Geologia de Sergipe

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  • 2GEOLOGIA DO ESTADO DE SERGIPE

    OEstado de Sergipe est localizado na regiolimtrofe de trs provncias estruturais definidas porAlmeida et al. (1977): a Provncia So Francisco, aProvncia Borborema e a Provncia Costeira e Mar-gem Continental (figura 2.1).

    A Provncia So Francisco corresponde, em ex-tenso e limites, ao Crton do So Francisco(Almeida, 1977), uma feio moldada pelo CicloBrasiliano, no Neoproterozico, embora tenha-seconsolidado como segmento da litosfera continen-tal no Arqueano (Alkmim et al., 1993). Congrega umembasamento de idades arqueana a paleoprotero-zica, em parte retrabalhado pelo Ciclo Transama-znico, e coberturas dobradas, ou no, de idadesmeso a neoproterozicas. Seus limites so marca-dos por faixas de dobramentos estruturadas duran-te o Ciclo Brasiliano, e com vergncia estruturalpara o interior do crton.

    No Estado de Sergipe, a Provncia So Franciscoest representada pelos terrenos gnissi-co-migmatticos da regio de Riacho do Dantas,Buquim, Itabaianinha e Cristinpolis (embasamen-to do crton) e pelos sedimentos pouco deforma-dos da regio de Lagarto, Palmares e Tobias Barre-to (coberturas do crton) (figura 2.2).

    A Provncia Borborema corresponde Regio deDobramentos Nordeste (Brito Neves, 1975; Almei-da et al., 1977), ocupa extensa rea na Regio Nor-

    deste do Brasil (figura 2.1) e caracteriza-se pelapresena marcante de plutonismo grantico e ex-tensas zonas de cisalhamento transcorrentes, re-sultantes da atuao do Ciclo Brasiliano. Tambmocorrem neste contexto faixas de dobramentosmeso a neoproterozicos, alternadas com terrenosgranito-gnissicos, dominantemente arqueanos apaleoproterozicos, denominados macios media-nos (Brito Neves, 1975).

    No Estado de Sergipe, a Provncia Borboremaest representada pela Faixa de Dobramentos Ser-gipana, situada entre o limite nordeste do Crton doSo Francisco e o Macio Pernambuco-Alagoas (fi-gura 2.2).

    A Provncia Costeira e Margem Continental constituda pelas bacias sedimentares costeirasmesocenozicas, e suas extenses submersas namargem continental, desenvolvidas a partir do Ju-rssico.

    No Estado de Sergipe, esta provncia inclui a Ba-cia Sedimentar de Sergipe e segmentos restritos daBacia do Tucano, alm de formaes superficiaistercirias e quaternrias continentais, e os sedi-mentos quaternrios da plataforma continental.

    As descries a seguir procuram registrar asprincipais caractersticas das unidades litoestrati-grficas representadas no mapa geolgico, dan-do-se prioridade aos dados factuais, que podem

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

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  • ser retrabalhados e reinterpretados a qualquertempo. Para tornar a leitura menos cansativa e maisinteligvel, optou-se pela apresentao, quandopossvel, de tabelas onde esto sumariadas ascomposies litolgicas e os ambientes de forma-o/deposio das unidades. Os detalhes sobre oslittipos, principalmente aqueles referentes a da-dos laboratoriais, podero ser obtidos na bibliogra-fia citada. Snteses do conhecimento sobre a Faixade Dobramentos Sergipana foram elaboradas porBrito Neves et al. (1978), Santos et al. (1988), DelRey Silva (1992) e Fuck et al. (1993), entre outros.

    O embasamento do Crton de So Francisco noEstado de Sergipe est representado pelo CinturoMvel Salvador-Esplanada (Barbosa & Domin-

    guez, 1996), composto por rochas gnissicas, mig-matticas e granitides, de idades arqueanas a pa-leoproterozicas, cuja organizao no obedece auma estratigrafia formal. Encaixados nestas ro-chas, na regio de Arau, ocorre um enxame de di-ques de rochas vulcnicas, supostamente paleo-proterozicas. Rochas do embasamento gnissi-co-migmattico tambm afloram nos domos de Ita-baiana e Simo Dias, no mbito da Faixa de Dobra-mentos Sergipana.

    A compartimentao adotada para a Faixa deDobramentos Sergipana, de idade meso a neopro-terozica, segue aquela estabelecida por Santos etal. (1988) e complementada por Davison & Santos(1989), em que so reconhecidos domnios limita-

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    1.000km

    Margem Continental.eCosteiraProvncia10

    9 Paran8 Parnaba7 Amaznica6 Borborema5 Mantiqueira4 Tocantins3 So Francisco2 Tapajs

    65o 55o 45o

    05o

    05o

    15o65o

    25o

    35o

    55o

    15o35o

    75o

    1

    7

    10

    8

    62

    2

    43

    9

    5

    PROVNCIASO

    C

    C

    IT

    N

    LT

    A

    O

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    E

    O

    O

    1 Rio Branco

    Estado de Sergipe

    7

    Figura 2.1 Provncias estruturais do Brasil (modificado de Almeida et al., 1977).

  • dos por descontinuidades estruturais profundas ecom feies geolgicas distintas. Dentre estas fei-es prprias de cada compartimento, pode-sedestacar as associaes litolgicas, ambiente desedimentao, deformao, metamorfismo, mag-matismo e mineralizaes. Deste modo, os dom-nios cartografados ou parte deles, podem ser reco-nhecidos como terrenos tectono-estratigrficosna acepo de Conney et al. (1980). Representamdiferentes nveis crustais, colocados lado a lado

    devido aos soerguimentos provocados pelas movi-mentaes tectnicas compressivas e transcorren-tes brasilianas, com vergncia geral para SSW. Deuma maneira geral, pode-se constatar que os dom-nios situados a norte expem nveis crustais maisprofundos do que aqueles adjacentes a sul. Estescompartimentos foram denominados de DomnioEstncia, Domnio Vaza-Barris, Domnio Macurur,Domnio Maranc, Domnio Poo Redondo e Dom-nio Canind (figura 2.3).

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

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    Figura 2.2 Mapa geolgico simplificado da Faixa de Dobramentos Sergipana e reas adjacentes.

    1 Embasamento gnissico; 2 Cobertura cratnica (Grupo Estncia); Faixa de Dobramentos Sergipana:

    3 Grupos Miaba e Vaza-Barris; 4 Grupo Macurur; 5 Complexo Maranc; 6 Complexo e

    Sute Intrusiva Canind; 7 Graben de Ju; 8 Granitides Diversos; 9 cavalgamento; 10 transcorrncia;

    11 transpurro; 12 transporte tectnico. (Baseado em Davison & Santos, 1989).

    39W37W

    9S

    11S

  • A estruturao da coluna litoestratigrfica pr-cam-briana (figura 2.4) foi estabelecida com base principal-mente nos trabalhos de Silva Filho et al. (1977, 1979),Silva Filho et al. (1978), Santos et al. (1988), Davison &Santos (1989) e Del Rey Silva (1992, 1995), com incor-porao de novos dados de campo em reas de pou-ca densidade de informaes.

    A estratigrafia adotada para as bacias sedimen-tares de Sergipe e de Tucano segue aquela estabe-lecida pelos trabalhos da Petrobras.

    2.1 Embasamento Gnissico

    2.1.1 Complexo Gnissico-Migmattico

    Os gnaisses, migmatitos e rochas granitidespertencentes ao Complexo Gnissico-Migmattico(figura 2.5) afloram na poro meridional do Estadode Sergipe em duas faixas que se afastam diver-gentes em direo ao norte, separadas pela cunhaconstituda pelo Complexo Granultico. A ocidental

    tem seus limites norte e oeste com as rochas sedi-mentares do Grupo Estncia, e leste, com o Com-plexo Granultico, definidos por falhas e/ou zonasde cisalhamento; a faixa oriental, que est balizadaa oeste pelos gnaisses granulticos, atravs falha-mento detectado tambm por mtodos geofsicos,gravimtricos e magnetomtricos, para norte desa-parece encoberta pelos sedimentos tercirios doGrupo Barreiras, ocorrendo apenas em trs janelaserosionais.

    O Complexo Gnissico-Migmattico foi divididoem cinco unidades litolgicas, individualizadas se-gundo a predominncia dos littipos aflorantes.

    Os biotita gnaisses migmatticos com anfibolitos(APg1) a unidade de maior expresso dentre asque compem o Complexo Gnissico-Migmattico.So rochas gnissicas, de composio granti-co-granodiortica, em geral acinzentadas em tonsmais ou menos claros em funo do menor ou maiorteor de biotita, de granulao variando de mdia agrossa. Mostram, em diferentes estgios, evidn-cias de atuao de processos de migmatizao,

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    FORMAES SUPERFICIAIS

    BACIAS SEDIMENTARES

    BACIA DE SERGIPEBACIA DO TUCANO

    DOMNIO ESTNCIADOMNIO VAZA-BARRISDOMNIO MACURURDOMNIO MARANCDOMNIO POO REDONDODOMNIO CANIND

    CRTON DO SO FRANCISCODOMOS DE ITABAIANA ( ) E SIMO DIAS ( )1 2

    FAIXA DE DOBRAMENTOS SERGIPANA

    EMBASAMENTO GNISSICO

    0

    38 37

    1010

    11 11

    3738

    20km 0 20 40km

    LEGENDA

    11

    38

    12

    Alinhamentos estruturaisContato definidoFalha extensionalFalha ou zona de cisalhamentoFalha ou zona de cisalhamento transcorrentesinistralFalha ou zona de cisalhamento transcorrentedextralFalha ou zona de cisalhamento contracionalFalha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistral

    Figura 2.3 Esboo tectono-estratigrfico do Estado de Sergipe.

  • co- mo a presena conspcua de veios leucosso-mticos e, localmente, de massas granitides deanatexia de dimenses variveis em contatos difu-sos com a encaixante. Os gnaisses migmatticosexibem ntida foliao definida por bandamentognissico com direo em torno de nor-nordeste emergulhos variveis para leste e oeste. Perturba-es locais so detectadas a norte da faixa deocorrncia dos diques de Arau, onde os planos defoliao infletem em geral para leste e mergulhampreferencialmente para norte. Dobramentos aper-tados, normais, com eixos suaves para sul, emborararos, so observados.

    comum a presena de corpos de anfibolitosempre concordantes e deformados conjunta-mente com os gnaisses migmatticos. No geral sopouco expressivos, dificilmente ultrapassando ummetro na largura aflorante. s vezes, a presenadessas rochas mficas denunciada por solo ar-giloso vermelho-escuro e por fragmentos. Nasproximidades de Riacho do Dantas ocorrem al-guns nveis quartzticos encaixados nos gnaissesmigmatticos; so quartzitos claros, bem recristali-zados, mal foliados e um dos corpos desenha ex-pressiva forma dobrada com concavidade voltadapara norte.

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

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    IDADE(Ga)

    IDADE(Ga) CRTON DO SO FRANCISCO

    DOMOS DE ITABAIANAE SIMO DIAS

    DOMNIOESTNCIA

    FAIXA DE DOBRAMENTOS SERGIPANA

    EMBASAMENTO GNISSICO

    NE

    OP

    RO

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    RO

    Z

    ICO

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    OT

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    ICO

    D O M N I OMACURUR

    Tipo PropriNpp Nsc1 Nsc1 Nsc1 Nsc2

    NxNxNx

    Ngo1 Ngo1 Ngo1Ngo2 Ngo2

    Ncu

    Nsn1

    MNoa

    MNpa

    MNfp1 MNm1MNma1

    MNpr

    MNmu

    MNng

    MNgzMNm2

    MNma2

    MNm3MNma3

    MNm4MNma4

    MNm5

    MNm6

    APis

    MNjaMNsdMNp

    MNl

    MNa MNjc

    MNr1

    MNi

    MNr2 MNr3

    MNfp2MNfp3

    Nsn2 Ng

    Nc

    Ngo3

    APgl

    da

    Ngo4

    Tipo Serra do Catu

    Tipo Xing Tipo Xing

    Tipo GlriaTipo Glria

    Tipo Serra Negra

    Fm. Olhos d'gua

    Fm. Palestina

    Fms. Jacar (ja) e FreiFm. Palmares

    Fm. Lagarto

    Fm. Acau

    Paulo (fp) e Indiviso (sd)

    Fm. Jacoca

    Fm. Ribeirpolis

    Fm. Itabaiana

    Tipo Garrote

    Tipo Glria

    Tipo Xing

    Granitides

    Sute IntrusivaCanind

    TipoCurralinho

    Tipo Serra do Catu Tipo Serra do CatuGRANITIDES PS-TECTNICOS

    GRANITIDES TARDI A PS-TECTNICOS

    PLUTONISMO SIN A TARDITECTNICO

    GRANITIDES CEDO A SINTECTNICOS

    GR. VAZA-BARRIS

    COMPLEXO MARANC

    GR. SIMO DIASGR. ESTNCIA GR. MACURUR COMPLEXO

    MIGMATTICODE POO REDONDO

    COMPLEXO CANINDUnidades Minuim ( ma ),Morro do Bugi ( ma ),Monte Alegre ( ma ) eMonte Azul ( ma )

    1

    2

    3

    4

    Unidades Mulungu (mu),Novo Gosto (ng) e Genti-leza (gz)

    GR. MIABA

    COMPLEXO GNISSICO - MIGMATTICOCOMPLEXO

    GNISSICO - MIGMATTICO

    VULCANISMO DE ARAU

    COMPLEXO GRANULTICO

    D O M N I OVAZA-BARRIS

    DOMN IOMARANC

    D O M N I OPOO REDONDO

    DOMNIOCANIND

    0,54

    1,00,54

    1,8

    1,8

    APg1 APg2 APg3 APg4 APg5

    Figura 2.4 Coluna litolgica das rochas pr-cambrianas do Estado de Sergipe.

  • 10

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    Contato definido

    Falha extensional

    Falha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento contacional

    Limite estadual

    COMPLEXO GRANULTICO

    APg GNAISSE MIGMATTICO COM ANFIBOLITOS2

    APg ASSOCIAO ORTOGNISSICA CIDA-BSICA2

    APg ORTOGNAISSE MIGMATTICO GRANODIORTICO2

    APg ORTOGNAISSE TONALTICO A GRANODIORTICO2

    APg GNAISSE GRANTICO2 AUGEN

    COMPLEXO GNISSICO - MIGMATTICO DOSDOMOS DE ITABAIANA (1) E SIMO DIAS (2)

    COMPLEXO GNISSICO-MIGMATTICO

    1030

    1100

    1130

    1100

    3700

    Figura 2.5 Distribuio geogrfica do embasamento gnissico no Estado de Sergipe.

  • Os tipos litolgicos do Complexo Gnissi-co-Migmattico que conformam a faixa oriental ante-riormente referida constituem uma associao or-tognissica cida-bsica invadida quase semprepor granitides tardios (Apg2). Devido s coberturasdetrticas tercirias do Grupo Barreiras, so raras asexposies desta unidade no Estado de Sergipe.Seus melhores afloramentos encontram-se a sul, emterritrio baiano, na regio litornea compreendidaentre Itacimirim e o rio Real, nos quais possvel ob-servar a presena de rochas gabricas, algumasvezes anfibolitizadas, em associao com ortogna-isses flsicos, de composio tonalito-granodiorti-ca. Este conjunto exibe evidncias de migmatizaoincipiente. Foi afetada por, pelo menos, dois epis-dios deformacionais, haja vista a presena de ban-damento gnissico dobrado en chellon mostrandoeixos de plunge suave para sul. Intrusivos nos ga-bros/anfibolitos e tonalitos/granodioritos associa-dos, ocorrem rochas granitides de composiosieno-monzograntica, exibindo foliao s vezesno muito ntida, consumindo e englobando por-es daqueles tipos petrogrficos; esses graniti-des, segundo Oliveira Jnior (1990), so tipicamen-te aluminosos, de tendncia alcalina. Este mesmoautor defende a existncia de dois eventos de defor-mao para o conjunto gabros/tonalitos: o primeiro,em grandes dobras isoclinais a apertadas, acompa-nhado de intruses sin a tardi-tectnicas, e o segun-do, de natureza transcorrente e cinemtica dextral,seguido de intruses granticas ps-tectnicas.

    A unidade constituda por ortognaisses migmat-ticos de composio granodiortica (Apg3) ocupauma rea de forma elipsoidal balizada a leste pelosbiotita gnaisses migmatticos com anfibolitos, e aoeste pelos sedimentos neoproterozicos da For-mao Palmares. Suas melhores exposies situ-am-se nos arredores da cidade de Tomar do Geru,em uma srie de pedreiras em explotao para pro-duo de brita e pedras de alicerce e talhe. Soexemplos notveis de migmatitos em variados es-tgios de fuso parcial, desde metatexitos banda-dos at diatexitos nebulticos, estes ltimos predo-minantes. O mesossoma um biotita ortognaissegranodiortico de cor cinza, granulao mdia e fo-liao bem impressa; a fase neossomtica est re-presentada pelo melanossoma, em salbandas bio-tticas, e pelos veios granticos leucossomticos,em geral pegmatides. Exibem planos de foliaocujas direes oscilam em torno do norte-sul commergulhos quase sempre para oeste; essa foliao plano-axial de dobras normais cujos eixos tmfraco caimento para su-sudoeste.

    Relacionados quase exclusivamente aos bioti-ta gnaisses migmatticos com anfibolitos da uni-dade Apg1, sobretudo a oeste da cidade de Pe-drinhas, ocorrem inmeros corpos de biotita or-tognaisses tonalticos a granodiorticos (Apg4).Estas rochas conformam elevaes em meia-la-ranja, destacadas no relevo ondulado desenha-do pelas encaixantes. So biotita ortognaissesbem foliados de colorao cinza-claro, granula-o variando de mdia a grossa, de composiotonaltica a granodiorito-grantica, com amplapredominncia destes ltimos termos. Esses or-tognaisses podem ser observados tambm empequenos corpos, escala de afloramento, intru-sivos nos gnaisses migmatticos.

    Restrito a um corpo encaixado na extremidadenorte da unidade Apg3 ocorrem augen gnaisses decomposio grantica (Apg5) exibindo porfiroclastosmicroclnicos com tamanho mdio em torno de umcentmetro, imersos em matriz quartzo-feldspticacom alguma biotita. Ocorrem, ainda, uma fcies tar-dia, eqigranular mdia a fina, e incluses mficasricas em biotita.

    As deformaes registradas no Cinturo MvelSalvador - Esplanada so atribudas ao Ciclo Tran-samaznico. Foram pelo menos dois eventos: umtangencial em condies de metamorfismo granul-tico, e o segundo, de cinemtica transcorrente si-nistral, que ocasionou o retrometamorfismo s f-cies anfibolito e at xisto-verde, detectado local-mente na poro baiana do Cinturo (OliveiraJnior, 1990). Para os granitides de Teotnio, queafloram a sul do rio Real, no Estado da Bahia, e con-siderados tardios deformao transcorrente, Sil-va Filho et al. (1977) obtiveram uma idade isocrni-ca de referncia de oito pontos Rb/Sr, em rocha to-tal, de 1,75Ga, correspondente ao final do CicloTransamaznico. Esta iscrona foi obtida tambmcom determinaes radiomtricas em amostras degnaisses granulticos.

    O Complexo Gnissico-Migmattico , provavel-mente, uma poro do embasamento arqueano,correlacionvel ao Complexo Santa Luz, embasa-mento gnissico do Bloco de Serrinha. possvelque essas duas unidades conformassem um nicobloco cratnico, seccionado no Mesozico, quan-do da implantao do rift Recncavo - Tucano - Ja-tob. De igual modo, pode-se estabelecer a mes-ma correlao entre o Complexo Gnissico-Mig-mattico e as rochas gnissicas que ocorrem nosdomos de Itabaiana e Simo Dias, internos na Fai-xa de Dobramentos Sergipana. Para o ComplexoSanta Luz, Gal et al. (1987) registraram idade

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    11

  • U/Pb em zirco e monazita de 2,9Ga, e para oDomo de Simo Dias, Van Schmus et al. (1995)determinaram idade TDM/Nd de 2,99Ga, indican-do a origem arqueana dos protlitos dos gnais-ses.

    2.1.2 Complexo Granultico

    O Complexo Granultico (Pgl) ocorre na regiosul do Estado de Sergipe, conformando uma cunhaque se estreita em direo ao Estado da Bahia, asul, e separa as duas faixas constitudas pelas ro-chas do Complexo Gnissico-Migmattico, com asquais est em contato atravs de falhas e/ou zonasde cisalhamento (figura 2.5). Para norte est limita-da, tambm tectonicamente, com as rochas sedi-mentares das formaes Acau e Lagarto, do Gru-po Estncia, e em no-conformidade com as co-berturas detrticas do Grupo Barreiras.

    Compreende ortognaisses charnoenderbticos acharnoquticos, gnaisses kinzigticos, rochas calcis-silicticas, metanoritos e biotita gnaisses migmatiza-dos, alm de nveis pouco espessos de quartzitos.Os ortognaisses charnoenderbticos a charnoquti-cos so as litologias predominantes do ComplexoGranultico. So rochas de cor cinza-esverdeado apardacenta, de granulao mdia com foliao emgeral bem pronunciada e contando quase sempreem sua paragnese com os minerais hornblenda ebiotita em equilbrio com o hiperstnio. comum apresena de veios neossomticos quart-zo-feldspticos indicando a atuao de processosde fuso parcial, seguramente iniciados ainda sobcondies metamrficas da fcies granulito, hajavista a presena de hiperstnio em alguns dessesveios. Ocorrem tambm com alguma freqncia, in-tercaladas nos ortognaisses granulticos, lentes derocha gabronortica, de granulao mdia a fina,com a mesma foliao das encaixantes. Ainda asso-ciados aos ortognaisses ocorrem faixas de biotitagnaisses migmatizados que parecem representarprodutos retrometamrficos, fato j registrado porSilva Filho et al. (1977) que fazem referncia ao fla-grante retrometamorfismo que transforma os granu-litos em gnaisses com biotita e hornblenda com al-gum sinal de migmatizao. Esses gnaisses po-dem ser melhor observados a partir do paralelo dacidade de Umbaba para sul, principalmente aolongo da rodovia BR-101.

    O Complexo Granultico inclui tambm rochassupracrustais. So gnaisses kinzigticos, calcissi-licticas e quartzitos. Os gnaisses kinzigticosocorrem sobretudo a oes-sudoeste da cidade de

    Buquim. Apresentam colorao cinzenta, granula-o mdia a grossa, quase sempre so migmati-zados com estrutura bandada; sua paragnesemineral (quartzo, K-feldspato, plagioclsio, bioti-ta, cordierita, granada e sillimanita), que indicaprotlitos tipo grauvacas semipelticas, compat-vel com o metamorfismo de alto grau. As rochascalcissilicticas e quartzitos tiveram suas presen-as registradas em raros locais; as primeiras aflo-ram nas proximidades da cidade de Arau, consti-tudas de quartzo, tremolita e epidoto; enquanto osquartzitos, que ocorrem a noroeste de Pedrinhas,esto fortemente recristalizados e parecem conteralguma granada.

    Estruturalmente as litologias que compem oComplexo Granultico exibem foliao com direogeral em torno de N-S, com inflexes para NNE naporo norte de sua rea de ocorrncia. Na regiocompreendida entre os dois conjuntos de diques,da qual a cidade de Buquim ocupa a parte central,as rochas granulticas apresentam-se reorientadasna direo WNW-ESE. Ainda a noroeste dessasede municipal, o desenho dos traos de foliaoobtidos das aerofotos sugere a presena de dobra-mentos suaves, muito embora no tenham sido ob-servadas feies dobradas nos afloramentos estu-dados.

    Admite-se o Paleoproterozico como poca dometamorfismo de alto grau, haja vista as determina-es Pb/Pb obtidas para rochas do Complexo Je-qui e do Complexo Caraba, respectivamente, porLedru et al. (1993) e Sabat et al. (1994), que assi-nalam idades de 2,1Ga para o metamorfismo gra-nultico que afetou as rochas do embasamento doCrton do So Francisco. Mais recentemente, VanSchmus et al. (1995) obtiveram, em zirces de gna-isses granulticos da regio de Pedrinhas (Sergi-pe), idades U/Pb de 2,2Ga, reforando que o even-to metamrfico de alto grau ocorreu em tempos pa-leoproterozicos.

    2.1.3 Diques de Arau

    Ao longo de aproximadamente trinta quilme-tros, entre a cidade de Arau e a localidade de Tan-que Novo, e com direo geral N60W, ocorre umenxame de diques de natureza cido-intermedi-ria, com termos bsicos subordinados, que atra-vessa as rochas dos complexos Granultico eGnissico-Migmattico. A noroeste so encobertospelos sedimentos do Grupo Estncia e a sudoestedesaparecem sob as coberturas tercirias do Gru-po Barreiras.

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  • Os diques da regio de Arau constituem corpostabulares de espessura varivel, de dez centmetrosa cinquenta metros, segundo Silva Filho et al. (1977).Os termos predominantes, riolitos e dacitos porfirti-cos, apresentam textura ineqigranular com matrizafantica de cor cinza e fenocristais eudricos e su-bdricos de at dois centmetros de plagioclsio,K-feldspato e quartzo. Subordinadamente ocorremdiques de basalto/diabsio com raros fenocristaisde plagioclsio e amgdalas preenchidas por mate-rial carbontico. Localmente, a noroeste de Arau enordeste de Pedrinhas, foram observados, respecti-vamente, diques de piroxenito e de traquito.

    Mais a norte, na regio de Riacho do Dantas,ocorre uma outra faixa, com a mesma direo, dediques de composio riolito-dacito-diabsica,embora bem menos expressiva.

    Este vulcanismo fissural de Arau representa, se-gundo Brito Neves et al. (1995), o registro da tafrog-nese estateriana (1,8 a 1,6Ga) no mbito da zona deantepas da Faixa de Dobramentos Sergipana.

    2.1.4 Complexo Gnissico - Migmattico dosDomos de Itabaiana e de Simo Dias

    As litologias dominantes em ambos os domos (fi-gura 2.5) so ortognaisses milonticos bandados, decomposio grantica a granodiortica, com interca-laes boudinadas de anfibolitos e gabros, por ve-zes com feies migmatticas refletindo vrios est-gios de anatexia parcial. A composio mais fre-qente desses gnaisses de fcies anfibolito incluiquartzo, feldspato potssico, plagioclsio, biotita(hornblenda), moscovita, sericita, epidoto e clorita.Alguns gnaisses apresentam porfiroclastos de feld-spato, relquias de textura gnea original, por vezestransformados em augen gnaisse. Isto pode ser vis-to no rio Jacarecica, contato leste do Domo de Ita-baiana, tanto em afloramentos do prprio gnaissecomo em clastos angulosos no conglomerado basaldo quartzito da Formao Itabaiana.

    Em cortes da rodovia Itabaiana - Lagarto ocor-rem diversos afloramentos representativos dos or-tognaisses milonticos do Domo de Itabaiana, apre-sentando feies de deformao dctil tangencialpr-brasiliana. Estas feies incluem dobras tipobainha, superfcies conjugadas tipo S/C, dobrasisoclinais e assimtricas rompidas, e lineaes deestiramento de alto rake, indicativos de transportetectnico para sudoeste (foto 1).

    No mbito do Domo de Simo Dias, estes ortog-naisses mostram feies de redobramentos muitolocalizadas, mas geralmente apresentam-se muito

    transpostos, por vezes transformados em filonitos,com feies primrias totalmente obliteradas. Emalguns locais, como entre Simo Dias e Paripiran-ga, e a nordeste de Simo Dias, esto transforma-dos em tectonitos tipo L, em zonas de cisalhamentotranscorrente, onde se observam apenas estrutu-ras lineares penetrativas suborizontais, na direoWNW-ESE, sem uma superfcie de foliao defini-da. So freqentes as paragneses retrometamr-ficas da fcies anfibolito para a fcies xisto-verde.

    Segundo D'el Rey Silva (1992), foram registra-dos, nos gnaisses e migmatitos dos domos de Ita-baiana e Simo Dias, os trs eventos de deforma-o dctil a dctil-rptil que afetaram a coberturametassedimentar no Domnio Vaza-Barris. Isto indi-ca que tambm foram envolvidos pela tectnicatangencial brasiliana. Alm disso, as variaes deespessuras e de fcies nas coberturas sedimenta-res que contornam os domos demonstram que elesdesenvolveram-se como paleoaltos durante a sedi-mentao. Ainda segundo o citado autor, a posioestrutural atual dos domos na faixa de dobramen-tos devida reativao de falhas lsticas extensio-nais regionais para falhas contracionais, limtrofesdesses segmentos do embasamento (falhas deMocambo, Simo Dias e Itaporanga).

    Os dados geocronolgicos disponveis so es-cassos. Contudo, est sendo executado um amploprograma de estudos geocronolgicos da Provn-cia Borborema, atravs da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo FAPESP e daNational Science Foundation (USA). Este estudo in-clui dataes Sm/Nd em gnaisses migmatticos doDomo de Simo Dias e em migmatitos do Domo deItabaiana. As idades-modelo (TDM) obtidas at en-to foram 2.990Ma e 2.750Ma, respectivamente(Van Schmus et al., 1997).

    2.2. Faixa de Dobramentos Sergipana

    2.2.1 Domnio Estncia

    Constitui-se no domnio mais meridional da Faixade Dobramentos Sergipana (figura 2.6), compostopelos sedimentos anquimetamrficos do GrupoEstncia (Humphrey & Allard, 1969; Allard & Tibana,1966; Silva Filho et al., 1978), depositados emno-conformidade sobre rochas gnissicas do em-basamento cratnico, na borda nordeste do Crtondo So Francisco. Estes sedimentos, dominante-mente psamticos, so interpretados como crono-correlatos, em parte, com aqueles depositados mais

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    13

  • a norte, na faixa dobrada propriamente dita. Podemtambm incluir sedimentos tardios, originados do re-trabalhamento do orgeno. Limita-se com o DomnioVaza-Barris atravs da falha do rio Jacar, de natu-reza contracional, de alto ngulo.

    2.2.1.1 Grupo Estncia

    Os sedimentos do Grupo Estncia esto fraca-mente deformados, registrando-se apenas dobra-

    mentos suaves. Mostram-se muito fraturados e pre-servam freqentemente as estruturas sedimenta-res. So agrupados nas formaes Acau, Lagartoe Palmares, descritas sumariamente a seguir.

    A Formao Acau aflora em reas restritas a su-deste de Lagarto, sobreposta discordantemente aoembasamento gnissico, e tem contato transicionalcom os sedimentos sobrejacentes da FormaoLagarto. Suas principais ocorrncias situam-se naBahia, na regio de Crispolis e a oeste da Bacia

    14

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Contato definido

    Falha extensional

    Falha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento contracional

    Limite estadual

    GRUPO DE ESTNCIAFM. PALMARES (MNp)

    FM. LAGARTO (MNI)

    FM. ACAU (MNa)

    Figura 2.6 Distribuio geogrfica das unidades que compem o Domnio Estncia.

  • de Tucano. As melhores exposies em Sergipeocorrem ao longo do rio Piau, prximas fazendaCajazeiras.

    Saes & Vilas Boas (1986), estudando as fciesdesta formao a sul de Sergipe, identificaram am-bientes de supramar, com presena de gipsita edolomita, com calcarenitos oolticos e intraclastosnas fcies intermedirias. Neste local, onde existeintensa explotao para fabrico de cal, so fre-qentes falhamentos normais, basculando as ca-madas. A espessura mxima desta formao foi es-timada em cerca de trezentos metros, e conside-rada cronocorrelata Formao Jacoca, do GrupoMiaba. So registrados nveis de estromatlitos nasproximidades de Crispolis.

    A Formao Lagarto apresenta suas melhores ex-posies nos arredores da cidade de Lagarto, e,principalmente, ao longo das rodovias Lagar-to-Tobias Barreto, Lagarto-Simo Dias e Lagar-to-Itabaiana. O contato com as rochas gnissicas doembasamento so quase sempre tectnicos, atra-vs de falhas provavelmente extensionais, enquantoque seus contatos com as demais formaes doGrupo Estncia so geralmente gradacionais.

    Compe-se de alternncias de arenitos finos, ar-gilitos e siltitos laminados, em propores varive-is, freqentemente preservando abundantes estru-turas sedimentares, observadas com muita clarezaprincipalmente em escavaes cerca de cinco qui-lmetros a noroeste de Lagarto. Estas escavaesso garimpos de pedras para revestimento, ondesiltitos cinza-esverdeados esto muito litificados ecom marcas onduladas de pequeno porte, simtri-cas e assimtricas, e gretas de ressecamento (foto2). Nas interfaces com argilitos vermelhos ocorremmuitas estruturas de carga e de escape de fluidos,tais como dobras convolutas e estruturas tiposchama e pires (foto 3). Estratificaes cruzadasde mdio porte foram observadas em camadas dearenito mais espessas.

    Os siltitos esverdeados, por vezes com pirita, de-positaram-se provavelmente em plataforma rasa elamosa (Saes & Vilas Boas, 1986).

    No ocorrem dobramentos significativos na For-mao Lagarto, e suas camadas geralmente tmmergulhos fracos e regulares, devido a bascula-mentos por falhas normais. A espessura desta for-mao foi estimada em cerca de 750m.

    A Formao Palmares, descrita originalmentecomo Formao Bomfim por Silva Filho et al. (1978),tem rea de distribuio muito expressiva no Estadode Sergipe, constitundo um relevo de serras muitocaracterstico na regio a sul de Simo Dias. Seus

    contatos so quase sempre tectnicos: com rochasgnissicas do embasamento e sedimentos da Baciado Tucano, sendo delineados por falhas normais; ecom rochas metassedimentares dos grupos SimoDias e Vaza-Barris, o contato marcado pela zonade cisalhamento contracional do rio Jacar, limtrofeentre os Domnios Estncia e Vaza-Barris. Com asdemais unidades do Grupo Estncia, os contatosso aparentemente gradacionais.

    A Formao Palmares no possui grande diversi-dade litolgica, sendo constituda principalmente porgrauvacas e arenitos finos, feldspticos, muito litifica-dos, compactos, por vezes com lentes de conglome-rados polimticos desorganizados. Estes conglomera-dos possuem clastos de gnaisses, quartzo, quartzito,carbonatos, xistos e metabasitos. Rochas argilosasesto praticamente ausentes nesta formao, e a es-trutura sedimentar preservada restringe-se quasesempre estratificao plano-paralela, e raras estrati-ficaes cruzadas, com paleocorrentes no sentido sul.Alguns littipos caractersticos ocorrem a nordeste enoroeste de Lagarto, representados por metarenitos fi-nos, cor cinza-escuro, muito litificados, com fragmen-tos angulosos de argilitos de cor marrom, geralmentemilimtricos. Formam campos de mataces arredon-dados, facilmente destacados dos littipos da Forma-o Lagarto. Duas outras reas de exposio so bemrepresentativas, uma situada no rio Real, a sul de To-mar de Geru, e outra a norte de Tanque Novo.

    A presena dos conglomerados e de paleocor-rentes dirigidas para sul levam suspeio de quepelo menos parte da Formao Palmares tenhasido originada a partir do retrabalhamento tardio doorgeno, situado a norte. Saes & Vilas Boas (1986),por outro lado, estudando a parte sul da rea deocorrncia desta formao, sugerem que a mesmafoi depositada em ambiente tectonicamente inst-vel, provavelmente sob forma de leques aluviais re-trabalhados em plancies costeiras.

    As principais litologias e a interpretao paleo-ambiental do Grupo Estncia esto mostrados nafigura 2.7.

    2.2.2 Domnio Vaza-Barris

    O Domnio Vaza-Barris localiza-se na parte cen-tral do Estado de Sergipe, prolongando-se paraoeste, alm do limite estadual, e, para leste, at aBacia de Sergipe (figura 2.8). Limita-se com o do-mnio anterior atravs da Falha do Rio Jacar, umazona de cisalhamento rptil-dctil contracional dealto ngulo. Esta descontinuidade estrutural sofreuvrias reativaes desde a formao da bacia, at

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    15

  • pelo menos o Mesozico, pois seu prolongamentosudeste (Falha de Itaporanga) limita parcialmente aBacia de Sergipe.

    Compe-se principalmente de metassedimen-tos psamo-pelito-carbonticos de baixo grau me-tamrfico dos grupos Miaba, Simo Dias e Va-za-Barris, de acordo com a estratigrafia propostapor Del Rey Silva (1992, 1995). Esta estratigrafiafoi estabelecida a partir dos trabalhos pioneiros deHumphrey & Allard (1967, 1969), que introduziramna regio o modelo geossinclinal, gradativamenterefinado por trabalhos subseqentes (Brito Neves& Cordani, 1973; Brito Neves et al., 1977; Silva Fi-lho et al., 1978, 1979, 1981; Jardim de S et al.,1981; Jardim de S, 1986; entre outros). As estru-turas principais so dobramentos antiformais esinformais de grande porte, com vergncia paraSSW, associados a cavalgamentos e transcorrn-cias. Redobramentos coaxiais so freqentes, e ometamorfismo atinge a fcies xisto-verde. Vulca-nismo ocorre muito restritamente, e no h registrode plutonismo.

    As principais caractersticas dos grupos Mia-ba, Simo Dias e Vaza-Barris sero descritas aseguir.

    2.2.2.1 Grupo Miaba

    As reas de distribuio localizam-se nas bor-das dos domos de Itabaiana e Simo Dias, e em fai-xas orientadas WNW-ESE, dominantes nas partescentral e norte do Domnio Vaza-Barris. Sua se-o-tipo mais completa localiza-se ao longo do rio

    Jacarecica, na borda leste do Domo de Itabaiana,onde atinge espessura mxima em torno de1.100m. O Grupo Miaba compe-se das formaesItabaiana, Ribeirpolis e Jacoca.

    A Formao Itabaiana, basal, constitui as princi-pais elevaes topogrficas da regio, com desta-que para a serra de Itabaiana, a leste da cidade ho-mnima, onde ocorrem abundantes afloramentosdos metapsamitos tpicos desta unidade. Neste lo-cal, observa-se a no-conformidade que caracteri-za o contato entre rochas ortognissicas do emba-samento, que aflora na parte central do domo, emetarenitos conglomerticos com corpos lenticula-res de metaconglomerados polimticos suportadospela matriz, da Formao Itabaiana. J em vriosoutros locais este contato tectnico , atravs dezonas de cisalhamento contracionais (proximidadeoeste de Simo Dias), ou transcorrentes (nordestede Simo Dias, na estrada para Pinho). O contatosuperior com as demais formaes do Grupo Mia-ba so gradacionais, por vezes tambm marcadospor lentes de metaconglomerados (oeste do Domode Itabaiana).

    As principais associaes litolgicas, as estrutu-ras primrias e o ambiente deposicional da Forma-o Itabaiana esto descritos na figura 2.9.

    As deformaes registradas nos metarenitosdesta formao que contornam o Domo de Itabaia-na so geralmente muito fracas, limitando-se a do-bras abertas, observadas principalmente na re-gio a noroeste de So Domingos, e a falhas ou zo-nas de cisalhamento transcorrente espaadas,transversais serra de Itabaiana. Por outro lado,

    16

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Grupo Fm. Descrio Estrutura/Interpretao

    ES

    TN

    CIA

    PA

    LMA

    RE

    S Arenitos lticos s vezes conglomerticos com clas-tos de filito.Intercalaes rtmicas de folhelhos, arenitos e siltitosConglomerados polimticos organizados.Conglomerados e brechas monomticas com seixosde calcrio, desorganizados.

    Leques Aluviais retrabalhados em plan-cies costeiras.Ambientes tectonicamente instveis.Estruturas paralelas e cruzadas de pe-queno e mdio porte. Correntes multidire-cionais, inclusive do norte.

    LAG

    AR

    TO Siltitos e folhelhos vermelhos; intercalaes de areni-tos vermelhos.Arenitos vermelhos com discos de lama e clastos decarbonatos.Siltitos e esverdeados com cubos de pirita.

    Plancies de mar com exposies sazo-nais subareas.Plataforma rasa lamosa; deltas.Estruturas do tipo flaser, marcas de osci-lao de corrente; diques de arenitos,chama, laminao paralela e convoluta.Correntes dominantes para norte.

    AC

    AU

    Dolomitos e calcrios em bancos macios ou lamina-dos, negros ou rosa.Nveis oolticos.

    Supramar, localmente com guas agita-das.Sabkhas costeiras.

    Figura 2.7 Caractersticas litolgicas e ambientais das formaes do Grupo Estncia.

  • Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    17

    Contato definido

    Falha extensional

    Falha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento transcorrentedextral

    Falha ou zona de cisalhamento transcorrente dextral

    Falha ou zona de cisalhamento contracional

    Falha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistralLimite estadual

    GRUPO VAZA BARRIS

    GRUPO SIMO DIAS

    GRUPO VAZA BARRIS

    Fm. Olhos dgua (MNoa)Fm. Palestina (MNpa)

    Fm. Litofcies (MNfp )1Fm. Litofcies (MNfp )2Fm. Litofcies (MNfp )3Fm. Jacar (Mnja)Gr. Simo Dias Indiviso (MNsd)

    Fm. Jacoca (MNjc)

    Litofcies (MNr )1Litofcies (MNr )2Litofcies (MNr )3Fm. Itabaiana (MNi)DOMOS DE ITABAIANA E SIMO DIAS

    Fm. Ribeirpolis

    Figura 2.8 Distribuio geogrfica das unidades que compem o Domnio Vaza-Barris.

  • merece registro a presena de quartzitos miloniti-zados na zona de cisalhamento dctil que bordejaa parte sul do Domo de Itabaiana, que o conectaao Domo de Simo Dias. As demais ocorrnciasda Formao Itabaiana, na regio de Ribeirpolise So Miguel do Aleixo, mostram as mesmas de-formaes comuns s demais unidades do Dom-nio Vaza-Barris, caracterizadas principalmentepor dobramentos e cavalgamentos com vergnciapara sudoeste.

    A Formao Ribeirpolis aflora caracteristica-mente nos arredores da cidade homnima, constitu-indo uma faixa com forma sigmoidal e limitada porfalhas contracionais, resultantes do transporte tect-nico dirigido para sudoeste. Contatos gradacionaiscom a Formao Itabaiana e a Formao Jacoca es-to expostos no rio Jacarecica e na fazenda Capi-to, bordas leste e oeste do Domo de Itabaiana, res-pectivamente. Neste locais, as feies primrias es-to bem preservadas. A espessura mxima esti-mada em cerca de quinhentos metros.

    A Formao Ribeirpolis composta principal-mente por filitos, filitos seixosos, metagrauvacas,metagrauvacas seixosas e metaconglomeradospolimticos,alm de rochas metavulcnicas cidasa intermedirias xistificadas, muito subordinadas.Esses littipos foram agrupados em trs litofcies(MNr1, MNr2 e MNr3), de acordo com suas afinida-des composicionais e litoambientais (figura 2.9).De uma maneira geral, observa-se que as fciesmais pelticas predominam nas reas situadas maisa norte, ao redor da cidade de Ribeirpolis, asso-

    ciadas s ocorrncias de rochas metavulcnicas.Tambm a intensidade da deformao aumenta nosentido norte, ou seja, para as partes mais internasda faixa de dobramentos.

    A Formao Jacoca sobrepe-se Formao Ri-beirpolis de maneira descontnua, com contatosbruscos ou gradacionais, e freqentemente repou-sa diretamente sobre os metarenitos da FormaoItabaiana. Constitui corpos lenticulares de rochasdominantemente carbonticas nas bordas leste eoeste do Domo de Itabaiana, e oeste do Domo deSimo Dias, alm de uma faixa orientada les-te-oeste, prxima da cidade de Mocambo.

    O afloramento mais representativo de suas rela-es de contato, litologias e estruturas localiza-ses margens do rio Vaza-Barris, na fazenda Capi-to. Neste local, ocorre um paredo onde se ob-serva o contato direto da seqncia interacama-dada de dolomitos, calcrios e filitos da FormaoJacoca com conglomerados da Formao Ribei-rpolis, subjacentes, todos fracamente metamorfi-zados. Este afloramento mostra tambm excelen-tes exemplos da tectnica tangencial progressiva,registrada atravs de superfcies de cavalgamen-to suborizontais e dobras recumbentes associa-das, com transporte tectnico para sudoeste.Ocorrem tambm falhas extensionais, que podemter sido desenvolvidas durante a compresso, ouser, pelo menos em parte, relquias da fase deabertura da bacia.

    Os principais littipos e o ambiente de sedimen-tao esto assinalados na figura 2.9.

    18

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Grupo Fm. Descrio AmbienteM

    IAB

    A

    JAC

    OC

    A

    Metacarbonatos (calcrio e dolomito); metacarbonatos emetapelitos intercalados; nveis de metachert.

    Marinho raso.

    RIB

    EIR

    P

    OLI

    S MNr1Filitos siltosos ou seixos com intercalaes de metagrauva-cas; metaconglomerados; metavulcanito cido a interme-dirio.

    Correntes de detritos; ambientesinstveis; vulcanismo pr-orog-nico (?).

    MNr2Quartzo-palgioclsio-sericita-clorita xistos (metavulcnicasdacticas) predominantes.

    MNr3Metagrauvacas seixosas, metagrauvacas e metaconglome-rados predominantes.

    ITA

    BA

    IAN

    A Conglomerados com clastos do embsamento, metarenitos equartzitos mdios a grossos, quartzitos finos; filitos s vezesnegros; metarenitos conglomerticos no topo.Estruturas paralelas e cruzadas planas e festonadas; ondu-laes; estruturas de escape de fluidos.

    Marinho raso, retrabalhado pormars, correntes e tempesta-des (Del-Rey Silva, 1992).

    Figura 2.9 Caractersticas litolgicas e ambientais das formaes do Grupo Miaba.

  • A Formao Jacoca correlacionvel Forma-o Acau, do Grupo Estncia, esta ltima deposi-tada em ambiente cratnico.

    2.2.2.2 Grupo Simo Dias

    O Grupo Simo Dias tem ampla distribuio noDomnio Vaza-Barris, porm sua melhor seo-tipoaflora em rea muito pequena na borda oeste doDomo de Simo Dias. Sua definio devida a DelRey Silva (1995), a partir de modificao da estrati-grafia original de Humphrey & Allard (1969). Con-grega as formaes Jacar e Frei Paulo e, no pre-sente trabalho, parte deste grupo foi consideradacomo indiviso, nas reas de distribuio muitorestrita. A figura 2.10 mostra a composio litolgi-ca e a interpretao paleoambiental do Grupo Si-mo Dias.

    A Formao Jacar, definida por D'el Rey Silva(1992), aflora em uma faixa no limite sul do DomnioVaza-Barris, e tem espessura estimada em cercade duzentos metros. Seu contato sul marcadopela zona de cisalhamento dctil-rptil contracio-nal, de alto ngulo, que marca a passagem do Do-mnio Estncia, cratnico, para a faixa dobrada pro-priamente dita, a norte. Este limite est bem expos-to a noroeste e a nordeste de Lagarto. Nestes locaisobserva-se a passagem brusca dos sedimentosanquimetamrficos do Grupo Estncia, com abun-dantes estruturas sedimentares preservadas, parametassiltitos e filitos tectonicamente muito defor-mados da Formao Jacar, de fcies xisto-verde.

    O contato norte dessa formao com a FormaoFrei Paulo gradacional.

    A Formao Frei Paulo constitui-se na mais ex-pressiva unidade do Grupo Simo Dias, ocorrendoprincipalmente na parte norte do Domnio Va-za-Barris. Sua espessura mxima estimada emcerca de quinhentos metros. Seu contato inferiorcom littipos do Grupo Miaba freqentementemarcado por zonas de cisalhamento contracionais,frontais e oblquas, como se observa em Ribeirpo-lis, ou gradacional, como ocorre na borda leste doDomo de Itabaiana. A sul de Carira e em So Migueldo Aleixo, entra em contato com granitides tipoGlria e com metassedimentos do Grupo Macururatravs da zona de cisalhamento contracional obl-qua que limita os domnios Vaza-Barris e Macurur.O contato superior, com o Grupo Vaza-Barris, marcado por uma inconformidade.

    A Formao Frei Paulo basicamente compos-ta por filitos, interestratificados ritmicamente commetarenitos e metacarbonatos impuros, agrupa-dos e cartografados em trs litofcies interdigita-das (MNfp1, MNfp2 e MNfp3), (figura 2.10). Os con-trastes de competncia e espessura das camadas,caractersticos desta formao, possibilitaram o re-gistro marcante da tectnica compressional queafetou o Domnio Vaza-Barris. Pode-se constatar,num mesmo afloramento, grande diversidade deestilos de dobras, geralmente com eixos suborizon-tais e superfcie axial de alto ngulo. Afloramentosexibindo estas estruturas so abundantes, comoaqueles localizados prximos a Mocambo, em cor-

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    19

    Figura 2.10 Litofcies e ambientes de deposio do Grupo Simo Dias.

    Grupo Fm. Descrio Ambiente

    SIM

    O

    DIA

    S

    FRE

    IPA

    ULO

    MNfp1Filitos siltosos, metarenitos impuros e metarritimos (mar-gas, calcrios, folhelhos e siltitos).

    Ambientes de plataforma lamo-sa, com eventuais condiesde ambientes de intramar.

    MNfp2Metarenitos impuros filitos intercalados com metarenitose metacarbonatos, subordinados.

    MNfp3

    Quartzo-sericita-clorita filitos, metagrauvacas e metarrit-mitos finos. Lentes locais de vulcanitos bsicos interme-dirios.

    JAC

    AR

    Metassiltitos micceos e metassiltitos com lentes subor-dinadas de metarenitos e metargilitos.

    IND

    IVIS

    O

    Metarenitos micceos laminados, metarenitos e meta-grauvacas finas e macias; metassiltitos.

  • tes da rodovia para Carira (foto 4), e a nordeste deLagarto, na estrada para Itabaiana (foto 5).

    2.2.2.3 Grupo Vaza-Barris

    Distribui-se principalmente nas partes central esul do domnio homnimo, e compe-se das forma-es Palestina e Olhos dgua, muito bem expos-tas ao longo das rodovias Simo Dias-Paripiranga(BA) e Simo Dias-Mocambo. Neste ltimo percur-so, estrutura-se em megadobras antiformais e sin-formais, com orientao WNW-ESE e vergnciapara SSW.

    A Formao Palestina est em contato tectnicocom a Formao Olhos dgua em sua principalrea de ocorrncia, a nordeste de Simo Dias, facil-mente observvel no campo e em imagens de sen-sores remotos, devido ao forte contraste de relevo.Esta formao caracteriza-se pela presena de dia-mictitos e filitos seixosos, com clastos de tamanhosmuito variados, desde grnulos at mataces, cons-titudos principalmente de rochas granitides egnissicas, e, menos freqentemente, de quartzitos,filitos e metacarbonatos. Estima-se que a espessuradesta formao seja superior a quinhentos metros.

    No percurso entre Simo Dias e Pinho existemabundantes afloramentos dessa formao, com ta-xas de deformao muito variadas, podendo ocorrerzonas cisalhadas, com os clastos muito estiradosem matriz filtica, alternando-se com zonas poucodeformadas, onde a matriz grauvquica (foto 6).Essas feies ocorrem tambm no perfil Simo Dias-Paripiranga (BA), em cortes da rodovia prximos divisa Sergipe-Bahia. Nestes locais, o estiramentodos clastos tem atitude suborizontal, devido zonade cisalhamento transcorrente dctil.

    A Formao Olhos dgua repousa concordan-temente sobre a Formao Palestina, e caracteri-

    za-se pela presena de rochas carbonticas lami-nadas, com intercalaes subordinadas de meta-pelitos. No se conhece sua espessura, estiman-do-a grosseiramente na ordem de centenas de me-tros. Suas melhores exposies localizam-se emvolta do Domo de Simo Dias, por vezes em contatotectnico com ortognaisses do embasamento, ecom arenitos da Formao Palmares do GrupoEstncia. Nestes contatos observam-se zonas decisalhamentos contracionais e transcorrentes, prin-cipalmente entre Pedra Mole e Pinho.

    A exemplo do que ocorre com a Formao FreiPaulo, tambm as rochas carbonticas da Forma-o Olhos dgua possuem anisotropias planaresque registram com freqncia os dobramentos eredobramentos progressivos de deformao brasi-liana, com estilos muito variados, bem como os ca-valgamentos caractersticos do Domnio Va-za-Barris. Afloramentos tpicos localizam-se a sulde Simo Dias, na estrada para Pau-de-Leite, e anordeste de Simo Dias, junto Falha da Escarpa(foto 7). Tambm aflora isoladamente na parte lestedo Domo de Itabaiana, com passagem gradacionalpara filitos da Formao Frei Paulo.

    Uma sntese dos littipos e dos ambientes de se-dimentao do Grupo Vaza-Barris est mostradana figura 2.11.

    2.2.3 Domnio Macurur

    Limita-se com o Domnio Vaza-Barris ao longodas zonas de cisalhamento So Miguel do Aleixo eNossa Senhora da Glria, de movimentao con-tracional oblqua sinistral (figura 2.12). Compe-sepelo Grupo Macurur (Barbosa, 1970; Silva Filho etal., 1977; Santos et al., 1988; Jardim de S et al.,1981 e outros), dominantemente metapeltico ecom grande variao de faciologias, e raras inter-

    20

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Figura 2.11 Caractersticas litolgicas e ambientes das formaes do Grupo Vaza-Barris.

    Grupo Fm. Descrio Ambiente

    VA

    ZA

    -BA

    RR

    IS

    Olh

    osd

    g

    ua Calcrios laminados; calcrios e dolomitos svezes oolticos; e intercalaes de carbonatose filitos; metacherts. Cores negra, rosa ou es-branquiada. Presena de algas: Stratisferaundata.

    Plataforma rasa; plancies de marcom tapetes algais.

    Pal

    estin

    a

    Metaconglomerados; filitos seixosos; metavul-cnicas; lentes de quartzito; seixos de granito;quartzito e metacarbonatos.

    Cunhas de clsticos em ambiente tec-tnico instvel; vulcanismo.

  • Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    21

    Contato definido

    GRUPO BARREIRAS

    Litofcies MNm gabro1 , quartzito

    Litofcies MNm2Litofcies MNm3

    Litofcies MNm4Litofcies MNm5Litofcies MNm6

    GRANITIDES TIPO GLRIA

    GRUPO MACURUR

    Limite estadual

    Falha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistral

    Falha ou zona de cisalhamento contracional

    Falha ou zona de cisalhamento transcorrentesinistral

    Falha ou zona de cisalhamentoFalha extensional

    0 10 20km

    1000

    Figura 2.12 Distribuio geogrfica das unidades que compem o Domnio Macurur.

  • calaes de metavulcanitos cidos a intermedi-rios. Seus littipos apresentam estratificao rtmi-ca e foram interpretados por Jardim de S (1994),dentre outros, como turbiditos de natureza flyschi-de. A deformao polifsica, com orientao ge-ral NW-SE na parte oeste do domnio, sendo maisdesarmnica na parte leste. O metamorfismo dafcies anfibolito.

    A presena de abundantes corpos de graniti-des intrusivos, tardi a ps-tectnicos, uma carac-terstica marcante deste domnio. Estas intrusesprovocam metamorfismo de contato nos metasse-dimentos encaixantes e modificaes nas estrutu-ras pretritas. Falhas transcorrentes NE-SW sofreqentes, por vezes controlando a colocao dediques bsicos de espessuras mtricas, provavel-mente mesozicos.

    O Domnio Macurur representa um nvel crustalinferior em relao ao Domnio Vaza-Barris.

    2.2.3.1 Grupo Macurur

    Seguindo-se a sistemtica adotada por Santos etal. (1988), foram cartografadas, no Grupo Macuru-r, seis litofcies (figura 2.12), designadas comoMNm1 a MNm6, que representam reas de predo-minncia de determinados littipos, cujas caracte-rsticas principais so descritas a seguir, e sumaria-das na figura 2.13.

    Litofcies MNm1 Constitui-se na mais abundan-te associao litolgica do Grupo Macurur, com-posta principalmente por biotita xistos granadfe-ros, com variadas propores de quartzo, e lentesde quartzitos milonticos, de mrmores e de rochasmfico-ultramficas. Os contatos so gradacio-nais, localmente tectnicos, e so freqentes os re-dobramentos, tendendo a coaxiais, com uma fasetardia transversal. Estas feies estruturais mais re-gulares podem ser observadas ao longo da estradade acesso a Coronel Joo S, j no Estado da Ba-hia, ou em vrios afloramentos isolados, como nacidade de Carira e nos arredores de Porto de Folhae Gararu. Nesses locais so comuns evidncias deacamadamento rtmico, com alternncia de cama-das centimtricas de cores e composies diferen-tes, geralmente argilosas e siltosas (foto 8).

    Redobramentos no-coaxiais so delineadospor intercalaes quartzticas na regio de NossaSenhora de Lourdes, Escurial e Canhoba, mostran-do, em mapa, figura de interferncia tipo bumeran-gue. Redobramentos mais confusos so reveladospela disposio irregular das atitudes de foliaese dos fotolineamentos, na parte central do domnio.

    Litofcies MNm2 Ocorre geralmente como cor-pos lenticulares intercalados nos micaxistos grana-dferos da litofcies MNm1. Sua principal rea deocorrncia localiza-se no canto noroeste do Dom-nio Macurur, a oeste de Monte Alegre de Sergipe,

    22

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Figura 2.13 Caracterizao litoambiental das unidades do Grupo Macurur com base em Santos, Braz Filhoe Menezes, in Santos & Souza (1988).

    Grupo Unidades Descrio Interpretao

    GR

    UP

    OM

    AC

    UR

    UR

    MNm6Micaxistos granadferos; anfibolito; mrmores;calcissilicticas; hornblenditos.

    Turbiditos; prisma acrescionrio(?).

    MNm5 Clorita xistos.Poro distal de leques submari-nos (?).

    MNm4 Metassiltitos macios. Camadas Tc-d de Bouma.

    MNm3

    Metagrauvacas e metarenitos finos, com frag-mentos de filito e olhos de quartzo azulados.Ocorre em camadas decimtricas a mtricas.Estruturas em pires (?).

    Fcies proximal de leques subma-rinos. Flysch (?).

    MNm2

    Metarritmitos: intercalaes de metassilti e fili-tos.Estruturas do tipo fining up e marcas ondularescavalgantes.

    Turbiditos clssicos: CamadasTc-d-e; Td-e, de Bouma.

    MNm1 Micaxistos granadferos; quartzitos; mrmores.

    Poro distal de leques submari-nos c/ eventual aporte terrgeno.Calcrios pelgicos (?).Camadas Te; Td-e, de Bouma.

  • balizada a norte pela Zona de Cisalhamento BeloMonte-Jeremoabo. Compe-se predominantemen-te de metarritmitos caracterizados por intercala-es milimtricas a centimtricas de metassiltitos efilitos, com micaxistos granadferos subordinados,marcando acamadamento primrio. Uma foliaosubparalela evidencia a presena de dobramentosisoclinais da primeira fase, muito bem caracteriza-dos no perfil a nordeste de Coronel Joo S, na Ba-hia. Neste perfil, tambm esto registradas as ou-tras duas deformaes superpostas, caractersti-cas do Domnio Macurur (figura 2.14). Entre Portoda Folha e Gararu tambm ocorrem bons aflora-mentos em corte de estrada , por vezes com dobra-mentos recumbentes de primeira gerao, e redo-bramentos abertos transversais. Granitides intru-sivos tipos Glria e Propri cortam a litofciesMNm2, como se observa nos arredores de Itabi ePropri.

    Litofcies MNm3 Ocorre em faixas quase sem-pre associadas aos metarritmitos da litofciesMNm2, como a oeste e sul de Monte Alegre de Ser-gipe e a sul de Nossa Senhora de Lourdes. Com-pe-se de metagrauvacas e metarenitos finos, comcor cinza-esverdeado e aspecto macio, fraca-mente foliados, com intercalaes boudinadas derochas calcissilicticas; localmente, apresentamfragmentos angulosos de filitos. Raramente refle-tem os dobramentos regionais, a no ser aquelesmuito localizados, da terceira fase, tipo kink, e fai-xas milonitizadas.

    Na regio a sudoeste de Pedro Alexandre, j noEstado da Bahia, essa litofcies abriga corpos lenti-culares de metavulcanitos flsicos, dominantemen-te dacticos.

    Litofcies MNm4 Ocupa uma faixa pouco ex-pressiva, descontnua, no extremo-oeste do Dom-nio Macurur, constituda por metassiltitos maciospredominantes, com intercalaes subordinadasde filitos, refletindo acamadamento original. Tem

    cor cinza-esverdeado caracterstica, com pontua-es de xido de ferro, provavelmente sulfetos alte-rados. Ocorre em contato brusco com granitidestipo Glria e gradativo com a litofcies MNm3.

    Litofcies MNm5 Ocorre em rea muito restritano canto sudoeste do domnio, sendo mais repre-sentativa no prolongamento para o Estado da Ba-hia. Trata-se de quartzo-clorita xistos muito milo-nitizados, envolvidos na zona de cisalhamento deSo Miguel do Aleixo. Intercalam-se lentes dequartzitos milonticos, no aflorantes no Estadode Sergipe.

    Litofcies MNm6Possui rea de ocorrncia entreNiteri, Lagoa da Volta e Porto da Folha, exibindocontatos tectnicos com granitides e rochas mig-matticas de Poo Redondo. Trata-se de parte daUnidade Araticum, de Silva Filho et al. (1979), umaassociao de micaxistos granadferos, anfibliognaisses e gnaisses quartzo-feldspticos porfiro-clsticos, com intercalaes de rochas metacarbo-nticas. Estes littipos mostram-se quase sempre in-temperizados e muito milonitizados. A presena demobilizados e paragnese metamrfica com diops-dio, almandina e quartzo indicam que esta litofciesrepresenta o nvel crustal mais profundo do GrupoMacurur, soerguido tectonicamente.

    2.2.4 Domnio Maranc

    Limita-se com o Domnio Macurur atravs deoutra expressiva zona de cisalhamento contracio-nal oblqua sinistral denominada Belo Mon-te-Jeremoabo (figura 2.15), cujo prolongamentopara oeste limita parcialmente a Bacia do Tucano,em Jeremoabo. Isto indica que esta descontinuida-de foi reativada no Mesozico, e marca o alto estru-tural que limita os compartimentos central e nortedesta bacia mesozica no Estado da Bahia.

    O domnio caracteriza-se pela presena de litti-pos do Complexo Maranc, de natureza vulcano-

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    23

    Figura 2.14 Perfil esquemtico mostrando estilo de deformao em metarritmitos do Grupo Macurur,na estrada que liga Coronel Joo S BR-235 (Santos & Souza, 1988).

    SW

    GRANITIDE TIPOGLRIA

    BIOTITA-GRANADAXISTOS METARRITMITOS

    S1 S1 S1

    S2

    S2

    S2

    S2

    S2

    NES0 S0 S0

    S2

    0 0,5 1km

  • sedimentar, imbricado tectonicamente com grani-tides tipo Serra Negra, estes ltimos descritos emitem separado, juntamente aos demais granitides.Tanto o complexo como os granitides tipo SerraNegra mostram-se intensamente cisalhados, comfoliaes subverticais, subparalelas a zonas de ci-salhamento dctil contracionais oblquas de altongulo, e com transcorrncias rpteis transversaissuperpostas. O metamorfismo de fcies anfiboli-to, cuja paragnese original raramente preserva-da, devido ao retrometamorfismo que acompanhaas zonas de cisalhamento.

    2.2.4.1 Complexo Maranc

    Definido por Santos et al. (1988) e Menezes Filhoet al. (1988), o Complexo Maranc compreende umconjunto litologicamente muito diversificado, ondedominam rochas vulcanognicas flsicas, mficase ultramficas com intercalaes subordinadas demetassedimentos, agrupados em unidades infor-mais, denominadas Minuim (MNma1), Morro doBugi (MNma2), Monte Alegre (MNma3) e MonteAzul (MNma4) (figura 2.15). Estas unidades no tmconotao estratigrfica, agrupando apenas litti-

    24

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    BACIA DE TUCANO

    COMPLEXO MARANCUnidade Minuim (MNma )1

    Contato definido

    Falha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento contracional

    Falha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistralLimite estadual

    Falha ou zona de cisalhamento transcorrente sinistralUnidade Morro do Bugi (MNma )2Unidade Monte Alegre (MNma )3Unidade Monte Azul (MNma )4GRANITIDES DIVERSOS

    Figura 2.15 Distribuio geogrfica das unidades que compem o Domnio Maranc.

  • pos afins e com ntima associao espacial. Oscontatos entre elas so geralmente tectnicos, nemsempre representados em mapa, o mesmo ocor-rendo com relao aos granitides tipos Serra Ne-gra e Glria. exceo da Unidade Minuim, as de-mais tm maior representatividade a oeste, no Esta-do da Bahia.

    A composio litolgica e as interpretaes dosambientes de formao das unidades do Comple-xo Maranc no Estado de Sergipe esto mostradasna figura 2.16.

    Apesar da intensa transposio que afetou os li-ttipos do Complexo Maranc, observam-se local-mente relquias de dobramentos superpostos, comdobras isoclinais de segunda gerao e vergnciapara sudoeste, e dobras tipo kink ortogonais, deterceira gerao (anlogas quelas deformaesregistradas no Domnio Macurur). Tambm local-mente acha-se preservada a paragnese estauroli-ta-andaluzita-granada na Unidade Minuim, carac-terizando a fcies anfibolito.

    Teixeira (1988) efetuou anlises de elementosterras-raras em rochas andesticas, dacticas e rio-lticas do Complexo Maranc, concluindo pela na-tureza calcialcalina dessas rochas e evidnciasde sua formao em ambiente de arco vulcnico.Dataes U/Pb obtiveram idades de 1.045 20Mae 1.007 10Ma, representando idade de forma-o desse possvel arco vulcnico (ver Apndice2 para maiores detalhes sobre as dataes radio-mtricas).

    Existem similaridades litolgicas e estruturais doComplexo Maranc com o Complexo Canind,principalmente a Unidade Minuim.

    2.2.5 Domnio Poo Redondo

    Constitui-se de uma seqncia de ortognaissestonalito-granodiorticos e de paragnaisses subordi-nados, freqentemente migmatizados, denomina-dos de Complexo Migmattico de Poo Redondo, epor intruses de granitides tardi a ps-tectnicos(figura 2.17). Limita-se a sul e norte atravs de zo-nas de cisalhamento contracionais oblquas sinis-trais de alto ngulo. A deformao quase sempreregistrada por dobramentos polifsicos desarmni-cos, provavelmente, em parte, pr-brasilianos. Ometamorfismo da fcies anfibolito alto.

    Este compartimento pode ser considerado comoum terreno extico, devido dificuldade de ser es-tabelecida sua correlao com os demais dom-nios. Representa nvel crustal mais profundo quetodos os demais, soerguido pela tectnica com-pressional cujo transporte de massa foi dirigido denor- deste para sudoeste.

    2.2.5.1 Complexo Migmattico dePoo Redondo

    Descritas inicialmente por Silva Filho et al. (1977),as rochas migmatticas de Poo Redondo ocorremsob a forma de abundantes lajedos, aflorantes aolongo de uma faixa orientada NW-SE, concordantecom a estruturao regional (figura 2.17).

    Observa-se que os contatos com os graniti-des tipo Glria so quase sempre muito irregula-res e difusos. A sudeste de Poo Redondo exis-tem afloramentos com xenlitos de ortognaissebandado, dobrado, em granitides relacionados

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    25

    Figura 2.16 Caracterizao litolgica e ambiental das unidades do Complexo Maranc.

    Unidades Descrio Interpretao

    Monte Azul(MNma4)

    Metapiroclsticas e metarritmitos. Me-tadacito e metabasitos subordinados.

    Metaturbiditos com contribuiode metapiroclsticas e metavul-cnicas.

    Monte Alegre(MNma3)

    Metarritmitos predominantes; mmore;quartzito.Metandesitos, metadacitos e metaba-sitos milonitizados.

    (Flysch).

    Arco sedimentar/Bacia deForearc (?).

    Morro do Buji(MNma2)

    Metaconglomerados (metapiroclsti-ca) e metarritmitos milonitizados.

    Minuim(MNma1)

    Anfibolitos predominantes; andaluzita-estaurolita xistos; metarritmitos; metar-rilitos; metaquartzo latitos prfiros.Intercalaes de metaultramticas.

    Arco Vulcnico com sills (ou las-cas?) ultramficas.

  • queles tipo Glria, que, por sua vez, so trunca-dos por leucogranitos ps-tectnicos tipo Xing(figura 2.18).

    Exibem protlitos dominantemente gnissicosde composio granodiortico-tonaltica, em varia-das taxas de fuso parcial. Deste modo, podemocorrer tanto gnaisses bandados, com raros mobili-zados flsicos, como sob a forma de rocha homo-gnea, com foliao difusa, nas zonas de estgiomais avanado de granitizao. Os termos interme-dirios so migmatitos com estruturas dobradas ir-regulares, com leucossomas pegmatides concor-dantes e discordantes, e mesossomas gnissicos biotita ou biotita e hornblenda.

    Amide apresentam enclaves de anfibolitos ban-dados, e, por vezes, de rochas calcissilicticas ede mrmores, estes ltimos mais freqentes na re-

    gio de Paulo Afonso, na Bahia. Esses resistatos in-dicam a presena de rochas supracrustais nos pro-tlitos dos migmatitos (figura 2.18). Isto corrobo-rado pela presena de mesossomas ricos em bioti-ta e, por vezes, granadferos.

    A deformao pr-brasiliana no discernvelcom clareza, devido ao envolvimento com as defor-maes subseqentes. Estas produzem dobrascom vergncia para sudoeste, similares estrutu-rao regional da Faixa de Dobramentos Sergipa-na no Estado de Sergipe.

    No se dispe de dataes dos protlitos dosmigmatitos Poo Redondo. Entretanto, VanSchmus et al. (1995) obtiveram, atravs do mtodoSm/Nd, idade mnima de 1.740Ma, enquanto queos produtos da fuso anatxica forneceram idadesem torno de 600Ma.

    26

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Contato definidoFalha extensionalFalha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento transcorrente sinistral

    Falha ou zona de cisalhamento contracionalFalha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistral

    Limite estadual

    COMPLEXO MIGMATTICO DEPOO REDONDO

    BACIA DE TUCANO

    GRANITIDES DIVERSOS

    Figura 2.17 Distribuio geogrfica das unidades que compem o Domnio Poo Redondo.

  • 2.2.6 Domnio Canind

    Trata-se do domnio mais setentrional da Faixade Dobramentos Sergipana (figura 2.19), constitu-indo uma faixa de direo NW-SE, paralela ao rioSo Francisco, com cerca de quatro a dez quilme-tros de largura. Seu limite sul com o Domnio PooRedondo marcado por expressiva zona de cisa-lhamento dctil contracional, de alto ngulo, deslo-cada em vrios pontos por falhas transcorrentes si-

    nistrais transversais, de direo NE-SW. Estas fa-lhas esto, em alguns pontos, preenchidas por di-ques bsicos.

    Esse domnio constitudo por rochas metavul-cano-sedimentares do Complexo Canind, polide-formadas, freqentemente transpostas e cisalha-das, intrudidas por expressivo corpo gabrico dife-renciado (Sute Intrusiva Canind). Tambm ocor-rem abundantes corpos irregulares de granitidesdiversos, de colocao sin, tardi a ps, e ps-tect-nicos, descritos em item prprio (2.2.7), juntamentecom aqueles granitides que ocorrem em outrosdomnios.

    A exemplo do que se observa no Complexo Ma-ranc, no domnio homnimo, os littipos do Com-plexo Canind acham-se quase sempre tectonica-mente imbricados, principalmente aqueles situa-dos mais a sul do domnio. Dobramentos estomais preservados em sua extremidade sudeste,por vezes com geometrias de braquiantiformes oude provveis sees de megadobras tipo bainha.O metamorfismo de fcies xisto-verde a anfibolito.

    Trata-se, provavelmente, de um arco magmti-co, ou bacia de ps-arco, soldado Faixa de Do-bramentos Sergipana por processo colisional (Be-zerra et al., 1991).

    2.2.6.1 Complexo Canind

    O Complexo Canind congrega um conjunto derochas metavulcnicas e metassedimentares, des-critas inicialmente por Silva Filho et al. (1977), e in-terpretadas como a sute ofioltica da ento denomi-nada Geossinclinal Sergipana. Esta sute engloba-ria tambm o corpo gabrico de Canind. A tentati-va de agrupar essas rochas em unidades informaisdeve-se a Silva Filho et al. (1979), tomando comobase suas relaes espaciais e afinidades genti-cas. Desse modo, nas rochas supracrustais foramindividualizadas as unidades Mulungu, Garrote,Novo Gosto e Gentileza, encaixantes do plutonismogabrico denominado de Sute Intrusiva Canind,descrita adiante (figura 2.19).

    Na presente sntese conservou-se esta organiza-o, sendo apenas suprimida a Unidade Garrote,que , na realidade, um granitide milonitizado, cedoa sin-tectnico, descrito em item prprio (2.2.7),como Granitide tipo Garrote.

    Os contatos do Complexo Canind, tanto inter-nos como externos, so geralmente tectnicos. Naterminao leste de sua rea de ocorrncia, atransposio tectnica foi menos intensa, e obser-vam-se contatos transicionais entre as unidades,

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    27

    ENCLAVE DE GRANADA - EPIDOTO - PLAGIOCLSIO GNAISSE, PR-DEFORMADO

    MIGMATITO BANDADO

    PEGMATITO QUARTZO-FELDSPTICO

    ( a )

    N120

    Sn+1

    Sn

    10cm

    Figura 2.18 Detalhes de afloramentos dos migma-

    titos de Poo Redondo, em planta, mostrando en-

    claves e deformao de veios (a), relaes com

    as intruses de granitides tardi e ps-tectnicos

    (b) e orientao de enclaves (c).

    GRANODIORITO TIPO GLRIA, COM FOLIAO PRIMRIA

    XENLITOS ESTIRADOS DE MIGMATITO/GNAISSE BANDADO

    XENLITO DE MIGMATITO/GNAISSE DOBRADO

    XENLITOSLEUCOGRANITO

    TIPO XING

    N120

    ( b )

    10cm

    NEOSSOMA GRANTICO

    SCHLIEREN

    ENCLAVES DE ANFIBOLITOS COM FORMAS SIGMOIDAIS(PROVVEIS RESTITOS)

    N90

    ( C )

  • alm de dobramentos bem preservados, mesmoem escala de mapa. So cortados por granitidesdiversos, principalmente tipo Xing, e esto estru-turalmente concordantes com sheets granticostipo Garrote, milonitizados. Uma sntese dos litti-pos e provveis ambientes de formao mostra-da na figura 2.20.

    A Unidade Gentileza tem como principal carac-terstica a presena dominante de anfibolitos degranulao fina, certamente metabasaltos e meta-diabsios, localmente constituindo xenlitos em

    leucogranitos tipo Xing, em parte no represent-veis na escala do trabalho. No contato com a SuteIntrusiva Canind observa-se a presena de zonade cisalhamento dctil, principalmente no perfilPoo Redondo-Curralinho.

    A Unidade Novo Gosto apresenta a maior diver-sidade de littipos do Complexo Canind, emboraos anfibolitos tambm meream destaque em ter-mos de reas de exposio. Intercalaes de me-tacalcrios e quartzitos geralmente mostram desta-que topogrfico, e muitas vezes conformam os me-

    28

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    BACIA DE TUCANO

    SUTE INTRUSIVA CANIND

    COMPLEXO CANINDUnidade Mulungu

    Unidade Novo Gosto

    Unidade Gentileza

    Granitides diversos

    Contato definidoFalha extensional

    Falha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento transcorrentesinistral

    Falha ou zona de cisalhamento contracionalFalha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistral

    Limite estadual

    Figura 2.19 Distribui geogrfica das unidades que compem o Domnio Canind.

  • gadobramentos, como na regio a sul de Bonsu-cesso. Rochas calcissilicticas, filitos grafitosos,gnaisses granadferos e brechas piroclsticas somuito localizados, no representveis na escala domapa.

    A Unidade Mulungu apresenta como caracters-tica mais diagnstica a presena de lentes de ro-chas metaultramficas talcificadas, sheets do gra-nitide milontico tipo Garrote e metavulcnicas ci-das xistificadas, alm dos demais littipos seme-lhantes Unidade Novo Gosto. Alm disso mos-tra-se mais cisalhada que as demais unidades,principalmente nas proximidades de contato sulcom os granitides tipo Glria.

    As paragneses encontradas em littipos doComplexo Canind so indicativas de metamorfis-mo de fcies anfibolito, sendo sugestiva a presen-a de andaluzita e cordierita como indicadores decondies de alta temperatura. O retrometamorfis-mo para a fcies xisto-verde concentra-se nas zo-nas mais cisalhadas.

    O quimismo dos metabasaltos e das rochas vul-cnicas flsicas do Complexo Canind favorecema sua comparao com seqncias de arco vulc-nico (Bezerra et al., 1992).

    Gava et al. (1983) referem-se a uma dataoK/Ar em metabasitos da Unidade Gentileza, queacusou idade de 748 17Ma.

    2.2.6.2 Sute Intrusiva Canind

    Esta sute, descrita originalmente por Silva Filho etal. (1977), aflora em uma faixa com largura em tornode cinco quilmetros e extenso aproximada de qua-renta quilmetros, paralelamente ao rio So Francis-co (figura 2.19), entre o povoado Niteri e a cidade deCanind do So Francisco. Corpos menores ocorremintrudindo rochas supracrustais do Complexo Canin-d ou em megaxenlitos em granitides tipo Xing.

    Seus contatos so intrusivos ou atravs de zonasde cisalhamento dctil, principalmente com litti-

    pos do Complexo Canind. Suas melhores exposi-es localizam-se ao longo das estradas Poo Re-dondo - Canind do So Francisco e Poo Redon-do-Curralinho, e ao longo do rio Jacar e riachoSanta Maria. Exposies artificiais ocorrem prxi-mas a Canind do So Francisco, remanescentesdas obras de irrigao do Projeto Califrnia.

    A Sute Intrusiva Canind apresenta grande va-riedade composicional, onde so identificados ga-bros normais, noritos, micrograbos, olivina gabros,leucogabros, anortositos, troctolitos e rochas ultra-mficas, por vezes com texturas de cumulus e inter-cumulus, indicativas de processos de diferencia-o magmtica. As paragneses dessas rochas in-dicam metamorfismo de grau mdio, de fcies epi-doto-anfibolito a anfibolito, com retrometamorfismolocalizado para a fcies xisto-verde.

    Os gabros normais, principalmente as varieda-des de granulao fina, ocorrem dominantementena periferia do corpo principal, e os leucogabros degranulao grossa so mais freqentes na regio anoroeste de Poo Redondo, nos arredores do ria-cho Santa Maria. Tambm ocorrem leucogabroscom olivina e augita ao longo da estrada Poo Re-dondo-Canind do So Francisco, alm de diquesde gabro e diabsio, descritos na regio de Currali-nho, a nordeste de Bonsucesso.

    Os troctolitos ocorrem sob a forma de bolses,intimamente relacionados aos leucogabros. Santos& Souza (1988) observaram as principais ocorrn-cias de sulfetos de Cu e Ni que esto associadas aesses littipos. Vale registrar, tambm, a presenade nveis de concentraes de Fe e Ti prximas aocontato sul do macio principal.

    Estudos litogeoqumicos efetuados por Teixeira(in Santos & Souza, 1988) concluem que esta sutefoi gerada a partir da fuso parcial de dois materiais,um de tendncia toleitica, pobre em K, e outro detendncia alcalina. Por outro lado, Bezerra et al.(1992) fazem analogia dessas rochas com intru-ses sinorognicas, enquanto Oliveira & Tarney

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    29

    Unidade Descrio Interpretao

    Gentileza(MNgz)

    Metabasaltos predominantes, e metadiabsios, localmentexistificados. Metabasaltos toleiticos de baixo

    potssio e metandesitos/metadaci-tos calcialcalinos.Turbiditos.

    Arco vulcnico (?).

    Complexo de subduco (?).

    Novo Gosto(MNng)

    Anfibolitos predominantes, metavulcnicas andesticas edacticas, metatufos, metacalcrios, quartzitos.Calcissilicticas, brechas piroclsticas e xistos com grafita,andaluzita e cordierita.

    Mulungu(MNmu)

    Intercalaes de anfibolitos (metabasaltos, metavulcnicasflsicas, quartzitos/metacherts, mrmores, metarritmitos.Sills (ou lascas) de metaultramficas milonitizadas.

    Figura 2.20 Caracterizao litolgica e ambiental das unidades do Complexo Canind.

  • (1989) as relacionam a um rifteamento intraconti-nental e magmatismo anorognico.

    Van Schmus et al. (1997) obtiveram, pelo mtodoSm/Nd, uma idade-modelo de 940Ma. para estasrochas gabrides (ver Apndice 2, para maioresdetalhes sobre os dados radiomtricos).

    2.2.7 Rochas Granitides

    Conforme est ilustrado na figura 2.21, as rochasplutnicas granitides da Faixa de Dobramentos

    Sergipana tm ampla distribuio no Estado deSergipe. Foram caracterizadas e agrupadas to-mando-se como base principalmente sua poca decolocao em relao aos principais eventos tect-nicos tangenciais e, conseqentemente, tambms suas caractersticas petrogenticas. Esses gra-nitides foram denominados informalmente comotipos Garrote, Serra Negra, Curralinho, Glria, Xin-g, Serra do Catu e Propri, seguindo-se procedi-mento normalmente utilizado na cartografia geol-gica regional.

    30

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    Contato definidoFalha extensionalFalha ou zona de cisalhamento

    Falha ou zona de cisalhamento contracional

    Falha ou zona de cisalhamento contracionalcom componente transcorrente sinistral

    Limite estadual

    Bacia do Tucano Granitides tipo Propri (Npp)Granitides tipo Xing (Nx)Granitides tipo Curralinho (Ncu)

    Domnio Canind Granitides tipo Glria (Ngo)Domnio Poo Redondo Granitides tipo Serra do Catu (Nsc)Domnio Maranc Granitides tipo Serra Negra (Nsn)Domnio Macurur Granitides tipo Garrote (Ng)

    Falha ou zona de cisalhamentotranscorrente sinistral

    Figura 2.21 Distribuio geogrfica das intruses granitides nos domnios Macurur,Maranc, Poo Redondo e Canind.

  • Alguns tipos so comuns aos domnios Macurur,Poo Redondo, Canind e Maranc, enquanto ou-tros so restritos apenas a determinados domnios.Sua distribuio geogrfica mostra, grosso modo,que existe um zoneamento composicional, indican-do que a alcalinidade cresce no sentido norte.Embora alguns autores advoguem que esta zonali-dade se deve atuao de zonas de subduco(Silva Filho & Guimares, 1994), outros (Neves & Ma-riano, no prelo) propem a existncia de uma plumamantlica como geradora desse plutonismo, sendoque a alcalinidade seria devida maior ou menor es-pessura da crosta em determinados stios.

    As principais caractersticas de cada um dos ti-pos de granitides (figura 2.22) sero descritas re-sumidamente a seguir. Maiores detalhes poderoser obtidos nas citaes bibliogrficas, principal-mente com relao aos estudos petrogenticosdessas rochas.

    2.2.7.1 Granitides Tipo Garrote

    Originalmente includos no Complexo Canindcomo Unidade Garrote, composta por leptitos e au-gen gnaisses (Silva Filho et al.; Santos et al., 1988),so aqui redefinidos como o plutonismo granticomais antigo da rea. Gava et al. (1983) j aventa-vam a possibilidade dessas rochas serem intrusi-vas em littipos do Complexo Canind.

    Constituem faixa contnua orientada WNW-ESE,estruturalmente concordante com as unidades Mu-lungu e Novo Gosto, e suas melhores exposieslocalizam-se nos arredores da fazenda Garrote. Oscontatos so tectnicos, geralmente marcados pormilonitos de foliao subvertical, como se observanos perfis Poo Redondo-Curralinho e Poo Re-dondo-Canind do So Francisco. Na fazenda Gar-rote, o contato com a Unidade Novo Gosto fre-qentemente marcado por corpos descontnuos demetadolomito que delineiam claramente estruturasdobradas, cujas geometrias so indicativas de bra-quiantiforme ou de sees de dobras tipo bainha.

    Os granitides tipo Garrote tm composio gra-ntica, freqentemente com biotita, moscovita egranada, foliao milontica, e, por vezes, texturaporfiroclstica grossa. Nas zonas de mais alta taxade deformao so transformados em gnaisse,com fino bandamento milontico, evoluindo por ve-zes at ultramilonitos. Na fazenda Garrote, onde oprotlito granitide porfirtico ainda reconhecido,ocorrem minidobras e lineao de estiramento, in-dicativas de tectnica dctil contracional de altongulo,com movimentao para sul.

    Esses granitides so provavelmente do tipoS, peraluminosos, e foram colocados durante aprimeira deformao do Complexo Canind. De-terminaes geocronolgicas pelos mtodosU/Pb e Sm/Nd fornecem os seguintes resultadospreliminares: idade 715 x Ma, idade-modeloTDM = 1,16Ga e Nd(0,6Ga) = -1,9 (Van Schmus,Brito Neves et al., 1997, indito; ver Apndice 2).

    2.2.7.2 Granitides Tipo Serra Negra

    Os granitides deste tipo ocorrem restritos aoDomnio Maranc, formando relevos elevados, comdestaque para a serra de onde foi retirada sua de-nominao, localizada prxima fronteira Sergi-pe-Bahia. Seus contatos com littipos do ComplexoMaranc se fazem atravs de zonas de cisalha-mento dctil contracionais e contracionais obl-quas, o mesmo ocorrendo em relao ao contatocom o Complexo Macurur.

    Foram cartografadas duas tectonofcies (Nsn1 eNsn2) nesses granitides, ambas de composiogranodiortica a quartzo-monzontica, e por vezescom granada. Apesar da presena constante de fo-liao milontica e de porfiroclastos de feldspato,na tectonofcies Nsn2 a intensidade da deforma-o foi maior, resultando em littipos com banda-mento milontico, alternados com gnaisses porfiro-clsticos muito estirados. Localmente ocorrem xe-nlitos de anfibolito.

    Nos mapas aerogamaespectromtricos, essasrochas so bem destacadas em relao s rochasadjacentes. Observaram-se, tambm, no flanconorte da serra Negra, anomalias de estanho em se-dimentos de corrente (Santos & Souza, 1988).

    Os granitides tipo Serra Negra so muito seme-lhantes queles do tipo Garrote, tanto do ponto devista tectnico como composicional.

    Silva Filho et al. (1979) referem-se a uma idadeRb/Sr com valor de 870Ma para esses graniti-des.

    2.2.7.3 Granitides Tipo Curralinho

    Estes granitides, includos originalmente no tipoStios Novos por Santos et al. (1988), tm distribui-o restrita ao Domnio Canind, ocorrendo quasesempre em contato intrusivo com littipos do Com-plexo Canind. Por vezes apresentam feies tpi-cas de mistura/coexistncia de magmas com ro-chas gabricas da Sute Intrusiva Canind, o quejustifica sua posio na coluna estratigrfica. Exem-plo desta ltima relao de contato observado no

    Mapa Geolgico do Estado de Sergipe

    31

  • 32

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

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  • povoado Curralinho, margem do rio So Francisco,onde os granitides mostram uma fcies subvulc-nica de composio dactica, com prfiros euedraisde plagioclsio, microclnio e quartzo azulado.

    So rochas isotrpicas, localmente foliadas, porfi-rticas, e de composio grantica a granodiortica biotita e hornblenda. Freqentemente apresentamfeies de fluxo magmtico preservadas. A mais es-petacular dessas feies ocorre em um afloramentojunto barragem de Xing, onde se observa um en-xame de autlitos diorticos alongados e orientadosparalelamente ao fluxo magmtico, sem deforma-o tectnica dctil presente (foto 9).

    Os granitides tipo Curralinho tm composiosemelhante fcies Ngo2 dos granitides tipo Gl-ria, e no existem estudos litogeoqumicos especfi-cos sobre eles. Uma datao geocronolgica pelomtodo K/Ar (em biotita forneceu idade de 611 18Ma para esses granitides (Gava et al., 1983; verApndice 2).

    2.2.7.4 Granitides Tipo Glria

    Constituem os granitides mais amplamente dis-tribudos na rea, ocorrendo no mbito dos dom-nios Macurur, Poo Redondo e Maranc. Foraminicialmente descritos como Batlito de Glria porHumphrey & Allard (1962, 1969), tipo Glria porSantos & Silva Filho (1975) e Silva Filho et al.(1977-1979), e tipo Coronel Joo S, por Santos etal.(1988).

    Seus contatos com as encaixantes so bruscos,por vezes marcados por zonas de cisalhamento.No caso em que esses granitides esto encaixa-dos em metapelitos e metapsamitos do ComplexoMacurur, os contatos freqentemente mostramaurolas de metamorfismo trmico, gnaissificaode borda, pegmatitizao, apfises boudinadas edobradas, e xenlitos das encaixantes. Essas fei-es indicam processos de colocao tipo balo-neamento, mais evidentes no macio de CoronelJoo S, no Estado da Bahia.

    Os contatos tectnicos so mais freqentes nosdomnios Maranc e Poo Redondo, principalmen-te as zonas de cisalhamento contracionais e trans-correntes oblquas, que so descontinuidades es-truturais profundas, limtrofes dos domnios tecto-noestratigrficos. Com os migmatitos de Poo Re-dondo, os contatos so muito difusos.

    Estes granitides foram agrupados em quatro li-tofcies (Ngo1, Ngo2, Ngo3 e Ngo4), em funo deafinidades petrogrficas, texturais e geoqumicas,independentemente dos domnios onde elas ocor-

    rem. A litofcies Ngo1 corresponde a corpos ondedominam granodioritos a hornblenda e/ou biotita,com variaes para quartzo monzonitos e quartzomonzodioritos. Tm textura eqigranular, raramen-te porfirtica e so raros os enclaves mficos. A pre-sena de veios aplopegmatticos mais freqenteque nas demais litofcies. Xenlitos angulosos deanf ibol i to bandado foram registrados aoes-noroeste de Poo Redondo, certamente prove-nientes do Complexo Canind. A litofcies Ngo2engloba predominantemente granodioritos e quart-zo monzodioritos porfirticos a biotita, com horn-blenda subordinada. A presena de abundantesenclaves mficos marcante nesta litofcies, bemcomo estruturas magmticas primrias, tais comoalinhamentos, entelhamentos e acumulaes deprfiros de feldspatos, muitas vezes euedrais e zo-nados, e orientao de hornblenda e de e