Geografias de Género - Enquadramento teórico

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Page 1: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Geografias

de Género

Enquadramento teórico

Page 2: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Contextualização

Centralidade masculina na geografia

Omissões significativas do papel das mulheres

Formas “masculinas” de pensar e produzir saber

Page 3: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Contextualização

Discriminação institucional

Linguagem sexista

Objeto de estudo – atividades associadas a homens

o Economia produtiva vs. reprodução social

Page 4: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Epistemologia masculina

Universalismo

Ponto de vista isento sem ser afetado por aspetos como

classe, raça ou etina, nacionalidade, convicções

políticas, género, sexualidade, etc.

Perceção de que estes aspetos do/a investigador/a

podem e devem ser ignorados

Omnisciência e infabilidade

Fortalece a posição de poder do investigador e o seu

papel de autoridade

Page 5: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Epistemologia masculina

Compartimentação

• Fronteiras rígidas e fixas para compreender os

fenómenos (ex: natureza e cultura, masculino e

feminino, plantas e animais, etc.)

• Análise científica de causa e efeito

Page 6: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Epistemologia masculina

Objetividade

Estratégia masculina de representação do

mundo

O/A observador/a deve ser objetivo e excluir

qualquer “contaminação” da investigação pelos

seus pensamentos e sentimentos, adotar a

terceira pessoa no relato, sem autorreferências

e utilizar uma escrita isenta

A investigação não deve ser “influenciada” por

aspetos pessoais ou sociais do/a investigador/a

Page 7: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Epistemologia feminista

A abordagem feminista privilegia a diferença e a

compreensão relacional dos fenómenosO que define os objetos de estudo são as inter-

relações no contexto social (ex: divisões laborais em

função do género) e não as suas supostas

caraterísticas intrínsecas (ex: biologia)

Contributo feminista: o

universalismo, compartimentação e objetividade

são tradicionalmente associadas com

caraterísticas masculinas, enquanto os seus

opostos: particularismo, relacionalidade e

subjetividade são associadas a caraterísticas

femininas

Page 8: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Epistemologia feminista

Uma área importante das geografias de género

tem sido dedicada a identificar as formas e meios

pelas quais a epistemologia foi associada ao

género, assim como a analisar as repercussões

em termos da marginalização das mulheres na

academia e na sociedade.

Page 9: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Gender, Place and Culture

A Journal of Feminist Geography

http://www.tandf.co.uk/journals/cgpc

Page 10: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Abordagens teóricasPreocupações

metodológicasExemplos de temas de investigação

Mulheres na

Geografia

“Contar” mulheres

Geografia das mulheres

Empirismo feminista

Mapear os padrões

espaciais das atividades das

mulheres

Questionar a investigação

positivista

Mulheres na cidade

Mulheres e trabalho

Mulheres e desenvolvimento

Feminismo

socialista

Feminismo socialista

Marxismo, género e

desenvolvimento

Materialismo histórico

Combinação da teoria com a

praxis

Relações entre o patriarcado e o

capitalismo

Estruturas sociais e espaciais de casa e

do trabalho

Papéis de género em países em

desenvolvimento

Feminismo do

Terceiro Mundo

/ Políticas da

diferença

Pós-estruturalismo

Pós-colonialismo

Análise do discurso

Investigação participativa

Histórias de vida

Questionar as formas de conhecimento

essencialistas e eurocêntricas

Planeamento, género e

desenvolvimento

Diferenças ao longo do curso de vida

Feminismo e

geografia

cultural

Teoria Queer

Pós-modernismo

Posicionalidade e

reflexividade

Narrativas

Etnografia

Conhecimento situado

Sexualidade e espaço

O corpo e as políticas de identidade

Espaços imaginários e simbólicos

Adaptado de: Johnston, et al. 1994; Jones, Nast, and Roberts 1997; WGSG 1997

Page 11: Geografias de Género - Enquadramento teórico

“O empirismo feminista questiona a capacidade da ciência em avaliar adequadamente

a experiência da mulher dentro do paradigma dominante da ciência empírica. Este

paradigma dominante foi identificado como enraizado na cultura androcêntrica e

é, desta forma, influenciado pela experiência masculina. O empirismo feminista

identifica os problemas e questões da ciência, como reflexos de uma perspetiva do

gênero masculino para a exclusão de uma perspetiva do gênero feminino: o empirismo

feminista expôs "uma ciência distorcida pelo viés masculino em termos de

problemáticas, teorias, conceitos, métodos de inquérito, observações, e interpretações

de resultados de pesquisa" (Harding, 1989, p.21). Consequentemente, a teoria feminista

move-se em direção a esforços que desenvolvam epistemologias do ponto-de-vista

feminista. As teorias do ponto-de-vista feminista veem elas mesmas como provedoras

de "entendimentos menos racionalizados, menos perversos, menos defensivos, menos

distorcidos, menos falsos e mais completos dos mundos natural e social"

(Harding, 1989, p.24).”

Excerto de: SOUZA, Mariane L., MARTINEZ, Jacqueline M. (2001), Teoria da comunicação feminista: uma

explicação semiótico-fenomenológica da teorização acadêmica feminista, in Revista Tesseract, edição n. 4 Maio

2001. [Disponível em http://www.antroposmoderno.com/textos/Teoriada.shtml]

Page 12: Geografias de Género - Enquadramento teórico

O feminismo socialista nasce da teoria marxista. Faz uma crítica do capitalismo, mas

também do patriarcado e da ausência de uma perspetiva de género na obra de Marx.

As feministas socialistas acreditam que a sociedade burguesa deve ser reestruturada

para acabar com a escravidão doméstica das mulheres e levar a alguma fórmula de

coletivização do trabalho doméstico e do cuidado das crianças.

Esta teoria surge no momento de expansão da industrialização e da emergência do

movimento operário e caracteriza-se como um movimento social com foco nas

mulheres da classe trabalhadora e nas condições de trabalho, bem como na

incorporação de todas as mulheres no mercado de trabalho como uma forma de

tornarem-se independentes dos homens, mas também de lutarem pelo direito ao voto.

Reflete sobre a importância da classe socioeconómica na situação das mulheres. A

situação das mulheres proletárias tem pouco a ver com as mulheres da classe média.

http://es.wikipedia.org/wiki/Feminismo_socialista

Page 13: Geografias de Género - Enquadramento teórico

O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da

economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich

Engels (1818-1883), embora estes autores não tenham utilizado este termo para definir

as suas ideias.

O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinado

por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.

De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica,

desde as sociedades mais remotas até à atual, dá-se pelos confrontos entre diferentes

classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve

também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como

exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido

oprimidos pelos senhores, enquanto no capitalismo seria a classe operária pela

burguesia.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Materialismo_hist%C3%B3rico

Page 14: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Feminismo do Terceiro Mundo

As feministas dos países desenvolvidos não raro aceitam acriticamente as distorções

do olhar primeiromundista sobre o outro. Essas distorções levam ocidentais, inclusive

muitas feministas, a verem outras culturas como totalidades estáticas e organicamente

coerentes. A consequência mais comum dessa postura é a de culpar o todo da cultura

por práticas consideradas indesejáveis. …. Outra variante desse raciocínio enxerga a

postura crítica e mudancista do feminismo do Terceiro Mundo como uma forma de

traição à integridade da "cultura". Em uma versão mais esquerdista dessa crítica, as

atividades de protesto feminista naqueles contextos são vistas como uma forma de

aburguesamento ocidentalizante. Relembrando Edward Said, Narayan mostra que por

trás dessas críticas está a noção imperialista de que o Ocidente é dinâmico e plural,

enquanto sociedades do "resto" do mundo estão aprisionadas por culturas tradicionais

imorredouras. De acordo com esse preconceito, o feminismo, por lutar pela mudança

dos hábitos e valores, só cabe no Ocidente.

Excerto de: FERES JR., João. Mana [online] (1999), Revisão do livro “NARAYAN, Uma. 1997. Dislocating

Cultures: Identities, Traditions, and Third World Feminism”, in Mana vol.5 n.2 Rio de Janeiro. [Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93131999000200013&script=sci_arttext]

Page 15: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Pós-estruturalismo refere-se a uma tendência à radicalização e à superação da

perspetiva estruturalista, observada entre os intelectuais franceses, tanto no campo

propriamente filosófico , como psicanalítico, político e sociológico, na

perspetiva neomarxista e na análise literária.

O movimento pós-estruturalista está intimamente ligado ao pós-modernismo - embora

os dois conceitos não sejam sinônimos.

O pós-estruturalismo instaura uma teoria da desconstrução na análise literária,

liberando o texto para uma pluralidade de sentidos. A realidade é considerada como

uma construção social e subjetiva.

De modo geral, os pós-estruturalistas rejeitam definições que encerrem verdades

absolutas sobre o mundo, pois a verdade dependeria do contexto histórico de cada

indivíduo.

http://dicionario24.info/P%C3%B3s-estruturalismo

Page 16: Geografias de Género - Enquadramento teórico

“A Teoria Pós-Colonial, (...) traduz a sua herança crítica do Orientalismo sob a forma

duma prática interdisciplinar, passando pela Filosofia, pela Historiografia, pelos Estudos

Literários, pela Sociologia, pela Antropologia e pelas Ciências Políticas. Os teóricos

pós-coloniais distinguem-se pela tentativa constante de repensar a estrutura

epistemológica das ciências humanas, estrutura essa que terá sido moldada de acordo

com padrões ocidentais que se tornaram globalmente hegemônicos devido ao facto

histórico do colonialismo. Consistindo numa resposta da periferia ao centro, a Teoria

Pós-Colonial procura dar voz à alteridade que a «vontade de saber» dominante tem

vindo a assimilar dentro de si mesma, criando assim paradoxalmente a exclusão dessa

mesma alteridade. Pela ênfase colocada na temática da alteridade, a Teoria Pós-

Colonial tende a transcender as consequências do colonialismo, servindo como frente

de combate a qualquer grupo que se sinta discriminado em relação à norma

prevalecente – seja esta étnica, social ou sexual -, e que procure implementar uma

política de identidade através da afirmação da diferença.”, p. 222.

Excertos de: ÁLVARES, Cláudia (2000), Teoria pós-colonial, Uma abordagem sintética, in Revista de

Comunicação e Linguagens - Tendências da Cultura Contemporânea, J. Bragança de Miranda e E. Prado Coelho

(org.), Lisboa: Relógio de Água.

Page 17: Geografias de Género - Enquadramento teórico

A teoria Queer pretende articular reflexão teórica e intervenção política, emergindo na

sequência do debate entre abordagens essencialistas e construtivistas da identidade.

Com epicentro nos estudos literários e influenciada pelo construtivismo, pelo pós-

estruturalismo e pelo pós-modernismo, a abordagem surge na década de 1990,

salientando as relações fluidas, incoerentes e instáveis entre corpo, sexo, género e

desejo, questionando a existência de fronteiras estáveis entre «normalidade» e

«desvio» e a heteronormatividade. No seu âmbito, o que define a identidade não é uma

essência, mas um trabalho permanente de (re)construção discursiva através do qual se

constitui o/a próprio/a sujeito/a.

Foi influenciada pelo trabalho de Eva Kosofsky Sedgwick, Judith Butler, e Berlant

Lauren.

Excerto de: BRANDÃO, Ana Maria (2009), Queer, mas não muito: género, sexualidade e identidade nas

narrativas de vida de mulheres, in ex æquo, n.º 20, 2009, pp. 81-96. [Disponível em

https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10568/1/Queer%20mas%20n%C3%A3o%20muito.PDF]

Page 18: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Judith Butler

… Gender Trouble (1990) … ao concentrar-se na forma como a identidade de género é

construída no discurso e pelo discurso. O livro apresenta formulações teóricas em torno

da crítica foucauldiana do sujeito, de leituras das teorias estruturalistas, feministas e

psicanalíticas, e da teorização das performativas. O ponto de partida é um ponto de

ruptura: as feministas teriam erroneamente partido do princípio da existência de “um

sujeito” acriticamente designado por Mulher ou mulheres. Gender Trouble questiona

isto, propondo ao invés um sujeito-em-processo que é construído no discurso e pelos

actos que performa.

Butler defende que a identidade de género é uma sequência de actos, mas também

defende que não existe um performer ou actor pré-existente e que faz os actos. Por isso

estabelece uma distinção entre performance (que pressupõe a existência de um sujeito)

e performatividade (não pressupõe um sujeito, antes fá-lo).

Excerto de: VALE DE ALMEIDA, Miguel (2008), Do feminismo a Judith Butler, in Conferência Ciclo “Pensamento

Crítico Contemporâneo”, Le Monde Diplomatique / Fábrica Braço de Prata, 5 de Abril de 2008. [Disponível em

http://site.miguelvaledealmeida.net/wp-content/uploads/butler-pensamento-critico1.pdf]

Page 19: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Pós-modernismo é a condição sociocultural e estética que prevalece no capitalismo

contemporâneo após a queda do Muro de Berlim e a consequente crise das ideologias

que dominaram o século XX. O uso do termo tornou-se corrente embora haja

controvérsias quanto ao seu significado e a sua pertinência.

O crítico literário Frederic Jameson e o geógrafo David Harvey identificaram a pós-

modernidade como o "capitalismo tardio" ou a "acumulação flexível", um estágio de

capitalismo seguindo o capitalismo financeiro, caracterizado por trabalho altamente

móvel e capital. E o que Harvey chamou de "compressão do tempo e espaço".

A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e

as estruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de

exercício do poder.

Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura

em nível global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde

meados do século XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o

sistema-mundo político-económico resultante da globalização.

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernidade

Page 20: Geografias de Género - Enquadramento teórico

Proposta de trabalho

Façam uma pesquisa em diferentes revistas:

Como caraterizam as revistas classificadas como “para mulheres” ?

E as revistas classificadas “para homens”?

Exemplos: http://www.maxima.xl.pt/ e http://www.menshealth.com.pt/

Podem procurar mais em http://www.jornaiserevistas.com/index.php

Analisando as imagens e os discursos:

De que forma são representadas as mulheres?

De que forma são representadas os homens?

Recurso adicional: http://www.cig.gov.pt/guiaoeducacao/3ciclo/3c_capk/