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SUMRIO

A DINMICA INTERNA E OS MATERIAIS TERRESTRES _________ 7PROCESSOS INTERNOS E TEMPO GEOLGICO _______________________ 7ESTRUTURA INTERNA DA TERRA

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TECTNICA DE PLACAS______________________________________________________ 10 DEFORMAES GEOLGICAS: FALHAS E DOBRAS TEMPO GEOLGICO

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 24

MINERAIS E ROCHAS _______________________________________________ 25CICLO DAS ROCHAS / MINERAIS FORMADORES DAS ROCHAS ________________________ 25 ROCHAS GNEAS ___________________________________________________________ 33 ROCHAS SEDIMENTARES _____________________________________________________ 48 ROCHAS METAMRFICAS ____________________________________________________ 53 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 56

A DINMICA EXTERNA DO PLANETA __________________________ 57OS PROCESSOS SUPERFICIAIS _______________________________________ 57INTEMPERISMO ____________________________________________________________ 57 EROSO__________________________________________________________________ 62 MOVIMENTOS DE MASSA

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RECURSOS HDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRNEOS

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 73

SUMRIO

AMBIENTES GEOLGICOS __________________________________________ 74AMBIENTE DESRTICOS______________________________________________________ 74 AMBIENTE GLACIAL

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AMBIENTE FLUVIAL_________________________________________________________ 77 AMBIENTE COSTEIRO

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 81

GLOSSRIO _____________________________________________________________ 83 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS __________________________________________ 84

A DINMICA INTERNA E OS MATERIAIS TERRESTRESPROCESSOS INTERNOS E TEMPO GEOLGICOESTRUTURA INTERNA DA TERRAO planeta Terra um corpo dinmico composto por diversos sistemas que esto sempre interagindo entre si. A hidrosfera, a atmosfera, a biosfera e a terra slida compem este corpo dinmico e as alteraes sofridas em um destes sistemas produz alteraes nos demais. Podemos imaginar este integrao analisando, por exemplo, uma erupo vulcnica: A partir da erupo vulcnica so lanados blocos de rocha e lava na superfcie da Terra. Este material pode obstruir vales e criar lagos, modicando o sistema de drenagem da regio; Grandes quantidades de gases e cinzas vulcnicas so lanadas na atmosfera, inuenciando na quantidade de energia solar que chega superfcie da Terra. Isto pode causar uma diminuio na temperatura do ar devido a pouca quantidade de raios solares que conseguem atravessar a atmosfera nestas condies; Esta mudana climtica certamente afetar a biosfera, alm disso, muitos organismos e seus habitats podem ser eliminados pela lava ou por cinza vulcnica. Em 1864, o escritor Jules Verne imaginou, em Jornada para o Centro da Terra, um mundo subterrneo cheio de serpentes marinhas gigantes e outras grotescas criaturas. Contudo, o que os cientistas conhecem hoje sobre o interior do planeta est muito longe da fantstica estria de Verne: atualmente sabe-se que o interior da Terra formado por rochas e metais, sujeitos a altssimas temperaturas e presses, progressivamente mais densos medida que se chega aos nveis mais profundos. Apenas em circunstncias muito raras (que sero discutidas no prximo item) as rochas de regies profundas da Terra chegam superfcie ou prximo dela. Devido a essa diculdade, os gelogos tiveram que utilizar mecanismos ou ferramentas que lhes possibilitasse inferir a composio interna da terra. A grande ferramenta utilizada para conhecer a comO ramo da geologia que trata dos posio das camadas internas da Terra o estudo princpios fsicos que ajudam a desvendar o das ondas ssmicas. Alm das ondas ssmicas, as vainterior da Terra a geofsica. riaes no uxo de calor, a gravidade e o magnetismo tambm so utilizados com esta nalidade.

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A maior parte dos conhecimentos que se tem atualmente sobre a estrutura interna da Terra foi obtida atravs da anlise das variaes na velocidade de propagao das ondas ssmicas. Estas ondas tendem a se propagar com a mesma velocidade quando atravessam regies mais ou menos homogneas; tornamse, por outro lado, mais lentas ou mais rpidas quando atravessam materiais de composio diferente. Desta forma, atravs da comparao de dados coletados em estaes sismogrcas em vrias partes do mundo, os cientistas puderam estimar a densidade, a composio, a estrutura e o estado fsico das diversas camadas do interior da Terra.

Crosta: a crosta a camada rochosa mais externa do planeta e pode ser analisada a partir de amostras coletadas nos continentes ou no fundo dos oceanos. A parte da crosta que compe os continentes chamada de crosta continental, enquanto que a parte da crosta que forma o substrato ocenico chamada de crosta ocenica. Crosta continental: apresenta composio tipicamente grantica e tem densidade relativamente baixa (aproximadamente 2,7g/cm3). Porm, na sua poro inferior ou basal, mais prximo ao manto, a crosta continental apresenta composio basltica (com densidade de cerca de 3,0 g/ cm3), ao contrrio do que ocorre mais prximo superfcie. Nos locais onde se encontra mais estreita, tem geralmente espessura inferior a 20km, j nas regies montanhosas pode apresentar at 70km de espessura.

Saiba mais!Rochas de composio grantica so chamadas de rochas flsicas; rochas de composio basltica so chamadas de rochas bsicas.

Crosta ocenica: a crosta ocenica mais difcil de ser estudada devido ao fato de estar abaixo de uma lmina dgua de cerca de 4km e de uma pilha de sedimentos marinhos que chega a 200m de espessura. Apresenta composio basltica e sua espessura mdia de 6km, muito inferior espessura da crosta continental.

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Fonte:

Minerais e rochas

Que so minerais?Cristal Mineral Com a notvel exceo do mercrio, os minerais so pesados, duros e compactos. So massas slidas que exibem formas chamadas cristais.

Substncias produzidas articialmente, ou atravs de atividade orgnica (de animais e plantas), no so consideradas minerais verdadeiros. Mais do que simples rochas

As rochas so feitas de combinaes especcas de minerais. As milhes de maneiras pelas quais O cristal uma substncia de forma constan- os minerais podem se combinar resultam na imensa te e regular. Isso signica que, mesmo quando re- variedade de rochas e paisagens que observamos na duzido a p, cada partcula ainda retm a forma do natureza. cristal original. Esse o modo como os minerais so Tradies, mitos e lendas identicados. Ao pensar nos minerais em termos de sua Natural, articial e inorgnico aplicao na indstria moderna e pela cincia, esOs minerais so substncias naturais que se quecemos que, no passado, eram tidos como subsformam dentro de diferentes tipos de rochas. Para tncias dotadas de propriedades mgicas, msticas e extra-los, s vezes necessrio cavar bem fundo medicinais. Algumas dessas crenas so surpreendentemente corretas, outras apenas bizarras. abrindo minas, poos e tneis.

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de um espcime. Algumas cores s ocorrem em determinados minerais, que por isso mesmo so Durante milhares de anos as pessoas inventa- de grande valia para os artistas. ram histrias extraordinrias a respeito dos minerais Um dos atrativos dos minerais, que exerce fase das pedras preciosas. Da o grande nmero de tracnio constante nas pessoas, a gama de cores maradies e lendas que envolvem a magia, a astrologia, vilhosas que possuem, j que essas cores representam a alquimia e simbolismos religiosos. O Santo Graal, todo o espectro e toda e qualquer tonalidade que se da ltima Ceia de Cristo, segundo se dizia, era uma possa imaginar. Muitos minerais so incorporados s taa de esmeralda. A bola de cristal na qual os videntintas usadas na pintura, em parte porque as tonalidates previam o futuro era afeita de quartzo. Segundo des so exclusivas e inimitveis e, em parte, porque as crenas antigas, certos minerais tornavam imunes a cores derivadas de minerais costumam ser tremendaenvenenamentos quem os possusse. Acreditava-se mente estveis e no desbotam, mesmo em caso de que algumas gemas acalmavam febres, curavam resprolongada exposio luz, natural ou articial. saca e tornavam os guerreiros invencveis. Os alquiEntre as cores mais fantsticas exibidas pelos mistas armavam que poderiam transformar metais cristais, temos os vermelhos (prustita, cinabre, realcomuns em ouro ou prata. gar), alaranjados brilhantes (crocota, wulfenita vanadinita), amarelos (trissulfureto de arsnico e enxoPropriedades de cura fre), verdes amarelados (autunita e outros minerais Em tempos idos, acreditava-se que os minerais secundrios do urnio), verdes brilhantes (dioptsio, e as gemas tivessem propriedades de cura to ben- esmeralda), azuis (lpis-lazli, vivianita, azurita), viocas e ecazes quanto as plantas. Em alguns casos, lceas (ametista, uorita, kamerita), entre outras. a evidncia cientca apia a teoria: o sal de Epsom Alguns minerais tm uma determinada cor em ou sal amargo, por exemplo, de fato alivia o sistema estado natural, mas adquirem outra totalmente difedigestivo. Mas outras idias antigas, tais como engo- rente quando modos. Um bom exemplo disso a lir ametista moda para evitar ressaca, no passam de hematita, um xido de ferro muito comum, normalhistrias da carochinha, e provavelmente provocaram mente negro quando cristal. Entretanto, apresenta mais danos fsicos do que cabeas desanuviadas. uma cor de trao vermelho-profunda e produz um Da mesma forma, altamente improvvel que a pigmento amplamente usado desde os tempos antigata moda, ingerida junto com vinho, fosse capaz de gos. O nome da hematita vem da palavra sangue curar ferimentos expostos, ou que as saras, mistura- em grego, justamente em funo de sua cor. das ao leite, conseguissem acalmar clicas intestinais. A cor de um mineral pode variar bastante de um espcime a outro, dicultando a identicao, Isso se deve a impurezas locais e a elementos qumiTalisms e amuletos cos adjacentes que podem ter afetado parcialmente As gemas tm sido usadas como talisms e sua aparncia. A melhor maneira de tirar concluses amuletos desde o princpio da histria do homem. acertadas sobre a identidade de um mineral tendo Eram objetos supostamente dotados de poderes por base a cor examina-la em conjunto com o brisobrenaturais ou mgicos principalmente com o lho desse mineral ou seja, com o brilho da superfcie ou com a qualidade de sua luz reexa. poder de evitar o mal ou o infortnio. De incio, entoavam-se frmulas cabalsticas em torno de talisms e amuletos para investi-los de Dureza, clivagem e fragmentao dos poderes mgicos, mas as civilizaes posteriores minerais comearam a inscrever essas frmulas mgicas nos A dureza de um mineral e seu grau de fragmenprprios amuletos e talisms. tao (caso haja) so determinados pela estrutura cristaAs cores dos minerais, alm de ser em geral lina do espcime e pela maneira como seus componenmagincas e atraentes, fornecem pistas importes se ligam. A dureza e a clivagem de um mineral esto tantes para a identicao deles. Cores mais vivas entre as propriedades mecnicas mais fceis de serem ou inusitadas aumentam muito o valor comercial observadas pelo mineralogista amador; mas as provas28

O futuro previsto no quartzo

que fornecem raramente bastam para se estabelecer em materiais. Em geral, o grau de dureza bastante alto denitivo a identidade de um espcime desconhecido. em minerais com estruturas internas compactas, nas quais os tomos se encontram o mais prximos possvel uns dos outros e onde os elos em forma de Dureza andaime entre os tomos so muito fortes. A dureza poderia ser denida como a capacidade de um mineral de resistir abraso de outros

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O diamante, a mais dura das substncias naturais, uma forma de carbono que tem tanto uma estrutura interna muito compacta quanto elos muito fortes entre os cristais. A grata uma outra forma (alotrpica) de carbono, quimicamente idntica ao diamante mais mole e fraca que o diamante porque seus tomos esto dispostos em camadas que podem ser deslocadas umas das outras com relativa facilidade. A dureza de um mineral no necessariamente a mesma em todas as direes. A bela gema azul de cianita, por exemplo, tem dureza 4 quando riscada no sentido da superfcie dos cristais, mas uma dureza 7 quando riscada na transversal.

quando os planos da estrutura no so paralelos. Neste caso, a estrutura do mineral afetado frgil e se parte de modo desigual em direes diferentes. Muitos minerais tm fratura e clivagem, mas alguns s tm a fratura. Usamos quatro graus de fratura para descrever os minerais: irregular, desigual, concide (semelhante a uma concha) e lascado ou denteado (com superfcies recortadas, irregulares). Nunca se deve esquecer que, a exemplo do que ocorre com a dureza, at certo ponto a clivagem melhor para descrever os minerais do que para deni-los em termos estritamente cientcos.

Escala de MohsInfelizmente, medir a dureza dos minerais no a melhor forma de deni-los, embora o mtodo seja til para descrev-los. A Escala de Mohs apenas um meio grosseiro e instantneo de comparao entre minerais, no uma medio cienticamente precisa. Mas, apesar das limitaes, a Escala de Mohs continua sendo perfeitamente adequada e o mtodo mais comum para uso geral.

MagnetismoO magnetismo uma fora que tanto pode atrair para perto quanto afastar para longe certas substncias. H vrios minerais magnticos e um dos mais comuns a magnetita. Conhecida tambm como pedra-m, a magnetita ocorre em rochas gneas e metamrcas no mundo todo.

Plos magnticos

Uma das propriedades mais importantes dos materiais magnticos a formao de dois plos. A clivagem a tendncia que tm os mine- Um chamado plo norte, o outro plo sul. rais de se partir em certas direes. A facilidade da Plos iguais (norte e norte; sul e sul) foram o afasclivagem varia muito de mineral a mineral. Utili- tamento mtuo, ao passo que plos opostos atrazamos quatro graus de clivagem: perfeita, distinta, em-se. Se voc pegar dois pedaos de rocha natuindistinta, inexistente. A direo da clivagem sem- ralmente magntica, como a magnetita (xido de pre paralela face cristalina possvel ou existente. ferro), elas se atraem ou se repelem, dependendo Entre os minerais que tm clivagem perfeita esto das extremidades que forem postas juntas. A regra a barita, a calcita, a clorita, o diamante, a galena, a : plos iguais repelem; plos diferentes atraem. hemimorta, a rodonita e o topzio. Essa regra continua valendo independentemente de como voc divida a substncia magntica. Se, por exemplo, voc partir um magneto em dois Fratura e ruptura pedaos, ter no um magneto quebrado e sim dois A clivagem diferente da fratura. A clivamagnetos, cada qual com um plo norte e um plo gem s acontece ao longo das linhas da estrutura sul prprios. Se em seguida voc partir os dois, ter cristalina, mas a fratura pode ocorrer no sentido quatro magnetos e assim sucessivamente. transversal. Outro efeito, chamado ruptura, ocorre30

Clivagem

Radioatividade natural dos minerais Alguns elementos qumicos que compem os minerais e as gemas nem sempre so estveis, e podem partir-se espontaneamente nas partculas atmicas constituintes. Quando isso ocorre, so emitidas vrias formas de radiao. Esse fenmeno importante foi descoberto recentemente.

Tudo isso extremamente til para os gelogos porque, uma vez que a durao da meia-vida de um elemento tenha sido descoberta, muito simples calcular a idade das rochas circundantes pelo grau de decomposio encontrado nos elementos radioativos que contm.

Gemas animaisAlgumas das mais belas e valiosas preciosidades da Terra no so originrias de rochas, mas de organismos vivos, tanto vegetais como animais. As descritas a seguir so algumas das mais conhecidas.

Radioatividade

Um dos fatos mais importantes para se ter em mente, em relao radioatividade natural, que ela no inuenciada por mudanas qumicas ou por quaisquer mudanas normais no ambiente mbar do material na qual ocorre. A radioatividade muito diferente de qualquer reao que se possa obter O mbar uma resina viscosa, castanha ou por aquecimento, por exemplo, ou por qualquer amarelada, liberada (secretada) pelas conferas e outra forma de reao qumica. depois fossilizada. Pode conter coisas como inseA radioatividade pode ser denida como desin- tos, folhas, etc., que cam presas na sua resina petegrao espontnea de certos ncleos atmicos. (O gajosa antes que ela se solidique. Entre as inmencleo a parte central do tomo, a que contm a ras coisas j encontradas dentro de fragmentos de maior parte de sua massa.) Sempre que ocorre radio- mbar esto bolhas de ar, folhas, pinhas, pedaos atividade, ela acompanhada pela emisso de partcu- de madeira, insetos, aranhas e at rs e sapos. As las alfa (ncleos de hlio), partculas beta (eltrons) ou bolhas de ar empanam o brilho do mbar; sendo em geral removidas atravs de tratamento trmico. radiao gama (ondas eletromagnticas curtas). Ao contrrio, muitos dos corpos estranhos menMinerais radioativos so os que contm elecionados aumentam de modo considervel o valor mentos qumicos instveis ou variedades raras e da pea, especialmente se dentro dela estiver uma instveis de certos elementos que ocorrem mais espcie rara ou extinta. comumente em forma estvel. Esses minerais deO melhor e mais valioso mbar transparencompem-se naturalmente e, quando isso acontece, liberam enormes quantidades de energia em forma te, e fragmentos extremamente polidos so usados de radiao. A taxa de decomposio natural varia para fazer amuletos e contas. Quando friccionado, de elemento para elemento e o tempo que leva para o mbar d origem eletricidade esttica. que metade dos tomos de qualquer elemento raOs principais depsitos de mbar no mundo dioativo se desintegre conhecido como sua meia- so encontrados no litoral norte da Alemanha: o vida. O processo de desintegrao prossegue e no mbar pode ser levado pelas guas, do leito do mar se encerra aps uma meia vida. Depois de transcor- Bltico at as praias da Gr-Bretanha. Eis outros ridas duas meias-vidas, restar do elemento ori- lugares em que o mbar encontrado: Myanma ginal; depois de trs perodos, restar 1/8; depois (ex-Birmnia), Canad, Repblica Tcheca, Repblide quatro perodos, 1/16, e assim por diante. ca Dominicana, Frana, Itlia e Estados Unidos.

IstoposOs ncleos atmicos de um determinado elemento nem sempre tm a mesma composio. Essas variantes do mesmo elemento bsico so conhecidas como radioistopos ou istopos, simplesmente. Embora as variantes tenham o mesmo nmero de prtons da forma bsica do elemento, tm um nmero diferente de nutrons.

CoralAs mais grandiosas estruturas criadas por seres vivos no so de autoria do homem, mas sim de organismos minsculos que se unem, formando os recifes de coral. O coral constitudo por esqueletos de animais marinhos chamados plipos de coral, pertenFundamentos de Geologia31

centes classe zoolgica anthozoa. Estes plipos tm corpos ocos e cilndricos, e, embora algumas vezes vivam sozinhos, so com maior freqncia encontrados em grandes colnias, onde se desenvolvem, um em cima do outro, acabando por constituir grandiosas formaes geogrcas, como os recifes de coral e atis. Esses esqueletos so formados de carbonato de clcio (rocha calcria), que com o passar dos anos se torna macio. O coral pode existir apenas em guas com temperatura acima de 22C embora a maior parte deles seja encontrada em guas tropicais, h alguns nas regies mais quentes do mar Mediterrneo. Pode ser azul, rosa, vermelho ou branco. O coral vermelho o mais valioso, e h milhares de anos usado em jias.

molusco secreta camadas de carbonato de clcio. Essas secrees que de incio tm o nome de ncar ou madreprola circundam o corpo estranho invasor, e vo construindo sobre ele uma casca que endurece com o passar dos anos: esse processo protege o molusco contra o intruso, fornecendo ao homem uma das suas mais preciosas riquezas, a belssima prola. As prolas podem ser redondas ou irregulares, e so brancas ou negras. As prolas naturais so originrias do golfo Prsico, do golfo de Manaar, que separa a ndia do Sri Lanka e do mar Vermelho. As prolas de gua doce so encontradas nos rios da ustria, Frana, Alemanha, EUA (Mississipi), Irlanda e Gr-Bretanha (Esccia). As prolas cultivadas isto , prolas cuja produo articialmente induzida pela insero deliberada de uma pequena conta que incita a ostra a criar uma prola so produzidas principalmente no Japo, onde as guas rasas do litoral propiciam condies ideais para isso.

MarmO marm uma espcie de dentina que forma as presas de grandes animais selvagens especialmente dos elefantes, mas tambm de hipoptamos e javalis. Os mamferos marinhos como o cachalote, o narval, o leo-marinho e a morsa tambm so capturados por causa dele. O marm tem cor branca cremosa, um material raro e bonito, e, embora seja muito utilizado em decorao desde o comeo da humanidade uma pea de presa de mamute entalhada, encontrada na Frana, tem mais de 30 000 anos -, houve nos ltimos 50 anos uma mudana radical de atitude em relao ao esse tipo de explorao dos animais para o benefcio e prazer do homem. Muitos que antes teriam cobiado peas de marm agora so estimulados a usar alguns de seus muitos substitutos, como o marm vegetal, osso, chifre e jaspe. No entanto, apesar da conscientizao cada vez mais generalizada a respeito do problema, e da legislao internacional que protege os animais sob ameaa de extino, os elefantes continuam a ser caados em muitas regies da frica e da ndia por caadores clandestinos de marm, e ainda correm perigo de extino.

AzevicheO azeviche uma variedade de carvo e ,como tal, foi formado h milhes de anos, originrio da madeira imersa em gua estagnada e depois comprimida e fossilizada por camadas posteriores do mesmo material e de outros, que se acumularam por cima dele. Sabe-se que o homem extrai o azeviche desde 1400 a.C., e durante a ocupao da Gr-Bretanha os romanos davam-lhe tanto valor que muitos carregamentos desse material eram freqentemente enviados para Roma. A beleza do azeviche acentuada pelo polimento, e por causa de sua cor negra era muito procurado no sculo XIX para fazer adornos usados em ocasies de luto. Como o mbar, o azeviche gera eletricidade esttica quando friccionado.

Prola

Fsseis

O que so fsseis? As prolas so formadas por ostras e mexilhes de gua doce como um tipo de proteo Fsseis so restos preservados de plantas ou contra parasitas ou gros de areia que penetram em animais mortos que existiram em eras geolgicas suas conchas, causando irritao. passadas. Em geral apenas as partes rgidas dos orAo se iniciar o processo de irritao, uma cama- ganismos se fossilizam principalmente ossos, denda de tecido manto entre a concha e o corpo do tes, conchas e madeiras. Mas s vezes um organismo32

inteiro preservado, o que pode ocorrer quando as criaturas cam presas em resina de mbar; ou ento quando so enterradas em turfeiras, depsitos salinos, piche natural ou gelo. Entre as muitas descobertas fascinantes feitas em regies rticas extremamente geladas como o norte canadense e a Sibria, na Rssia, temos os restos perfeitamente preservados de mamutes e rinocerontes lanudos.

mos muito delgados, como folhas, por exemplo, so chamados de impresses. Quando pegadas, rastros ou fezes fossilizadas (coprlitos) so assim prensados e preservados chamam-se vestgios fsseis.

As melhores condies para a fossilizao surgiram durante sedimentaes rpidas, principalmente em regies onde o leito do mar profundo o bastante para no ser perturbado pelo movimento Essas descobertas so excepcionais e, quando da gua que h por cima. ocorrem, chegam s manchetes do mundo inteiro. Em termos gerais, todo fssil deve ter a mesma idade do estrato de rocha onde se encontra ou, pelo menos, deve ser mais jovem que a camada diretamenDe modo geral existem trs tipos de fossili- te abaixo e mais velho que a camada diretamente acizao. O primeiro chamado de permineralizao. ma dele. Existe, porm, um pequeno nmero de exceIsso acontece quando lquidos que contm slica ou es, quando o estrato provm de alguma rocha mais calcita sobem superfcie e substituem os compo- velha e se depositou numa rocha mais nova atravs de nentes orgnicos originais da criatura ou planta que processos de sedimentao ou metamorfose. Portanto, quando o cientista sabe a idade da ali morreu. O processo leva o nome de substituio ou mineralizao. Em quase todo o mundo existem rocha capaz de calcular a idade do fssil. Talvez ourios-do-mar silicicados em depsitos de gre- o resultado mais espetacular disso tenha ocorrido da; eles constituem um dos principais fsseis que no sculo XIX, quando cientistas britnicos descobriram os restos de misteriosas criaturas que, de voc deve procurar em suas excurses. Quando o organismo fossilizado contm te- acordo com os estratos circundantes, teriam forcidos moles carne e msculos, por exemplo -, o osamente existido h pelo menos 65 milhes de hidrognio e o oxignio que compunham essa estru- anos. Esses animais de aspecto tenebroso que at tura em vida so liberados, deixando para trs apenas ento eram completamente desconhecidos do ser o carbono. Este forma uma pelcula negra na rocha humano foram batizados de dinossauros, palaque delineia o contorno do organismo original. Esse vra de origem grega que signica lagartos terrveis. A maioria dos fsseis transforma-se em pedra, um processo que leva o nome de petricao. contorno chama-se molde, e os moldes de organis-

ROCHAS GNEASComo j foi dito anteriormente, as rochas gneas so formadas pela cristalizao do magma quando este se resfria. O magma (rocha fundida) vem de profundidades geralmente acima de 200 km e consiste primariamente de elementos formadores de minerais silicatados (minerais do grupo dos silicatos, formados por silcio e oxignio, acrescidos de alumnio, ferro, clcio, sdio, potssio, magnsio, dentre outros). Alm destes elementos, o magma tambm contm gases, principalmente vapor dgua. As erupes vulcnicas lanam para Como o magma menos denso que as superfcie fragmentos de rocha e uxos rochas, ele migra tentando ascender superfde lava. A lava similar ao magma, contucie, num trabalho que leva centenas a milhares do, na lava, a maior parte dos gases constide anos. Chegando superfcie o magma extratuintes do magma j escapou. vasa produzindo as erupes vulcnicas.

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As grandes exploses que s vezes acompanham as erupes vulcnicas so produzidas pelos gases que escapam sob presso connada. As rochas resultantes da solidicao ou cristalizao da lava geram dois tipos de rocha: Rochas vulcnicas ou extrusivas: so as que se cristalizam na superfcie; Rochas plutnicas ou intrusivas: so aquelas que se cristalizam em profundidade. medida que o magma se resfria, so criados cristais de minerais at que todo o lquido transformado em uma massa slida pela aglomerao dos cristais. A razo ou taxa de resfriamento inuencia do tamanho dos cristais gerados: Quando o resfriamento se d de forma lenta os cristais tm tempo suciente para crescerem, ento a rocha formada ter grandes cristais, ou seja, a rocha ser constituda por poucos e bem desenvolvidos cristais; Quando o resfriamento se d de forma rpida ocorrer a formao de um grande nmero de pequenos cristais.

Saiba mais!Desta forma, se uma rocha gnea apresenta cristais que so visveis apenas com o auxlio de um microscpio, sabe-se que ela se cristalizou muito rpido. Mas, se os cristais identicados a olho nu, ento essa rocha se cristalizou lentamente.

Em geral, as rochas vulcnicas se cristalizam rapidamente pela brusca mudana de condies de temperatura quando a lava chega superfcie, j as rochas plutnicas geralmente se cristalizam mais lentamente em regies mais profundas.

Como se classicam as rochas gneas?As rochas gneas podem variar muito de composio e aparncia fsica. Isso ocorre devido s diferenas na composio do magma, da quantidade de gases dissolvidos e do tempo de cristalizao. Existem dois principais modos de classicar as rochas gneas: com base na sua textura e com base na sua composio mineralgica.

Classicao das rochas gneas de acordo com sua texturaA textura descreve a aparncia geral da rocha, baseada no tamanho e arranjo dos cristais. A textura importante porque revela as condies ambientais em que a rocha foi formada. Afantica: as rochas apresentam pequenos cristais muito pequenos. Estas rochas podem ter se cristalizado prximo ou na superfcie.

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Em algumas situaes, essas rochas podem mostrar pequenos buracos formados devido ao escape de gases durante a sua cristalizao que so chamados de vesculas. Fanertica: so formadas quando as massas de magma se solidicam abaixo da superfcie e os cristais tm tempo suciente para se desenvolverem. Neste caso a rocha apresenta cristais grandes, que podem ser individualmente identicados. Porrtica: como dentro do magma os cristais no so formados ao mesmo tempo, alguns cristais podem ser formados enquanto o material ainda est abaixo da superfcie. Se ocorrer a extruso deste magma, os cristais formados anteriormente, quando o magma estava no interior da crosta, caro emersos em um material mais no solidicado durante a erupo vulcnica. O resultado uma rocha com cristais grandes emersos em uma matriz de cristais muito nos. Esses cristais maiores so chamados de prros, da a textura recebe o nome de porrtica. Vtrea: a textura vtrea ocorre quando, durante as erupes vulcnicas, o material se resfria to rapidamente em contato com a atmosfera que no h tempo para ordenar a estrutura cristalina. Neste caso no so formados cristais e sim uma espcie de vidro natural. A mais comum destas rochas conhecida como obsidiana. Um outro tipo de rocha vulcnica que exibe a textura vtrea a pmice (vendida comercialmente como pedra pmice). Diferentemente da obsidiana, a pmice exibe muitos veios de ar interligados, como uma esponja, devido ao escape de gases. Algumas amostras de pmice inclusive utuam na gua devido a grande quantidade de vazios.

Classicao das rochas gneas de acordo com sua composio mineralgicaA composio mineral das rochas gneas depende da composio qumica do magma a partir do qual estes minerais sero formados. Contudo, um mesmo magma pode produzir rochas de composio mineral muito diversa. Esta seqncia de cristalizao conhecida como srie de cristalizao magmtica ou Srie de Bowen.

Voc sabia?O cientista N. L. Bowen descobriu que, em magmas resfriados em laboratrio, certos minerais se cristalizam primeiro, em temperaturas muito altas. Com o abaixamento sucessivo da temperatura, novos cristais vo sendo formados. Ele descobriu tambm que os cristais formados reagem com o magma restante para criar o prximo mineral.

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Todos estes minerais que fazem parte da Srie de Bowen so espcies de silicatos, ou seja, so compostos de slica (silcio e oxignio) associada a algum ou alguns outros elementos qumicos, como ferro, clcio, magnsio, alumnio, potssio, etc. As rochas gneas so classicadas em quatro grupos principais de acordo com o percentual de slica presente em cada uma delas: Rochas ultramcas: o termo mco vem de magnsio e ferro. As rochas ultramcas so compostas por silicatos de ferro e magnsio (olivina e piroxnio) e apresentam relativamente pouca slica (menos que 40%). A rocha ultramca mais comum o peridotito. O peridotito apresenta uma cor verde e muito denso. Em geral se cristaliza abaixo da superfcie, mostrando uma textura fanertica. composto por 70 a 90% de olivina. Rochas mcas: as rochas mcas contm entre 40 e 50% de slica e so compostas principalmente por piroxnio e plagioclsio clcico. Este o tipo de rocha gnea mais abundante na crosta, e o seu representante principal o basalto. O basalto uma rocha escura, relativamente densa e com textura afantica, pois se cristaliza na superfcie ou prximo a ela. Os basaltos so as rochas predominantes nas placas ocenicas e so os principais constituintes de vrias ilhas vulcnicas, como as ilhas do Hava. Os basaltos tambm constituem vastas reas do Brasil, principalmente no Paran. O equivalente plutnico do basalto o gabro, ou seja, quando o magma de composio basltica cristaliza em profundidade (abaixo da superfcie) forma uma rocha chamada de gabro, que apresenta textura fanertica. Rochas intermedirias: as rochas gneas intermedirias contm cerca de 60% de slica. Alm do plagioclsio clcico e dos minerais ricos em ferro e magnsio, como os piroxnios e anblios, contm tambm minerais ricos em sdio e alumnio, como biotita, muscovita e feldspatos. Podem apresentar tambm uma pequena quantidade de quartzo. A rocha vulcnica intermediria mais comum o andesito e o seu equivalente plutnico o diorito. O primeiro apresenta textura afantica enquanto que o segundo apresenta textura fanertica. Rochas flsicas: o termo flsico vem de feldspato e slica. Rochas gneas flsicas contm mais que 70% de slica. So geralmente pobres em ferro, magnsio e clcio. So ricas feldspato potssico, micas (biotita e muscovita) e quartzo. A rocha gnea flsica mais comum o granito. O granito uma rocha gnea plutnica. Como o magma flsico mais viscoso (por ser pobre em gua), As rochas ultramcas e mcas geralmente se cristaliza antes de contm os primeiros minerais da Srie chegar superfcie, por isso as rode Bowen, ou seja, so minerais que se chas flsicas plutnicas so mais comuns. cristalizam a temperaturas muito altas Quando este magma consegue chegar super(acima de 1000C). J as rochas flsicas fcie, extravasando em intensas erupes, a rocontm os ltimos minerais a se cristacha formada o riolito. lizarem, com temperaturas mais baixas (abaixo de 800C).

Saiba mais!

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Atividade Vulcnica no Planeta

Saiba mais!Vulces so formas de relevo criadas quando a lava ou partculas quentes escapam do interior da Terra e se resfriam e solidicam em torno das aberturas na crosta de onde escaparam (cratera vulcnica).

As erupes vulcnicas podem representar o evento natural mais destrutivo do planeta. Um exemplo deste poder de destruio foi a erupo na Ilha de Krakatoa, na Indonsia, em 1883. A erupo do vulco que estava inativo por mais de dois sculos atingiu quase 305m acima do nvel do mar e destruiu toda a ilha. Apesar desta ilha ser desabitada, a erupo gerou ondas de at 37m de altura, deixando entre 36.000 e 100.000 mortos em Java e Sumatra. Contudo, apesar de seu grande poder de destruio, os vulces trazem tambm alguns benefcios importantes. Parte do oxignio e do hidrognio liberado pelos vulces se combina para formar a gua do planeta; o nitrognio e o oxignio se combinam com outros componentes para formar os gases da atmosfera. Alm disso, os vulces trazem informaes do interior da Terra, que de outra forma seriam inacessveis. O magma ascendente carrega pedaos de rocha do interior do manto para a superfcie. Depsitos de origem vulcnica preservam vrios tipos de fsseis, fornecendo informaes sobre extintas formas de vida, inclusive de ancestrais humanos.

Voc sabia?A atividade vulcnica tambm tem construdo diversas ilhas habitadas como o Japo, o Hava, o Tahiti, e muitas outras ilhas do Pacco. As cinzas vulcnicas retm gua e nutrientes (como potssio, clcio e sdio), gerando solos muito frteis.

Causas e tipos de Vulcanismos O vulcanismo ocorre com a criao do magma atravs da fuso de rochas preexistentes e culmina com a ascenso deste magma para a superfcie atravs de fraturas e falhas na litosfera. A distribuio destas zonas de fraqueza na litosfera (fraturas e falhas) est geralmente associada com limites de placas tectnicas ou com a existncia de plumas quentes (hot spots) no interior das placas. O magma ui e entra em erupo de formas distintas a depender do seu contedo de gases e da sua viscosidade ou resistncia ao uxo: Devido s altas temperaturas e contedo de slica relativamente baixo, o magma mco (lava basltica)Fundamentos de Geologia37

tem baixa viscosidade (alta uidez). Como os gases escapam rapidamente no causam uma grande presso. Por estes motivos, este tipo de magma geralmente entra em erupo de forma branda ou efusivamente. Magmas flsicos (lava rioltica), com alto contedo de slica e baixa temperatura, so mais viscosos e trapeam seus gases, causando altas presses. Geralmente esses magmas apresentam erupes explosivas. As erupes explosivas da lava rioltica lanam fragmentos de rocha preexistentes e de lava solidicada (pois so caracteristicamente de baixas temperaturas). Esse material lanado chamado de piroclastos. O vulcanismo no est restrito s Terra. Ele tem ocorrido m vrios locais do Sistema Solar no passado e continua ocorrendo nos dias atuais. Vulces ativos no passado (cerca de 3 bilhes de anos atrs) so responsveis por muitas das rochas e formas de relevo encontradas na nossa Lua. Atividade vulcnica recente foi tambm detectada em marte e em Vnus.

Ateno!O texto abaixo serve para complementar o contedo apresentado sobre os minerais formadores das rochas.

Vulcanismo e Vulces GeneralidadesServio Geolgico do Brasil - CPRM Fonte:

Os magmas so denidos como substncias naturais, constitudas por diferentes propores de De acordo com Leinz (1963), o termo vulca- lquidos, cristais e gases, cuja natureza depende de nismo aborda todos os processos e eventos que per- suas propriedades qumicas, fsicas e do ambiente gemitam, e provoquem, a ascenso de material mag- olgico envolvido. Atualmente, classicam-se como mtico juvenil do interior da terra superfcie. magmas primrios quando estes representam o l1. Introduo38

quido inicial obtido imediatamente fuso da fonte, e parentais, quando representam o lquido primrio j modicado por mecanismos de diferenciao.

A - Margens de Placas Destrutivas (Placas Convergentes) B - Margens de Placas Construtivas (Placas Divergentes)

Historicamente, os processos responsveis pelo vulcanismo foram atribudos a diferentes cauC - Vulcanismo Intraplaca Continental sas; Plato (427-347 a.C) suspeitava da existncia D - Vulcanismo Intraplaca Ocenica de uma corrente de fogo no interior da terra como fonte causadora dos vulces. Poseidnio (sculo II a.C.) acreditava que o ar comprimido em cavernas O vulcanismo ssural responsvel pelo Magsubterrneas seria a causa do fenmeno, e durante matismo Serra Geral, Bacia do Paran, considerado a Idade Mdia, relacionava-se o fogo eterno do incomo um dos maiores conjuntos de derrames conferno com as profundezas da crosta terrestre. tinentais do planeta, e est condicionado a uma situNo incio do sculo XIX cou denitiva- ao de rift Intraplaca Continental gerada pela atuamente estabelecido que os vulces so formados o de uma pluma de manto (Tristo da Cunha). quer pelo acmulo externo de material juvenil, quer pelo soerguimento das camadas pr-existentes 2.1 Vulcanismo associado a placas por foras do interior da terra. A. Geike em 1897 postulava a possibilidade da ascenso ativa de destrutivas material magmtico ao longo da crosta, podenEste vulcanismo decorrente do choque do, neste processo, formar um conduto explosivo. Em 1902/03, houve a exploso do Mont Pele, entre duas placas tectnicas, onde uma placa de Martinica, formando um enorme cone vulcnico, o maior densidade, normalmente a frao ocenica, que conrmou a veracidade da proposta de Geike. empurrada para baixo de uma zona continental, levando fuso e gerao de magmas hbridos Os vulces so responsveis pela liberao (mistura entre as composies do continente e do de magmas acima da superfcie terrestre e funciooceano), que chegam superfcie sob a forma de nam como vlvula de escape para magmas e gases extensos vulces, como a cordilheira andina. Estas existentes nas camadas inferiores da litosfera. Magplacas destrutivas podem ser de duas naturezas: mas primrios provm de cmaras magmticas poa - Placas Ocenicas sicionadas a profundidades da fonte que normalmente oscilam entre os 50 a 100 km, onde ocorrem b - Placas Continentais concentraes de calor, fuses e uxo de volteis, condies estas que levam ao aumento da presso O choque pode ser entre uma placa ocenica necessria subida do magma atravs de condutos, e uma continental, entre duas placas ocenicas, ou que por sua vez levam formao dos vulces. entre duas placas continentais, gerando diferentes situaes de vulcanismo e tipos de magma. 2. Posicionamento tectnico dos vulces A crosta terrestre formada por Placas Tectnicas de composies distintas, que esto constantemente em movimento, produzindo instabilidades na crosta e grande atividade vulcnica. Os diferentes limites entre estas placas geram processos tectnicos distintos, cada um responsvel por um processo vulcnico, que por sua vez demarcam os grandes acidentes da litosfera. A localizao destas linhas de vulces classicada em funo dos movimentos gerados pelo deslocamento destas placas, e baseado neste contexto de placas tectnicas, Wilson (1989) deniu quatro regies distintas para a gerao de magmas: 2.1.1 Vulcanismo associado ao choque de Placa Ocenica vs Placa Continental Corresponde s faixas onde ocorre a subduco da litosfera ocenica por sob a crosta continental em direo ao manto, sendo a regio responsvel pelos mais signicativos fenmenos tectnicos expressos pela tectnica de placas atual. O exemplo caracterstico deste tipo de vulcanismo acha-se nos vulces andinos.

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2.1.2 Vulcanismo Associado ao choque tnicas, seja ao longo das bordas destrutivas, seja nas construtivas. Entretanto, o vulcanismo tambm de Placa Ocenica vs Placa Ocenica Na situao geolgico-geogrca em que duas est presente no interior das placas, tanto continenplacas ocenicas convergem e se chocam, a feio ca- tais quanto ocenicas. Este vulcanismo se expressa racterstica resultante a construo de um arco de de duas formas especiais: ilhas ocenicas, ao longo de um eixo normalmente a - Zonas de Rifts Continentais; curvo, as quais formam um front vulcnico. Alguns b - Provncias de Extruso Continentais exemplos de arcos podem ser exemplicados, como do Tipo Plat. o Arco das Marianas, na placa do Pacco e o Arco das Aleutas, o qual distribui-se por aproximadamente Os vulces associados ao rift do Leste Afri3.800 km, indo de Kanchatka ao Alaska e contendo cano, posicionados fundamentalmente no Kenya e cerca de 80 centros vulcnicos ativos. Os maiores sis- Etipia, so exemplos caractersticos da atividade temas de arcos de ilhas ocorrem ao longo do Oceano vulcnica intraplaca continental. Pacco, Oceano Atlntico e Indonsia, destacandose os da Nova Guin, Marianas-Izu, Ilhas Salomo, Antilhas Menores, Sunda-Bando, Ryuku e as Aleutas. 2.3.1 Zonas de Rifts Continentais As zonas de rifts caracterizam-se por serem placas reas com uma depresso central, ancos soerguidos e adelgaamento crustal subjacente. Fluxos geotermais, zonas de soerguimento crustal e eventos Quando as placas tectnicas migram em vulcnicos esto normalmente associados a estes sentidos opostos, ou seja, apresentam um sentido ambientes. O leste do continente Africano um de movimentao divergente, ao longo da zona de exemplo tpico deste tipo de modicao crustal, separao entre estas placas gera-se uma imensa onde esta ocorrendo a abertura do Mar Vermelho, fenda atravs da qual o magma migra em direo a criao do Golfo de den e o estabelecimento de superfcie. O fundo dos oceanos a situao t- uma zona de extenso ao longo da Placa Africapica deste tipo de vulcanismo, onde aps milhares na (Nbia). Entender os processos de gerao de de anos de contnuas movimentaes associadas rifts continentais, os quais precedem a formao atividade vulcnica, origina-se uma cadeia de mon- de novos oceanos, de grande importncia para o tanhas denominada como cordilheira meso-oce- conhecimento de como se da a transio entre um nica. A taxa de espalhamento ao longo da Cordi- continente e um rift ocenico. Esta regio possibilheira Meso-Atlntica varia entre 2,5 a 7,0 cm ao lita assim que os cientistas conheam os mesmos ano, ou 25 a 70 km em um milho de anos, o que processos que foram responsveis pela abertura do para os padres humanos parece ser muito lento, Atlntico, ocorrida a 120 milhes de anos atrs. Esmas durante os ltimos 130 milhes de anos levou tes gelogos acreditam que, em alguns milhares de formao do Oceano Atlntico. Estas montanhas anos, existiro trs novas placas tectnicas posiciosubmarinas so construdas pelo empilhamento de nadas no canto NE do atual continente africano. lavas de 1.000 a 3.000 metros de espessura, em relao ao assoalho ocenico, estendendo-se por mais de 60.000 km. Uma das poucas exposies terres2.3.2 Provncias de Extruso Continental tre desta estrutura representada pela Islndia, po- do Tipo Plat sicionada sobre o centro de espalhamento entre as placas da Amrica do Norte e da Eursia Grandes reas continentais encontram-se recobertas por extensas e espessas seqncias de derrames baslticos, estrudidos durante eventos vulcnicos que 2.3 Vulcanismo associado intraplaca ocorreram durantes espaos de tempo relativamente continental curtos (~5 a 10 milhes de anos), ligadas a sistemas ssurais relacionados esforos tensionais da crosta. Grande parte da atividade vulcnica atual Este tipo de vulcanismo difere fundamenconcentra-se ao longo das margens das placas tec2.2 Vulcanismo construtivas associado a40

talmente de todos os outros por no desenvolver 3. Produtos da atividade vulcnica um cone central, mas por recobrir grandes reas a Os produtos formados pelas atividades vulpartir de um sistema ssural que pode alcanar a cnicas podem ser divididos em 3 grupos, classialgumas centenas de quilmetros de extenso. So regies caractersticas deste tipo de der- cados segundo a composio qumica, mineralgirame as Provncias da Plataforma Siberiana, Kewee- ca e propriedades fsicas. Destinguem-se as lavas, mawam, Paran, Columbia River, Karoo, Etendeka, os materiais piroclsticos, e os gases vulcnicos. As Antrtica e Atlntico Norte. A Provncia do Paran, lavas so pores lquidas de magma, em estado que ocorre extensivamente no sul do Brasil, Argen- total ou parcial de fuso, que atingem a superfcie tina, Uruguai e Paraguai um dos maiores depsitos terrestre e se derramam. Quanto mais bsicas, mais relacionados a vulcanismo de Plat do planeta, re- udas sero estas lavas. Os depsitos piroclsticos cobrindo cerca de 1.200.000km2. Este magmatismo dizem respeito a fragmentos de rochas diretamente est composto por derrames, sills e diques de com- ligados com o magma ejetado na forma de um spray, posio toletica bimodal pertencente Formao ou com a fragmentao das paredes das rochas prSerra Geral, associados aos estgios de rompimento existentes (cmaras magmticas). De acordo com do supercontinente Gondwana, ocorrido durante o o tamanho podem ser classicados como do tipo bloco, bomba, lapilli, cinzas ou p. Os gases vulcperodo Cretcio da era Mesozica. nicos podem ocorrer antes, durante e aps os perodos de erupo. Estes gases so formados a base 2.4 Vulcanismo associado intraplaca de hidrognio, cloro, enxofre, nitrognio, carbono e oxignio. O magma contm dissolvida grande ocenica quantidade de gases, que se libertam durante uma Nas pores internas das bacias ocenicas, erupo. Os gases saem atravs da cratera principal posicionadas na poro interna das placas, ocor- ao longo de fumarolas que podem se formar em rem ilhas ocenicas de origem vulcnica. Estas ilhas diferentes partes do cone vulcnico, ou a partir de possuem vulces morfologicamente semelhantes s ssuras. Em terrenos vulcnicos atuais, comum estruturas vulcnicas continentais, e quando emer- a presena de gisers, formados pelo aquecimento gem no oceano so erodidas e destrudas. Uma fei- da gua de subsuperfcie pelo alto gradiente trmio notvel na bacia do Oceano Pacco a das co da regio, e que surgem como erupes periilhas ocenicas do Hawai, linearmente distribudas dicas de gua e gases aquecidos (para saber mais sobre a crosta ocenica e muito mais jovens que sobre termos ligados aos produtos de vulcanismo esta. Estas ilhas so formadas diretamente pela ao consulte o glossrio no site http://volcanoes.usgs. de pontos quentes (hot spots) situados abaixo da gov/Products/Pglossary/ ou http://www.vulcaplaca ocenica. Estes pontos quentes, que so fon- noticias.hpg.ig.com.br/dic.html ). tes xas de calor proveniente do manto, forneceriam o material para o vulcanismo que se formaria 4. Localizao geogrca dos vulces a partir do assoalho ocenico, pela passagem da placa em movimento sobre este hot spot (veja mais A grande maioria dos vulces, cerca de 82%, sobre hot spots acessando o site: http://pubs.usgs. acha-se agrupada em determinadas zonas, principalgov/publications/text/hotspots.html mente ao longo dos oceanos formando, na regio do O arquiplago do Hawai constitui um exemplo caracterstico deste tipo de vulcanismo. formado por uma extensa cadeia de ilhas vulcnicas, com mais de 200 km de extenso, aproximadamente paralela direo atual de espalhamento da Placa do Pacco. Deste arquiplago, a ilha do Hawa a nica vulcnicamente ativa, sendo constituda por 5 vulces coalescentes, dos quais dois esto atualmente ativos, o Kilauea e o Mauna Loa. Pacco, o chamado Crculo de Fogo. Cerca de 12% situam-se nas cadeias meso-ocenicas, e os 6% restantes distribuem-se em zonas de rifts, isolados no interior das placas continentais e em reas de hot spots desenvolvidas em ambiente intraplaca continental. 5. Vulces no mundo A crosta terrestre constantemente sujeita a atividades vulcnicas que, na maioria das veFundamentos de Geologia41

zes, por sua violncia, acabam provocado danos humanidade. Destacam-se entre os mais famosos vulces conhecidos por sua atividade, o Vesvio Itlia (ano 79 d.C), Krakatoa Indonsia (1883), Monte Pelado - Martinica (1902), Santa Helena USA (1980) e o Pinatubo, nas Filipinas (1991).O Pinatubo entrou em erupo depois de 611 anos de inatividade. Na ocasio, morreram 875 pessoas e 200 mil caram desabrigadas. Para maiores detalhes sobre os vulces do mundo e os desastres naturais a eles relacionados acesse os sites http:// vulcan.wr.usgs.gov/Volcanoes/framework.html , http://volcanoes.usgs.gov/ e http://volcanoes. usgs.gov/edu/predict/EP_look_500.html 6. Vulcanismo no Brasil No Brasil, no existe nenhum vulcanismo ativo, mesmo em tempos geologicamente recentes. O territrio nacional no foi afetado por nenhuma atividade vulcnica durante os ltimos 80 milhes de anos. O vulcanismo mais recente foi o responsvel pela formao de diversas ilhas do Atlntico brasileiro, como Fernando de Noronha, Trindade e Abrolhos. No m da era Mesozica, o Brasil foi afetado por atividades vulcnicas de carter alcalino-sdico,

com ampla distribuio. So representantes deste vulcanismo as intruses alcalinas de Lajes (SC), Poos de Caldas (MG), Jacupiranga (SP), Arax (MG) e Itatiaia (RJ). Ainda na era Mesozica, no perodo Cretceo, a Amrica do Sul, em especial o Brasil, foi palco de uma das maiore atividades vulcnicas do tipo ssural que se conhece no planeta. Todo o sul do pas, incluindo reas do Uruguai, Argentina e Paraguai, foi atingido por este super vulcanismo, que abrangeu mais de um milho de quilmetros quadrados e que constituiu um dos maiores episdios geolgicos de todos os tempos. As rochas vulcnicas que integram este extenso conjunto de derrames esto agrupadas geologicamente sob a denominao de Formao Serra Geral. Prximo cidade de Torres, no Rio Grande do Sul, o conjunto de derrames atinge aproximadamente 1.000 metros de espessura. A sondagem realizada pela PETROBRS em 1958 em Presidente Epitcio - SP atravessou mais de 1.500 metros de rochas vulcnicas, mostrando a pujana deste episdio vulcnico. Este vulcanismo est diretamente ligado separao da Amrica do Sul e frica, durante a ruptura do supercontinente Gondwana no perodo Cretceo (para obter mais informaes sobre o vulcanismo no Brasil, consulte o site http:// www.vulcanoticias.hpg.ig.com.br/brasil.html).

Glossrio GeolgicoO glossrio foi elaborado em linguagem simples visando auxiliar o usurio no especializado no entendimento do texto geolgico. Alguns termos especcos, de interesse tcnico, tambm foram introduzidos no glossrio, visando atender a prossionais da rea. Para maior abrangncia, podem ser consultados os sites especializados: www.unb.br/ig/glossario/; www.geologo.com.br/; www.pr.gov.br/mineropar/glossario.html; www4.prossiga.br/recursosminerais/glossario/glossario.html; www.agp.org.br/glossario.html; A elaborao do presente glossrio foi baseada na consulta das seguintes fontes: Dicionrio Geolgico - Geomorfolgico - Antnio Teixeira Guerra (1966) Glossrio Gemolgico - Prcio de Moraes Branco (1984) Glossary of Geology - American Geological Institute (1973)

AACAMAMENTO: termo utilizado para designar o plano de separao de camadas contguas em rochas sedimentares, tambm designado estraticao. ARENITO : rocha de origem sedimentar, resultante da juno dos gros de areia atravs de um cimento natural.42

AUTOBRECHA:brecha formada pela fragmentao de pores previamente solidicadas de um determinado derrame de lavas. Os fragmentos so cimentados pela lava do prprio derrame.

bBACIA SEDIMENTAR: grande depresso do terreno, preenchida por detritos provenientes das terras altas que o circundam. A estrutura dessas reas geralmente composta por camadas de rochas que mergulham da periferia para o centro. Exemplos de bacia sedimentar so fornecidos pela bacia Amaznica e a bacia do Paran. BANDAMENTO: faixas de diferentes composies, petrogrcas, granulomtricas, ou de cores, responsveis pelo desenvolvimento de algumas estruturas das rochas gneas e/ou metamrcas. BASALTO: um dos tipos mais comuns de rocha relacionada a derrames vulcnicos, caracterizando-se pela cor preta, composio bsica (onde predominam minerais ricos em ferro e magnsio), alta uidez e temperaturas de erupo entre 1000 e 1200 oC. Equivalente vulcnico de gabros. BATLITO: extensa exposio (> 100 km2) contnua de rocha plutnica, normalmente de composio grantica. BRECHA: rocha formada por fragmentos centi a decimtricos, angulosos, unidos atravs de um cimento natural.

cCNION: denominao utilizada para designar vales profundos e encaixados, os quais adquirem caractersticas mais pronunciadas quando cortam seqncias sedimentares, vulcnicas e vulcano-sedimentares, horizontalizadas. CENOZICO: era geolgica que compreende o intervalo de tempo que vai de 65 milhes de anos atrs at os dias atuais, estando constituda por trs perodos geolgicos conhecidos como Quaternrio, Negeno e Palegeno. CLASTOSUPORTADO: rocha sedimentar constituda por grandes seixos, os quais esto em contato entre si, sendo a poro entre estes preenchida por areia. CICLO REGRESSIVO: ciclo de eroso e deposio originada pela descida generalizada do nvel dos oceanos, provocando a exposio e continentalizao das regies ocenica submersas. CICLO TRANSGRESSIVO: ciclo de eroso e deposio originado pela subida generalizada do nvel dos oceanos, provocando a inundao de regies costeiras. CONTRAFORTES: termo de natureza descritiva utilizado pelos geomorflogos e gelogos ao tecerem consideraes sobre o relevo de regies serranas. Denominao dada s ramicaes laterais de uma cadeia de montanhas. Os contrafortes quase sempre esto em posio perpendicular ou pelo menos oblqua, ao alinhamento geral das serras. COSETS: unidade sedimentar composta por dois ou mais conjuntos de camadas de origem sedimentar (ver set), separada de outras unidades por uma superfcie de eroso, no deposio ou por mudanas abruptas em suas caractersticas. CRETCEO: o ltimo perodo geolgico da era Mesozica. Abrange o intervalo de tempo entre 136 e 65 milhes de anos.

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dDEPOSIO TERRGENA CLSTICA: depsito sedimentar continental, formado predominantemente por fragmentos de rochas e areia. DERRAME: sada e esfriamento rpido de material magmtico vindo do interior da crosta terrestre, consolidando-se ao contato com o ar. DERRAMES EM PLAT: pacote de rochas vulcnicas que chegam superfcie atravs de profundas fendas geolgicas, que se extravasam formando extensos lagos de lava que se solidicam. DERRAME VITROFRICO: so derrames de lavas de resfriamento muito rpido, que no tem tempo de desenvolver cristais, formando rochas essencialmente vtreas. DIABSIO: rocha intrusiva de composio bsica, colorao preta ou esverdeada, solidicada em subsuperfcie, composta por cristais de feldspatos e minerais mcos (plagioclsio e piroxnio), que ocorre sob a forma de dique ou sill . DIQUE: intruso gnea tabular vertical, que corta as estruturas das rochas circundantes. DISJUNO: fraturamentos macroscpicos e/ou microscpicos que ocorrem nas rochas, em conseqncia de esforos e/ou a brusca variao de temperatura a que foram submetidas ao longo do tempo geolgico. So fendas, zonas de fraqueza ou aberturas que, no caso das rochas vulcnicas, so decorrentes do rpido resfriamento e a contraes de volume a que so submetidas as lava enquanto solidicam-se na superfcie do terreno. DOBRA: encurvamentos de forma acentuadamente cncava-convexa, voltados para cima ou para baixo, que ocorrem nas rochas quando submetidas processos de uxo (comportamento plstico das rochas em um determinado derrame) ou esforos compressivos.

eERG: designao dada a um deserto constitudo essencialmente de areia. ESTRATIFICAO: disposio paralela ou subparalela que tomam as camadas ao se acumularem formando uma rocha sedimentar. Normalmente formada pela alternncia de camadas sedimentares com granulao e cores diferentes, ressaltando o plano de sedimentao. ESTRATIFICAO CRUZADA: estraticao cujas camadas aparecem inclinadas umas em relao s outras, e em relao ao seu plano basal de sedimentao. So comuns em depsitos elicos (dunas) e uviais.

fFCIES: designao genrica que signica a existncia de variaes entre diferentes conjuntos de rochas e que podem ser relativas composio qumica, ao tamanho dos minerais, condies de temperatura e presso, estruturao dos depsitos sedimentares ou vulcnicos, ou ambientes de sedimentao. Tambm utilizada para designar variaes de condies metamrcas, variao sedimentolgicas vertical e horizontal, bem como variaes composicionais e texturais das rochas gneas, metamrcas e sedimentares. FALHA: superfcie ou zona de rocha fraturada ao longo da qual houve deslocamento vertical ou horizontal, o qual pode variar de alguns centmetros at quilmetros.

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gGABRO: rocha magmtica de colorao escura, granulao grossa, de composio bsica, cristalizada em profundidade. Normalmente composta por feldspatos e minerais mcos (plagioclsio, piroxnios e olivina). GEODO: cavidade aproximadamente esfrica ou alongada, preenchida por minerais, muitas vezes na forma de cristais que se projetam da parede para o interior da cavidade. Normalmente encontram-se no topo ou na base dos derrames e so decorrentes da solidicao de gases existentes nas lavas. GEOPETAL: indicador observado em rocha que mostra a direo e o sentido de um determinado processo geolgico, como as movimentaes em um derrame de lavas. GLOMEROPORFIRTICA: textura de rochas gneas onde cristais maiores agrupam-se formando glomeros (conjuntos de cristais), e encontram-se imersos em uma matriz mais na. GONDWANA: Designao empregada para identicar um supercontinente que existiu at aproximadamente 200 milhes de anos atrs, formado a partir da desintegrao do megacontinente denominado de Pangea. O supercontinente gondwnico era formado pelas fraes que atualmente constituem a Amrica do Sul, frica, Antrtica, Austrlia e ndia . GRANITO: rocha magmtica de granulao grosseira, solidicada em profundidade, composio acida, composta essencialmente por minerais claros como quartzo (SiO2), feldspato alcalino (SiO2, Al2O3 e K2O) e plagioclsio (Al2O3, Na2O e CaO). O seu equivalente vulcnico denomina-se riolito.

hHOT SPOT: pontos de anomalia termal no interior da terra, ligados a sistemas de conveco do manto e responsveis pelo vulcanismo que ocorre no interior de placas tectnicas.

iJ-FIT: textura prpria de brechas vulcnicas, onde os fragmentos so angulosos e no foram muito afastados de sua posio original, ainda se ajustando uns aos outros JURSSICO: perodo geolgico da era Mesozica, abrange o intervalo de tempo geolgico entre 203 a 135 milhes de anos atrs.

LLAVA: massa magmtica em estado parcial ou total de fuso, que atinge a superfcie terrestre atravs de vulces ou fraturas da superfcie terrestre, e se derrama formando verdadeiros rios ou lagos de lava. LEQUE DISTAL: depsito sedimentar formado por areia, seixos e argila, transportado pela ao da gua e depositado ao longo das escarpas de onde se origina o material. LEQUE PROXIMAL: depsito sedimentar formado por blocos, mataces e seixos imersos em uma matriz areno-argilosa que se forma junto das escarpas de regies montanhosas atravs da ao da gua e fora da gravidade. LINEAMENTO ESTRUTURAL: Feio linear, topogracamente representada por vales alinhados ou cristas, geralmente indicando a presena de fraturas e/ou falhas geolgicas.

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MMAGMA: material gneo em estado de fuso contido no interior da terra e que, por solidicao, d origem s rochas gneas. Quando solidicado no interior da costa terrestre, forma as rochas intrusivas e quando expelido pelos vulces, forma as lavas. MESOZICO: designao dada a uma era do tempo geolgico que abrange o intervalo compreendido entre 250 a 65 milhes de anos atrs. Esta era formada pelos perodos geolgicos:Cretceo, Jurssico e Trissico. MONOMTICO: designao dada a blocos constituintes de uma rocha do tipo autobrecha, onde a composio de todas as fraes constituintes, e da matriz, so idnticas. MICROFENOCRISTAL: pequenos cristais que se destacam sobre uma matriz muito na.

PPALEOSOLO: designao dada a solos antigos, soterrados e preservado at os dias atuais. PANGEA: designao empregada para identicar um megacontinente que existiu a cerca de 250 milhes de anos atrs, formado pela juno de todos os continentes hoje existentes. A cerca de 200 milhes de anos este megacontinente partiu-se, originando dois supercontintentes: a Laursia (formada hoje pela Europa, Amrica do Norte e sia) e o Gondwana (constitudo hoje em dia pela Amrica do Sul, frica, Antrtica, Austrlia e ndia). PARQUE NACIONAL: uma unidade de conservao de proteo integral, sob responsabilidade do IBAMA, destinada preservao de reas naturais com caractersticas de grande relevncia ecolgica, cientca, cultural, educacional, recreativa e beleza cnica. PITCHSTONE: rocha vulcnica de aspecto vtreo, cor preta, brilho resinoso, semelhante ao piche. PICRITO: rocha escura, hipohabissal (vide rocha hipohabissal), rica em magnsio, contendo minerais essencialmente mcos (ricos em ferro e magnsio) denominados de olivinas, piroxnios e pequenas percentagens de plagioclsio. PLACA TECTNICA: a crosta terrestre subdivida, horizontalmente, em partes denominadas pelos gelogos de placas tectnicas. Estas placas se movimentam e do choque entre elas se originam as cadeias de montanhas e os vulces associados.

QQUATERNRIO: o primeiro perodo geolgico da era Cenozica, compreendendo os ltimos 1,75 milhes de anos da terra. QUENCH: cristalizao em processo rpido de solidicao de um magma, como quando um determinado derrame atinge um corpo dagua.

RRIFT: termo utilizado para designar vales formados e limitados por falhamentos geolgicos. RIOLITO: rocha vulcnica de composio cida (onde predominam minerais ricos em slica e elementos alcalinos como sdio e potsssio), caracterizando-se pelas cores cinza-claro a avermelhado, baixa uidez e temperaturas de erupo entre 700 a 900 oC. Equivalente vulcnico de granitos.46

ROCHA CIDA: rocha gnea com alto teor de slica e baixo teor de ferro, magnsio e clcio. ROCHA BSICA: rocha gnea com baixo teor de slica e alto teor de ferro, magnsio e clcio. ROCHA HIPOHABISSAL: rocha formada a uma profundidade intermediria entre a base e a superfcie da crosta. A textura das rochas hipohabissais normalmente formada por cristais bem desenvolvidos, grossos e identicveis a olho nu. ROCHA VULCNICA: rocha proveniente de atividade magmtica que ascende na crosta terrestre atravs de vulces, diques e sills, solidicando-se na superfcie ou a pequenas profundidades da crosta.

SSEDIMENTOS VULCANOGNICOS: sedimentos originados da degradao de rochas vulcnicas e depositados sob a forma de camadas sedimentares. SETS: conjunto de camadas sedimentares de uma mesma unidade estratigrca, separadas de outras camadas, tambm de origem sedimentar, atravs de uma superfcie de eroso, no deposio ou mudana abrupta de suas caractersticas. SILL: intruso gnea tabular concordante com as estruturas das rochas circundantes.

TTECTNICA DE PLACA: conjunto de processos geolgicos responsveis pela formao e separao dos continentes ao longo do tempo geolgico. TERCIRIO: o primeiro perodo geolgico da era Cenozica e abrange o intervalo de tempo compreendido entre 65 e 1,75 milhes de anos atrs. TEXTURA: do ponto de vista geolgico-petrogrco, trata-se de uma designao utilizada para caracterizar o arranjo existente entre os diferentes minerais constituintes de uma rocha e que confere uma determinada aparncia esta. Ex.: textura na, textura grossa ou textura porrtica, signicando a presena de grandes cristais rodeados por cristais menores. TOLEITO: variedade de tipo de magma com ampla distribuio na superfcie do globo, sendo encontrado em cadeias ocenicas, vulces em escudo e regies continentais relacionadas a basaltos de plat, como os encontrados na Bacia do Paran. TRISSICO: o primeiro e o mais antigo perodo geolgico da era Mesozica, abrangendo o espao de tempo entre 250 e 203 milhes de anos atrs.

VVISCOSIDADE: propriedade de uma substncia de oferecer resistncia interna ao uxo. Maior ou menor capacidade de uxo relacionado a um derrame de lava.

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ROCHAS SEDIMENTARESA formao das rochas sedimentares tem inicio com o intemperismo. O intemperismo (conforme ser discutido no Tema 3) quebra as rochas em pequenos pedaos e altera a composio qumica das rochas, transformando os minerais em outros mais estveis nas condies ambientais onde o intemperismo est atuando. Depois, a gravidade e os agentes erosivos (guas superciais, vento, ondas e gelo) removem os produtos do intemperismo e transportam para um novo local onde eles so depositados.

Voc sabia?O produto do intemperismo, posteriormente transportados pelos agentes erosivos, chamado de sedimento.

Com a continuidade da deposio, esses sedimentos soltos ou inconsolidados podem se tornar rocha, ou seja, ser liticados: Quando uma camada de sedimento depositada ela cobre as camadas anteriormente depositadas naquele local, podendo criar uma pilha de sedimentos de centenas de metros de profundidade; Essa acumulao de material uns sobre os outros vai compactando esse material devido ao peso das camadas sobrepostas; Nesta pilha de sedimentos, que pode chegar a quilmetros de profundidade, o decaimento de istopos radiativos, que compem alguns gros minerais misturados nestes sedimentos, gera calor; Esses sedimentos empilhados em camadas so tambm invadidos por gua subterrnea que transportam ons dissolvidos; A combinao do calor, da presso causada pelo peso dos sedimentos e dos ons transportados pela gua, causa mudanas na natureza qumica e fsica dos sedimentos num processo conhecido como diagnese.

Saiba mais!S depois de processada a diagnese que ocorre a converso dos sedimentos em uma rocha sedimentar slida, a liticao.

A diagnese difere dos processos relacionados a intenso calor e presso ocorridos no interior do planeta, que causam a fuso ou o metamorsmo das rochas. Na diagnese, os processos ocorrem poucos quilmetros abaixo da superfcie, a temperaturas inferiores a 200C. Durante a liticao ocorre: Empacotamento dos sedimentos deixando-os mais juntos uns dos outros;

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Expulso da gua que ocupa os espaos entre os gros; Precipitao de cimento qumico ligando os gros uns aos outros. A diagnese s vezes tambm envolve a transformao de alguns minerais em outros mais estveis.

Saiba mais!A compactao um processo diagentico atravs do qual o volume dos sedimentos reduzido atravs da aplicao de uma determinada presso gerada pelo prprio peso dos sedimentos.

Quando os sedimentos vo se acumulando, aumenta a presso gerada pelo material que vai se sobrepondo, expelindo a gua e o ar, e os sedimentos vo cando cada vez mais juntos. Gros muito pequenos, como as argilas, quando so compactados apresentam uma forte aderncia devido a foras atrativas entre os gros, convertendo o sedimento inconsolidado em rocha sedimentar.

Saiba mais!A cimentao o processo diagentico atravs do qual os gros so colados por materiais originariamente dissolvidos durante o intemperismo qumico ocorrido anteriormente nas rochas. O intemperismo libera ons que cam dissolvidos na gua que ui atravs dos poros existentes entre os gros dos sedimentos antes da compactao. Posteriormente, esses ons se precipitam entre os gros dos sedimentos formando um cimento. Sedimentos com gros grossos, como as areias e os seixos, so mais propensos a serem cimentados do que do que os sedimentos nos, como as argilas e os siltes, porque o espao entre os gros maior, podendo conter mais gua e com isso mais material dissolvido. Os agentes mais comuns de cimentao so o carbonato de clcio e a slica: O carbonato de clcio formado quando os ons de clcio, produzidos pelo intemperismo qumico de minerais ricos em clcio (plagioclsio, piroxnios e anblios), se combinam com o dixido de carbono e a gua do solo; O cimento de slica produzido inicialmente pelo intemperismo qumico dos feldspatos em rochas gneas. xidos de ferro, como a hematita e a limonita; carbonatos de ferro, como a siderita; e sulfetos de ferro, como a pirita, tambm podem formar cimentos em rochas sedimentares, ligando os gros sedimentares grossamente granulados.

Fundamentos de Geologia

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A compactao e a cimentao no afetam apenas os gros de rochas. Como os produtos do intemperismo qumico so transportados para os lagos e oceanos, pelo uxo das guas, esse mesmo processo pode liticar conchas, fragmentos de conchas ou outras partes duras de organismos que se acumulam nestes corpos dgua.

Saiba mais!Uma rocha que consiste apenas de partculas slidas, compactadas e cimentadas juntas, sejam de fragmentos de rochas preexistentes ou restos de organismos, so chamadas de rochas clsticas ou com textura clstica.

O aumento da temperatura e da presso, associado com o peso dos sedimentos, promove a recristalizao de alguns gros minerais, criando um mineral mais estvel a partir de outro que se encontrava instvel naquelas condies ambientais. Um exemplo clssico deste processo a transformao da aragonita (um mineral secretado por alguns organismos marinhos a partir de suas conchas) em calcita, um mineral muito mais estvel.

COMO SE CLASSIFICAM AS ROCHAS SEDIMENTARES?

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Fonte:

As rochas sedimentares so geralmente classicadas em detrticas ou qumicas, a depender da fonte do material que as compe. Contudo, em cada uma destas categorias existe uma grande variedade de rochas, reetindo os diferentes tipos de transporte, deposio e processos de liticao a que foram submetidas.

Rochas sedimentares detrticasAs rochas sedimentares detrticas so classicadas de acordo com o tamanho de suas partculas: Lamitos: so rochas formadas por partculas muito pequenas (menores que 0,004 milmetros), chamadas de silte (0,004 a 0,063 mm) e argila (< 0,004 mm), que formam a frao granulomtrica (tamanho) chamada de lama. Por serem constitudos por partculas to nas, os lamitos so sempre formados em condies de guas calmas, como nos fundos de lagos e lagoas, em regies ocenicas profundas e em plancies de inundao de rios. Sob condies de guas mais agitadas este material (argila ou silt) permanece em suspenso na gua e no se deposita. Mais da metade das rochas sedimentares encontradas no mundo so lamitos.

Saiba mais!Os lamitos apresentam cores variadas a depender da sua composio mineral: Lamitos vermelhos contm xido de ferro, precipitado a partir de gua contendo ferro dissolvido e oxignio em abundancia; Lamitos cinzas contm xido de ferro que precipitou em ambiente pobre em oxignio; Lamitos pretos so formados em guas com a quantidade de oxignio insuciente para decompor toda a matria orgnica contida no sedimento.

Essas rochas so usadas como fonte de argila, por exemplo, para a fabricao de cermicas. Algumas dessas rochas podem tambm ser fontes de petrleo e gs natural. Arenitos: so rochas detrticas formadas por gros com 0,063 a 2 milmetros de dimetro (tamanho areia) e compem aproximadamente 25% das rochas sedimentares encontradas no mundo. Os seus gros so geralmente cimentados por slica ou carbonato de clcio. Existem dois tipos principais de arenito classicados de acordo com sua composio: Quartzo arenito: so arenitos compostos predominantemente (>90%) por gros de quartzo. So geralmente de colorao clara. Contm geralmente os gros bem arredondados e bem selecionados sugerindo que foram transportados por longas distncias;

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Arcseo: so arenitos de colorao rosa, contendo mais de 25% de gros de feldspato. Seus gros, geralmente derivados de rochas granticas ricas em feldspatos, so angulosos e pobremente selecionados, sugerindo um transporte por pequenas distncias (rpida deposio). Os arenitos so muito usados na construo civil. Alm disso, alguns arenitos so excelentes armazenadores de leo e gs (geralmente formados nos lamitos e migram para se armazenar nos arenitos) devido aos espaos entre os gros. Conglomerados e brechas: so rochas sedimentares detrticas contendo gros maiores que 2 mm de dimetro (tamanho de seixos). Nos conglomerados os gros so arredondados e nas brechas so angulosos.Fonte: < http://www.formiguense.com/geologia_les/image010.jpg>

Em geral, estas rochas possuem uma matris material fino, como areia fina ou argila, que preenche os espaos entre os seixos; e so cimentados por slica, carbonato de clcio ou xido de ferro. A depender do tamanho dos seixos possvel identicar as rochas de origem, identicando a sua composio e textura. Os seixos arredondados dos conglomerados sugerem que estes foram transportados por vigorosas correntes a longas distncias, enquanto que os seixos angulosos das brechas sugerem um breve transporte.

Rochas sedimentares qumicasAs rochas sedimentares qumicas so formadas atravs dos produtos do intemperismo qumico, precipitados a partir de solues quando a gua em que estas substncias esto dissolvidas evapora ou ca supersaturada devido a mudanas de temperatura. Existem trs tipos principais de rochas sedimentares de origem qumica: Carbonatos: a composio bsica dos carbonatos a calcita (carbonato de clcio), e compe aproximadamente 10 a 15% das rochas sedimentares do mundo. Os carbonatos so formados pela precipitao da calcita a partir de lagos e oceanos. Em geral, quando a gua se torna mais aquecida ou quando a quantidade de carbonato de clcio dissolvido na gua aumenta, este se torna menos solvel e tende a se precipitar formando os carbonatos. A maior parte dos carbonatos tem origem orgnica. So formados a partir de restos de esqueletos de animais marinhos e plantas em guas rasas ao longo de plataformas continentais equatoriais, onde a gua quente e a vida marinha abundante; Chert: so rochas sedimentares formadas pela precipitao de slica. Pode apresentar origem inorgnica ou orgnica, precipitados, respectivamente, a partir de guas ricas em slica ou de restos de organismos que contem slica em seu esqueleto. Evaporitos: so rochas sedimentares qumicas, de origem inorgnica, formadas pela evaporao da gua salgada. Em mdia, a gua do mar contm cerca de 3,5% de sais dissolvidos. Se a gua rasa e o clima quente, ocorre evaporao e o conseqente aumento na concentrao destes sais. Com o aumento da evaporao, cristais slidos de sais so precipitados e se acumulam no fundo do mar.52

O sal mais comum formador de evaporitos a halita (NaCl), conhecida como sal de cozinha.

ROCHAS METAMRFICASA formao das rochas metamrcas se d em condies de temperatura e presso abaixo da zona de diagnese, responsvel pela formao das rochas sedimentares.

Saiba mais!O metamorsmo o processo atravs do qual as condies do interior da Terra alteram a composio mineral e estrutura das rochas sem fundi-las.

Rochas sedimentares, rochas gneas e at mesmo as prprias rochas metamrcas sofrer metamorsmo. O metamorsmo no observado, pois no se processa em condies encontradas na superfcie. As suas causas e conseqncias so estimadas atravs de experimentos de laboratrio que reproduzem as condies do interior do planeta. S quando as rochas sofrem soerguimento e eroso, cando expostas na superfcie, possvel observar os resultados na ao metamrca nas rochas.

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A composio da rocha original ou rocha parental e a circulao de uidos ricos em ons so fundamentais na determinao do tipo de rochas e minerais a serem formados. Desta forma, so determinantes no processo metamrco: o calor, a presso, a presena de uidos e a rocha parental: Calor: o calor indispensvel para as reaes qumicas e s vezes constitui o mais importante fator do metamorsmo. Como j foi dito anteriormente, a temperatura aumenta com o aumento da profundidade em direo ao interior da Terra. Na crosta e na parte superior do manto, a temperatura aumenta cerca de 20 a 30C por quilmetro de profundidade. As temperaturas necessrias para metamorzar as rochas em geral so superiores a 200C, encontradas a cerca de 10km abaixo da superfcie. A principal fonte deste calor interno o decaimento de istopos radioativos, sendo este calor transportado pelas massas de magma que ascendem das regies profundas do manto. Contudo, este calor, necessrio para promover o metamorsmo, pode tambm ser gerado pela frico entre dois corpos de rocha passando um ao lado do outro nos limites de placas tectnicas. Presso: a presso necessria para o metamorsmo de cerca de 1 quilobar (ou 1000 bar; 1 bar = 1,02 kg/cm2). Esta presso encontrada a aproximadamente 3 km abaixo da superfcie. Contudo, como as temperaturas necessrias para se processar o metamorsmo normalmente s ocorrem a cerca de 10km, o metamorsmo s ocorre a pequenas profundidades se houver uma intruso magmtica ou frico entre placas.

Saiba mais!Quando a presso aplicada na rocha em uma direo preferencial presso dirigida gera um alinhamento mineral em camadas ou bandas, em geral perpendicular direo da fora aplicada, chamado de textura foliada ou simplesmente foliao.

Presena de uidos: a presena de uidos, como um lquido ou um gs, no interior ou ao redor de uma rocha submetida a presso facilita a migrao de tomos e ons, aumentando drasticamente o potencial das reaes metamrcas. Rocha parental: a natureza da rocha parental (rocha antes do metamorsmo) determina quais os minerais e qual a nova rocha metamrca ser formada sob as novas condies ambientais. Em uma rocha parental que contm um nico mineral o metamorsmo vai produzir uma rocha composta predominantemente deste mesmo mineral. Por exemplo, o metamorsmo de um carbonato puro, composto por calcita, vai gerar uma rocha metamrca rica em calcita o mrmore; j o metamorsmo de um quartzo arenito vai gerar um quartzito, uma rocha metamrca composta por quartzo recristalizado.

COMO SE CLASSIFICAM AS ROCHAS METAMRFICAS?

As rochas metamrcas so classicadas de acordo com a sua aparncia e composio. O critrio bsico usado para classicar as rochas metamrcas de acordo com a sua aparncia ou textura a presena ou no de foliao metamrca.

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Rochas Foliadas: o rearranjo mineral gerado pelo metamorsmo gera foliao, ou um paralelismo entre os gros minerais. As rochas foliadas necessariamente sofreram uma presso dirigida (presso aplicada em uma direo preferencial). A depender do grau de temperatura e do tipo de rocha parental, podem ser classicadas em: Filitos: so rochas metamrcas foliadas geradas a partir do metamorsmo de lamitos (argilitos e siltitos) a baixas temperaturas. So rochas compostas principalmente por micas e apresentam um quebramento em planos paralelos formados pela foliao. Podem variar de cor a depender da composio mineral: litos pretos indicam a presena de matria orgnica, litos vermelhos de xidos de ferro e litos verdes indicam a presena de uma mica verde chamada de clorita. Xistos: com o aumento da temperatura necessria para formar os litos, as placas de mica crescem e os cristais se tornam visveis, gerando uma rocha metamrca foliada chamada de xisto. Os xistos podem ser derivados de lamitos, mas tambm podem ser formados a partir de arenitos nos ou basaltos. Os xistos ricos em um determinado mineral podem levar o nome deste mineral, ou seja, um xisto rico em micas chamado de mica-xisto. Gnaisses: so rochas formadas a altas temperaturas onde ocorre uma segregao mineral em bandas, num processo chamado de diferenciao metamrca. Os gnaisses so formados por bandas mais claras, compostas predominantemente por quartzo e feldspato, e bandas escuras, compostas predominantemente por micas. Os gnaisses de origem gnea so formados geralmente a partir de rochas granticas e os gnaisses de origem sedimentar podem ser formados a partir de lamitos e arenitos impuros.

Saiba mais!Com o aumento da temperatura, a partir daquela necessria para a formao dos gnaisses, a rocha comea a fundir, marcando o limite entre o metamorsmo e a gerao de rochas gneas pela fuso de rochas preexistentes. Essa rocha gerada, com caractersticas tanto de rochas metamrcas como de rochas gneas, chamada de migmatito.

Rochas no-foliadas: as rochas no foliadas so geradas a partir do contato de uma rocha preexistente (rocha parental) com o magma quente ou atravs da presso connante, ou seja, a presso litosfrica a que as rochas esto sujeitas a grandes profundidades. A depender da rocha parental, podem ser classicadas em dois tipos principais: Mrmore: o mrmore uma rocha composta por grandes cristais recristalizados de calcita gerados a partir de pequenos cristais de calcita em carbonatos. A presena de impurezas no carbonato (rocha parental do mrmore) pode gerar mrmores rosas, verdes, cinzas ou pretos.Fundamentos de Geologia55

Fonte:

Quartzitos: so rochas muito duras e resistentes geradas a partir do metamorsmo de arenitos puros. So compostos essencialmente por quartzo recristalizado.F o n t e : < h t t p : / / w w w. b a c c a r o. c o m . br/pedras/imagens/artigos/2002/artigo_dm_24_01.jpg>

Atividade Complementar

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3. Cite e d as principais caractersticas das rochas sedimentares detrticas e qumicas mais comuns.

4. Dena rochas vulcnicas e rochas plutnicas.

5. Explique o processo de cimentao das rochas sedimentares.

A DINMICA EXTERNA DO PLANETAOS PROCESSOS SUPERFICIAIS

INTEMPERISMOA Terra um planeta dinmico, algumas partes da Terra so gradualmente elevadas atravs da construo de montanhas e da atividade vulcnica, contudo, processos opostos esto gradualmente removendo materiais das reas elevadas e transportando para reas mais baixas. nicos e espetaculares cenrios so criados atravs da interao de agentes ambientais com as rochas expostas na superfcie da Terra. Os processos externos so parte fundamental do ciclo das rochas uma vez que

Voc sabia?

Os processos que ocorrem na superfcie ou muito prximo superfcie da Terra e tm como fora motriz a energia do sol so chamados de processos externos.Fundamentos de Geologia

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estes processos transformam rocha slida em sedimento, e incluem: intemperismo, movimentos de massa e eroso.

Saiba mais!O intemperismo o processo atravs do qual a rocha se desintegra e se decompe em superfcie.

As rochas so intemperizadas de duas maneiras principais: desintegrando atravs da ao fsica e decompondo atravs de atividades qumicas.

Intemperismo fsico ou mecnicoO intemperismo fsico quebra o mineral ou a rocha em pequenos pedaos, sem alterar a composio qumica destes. As mudanas ocorridas no intemperismo fsico se restringem ao tamanho e forma das rochas. Ao quebrar a rocha em pedaos menores, ocorre um aumento na sua rea supercial, facilitando a atuao tambm do intemperismo qumico. Desta forma, a depender das condies locais e dos agentes atuantes, estes dois processos atuam conjugados. O intemperismo fsico pode ocorrer devido a: Congelamento em fraturas: quando a gua penetra nos poros ou fraturas das rochas e a temperatura cai abaixo de 0C esta gua congela. Quando a gua congela ocorre um aumento de volume de cerca de 9%. Esse aumento de volume da gua congelada dentro das fraturas da rocha gera uma fora capaz de fragmentar at as rochas mais resistentes. Este , portanto, o tipo mais eciente de intemperismo fsico. Este processo mais ativo em ambientes onde a gua abundante e onde as temperaturas utuam em torno da temperatura de congelamento da gua.

TAFONI grandes alvolos produzido nas rochas pela ao combinada da cristalizao des sais e eroso elica

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FTC EAD | BIO

Fonte:

Crescimento de cristais: em regies costeiras, a gua salgada se acumula em cavidades nas rochas. Com a evaporao da gua ocorre a concentrao e deposio de sais que se cristalizam nestas cavidades. O crescimento dos cristais de sais gera presso nas cavidades e reentrncias das rochas, promovendo o seu desgaste fsico. Expanso e contrao trmica: cada um dos minerais que compem as rochas apresenta um diferente grau de expanso trmica. Desta forma, quando a rocha submetida ao calor, cada mineral se expande diferentemente, causando o quebramento da rocha. Rochas em regies desrticas esto preferencialmente sujeitas a este processo. Nestas regies as rochas so expostas grandes variaes dirias de temperatura durante o dia os minerais sofrem expanso trmica devido s altas temperaturas e, noite, se contraem devido s baixas temperaturas. Este processo capaz de quebrar grandes blocos de rocha. Esfoliao mecnica ou esfoliao dmica: quando grandes massas rochosas de granito so cristalizadas dentro da crosta cam sujeitas presso das rochas ao redor. Com o soerguimento e eroso das rochas, ocorre um alvio da presso exercida sobre o granito e este se expande. A expanso do granito devido ao alvio de presso gera uma esfoliao em camadas concntricas, como as camadas de uma cebola. Abraso: a abraso ocorre principalmente pelo impacto de partculas nas rochas. Essas partculas podem ser, por exemplo, gros de areia transportados pelo vento ou transportados pelas ondas do mar que quebram em cima das rochas. O prprio impacto mecnico das guas uviais, pluviais ou marinhas podem causar intemperismo fsico com o quebramento das rochas.

Intemperismo qumicoO intemperismo qumico altera a composio dos minerais e das rochas, principalmente em reaes que envolvem a presena de gua. A gua vinda de oceanos, rios, lagos, geleiras, canais subterrneos, chuva ou neve o principal fator controlador da intensidade do intemperismo qumico. Ela carrega ons para as reaes qumicas, participa das reaes e transporta os resultados destas reaes. Durante essa transformao, a rocha original se decompe em substncias que so estveis na superfcie. O produto do intemperismo qumico permanece essencialmente inalterado ao longo do perodo em que este permanecer em um ambiente similar ao que foi formado. Os trs principais processos que causam o intemperismo qumico das rochas so a dissoluo, a oxidao e a hidrlise. Dissoluo: na dissoluo, ons ou grupos de ons que formam um mineral ou uma rocha so removidos e levados pela gua. Em geral, a gua pura no reativa, mas, ao atravessar a atmosfera ou o solo, so adicionados alguns elementos gua tornando-a reativa. Um exemplo comum de dissoluo ocorre quando a gua se combina com o dixido de carbono (CO2), presente na atmosfera ou no solo, formando o cido carbnico (H2CO3). Por sua vez, o cido carbnico capaz de decompor a calcita, principal constituinte dos carbonatos. Os ons formados so levados em soluo pelos cursos dgua, gerando espaos vazios na rocha.

Fundamentos de Geologia

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Saiba mais!tos. No interior das cavernas ocorre a formao de espeleotemas. Espeleotemas so depsitos de precipitao carbontica, que compem as formas de acumulao mais comuns no interior de cavernas. O termo espeleotema tem origem grega e signica depsito mineral, neste caso, a gua cida em vez de dissolver a calcita do calcrio vai recristaliz-la. O principal tipo de espeleotema encontrado nas cavernas so as estalactites (pendentes do teto). So formadas quando uma gota de gua atinge o teto de uma caverna, vindo da superfcie atravs das fraturas do calcrio, dissolvendo o calcrio das paredes da fratura e se saturando em bicarbonato de clcio. Esta gota uma combinao de gua, calcita e gs carbnico. Em contato com o ar da caverna, o gs carbnico migra para a atmosfera da caverna. Aps a liberao do gs carbnico, restaro apenas a calcita e a gua, como a calcita insolvel em gua pura, ela se cristalizar formando um anel em volta da gota, a sucesso de anis forma a estalactite.

A dissoluo dos calcrios responsvel pela criao de cavernas. As cavernas so condutos subterrneos de acesso ao homem, gerados pela dissoluo das rochas solveis, como os carbona-

Oxidao: na oxidao, os ons dos minerais se combinam com ons de oxignio. Um exemplo deste tipo de intemperismo ocorre quando os ons de ferro das rochas mcas (um basalto, por exemplo) reagem com o oxignio da atmosfera formando xido de ferro (hematita). As rochas mcas possuem um grande contedo de minerais ricos em ferro (como as olivinas, os piroxnios e os anblios) e so as mais propensas oxidao.