamuito menor que os ecossistemas naturais. Esseefeito de redução da biodiversidade acentua-secom a modernização agrícola, que enfatiza a espe-cialização produtiva de cada área e tende a elimi-nar as tradicionais culturas promíscuas. O combateàs pragas tornou-se um dos vetores da agropecuá-ria moderna. Mas a introdução de pesticidas pro-voca aumento da toxicidade do ambiente e a con-taminação de águas fluviais e lençóis subterrâneos.Por isso, do ponto de vista ecológico, a agriculturapré-industrial é mais eficiente que a moderna agri-cultura capitalista. Contudo, do ponto de vista eco-nômico, a moderna agricultura capitalista é muitomais produtiva. Um exemplo de sistema de subsis-tência ecologicamente adequado é o praticado nosul da faixa do Sahel, em domínios tropicais sub-metidos a longas secas. O sistema se baseia na ro-tação de terras. Depois de alguns anos de cultivo,

os campos de sorgo, milhete ou cevada são deixa-dos em pousio e neles crescem naturalmente asacácias. Esse sistema é capaz de recompor a pro-dutividade de solos marginais.

9. a) A desertificação consiste num conjunto de mu-danças ecológicas regressivas que terminam porreduzir a capacidade de sustentação e a produti-vidade da terra.

b) A desertificação é deflagrada pela combinação defatores naturais, como secas prolongadas, e fato-res antrópicos, como a retirada da vegetação e aintensificação do uso da terra para pastoreio.Nessas condições, a erosão eólica transporta ofino material superficial, degradando o solo.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Os produtos destacados no mapa são chamados“gêneros tropicais” por serem adaptados aos tiposclimáticos que caracterizam a zona intertropical.

2. As Américas Latina e Central, o Golfo da Guiné e osudeste asiático são as regiões do mundo que sedestacam na exportação destes produtos. Apesar dagrande diversidade entre as economias dos paísesque compõem estas regiões, todos eles podem serconsiderados subdesenvolvidos.

3. O sistema agrícola responsável pela produção des-tes gêneros, chamado plantation, é caracterizadopela utilização intensiva de mão-de-obra e pelo cul-tivo em grandes propriedades monocultoras, volta-das para a exportação.

4. O mercado mundial de produtos tropicais está su-jeito a grandes oscilações na demanda dos paísesdesenvolvidos, que são os principais importadores.Essas oscilações refletem-se nas cotações interna-cionais desses produtos e provocam a grande ins-tabilidade que o caracteriza.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Nos países classificados como “em desenvolvimen-to” pelo autor do texto, tanto o preço das terrasquanto o da mão-de-obra tende a ser significativa-mente menor do que nos países industriais centrais.Devido a essas vantagens comparativas, teorica-mente, os sistemas agrícolas podem operar commenores custos nesses países.

2. De acordo com o estudo citado, os subsídios agríco-las tornam artificiais os preços das commodities, blo-queiam a entrada de produtores competitivos no

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mercado mundial de alimentos e atrasam ou impe-dem a saída de produtores não competitivos.

3. Os produtores dos países em desenvolvimento sai-riam ganhando com a liberalização comercial, quelhes garantiria acesso a maiores parcelas do merca-do mundial. Os consumidores dos países que prati-cam elevados subsídios também seriam beneficia-dos com a redução das tarifas de importação e como aumento da variedade de produtos. A União Eu-ropéia, o Japão e a China, por seu turno, sofreriamcom a redução dos empregos no setor agrícola. Ospaíses em desenvolvimento que desfrutam de acor-dos comerciais preferenciais, como os países indus-triais centrais, provavelmente perderiam parte deseus mercados e sairiam prejudicados caso tivessemque concorrer em condições de igualdade com osdemais países produtores.

4. De acordo com estudo do Banco Mundial, esse con-junto de estratégias tem poucas chances de reverterem elevação da renda interna nacional; pelo contrá-rio, ele poderá agravar a situação de pobreza, casoo quadro protecionista atual não seja revertido.

■ Capítulo 10Estratégias energéticas

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. Em meados do século XIX, a lenha era a principalfonte de energia utilizada no país. O carvão assumea liderança no final do século XIX, quando as fábri-cas multiplicavam-se e a economia moderna era ins-talada. O petróleo e o gás natural dominaram noséculo XX, época da emergência da indústria auto-mobilística. A década de 1970 assistiu ao início docrescimento acelerado da energia nuclear, que seprolongou pelas décadas seguintes. Atualmente, oaumento da demanda explica a incorporação denovos recursos energéticos, que se agregam suces-sivamente aos que já existiam.

2. a) A eletricidade pode ser produzida em usinas ter-melétricas (tradicionais ou nucleares) ou em usi-nas hidrelétricas.

b) As termelétricas tradicionais produzem energiapor meio da queima dos combustíveis fósseis,processo que libera uma grande quantidade depoluentes na atmosfera. As termonucleares, alémde apresentarem riscos de acidentes, geram resí-duos com grande poder de contaminação, mas

não afetam diretamente as condições atmosféri-cas. As usinas hidrelétricas utilizam um combustí-vel renovável, a água, e também não lançam re-síduos na atmosfera. Porém, as grandes usinasexigem a inundação de vastas áreas, causandoalterações profundas nos ecossistemas nos quaissão implantadas.

3. Trata-se de países de grande extensão territorial, do-tados de uma rica rede hidrográfica, na qual estãopresentes rios caudalosos que atravessam terrenosacidentados.

4. Com a segunda Guerra do Golfo e a derrubada doditador Sadam Hussein, os Estados Unidos passa-ram a exercer influência política decisiva sobre o Ira-que. Essa influência coloca os Estados Unidos emposição mais favorável para negociar com a monar-quia saudita o isolamento da seita dos Wahabitas,que controla a religião e a educação na Arábia Sau-dita e mantém conexões com a rede terrorista inter-nacional Al-Qaeda, além de assegurar o controlesobre as imensas reservas iraquianas de petróleo.

5. a) Esse tipo de energia envolve tecnologias sofisti-cadas e caras, inacessíveis para a maior parte dospaíses subdesenvolvidos.

b) Devido aos dois “choques” do petróleo, ocorri-dos na década de 1970, muitos países desenvol-vidos optaram por substituir as usinas termelétri-cas tradicionais pelas termonucleares, de forma adiminuir o uso do óleo.

O capítulo no contexto

6. Apesar de ser o maior produtor mundial de hidrele-tricidade e figurar entre os maiores produtores deenergia nuclear, o Canadá apresenta predomínio dopetróleo e do gás natural em seu balanço energéti-co, devido à existência de reservas importantes des-tes combustíveis em seu território e o elevado con-sumo per capita que caracteriza o país. No balançoenergético dos Estados Unidos, que é o maior pro-dutor mundial de energia nuclear e figura entre osgrandes produtores de petróleo e hidreletricidade,predominam o petróleo, o carvão mineral e o gásnatural, pois o consumo per capita é ainda maior. AChina, por seu turno, é o maior produtor de carvãomineral do mundo, e utiliza intensamente essa fon-te de energia, principalmente para alimentar o setorindustrial. Contudo, o uso do carvão vegetal, queaparece sob a rubrica de “combustível renovável”,é intensivo no setor rural. Na Zâmbia, o predomíniodo carvão vegetal denuncia a precariedade tecnoló-gica e a devastação da cobertura vegetal. Finalmen-te a França, que não dispõe de reservas importantesde combustíveis fósseis, é movida sobretudo pelaenergia nuclear e pelo petróleo importado.

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8. Em diversos países do continente africano, a le-nha é intensivamente utilizada para suprir a de-manda energética. Por isso, grandes áreas origi-nalmente florestadas estão sendo desmatadaspara gerar uma quantidade de energia relativa-mente pequena.

9. Este fenômeno é, provavelmente, devido ao aque-cimento global, resultante da elevada concentraçãode gases de estufa na atmosfera.

10. De acordo com o texto, o Brasil seria um dos“perdedores” porque, entre outras conseqüên-cias, o aquecimento global representa uma gran-de ameaça para a biodiversidade dos ecossiste-mas amazônicos.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A principal diferença é que, ao contrário do queacontece no Golfo Pérsico, as reservas de hidrocar-boneto situadas na bacia do Cáspio estão distantesde saídas oceânicas.

2. Atualmente, existe um grande duto controlado pelaRússia que escoa petróleo e gás para o mar Negro,um outro que parte do Azerbaijão e atinge a Geór-gia e um gasoduto de pequena extensão que liga oTurcomenistão ao norte do Irã.

3. A Rússia seria beneficiada com a construção da rota1, que ligaria o Cazaquistão ao mar Negro, pois elapassaria pelo território russo e reforçaria o poder deMoscou sobre as riquezas naturais da região; já aChina pressiona pela implantação do projeto queconecta o Cazaquistão ao seu próprio território (rota10), por razões semelhantes.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. O aquecimento global gerado por causas antropo-gênicas decorre, principalmente, da queima de com-bustíveis fósseis na produção e consumo de ener-gia. O Protocolo de Kyoto iniciou um processo deimposição de limites para a emissão de “gases deestufa”. As estratégias energéticas nacionais já sãoafetadas por esse processo, que incentiva mudan-ças nas matrizes energéticas, com a redução daqueima de combustíveis fósseis.

2. Lovelock quer dizer que o clima terrestre é um siste-ma complexo e, por isso, está submetido a forçasinerciais poderosas. Assim como um grande navio emvelocidade não pode mudar de rumo rapidamente,

as tendências climáticas de fundo não podem ser al-teradas rapidamente por uma eventual redução dasemissões de “gases de estufa”.

3. Segundo Lovelock, o aquecimento global não podiaser claramente compreendido a partir de uma visãofragmentária da Terra, na qual a crosta rochosa, aatmosfera e a hidrosfera são objetos de estudo se-parados. Essa visão ocultava que a Terra é um siste-ma auto-regulado e impedia a compreensão do pa-pel desempenhado pela vida – isto é, pelosorganismos – na regulação do sistema terrestre. Asuperação da visão tradicional proporcionou a com-preensão das relações entre os componentes do sis-tema terrestre e, portanto, das interações presentesno processo de aquecimento global.

4. O argumento central é que as usinas nucleares po-dem substituir em larga escala as usinas térmicasconvencionais na produção de eletricidade, sememitir “gases de estufa”. Esse benefício, na opiniãode Lovelock, supera os custos ligados à segurançadas instalações e ao destino do “lixo atômico”.

PARTE 2O Brasil, território e nação

UNIDADE 4

O Brasil e a globalização

■ Capítulo 11Industrialização e integração nacional

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) O conceito de “arquipélago econômico” foi cu-nhado para descrever um conjunto de economi-as regionais que mantém fracas articulações in-ternas e fortes laços comerciais com os mercadosexternos.

b) No início do século XX, a economia brasileira exi-bia características de “arquipélago econômico”,pois era possível identificar “ilhas econômicas”regionais pouco articuladas entre si. O complexocafeeiro paulista, a economia açucareira da Zonada Mata nordestina e a região amazônica, orga-nizada em torno da exportação de borracha na-tural, são os melhores exemplos do “arquipélagoeconômico” brasileiro.

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3. b.

4. O modelo de substituição de importações foi o ar-cabouço do crescimento industrial brasileiro e doprocesso de integração do espaço nacional duran-te meio século, desde a década de 1930.Seu fundamento foi a proteção do mercado inter-no por meio de barreiras alfandegárias e estímulosàs indústrias (nacionais ou estrangeiras) instaladasno país. Sua meta consistiu na promoção do cres-cimento e diversificação da indústria, a partir de in-vestimentos privados nacionais e estrangeiros ouinvestimentos estatais.

5. a) A participação do Nordeste na população brasi-leira diminuiu porque a região se transformou emárea de repulsão demográfica. Enquanto a eco-nomia nordestina conhecia declínio relativo, flu-xos de migrantes do Nordeste dirigiam-se para oCentro-Sul e para a Amazônia.

b) A Região Sul comportou-se, até a década de1970, como área de atração populacional, devi-do principalmente à expansão da fronteira agrí-cola e à oferta de empregos no meio rural. De-pois disso, porém, a concentração da propriedadefundiária e a intensa mecanização das lavourastransformaram a região em área de repulsão de-mográfica.

c) Nesse período, ao lado do início do deslocamen-to das fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste,ocorreu a transferência da capital federal paraBrasília. Esse processo gerou um importante flu-xo migratório.

6. c.

O capítulo no contexto

7. A tabela evidencia que o valor relativo das exporta-ções de São Paulo para o resto do Brasil aumenta noperíodo, enquanto diminuem as exportações para oexterior. Esse é um indicador importante do proces-so de constituição de um mercado interno unificadono Brasil, em curso nas primeiras décadas do séculoXX. Do ponto de vista da dinâmica regional brasilei-ra, é um indício da crescente polarização exercidapelo estado de São Paulo.

8. A várzea do rio Amazonas destaca-se sobre o panode fundo das densidades muito baixas da Amazôniadesde os tempos coloniais, pois a ocupação regionalrealizou-se, historicamente, por meio das “estradaslíquidas” formadas pela rede hidrográfica. Ao longodo vale do Amazonas e dos vales dos principais aflu-entes estabeleceram-se os núcleos urbanos mais im-portantes da região.

9. A construção de Brasília representou o ápice de umaestratégia de cunho geopolítico longamente acalen-tada no Brasil, qual seja, a afirmação política do Es-tado sobre o conjunto do território nacional. Masela só se tornou possível devido à integração eco-nômica e geográfica promovida pela industrializa-ção, que articulou os mercados regionais sob o co-mando de São Paulo e estimulou a construção deuma infra-estrutura nacional de transporte terrestre.

10. a) Entre 1995 e 2000, houve mais entradas de mi-grantes no Nordeste que saídas, configurandoum saldo migratório positivo.

b) Os fluxos de saída predominam na faixa etáriaentre 17,5 e 25 anos de idade. Os fluxos de en-trada predominam em todas as demais faixas etá-rias. Uma hipótese explicativa é que os jovens eadultos em idade de ingresso no mercado de tra-balho buscam oportunidades de emprego fora daRegião Nordeste, enquanto famílias constituídaspor migrantes nordestinos retornam à região.

11. a) Essas empresas formaram-se nas décadas de1940 e 1950, sob os governos de Getúlio Var-gas, no curso do processo de constituição de in-dústrias de base com financiamento estatal.

b) No processo de industrialização do Brasil, o Es-tado funcionou como indutor do crescimentoindustrial, seja por meio de políticas destinadasa proteger o mercado interno da concorrênciaestrangeira, seja por meio de investimentos di-retos voltados, principalmente, para a indústriade base.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. O mapa expressa os saldos migratórios em númerosabsolutos.

2. Porque esses estados são os principais pólos econô-micos nacionais, abrigam as duas maiores metrópo-les do país e apresentam grande população absoluta.

3. Excluindo-se São Paulo e Rio de Janeiro, os estadoscom saldos migratórios positivos mais significativosencontravam-se nas regiões Centro-Oeste e Norte,o que reflete as direções de expansão das fronteirasagrícolas nacionais.

4. Os estados com elevados saldos migratórios negati-vos concentravam-se na Região Nordeste. O fenô-meno reflete o longo ciclo histórico de repulsão de-mográfica regional que acompanhou o declíniorelativo da economia nordestina.

5. Os saldos migratórios negativos do Paraná e doRio Grande do Sul resultam dos fluxos de saída de

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migrantes desses estados em direção às novas fron-teiras agrícolas do Centro-Oeste e da Amazônia.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. O “movimento centrípeto”, mencionado pelo au-tor, são as migrações em direção aos pólos econô-micos nacionais, situados no Sudeste e, particular-mente, no estado de São Paulo. Essas migraçõesenvolveram sobretudo nordestinos, realizando-sedesde as décadas de 1920 e 1930 e acompanhandoo processo de industrialização do país.

2. O conceito de frente pioneira descreve a fronteirade expansão da economia de mercado, que se reali-za pelo estabelecimento de migrantes e atividadeseconômicas comerciais em áreas até então ocupa-das pela pequena produção de autoconsumo. O“movimento pioneiro” na direção do Centro-Oestee da Amazônia corresponde à expansão da frontei-ra agrícola, com o estabelecimento de cultivos co-merciais em novas áreas dessas regiões.

3. Provavelmente, o contraste entre o litoral densa-mente povoado e o interior pouco povoado é maisforte no Nordeste que no Sudeste devido ao seuprocesso de industrialização. Esse processo gerouimportantes núcleos urbanos interiorizados, nos es-tados de São Paulo e Minas Gerais.

4. A construção de Brasília desempenhou papel signi-ficativo na intensificação da “marcha para o Oes-te”. A nova capital atraiu migrantes para o DistritoFederal e seus arredores. As infra-estruturas detransporte que conectaram a nova capital às demaisregiões funcionaram como eixos de povoamento doBrasil Central e da Amazônia.

5. A mobilidade espacial no Brasil reflete, sobretudo,as desigualdades na dinâmica econômica e na ofer-ta de emprego ou trabalho entre as diversas regi-ões. Os fluxos migratórios para o Sudeste decorremda busca de empregos nos setores econômicos ur-banos. As migrações para o Centro-Oeste e a Ama-zônia decorrem, principalmente, da expansão dafronteira agrícola. A migração possibilita, muitas ve-zes, a conquista de melhores empregos e salários oude terras para cultivar, funcionando como veículode mobilidade social.

■ Capítulo 12A matriz energética

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) O elevado potencial hidrelétrico das bacias hidro-gráficas brasileiras resulta do predomínio de ele-vadas médias pluviométricas e de relevos planál-ticos no conjunto do território.

b) A energia gerada na Bacia do Paraná atende àgrande concentração urbana e industrial instala-da no Centro-Sul brasileiro, responsável pela mai-or parcela do consumo energético nacional. Porisso, a utilização do potencial energético da baciaé mais intensiva.

c) A Bacia Amazônica, situada em uma região mar-cada pelas baixas densidades demográficas, estádistante dos principais mercados de consumoenergético do país.

2. a) O gráfico revela um aumento significativo da ca-pacidade de geração de energia em termelétricasconvencionais a partir de 1998.

b) A disponibilidade de gás natural boliviano, im-portado por meio do gasoduto Brasil-Bolívia,assim como a descoberta de reservas de gás na-tural em bacias sedimentares brasileiras, ofereceboas perspectivas econômicas para a expansãoda geração termelétrica no Brasil, em especialquando se considera o elevado custo da expan-são da oferta de energia hidrelétrica no Centro-Sul do país.

c) As termelétricas a gás natural geram menos resí-duos tóxicos e gases de estufa na atmosfera doque as termelétricas a carvão mineral. Por isso,representam uma alternativa energética menosnociva do ponto de vista ambiental.

3. a) O gráfico revela que o Rio de Janeiro responde pormais de 80% da produção petrolífera nacional.

b) Os campos petrolíferos do Rio de Janeiro locali-zam-se em bacias sedimentares marinhas. A ex-tração desse petróleo, que se encontra sob águasprofundas, mobiliza um grande aparato tecnoló-gico, que envolve a construção de plataformasflutuantes, de linhas submarinhas e de dutos fle-xíveis de escoamento.

4. Essa disparidade explica-se pela elevada taxa de ur-banização da Região Sudeste e pelo poder aquisiti-vo, em média, mais elevado de sua população.

O capítulo no contexto

5. a) A acentuada diminuição da dependência externade petróleo entre 1973 e 2003 se deve ao au-mento significativo da produção nacional, emgrande parte devido à descoberta das reservas daBacia de Campos, no Rio de Janeiro.

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b) Em 1985, com a inauguração da hidrelétrica deItaipu, o Brasil passou a comprar sistematicamen-te uma parte da metade paraguaia da energiagerada pela usina, o que resultou no aumento dadependência externa de eletricidade.

6. a) A usina de Tucuruí foi construída para atender ocomplexo metalúrgico da Amazônia Ocidental,mas cumpre também a função de abastecer as ca-pitais nordestinas nas ocasiões em que as usinasda Chesf não produzem o suficiente para atenderà demanda regional. Assim, apesar do imenso im-pacto ambiental gerado pela construção de Tucu-ruí, a usina assume uma importância econômicainegável para as regiões Norte e Nordeste do país.

b) Do ponto de vista ambiental, a construção de gran-des hidrelétricas na Amazônia implica alagamentode áreas florestadas e sensíveis alterações nos ecos-sistemas regionais. Do ponto de vista econômico,esta estratégia implicaria elevados custos de trans-missão, dada a distância entre a Bacia Amazônica eos principais mercados consumidores do país.

7. O São Francisco é o único rio perene que atravessao semi-árido nordestino. Portanto, suas águas sãovitais tanto para o consumo das populações locaisquanto para os projetos de irrigação. A construçãode diversas barragens ao longo do curso do rio podecomprometer os outros usos de suas águas, comconseqüências sociais e econômicas desastrosas.

8. a) A energia gerada em Itaipu pertence, em partesiguais, ao Brasil e ao Paraguai. O Brasil destinasua parcela e, ainda, parte da parcela que per-tence ao Paraguai, para abastecer as cidades e asindústrias do Centro-Sul de seu território. O Pa-raguai conta quase que exclusivamente com estausina para suprir sua demanda por eletricidade.

b) Ao proclamar que “a natureza está do nosso lado”,a mensagem se refere ao fato de que, devido aoregime climático que predomina na área da bacia, avazão do rio Paraná é mais estável do que a do rioYang-tse, o que permite uma menor oscilação naquantidade de energia produzida ao longo do ano.Mas a mensagem fornece uma explicação suple-mentar para a estabilidade do rio Paraná, que nãotem nenhum condicionante natural: as diversas bar-ragens construídas a montante de Itaipu, que regu-larizam artificialmente a vazão do rio.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. As principais reservas de gás natural do Brasil estãolocalizadas em bacias sedimentares situadas no es-tado do Amazonas e ao longo dos litorais dos esta-dos de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe,Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará.

2. O gasoduto Brasil-Bolívia atravessa os estados deMato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Ca-tarina e Rio Grande do Sul.

3. O traçado do gasoduto Brasil-Bolívia aumenta a dis-ponibilidade energética na região Centro-Oeste, epoderá se transformar em fator de atração paraempreendimentos industriais na região. Entretanto,ele pode reforçar ainda mais a concentração indus-trial nas regiões Sudeste e Sul, que em conjuntocompõem a “Região Concentrada”.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. Do ponto de vista econômico, o autor do texto 1defende a construção de Angra III considerando aimportância da energia que seria gerada para as re-giões Sudeste e Centro-Oeste e dos empregos quebeneficiariam diretamente a população do estadodo Rio de Janeiro. Do ponto de vista estratégico, ausina seria importante porque permitiria que o paísobtivesse domínio tecnológico sobre todo o ciclo degeração nuclear.

2. O custo da importação de fontes de energia, talcomo com todas as importações, oscila em funçãodas diferenças cambiais. No caso de uma grandevalorização do dólar, por exemplo, o Brasil teria quearcar com o aumento do preço do gás importado daBolívia, o que está sendo chamado pelo autor de“impacto cambial tarifário”.

3. De acordo com José Goldemberg, a idéia de cons-truir usinas nucleares no Brasil se originou de um pro-jeto megalomaníaco do governo militar que visavasubstituir em grande escala a energia hidrelétrica pelaenergia nuclear. A história recente da eletricidade bra-sileira mostrou o equívoco deste projeto.

4. José Goldemberg defende a expansão da oferta deeletricidade a partir da construção de novas usinashidrelétricas, da utilização da biomassa e da opçãotermelétrica, com a construção de usinas movidastanto pelo gás natural boliviano quanto pelo gásproduzido no Brasil.

5. Resposta pessoal.

■ Capítulo 13Os complexos agroindustriais

Revendo o capítulo

1. A agropecuária envolve apenas a agricultura e a cria-ção de gado. Já o agronegócio abrange também o

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conjunto das cadeias produtivas alimentadas pelaagropecuária, o que inclui diversos setores industri-ais, além dos sistemas de estocagem e distribuição.Por isso, corresponde a uma parcela significativa-mente maior do PIB.

2. e.

3. No Brasil, o setor agropecuário liberou força de tra-balho para os setores urbanos industriais; represen-ta uma fatia importante do mercado das indústriasmecânicas; é fundamental para o equilíbrio da ba-lança comercial e fornece alimento a custos razoá-veis para as populações urbanas. Entretanto, os agri-cultores familiares e os trabalhadores rurais auferemrendimentos médios muito baixos, e são pratica-mente excluídos do mercado dos bens de consumoproduzidos nas cidades.

4. A concentração da produção agropecuária nos es-tados do Centro-Sul do país pode ser explicada pelaadoção de tecnologias modernas, que elevam a pro-dutividade nesta porção do país. Além disso, essaregião abriga grande parte dos mercados consumi-dores dos produtos da agropecuária voltados para oconsumo interno.

5. A “erosão genética” refere-se à perda da diversida-de genética que caracteriza as áreas de agriculturatradicional, devido à homogeneização promovidapelas monoculturas. Correntes importantes do mo-vimento ambientalista argumentam que a introdu-ção de cultivares transgênicos de elevada produtivi-dade tende a acelerar este processo, na medida emque pode acarretar uma homogeneização aindamaior dos campos de cultivo.

6. Nesse período, o incremento da produção ocorreuprincipalmente em função do aumento da produti-vidade resultante de um conjunto de inovaçõestecnológicas, tais como a correção artificial da aci-dez dos solos e introdução de cultivares de maiorrendimento.

O capítulo no contexto

7. A expansão da soja sobre os cerrados só foi possívelgraças à grande densidade científica e técnica incor-porada ao setor agropecuário, que permitiu a corre-ção da acidez natural dos solos e produziu sementesadaptadas às características climáticas e pedológi-cas do ecossistema. Desta forma, os campos de sojano Brasil central integram o meio tecnocientífico einformacional.

8. a) O gráfico mostra a relação entre o volume pro-duzido, a área ocupada pela agricultura de grãose a produtividade da terra, em cinco estadosbrasileiros.

b) A produtividade da terra é maior no Mato Grossodo que no Paraná ou no Rio Grande do Sul. Estefato tem relação com a elevada densidade técni-ca que caracteriza a agricultura de grãos no Cen-tro-Oeste, responsável pelo aumento significati-vo do preço da terra na região registrado nosúltimos decênios.

9. Trata-se da técnica de cultivo em curvas de nível,também conhecida como terraceamento. Sua fun-ção é diminuir o impacto das enxurradas tropicaissobre os solos, de modo a atenuar os processos ero-sivos e a evitar os prejuízos econômicos oriundos daperda de terras férteis.

10. O texto revela os mecanismos pelos quais os com-plexos agroindustriais subordinam a agricultura fa-miliar. No exemplo em questão, os pequenos pro-dutores cumprem o papel de fornecedores dematérias-primas para uma grande empresa do se-tor, a qual padroniza os insumos e controla o bene-ficiamento e a comercialização da produção.

11. A modernização da agricultura brasileira foi parcial,pois não incorporou a grande maioria dos produto-res rurais, e conservadora, pois gerou um êxodo ru-ral intenso e teve um impacto negativo na distribui-ção da renda, além de ter sido fortemente predatóriado ponto de vista ambiental.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Em Rondônia e no norte do Mato Grosso, quefuncionaram como fronteiras agrícolas na décadade 1970, os processos recentes de concentraçãoda propriedade fundiária são responsáveis pelosfluxos atuais de êxodo rural e pela elevada por-centagem de migrantes rurais no conjunto da po-pulação urbana.

2. Também no caso dos estados da Região Sul, em es-pecial no oeste do Paraná e de Santa Catarina, aconcentração fundiária e a expulsão dos trabalha-dores rurais estão na origem do peso relativamenteelevado dos migrantes rurais na população urbana.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. O conceito de “agricultura de precisão” refere-seàs práticas agrícolas que incorporam elevada den-sidade de técnicas, de ciência e de informação,como acontece nos exemplos citados pelo texto,e que atestam a difusão do meio técnico-cientifi-co-informacional sobre áreas específicas do meiorural brasileiro.

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2. O fenômeno das “fazendas dispersas” guarda rela-ções com a dispersão característica de determina-dos setores industriais, que concentram suas unida-des de pesquisa nos países desenvolvidos, masdistribuem a fabricação e a montagem final de seusprodutos em plantas industriais situadas em paísesque dispõem de menores custos de mão-de-obra.

3. O contrato de integração das empresas agroindus-triais que operam na Região Sul com os agricultoresfamiliares exemplifica esta “dupla dependência”: deacordo com ele, a agroindústria é a fonte dos insu-mos e o destino da produção.

■ Capítulo 14Urbanização e redes urbanas

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. No pós-guerra, o acelerado processo de urbaniza-ção da população brasileira apoiou-se essencialmen-te no êxodo rural. A repulsão da força de trabalhodo campo decorreu da mecanização agrícola e daconcentração fundiária. A atração dessa populaçãopara as cidades decorreu da presença de uma eco-nomia diversificada, que abre a possibilidade do tra-balho sem vínculo empregatício, e dos serviços pú-blicos de saúde e assistência social.

2. De acordo com os critérios adotados no Brasil, po-pulação urbana é o conjunto da população residen-te nas sedes de município ou de distrito e nas de-mais áreas definidas como urbanas pelas legislaçõesmunicipais. Entretanto, a imensa maioria das sedesde municípios brasileiros não dispõe dos equipa-mentos urbanos necessários para gerar bens e servi-ços capazes de polarizar uma determinada porçãodo território; por isso, ainda que sejam consideradosurbanos, esses municípios não funcionam como vér-tices da rede urbana.

3. Parte significativa do êxodo rural nordestino reali-zou-se sob a forma de migrações inter-regionais.Durante décadas, o movimento migratório para oSudeste transferiu populações do campo nordestinopara as cidades de São Paulo, Minas Gerais e Rio deJaneiro. Atrás desse fenômeno encontra-se o pro-cesso de modernização urbano-industrial e integra-ção territorial do país.

4. e.

5. a) As regiões metropolitanas foram definidas comoestruturas territoriais especiais, formadas pelas

principais cidades do país e pelas aglomerações aelas conurbadas. Tais estruturas deveriam confi-gurar como unidades de planejamento do desen-volvimento urbano.

b) A criação das regiões metropolitanas, no início dadécada de 1970, representou o reconhecimentoda importância social e territorial dos processosde conurbação que se realizavam em torno dasprincipais metrópoles do país.

6. b.

O capítulo no contexto

7. a) O gráfico da questão exemplifica, na escala esta-dual, o processo de urbanização regional retrata-do no gráfico que aparece no capítulo. Em ter-mos gerais, eles mostram que a urbanizaçãocomeçou antes e foi mais intensa no Sudeste.Também mostram que a urbanização do Centro-Oeste e do Sul acelerou-se na década de 1970, oque não ocorreu com a mesma intensidade nasregiões Nordeste e Norte.

b) Em função do crescimento industrial e da moder-nização agrícola, a urbanização no estado de SãoPaulo é mais antiga e mais intensa que a dos ou-tros estados que aparecem no gráfico. Ela acele-rou-se na década de 1960 e atualmente é maislenta pois se encontra em seu estágio final.

c) A urbanização no estado de Goiás acelerou-se nadécada de 1960, quando as taxas de populaçãourbana ultrapassaram as do Paraná. A urbaniza-ção no Paraná acelerou-se na década de 1970,impulsionada pela concentração fundiária e me-canização agrícola, adquirindo ritmo similar à deGoiás. Atualmente as taxas de população urbanade ambos encontram-se muito próximas, compequena dianteira para Goiás.

d) A urbanização no estado do Pará desacelerou-se desde a década de 1970, em função da aber-tura de frentes pioneiras agrícolas no leste e suldo estado. Essa desaceleração permitiu que astaxas de urbanização da Bahia ultrapassassemas do Pará. Na última década, ocorreu uma cer-ta desaceleração na urbanização da Bahia, emfunção da abertura de frentes pioneiras agríco-las no oeste do estado.

8. Durante décadas, a Amazônia funcionou como agrande fronteira demográfica nacional, recebendofluxos de migrantes oriundos do Centro-Sul e doNordeste. Estes migrantes mantêm relações comseus lugares de origem, que se expressam em co-municações com familiares e conhecidos e viagensde visita às cidades natais. Os migrantes funcionam,assim, como veículos da influência crescente das

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metrópoles do Centro-Sul e do Nordeste sobre vas-tas áreas amazônicas.

9. a) Há um desnível crescente na capacidade de pola-rização das duas principais metrópoles brasileiras.A influência de São Paulo, que já era hegemôni-ca, ganhou novo impulso com a aceleração dosfluxos associados à globalização e difunde-se in-tensamente por todas as regiões do país. A in-fluência do Rio de Janeiro, por sua vez, foi atin-gida negativamente pela privatização deempresas estatais que mantinham suas sedes naantiga capital. A centralização do mercado acio-nário brasileiro em São Paulo reforça ainda maiseste desnível.

b) As cidades globais são centros nodais das finan-ças internacionais, do comércio mundializado, dosserviços internacionais de consultoria especializa-da e das instituições públicas multilaterais. NaAmérica Latina, São Paulo, Buenos Aires e a Ci-dade do México desempenham limitadamentefunções de cidade global, conectando os territó-rios nacionais aos fluxos mundiais de capitais e àsredes administrativas das corporações transnacio-nais. No caso do Rio de Janeiro, contudo, a retra-ção histórica da capacidade de polarização tor-na problemática a aplicação do conceito decidade global.

10. a) O mapa mostra a localização dos núcleos urba-nos que são sedes de municípios no estado doParaná.

b) O mapa revela que a maior concentração de se-des de municípios localiza-se no norte do estado,onde ocorre um nítido processo de conurbação.Esse processo justifica a criação das regiões me-tropolitanas nucleadas por Londrina e Maringá.

11. O texto apresenta as duas causas principais para aconfiguração da megalópole brasileira. Os obstácu-los naturais – as serras do Mar e da Mantiqueira –definiram o eixo de circulação do Vale do Paraíba,situado entre as metrópoles nacionais. Trechos davia regional de circulação, a rodovia Dutra, foramincorporados como vias de transporte intra-urbanopelas metrópoles e cidades médias do Vale do Para-íba, acarretando expansão linear das manchas ur-banas ao longo desse eixo.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Nos estados do Amazonas e do Pará, a maior partedos núcleos urbanos se distribui ao longo dos eixosformados pelos cursos fluviais. No caso do Pará, po-

rém, o eixo viário representado pela Rodovia Belém-Brasília também abriga diversos núcleos urbanos.

2. Nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, To-cantins e Goiás, a maioria dos núcleos urbanos estálocalizada ao longo dos eixos viários.

3. No primeiro caso, desde a colonização o povoa-mento foi atraído pelo eixo de comunicação na-tural do Vale do Rio Amazonas e de seus tributá-rios. Desde a segunda metade do século XX,porém, com a construção da Belém-Brasília, oPará conhece um processo de urbanização inédi-to para os padrões regionais, estruturado em tor-no de um eixo viário que atravessa extensas áreasflorestadas. No segundo caso, a expansão acele-rada dos núcleos urbanos está relacionada com aconstrução dos grandes eixos viários de integra-ção nacional – em especial as rodovias Belém-Bra-sília e Cuiabá-Porto Velho.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. No texto de Roberto Lobato Corrêa, o conceito detempo histórico é fundamental na caracterizaçãodos diferentes padrões espaciais presentes na redeurbana brasileira, já que eles resultam de determi-nações surgidas em contextos históricos igualmentedistintos. O padrão dendrítico, por exemplo, resul-tou de um modelo econômico “em arquipélago”fundado na exportação de produtos primários; a in-dustrialização foi responsável pela integração darede urbana brasileira.

2. O padrão espacial dendrítico caracteriza-se pelaforte polarização em torno de um centro urbano li-torâneo, organizado em torno de um porto expor-tador e transformado em ponto de apoio para a va-lorização econômica do interior.

3. A criação da Região Metropolitana de Campinas éuma resposta às demandas de infra-estrutura eabastecimento surgidas com o processo de conur-bação entre Campinas e os núcleos urbanos situa-dos em seu entorno. Isso resultou em uma grandemancha urbanizada contínua marcada pela integra-ção funcional e atravessada por fluxos pendularesdiários de trabalhadores.

4. A rede urbana é constituída por fluxos de matéria ede informação. As ligações telefônicas interurbanase internacionais são parte importante dos fluxos deinformação, e sua densidade ajuda no dimensiona-mento da integração que caracteriza a rede.

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■ Capítulo 15Comércio exterior e integração sul-americana

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. b.

2. O Brasil é um global trader – isto é, um parceiroglobal – pois exibe um comércio exterior multidire-cional. As exportações e importações do país estru-turam-se sobre vários eixos importantes, com des-taque para a União Européia, os Estados Unidos, aAmérica Latina e a Ásia. Entre as vantagens dessacondição, destaca-se a limitação do impacto das re-cessões econômicas em um parceiro comercial so-bre o intercâmbio internacional do país. Entre asdesvantagens, destaca-se o risco para as nossas ex-portações representado pelas medidas protecionis-tas adotadas pelos principais blocos econômicos – aUnião Européia e o Nafta.

3. a) No Centro-Sul, a malha rodoviária é densa, o quereflete a elevada população absoluta, a intensi-dade do povoamento e a existência de uma redeurbana complexa. Na Amazônia, a malha rodovi-ária é rarefeita, o que reflete as baixas densida-des demográficas da região e a existência de pou-cos centros urbanos expressivos.

b) O Centro Sul está conectado à Amazônia princi-palmente por meio de três grandes eixos rodo-viários: Belém-Brasília, Brasília-Acre e Cuiabá-Santarém.

4. Na Geografia Física, bacia de drenagem é a rede in-tegrada de canais que drenam as águas de determi-nada área. Aplicado à Geografia Humana, o concei-to designa a rede integrada de vias de transportedestinada a deslocar mercadorias até os portos ma-rítimos exportadores.

5. a) A Hidrovia Tietê-Paraná apresenta situação geo-gráfica privilegiada pois conecta os principais pó-los econômicos do Brasil ao grande pólo econô-mico da Argentina, percorrendo centros deprodução industrial e de agropecuária modernado Centro-Sul brasileiro e do Pampa argentino.

b) Atualmente a Hidrovia do Madeira tem, comofunção principal, o transporte de grãos cultiva-dos no Centro-Oeste brasileiro até os portos ex-portadores da Amazônia.

6. a) Os processos mais ou menos simultâneos de rede-mocratização no Brasil e na Argentina e a aproxi-mação diplomática entre os dois países formaram

as condições políticas que propiciaram a criaçãodo Mercosul.

b) A globalização econômica e os processos de aber-tura comercial no Brasil e na Argentina formaramas condições econômicas que propiciaram a cria-ção do Mercosul.

O capítulo no contexto

7. a) Entre as empresas exportadoras, predominamaquelas ligadas à indústria extrativa mineral e aosramos alimentares e automobilístico. Entre as im-portadoras, destacam-se os ramos de telefonia,automobilístico e petroquímico.

b) Este é o caso da Petrobras, da Embraer, da BungeAlimentos e de diversas montadoras automobilísti-cas. No caso da Petrobras, isto acontece porque aempresa é importadora de petróleo e exportadorade derivados e serviços. No caso da Bunge, desta-ca-se a exportação de soja e a importação de mi-lho. A Embraer, assim como as montadoras, impor-ta diversas peças e exporta os produtos finais.

8. a) O texto revela claramente o peso dos custos detransporte no custo final do produto. No caso dasoja brasileira, mais de um terço do preço final éformado pelos custos de transporte. Esse item re-duz a competitividade do produto nacional, queainda é transportado predominantemente pelomeio mais caro – o rodoviário.

b) De acordo com os dados fornecidos, o custo detransporte de 120 toneladas de soja, num trajetorodoviário de 600 quilômetros, é de R$ 4.032,00.Por ferrovia, o custo seria de R$ 1.152,00.Por hidrovia, de R$ 648,00.

c) Tendo em conta essa relação de custos, a políticade transportes para as exportações agropecuá-rias deve priorizar a integração entre as ferroviase as hidrovias.

9. a) O Mercosul é o principal parceiro comercial daArgentina, seguido pela União Européia e peloNafta.

b) O Brasil é o maior parceiro comercial individualda Argentina. A parceria econômica com o Brasiltornou-se crucial para o comércio da Argentina.O intercâmbio comercial entre os dois países as-senta-se sobre um processo de cooperação polí-tica iniciado em meados da década de 1980 e for-malizado nos tratados do Mercosul.

10. a) Entre as principais mudanças do período 1983-1993 destacam-se o forte aumento do inter-câmbio comercial com os países do Mercosul eo declínio acentuado das importações do Ori-ente Médio. O primeiro fenômeno resultou daformação do Mercosul. O segundo, da redu-

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ção acentuada dos preços do petróleo no mer-cado mundial.

b) Entre as principais mudanças do período 1993-2003 destacam-se a redução relativa do inter-câmbio comercial com os países do Mercosul e osignificativo aumento do intercâmbio com a Ásia.O primeiro fenômeno resultou da crise financeirae econômica da Argentina em 2000 e 2001. Osegundo, da emergência da China como grandeator no cenário comercial global.

11. a) A espinha dorsal da integração viária entre os doispaíses é a Estrada de Ferro Brasil-Bolívia. Sua im-portância regional tende a aumentar em virtudedo tratado comercial firmado entre o Mercosul ea Comunidade Andina.

b) O gasoduto propicia a instalação de usinas ter-melétricas nas suas proximidades. A energia ge-rada, por sua vez, contribui para a implantaçãode pólos industriais.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. a) O Eixo Mercosul-Chile deve ser considerado omais importante, do ponto de vista da quanti-dade e diversidade de fluxos de intercâmbio,pois conectará o Centro-Sul brasileiro a BuenosAires e ao Pampa argentino, possibilitando osfluxos de mercadorias entre os principais pólosindustriais e agrícolas da América do Sul e o co-mércio do Mercosul com o Chile e os mercadosda Bacia do Pacífico.

b) A construção da E. F. Brasil-Bolívia obedeceu àlógica estratégica de projetar a influência geopo-lítica do Brasil sobre o vizinho. O instrumentopara isso seria a ampliação do comércio bilaterale a concomitante criação de um eixo viário ligan-do a Bolívia ao Oceano Atlântico.

c) O Eixo Venezuela-Brasil-Guiana associa-se aopotencial de comércio gerado pela concentraçãoindustrial da Zona Franca de Manaus.

d) O Eixo Peru-Brasil aproxima o Brasil Central daÁsia, pois abrirá uma via de escoamento dos grãosproduzidos no Centro-Oeste em direção aos mer-cados consumidores da Bacia do Pacífico.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Segundo Celso Lafer, o Mercosul é destino, pois otratado de integração é o elemento central da aliançaestratégica entre o Brasil e a Argentina. Essa alian-ça estratégica representou a inversão da antiga ri-

validade, que durante muito tempo marcou as rela-ções entre os vizinhos.

2. Ao afirmar que as fronteiras entre os países do Mer-cosul não são “naturais”, o texto não está sugerin-do que existam fronteiras políticas naturais. Estáapenas salientando que essas fronteiras não foramtraçadas com base em nítidos acidentes geográficoscomo o curso de grandes rios ou as cristas de cadei-as montanhosas.

3. A frase de síntese pretende enfatizar o contraste en-tre o poder econômico dos Estados Unidos e o dospaíses latino-americanos, individualmente conside-rados. No fundo, do ponto de vista dos países lati-no-americanos, o atrativo potencial da Alca é, es-sencialmente, a oportunidade de acesso facilitado aoimenso mercado consumidor dos Estados Unidos.

4. O poder sem igual dos Estados Unidos confere umaóbvia dimensão geopolítica ao projeto da Alca. Adecisão brasileira de participar ou não da Alca pro-vavelmente se refletirá no conjunto das relaçõespolíticas entre o Brasil e os Estados Unidos e tende aafetar, em especial, o nível de cooperação entre osdois países nos organismos financeiros hemisféricos(como o BID) e nos organismos de segurança regio-nal (como a OEA).

5. O texto traz três críticas ao projeto da Alca, do pon-to de vista dos interesses brasileiros:

a) as regras de livre-comércio exporiam setores daindústria nacional à concorrência direta de em-presas norte-americanas mais poderosas;

b) os compromissos que os Estados Unidos insistemem introduzir no tratado da Alca limitariam aspossibilidades de intervenção do Estado na eco-nomia brasileira;

c) o acordo aumentaria a dependência brasileira emrelação ao mercado norte-americano e aos capi-tais estrangeiros.

UNIDADE 5

Sociedade e espaço geográfico

■ Capítulo 16A estrutura regional brasileira

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. O espaço exibe menos heterogeneidade na esca-la das microrregiões. A microrregião é a menorunidade de divisão regional oficial do Brasil,

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abrangendo apenas um pequeno conjunto demunicípios. Sua dimensão a torna menos hetero-gênea, sob os pontos de vista físico e humano,que as mesorregiões e macrorregiões.

2. a.

3. a) A Região Concentrada, tal como proposta porMilton Santos, abrange as regiões Sudeste e Sul.

b) A Região Concentrada distingue-se do restantedo país pela densidade de objetos e infra-estru-turas geradas pela revolução tecnocientífica einformacional e pelos fluxos baseados nessesobjetos e infra-estruturas. Na Região Concen-trada, o meio tecnocientífico e informacional de-sempenha função definidora das característicasdo espaço geográfico.

4. a) Na região metropolitana de São Paulo, a indus-trialização foi impulsionada por um conjunto defatores reunidos no complexo cafeeiro exporta-dor, desde as últimas décadas do século XIX. En-tre esses fatores destacam-se a disponibilidade decapitais, a mão-de-obra gerada pela imigraçãoeuropéia e a infra-estrutura de transporte, repre-sentada pela malha ferroviária.

b) Na região metropolitana do Rio de Janeiro, a in-dustrialização foi originalmente impulsionadapela presença, no final do século XIX, do maiorporto de exportação e importação do país e pelafunção de capital política nacional desempenha-da pela cidade.

c) Na região metropolitana de Belo Horizonte, a in-dustrialização refletiu, desde o início, o esforçode atração de investimentos realizados pela elitepolítica do estado, por meio da concessão de in-centivos fiscais e da pressão pela instalação desiderúrgicas estatais no Vale do Aço, junto às re-servas minerais do Quadrilátero Ferrífero.

d) No Vale do Paraíba, o crescimento industrial re-fletiu a expansão dos mercados consumidoresmetropolitanos de São Paulo e do Rio de Janeiroe foi impulsionado pela implantação da Compa-nhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda(RJ), durante a Segunda Guerra Mundial.

5. d.

O capítulo no contexto

6. a) Segundo essa argumentação, a Região Concen-trada é o espaço geográfico estruturado em tor-no do meio tecnocientífico e informacional.

b) Fora da Região Concentrada, os elementos domeio tecnocientífico e informacional se apresen-tariam em manchas ou pontos isolados, em es-

paços organizados sob a lógica de divisões dotrabalho anteriores à revolução tecnocientífica.

7. a) As informações da tabela evidenciam que as prin-cipais empresas estatais atuavam na produção debens de produção e bens intermediários (minera-ção, siderurgia) e no setor de infra-estrutura (ele-tricidade, telecomunicações).

b) O programa de desestatização foi acompanhadopela criação de agências de regulamento e fisca-lização das empresas privadas que se tornaramconcessionárias de serviços públicos. A AgênciaNacional de Telecomunicações (Anatel), porexemplo, tem a função de assegurar a concor-rência no setor de telefonia e o cumprimento doscompromissos contratuais de qualidade e univer-salização dos serviços. A Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel) destina-se a supervisio-nar a geração e distribuição de eletricidade.

8. a) O conceito de economias de aglomeração expli-ca a concentração industrial na metrópole paulis-tana. O salto industrial inicial, propiciado pelas ri-quezas geradas no complexo cafeeiro, crioucondições para a atração de novos investimen-tos. As infra-estruturas, o mercado consumidor eo mercado de trabalho resultantes desempenha-ram o papel de novos fatores de atração de in-vestimentos.

b) O conceito de deseconomias de aglomeraçãoexplica a retração industrial da metrópole paulis-tana a partir da década de 1980. A elevação ge-ral dos custos de produção – em função do au-mento do preço da terra e dos tributos e daorganização sindical dos trabalhadores – adicio-nou-se a fatores como os congestionamentos detráfego e a degradação ambiental. Nessas condi-ções, os novos investimentos tenderam a procu-rar localizações exteriores à metrópole, contribu-indo para a descentralização industrial.

9. b.

10. A expansão industrial recente aumentou a partici-pação da Região Sul no valor da produção e noemprego, o que significa que ocorreu descentrali-zação da indústria, em escala nacional. Contudo,essa expansão industrial recente na Região Sul re-alizou-se, essencialmente, nas regiões metropolita-nas de Curitiba e Porto Alegre, reforçando aglo-merações já existentes.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. a) As unidades da Fiat localizam-se em Betim (MG)e Sete Lagoas (MG). A opção de implantação dasfábricas nas proximidades de Belo Horizonte

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refletiu a tendência de se evitar as deseconomiasde aglomeração da metrópole paulistana, bus-cando custos de produção mais baixos, sem con-tudo abandonar as vantagens de localização as-sociadas à proximidade dos grandes mercadosconsumidores do Sudeste.

b) O Vale do Paraíba, com fábricas de veículos im-plantadas em São José dos Campos (SP), Tauba-té (SP) e Porto Real (RJ), configura uma dessasnovas localizações. A região metropolitana deCuritiba, com fábricas de veículos implantadasem Curitiba (PR) e São José dos Pinhais (PR), éoutra dessas novas localizações.

c) A única fábrica localizada fora da chamada Re-gião Concentrada é a unidade da Ford em Ca-maçari (BA). O padrão geral representado nomapa revela a preferência por localizações naRegião Concentrada, mas fora das metrópoles deSão Paulo e do Rio de Janeiro.

2. a) O “novo polígono” abrange a maior parte da Re-gião Concentrada. Ela oferece um vasto espectrode localizações industriais situadas fora das duasmetrópoles globais.

b) As localizações situadas no “novo polígono”abrangem as grandes e médias cidades do Su-deste e Sul, beneficiadas pelos elementos do meiotecnocientífico e informacional.

c) O “novo polígono” ajuda a entender a noção deRegião Concentrada, pois evidencia as profundasdesigualdades na organização do espaço geográ-fico nacional. As metrópoles e cidades médias doSudeste e do Sul estão integradas por intensosfluxos financeiros e por infra-estruturas típicas da“era da informação”.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. O fenômeno da “dispersão das modernizaçõespelo país nas décadas mais recentes” está associa-do aos novos investimentos industriais no Centro-Sul, mas fora das aglomerações tradicionais, e àdifusão da agricultura moderna no Centro-Sul enas franjas da Amazônia. Entre os inúmeros exem-plos podem-se citar os novos investimentos da in-dústria de automóveis no Paraná e em Minas Ge-rais, e a expansão do cultivo de soja no MatoGrosso, Tocantins e Maranhão.

2. A “produção imaterial” é constituída pelas ativida-des financeiras e pelos serviços ligados à difusão eanálise de informações especializadas. O textoexemplifica essa “produção imaterial” ao analisar os

serviços de consultoria. Outro exemplo são as ativi-dades bancárias.

3. São Paulo é uma “metrópole onipresente” noterritório nacional pois concentra os centros dedecisão das grandes empresas industriais e finan-ceiras e as empresas que atuam em serviços es-pecializados, como grandes escritórios de advo-cacia e de consultoria.

4. O capítulo discute a descentralização industrial recen-te e as transformações na economia do estado de SãoPaulo, que reforçou sua hegemonia no setor bancárioe financeiro. Essas tendências podem ser entendidaspor meio da noção de concentração das atividades decomando e dispersão das atividades de produção.

■ Capítulo 17Nordeste, nordestes

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. c.

2. a) Entre 1988 e 2002, a produção brasileira de ca-cau despencou, devido à brutal redução da pro-dução baiana. Essa redução deve-se à concorrên-cia dos produtores africanos, à queda dos preçosinternacionais do produto e à praga da “vassou-ra-de-bruxa”, que dizimou as plantações do su-deste da Bahia.

b) As cidades são Ilhéus e Itabuna.

3. c.

4. a) A sub-região da Zona da Mata compreende asplanícies e os tabuleiros litorâneos úmidos doNordeste oriental. Historicamente, seu espaço or-ganizou-se em torno da produção canavieira edos engenhos, e depois usinas, de açúcar. NaZona da Mata encontram-se as metrópolesnacionais de Recife e Salvador, as capitais esta-duais do Nordeste oriental e os principais pólosindustriais nordestinos.

b) A sub-região do Agreste é uma zona de transiçãoclimática e ecológica entre a Zona da Mata úmi-da e o Sertão semi-árido. Parte importante dasub-região corresponde ao Planalto da Borbore-ma. Historicamente, seu espaço organizou-secom base na policultura familiar em pequenaspropriedades. As principais cidades do Agreste,chamadas “capitais do Agreste”, adquiriram im-portante função comercial.

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c) A sub-região do Sertão, uma vasta depressãopontilhada por chapadas, é o domínio do semi-árido e da caatinga. Historicamente, seu espaçoorganizou-se com base no latifúndio pecuarista,muitas vezes associado à produção algodoeira.Nas últimas décadas, com a irrigação, surgiramimportantes pólos exportadores de frutas.

5. c.

O capítulo no contexto

6. a) Do ponto de vista do meio natural, o “Nordesteaçucareiro” estruturou-se nas planícies e tabulei-ros litorâneos do Nordeste oriental. Essa faixa ca-racteriza-se por precipitações abundantes, con-centradas no outono e inverno. No passado,esteve recoberta pela Mata Atlântica. O “Nor-deste algodoeiro-pecuarista”, por sua vez, estru-turou-se no semi-árido nordestino, ou seja, nasdepressões interiores caracterizadas por precipi-tações irregulares e relativamente escassas e pelacobertura vegetal da caatinga.

b) Do ponto de vista social e político, o “Nordesteaçucareiro” caracterizou-se pela hegemonia daelite de usineiros e grandes plantadores de cana.O “Nordeste algodoeiro-pecuarista”, por suavez, caracterizou-se pela hegemonia dos grandeslatifundiários da pecuária, que associaram a essaatividade o cultivo de algodão, muitas vezes pormeio de sistemas de arrendamento.

7. a) Segundo o diagnóstico do Dnocs, a pobreza nor-destina decorria do fenômeno natural das secas.Com base nesse diagnóstico, a solução seria aconstrução de obras hidráulicas, principalmenteaçudes, que pudessem reter, por longos períodos,a água das chuvas.

b) A passagem citada constitui uma crítica à linhaoficial do Dnocs pois o autor revela uma visãoecológica mais abrangente sobre o semi-árido.Na sua visão, os setores de planejamento deveri-am preocupar-se com a proteção da coberturavegetal e dos solos, ameaçados pela devastação.

c) Denomina-se “indústria da seca” aos mecanis-mos de desvio de recursos públicos para as oli-garquias nordestinas, a título de combate às se-cas. As obras hidráulicas e as estradas financiadaspor recursos federais funcionaram como instru-mentos de valorização do latifúndio sertanejo,onde em geral foram construídas. Manipuladaspelos “coronéis do Sertão”, as verbas destinadasao combate às secas engordaram o patrimôniode particulares e contribuíram para as carreiraspolíticas dos poderosos locais.

8. a) O Pólo Petroquímico de Camaçari foi um empre-endimento financiado por capitais estatais e pri-vados, que se beneficiaram de incentivos fiscaisda Sudene. Sua implantação respondeu à estra-tégia de industrialização do Nordeste por meioda implantação de pólos de produção de bens in-termediários voltados para os mercados do Cen-tro-Sul.

b) A implantação de novas indústrias têxteis no Ce-ará reflete tendências mais amplas da globaliza-ção da economia. Os investimentos destinam-sea extrair o máximo de benefícios da vantagemcomparativa regional representada pelos baixoscustos da força de trabalho. Os incentivos fiscais,as políticas industriais do governo estadual e aadoção de sistemas flexíveis de organização dotrabalho funcionaram como ingredientes decisi-vos na estratégia das empresas.

9. O Vale do Jequitinhonha mineiro foi incluído naárea de atuação da Sudene como resposta à pres-são da elite estadual de Minas Gerais, que reivindi-cava participar da direção do órgão de planejamen-to e beneficiar-se dos incentivos fiscais destinadosao “Nordeste da Sudene”. A inclusão foi justifica-da com base em características naturais (a ocor-rência de secas) e sociais (a pobreza) do Vale doJequitinhonha mineiro.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Na área irrigada indicada no mapa desenvolve-se ocultivo de frutas tropicais para exportação.

2. No semi-árido nordestino predomina a pecuária ex-tensiva tradicional. O Vale do Açu distingue-se tan-to pela atividade econômica (o cultivo de frutas tro-picais para exportação) quanto pelas técnicasmodernas utilizadas no cultivo e comercialização dosprodutos.

3. As rodovias viabilizam o pólo de fruticultura do Valedo Açu, pois asseguram o transporte dos produtosaté os portos exportadores.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. O texto 1 expressa posição contrária à transposi-ção, pois o rio São Francisco não teria água sufici-ente para atender às novas demandas e porque oprojeto estaria destinado a expandir o agronegó-cio no Sertão nordestino, provocando degradaçãoambiental. Segundo esse texto, a solução adequa-da para aumentar a oferta de água no semi-árido é

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a multiplicação de cisternas familiares que rete-nham as águas da chuva para o consumo humanoe para os animais.

2. Segundo o texto 2, o projeto não gera impactos am-bientais desfavoráveis de grande monta, pois o vo-lume de água submetido à transposição seria muitopequeno e porque o período de maior demanda deágua no semi-árido coincide com a estação das chu-vas nas cabeceiras do São Francisco.

3. O debate sobre a transposição das águas do rio SãoFrancisco não se circunscreve a aspectos técnicos.Trata-se de um debate de cunho político. Os de-fensores do projeto enfatizam a carência de águapara explicar a pobreza do semi-árido. Aqueles quea ele se opõem argumentam que a pobreza derivada estrutura de propriedade da terra, interpretama transposição como estímulo ao agronegócio e in-sistem em políticas de fomento à pequena agricul-tura familiar.

■ Capítulo 18A Amazônia e o planejamento regional

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. e.

2. Na década de 1970, sob a coordenação da Sudam,a Amazônia Legal transformou-se em um vasto ce-nário de investimentos estimulados por recursospúblicos. Até 1985, mais de 900 projetos foramaprovados pela Sudam. A legislação vigente nesseperíodo determinava que a devolução dos recursospúblicos recebidos por projetos cancelados não en-volveria juros ou correção monetária. Desse modo,em ambiente econômico inflacionário, abandonarprojetos incentivados tornou-se um negócio alta-mente lucrativo.

3. a) A usina hidrelétrica de Tucuruí localiza-se no rioTocantins, no sul do Pará.

b) A usina fornece eletricidade aos projetos minero-industriais da Amazônia Oriental. Os principaisclientes industriais de Tucuruí são os grandes pro-jetos de alumina e alumínio situados em Barcare-na (PA) e São Luís (MA).

4. d.

5. a) O Programa Calha Norte foi concebido com a fi-nalidade de proteger as fronteiras setentrionais,por meio da instalação de uma rede integrada de

postos e bases do Exército e da Aeronáuticanuma faixa de cerca de 150 quilômetros adjacen-te às fronteiras setentrionais, desde Oiapoque(AP) até Tabatinga (AM).

b) O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam)tem como objetivos principais o controle do trá-fego aéreo, a fiscalização de fronteiras, o moni-toramento de queimadas, o desflorestamento, osgarimpos ilegais e o mapeamento de recursosnaturais, por meio de uma rede integrada de sen-soriamento remoto e telecomunicações queabrange a maior parte da Amazônia Legal.

O capítulo no contexto

6. a) Os padrões tradicionais de ocupação do espa-ço geográfico na Amazônia estruturaram-se emtorno da pequena agricultura de várzea, asso-ciada à pesca e à coleta florestal, e da circula-ção pelas vias fluviais formadas por rios e iga-rapés. Os padrões modernos de ocupação doespaço amazônico estruturam-se em torno dasmetrópoles regionais e de grandes projetos mi-nerais e agropecuários, e baseiam-se na circu-lação rodoviária.

b) Os igarapés constituem as vias básicas de circula-ção das populações ribeirinhas. Sua privatizaçãoimplicaria a supressão dos fundamentos do modode vida tradicional dessa população, gerandoêxodo rural e inchaço urbano. Por isso, justifica-se a proteção dos igarapés como vias públicas decirculação.

7. a) O oeste do Maranhão encontra-se na área deatuação da Sudene, pois o Maranhão faz parteda Região Nordeste. Encontra-se também naárea de atuação da Sudam, pois faz parte daAmazônia Legal.

b) O pólo industrial de São Luís (MA) mantém rela-ções mais consistentes com a Amazônia do quecom o Nordeste, pois depende da eletricidadefornecida pela usina de Tucuruí e do eixo detransporte da E. F. Carajás.

8. a) O gráfico revela que a expansão demográficaacelerada de Manaus ocorreu nas décadas de1970 e 1980, quando a participação da cidadena população do estado do Amazonas saltou decerca de um terço para cerca de metade.

b) O fenômeno da expansão demográfica acele-rada de Manaus foi provocado pela criação daZona Franca de Manaus e pela conseqüenteimplantação de um pólo industrial modernona cidade.

9. O ecoturismo tem potencial para se firmar comoimportante atividade econômica na Amazônia,

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gerando renda e empregos e dinamizando umconjunto de atividades do setor terciário. Seufundamento é a preservação das paisagens e dosambientes da região.

10. As palafitas, que são favelas erguidas sobre rios ouigarapés, refletem o inchaço das cidades amazôni-cas e o caráter desordenado do crescimento urba-no na região. A Vila de Carajás é uma company-town, ou seja, um núcleo urbano planejado,erguido por uma empresa e destinado a abrigar amão-de-obra permanente empregada no projetomineral. As duas formas de urbanização derivamdos processos de modernização da economia ama-zônica, que se realiza sob o signo da exploraçãoempresarial dos recursos naturais e à margem dequalquer planejamento orientado para o desenvol-vimento sustentável.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. O mapa revela o processo histórico de apropria-ção de terras em Rondônia pela agricultura co-mercial que decorreu da frente pioneira constituí-da por migrantes, geralmente provenientes doCentro-Sul. O título do mapa é adequado, poissintetiza esse processo por meio do uso do con-ceito de fronteira agrícola.

2. A apropriação de terras em Rondônia pela agricul-tura comercial realizou-se, essencialmente, ao lon-go da rodovia Brasília-Acre, que figura como princi-pal eixo de transporte de produtos agrícolas para osmercados do Centro-Sul.

3. A proximidade, ou mesmo contigüidade, entre asáreas de colonização agrícola e as reservas indíge-nas é fonte de tensões fundiárias e de violência nocampo, envolvendo colonos e indígenas.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. Os dois textos abordam o extrativismo florestal, dis-cutindo-o em relação ao planejamento do desen-volvimento na Amazônia.

2. O autor do texto 1 expressa uma posição ferozmen-te contrária à noção de que o extrativismo possafuncionar como esteio para o desenvolvimentoamazônico. Ele considera que esse tipo de propostatraduz uma visão ingênua e idílica ou, de outro lado,os interesses empresariais “da poderosa indústriafarmacêutica internacional, dos grupos econômicosque trabalham com a biotecnologia, com a enge-nharia genética e a etnobiologia”.

3. A autora do texto 2, pelo contrário, defende a idéia deque o extrativismo possa funcionar como eixo de umredirecionamento da economia amazônica, baseadono conceito de desenvolvimento sustentável. Ela afir-ma que uma prioridade é “garantir o controle do aces-so aos recursos naturais por seus usuários, asseguran-do assim os direitos dos trabalhadores da floresta”, oque revela a visão de uma economia extrativista mo-derna, mas baseada na pequena produção local.

■ Capítulo 19Desigualdades sociais e pobreza

Revendo o capítulo

1. a) Os 20% mais ricos apropriavam-se, em 2000, de68% da renda total.

b) Os dados do gráfico evidenciam que a distribui-ção da renda no Brasil é extremamente desigual:o quinto mais rico da população concentra maisde dois terços da renda total enquanto os quatroquintos restantes não chegam a apropriar-se se-quer de um terço da renda total.

c) O padrão extremamente desigual de distribuição darenda nacional é uma das principais causas da po-breza de parcela significativa da população brasileira.

2. b.

3. Ainda que a incidência de pobreza seja maior nomeio rural, o número absoluto de pobres é maiornas cidades, devido ao elevado grau de urbanizaçãoda população brasileira.

4. a) João dos Santos Oliveira não coloca seu filho naescola porque depende da ajuda dele para reali-zar seu trabalho e porque não tem residência fixa,pois depende de serviços oferecidos esporadica-mente em cidades distintas.

b) A incidência do trabalho infantil é maior nas ativida-des agropecuárias porque muitas delas não exigemqualificação específica do trabalhador, tal comoacontece na grande maioria das atividades urbanas.

O capítulo no contexto

5. a) O Brasil pertence ao segundo grupo, formadopelos países nos quais a concentração da renda éa principal causa da pobreza.

b) Historicamente, a extrema concentração da rendano Brasil foi condicionada por estruturas sociaismarcadas por rígida estratificação de classes, he-rança da escravidão, e pela concentração da pro-priedade fundiária. Em meados do século XX, aconcentração de renda aprofundou-se em virtude

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dos processos combinados de urbanização e in-dustrialização, que provocaram uma nítida distin-ção entre os rendimentos dos trabalhadores urba-nos qualificados e não-qualificados.

6. d.

7. A Região Nordeste é a de maior incidência da pobre-za no Brasil, em conseqüência de suas estruturas eco-nômicas históricas, marcadas pelo contraste entre olatifúndio e o minifúndio e agravadas pelo processoexcludente de desenvolvimento industrial iniciado emmeados do século XX. A Região Sul, ao contrário, é ade menor incidência de pobreza, em virtude da for-mação de um mercado consumidor regional que seapoiou sobre uma estrutura agrária de pequenas pro-priedades familiares e uma industrialização largamen-te sustentada por capitais regionais.

8. O senador José Sarney sugere que, apesar de ser apon-tado pelas estatísticas nacionais e internacionais comoum dos estados mais miseráveis do Brasil, o Maranhãoostenta a maior igualdade social do país, já que quasemetade da população vive no campo em regime desubsistência. De acordo com ele, os indicadores sociaissó provam que a população do estado não é afetadapela “sedução do consumismo” típica das metrópo-les. Entretanto, as estatísticas mostram que, no Mara-nhão, a mortalidade entre crianças até um ano de ida-de, assim como o analfabetismo entre os maiores de15 anos, é significativamente superior à média nacio-nal. Isto significa que parcela expressiva da populaçãomaranhense morre por falta de cuidados básicos coma saúde das gestantes e dos recém-nascidos, e partedos que sobrevivem jamais irão aprender a ler ou aescrever. Considerando o discurso do senador, pareceque também os hospitais e as escolas atendem a ne-cessidades supérfluas, geradas pelo consumismo de-senfreado das populações urbanas...

9. O texto revela o mecanismo por meio do qual a po-pulação de baixa renda, que não tem acesso ao mer-cado imobiliário formal, é levada a ocupar áreas derisco ambiental ou interditadas pelo poder público.Este mecanismo é um dos principais responsáveispela degradação ambiental urbana, que acaba poratingir de maneira mais direta a população carenteque ocupa as encostas íngremes sujeitas ao desmo-ronamento, os fundos de vale sujeitos à inundaçãoe as margens de mananciais poluídos, que se trans-formam em focos de transmissão de doenças.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Os mapas não sustentam a conclusão de que hápouca diferença de renda per capita no interior decada unidade da federação. Eles mostram a renda

per capita média de brancos e negros no interior decada unidade da federação e, por isso, não autori-zam conclusões sobre a distribuição de renda nessesgrupos populacionais. Além disso, os mapas permi-tem concluir que existem fortes diferenças de rendaper capita média entre brancos e negros no interiorde cada unidade da federação.

2. Os mapas evidenciam a forte desigualdade de ren-da no Brasil, sob o ponto de vista regional e estadu-al. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e oDistrito Federal, apresentam níveis de renda per ca-pita superiores ao do restante do país, para brancose negros. O Sudeste e o Centro-Oeste apresentamníveis de renda per capita superiores aos do Norte eNordeste, para brancos e negros.

3. São Paulo e Rio de Janeiro situam-se na mais alta clas-se de renda per capita nos dois mapas, pois são asunidades da federação que concentram as maiores emais produtivas empresas dos setores Secundário eTerciário, funcionando como pólos da economia na-cional. O Distrito Federal situa-se na mais alta classede renda per capita nos dois mapas pois concentra amaior parte da burocracia de Estado, que dispõe desalários muito mais elevados que a média nacional.

4. Os mapas evidenciam que a renda per capita dosnegros é menor que a dos brancos, em média, emtodos os estados da Federação.

Eles também evidenciam que as desigualdades regio-nais de renda manifestam-se com intensidade simi-lar entre as populações branca e negra.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. De acordo com a autora do texto 1, não existe umarelação direta entre pobreza e violência; para ela, acriminalização da pobreza é antes fruto do precon-ceito do que da realidade social.

2. O autor do texto 2 argumenta que a proximidade físicaentre pobres e ricos na cidade do Rio de Janeiro é umproduto das múltiplas relações entre os dois grupos,posto que os pobres garantem sua sobrevivência pres-tando serviços aos ricos, que por sua vez garantem seuestilo de vida comprando os serviços dos pobres.

3. O texto 4 mostra como o poder público, ao removeruma favela situada em um local nobre do tecido urba-no, induziu a ocupação ilegal da terra, já que a indeni-zação paga aos moradores não foi suficiente para lhesgarantir acesso ao mercado imobiliário formal. Esteepisódio ilustra o argumento central do texto 3, deacordo com o qual a produção da ilegalidade é partedo mecanismo de desenvolvimento urbano brasileiro.

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■ Capítulo 20A questão fundiária

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) Na raiz desse fenômeno encontra-se a crise daagricultura familiar, que sofre os efeitos da con-corrência globalizada, da subordinação aos oligo-pólios industriais e agroindustriais e da sucção derecursos pelo sistema financeiro. Uma das razõesdessa crise é a redução dos subsídios agrícolas ve-rificada ao longo da década de 1990.

b) A crise da agricultura familiar gera êxodo rural, in-chaço das periferias urbanas e aumento da quan-tidade de trabalhadores sem terra no campo.

2. A tabela revela que as regiões Sudeste e Centro-Oeste exibem participação da agricultura familiar naprodução agrícola regional significativamente me-nor que as demais.Esse fenômeno resulta da difusão maior da agriculturapatronal empresarial no Sudeste e no Centro-Oeste.

3. a) A canção retrata o processo de êxodo rural quese desenrola aceleradamente no Brasil desde adécada de 1930.

b) A transferência de mão-de-obra da agropecuáriapara a indústria e os serviços é a causa principaldo êxodo rural. Essa transferência, em ritmo ace-lerado, está associada à modernização técnica daagropecuária e à concentração fundiária.

4. e. 5. d.

O capítulo no contexto

6. a) O texto esclarece como o apossamento de terrasna Primeira República contribuiu para acentuar aconcentração fundiária. Os posseiros-fazendeirosdispunham de recursos para assegurar o controlesobre as terras que ocupavam. Por outro lado, ospequenos posseiros, carentes desses recursos,acabavam perdendo a posse das terras.

b) A “fronteira aberta” funcionou como válvula deescape para as tensões sociais, ao possibilitar oestabelecimento dos trabalhadores pobres docampo em novas terras, como posseiros.

c) O padrão de expansão contínua da fronteira agrí-cola entrou em esgotamento na década de 1980.A fronteira agrícola, durante décadas, recebeuparte dos excedentes demográficos gerados pelamodernização agrícola. O “fechamento” dafronteira agrícola provoca aumento do êxodo ru-

ral e intensificação das tensões no campo e dosconflitos fundiários.

7. a) Grileiros são os agentes dos grandes proprietáriosfundiários que se dedicam a legalizar a proprieda-de sobre as terras apossadas ilegalmente. A falsifi-cação de títulos de propriedade da terra, pela viada corrupção de funcionários cartoriais, é um deseus principais instrumentos de atuação. Possei-ros são camponeses que detêm a posse real, masnão a propriedade legal da terra que cultivam.

b) Os métodos utilizados pelo MST são variados eabrangem a realização de acampamentos de tra-balhadores sem-terra às margens de rodovias, aocupação de terras reivindicadas para reformaagrária e manifestações públicas nas cidades.

8. O tamanho dos estabelecimentos rurais está relaci-onado às formas de uso da terra. A proporção deterras utilizadas para lavouras permanentes ou tem-porárias diminui dos pequenos para os grandes es-tabelecimentos. A parte das terras utilizadas parapastagens naturais ou plantadas é menor nos pe-quenos estabelecimentos e maior nos estabeleci-mentos médios. A proporção de terras com matasaumenta dos pequenos para os grandes estabeleci-mentos. O reflorestamento empresarial é o uso daterra característico dos grandes estabelecimentos.

9. a) A instalação de empresas de telecomunicações ealta tecnologia absorveu parcela significativa damão-de-obra não-especializada, gerando carên-cia de força de trabalho nas lavouras de café.

b) O relevo montanhoso da região limita as possibi-lidades de mecanização das lavouras. Por isso,dada a carência de mão-de-obra não-especializa-da, os fazendeiros de café recorrem ao antigo sis-tema da parceria.

c) A queda dos preços do café no mercado internacio-nal tende a suprimir os produtores menores, abrindocaminho para a aquisição dos sítios pelos fazendei-ros e provocando, portanto, concentração fundiária.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A elevada participação de estabelecimentos ruraiscom menos de 10 hectares no Maranhão, no Cearáe na Bahia reflete a sobrevivência de extensas áreasde agricultura tradicional, voltada essencialmentepara o autoconsumo, nesses estados. O binômio la-tifúndio-minifúndio, característico da agricultura tra-dicional no Brasil, continua a marcar a estrutura fun-diária da maior parte do Nordeste.

2. A elevada participação de estabelecimentos ruraiscom mais de 2.000 hectares no Mato Grosso e noMato Grosso do Sul reflete as formas de ocupaçãodo meio rural em grande parte do Centro-Oeste.

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Os latifúndios de pecuária extensiva continuam amarcar a paisagem regional, ao lado de extensas fa-zendas modernas de grãos, especialmente soja.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. O texto de João Pedro Stédile propõe a desapropri-ação de “todos os latifúndios existentes” e o esta-belecimento de “um tamanho máximo da proprie-dade da terra”. Essas propostas configuram umprojeto de mudança radical das estruturas fundiáriae agrária no Brasil, com a virtual extinção da grandeagricultura patronal.

2. O texto de José Eli da Veiga defende a agriculturafamiliar, pois ela tem alto potencial de geração deempregos e seu estímulo tem efeitos positivos sobreos padrões gerais de distribuição da renda nacional.

3. O texto de Francisco Graziano Neto critica a noçãode que os assentamentos de reforma agrária possamcontribuir para a redução do desemprego. Na sua vi-são, o desemprego se combate com a criação de em-pregos, não com a distribuição de terras, pois a imen-sa maioria dos desempregados não dispõe dos meiosfinanceiros, técnicos e intelectuais para sobrevivercomo agricultores na economia moderna.

4. João Pedro Stédile enxerga a reforma agrária comouma mudança estrutural na economia e na socieda-de brasileiras, que se expressaria na extinção da clas-se de grandes empresários rurais e na implantaçãode um modelo econômico autônomo em relação aomercado mundial. José Eli da Veiga interpreta a re-forma agrária como um processo de reformas desti-nado a amenizar a pressão migratória sobre as cida-des e melhorar a distribuição de renda. FranciscoGraziano Neto não vê a necessidade histórica demudanças provocadas pelo governo e pela legisla-ção nas estruturas de propriedade da terra.

PARTE 3Geografia e geopolítica

da globalização

UNIDADE 6

O espaço da globalização

■ Capítulo 21Os fluxos da economia global

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. O capitalismo industrial estruturou, na segunda me-tade do século XIX, uma divisão internacional do tra-balho baseada no intercâmbio de produtos industri-ais da Europa e dos Estados Unidos por gênerostropicais e matérias-primas do resto do mundo. Énessa moldura que se registra a expansão aceleradada produção de gêneros tropicais de exportação naAmérica Latina, Ásia e África.

2. c.

3. e.

4. A aceleração do processo de centralização de capi-tais, na década de 1990, foi impulsionada pelo acir-ramento da concorrência em escala global, em vir-tude da tendência à liberalização dos mercadosnacionais. Além disso, foi estimulada pelos vultososinvestimentos em pesquisa, marketing e comerciali-zação exigidos pela concorrência globalizada.

5. a) O intercâmbio internacional de mercadorias tem,como eixos principais, os fluxos de comércio en-tre os Estados Unidos, a Europa Ocidental, a Ásiaoriental e o Japão.

b) As trocas comerciais entre os países subdesen-volvidos são pouco significativas, em primeirolugar, em função das próprias dimensões daseconomias e dos mercados desses países, quelimitam sua capacidade de exportar e importar.Em segundo lugar, são pouco significativas de-vido à composição das exportações da maiorparte dos países subdesenvolvidos: os princi-pais mercados consumidores de gêneros agrí-colas tropicais e matérias-primas são os paísesdesenvolvidos.

6. Investimentos produtivos são fluxos de capitais des-tinados à implantação de unidades de produção oucomercialização de bens ou serviços nos países re-ceptores. Investimentos financeiros são fluxos decapitais destinados aos mercados financeiros de tí-tulos ou ações dos países receptores.

O capítulo no contexto

7. a) O sonho de Gerstacker revela a utopia ultralibe-ral de uma economia de mercado sem nenhumaregulação ou interferência estatal. Nessa situaçãoutópica, as empresas transnacionais poderiam,sem qualquer empecilho, aproveitar-se plena-mente das diferenças de recursos naturais e hu-manos entre as várias áreas do mundo de modoa maximizar seus lucros.

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b) As empresas transnacionais não funcionam, real-mente, como “ilhas sem pátria”. Elas têm sedeem determinado país, onde geralmente mantêma maior parte de seu patrimônio e recrutam seusprincipais executivos. Em muitos casos, essas em-presas mantêm estreitas relações com o governodo país onde fica sua sede.

8. Centralização de capital é o processo de expansãodos recursos controlados por um grupo empresarialpor meio de fusões com outros grupos ou aquisi-ções de outras empresas. O conglomerado suíçoNestlé ilustra esse processo. Por meio de inúmerasaquisições, retratadas na figura, configurou-se oatual conglomerado mundial.

9. a) As maiores dívidas externas do mundo são as doBrasil, da Rússia, do México, da China, da Indo-nésia e da Argentina.

b) Os desembolsos anuais com juros e taxas de ris-co funcionam como sorvedouro de recursos emmoedas fortes conseguidos através das exporta-ções de mercadorias. O chamado “serviço da dí-vida” absorve, em alguns países devedores, par-cela significativa das divisas obtidas com asexportações. Ele impõe a necessidade de essespaíses alcançarem elevados saldos comerciais po-sitivos ou de atrair capitais financeiros de curtoprazo, através da manutenção de altas taxas dejuros internos. Assim, a dívida externa orienta aseconomias dos grandes devedores, reproduzindoa dependência financeira.

10. No contexto da revolução tecnocientífica e informa-cional, desenvolvimento é o controle sobre imensosvolumes de capital e sobre as tecnologias que dinami-zam as indústrias de ponta. A magnitude dos investi-mentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico éum importante indício do grau de desenvolvimentodas economias nacionais. Os países subdesenvolvi-dos, carentes de capital, dependem de fluxos de ca-pitais externos e das tecnologias controladas por em-presas estrangeiras.

11. Nova York é uma das principais cidades mundiais,ou cidades globais, do planeta em grande parte de-vido ao papel que desempenha como centro finan-ceiro mundial. Como revela a tabela, as empresasfinanceiras sediadas em Nova York possuem ativosmuito superiores aos ativos somados das empresasfinanceiras sediadas nos demais centros de finançasdos Estados Unidos.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Cidades mundiais são os centros onde se situam assedes das corporações transnacionais, as bolsas de

valores, as grandes companhias de comércio exteri-or, as principais empresas de serviços jurídicos e fi-nanceiros internacionais e as organizações multila-terais como a ONU, o FMI e o Banco Mundial.Nessas cidades são tomadas decisões capazes deafetar a organização de territórios em escala macror-regional, continental ou mundial.

2. As cidades mundiais, devido às funções que de-sempenham na economia internacional, são pó-los de fluxos de tráfego aéreo muito intensos, poiselas figuram como destinos privilegiados das via-gens de negócios.

3. O mapa mostra que Nova York, Londres e Tóquio,as mais importantes cidades mundiais, são os maio-res pólos de fluxos de tráfego aéreo no mundo.

4. A África abriga apenas dois pólos destacados de trá-fego aéreo: Cairo, no Egito, e Johannesburgo, naÁfrica do Sul. A comparação com os outros conti-nentes revela que a África está fracamente conecta-da à economia global.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Durante o primeiro ciclo, nos anos 1970, os chama-dos “petrodólares” foram reciclados através dosgrandes bancos privados internacionais, ampliandobrutalmente a oferta de capitais de empréstimo.Durante o segundo ciclo, nos anos 1980 e 1990, osmercados de capitais desregulamentados funciona-ram como veículos para os investimentos financei-ros nos países subdesenvolvidos.

2. Os capitais gerados pelos “choques de preços” dopetróleo, nos anos 1970, foram a base financeirados empréstimos bancários aos países subdesenvol-vidos. Esses empréstimos ampliaram brutalmente asdívidas externas dos países asiáticos, latino-ameri-canos, africanos e do Leste europeu.

3. A chamada “crise das dívidas externas” foi defla-grada pela elevação dos juros nos Estados Unidos,no início da década de 1980. Os altos juros norte-americanos repercutiram sobre os juros internacio-nais, ampliando o estoque das dívidas dos paísessubdesenvolvidos.

4. A globalização dos mercados financeiros não teriasido possível sem a “revolução da informação”. Aevolução das telecomunicações e da informáticagerou os meios técnicos para a integração dos mer-cados financeiros nacionais e para a intensificaçãodos fluxos globais de capitais financeiros.

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■ Capítulo 22Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano”

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. A mensagem de James Monroe ao Congressodefiniu a orientação geral de política externa dosEstados Unidos até, pelo menos, a Primeira Guer-ra Mundial. Seu sentido estratégico foi estabele-cer uma distinção entre a política européia e apolítica americana. Os Estados Unidos afirmavamsua oposição à interferência das potências euro-péias nas Américas e, implicitamente, apresenta-vam-se como a grande potência do “HemisférioAmericano”.

2. O expansionismo dos Estados Unidos foi justifica-do como base no ideário do Destino Manifesto.De acordo com ele, o povo norte-americano ti-nha sido selecionado pela providência divina paraocupar a enorme área entre os oceanos Atlânticoe Pacífico, que seriam as “fronteiras naturais” doseu território. O Destino Manifesto funcionoucomo justificativa para a incorporação de territó-rios coloniais britânicos, franceses e espanhóis naAmérica do Norte aos Estados Unidos. Mais tar-de, funcionou como justificativa para a projeçãoda influência norte-americana na América Centrale no Caribe.

3. d.

4. As leis de segregação racial, de um lado, e a ex-pansão industrial do Nordeste e dos Grandes La-gos, de outro, provocaram o prolongado movi-mento migratório de negros do sul para oManufacturing Belt, desde o início do século XXaté a década de 1970.

5. a.

O capítulo no contexto

6. a) A fronteira política não é um fato natural, poissempre resulta de decisões humanas, adotadaspelos Estados.

b) No Destino Manifesto, a doutrina das frontei-ras naturais funcionava como justificativa parao processo de expansão territorial dos EstadosUnidos. Nessa moldura, o rio Mississipi, pri-meiro, e o Oceano Pacífico, depois, foram de-clarados “fronteiras naturais” da nação nor-te-americana.

7. a)

Fonte: U.S. Census Bureau. Disponível em: <www.census.gov>.Acesso em 7 dez. 2004.

b) O gráfico revela que a parcela da população nor-te-americana nascida no exterior aumentou semcessar entre 1850 e 1910, passando de 9,7% para14,7%, mas experimentou redução no período se-guinte, até atingir apenas 4,7% em 1970.Depois, voltou a crescer, atingindo 11,1% no ano2000. Essas informações refletem as oscilações his-tóricas na imigração para os Estados Unidos. Asgrandes ondas de imigração européia, de meadosdo século XIX até o início do século XX, foram res-ponsáveis pelo ciclo de crescimento da parcela dapopulação norte-americana nascida no exterior.As restrições à imigração, nas décadas seguintes,provocaram o declínio registrado nos dados de1940 e 1970. Nas últimas décadas, a forte ondaimigratória constituída por latino-americanos e asi-áticos gerou um aumento muito significativo daparcela de população norte-americana nascida noexterior que aparece no dado de 2000.

8. a) Atualmente, os principais grupos de imigrantesque se estabelecem nos Estados Unidos são lati-no-americanos (com destaque para os mexica-nos) e asiáticos.

b) A explicação de Victor Trevino evidencia que osgrandes fluxos migratórios da América Latina paraos Estados Unidos refletem os níveis salariais mui-to mais altos vigentes nesse país.

9. O gráfico revela que, há décadas, as importações me-xicanas originam-se predominantemente dos EstadosUnidos e do Canadá. Entre 1980 e 2000, esse predo-mínio aumentou ainda mais, de forma que a AméricaAnglo-Saxônica tornou-se responsável por três quar-tos das importações mexicanas. O Tratado do Naftaexplica esse crescimento da participação dos EstadosUnidos e do Canadá nas importações mexicanas.

10. a) A tabela mostra que, no período 1980-2000, aAmérica Latina aumentou bastante sua partici-pação nas importações da Argentina e do Brasil.A União Européia e os Estados Unidos perderam

Estados Unidos: população nascida no exterior (%)

0

3

6

9

12

15

1850 1880 1910 1940 1970 2000

%

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participação nas importações da Argentina. AUnião Européia e os Estados Unidos aumenta-ram discretamente suas participações nas impor-tações do Brasil.

b) A implementação da Alca provavelmente provo-caria um aumento significativo da participação dosEstados Unidos nas importações das duas maioreseconomias do Cone Sul, à custa da participaçãoda União Européia. Isso porque ocorreria a redu-ção ou a eliminação de tarifas de importação deprodutos norte-americanos, o que aumentaria suacompetitividade frente aos produtos europeus.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. O mapa representa os principais eixos de entradade imigrantes mexicanos nos Estados Unidos e asáreas de origem e destino desses imigrantes.

2. O Sudoeste dos Estados Unidos configura uma faixade fronteira cultural, pois a população de origem me-xicana representa quase um quinto da população to-tal dos estados dessa parte do país. Isso significa quea língua espanhola e a cultura mexicana em geralmarcam fortemente essa região norte-americana.

3. O fenômeno representado no mapa esclarece umdos motivos principais da decisão norte-americanade criar o Nafta. O Acordo de Livre Comércio foiimaginado como um instrumento de integraçãomais forte entre as economias dos dois países, demodo a gerar empregos no México e reduzir aspressões migratórias em direção aos Estados Unidos.

4. A caracterização do fenômeno como uma “reo-cupação” territorial remete à anexação, pelosEstados Unidos, da área que forma seu atual Su-doeste, em meados do século XIX. Mas essa ca-racterização não é adequada, pois a significativapresença de populações de origem mexicana emnada altera a soberania norte-americana nessaparte dos Estados Unidos.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Com a Guerra de Secessão, a burguesia industrial efinanceira do Nordeste dos Estados Unidos estabele-ceu sua supremacia política e econômica sobre todo opaís. As políticas que essa burguesia impôs favorece-ram o crescimento industrial do Nordeste e dos Gran-des Lagos, o que configurou o Manufacturing Belt.

2. O desenvolvimento do Sun Belt foi estimulado pormeio de políticas públicas federais, como os investimen-

tos do New Deal em infra-estruturas nos estados doSul, na década de 1930, e a descentralização estratégi-ca da indústria bélica rumo ao Oeste, no pós-guerra.

3. No pós-guerra, a força dos sindicatos reduziu-sesem cessar em função do declínio da participaçãoda indústria no emprego total e das tendências dedesconcentração espacial da indústria, que reduzi-ram o predomínio das antigas concentrações indus-triais do Manufacturing Belt, onde se situam as prin-cipais organizações sindicais do país.

4. As cidades do Nordeste conservam importante podereconômico e político porque funcionam como cen-tros financeiros ou sedes das grandes corporaçõesempresariais dos setores industrial e de serviços.

■ Capítulo 23União Européia e CEI

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) Mercado comum é o bloco econômico caracteri-zado pela livre circulação de bens, pessoas e ca-pitais. Na união econômica e monetária, alémdessas características, os Estados partilham umamoeda comum, emitida por um banco centralcomunitário.

b) Tratado da CECA (1951), Tratado de Roma(1957), Tratado de Maastricht (1992).

2. a) Jean Monnet usava a expressão “Estados Unidosda Europa” para fazer referência ao processocontínuo de fusão de soberanias que conduziriaa uma Europa federal.

b) O euro não está transformando a União Européianum super-Estado, pois os Estados nacionais con-tinuam controlando, soberanamente, suas forçasarmadas e conservam constituições próprias.

3. e. 4. a. 5. d.

O capítulo no contexto6. a) A CECA representou uma resposta política ade-

quada ao rearmamento da Alemanha Ocidental,pois estabeleceu uma aliança estrutural entre elae a França, ao colocar o controle sobre a estraté-gica indústria siderúrgica nas mãos de uma auto-ridade comunitária supranacional.

b) A união econômica e monetária representou umaresposta política adequada à reunificação alemã, poisreafirmou e consolidou a aliança estrutural entre a

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Alemanha Ocidental e a França, ao colocar o con-trole sobre a moeda e a política monetária nas mãosde um banco central comunitário supranacional.

7. a) A faixa de custos mais elevados compreende Ale-manha, Suécia, Grã-Bretanha, França e Itália. Afaixa de custos intermediários compreende Espa-nha, Grécia e Portugal. A faixa de custos maisbaixos compreende Polônia, República Tcheca,Hungria e Eslováquia.

b) Essas diferenças têm origem histórica. Na faixade custos mais elevados encontram-se as potên-cias econômicas industriais. Na faixa de custosintermediários encontram-se os países da Euro-pa mediterrânica que conservam áreas econô-micas significativas baseadas na agropecuáriatradicional. Os países com custos menores sãointegrantes recentes do bloco europeu, cujaseconomias transitaram há poucos anos para osistema de livre mercado, abandonando o mo-delo de planificação central adotado durante aGuerra Fria.

8. a) Do ponto de vista geopolítico, o Magreb é cons-tituído pelo Marrocos, Argélia e Tunísia, paísesda África do Norte que foram colônias francesas.Do ponto de vista cultural, é constituído por soci-edades árabes e muçulmanas.

b) Esse fluxo migratório decorre das profundas de-sigualdades de renda e de salários que separam aFrança do Magreb.

c) Esse fluxo migratório decorre da afinidade lin-güística, pois a colonização francesa difundiu ofrancês entre parcelas significativas da populaçãourbana do Magreb.

9. d.

10. A indústria na área da Comunidade de Estados In-dependentes organizou-se essencialmente no qua-dro da União Soviética, sob o sistema de planifica-ção econômica central. Essa planificação orientou-sepelo imperativo estratégico da descentralização in-dustrial e favoreceu a formação de grandes aglo-merações de indústrias pesadas nas proximidades deimportantes jazidas minerais.

11. A Chechênia, como outras repúblicas russas da re-gião do Cáucaso, é habitada majoritariamente pormuçulmanos. A bandeira da independência da Che-chênia expressa, ao menos em parte, a oposição delideranças políticas regionais ao poder russo, que éidentificado com o cristianismo.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A Rússia européia exibe, de modo geral, densidadesdemográficas muito mais altas que a Rússia asiática.

Na Rússia européia encontra-se também a maiorparte das grandes cidades do país.

2. O corredor de densidades demográficas maioresque se estende de Moscou a Novosibirsk e depoisprossegue, em trechos de densidades médias, até oOceano Pacífico, corresponde à faixa sob a influên-cia da Ferrovia Transiberiana. Ao longo da ferrovia,implantaram-se pólos industriais e surgiram impor-tantes centros urbanos.

3. As baixas densidades demográficas que dominam aRússia setentrional refletem as condições climáticase ecológicas da zona subártica. O frio intenso, ocongelamento sazonal dos rios e mares e a camadade permafrost que limita o uso agrícola dos solosexplicam o fraco povoamento dessa zona.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Os eventos discutidos desenrolam-se na passagementre as décadas de 1940 e 1950. Ao tratar da “Ale-manha”, Monnet refere-se à RFA, criada em 1949.

2. As reservas de carvão e a siderurgia da faixa de fron-teira entre Alemanha e França contribuíram paraaprofundar os conflitos históricos entre os dois paí-ses pelo controle do Ruhr, da Alsácia e da Lorena.

3. Os Estados Unidos e o Reino Unido favoreceram arecuperação da economia industrial alemã pois,com o início da Guerra Fria, a RFA tornava-se umaliado crucial no interior do bloco ocidental. Essefoi o motivo decisivo para a aplicação do PlanoMarshall à RFA.

4. A solução elaborada por Monnet para “o problemada soberania” foi o tratado da CECA, que criavauma autoridade comunitária supranacional com a fi-nalidade de exercer o controle sobre a exploraçãodos minérios siderúrgicos e sobre a indústria do aço.O Tratado da CECA representou o embrião do Mer-cado Comum Europeu.

5. O carvão e o aço desempenhavam um papel signifi-cativo nas relações internacionais, pois a siderurgiaera considerada, na época, uma indústria estratégi-ca. Além de fornecer bens intermediários a outrasindústrias, ela também fornecia o aço usado em tan-ques, blindados, navios militares e canhões.

6. A solução européia aos problemas da nova conjuntu-ra foi a união econômica e monetária. O método deMonnet voltou a ser utilizado: a fusão de soberaniasnum campo estratégico como instrumento de solda-gem da aliança política entre os Estados europeus.

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■ Capítulo 24A Bacia do Pacífico

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. c. 2. a.

3. a) A expressão “toyotismo” identifica um sistemade trabalho flexível, baseado em pequenas equi-pes de operários, na radical redução de estoquespor meio de sofisticadas técnicas de logística e naextensão da automação produtiva.

b) O “fordismo” surgiu no início do século XX, en-quanto o “toyotismo” foi elaborado a partir da dé-cada de 1970, associando-se à revolução tecnoci-entífica. No “fordismo”, a mão-de-obra organiza-sede modo rígido, segundo a lógica das linhas de mon-tagem e a produção é padronizada e serializada. No“toyotismo” a automação domina os processos pro-dutivos e as mercadorias são customizadas.

4. O modelo de plataforma de exportação baseia-se empolíticas públicas destinadas a ampliar as exportaçõesde bens manufaturados. A manutenção de uma taxade câmbio subvalorizada assegura a competitividadedos produtos de exportação no mercado mundial. Oinvestimento em educação técnica garante a ofertade mão-de-obra qualificada. Ao mesmo tempo, a le-gislação trabalhista assegura às empresas que os cus-tos de contratação de mão-de-obra permaneçam re-lativamente baixos. Nesse modelo, as demandas domercado mundial, não as do mercado interno, orien-tam os investimentos e o crescimento econômico.

5. c.

O capítulo no contexto

6. a) O Estado japonês que emergiu da RestauraçãoMeiji era militarista e expansionista. A terrível der-rota na Segunda Guerra Mundial, concluída pelosbombardeios nucleares, provocou uma reinvençãopolítica do Japão. Essa reinvenção expressou-se naConstituição pacifista adotada no pós-guerra.

b) O Japão não construiu seu próprio arsenal nucle-ar devido à proibição constitucional, à amplaoposição da opinião pública interna e ao acordode defesa militar firmado com os Estados Unidosno pós-guerra.

7. a) Os gráficos revelam que os Estados Unidos são omaior cliente do Japão, da China e da Coréia doSul, adquirindo entre um quinto e um quarto desuas exportações.

b) Os gráficos revelam a grande importância dosfluxos de comércio intra-asiáticos, principalmen-te nos casos da China e da Coréia do Sul, mastambém no caso do Japão. Eles evidenciam queesses fluxos, tomados em conjunto, são maioresque os fluxos com os Estados Unidos e muitomaiores que os fluxos com a União Européia.

8. a) Hong Kong e Cingapura são cidades-Estado, exi-bindo áreas e populações muito menores que asdos demais NPIs.

b) A Indonésia é o mais populoso entre os NPIs, etambém o mais pobre, o que se evidencia por seuPIB per capita, significativamente menor que osdos demais países.

c) O setor da eletrônica e informática desempe-nha um papel crucial na indústria dos NPIs enas suas relações com a economia global. Umaparcela significativa dos investimentos em ele-trônica e informática provém do Japão. A mai-or parte da produção destina-se ao mercadodos Estados Unidos.

9. a)

1995 2000

Hong Kong 54,5 39,0

Taiwan 8,5 5,6

Cingapura 5,1 5,4

Japão 8,2 7,1

Coréia do Sul 2,7 3,7

Total Bacia do Pacífico 79,0 60,8

Estados Unidos 8,2 10,8

Reino Unido 2,4 2,9

Alemanha 1,1 2,4

Outros 9,3 23,1

Total geral 100,0 100,0

Fonte: Statistical Yearbook of China, 2002. Disponível em:<www.stats.gov.cn>. Acesso em: 12 jun. 2004.

Fontes dos investimentosexternos diretos na China (%)

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b) Entre 1995 e 2000, a participação dos países daBacia do Pacífico nos investimentos externos naChina diminuiu significativamente, em virtude,sobretudo, da queda da participação dos investi-mentos oriundos de Hong Kong. Assim, emboraa Bacia do Pacífico e, em particular Hong Kong,tenha conservado a posição de fonte da maiorparte dos investimentos externos, a China tor-nou-se um destino de investimentos diretos pro-venientes do mundo inteiro.

c) As empresas e os investidores da Bacia do Pacífi-co desempenharam um papel decisivo na aber-tura da economia chinesa, como revelam os da-dos da tabela. Uma parcela significativa dessesinvestidores tem origem chinesa e atuam a partirde Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Coréia do Sulou Malásia.

10. A China e os “Tigres Asiáticos” figuram comograndes potências comerciais, pois suas arrancadasindustriais realizaram-se na moldura da globaliza-ção e suas políticas econômicas priorizaram as in-dústrias exportadoras, não a produção para osmercados internos.

11. a) O Xinjang-Uigur é habitado majoritariamentepor muçulmanos de origem turcomena. As po-líticas de estímulo às migrações de chinesesétnicos, conduzidas por Pequim, destinam-sea soldar a região ao restante da China, evitan-do o crescimento das pressões autonomistas eseparatistas.

b) O Xinjang-Uigur se localiza na passagem entre aChina e a Ásia Central. Culturalmente, separa acivilização chinesa dos povos muçulmanos daÁsia Central. Economicamente, essa passagem éimportante devido aos vastos depósitos de gásnatural e petróleo da bacia do mar Cáspio.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A escolha das cores usadas no mapa obedece aoscritérios de clareza e boa leitura. Os tons mais escu-ros identificam as zonas onde o fenômeno repre-sentado (produto por habitante) é mais intenso. Ostons mais claros identificam as zonas onde o fenô-meno representado é menos intenso.

2. As grandes disparidades espaciais dos valores doproduto por habitante refletem a importância desi-gual da indústria no território chinês. A industriali-zação concentrou-se nas províncias litorâneas, ge-rando empregos de maior remuneração eestimulando o comércio e os serviços. No interior,predominam largamente as atividades agrícolas.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. A conclusão inicial não é referendada pelo resto dotexto. Ao contrário, a análise mais refinada dos da-dos mostra que, com a globalização, apenas algunspoucos países subdesenvolvidos ampliaram sua par-ticipação no comércio mundial.

2. Os países asiáticos responsáveis por esse crescimen-to são a China e os NPIs.

3. A expansão da participação do México no comérciomundial decorreu praticamente do salto do seu co-mércio com os Estados Unidos e o Canadá, provo-cado pela criação do Nafta. A China e os NPIs per-correram trajetória diferente, em função daexpansão do comércio intra-asiático. Assim, ao con-trário do México, uma parcela significativa da ex-pansão da participação desses países no comérciomundial refletiu o crescimento do intercâmbio comoutros países subdesenvolvidos.

4. No início de sua arrancada industrial, os NPIs gra-vitavam em torno do mercado consumidor dos Es-tados Unidos e dependiam de importações de má-quinas e equipamentos do Japão. Eles funcionavamcomo nexos na rede global da microeletrônica einformática que liga os Estados Unidos ao Japão.Hoje, porém, os NPIs estão muito mais integra-dos a uma densa rede intra-asiática de comércio einvestimentos.

5. “O dínamo chinês está integrando o mercado asiáti-co”, pois a China tornou-se uma potência comercial eo principal destino dos investimentos internacionais.Essas mudanças provocaram forte crescimento das re-lações econômicas entre o Japão, os NPIs e a China.

6. O texto procura responder a questão a partir deuma ampla perspectiva histórica. Levando emconta o passado e a demografia, o texto sugereque a expansão econômica chinesa pode aindapercorrer um longo caminho, aumentando bas-tante sua participação na produção e na riquezaglobais.

UNIDADE 7

A fronteira Norte/Sul

■ Capítulo 25Periferias da globalização

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ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. c.

2. e.

3. O Brasil é um país subdesenvolvido industrializado,com maioria de população urbana. Sua estrutura se-torial da PEA revela que a modernização das ativi-dades agrícolas ainda não se completou. A Índia éum país subdesenvolvido com maioria de popula-ção no meio rural, cuja economia depende forte-mente das atividades agrícolas. O Japão é um paísdesenvolvido que apresenta estrutura setorial daPEA típica das potências pós-industriais.

4. a) O IDH foi criado pela ONU para servir como re-ferência comparativa das condições de vida daspopulações do mundo.

b) O IDH baseia-se em três grandes indicadores, aosquais são atribuídos pesos iguais: a expectativade vida; o nível de instrução, representado pelataxa de alfabetização de adultos e pela taxa deescolarização; e o PIB per capita.

c) O PIB per capita é a divisão da riqueza nacionalpela população. O resultado é uma fração ideal,que não leva em conta que grande parte da ri-queza nacional é capital empresarial e que há for-tes desigualdades na distribuição da renda famili-ar. O IDH procura corrigir essas distorções, pelaadição de indicadores vitais e sociais.

5. Essas informações evidenciam que, ao contrário daÁsia meridional, a Ásia oriental percorreu uma traje-tória de crescimento econômico que provocou umaforte redução da pobreza absoluta e a melhoria realdas condições de vida das populações.

6. d.

O capítulo no contexto

7. a) O sistema de agricultura de trabalho intensivo,que organiza o cultivo do arroz na Ásia meridio-nal, assenta-se na grande utilização de força detrabalho e na fraca aplicação de capital. Nas pla-nícies e vales dominados pelo cultivo de subsis-tência do arroz, as altas densidades de populaçãorural determinaram um excessivo parcelamentoda terra. A criação de gado nunca se desenvol-veu como atividade independente, pois as pasta-gens são escassas. A enorme população rural temde sobreviver exclusivamente com os rendimen-tos agrícolas proporcionados pela quantidade li-mitada de terras disponíveis.

b) A divisão do trabalho e o comércio entre o cam-po e a cidade conheceram um desenvolvimento

muito pequeno, em função da pobreza da popu-lação rural. Em conseqüência, a urbanização e aindustrialização desenvolveram-se de modo mui-to limitado.

8. a) O gráfico evidencia que o IDH nem sempreacompanha o PIB per capita. Nos casos do Pa-quistão e da Jamaica, não há grandes disparida-des entre os dois indicadores. Porém, nos casosdo Vietnã e do Marrocos há: o primeiro apresen-ta PIB per capita muito baixo, mas IDH interme-diário; o segundo, apresenta PIB per capita supe-rior à média, mas IDH inferior à média.

b) Provavelmente, essas discrepâncias refletem amaior ou menor desigualdade na distribuição darenda familiar e a maior ou menor difusão dosserviços públicos de saúde e educação.

9. a) Nos países desenvolvidos, a participação da ali-mentação nos gastos familiares é pequena, en-quanto nos países subdesenvolvidos esse item res-ponde pela maior parcela dos gastos familiares.

b) As diferenças refletem as desigualdades na rendadas famílias. Nos países subdesenvolvidos, a ren-da média reduzida das famílias é consumida prin-cipalmente nos itens de primeira necessidade.Nos países desenvolvidos, as famílias têm rendadisponível para consumo mais diversificado.

10. a) As crises agudas de fome não se confundem coma subalimentação crônica. A fome aberta derivada indisponibilidade absoluta de alimentos. A su-balimentação não deriva da falta de comida, masda carência de renda. A escassa renda disponívelé direcionada para necessidades inadiáveis, comoa aquisição de remédios, roupas, moradia outransporte para o trabalho.

b) As crises de fome na África Subsaariana coinci-dem, de modo geral, com grandes secas ou inun-dações, ou ainda com guerras civis. Mas, por trásdelas, existem fatores estruturais responsáveispela miséria permanente de imensas parcelas dapopulação africana: a combinação de elevadastaxas de incremento populacional com a retraçãoconjunta do valor das exportações agrícolas eminerais e da produção de alimentos para o mer-cado interno.

11. A análise da pirâmide etária demonstra o impactoavassalador da Aids na estrutura de idades da po-pulação de Botsuana. A epidemia reduziu dramati-camente a expectativa de vida e diminuiu significa-tivamente a proporção de adultos em idadereprodutiva. No final da década, a estrutura etáriaexibirá predomínio de populações nas faixas entre15 e 30 anos.

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TRABALHANDO COM MAPAS

O fenômeno da pobreza absoluta apresentouevoluções divergentes nas diversas regiões do mundosubdesenvolvido. A quantidade de pessoas que vivemcom menos de US$ 1 por dia foi radicalmente reduzi-da na Ásia Oriental e Pacífico, o que é um reflexo dosefeitos positivos do crescimento econômico da Chinae de vários outros países da região sobre as condiçõesde vida da população pobre. Na Ásia do Sul a quanti-dade de pessoas que vivem com menos de US$ 1 pordia reduziu-se muito pouco. Uma redução proporcio-nalmente maior verificou-se na América Latina e Ca-ribe. Contudo, na África Subsaariana ocorreu forteaumento da quantidade de pessoas que vivem commenos de US$ 1 por dia, como reflexo da combinaçãoentre fraco crescimento econômico e elevadas taxasde incremento demográfico.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. O fato de Botsuana apresentar a maior taxa de pre-valência do HIV no mundo é paradoxal, pois o paísnão está entre os mais pobres da África Subsaarianae apresenta um sistema político estável. Esse para-doxo explica-se, de acordo com o texto, pela eleva-da mobilidade espacial da população do país e pelaimportância singular dos fluxos de trabalhadorestemporários empregados na mineração na África doSul. Essas condições foram particularmente favorá-veis à difusão do HIV e ao desenvolvimento da epi-demia de Aids.

2. As minas de ouro sul-africanas do Witwatersrandsão o foco de migrações regionais de trabalhado-res de toda a África austral. Na área das minas, apromiscuidade sexual e o uso irregular de preser-vativos geraram condições propícias à prevalênciado HIV. As migrações de retorno dos trabalhado-res das minas difundiram a infecção em vários paí-ses da África austral.

3. A crise da estrutura familiar expressa-se na difusãoda prostituição aberta ou oculta, como estratégia desobrevivência de parte da população feminina. Es-sas condições propiciaram a difusão acelerada daAids na África austral.

4. A difusão acelerada da Aids na África austral apro-funda a crise da estrutura familiar, pois produz fa-mílias constituídas por adolescentes e crianças órfãos,alguns dos quais infectados desde o nascimento. Es-ses adolescentes e crianças ficam aos cuidados deseus avós.

5. As iniciativas destinadas a elevar o estatuto social dasmulheres são elementos decisivos nas estratégias decombate à epidemia de Aids na África Subsaariana etambém em outros lugares do mundo. O acesso àeducação e a possibilidade de conquista de indepen-dência financeira reduzem a prostituição feminina eaumentam as chances de que as mulheres exijam deseus parceiros sexuais o uso de preservativo.

■ Capítulo 26A transição demográfica

Revendo o capítulo

1. A teoria malthusiana, surgida no contexto da tran-sição demográfica da maioria dos países europeus,naturaliza a dinâmica demográfica das sociedadese argumenta que a miséria e as doenças são meca-nismos naturais de controle do crescimento da es-pécie humana. A teoria neomalthusiana, que come-çou a ser difundida quando a transição demográficaimpulsionava o crescimento da população dospaíses subdesenvolvidos, defende que a pobrezaé resultante das elevadas taxas de incrementodemográfico.

2. O gráfico destaca o elevado incremento popula-cional dos países subdesenvolvidos desde meadosdo século XX, em contraste com o incremento po-pulacional moderado que marca os países desen-volvidos no mesmo período. Esta desigualdade éfruto da queda generalizada da mortalidade queteve início nos países subdesenvolvidos nas déca-das que se seguiram à Segunda Guerra Mundial,devido ao fenômeno conhecido como “RevoluçãoMédico-Sanitária”.

3. As migrações da África do Norte para a Europa oci-dental e de diversos países do Oriente Médio para oGolfo Pérsico evidenciam a importância da proximi-dade nos fluxos migratórios internacionais.

4. A queda da mortalidade infantil no período assina-lado deve-se principalmente aos diversos programasde saúde da família implementados pelo Estado, aoaumento da cobertura vacinal entre as crianças bra-sileiras e aos programas de combate à subnutriçãoinfantil financiados por entidades civis.

5. As pirâmides revelam a redução da natalidade e oaumento da expectativa de vida que ocorreram noBrasil entre 1970 e 2000.

O capítulo no contexto

6. De acordo com Thomas R. Malthus, a natureza im-põe as leis que conservam as populações dentro de

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limites prescritos, negando-lhes o espaço e o ali-mento necessários ao crescimento ilimitado. Nocaso da humanidade, estas leis naturais se traduzi-riam na existência de miseráveis, aos quais a natu-reza nega a satisfação das necessidades básicas.Este raciocínio contesta a importância da cultura eda história como condicionantes de todas as ativi-dades humanas, inclusive aquelas que dizem res-peito à procriação.

7. O mapa revela que os países subdesenvolvidos vi-vem em momentos diferentes da transição demo-gráfica. Na América Latina, por exemplo, devidoà urbanização, as taxas de natalidade apresentamsinais de decréscimo já há algumas décadas e atransição demográfica se encontra em sua segun-da fase; na África Subsaariana a tendência de de-clínio da natalidade só começou a se manifestarna década de 1990, as taxas de crescimento na-tural da população continuam sendo as mais ele-vadas do planeta, e a transição demográfica ain-da não completou sua primeira fase. Assim, nãoexiste uma dinâmica demográfica comum aomundo subdesenvolvido.

8. a) Os gráficos revelam que a taxa de fecundidade ea taxa de mortalidade infantil diminuem sensivel-mente conforme aumentam os anos de estudodas mulheres e das mães, respectivamente.

b) Os gráficos revelam que as mulheres com baixograu de instrução apresentam as maiores taxasde fecundidade e estão sujeitas a elevadas taxasde mortalidade infantil. Estas variáveis estão defato relacionadas: as mulheres tendem a ter maisfilhos quando sujeitas a riscos elevados de mor-talidade infantil; além disso, os anos de estudoda mãe se refletem no maior conhecimento so-bre os métodos anticoncepcionais e em maioresrecursos para o cuidado com as crianças.

9. De acordo com este argumento, a redução da mor-talidade infantil é contemporânea ao aumento damortalidade entre os jovens, que são os mais afeta-dos pela epidemia de violência que se espalha nosgrandes centros urbanos brasileiros. Assim, apesarda mudança do perfil da mortalidade, ele ainda éum sinal inequívoco da tragédia social que marca arealidade brasileira.

10. Em uma parcela significativa dos lares brasileiros, aaposentadoria dos idosos contribui decisivamenteno orçamento familiar. Dessa maneira, os recursosdestinados aos idosos acabam sendo transferidospara seus filhos e netos, ampliando o acesso destesao consumo e ajudando a dinamizar o conjunto daeconomia. Este é o significado do efeito multiplica-dor ao qual se refere o texto.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. De acordo com o mapa, as principais zonas de ex-pulsão demográfica são o México, a América Cen-tral e o Caribe, o Peru e a Colômbia, a Bolívia e oParaguai, a África do Norte, o Sahel, o Egito, a Tur-quia, o Indostão, a China, a Coréia do Sul e o Su-deste Asiático.

2. De acordo com o mapa, as principais zonas de atra-ção de movimentos migratórios são os Estados Uni-dos, a Europa Ocidental, a África do Sul, os paísesdo Golfo Pérsico, a Austrália e a Nova Zelândia, oJapão e a Argentina.

3. O mapa revela que os Estados Unidos, o Canadá e aUnião Européia formam os pólos de atração dos imi-grantes qualificados, isto é, cientistas, pesquisado-res, engenheiros e técnicos, que deixam principal-mente os países subdesenvolvidos da Ásia.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Dialogando com os textos

1. De acordo com o autor do texto 1, o planejamentofamiliar deve ser considerado uma prioridade, dadoo custo social das gestações não planejadas no Bra-sil, que repercutem no inchaço das cidades e na ca-rência generalizada de escolas, hospitais, habitaçõese até mesmo de cadeias.

2. O autor do texto 1 enfatiza que, na década de 1970,os militares, a Igreja católica e os comunistas eramcontrários às políticas de planejamento familiar. Osmilitares, porque pensavam no significado estraté-gico do povoamento do conjunto do território bra-sileiro; a Igreja, porque seus dogmas não admitem ouso de métodos anticoncepcionais; os comunistas,porque esperavam que as convulsões sociais resul-tantes da explosão demográfica ajudassem na der-rocada do capitalismo.

3. De acordo com as autoras do texto 2, o declínio sis-temático da taxa de fecundidade ocorrido nas últi-mas décadas no país, principalmente entre as mulhe-res mais pobres, desautoriza qualquer preocupaçãocom a explosão demográfica.

4. Ambos os textos abordam o rejuvenescimento dafecundidade brasileira, isto é, o fato de que a pro-porção de nascimentos aumentou entre as mulhe-res mais jovens. De acordo com o autor do pri-meiro texto, trata-se de uma tragédia social, jáque a maior parte destas mulheres não tem matu-ridade ou recursos para criar seus filhos de ma-neira digna.

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■ Capítulo 27Urbanização e meio ambiente

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. d.

2. Cidades globais são aquelas que funcionam comointermediárias dos fluxos de mercadorias, capitais,serviços e informações que impulsionam a globali-zação da economia, independente do número dehabitantes que possuem. Megacidades são aglome-rações metropolitanas que abrigam mais de 10 mi-lhões de habitantes.

3. O gráfico revela a tendência de crescimento das me-gacidades situadas nos países subdesenvolvidos,que acompanha a rápida urbanização desses países.Como não existem recursos suficientes para ampliaras infra-estruturas urbanas básicas, as novas mega-cidades do mundo subdesenvolvido apresentamprofundos problemas sociais e ambientais.

4. a) O mapa revela que a periferia de Washingtonapresenta, no outono, temperaturas abaixo dezero muitos dias antes da zona central da cidade.Esse é um claro indicador da ação do fenômenoda ilha de calor.

b) As grandes cidades apresentam temperaturasmédias maiores do que as zonas rurais domina-das pelo mesmo clima. Na mancha urbana, astemperaturas aumentam da periferia em direçãoao centro. Esse fenômeno, conhecido como ilhade calor, resulta de alterações humanas sobre omeio ambiente. O consumo intensivo de com-bustíveis fósseis em aquecedores, automóveis eindústrias transforma a cidade em uma fonteinesgotável de calor. Os materiais usados naconstrução, como o asfalto e o concreto, ele-vam o índice de albedo, pois servem de refleto-res para o calor produzido na cidade e para ocalor solar. De dia, os edifícios funcionam comoum labirinto de reflexão nas camadas mais altasde ar aquecido. À noite, a poluição do ar impe-de a dispersão de calor.

5. A expressão “cidade legal” designa as áreas dacidade nas quais o parcelamento do terreno, ouso do solo e as construções estão de acordo comas normas da legislação urbanística vigentes nomunicípio; o que não acontece na chamada “ci-dade ilegal”.

O capítulo no contexto

6. a) A taxa de urbanização indica o ritmo de incre-mento da população urbana. Os países desen-volvidos apresentam vasta maioria de popula-ção urbana, ao contrário da maior parte dospaíses subdesenvolvidos. Justamente por isso,o ritmo de incremento da sua população urba-na é, atualmente, menor que o dos países sub-desenvolvidos.

b) Os países mais pobres ainda apresentam maioriade população rural. Essa população transfere-separa as cidades em ritmo acelerado, sob o impul-so dos fatores do êxodo rural. Isso explica suaselevadas taxas de urbanização.

c) De modo geral, o nível de urbanização (isto é, aparcela de população urbana na população total)é diretamente proporcional ao nível de desenvol-vimento econômico. Os países desenvolvidosapresentam economias baseadas na indústria, nocomércio e nos serviços – ou seja, nas atividadesessencialmente urbanas.

7. A Europa já exibia uma densa rede urbana compos-ta por milhares de cidades dos mais diferentes ta-manhos quando a Revolução Industrial fez surgir ofenômeno das metrópoles. Por isso, a populaçãourbana dos países no continente não está concen-trada em apenas alguns núcleos urbanos, comoacontece em diversos países subdesenvolvidos.

8. a) O padrão periférico de crescimento urbano é ca-racterizado pela disseminação de moradias popu-lares em bairros autoconstruídos na periferia damancha urbana.

b) A favela representa um artifício para morar nacidade sem consumir as mercadorias imobiliárias.Ela se caracteriza pela ocupação ilegal e precáriade terrenos públicos ou particulares. O cortiço re-presenta a solução mais antiga e difundida doproblema de moradia das classes de baixa renda.Esses imóveis, em estado de conservação deplo-rável, são subdivididos e locados para inúmerasfamílias. A divisão do imóvel funciona simultane-amente como estratégia imobiliária capaz de ge-rar lucros para os proprietários e solução para oproblema de habitação dos locatários, que nãopodem pagar o preço do aluguel de uma residên-cia individual.

9. O texto demonstra que uma porcentagem signifi-cativa das habitações precárias do Rio de Janeiroestá localizada em áreas de elevado risco ambiental,em especial deslizamentos e inundações. De fato, omercado imobiliário reserva as áreas nobres do tecidourbano para a população de elevado poder aquisitivo.

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Para os pobres, restam as áreas sujeitas aos mais di-versos riscos ambientais. Assim, não é por acaso queeles são sempre os mais afetados pelos desastresambientais que costumam acontecer nas grandes ci-dades brasileiras.

10. a) A reciclagem dos resíduos sólidos possibilita queo lixo, em vez de se acumular no ambiente, sejareintroduzido no circuito de produção e consu-mo, de forma a diminuir tanto a demanda pelosrecursos quanto o volume de dejetos.

b) O vidro e os materiais plásticos podem ser reutili-zados; o papel pode ser reciclado.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. Evolução do fenômeno urbano nos países do Golfoda Guiné;

2. O mapa revela o acelerado processo de urbaniza-ção e de crescimento dos núcleos urbanos que ocor-re na região.

3. O acelerado êxodo rural é a principal causa destefenômeno. Entre suas conseqüências, destaca-se oacirramento dos problemas de infra-estrutura e dasdiversas carências urbanas, já que nesta região o in-cremento da população não é acompanhado pelocrescimento da economia urbana.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. a) Segundo o “esquema clássico” da estruturaçãodo espaço urbano, o centro da cidade é ocupadopelas atividades comerciais e de serviços, enquan-to os bairros residenciais e os distritos industriaisdistribuem-se, em função das vias de circulação,em anéis periféricos.

b) 1. O surgimento de importantes núcleos de co-mércio e serviços e centros de negócios em loca-lizações periféricas; 2. O surgimento dos condo-mínios residenciais de alto padrão em áreasperiféricas distantes do centro (periurbanização).

2. Porque essas infra-estruturas de circulação conec-tam a cidade a mercados internacionais. Esse fenô-meno revela a importância e o papel dos principaisnúcleos urbanos na era da globalização.

3. As novas necessidades de deslocamento exigem aconexão, por transportes públicos, entre áreas di-versas dos bairros residenciais, subúrbios e póloseconômicos dispersos no espaço urbano. O esque-ma tradicional dos transportes públicos, que conec-

tam o centro às periferias, não responde adequada-mente a essas necessidades.

4. Uma primeira repercussão transparece na verticali-zação de tradicionais bairros residenciais, que refle-te a insegurança associada à residência unifamiliar.Uma segunda repercussão transparece na prolifera-ção de condomínios residenciais fechados, que“vendem” a segurança.

UNIDADE 8

Geopolíticas da globalização

■ Capítulo 28Da Guerra Fria à “nova ordem mundial”

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. a) A fronteira estratégica da Guerra Fria denomina-va-se Cortina de Ferro.

b) O bloco geopolítico ocidental, sob a liderança dosEstados Unidos, caracterizava-se pela economiade mercado e pelo predomínio de sistemas políti-cos democráticos. O bloco geopolítico da Europaoriental, sob a liderança da União Soviética, ca-racterizava-se pela economia centralmente pla-nificada e por sistemas políticos de partido único.

c) O alargamento das fronteiras econômicas e estra-tégicas do bloco ocidental na direção do leste ex-pressou-se, desde o fim da Guerra Fria, pela trans-formação dos países do antigo bloco soviético emeconomias de mercado e pelo ingresso na OTANe na União Européia de vários desses países.

2. a) Essa dicotomia traduziu-se na geopolítica eu-ropéia pela constituição de um bloco lideradopelos Estados Unidos, de um lado, e pela con-solidação da influência soviética sobre os paí-ses do Leste europeu, de outro. No fundo, aDoutrina Truman contribuiu decisivamentepara a divisão da Europa em blocos geopolíti-cos antagônicos, separados pela fronteira es-tratégica da Cortina de Ferro.

b) O Plano Marshall, na esfera econômica, e aOTAN, na esfera militar, foram os principais ins-trumentos de intervenção dos Estados Unidos napolítica européia da Guerra Fria.

3. d.

4. e.

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O capítulo no contexto

5. O conceito de sistema uni-multipolar proposto peloautor expressa a desconexão entre os fundamentoseconômicos e os fundamentos estratégicos da or-dem mundial pós-Guerra Fria. No plano econômi-co, o cenário global é nitidamente multipolar. Noplano estratégico, o cenário é unipolar, pois os Esta-dos Unidos ocupam o lugar de hiperpotência.

6. O autor evidencia a fraqueza e as distorções no in-tercâmbio cultural entre os Estados Unidos e omundo árabe e muçulmano. As imagens caricatu-rais dos árabes e muçulmanos nos Estados Unidose as proibições de difusão de informações sobre osEstados Unidos impostas por regimes ditatoriaisárabes são responsáveis por essa deficiência no in-tercâmbio cultural.

7. a) Os órgãos deliberativos máximos da ONU são aAssembléia Geral e o Conselho de Segurança. NaAssembléia Geral, cada Estado dispõe de um votoe as principais decisões são tomadas por maioriaqualificada de dois terços, enquanto as decisõescorriqueiras só necessitam de maioria simples.Mas, no que concerne às questões de paz e se-gurança, a Assembléia Geral está limitada a pro-duzir recomendações, pois a tomada de decisõesé atribuição do Conselho de Segurança. O Con-selho de Segurança é composto por cinco mem-bros permanentes e dez rotativos, eleitos pelaAssembléia Geral. Os membros permanentes –Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha eFrança – dispõem de direito de veto. As decisõessobre temas de paz e segurança dependem deuma maioria de nove votos e da inexistênciade um veto.

b) A invasão do Iraque representou uma crise no sis-tema das Nações Unidas pois realizou-se à mar-gem do Conselho de Segurança e, o que é pior,desafiando uma maioria do Conselho de Segu-rança que não se dispunha a autorizar a opera-ção militar norte-americana.

8. A guerra étnica que provocou a intervenção inter-nacional em Kosovo, em 1999, foi detonada peloconflito entre os nacionalismos sérvio e albanês. Onacionalismo sérvio ancora-se numa narrativa míti-ca que atribui a Kosovo o papel de berço históricoda nação. Mas Kosovo abriga uma maioria popula-cional de origem albanesa e religião muçulmana,que reivindica a independência.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. O inglês é a língua com maior área de difusão geo-gráfica em virtude da expansão imperial britânica,

entre os séculos XVIII e XX. O Império Britânicoestabeleceu o poder de Londres sobre territó-rios de todos os continentes, difundindo a línguainglesa por nações, colônias e possessões no mun-do inteiro.

2. A difusão geográfica da língua portuguesa acompa-nhou o colonialismo português. O Brasil, as antigascolônias portuguesas na África e alguns pequenosenclaves na Ásia tornaram-se, ao lado de Portugal,territórios onde o português é falado pela maioriada população.

3. A difusão geográfica da língua russa acompanhou aexpansão territorial da Rússia. No Império Russo,uma entidade política multinacional euro-asiática, orusso era a língua oficial.

4. O ensino de espanhol em escolas brasileiras desti-na-se, principalmente, a intensificar o intercâmbiocultural entre o Brasil e os países hispânicos dasAméricas. Esse intercâmbio é um instrumento im-portante na consolidação dos acordos de integra-ção política e comercial na América do Sul.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Os neoconservadores norte-americanos encaram ainvasão do Iraque como um processo civilizatóriopois imaginam que os Estados Unidos têm a missãode difundir valores “superiores” de organização po-lítica (a democracia representativa) e econômica (aeconomia liberal de mercado) entre os povos árabese muçulmanos do Oriente Médio.

2. O Ocidente e o Islã estão historicamente separadospelos valores atribuídos à política e à religião. NoOcidente, com a Reforma e o Iluminismo, difundiu-se a idéia de que o Estado e a religião funcionam emesferas separadas. No mundo muçulmano, que fi-cou relativamente à margem dessas grandes revo-luções filosóficas, o princípio de subordinação dapolítica à religião continua a ser adotado por parce-la importante das elites dirigentes.

3. O texto mostra que, durante séculos, o mundo mu-çulmano desempenhou funções de vanguarda nocampo das idéias. Nos tempos medievais, o Islã con-servou o legado da filosofia e da ciência helenísti-cas. Durante sua expansão, o Islã protegeu e apri-morou os conhecimentos dos povos que subjugou.Ao longo de toda sua história, o mundo muçulma-no vivenciou momentos importantes de debates fi-losóficos e políticos que desafiaram a rigidez doutri-nária do fundamentalismo religioso.

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4. Segundo o texto, a política dos Estados Unidosno Oriente Médio baseia-se numa interpretaçãohistórica preconceituosa e procura introduzir re-formas políticas e econômicas por meio da vio-lência e da superioridade militar. Na avaliação dotexto, essa política tem como resultado “semearo terreno no qual o fundamentalismo islâmico re-cruta seguidores”.

■ Capítulo 29O mundo muçulmano e o Oriente Médio

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. b.

2. e.

3. d.

4. O mundo árabe é o conjunto cultural constituídopelos países árabes do Oriente Médio e da África doNorte. Esse conjunto define-se como uma área depovos de língua árabe. O mundo muçulmano é oconjunto cultural constituído pelos países de popu-lação majoritariamente muçulmana, abrangendoáreas da África, Ásia e Europa.

5. a) A dimensão religiosa da questão palestina expres-sa-se como tensão entre muçulmanos e cristãospalestinos, de um lado, e judeus de Israel, de ou-tro. A dimensão cultural da questão palestina ex-pressa-se como conflito entre árabes palestinos,de um lado, e judeus de Israel, de outro.

b) Jerusalém é considerada cidade santa pelas trêsreligiões monoteístas. Os lugares sagrados de Je-rusalém concentram-se na Cidade Velha, em es-pecial, na Esplanada das Mesquitas (chamada,pelos judeus, de Monte do Templo). Israel pro-clama Jerusalém como sua capital “eterna e indi-visível”. Os palestinos reivindicam que a parteleste de Jerusalém, onde se situa a Cidade Velha,se torne a capital de seu futuro Estado.

O capítulo no contexto

6. a) A autora sustenta a tese de que o fundamentalis-mo tem aparecido em todas as grandes religiõescomo resposta aos problemas da modernidade.

b) O fundamentalismo islâmico contemporâneosurgiu “como resposta aos problemas da moder-nidade” no sentido de que ofereceu um progra-ma de ação política a grupos que combatem os

governos dos países árabes e muçulmanos e seopõem à hegemonia ocidental. Esse programa deação política ocupou um lugar que, antes, per-tenceu ao pan-arabismo.

7. O texto refere-se ao processo de erradicação dapaisagem árabe e da sua substituição pela paisa-gem israelense na Palestina, ao longo da trajetóriade criação e consolidação do Estado de Israel. Noplano político, esse processo acarretou o apareci-mento de uma nação sem território, constituídapelo povo palestino. No plano simbólico, represen-tou a supressão de elementos cruciais da memóriapalestina que, como a de qualquer povo, se inscre-ve nas paisagens sob as formas de cidades, povoa-dos e campos cultivados.

8. a) Desde 1967, Israel colocou em prática uma polí-tica de povoamento judaico dos territórios pales-tinos ocupados. A política oficial de colonizaçãoinstalou mais de 200 mil israelenses na Cisjordâ-nia, habitada por 2,2 milhões de palestinos.

b) O “muro de segurança” pode ser interpretadocomo uma fronteira religiosa e cultural, poissepara árabes de israelenses e muçulmanos dejudeus.

9. A plataforma política do fundamentalismo islâmicocontemporâneo é a restauração do califado que de-sapareceu junto com o império Turco-Otomano.Seu instrumento é a jihad (“guerra santa”) contraos “regimes infiéis” no mundo muçulmano e contraas potências ocidentais.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A origem da ocupação israelense da Cisjordânia en-contra-se na Guerra dos Seis Dias, de 1967.

2. Sob o ponto de vista demográfico, a Cisjordânia éhabitada por 2,2 milhões de palestinos, que vivemem cidades e povoados rurais, e por pouco mais de200 mil israelenses, que vivem em assentamentos(colônias) criados a partir de 1967.

3. Sob o ponto de vista geopolítico, a Cisjordânia éuma região da Palestina histórica. Essa região, ha-bitada por árabes palestinos, fazia parte do territó-rio do Estado Palestino previsto pela ONU em1947. Entre 1949 e 1967, a Cisjordânia permane-ceu sob controle provisório da Jordânia. Desde1967, tornou-se um território submetido à ocupa-ção israelense.

4. O Vale do Rio Jordão destaca-se, estrategicamente,por separar a Cisjordânia da Jordânia e por repre-sentar uma fonte de água numa região carente derecursos hídricos.

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TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. A meta do pan-arabismo era a unificação políticados povos árabes num Estado. Essa meta não se re-lacionava ao Islã pois baseava-se na identidade na-cional (o projeto de uma nação árabe) e não naidentidade religiosa.

2. A Guerra dos Seis Dias representou não apenas umadura derrota militar mas uma humilhação política doEgito nasserista diante de Israel, que tinha sido defi-nida por Nasser como o inimigo principal da “naçãoárabe”. Por isso, a guerra assinalou a decadência dopan-arabismo.

3. A meta do fundamentalismo islâmico contemporâ-neo é a restauração da unidade política da comuni-dade muçulmana (umma). Em outras palavras, ameta é a restauração do califado, o poder central doimpério islâmico.

4. A Arábia Saudita tornou-se o foco principal de or-ganização do fundamentalismo islâmico contempo-râneo pois a monarquia saudita deu guarida aos lí-deres da Irmandade Muçulmana egípcia e estimulouo desenvolvimento de um “Islã político” em oposi-ção à doutrina do pan-arabismo. Na Arábia Sauditasurgiram as organizações da jihad global que, de-pois da Guerra do Golfo (1991), romperam com amonarquia saudita.

■ Capítulo 30Estado e nação na África

ATIVIDADES

Revendo o capítulo

1. A África do Norte compreende o conjunto civilizatórioe cultural árabe e muçulmano, enquanto a África Sub-saariana designa o conjunto de sociedades e culturasque se desenvolveram ao sul do deserto do Saara.

2. Devido ao tráfico de escravos, o crescimento popu-lacional do conjunto do continente africano foi nulopor cerca de duzentos anos, entre 1650 e 1850.

3. a) As fronteiras na África não refletem a diversidadeétnica e cultural dos povos do continente, pois,em sua maioria, foram traçadas pelas potênciasimperialistas da Europa. Por isso, elas não sãofronteiras africanas.

b) Em grande parte, a instabilidade política crôni-ca na África Subsaariana resulta das tensões

entre os diferentes grupos étnicos e culturaisque foram agrupados no mesmo Estado. Atéhoje, o aparato administrativo e burocráticodos Estados é quase sempre dominado apenaspor um dos grupos étnicos, enquanto os de-mais são marginalizados.

4. O fracasso político dos Estados tem como conse-qüência a desestruturação das redes de transporte eabastecimento e o isolamento de populações, queficam extremamente vulneráveis às intempéries na-turais, tais com as secas e as inundações.

O capítulo no contexto

5. Na primeira etapa, que se estendeu do século XVIaté o início do século XIX, o tráfico de escravos afri-canos funcionou como um suporte para a domina-ção colonial européia da América e das Antilhas; nasegunda etapa, que teve início em meados do sécu-lo XIX, o continente africano tornou-se ele mesmoobjeto de colonização e a rede de tráfico atlânticofoi desmontada.

6. As violentas guerras étnicas que sacodem periodica-mente diversos Estados africanos, tais como Etiópia,Sudão e Ruanda, figuram entre estas repercussões.

7. As fronteiras atuais dos Estados africanos foramengendradas durante o período colonial, no qualas metrópoles européias aglutinaram etnias e tri-bos rivais no interior dos mesmos territórios. Maistarde, com as independências, estas fronteiras pas-saram a delimitar países soberanos, marcados pelafragilidade do sentimento nacional e pela disputaentre diferentes elites tribais pelo controle dos apa-relhos de Estado.

8. O “racismo científico” apresentava a conquista dospovos “inferiores” como um dever moral dos po-vos “superiores”, destinados a dirigir o conjuntoda humanidade. Assim, ele funcionou como umajustificativa ideológica da empresa colonial euro-péia na África.

TRABALHANDO COM MAPAS

1. A Nigéria forma um único país, pois as potênciasimperiais européias, ao estabelecerem seu domíniosobre a África, produziram fronteiras políticas que,hoje, delimitam os países africanos. As fronteiras ni-gerianas foram criadas pela Grã-Bretanha.

2. Os hausa, que ocupam o norte do país, na faixa defronteiras com o Sahel, tornaram-se predominante-mente muçulmanos, pois sofreram a influência cul-tural dos mercadores árabes que percorriam o Saa-ra. Os ibo, que ocupam o litoral e o baixo vale de

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rios que desembocam no mar, professam, na suamaioria, o cristianismo, pois sofreram mais direta-mente a influência cultural das potências européias.

3. A primeira capital da Nigéria independente foiLagos, pois a cidade, localizada numa ilha cos-teira, funcionava como núcleo do poder colonialeuropeu no país. A localização de Lagos torna-va-a diretamente acessível por mar e facilitavasua defesa em face de eventuais ataques prove-nientes do interior.

4. A elite política dos ibos alimenta projetos de se-cessão, pois controla a área petrolífera do país ealmeja auferir toda a renda advinda das exporta-ções de petróleo.

TEXTO COMPLEMENTAR

Dialogando com o texto

1. Ilhas Seychelles, Ilhas Comores, Ilhas Cabo Verde,Ilhas Canária e Ilhas Dahlak estão entre os inúmerosarquipélagos situados próximos à costa africana.

2. Porque os atlas comuns apresentam mapas da Áfri-ca em escalas pequenas, nas quais é praticamenteimpossível representar estas ilhas.

3. O conceito de transgressão marinha explica que omar tenha submergido parte do território do conti-nente, deixando emersos apenas os cumes monta-nhosos transfigurados em ilhas e arquipélagos. Umaregressão marinha em larga escala poderia assim re-definir os contornos do continente.

4. Estes arquipélagos funcionaram como pontos deapoio para os navegadores europeus que fizeram oreconhecimento do litoral africano, bem como paraos negociantes e traficantes que organizaram o trá-fico humano que alimentou as plantations america-nas e antilhanas e para o estabelecimento das feito-rias que iniciaram o empreendimento de conquistado continente.

5. A conquista imperial do interior do continente afri-cano foi deflagrada em meados do século XIX, eteve com conseqüência a divisão colonial do territó-rio que deu origem a maior parte das fronteiras edos conflitos étnicos atuais.

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VESTIBULARES /ENEM1. d.

2. a) Porque o movimento dos materiais do manto atin-ge a crosta, gerando constantes acomodações dasplacas, imperceptíveis, e às vezes rearranjos repen-tinos e violentos.

b) Houve um movimento divergente das placas tectô-nicas onde se encontravam o Brasil e a África, quecomeçaram a se afastar gradativamente. Esse pro-cesso provocou falhas ou fraturas nas rochas super-ficiais do território brasileiro, o que possibilitou a ele-vação do material da astenosfera à superfície.

c) A dinâmica das placas pode distribuir determina-das espécies em continentes diferentes, assimcomo pode também promover o surgimento deespécies endêmicas.

3. e.

4. a.

5. a) O petróleo é de origem orgânica, sendo geradopela decomposição anaeróbica deste material emambiente marinho. Ele é encontrado em bacias se-dimentares e sua origem remonta à Era Mesozói-ca, quando, sob rápido soterramento, se iniciauma fase de acúmulo de microorganismos animaise vegetais.

b) Um impacto ambiental negativo se dá com a po-luição das águas, que causa danos aos ecossiste-mas marinhos atingidos. Isto ocorre pelo vazamen-to do óleo no momento em que é transportado emgrandes navios. Os acidentes que provocam vaza-mentos durante o armazenamento e o transportesão comuns.

Outro impacto negativo ocorre com a liberação degás carbônico, no momento da queima do petró-leo. Esse gás, um dos mais poluentes da atmosfera,produz a ocorrência do efeito estufa artificial.

■ Capítulo 4As bases físicas do Brasil

1. a.

2. a.

3. a.

4. d.

5. a) I — Planície Litorânea; II — Planaltos e Serras doAtlântico Leste-Sudeste ou, simplesmente, Planal-to Atlântico; III — Depressão Periférica da BordaLeste da Bacia do Paraná ou, simplesmente, De-pressão Periférica Paulista; IV — Planaltos e Cha-padas da Bacia do Paraná ou, simplesmente, Pla-nalto Ocidental Paulista.

RESPOSTAS

PARTE 1A dinâmica da natureza

e as tecnologias

Unidade 1

A linguagem da Geografia

■ Capítulo 1

A produção do espaço geográfico

1. a) Entre a paisagem da cidade cristã de 1440 e a de1840 registra-se adensamento das edificações.Além disso, na cidade de 1440 as construções quese sobressaem são as igrejas, enquanto na de 1840sobressaem-se as indústrias.

b) Essas alterações derivaram do conjunto de mudançassocioeconômicas associadas à Revolução Industrial eu-ropéia. O êxodo rural provocou crescimento das cida-des, que se tornaram foco da produção industrial.

2. c.

3. c.

4. d.

■ Capítulo 2Interpretando os mapas

1. a) O atlas revela o mundo sob uma perspectiva euro-cêntrica. Os continentes são interpretados segun-do as necessidades européias: a Ásia é vista comofonte de riquezas mercantis; a África, como fontede mão-de-obra; a América, como região bárbaraque deve ser colonizada e civilizada.

b) O atlas de 1574 pertence ao período das GrandesNavegações, época do capitalismo comercial. Nes-se período, a Europa impunha seu domínio sobreas outras partes do mundo.

2. c.

3. e.

4. d.

5. d.

Unidade 2

A geografia da natureza

■ Capítulo 3

Geomorfologia e recursos minerais

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b) A Planície Litorânea é um compartimento forma-do por sedimentos marinhos, fluviais e lacustres doperíodo Quaternário. O Planalto Atlântico é for-mado por cinturões orogênicos muito antigos, do-brados durante o ciclo brasiliano, no Pré-Cambria-no, e submetidos a prolongado desgaste erosivo.A Depressão Periférica Paulista formou-se por se-dimentação antiga, no Paleozóico, e assenta-se so-bre camadas de arenitos. O Planalto OcidentalPaulista ergue-se sobre camadas de arenitos doPaleozóico, recobertas por rochas vulcânicas der-ramadas no Mesozóico.

■ Capítulo 5Dinâmica climática e ecossistemas

1. c.

2. c.

3. a) I – Taiga ou coníferas

II – Tundra

III – Florestas tropicais úmidas

IV – Savanas

V – Estepes ou pradarias

b) I – Pinheiros aciculifoliados

II – Musgos e liquens

III – Espécies latifoliadas

IV – Vegetação herbáceo-arbustiva

V – Formações de gramíneas

4. a.

5. d.

■ Capítulo 6Os domínios de natureza no Brasil

1. d.

2. d.

3. a) A massa Polar atlântica (mPa).

b) A massa Equatorial continental (mEc) e também amassa Tropical atlântica (mTa).

c) No verão, a massa Equatorial continental não encon-tra obstáculos, por isso se expande por boa parte doterritório brasileiro. No inverno, o avanço da massaPolar atlântica inibe a presença da massa Equatorialcontinental, restringindo-a ao noroeste amazônico.

4. a) Paisagens polares: caracterizam-se pelas baixastemperaturas ao longo do ano, devido à incidênciaperpendicular da radiação solar na superfície ter-restre, permitindo, no máximo, a existência de umacobertura vegetal muito rarefeita e restrita ao ve-rão, a exemplo dos musgos.

b) Floresta equatorial: áreas com baixas altitudes evasta rede de drenagem, com grandes extensõesalagadas por água doce; presença de clima equa-torial com alta pluviosidade, grande umidade e ele-vadas temperaturas.

5. a.

6. a) O clima tropical é marcado pela alternância entreestação chuvosa de verão e estiagem de inverno.Na Mata Atlântica predomina o clima tropical úmi-do com tempo de estiagem menor, enquanto ocerrado, clima tropical semi-úmido, é marcado portempo maior de estiagem. Quanto à característicabotânica o cerrado se distingue por ser compostode dois extratos arbóreos: um mais alto, de caráterlenhoso e outro baixo formado por gramíneas, en-quanto a Mata Atlântica se caracteriza botanica-mente por sua densidade.

b) O cerrado está muito associado à área de expan-são da fronteira agrícola pioneira; suas característi-cas vegetais e geomorfológicas favorecem a ocu-pação agrícola de seus espaços; e, por fim, ocerrado resiste melhor às queimadas.

■ Capítulo 7A esfera das águas e os recursos hídricos

1. d.

2. c.

3. c.

4. d.

5. a) A maior parte do Aqüífero Guarani está situadano território brasileiro, e em porções menores noParaguai, Argentina e Uruguai.

b) O Aqüífero Guarani se encontra nos Planaltos eChapadas da Bacia Sedimentar do Paraná. É umaimportante reserva de água de boa qualidadepara o abastecimento da população, e sua re-carga anual (principalmente pelas chuvas) é de160 km3 por ano, sendo que desta, 40 km3 porano é o potencial explorável sem riscos para opróprio sistema aqüífero.

6. a) O escoamento superficial é mais intenso devido àimpermeabilização gerada pelo processo de com-pactação dos solos agrícolas.

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b) A bacia onde se mantém a cobertura florestal na-tural. Ali a erosão é bem menos intensa, porque avegetação retém mais a água e as raízes ajudam amanter a estrutura do solo.

c) Onde a declividade do terreno é mais acentuadaocorre maior torrencialidade, gerando maior ca-pacidade de erosão com bacias de dispersão. Jáonde a declividade é menor, o fluxo é menos in-tenso e a erosão também é menor, favorecendoas bacias de acúmulo.

Unidade 3

Tecnologias e recursos naturais

■ Capítulo 8

Os ciclos industriais

1. c.

2. d.

3. As inovações tecnológicas possibilitaram a transmis-são instantânea e simultânea das informações, dandomaior agilidade aos fluxos financeiros e de mercadori-as. Por meio da ampliação dos meios técnicos e infor-macionais (nas áreas de telecomunicação e transpor-tes), ocorreram a desconcentração industrial e aformação de tecnopólos (áreas industriais especializa-das com alta tecnologia).

4. a) A Inglaterra foi o berço da industrialização mundi-al, polarizada pelas indústrias têxtil e siderúrgica.Por muito tempo, o processo industrial foi caracte-rizado por empregar numerosa mão-de-obra (in-cluindo crianças) por longas jornadas, e poucos di-reitos trabalhistas. Em seguida a indústria, com asmesmas características da industrialização inglesa,se expandiu para outros países europeus, tais comoAlemanha, França, Bélgica.

b) Os novos espaços industriais europeus caracteri-zam-se pelas aglomerações de instalações e tecno-pólos, incluindo novas áreas como o sul da Espa-nha, a Finlândia e a Irlanda. Também é possívelobservar uma reorganização do espaço industrialno continente, envolvendo, principalmente, os pa-íses industriais mais antigos, através dos consórciosde pesquisa e desenvolvimento, sob influência daintegração econômica em curso.

5. b.

6. a) As indústrias de ponta, ligadas à informática e àstelecomunicações.

b) Na Costa Oeste, com destaque para o Vale do Si-lício, na Califórnia. A localização geográfica des-sas indústrias facilita o intercâmbio comercial e a

integração produtiva com os países da bacia doPacífico, particularmente com o Japão, a China eos Tigres asiáticos.

■ Capítulo 9Agropecuária e comércio global de alimentos

1. b.

2. d.

3. c.

4. a) Os países desenvolvidos buscam com os subsídios,entre outras coisas, preservar os empregos de suapopulação rural bem como garantir o controle detoda a cadeia de produção e circulação envolvidano agronegócio.

b) Os subsídios agrícolas dos países desenvolvidosrestrigem as vendas e elevam o preço dos produ-tos agropecuários brasileiros no comércio exterior,tanto para os países desenvolvidos, quanto para ossubdesenvolvidos.

5. a) Erosão. Sudeste Asiático, África, Estados Unidos,Brasil (América do Sul), norte da Europa e Austrália.

b) As diferenças estão associadas aos tipos de usodo solo. Nas áreas de matas originais ela é menor,pois as raízes das plantas sustentam a terra. Àmedida que há desmatamento há um maior desli-zamento da terra, que vai perdendo sua sustenta-ção, no caso das pastagens, pelo pisoteamentodos próprios animais. Em cultivos permanentes aperda é menor pois, apesar do desmatamento háum uso constante dos solos, enquanto nos culti-vos anuais a fixação das plantas ao solo é baixo,porque os cultivos são sazonais e a terra fica par-te do tempo desprotegida. É recomendável man-ter a cobertura vegetal e plantar obedecendo ascurvas de nível.

■ Capítulo 10Estratégias energéticas

1. b.

2. a.

3. e.

4. De acordo com o gráfico, não existe uma correspon-dência entre a localização das reservas e a concentra-ção do consumo de petróleo. A América do Norte,por exemplo, dispõe de apenas 3% das reservas, masé responsável por 28% do consumo. No outro extre-mo, o Oriente Médio dispõe de 64% das reservas,

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mas participa com apenas 4% do consumo global.Esse descompasso ajuda a entender a importânciaeconômica e estratégica dos países e regiões que abri-gam as grandes reservas petrolíferas e dos fluxos in-ternacionais do óleo.

5. Nos países ricos os padrões de consumo estão apoia-dos no uso intensivo de fontes de energia não-reno-váveis, na ineficiência dos processos de aproveitamen-to dos recursos naturais e na redução indiscriminadada diversidade biológica. Estes padrões, caso sejamadotados pela maioria da população do planeta, so-marão mais problemas ambientais, pois aumentarãoas emissões dos gases de estufa, e com isso a poluiçãoe a contaminação do ar, da água e do solo.

PARTE 2O Brasil, território

e nação

Unidade 4

O Brasil e a globalização

■ Capítulo 11Industrialização e integração nacional

1. d.

2. b.

3. a.

4. b.

■ Capítulo 12A matriz energética

1. a.

2. c.

3. b.

4. c.

5. b.

■ Capítulo 13Os complexos agroindustriais

1. c.

2. b.

3. c.

4. a) O pequeno produtor obtém certa garantia de vendade seu produto, protegendo-se das freqüentes os-cilações do mercado, além de absorver parte datecnologia e insumos provenientes da grande em-presa agroindustrial.

b) O grande agricultor capitalista evita investimentosna compra de terras para concentrá-los nas fasesmais lucrativas da cadeia produtiva, além de deixarpara os pequenos produtores os riscos ambientais(esgotamento dos solos, pragas, intempéries).

5. b.

6. a) O algodão do tipo arbustivo é o que predomina naagricultura brasileira. Ele é plantado como culturatemporária, exigindo sempre replante a cada safra.Na entressafra há períodos sucessivos de exposi-ção do solo, o que facilita a ação erosiva.

b) A atividade agrícola impõe um processo tão inten-so de degradação do solo, que a renovação oumanutenção de suas características físico-químicasé quase sempre mais lenta do que as perdas ocorri-das durante a exploração agrícola.

c) Entre os principais problemas estão: a perda demassa, o assoreamento dos canais de cursosd’água (decorrentes da erosão mecânica), bemcomo os processos de lixiviação (empobrecimen-to do solo) e de laterização (decorrentes do in-temperismo químico).

■ Capítulo 14Urbanização e redes urbanas

1. e.

2. a) O esquema clássico de rede urbana estrutura-sesobre uma rígida hierarquia funcional. Nessa hie-rarquia, quanto mais elevada é a classe da cidade,mais especializados e raros são os bens e serviçosque ela oferece e mais vasta é a sua região de in-fluência. Em virtude dos custos de deslocamento,as relações externas mais significativas das popula-ções das pequenas cidades se restringem às cida-des médias mais próximas.

b) O esquema atual de rede urbana foi moldado pelaintensificação dos fluxos materiais e, principal-mente, dos fluxos de informações. Os modernosmeios de transporte reduziram os custos de des-locamento, e as redes de comunicação contem-porâneas diminuíram os custos das trocas simbó-licas. Desse modo, todas as cidades, pequenas emédias, adquiriram novas possibilidades de aces-so aos bens e serviços característicos das metró-poles nacionais.

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3. b.

4. a) A metrópole paulista exerce influência sobre o con-junto das principais cidades brasileiras, exemplifi-cada no mapa pela expansão do alcance dos siste-mas de telecomunicações. Ela oferece bensmateriais e financeiros, além de serviços diversifi-cados, incluindo os de tecnologia mais avançada.De São Paulo, as atividades econômicas realizadasno território brasileiro são conectadas à rede globale ao fluxo da economia internacional, justamentepela metrópole concentrar as principais filiais deempresas transnacionais.

b) A ruptura na hierarquia urbana tradicional ocorreporque a expansão das redes informacionais possi-bilita um contato direto com a maioria das cidadesdo mundo, independentemente de distâncias físi-cas e do porte das cidades na qual estão sediadas,dispensando, em muitos casos, as intermediaçõesde outras cidades.

5. a) No período entre 1950 e 1960 houve um cresci-mento da participação da população das regiõesmetropolitanas na totalidade da população ur-bana do Brasil; já entre 1970-1991 houve umaqueda da participação da população das regiõesmetropolitanas na totalidade da população ur-bana brasileira.

b) A partir de 1970, e sobretudo nas décadas seguin-tes, a população das regiões metropolitanas cres-ceu menos que o restante da população urbanabrasileira, constituindo a chamada involução me-tropolitana ou desmetropolização. Essa mudançada dinâmica populacional do Brasil ocorre em gran-de parte pelo fato de os fluxos migratórios, antesorientados para as regiões metropolitanas, se ori-entarem para outras cidades, por conta da nova di-nâmica espacial da economia brasileira.

6. d.

■ Capítulo 15Comércio exterior e integração sul-americana

1. a) Conjunto do agronegócio: curva crescente entre1998 e 1999, ligeira queda entre 1999 e 2000 enovo crescimento entre 2000 e 2002. Conjunto dabalança comercial: apresenta-se relativamentecrescente ao longo de todo o período. Há um pro-cesso deficitário entre 1998 e 2000, após o qual osaldo da balança comercial se torna positivo.

b) O saldo do agronegócio manteve-se positivo namaior parte do período com grande importância naestabilização econômica do país. Nota-se que sua

queda, entre 1999 e 2000, influiu na balança co-mercial negativamente.

2. e.

3. a) O Proálcool foi criado em meados da década de1970 para reduzir a dependência externa brasileiraem relação ao petróleo, que vinha sofrendo altasno preço e era importado em grandes proporções.O subsídio governamental favoreceu tanto os pro-dutores quanto as montadoras de automóveis. Noperíodo atual, a guerra no Iraque e o aumento doconsumo pela China e pelos EUA elevaram o preçodo barril de petróleo. Essa situação, somada ao de-senvolvimento dos motores bicombustíveis, temelevado o consumo de álcool combustível, porém,desta vez, sem os subsídios governamentais.

b) Os subsídios tornam os produtos agrícolas dos paí-ses desenvolvidos artificialmente mais competiti-vos no mercado externo, reduzindo a concorrên-cia dos países subdesenvolvidos, que têm a maiorparte de suas exportações voltadas aos produtosagrícolas. É importante lembrar também que aonda neoliberal que varreu os países periféricosprejudicou os subsídios fornecidos por seus gover-nos. Isso tudo gera menores investimentos, reduza margem de lucros e influencia o número de em-pregos no campo.

4. e.

5. c.

Unidade 5

Sociedade e espaço geográfico

■ Capítulo 16A estrutura regional brasileira

1. e.

2. a) Entre os fatores que justificam a inclusão do sul deMinas e do Triângulo Mineiro no novo polígonode aglomeração industrial do Brasil podem-se des-tacar: a proximidade dos grandes mercados consu-midores e das metrópoles de São Paulo e MinasGerais; a presença de instituições universitárias e demão-de-obra qualificada; a tendência ao desviode investimentos industriais das grandes aglome-rações urbanas para as cidades médias.

b) A constituição de parques tecnológicos insere opaís na onda atual da revolução tecnocientífica, di-versificando a indústria brasileira, gera empregosem uma vasta cadeia de negócios e estimula a qua-lificação da mão-de-obra.

3. a.

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4. e.

5. a) Uma primeira característica geográfica do centro-oeste brasileiro que justifica a criação de um portoseco é sua localização no centro da América do Sul.Uma segunda característica é o desenvolvimentoda agropecuária, gerando a necessidade de cen-tros de aglomeração da produção para melhor dis-tribuição no mercado interno ou para exportação.

b) A produção agrícola contemporânea requer a cons-trução de redes de infra-estrutura para escoar con-tinuamente a produção. Essas redes devem aten-der tanto às demandas quantitativas quanto àdiversidade de produtos requeridos, e a região doCentro-Oeste apresenta condições geográficas fa-voráveis para isso.

■ Capítulo 17Nordeste, nordestes

1. a) Na região a ser beneficiada, o projeto pode estimu-lar a implementação de novos projetos de agricultu-ra irrigada, assim como disponibilizar maior quanti-dade de água para o consumo das populações.

b) O governo e a população da Bahia alegam que,caso implementado, o projeto pode afetar o abas-tecimento de água nas áreas do estado situadas ajusante do trecho escolhido para a transposição.

c) O governo e a população de Minas Gerais não têmse posicionado da mesma forma porque o projetonão afeta a vazão do trecho mineiro do Rio SãoFrancisco, situado a montante do local escolhidopara a transposição.

2. e.

3. a) Os fatores locacionais são: infra-estrutura portuá-ria fornecida pelo porto de Itaqui; proximidade daprovíncia mineral de Carajás, no Pará, de onde éextraído o minério de ferro; existência de uma mo-derna ferrovia, a E. F. Carajás, ligando as jazidas deferro ao estado; abundância de energia elétricaproduzida na Usina de Tucuruí, no estado do Pará.

b) Baixo nível de organização sindical, incentivos fis-cais concedidos na região, mão-de-obra abundantee barata, maior proximidade geográfica dos merca-dos importadores localizados na Europa e nos EUA.

4. a) A localização geográfica das principais áreas irriga-das à montante da seqüência de quedas-d’água norio São Francisco, onde estão situadas as usinas dePaulo Afonso I, II, III e IV, Moxotó, Itaparica e Xin-gó, faz com que a expansão da irrigação, que de-manda cada vez mais água, esteja competindo coma demanda para geração de energia. O aumento da

área irrigada no vale, conjugado com a demanda deágua para a transposição, pode comprometer a va-zão mínima necessária para a geração de energia.

b) Entre as principais críticas dos movimentos ambi-entalistas contra o projeto da transposição está oalto custo das obras de transposição das águas quepode ser substituído por soluções menos custosase mais sustentáveis, como a construção de poços ecisternas. Outra crítica alerta para o fato de o regi-me fluvial e a vazão do rio São Francisco já estarembastante comprometidos pelo desmatamento emsuas cabeceiras e de seus formadores, com isso atransposição seria um golpe mortal na vida do rio.A transposição comprometeria também a vazão dorio a jusante, aumentando a salinidade em sua foz,o que afeta a vida nos manguezais. Além disso atransferência das águas do São Francisco, com osseres vivos que nelas vivem, para os rios do Nor-deste setentrional, afetaria seriamente os ecossis-temas fluviais do semi-árido.

■ Capítulo 18A Amazônia e o planejamento regional

1. a.

2. a) Os textos referem-se ao fenômeno das migraçõesinter-regionais e intra-regionais.

b) Esse fenômeno é provocado pela desestruturaçãoda economia tradicional e pelos mercados de tra-balho formal e informal gerados a partir dos gran-des projetos.

3. a) Entre os objetivos do governo brasileiro para am-pliar o Programa Calha Norte destacam-se a re-pressão ao contrabando, o combate à ação do nar-cotráfico e de grupos guerrilheiros dos paísesvizinhos, em particular da Colômbia, além da pro-teção dos recursos naturais das áreas fronteiriças.

b) O programa é dificultado pelas precárias e insufici-entes redes de transportes e de comunicação, pelabaixa densidade demográfica e pela dificuldade delocomoção, devido à floresta pluvial amazônica.

4. b.

5. d.

■ Capítulo 19Desigualdades sociais e pobreza

1. a.

2. a) São as regiões Nordeste e Sul, respectivamente.

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b) A elevada incidência da pobreza no Nordeste temorigem na estrutura de propriedade da terra, mar-cada pela coexistência do latifúndio com o mini-fúndio, que bloqueou o desenvolvimento regional.Com a urbanização, reproduziu-se a rígida divisãode classes típica do meio rural, onde uma elite pri-vilegiada convive com a pobreza da maioria da po-pulação. No Sul, onde a ocupação da terra foi im-pulsionada pela imigração européia, a economiarural nasceu com base nas pequenas propriedadesde tipo familiar, e deu origem a uma classe médiaproporcionalmente vasta.

3. c.

4. b.

5. a) A urbanização acelerada e desordenada da maioriadas metrópoles brasileiras produz e reproduz no meiourbano também as desigualdades sociais, criando si-tuações extremas de pobreza e riqueza, exemplifica-das nos bairros ou enclaves fortificados: locais isola-dos e fortemente protegidos, acessíveis apenas a umapopulação de renda mais alta (as edge cities).

b) Segregação socioespacial, privatização de domí-nios públicos, preconceito social e racial.

c) Instalação de sistemas de vigilância e segurança os-tensivos, condomínios arborizados e planejados envol-vidos por bairros pobres de ocupação desordenada.

■ Capítulo 20A questão fundiária

1. e.

2. d.

3. c.

4. A “reforma agrária de novo tipo” requer mais doque a simples distribuição de terras por meio de as-sentamentos. Envolve também a adoção de políti-cas públicas de financiamento e apoio tecnológico,incluindo a preocupação com o meio ambiente.

PARTE 3Geografia e geopolítica

da globalização

Unidade 6

O espaço da globalização

■ Capítulo 21Os fluxos da economia global

1. a) Na atualidade, países desenvolvidos e subdesen-volvidos distinguem-se, essencialmente, pelo graude domínio sobre as inovações da revolução tec-nocientífica e pela capacidade de realizar investi-mentos em ciência e tecnologia.

b) Informática, biotecnologia, aeroespacial, meca-trônica.

c) O Brasil, como outros países subdesenvolvidos in-dustrializados, carece de excedentes de capitaispara investimentos nas áreas cruciais da pesquisacientífica e tecnológica.

2. d.

3. e.

4. d.

5. Na fase atual do capitalismo globalizado, o circuitofinanceiro ocupa um papel hegemônico devido ao rá-pido retorno (liquidez) e ao alto rendimento das tran-sações econômicas (investimentos em fundos, ações,carteiras, títulos públicos). A intensificação dessastransações financeiras foi impulsionada pelos sistemasde comunicação e informática através da integração,em tempo real, das inúmeras praças financeiras de ci-dades mundiais organizadas em redes.

6. a) O fluxo de capital especulativo ou capital financei-ro foi acelerado e integrado pelos sistemas de in-formação (telecomunicações e informática). Assimas transações financeiras ocorrem todos os dias eem tempo real, acelerando a capacidade de circu-lação do dinheiro.

b) Para atrair capitais especulativos (de curto prazo)muitos países chamados de emergentes adotampolíticas de estabilização monetária, que ocorrempor meio da valorização da moeda e do aumentodas taxas de juros. O problema dessa prática eco-nômica é que ela exerce pressão inflacionária in-terna seguida, principalmente, pela recessão e,conseqüentemente, pelo arrocho salarial.

7. a) Fórum Mundial Econômico (FEM), em Davos, naSuíça. Esse encontro reúne países do G7 (grupo dos7 países mais ricos) e representantes das maioresempresas multinacionais. Nele se discute a orienta-ção política mundial para o próximo período, vi-sando a melhoria do rendimento econômico mun-dial sob a ótica das grandes potências mundiais. Ooutro evento é o Fórum Social Mundial (FSM), emPorto Alegre, RS. Esse é marcado pela presença devários movimentos sociais, com forte presença dasONGs, de muitos países.

b) O Fórum Social Mundial nasceu como contrapon-to ao FEM e é caracterizado pelos debates sobre adesigualdade social e econômica entre as classessociais e os países, bem como sobre as questões

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ambientais, étnicas e nacionais. O FSM, até suaquarta realização, tem se apresentado como umespaço predominante de discussão, não se propon-do a apresentar resoluções para combater os efei-tos danosos da globalização.

■ Capítulo 22Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano”

1. a) A Doutrina Monroe e o projeto da Alca asseme-lham-se por basearem-se na noção da liderançados Estados Unidos no chamado “HemisférioAmericano”.

b) A formação de blocos econômicos estimula a cir-culação internacional de mercadorias e capitais,oferecendo possibilidades de ampliação dos mer-cados e dos lucros das empresas transnacionais. Doponto de vista dos Estados, a participação em blo-cos econômicos contribui para o aumento das ex-portações e para a recepção de investimentos es-trangeiros.

2. c.

3. b.

4. Os principais interesses econômicos e estratégicosnorte-americanos na região do Caribe estão relacio-nados ao combate das guerrilhas e à produção de fo-lha de coca e cocaína na Colômbia; à garantia do su-primento de petróleo vindo da Venezuela; ao usoprivilegiado do canal do Panamá; e à preocupaçãocom o governo socialista de Fidel Castro em Cuba.

5. b.

6. a.

■ Capítulo 23União Européia e CEI

1. a) Diante dessa nova situação, por iniciativa da Fran-ça e da Alemanha Ocidental, a Itália e os países doBenelux engajaram-se no projeto de integraçãoeconômica e política européia. O primeiro passodesse projeto foi a constituição da ComunidadeEuropéia do Carvão e do Aço (Ceca), em 1952, quepreparou as bases para o Tratado de Roma e a cri-ação da Comunidade Européia, em 1957.

b) A principal meta estabelecida pelo Tratado de Ma-astricht foi a união econômica e monetária, pormeio do estabelecimento da moeda única. O eurotornou-se moeda oficial da maior parte dos paísesda UE em janeiro de 1999.

2. e.

3. a) No plano geopolítico, a integração dos países da Eu-ropa centro-oriental solda os destinos dos novosmembros ao da União Européia, reduzindo radical-mente a influência de Moscou sobre essa parte docontinente. No plano econômico, a integração dessespaíses abre novos mercados e campos de investimen-tos para as grandes empresas da Europa ocidental.

b) Em tese, a Turquia não foi admitida ainda na UniãoEuropéia em função da fragilidade de suas institui-ções democráticas e das violações de direitos hu-manos. Na prática, a União Européia, formada pornações cristãs, resiste em incorporar um país popu-loso de cultura e tradição muçulmanas.

4. a.

5. a) No momento “before”, a Europa Ocidental estavafragmentada e a União Soviética constituía umaunidade. No momento “after”, a Europa é repre-sentada como um bloco e a União Soviética apare-ce fragmentada.

b) De um lado, a União Soviética deixou de existir eem seu lugar surgiram 15 repúblicas independentes.De um outro, foram consolidados os fundamentosjurídicos e econômicos que constituíram a UniãoEuropéia. Mas, é claro, trata-se de uma simplifica-ção da realidade: a União Européia não suprimiu asfronteiras políticas que separam seus integrantes.

6. c.

■ Capítulo 24A Bacia do Pacífico

1. a.

2. c.

3. a.

4. b.

5. a) O Quadro I revela que mais de um quarto da ren-da mensal média das famílias chinesas transforma-se em poupança, enquanto as despesas com bensde consumo são mais baixas. Essa situação confi-gura a existência de um vasto mercado consumi-dor potencial, que atrai empresas transnacionais.

b) O grande potencial de crescimento econômico chi-nês está associado à demografia. A população, emtorno de 1,5 bilhão de habitantes, é um imensomercado potencial, ainda inexplorado, para bensde consumo duráveis e não duráveis.

6. e.

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Unidade 7

A fronteira Norte/Sul

■ Capítulo 25Periferias da globalização

1. b.

2. a) O primeiro, o Muro de Berlim, simbolizava a or-dem da Guerra Fria, que separava o mundo emblocos socialista e capitalista. O segundo, o Murode Tijuana, no México, é hoje um símbolo da sepa-ração entre o Norte rico e o Sul pobre.

b) O Muro de Tijuana expressa a barreira que impedea entrada indesejada de populações dos países pe-riféricos, que tentam alcançar nos países ricos me-lhores condições de vida e de trabalho.

3. e.

4. b.

5. a) O mapa apresenta os indicadores de subnutriçãono continente africano, com os maiores percentu-ais na faixa intertropical.

b) Os menores percentuais de subnutrição estão nonorte (baixas densidades populacionais) e no sul(maior desenvolvimento da República Sul-Africa-na) do continente africano. A faixa intertropical émarcada por grande concentração populacional,produção agrícola ineficiente e inúmeros conflitosétnicos, principalmente na sua porção central.

6. e.

■ Capítulo 26Transição demográfica

1. c.

2. d.

3. a) O ingresso da mulher no mercado de trabalho, a po-pularização do uso de anticoncepcionais e o aumen-to dos custos de educação das crianças contribuírampara a queda do índice de natalidade na Europa.

b) Como conseqüência, a população do continenteestá envelhecendo, o que gera um aumento na de-manda por programas de aposentadoria e de assis-tência social aos idosos.

4. b.

5. b.

6. a) Os imigrantes estrangeiros na Europa Ocidentaldesempenharam um papel muito importante na

reconstrução da Europa, no período entre o pós-Segunda Guerra e os anos 1970. Eles formaramuma mão-de-obra abundante, barata e compouca ou nenhuma qualificação técnica, liberan-do a população nativa para outras funções nomercado de trabalho.

b) Um argumento de ordem econômica é aqueleque diz que atualmente os imigrantes concorremcom a população nativa pelos postos de traba-lho, além da acusação de que os imigrantes pres-sionam “para baixo” os níveis salariais. Entre osargumentos de ordem étnico-cultural destacam-se: a visão de que os imigrantes, cultivando os valo-res de seus países de origem, ameaçam os valoresculturais nativos; o medo de futuro predomínio nu-mérico de outras etnias; o receio de perda de he-gemonia da língua nacional; os conflitos de natu-reza religiosa.

7. e.

■ Capítulo 27Urbanização e meio ambiente

1. c.

2. c.

3. a) Estes países apresentam geralmente distribuiçãoespacial desigual da riqueza; rede de cidades compouquíssimas cidades médias; convergência dosfluxos populacionais nacionais para uma única ci-dade, gerando, muitas vezes, problemas como fa-velização, violência, trânsito caótico.

b) A concentração populacional nos países desen-volvidos ocorre em redes urbanas mais equilibra-das, com raros casos de surgimento de megaci-dades. Isso se explica devido a uma maiordesconcentração das atividades econômicas edos sistemas de transporte e de comunicaçãonesses países. Ao contrário dos países menos de-senvolvidos, onde as atividades econômicas e asinfra-estruturas técnica e social se concentramem poucas cidades.

4. As cidades apontadas no mapa são caracterizadas porserem espaços de decisões econômicas, políticas e cul-turais; por apresentarem sedes de grupos empresari-ais com alcance global; por possuírem sedes de bolsasde valores que operam com empresas nacionais e deoutros países e cujo movimento tem conseqüênciassobre o mercado produtivo e financeiro mundial; porreceberem imigrantes de diversas partes do mundo, oque lhes confere uma face cosmopolita; por sediaremgrandes companhias do setor de comunicação e agên-cias de notícias; por terem muitas vezes uma conexão

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mais forte entre si do que com os espaços nacionaisnos quais se situam.

5. a) Aterros sanitários, usinas de compostagem, lixões.

b) A geração de lixo é diretamente proporcional à ri-queza do país, porque nos países mais ricos a com-posição do lixo acompanha o ritmo do consumo.

6. a) As três megacidades que apresentaram maiores ta-xas de crescimento entre 1975 e 2000 foramMumbai, Déli (Índia) e Karachi (Paquistão). O cres-cimento explosivo dessas e de outras cidades situ-adas em países subdesenvolvidos deve-se princi-palmente ao êxodo rural.

b) Cidades globais apresentam uma grande concen-tração de sedes de grandes corporações bancáriase industriais e funcionam como centros de tomadade decisões capazes de afetar a economia mundial.

c) Nos países pobres, o crescimento acelerado dasmegacidades tende a agravar o déficit habitacio-nal, já que a maior parte dos novos habitantes estáexcluída do mercado imobiliário formal.

7. c.

Unidade 8

Geopolíticas da globalização

■ Capítulo 28Da Guerra Fria à “nova ordem mundial”

1. e.

2. a.

3. a.

4. a) Em relação ao poder econômico podemos citar aforte presença dos Estados Unidos em organismossupranacionais, como o FMI, o BIRD, a OMC, oG7. Em relação ao poder militar podemos citar apresença de bases e soldados dos Estados Unidosem diversos pontos do planeta.

b) A presença nos organismos econômicos internaci-onais permite aos Estados Unidos direcionar a polí-tica de muitos países para fazer valer seus interes-ses comerciais e financeiros. O mesmo ocorre coma expansão geográfica de sua força militar, que fin-cada em um país acaba, de alguma forma, subju-gando governos, povos e Estados.

5. c.

6. b.

7. c.

8. a.

9. c.

■ Capítulo 29O mundo muçulmano e o Oriente Médio

1. a.

2. a.

3. a) Israel obteve o controle territorial das Colinas deGolã, na parte síria da Cisjordânia, que pertence àJordânia. Ao anexar esta região, Israel se aproprioude um território com amplos recursos hídricos, oque facilitou também os assentamentos agrícolas efortaleceu a defesa das fronteiras israelenses.

b) A bacia do rio Jordão drena uma pequena área declima árido e suas águas correm sobre uma falhageológica.

c) Colinas de Golã (Síria); Cisjordânia foi parcialmen-te devolvida à ANP; Faixa de Gaza, que ainda per-manece sob controle parcial israelense.

4. b.

5. c.

6. A Tchetchênia é uma região da Federação Russa quevive desde 1992 intensos conflitos entre o movimen-to separatista e o Estado russo. A Tchetchênia estálocalizada nos sopés da cadeia do Cáucaso e possuiclima temperado continental. Não interessa a Mos-cou a separação, pois a região tem grande importân-cia por suas reservas petrolíferas e pelo contato comoutros países. As diferenças étnico-religiosas consis-tem em um importante fator de coesão dos tchetche-nos, já que em sua maioria são islâmicos, o que apro-xima essa região do mundo muçulmano. A açãoseparatista tem sido fortemente reprimida pelo Esta-do russo, inflexível desde o início quanto à indepen-dência da região, recebendo como resposta dos sepa-ratistas mais radicais os atentados terroristas.

■ Capítulo 30Estado e nação na África

1. A colonização, a espoliação dos recursos naturais e acriação artificial de Estados sem considerar as diferen-ças e os conflitos étnico-tribais produziram uma situa-ção de barbárie em muitos países do continente afri-cano, marcados por fome, doenças e guerras civis. Adesestabilização desses países afasta os investimentosestrangeiros e desconecta a África do capitalismo glo-balizado, aumentando e reproduzindo a pobreza daregião.

2. d.

3. a.

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4. a) A região de Darfur, no Sudão, possui importantesjazidas de petróleo, o que atrai o interesse dos EUAe da Inglaterra, que vêem ameaçada a estabilidadeda produção petrolífera. O conflito de Darfur en-volve grupos muçulmanos, o que pode ser mais umelemento de preocupação para ambas as potên-cias, atualmente em conflito com países majoritari-amente muçulmanos.

b) O Congo (ex-Zaire) foi colonizado pela Bélgica atéo fim da Segunda Guerra Mundial, período marca-do pela partilha artificial do continente africanopelas potências européias. A partir daí o Congo fi-cou sob a influência dos EUA, que instalou no po-der o ditador Mobutu Sese Seko, derrubado em1997 por Laurent Kabila, que também se revelouum déspota como seu antecessor. No centro des-ses conflitos, que já levaram à morte cerca de 3

milhões de pessoas, está o interesse pelas vastasjazidas de diamante, cobre e cobalto.

c) A Nigéria também é palco de inúmeros conflitosétnico-tribais, como a oposição entre cristãos e mu-çulmanos, que dominam a porção setentrional dopaís. A Nigéria viveu uma longa colonização britâ-nica e é formada, atualmente, por um mosaico commais de 200 grupos étnicos, reunidos numa mes-ma unidade política. A disputa do poder por essesgrupos se intensificou com o processo de indepen-dência. A Nigéria é o principal produtor de petró-leo africano, além de possuir outros recursos natu-rais, como ferro e diamante, o que aumenta osconflitos por seu controle.

5. c.

6. c.

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