Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã - … · 1. Geologia Regional 2. Aripuanã 3....

90
1 Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

Transcript of Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã - … · 1. Geologia Regional 2. Aripuanã 3....

  • 1

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

  • 2

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL

    CPRM - SERVIO GEOLGICO DO BRASIL

    GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA DO

    ESTADO DE MATO GROSSO-SICME-MT

    PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILPROJETO NOROESTE DE MATO GROSSO

    FOLHA ARIPUANEscala 1:250.000

    Organizado porMario Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

    Goinia, 2007

  • 3

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    PROJETO NOROESTE DE MATO GROSSOFOLHA ARIPUAN

    PROGRAMA INTEGRAO, ATUALIZAO E DIFUSO DE DADOS DA GEOLOGIA DO BRASIL,SUBPROGRAMA MAPAS GEOLGICOS ESTADUAIS, EXECUTADO EM CONVNIO ENTRE CPRM-

    SUPERINTENDNCIA REGIONAL DE GOINIA E A SECRETARIA DE ESTADO DE INDSTIRA,COMRCIO, MINAS E ENERGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO - SICME-MT

    Ficha Catalogrfica

    A 345 ALBUQUERQUE, Mrio Cavalcanti de

    Folha Aripuan. Organizado por Mrio CavalcantiAlbuquerque e Cipriano Cavalcante de Oliveira, escala1:250.000. Goinia: CPRM, 2007. (Convnio CPRM/SICME-MT).

    90 p. il.; + mapas

    Projeto Noroeste de Mato GrossoExecutado pela CPRM- Servio Geolgico do Brasil. Superintendncia Regional deGoinia.

    1. Geologia Regional 2. Aripuan 3. OLIVEIRA, CiprianoCavalcante de II. Ttulo

  • 4

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL

    CPRM - SERVIO GEOLGICO DO BRASIL

    Programa Geologia do Brasil

    GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DE INDSTRIA, COMRCIO, MINAS E ENERGIA DO ESTADO DE MATO GROS-

    SO - SICME-MT

    GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS DA FOLHA ARIPUANCONVNIO DE COOPERAO TCNICO-CIENTFICA CPRM/SICME-MT

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIANELSON HUBNERMinistro Interino

    SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO ETRANSFORMAO MINERALCLUDIO SCLIARSecretrio

    SERVIO GEOLGICO DO BRASIL-CPRMAGAMENON SRGIO LUCAS DANTASDiretor-Presidente

    MANOEL BARRETTO DA ROCHA NETODiretor de Geologia e Recursos Minerais

    JOS RIBEIRO MENDESDiretor de Hidrologia e Gesto Territorial

    FERNANDO PEREIRA DE CARVALHODiretor de Relaes Institucionais eDesenvolvimento

    EDUARDO SANTA HELENA DA SILVADiretor de Administrao e Finanas Interino

    REINALDO SANTANA CORREIA DE BRITOChefe do Departamento de Recursos Minerais

    INCIO DE MEDEIROS DELGADOChefe da Diviso de Geologia Bsica

    JOO HENRIQUE CONALVESChefe da Diviso de Geoprocessamento

    SUPERINTENDNCIA REGIONAL DEGOINIAMARIA ABADIA CAMARGO Superintendente

    JOFFRE VALMRIO DE LACERDA FILHOGerente de Geologia e Recursos Minerais

    JOO OLMPIO SOUZACIPRIANO CAVALCANTE DE OLIVEIRASupervisores

    GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOBLAIRO BORGES MAGGIGovernador

    SINVAL BARBOSAVice-Governador

    SECRETARIA DE ESTADO DE INDSTRIA,COMRCIO, MINAS E ENERGIAALEXANDRE FURLANSecretrio

    MRCIO LUIZ DE MESQUITASecretrio Adjunto de Gesto

    MANOEL ANTONIO RODRIGUES PALMASecretrio Adjunto de Desenvolvimento

    JOAQUIM JURANDIR PRATT MORENOSuperintendente de Minas

  • 5

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL

    SERVIO GEOLGICO DO BRASIL-CPRMPrograma Integrao, Atualizao e Difuso de Dados da Geologia do Brasil

    Subprograma Mapas Geolgicos Estaduais

    Equipe ExecutoraMrio Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

    ConsultoresFrancisco Valdir Silveira

    Jaime Alfredo Dexheimer LeiteRicardo da Cunha Lopes

    APOIO TCNICOClaudionor Francisco de Souza

    Divino Francisco de PaulaJoo Rocha de AssisLuiz Carlos de Melo

    Gilsemar Rego de OliveiraMaria Gasparina de Lima

    Nair DiasPedro Ricardo Soares Bispo

    ColaboradoresRogrio Roque Rubert

    Isaias MamorAntnio Augusto Soares Frasca

    O Projeto Noroeste de Mato Grosso, uma ao do Programa Geologia do Brasil, desenvolvidoem convnio com a Secretaria de Estado de Indstria, Comrcio, Minas e Energia do Estadode Mato Grosso - SICME-MT foi executado pela Superintendncia Regional de Goinia, comapoio tcnico das gerncias de Geologia e Recursos Minerais-GEREMI-GO e Gerncia de RelaesInstitucionais e Desenvolvimento (GERIDE), dos departamentos de Geologia-DEGEO e de RecursosMinerais-DEREM e das divises de Geologia Bsica-DIGEOB e de Geoprocessamento-DIGEOP.

    Coordenao Tcnica Nacional: Gelogos: )

    Coordenao Tcnica Regional: Gelogo Joffre Valmrio de Lacerda Filho

    Chefe do Projeto : Gelogo Joo Olmpio Souza

    Reinaldo Santana Correia de Brito (DEREM)Incio de Medeiros DelgadoJoo Henrique Gonalves (DIGEOP

  • 6

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Departamento de Recursos MineraisReinaldo Santana Correia de Brito

    Diviso de Geologia BsicaIncio de Medeiros Delgado

    Gerncia de Geologia e Recursos MineraisJoffre Valmrio de Lacerda Filho

    RevisoHardy Jost

    Reviso FinalJoo Olmpio Souza

    Said AbdallahEdson Gaspar Martins

    Hardy Jost

    CRDITOS DE AUTORIA

    CAptulo 1: INTRODUO:Mrio Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

    CAPTULO 2: Contexto Geolgico RegionalJoffre Valmrio de Lacerda FilhoCipriano Cavalcante de Oliveira

    CAPTULO 3: Unidades EstratigrficasMrio Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de OliveiraRicardo da Cunha Lopes CPRM

    CAPTULO 4: LitogeoqumicaLo Rodrigues Teixeira

    CAPTULO 5: Geologia EstruturalCipriano Cavalcante de OliveiraMrio Cavalcanti de Albuquerque

    CAPTULO 6: Geoqumica Prospectiva e GeofsicaEric Santos ArajoVladia Cristina Gonalves de SouzaFrancisco Valdir Silveira

    CAPTULO 7: Recursos MineraisCipriano Cavalcante de OliveiraMrio Cavalcanti de Albuquerque

    CAPTULO 8: Concluses e RecomendaesMrio Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

    BIBLIOGRAFIA

    ANEXOS:- Smula dos dados fsicos de produo- Mapa Geolgico da Folha Aripuan

  • 7

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    APRESENTAO

    O Ministrio de Minas e Energia, por meio da Secretaria de Geologia, Minerao e TransformaoMineral - SGM e do Servio Geolgico do Brasil - CPRM, e o Governo do Estado do Mato Grosso, porintermdio da Secretaria de Estado de Indstria, Comrcio Minas e Energia SICME/MT, tm agrata satisfao de disponibilizar aos matogrossenses, comunidade tcnico-cientfica e aosempresrios do setor mineral, o estado da arte do conhecimento geolgico da Folha Aripuaa,como parte do PROJETO NOROESTE DE MATO GROSSO.

    Em termos macro-polticos, o presente produto mais uma ao do PROGRAMA GEOLOGIADO BRASIL da CPRM, do Plano Plurianual 2004-2007 do Governo Federal, cujo objetivo encetaraes que incrementem o conhecimento geolgico, hidrogeolgico, alm de gerar importantesinformaes para o melhor ordenamento e ocupao do territrio brasileiro.

    As informaes de superfcie da regio foram atualizadas e incorporadas aos mapas geolgicoe de recursos minerais, escala 1:250.000, estruturados em Sistema de Informaes Geogrficas-SIG, e acompanhados de texto explicativo nos formatos digital e analgico.

    O projeto compreendeu extensivos trabalhos de mapeamento geolgico, coleta de amostras,estudos petrogrficos e anlise qumica de amostras de rocha e sedimentos ativos de corrente,suportados por interpretao de fotografias areas e de imagens de satlite, complementada comestudos geofsicos. Estes temas possibilitaram a gerao e organizao de banco de dados, demapa geolgico e de recursos minerais, bem como a elaborao do texto explicativo, tudo subsidiadopelo grande acervo de dados que embasa o diagnstico do potencial mineral da regio.

    Com este passo, o Servio Geolgico do Brasil sistematiza e organiza o conhecimento geolgicodaquela regio, compilado em sistema digital de fcil atualizao, e d um salto de qualidade nainfra-estrutura local, voltada gesto do meio fsico.

    O Estado do Mato Grosso conta, assim, com poderoso instrumento de fomento pesquisamineral e oferece aos potenciais investidores um trabalho confivel e orientador de estratgias amdio e longo prazo que, sem dvida, promove um impacto scio-econmico positivo, devido gerao de riquezas. Por outro lado, o conhecimento geolgico constitui indispensvel ferramentapara o planejamento do ordenamento e ocupao territorial, em bases sustentveis, aspecto que,por si s, sobreleva a importncia do presente trabalho, cuja essncia procura conciliar a exploraode riquezas minerais ao desenvolvimento sustentvel.

    Com mais este lanamento, a CPRM - Servio Geolgico do Brasil segue cumprindo a polticae aes governamentais de atualizar o conhecimento geolgico do pas, seja pela retomada doslevantamentos geolgicos bsicos, seja pela integrao de dados.

    Contribui, dessa maneira, com o resgate da infra-estrutura de desenvolvimento regional,como subsdio importante formulao de polticas pblicas e apoio s tomadas de deciso deinvestimentos. Reconhecendo o esforo de todos os que possibilitaram concretizar esta obra, osparceiros enaltecem a importncia da atuao conjunta entre a CPRM e a SICME/MT, como aoimportante de uma efetiva poltica nacional de geologia e de mapeamento geolgico, integrada eseguida pelos rgos estaduais do setor e coordenada e articulada pela Secretaria de Geologia,Minerao e Transformao Mineral do Ministrio de Minas e Energia, por intermdio da CPRM -Servio Geolgico do Brasil.

    Agamenon Srgio Lucas DantasDiretor-Presidente do

    Servio Geolgico do Brasil CPRM

    Alexandre FurlanSecretrio da

    Secretaria de Estado de Indstria, Comrcio,Minas e Energia

    Governo do Estado de Mato Grosso

  • 8

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    RESUMO..................................................................................................................ABSTRACT..............................................................................................................1. INTRODUO...................................................................................2. CONTEXTO GEOLGICO REGIONAL.................................................3. UNIDADES ESTRATIGRFICAS..........................................................4. LITOGEOQUMICA.............................................................................5. GEOLOGIA ESTRUTURAL..................................................................6. GEOQUMICA PROSPECTIVA E GEOFSICA.......................................7. RECURSOS MINERAIS......................................................................8. CONCLUSES E RECOMENDAES................................................REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................ANEXOS- Smula dos dados fsicos de produo........................................................- Mapa Geolgico da Folha Aripuan

    910111518315861788385

    90

    S U M R I O

  • 9

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    RESUMO

    Este relatrio contm os resultados do mapeamento geolgico, do levantamento geoqumicoe da avaliao do potencial mineral da folha Aripuan (SC.21-Y-A), na escala 1:250.000, localizadana noroeste de Estado de Mato Grosso, e abrange cerca de 18.000 km. O estudo parte doProjeto Noroeste de Mato Grosso, realizado mediante o Convnio CPRM - Servio Geolgico doBrasil/SICME, dentro do Programa Geologia do Brasil.

    O estudo foi desenvolvido com tcnicas de interpretao de mapeamento geolgico a partirde imagens SRTM e ETM+. Os produtos de sensoriamento remoto e os dados aerogeofsicos foramprocessados digitalmente por meio do ENVI e integrados em sistema de informaes geogrficas(GIS). Os trabalhos de campo foram efetuados com o levantamento de perfis geolgicos ao longode estradas e trilhas e envolveu o estudo de afloramentos, coleta de amostras, anlisespetrogrficas, litoqumicas e geocronolgicas (mtodos U-Pb e Sm-Nd) e amostragem sistemticade sedimentos de corrente e concentrados de bateia.

    A integrao multidisciplinar das informaes permitiu estabelecer nova ordenaoestratigrfica para a rea, a qual constituda de terrenos plutono-vulcnicos e bacias sedimentaresdo Proterozico da poro sudoeste do Crton Amaznico, e fazem parte da Provncia Rondnia-Juruena (1,810-1,520 Ma.) subdividida nos domnios Roosevelt-Aripuan (1,790 Ma) e Jamari (1,760-1,535 Ma).

    O domnio Roosevelt-Aripuan um segmento plutono-vulcnico formado pelas seguintesunidades litodmicas: (i) Sute Intrusiva Vitria (1,77 Ga) - tonalitos, granodioritos e quartzo-monzodioritos; (ii) Granito So Pedro (1,78 Ga) - granodioritos, biotita-anfiblio granodioritos equartzo dioritos; (iii) Granito Z do Torno (1,77 Ga) - monzo e sienogranitos deformados; (iv)Grupo Roosevelt (1,74 Ga) - seqncia metavulcano-sedimentar: a) unidade metavulcnica riolitos,dacitos, vulcanoclsticas e piroclsticas e b) unidade metassedimentar - chert, formao ferrfera,quartzitos ferruginosos e metapelitos; (v) Sute Nova Cana (1,74 Ga) - monzogranitos e quartzo-sienitos; (vi) Intrusivas Bsicas Serra do Cafund - diques e sills de gabro, microgabro, diabsio ediorito. As rochas da Sute Vitria tm caractersticas petrogrficas e qumicas similares s de arcomagmtico, aqui denominado de Roosevelt (1,79-1,65 Ga). Este perodo foi sucedido por uma fasetardi-orognica e ps-colisional, representada por um conjunto plutono-vulcnico clcio-alcalinode alto potssio representado pelos granitos Z do Torno e So Pedro, pela Sute Intrusiva NovaCana e pelo Grupo Roosevelt.

    O domnio Jamari evoluiu em regime anorognico e consiste de: (i) Granito Aripuan (1,54Ga) alcaligranitos e sienogranitos; (ii) Granito Rio Vermelho - sienogranitos porfirticos e rapakivi;(iii) Granito Fontanillas biotita sienogranitos e biotita monzogranitos porfirticos e rapakivi e (iv)Alcalinas Canam - sienitos, microssienitos, quartzo-sienitos e biotita traquitos. Este conjuntoplutnico integra uma associao AMCG tpica de ambiente anorognico, com todos os seusrepresentantes cartografados e definidos na folha Juna.

    No Mesoproterozico formou-se a Bacia do Dardanelos, representada pelas rochasmetassedimentares da Formao Dardanelos e sills e diques mficos da Formao Arinos.

    A rea contm dois domnios tectono-estruturais, um essencialmente dctil (Dn+1) e outrorptil a rptil-dctil (Dn+2), desenvolvidos em regime compressional e transtensional. O domniodctil marcado por zonas de cisalhamento transcorrente sinistrais, orientadas E-W/subvertical,conjugadas com zonas transcorrentes de componente oblqua (transpurro) de direopredominante NW-SE, com o vetor compressivo situado na posio NE-SW.

    O domnio rptil a rptil-dctil caracterizado por zonas de cisalhamento confinadas, delargura centimtrica a mtrica, derivadas por nucleao de fraturas e/ou falhas orientadaspreferencialmente na direo NE-SW que interceptam e deslocam as zonas de cisalhamento dctilde direo E-W a NW-SE, formadas no evento Dn+1.

    O levantamento geoqumico regional realizado, integrado aos dados de anomaliasaerogeofsicas, ratificou as reas com mineralizaes conhecidas, como o depsito polimetalico(Zn, Pb, Ag, Cu, Au) de Aripuan, e ocorrncias aurferas (Garimpos Mastigado I e II). Tambmresultou na identificao de novos alvos mediante anomalias de Fe, Au e Ag nas rochasmetassedimentares do Grupo Roosevelt, especialmente nas formaes ferriferas; de Ag e .Au noGranito Aripuan e nas Alcalinas Canam; de Rb, Al, Ga, Sn, Be, Au, Ag e ETR aliadas a anomaliasgeofsicas hidrotermais em zonas de cisalhamento e de Cr, Ni, Co, Zn, Ag e Au no domnio dosgabros e basaltos da Formao Arinos.

  • 10

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    ABSTRACT

    This report contains the results of a systematic geological mapping, geochemical regionalsurvey results, in a 1:250.000 scale, and the evaluation of the metalogenetic potential of the FolhaAripuan (SC.21-Y-A), located in northwest portion of State of the Mato Grosso, with an area of18.000 km. The mapping project is part of the Northwest Project of Mato Grosso performed byagreement between the Geological Survey of Brazil (CPRM) and SICME, and part of the GeologyProgram of Brazil.

    The study was developed using interpretation techniques of geological maps and SRTM andETM+ images. The remote sensing products and aerogeophysical data were processed by meansof ENVI and integrated in a Geographic Information System (GIS). The fieldworks were performedby geological profiles along roads and paths with outcrop description. Petrography and lithochemicalanalyses, geochronologic dating (U-Pb and Sm-Nd methods), and systematic sampling of streamsediments and pan concentrated were also carried.

    The multidisciplinary integration of the obtained data allowed to establish a new stratigraphicordering for the area, which is constituted by Proterozoic plutono-volcanic terrains and sedimentarybasins of the southwestern portion of the Amazon Craton, being part of the Rondnia-JuruenaProvince (1.810-1.520 Ma) subdivided into the Roosevelt-Aripuan (1.790 Ma) and the Jamari (1.760-1.535 Ma) domains.

    The Roosevelt-Aripuan domain is a plutono-volcanic segment composed of the followinglithodemic units: (i) Vitria Intrusive Suite (1,77 Ga) tonalites, granodiorites and quartz-monzodiorites; (ii) So Pedro Granite (1,78 Ga) - granodiorites, biotite-amphibole granodioritesand quartz-diorites; (iii) Z do Torno Granite (1.77 Ga) deformed monzogranites and syenogranites;(iv) Roosevelt Group (1.74 Ga) subdivided into two sequences: a) metavolcanic unit riolitos,dacites and pyroclastic rocks, and b) metasedimentary unit - chert, iron formation, ferruginousquartzites and metapelites; (v) Nova Cana Suite (1,74 Ga) - monzogranites and quartz-syenites;(vi) Serra do Cafund Basic Intrusives dikes and sills of microgabbro, diabase and diorite. Rocksof the Vitria Suite have petrographic and chemical characteristics similar to those of magmaticarcs, here called as Roosevelt (1,79-1,65 Ga).

    This period was succeeded by a late orogenic to post-collisional event represented by high-K calc-alkaline magmatism (Z do Torto and So Pedro granites, Nova Cana Intrusive Suite andthe Roosevelt Group).

    The Jamari domain formed under an anorogenic regime and is represented by (i) the AripuanGranite (1,54 Ga) alkali granites and syenogranites; (ii) Rio Vermelho Granite porphyritic andrapakivi syenogranites; (iii) Fontanillas Granite - biotite syenogranites and porphiritc and rapakivibiotite syenogranites and (iv) the Canam Alkaline rocks - syenites, microsyienites, quartz-syenites,and biotite trachyte. This plutonic set integrates an AMCG association, typical of anorogenicenvironment, with all its representatives mapped and defined in the Folha Juna.

    The Mesoproterozoic is represented by rocks of the Dardanelos Basin, which consists of themetasedimentary rocks of the Dardanelos Formations and mafic dikes and sills of the ArinosFormation.

    Two tectono-structural domains occur in the area, one ductile (Dn+1) and another brittle tobrittle-ductile (Dn+2), developed in compressional and transtensional regimes. The ductile domainis marked by E-W/subvertical sinistral strike-slip shear zones, conjugated with NW-SE oblique shearzones, with the maximum NE-SW compressive vector.

    The brittle to brittle-ductile domain is characterized by restrict, centimetric to metric shearzones derived by fracture and/or fault nucleation preferably oriented NE-SW, which crosscut anddisplace the ductile E-W to NW-SE shear-zones formed during the Dn+1 event.

    Regional geochemical survey results integrated with aerogeophysical anomaly data recognizedthe already known mineralized areas, as the Aripuan polimetalic deposit (Zn, Pb, Ag, Cu, Au) andauriferous occurrences (Garimpo Mastigado I and II). They also lead to the identification of newtargets, the main being the Fe, Au, and Ag anomalies associated with metasedimentary rocks ofthe Roosevelt Group, specially the iron formations; Ag and Au anomalies associated to the AripuanGranite and Canam alkaline rocks; Sn, Be, Au, Ag and REE anomalies related to hydrothermalgeophysical signatures in shear zones and the Cr, Ni, Co, Zn, Ag and Au anomalies associated tothe gabbros and basalts of the Arinos Formation.

  • 11

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    A Folha Aripuan (SC.21-Y-A) parte inte-grante do Projeto Noroeste de Mato Grosso,objeto de convnio firmado entre a CPRM - Ser-vio Geolgico do Brasil e o Governo do Estadode Mato Grosso, por intermdio da Secretariade Estado de Indstria, Comrcio Minas e Ener-gia SICME/MT, inserido no Programa Levanta-mento Geolgico Bsico do Brasil (PLGB). O proje-to visou ao mapeamento geolgico e ao levanta-mento geoqumico de trs folhas na escala1:250.000 (Aripuan, Tapaina e Juna), compre-endendo aproximadamente 54.000 km, para do-tar a regio de cartografia geolgica bsica, cominformaes atualizadas capazes de fomentar aprospeco e pesquisa mineral em rea com fortepotencial e vocao mineira, onde j h expressi-vas ocorrncias aurferas e ferrferas e um depsi-to de substncias polimetlicas (Pb-Zn-Cu-Au),alm de granitos com potencial para uso como ro-cha ornamental.

    1.1 Mtodos de trabalhoA sistemtica de trabalho seguiu os princ-

    pios padronizados no guia de procedimentos tc-nicos do Programa de Levantamento GeolgicoBsico do Brasil (PLGB), adotado pela CPRM Ser-vio Geolgico do Brasil, compreendendo as se-guintes etapas:

    Etapa Preparatria Consistiu no plane-jamento, anlise da documentao tcnica dis-ponvel, aquisio de bases cartogrficas, ima-gens de radar, satlite (Landsat, Shauttle, ETM,ster, Cbers) e fotografias areas na escala1:60.000 (USAF-1967) e mapas aerogeofsicosdigitais e bases plani-altimtricas; tratamentodos dados, fotointerpretao, interpretao deimagens de satlite, integrao dos dados geo-lgicos e aerogeofsicos, elaborao do mapageolgico digital preliminar e programao dasatividades de campo.

    Atividades de Campo O mapeamentogeolgico sistemtico compreendeu o levantamen-to de perfis estratgicos ao longo de estradas,trilhas e picadas, prioritariamente transversais sunidades geolgicas e estruturao regional,avaliao das principais anomalias aerogeofsi-cas, coleta de amostras de rocha para anlisespetrogrficas, qumicas e geocronolgicas, e deamostras de sedimento de corrente e concen-trado de bateia para tratamento geoqumico, emestaes previamente selecionadas ao longo dasdrenagens. Em funo da complexidade geol-

    gica, a densidade dos afloramentos estudadosfoi maior nas unidades plutnicas e vulcnicasdo que nas sedimentares, pela pouca varieda-de litolgica e dificuldades de acesso. O mapea-mento e a amostragem no foram executadosnas reas de Reservas Indgenas.

    O cadastramento dos recursos mineraiscompreendeu o levantamento dos dados de con-sistncia locacional do bem mineral, condiciona-mento geolgico/estrutural, forma de ocorrncia,reserva/teor e mtodo de explotao.

    Anlises de Laboratrio - Em razo de amaioria das amostras coletadas durante o ma-peamento geolgico ser de rochas gneas, op-tou-se pela realizao de anlises petrogrficas,qumicas para xidos de elementos maiores ede elementos traos e de istopos. As anlisespetrogrficas, inclusive a preparao das lmi-nas, foram feitas na Superintendncia Regionalde Goinia (CPRM), as anlises qumicas e geo-qumicas pelo laboratrio da ACME, as mineral-gicas pela Superintendncia Regional de PortoAlegre (CPRM) e as isotpicas pela Universida-de Federal do Rio Grande do Sul.

    Montagem do SIG Geolgico - Compre-endeu a consolidao de todas as informaesdo Projeto, alimentao do banco de dados daCPRM (GEOBANK), bases AFLO, PETR, GEOCR eGEOQ, e digitalizao do mapa geolgico final,com emprego do programa Arc-Map.

    Elaborao da Nota Explicativa - Acom-panham cada folha notas explicativas engloban-do os tpicos descritivos e interpretativos, tornan-do-se desnecessria a elaborao de um relat-rio integrado.

    1.2 Localizao e Vias de AcessoA Folha Aripuan tem cerca de 18.000 km2,

    localiza-se na poro noroeste de Mato Grosso,Regio Amaznica, limitada pelos paralelos1000 e 1100 de latitude sul e meridianos5830 e 6000 de longitude oeste de Greenwiche abrange partes dos municpios de Aripuan,Juruena, Castanheira, Juna e Colniza (Fig. 1.1).

    O acesso rea por via rodoviria a partirde Cuiab, em percurso de 970Km, feito pelaBR-163 (Cuiab-Santarm) at Jangada e, da,pelas rodovias asfaltadas MT-246, BR-364 e MT-170 at Juna, e, a seguir, pela MT-418, no pavi-mentada, at Aripuan,. Diversas rodovias esta-duais e municipais, alm de estradas vicinais, per-mitem o deslocamento na rea. Por via area, Juna

    1 Introduo

  • 12

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    e Aripuan so servidas com vos regulares apartir de Cuiab em aeronaves de pequeno emdio porte.

    1.3 Aspectos Scio-EconmicosAs principais atividades econmicas da re-

    gio esto centradas no setor primrio, como apecuria extensiva, explorao madeireira, agri-cultura e minerao. A atividade secundria con-siste na gerao de energia eltrica e no turismoecolgico.

    A pecuria concentra-se na criao degado para corte que abastece os frigorficos dosmunicpios vizinhos de Alta Floresta, Juna,Tangar da Serra e Juara, que elaboram produ-tos semi-industrializados para abastecimentodos mercados mato-grossense, nacional e inter-nacional.

    A indstria madeireira mostra sinais de de-clnio, mormente em funo da fiscalizao maisefetiva dos rgos ambientais, com srios abalos economia regional. As espcies mais explora-das so a peroba, umburana, piva, angico, ip eo cedro.

    A agricultura est em expanso devido alta produtividade das lavouras de grande por-te. Dentre as principais culturas destacam-se ado arroz, milho, sorgo, soja, milheto e, de formaincipiente, do algodo. Pequenos produtorescultivam caf, feijo e guaran.

    O setor mineral conta com um depsitopolimetlico (Zn, Pb, Cu, Ag e Au) do GrupoVotorantin, com reservas da ordem de 23 milhes

    de toneladas.Indstrias de cermica vermelha, para a

    produo de telhas e tijolos, e a extrao deareia e cascalho por meio de dragas, esto ins-taladas nos arredores dos principais centros ur-banos.

    A atividade garimpeira floresceu principal-mente nas dcadas de 1980 e 1990, com a ex-trao de ouro nos garimpos Vale do Ouro eExpedito. Atualmente, com a exausto dessesdepsitos secundrios e o incremento da fiscali-zao pelos rgos ambientais, esta atividadese concentra apenas na extrao de ouro deveios de quartzo em zonas de cisalhamento, nogarimpo do Bigaton, na serra do Expedito.

    A energia eltrica da regio gerada pe-las usinas hidroeltricas FACHINAL I (2,4MW) eFACHINAL II (10,0MW) (Leodete & Amorim, 2000).Est em construo a usina hidroeltrica Darda-nelos, com capacidade nominal de aproximada-mente 261MW.

    O turismo ecolgico vem despontando comouma atividade promissora, fomentado pelopaisagismo contemplativo dos inmeros locais daregio, como serras, cachoeiras (Foto 1.1), gru-tas, cavernas, canyons ruiniformes e pesca espor-tiva.

    A cidade de Aripuan conta com infra-estru-tura consolidada e dispe de cursos de formaouniversitria, hospitais, agncias bancrias, hotis,energia eltrica, gua tratada, agncia telefnica,emissoras de rdio e comrcio diversificado (MatoGrosso-MT, 2005).

    Figura 1.1 - Mapa de localizao da Folha Aripuan

  • 13

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    tono/inverno), o que resulta em duas estaesbem definidas, com vero chuvoso e invernoseco.

    A hidrografia da rea est representadapela bacia do rio Aripuan, localizada na porooeste da folha e com fluxo de sul para norte. Seusprincipais tributrios da margem direita so os riosCanam, Taboca, Capitari, Branco, Furquim. Naporo leste da folha situam-se os rios Tucum eVermelho, afluentes da margem esquerda do RioJuruena. As drenagens menores possuem padrodendrtico com variao para radial e circular.

    A vegetao dominante compreende oBioma das Florestas (IBGE, 2007). Cerca de 60%da folha ocupada pela Floresta Ombrfila den-sa, desenvolvida na superfcie rebaixada que cir-cunda a serra do Dardanelos com cotas entre150 e 250 m. Esta sempre verde, com dosselde at 15 m e rvores de at 40 m de altura,caracterizada por mogno, cedro e ip. Os de-mais 40% compreendem o plat da serra doDardanelos, desenvolvida entre as cotas 250 e450 m e constituda de floresta aberta, em meioa zonas aplainadas e dissecadas, onde se de-senvolve vegetao arbustiva, arborescente,trepadeiras e epfitas e, nas reas mais midas,figueiras, jerivs e palmitos.

    Boaventura (1974) e Melo & Franco (1978)descrevem a existncia de trs domniosgeomorfolgicos distintos na folha, isto , o Pla-nalto Residual do Norte de Mato Grosso, o Pla-nalto Dissecado Sul da Amaznia e a DepressoInterplanltica da Amaznia Meridional (Fig. 1.2).

    O domnio do Planalto Residual do Norte de

    Figura 1.2. Mapa das Unidades Geomorfolgicas da Folha Aripuan, modificado do Projeto Radambrasil(1970). Legenda: PRNMT Planalto Residual do Norte do Mato Grosso; PDSA Planalto Dissecado Sul daAmaznia; DIAM Depresso Interplanltica da Amaznia Meridional.

    Foto 1.1 Turismo no balnerio Osis nas cacho-eiras do Rio Aripuan.

    1.4 Aspectos Climticos, Fisiogrficos eGeomorfolgicos

    A rea em estudo enquadra-se namicrorregio Norte Mato-Grossense (Leodete &Amorim, 2000), com temperatura mdia anual de26C, com mxima de 37C em setembro e ou-tubro e mnima de 14C em junho e julho.

    O regime de chuvas est associado ao cli-ma da regio, definido como tropical continen-tal, com precipitao pluviomtrica mdia anualentre 2.500 a 2.750 mm. O perodo de chuvasabrange de novembro a maro (primavera/ve-ro), e a estao seca de abril a setembro (ou-

  • 14

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Mato Grosso abrange aproximadamente 40% darea e caracterizado por relevo aplainado comcotas entre 250 e 450 m sustentadas pelas ro-chas sedimentares da Formao Dardanelos evulcnicas da Formao Arinos, e contornado poruma superfcie rebaixada onde dominam as rochassupracrustais do Grupo Roosevelt e o Granito Zdo Torno.

    A Depresso Interplanltica da Amazni-ca Meridional compreende cerca de 55% da fo-lha e se caracteriza por relevo com superfciesde aplainamento dissecadas, formas convexas

    e colinas restritas e de cotas entre 150m e 450m, sustentadas pelo Granito Z do Torno e pe-las rochas supracrustais do Grupo Roosevelt,cobertas por solo podzlico vermelho, distrfico,pouco espesso.

    O Planalto Dissecado Sul da Amazniaperfaz cerca de 5% da folha e se caracteriza porrelevo dissecado e isolado no extremo nordes-te, norte e noroeste da mesma, com cotas entre300 e 400 m, nos domnios das rochas do GrupoRoosevelt, do Granito Z do Torno, Granito Ari-puan e das Alcalina Canam.

  • 15

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    A Folha Aripuan situa-se na poro su-doeste do Crton Amaznico (Almeida et al.,1977, 1981) (Fig. 2.1), no mbito da ProvnciaRio Negro-Juruena (Tassinari et al., 1996) ouRondnia-Juruena (Santos, 2000) (Fig. 2.2) e constituda por terrenos pr-cambrianos plutono-vulcnicos, bacias sedimentares proterozicas ejuro-cretcicas, coberturas plataformaispalegenas/negenas e formaes superficiaisnegenas.

    A evoluo do conhecimento geolgicosobre a regio resulta de vrios estudos apoia-dos em levantamentos geolgicos, geofsicos egeoqumicos executados principalmente pelaCPRM - Servio Geolgico do Brasil, realizadosdesde a dcada de 1970, de maneira isolada oupor convnios com o DNPM e o governo do Esta-do de Mato Grosso, e pelo Projeto RADAMBRASIL.Trabalhos desenvolvidos pelas universidades, aexemplo da UFMT, USP e UnB, e empresas deminerao, tambm foram decisivos naelucidao e entendimento da geologia e evolu-o da rea.

    At ento, esta rea era inserida no Com-plexo Xingu indiviso, juntamente com as cober-turas sedimentares do Grupo Caiabis, FormaesDardanelos, Arinos, Arenito da Fazenda CasaBranca e Alcalinas Canam (Silva et al., 1980).

    Estudos geolgicos e dataes geocrono-lgicas por mtodos modernos mais precisosrealizados por Leite et al. (2001a), Leite & Saes(2003), Souza et al. (2004), Lacerda Filho et al.(2004), Rizzotto et al. (2002, 2004) e Leite et al.(2005a, 2005b), aliados aos dados desse rela-trio, permitem o melhor entendimento da suaevoluo geolgica, delimitar seus principais com-partimentos geotectnicos e propor novoordenamento estratigrfico para a rea. Nesteestudo tambm se procurou destacar apotencialidade metalogentica da mesma, emparticular para metais bsicos, ouro e diaman-te.

    A Provncia RondniaJuruena (Santos,2000), onde se insere a rea em estudo, situa-se na poro sudoeste do Crton Amaznico eformou-se entre 1,85 e 1,53 Ga. (Fig. 2.2). Estorientada segundo NW-SE a E-W e constitu-da por terrenos granticos e vulcanossedimen-tares que evoluram em sucessivos episdiosorogenticos (Scandolara et al. 1995; Rizzottoet al. 1995; Santos et al., 2000; Leite et al.2001a; Lacerda Filho et al., 2001, 2004; Frascaet al., 2003; Souza et al., 2004). A provncia foiinicialmente subdividida por Santos (2003) nosdomnios Jamar e Roosevelt-Juruena e modifi-cada por Lacerda Filho et al. (2004, 2006) para

    2. CONTEXTO GEOLGICO REGIONAL

    Figura 2.1 - Compartimentao tectnica do territrio brasileiro, segundo Schobbenhaus et al. (1984).

  • 16

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    2.1 - Domnio Roosevelt-Aripuan (1.790-1.740. Ma)

    Este domnio um segmento crustal doPaleoproterozico exposto na poro noroestedo Estado de Mato Grosso (Fig. 2.2.). Limita-sea nordeste pelo Domnio Juruena, caracterizadopelo Arco Magmtico Juruena de idade-modeloSm-Nd (TDM) de 2.100 Ma e idades U-Pb entre1.850 e 1.773 Ma, e, ao sul, pelo Domnio Jamaride idade U-Pb 1.763-1.734 Ma e Sm-Nd TDM de2,2-2,1 (Payola et al., 2002; Santos, 2003). Odomnio consiste de (i) rochas do embasamento;(ii) sutes de rochas granticas clcio-alcalinas;(ii) grupos de rochas vulcnicas e vulcanossedi-mentares (iii) granitos anorognicos e (iv) baci-as sedimentares a leste da Serra da Providn-cia (Rondnia) at o limite com o domnio Juruena(Rio Apiacs) e abrange o noroeste de Mato Gros-so (municpios de Aripuan, Juruena, Nova Mon-te Verde e Apiacs).

    (i) Embasamento - Ocorrem dois tipos deembasamento. O mais antigo representado porrochas supracrustais e metaplutnicas(ortognaisses, metagabros e anfibolitos) do Com-plexo Bacaeri Mogno, com idade isocrnica Sm-Nd de 2.243 130 Ma (Souza et al., 2004). Omais jovem consiste de ortognaisses e rochassupracrustais do Complexo Nova Monte Verde(1.785 8 Ma). Pimentel (2001) registra a ocor-rncia de evento tectono-metamrfico de idade

    U-Pb SHRIMP em zirco de anfibolito do Comple-xo Monte Verde de 1.653 42 Ma, a qual poderepresentar a fase colisional marcada pormetamorfismo de grau alto acompanhada darecristalizao do zirco (Santos, 2003).

    (ii) Sutes Granticas Orognicas a Ps-Orognicas - Caracterizadas por diversas su-tes granticas clcio-alcalinas do intervalo entre1.790 e 1.740 Ma (U/Pb SHRIMP) e compostaspor quatzo-dioritos, tonalitos e granodioritos daSute Intrusiva Vitria (1.775 Ma a 1.785 8 Ma),quartzo-dioritos, granodioritos e granitos clcio-alcalinos de alto K So Pedro (1.784 17 Ma,Pimentel, 2001), So Romo (1.770 9 Ma) e Zdo Torno (1.743 4 Ma) alm de rochas granti-cas alcalinas e clcio-alcalinas das Sutes NovaCana e Morro do ndio. Este conjunto, de ida-de-modelo Sm-Nd TDM de 2.182 Ma, sugere lon-go perodo de residncia crustal e podecorresponder a um arco magmtico continental,do qual o Complexo Monte Verde representa afrao dominantemente juvenil.

    (iii) Grupos Vulcnicos eVulcanossedimentares (Grupos Roosevelt eSo Marcelo Cabea) Formaram-se no inciodo Estateriano, so contemporneos a algumasdas supracitadas sutes granticas e possuemafinidade clcio-alcalina de alto potssio. O Gru-po Roosevelt vulcanossedimentar, se originouem bacias intermontanas de arco vulcnico (San-

    Figura 2.2 - Compartimentao do Crton Amaznico, em Provncias com a subdiviso da ProvnciaRondnia-Juruena em domnios, Santos (2003) modificada por Lacerda Filho (2006).

  • 17

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    tos, 2003) e tem idade U/Pb SHRIMP de 1.740 8 Ma. (Rizzotto et al. 1995 e Santos et al., 2000).Esse terreno recebeu a denominao de ArcoMagmtico III (Santos, 2003), ou arco vulcni-co-plutnico Japuira-Roosevelt (Leite et al.,2005) desenvolvido entre 1.770 e 1.740 Ma, comidade Sm-Nd TDM entre 2.320 e 2.650 Ma e Nd de0,56 a -2,76.

    Os grupos Roosevelt e So MarceloCa-bea so compostos por riolitos e riodacitos comintercalaes de rochas metassedimentaresclsticas e qumicas (quartzo muscovita xistos,silimanita-quartzo xistos, clorita xistos, grafitaxistos, quartzitos e formaes ferrferasbandadas), com idade U-Pb em torno de 1.740Ma. (Rizzoto, et al., 1995; Santos et al., 2000).

    Estas rochas foram deformadas emetamorfizadas na fcies xisto verde a anfibolito,com evidncias de retrometamorfismo. A idadedo evento metamrfico de 1.652 42 Ma(Pimentel, 2001), determinada pelo mtodo U-Pb SHRIMP em zirco com sobrecrescimentos.

    (iv) Sutes Anorognicas - Na poro oci-dental do domnio Roosevelt-Aripuan ocorremcorpos do Granito Aripuan, com idade U/Pb de1.542 2 Ma, comparvel da Sute Serra daProvidncia e corpos correlatos do DomnioJamari. provvel que os corpos ora mapeados,assim como o Granito Rio Vermelho e as Alcali-nas Canam tambm sejam correlatos com es-tas sutes. O controle estrutural destas rochas caracterizado por extensas zonas de cisalha-mento transcorrentes sinistrais, marcadas por

    milonitos, de larguras variveis e orientaogeral NNW-SSE com inflexes para EW.

    (v) Coberturas Sedimentares As cober-turas sedimentares deste domnio sotafrognicas, por reativao de antigas estru-turas, e responsveis pela implantao da ba-cia sedimentar mesoproterozica do Dardane-los. Esta representada pelas rochas do GrupoCaiabis (Formaes Dardanelos e Arinos), comidade mxima do incio de sedimentao em tor-no de 1,3 Ga, obtida a partir da datao Pb-Pbde cristais de zirco detrticos de conglomera-dos basais (Leite & Saes, 2003). A bacia conti-nental e representada por conglomeradospolimticos e arcseos seguidos de siltitos e ar-gilitos avermelhados com nveis de arenitos fi-nos a arcoseanos com intercalaes de conglo-merados (Formao Dardanelos), e intercalaesde sills de diabsio, basalto e gabro (FormaoArinos) de idade K-Ar de 1.225 e 1.416 Ma (Silvaet al., 1980). A Formao Dardanelos subhorizontal e sustenta plats no interior degrabens da regio noroeste do Mato Grosso eest sobreposta s rochas do Grupo Roosevelte s sutes granticas do embasamento regionalpor discordncia erosiva e/ou zonas de cisalha-mento transcorrente.

    Aps esses eventos, a rea foi recebeucoberturas laterticas palegenas/negenas edepsitos negenos de areias argilas e nveisconglomerticos ao longo das principais drena-gens.

  • 18

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    O mapeamento geolgico da folhaAripuan permitiu individualizar as principaisunidades litoestratigrficas mediante critrios decampo associados aos dados de laboratrio ede informaes bibliogrficas. A estratigrafiaregional, ora proposta, foi obtida por meio daintegrao dos dados de campo na escala1:250.000, interpretao de fotografias areas,imagens de satlite, dados aerogeofsicos eresultados de anlises qumicas, petrogrficase geocronolgicas. Individualizou-se a presenade dois domnios geotectnicos na Folha,designados de domnios Roosevelt-Aripuan,Jamari e Parecis, cada qual com unidadesrespectivas (Fig. 3.1). O conjunto destasinformaes consta do mapa geolgico na escala1:250.000 e a descrio sinttica e interpretaode cada unidade a seguir apresentada.

    PP4v Sute VitriaO termo foi proposto por Frasca & Borges

    (2004), Oliveira & Albuquerque (2004) e Ribeiro& Villas Boas (2005) durante o Projeto AltaFloresta para caracterizar uma associao dedioritos a tonalitos clcio-alcalinos de mdiopotssio e metaluminosos.

    Na rea ocorre a norte de Castanheiracomo batlitos e stocks alongados em faixaselipsoidais, balizadas por zonas de cisalhamentotranscorrente dctil-rptil de direopredominante NW-SE a EW. Seus contatos comas rochas do Grupo Roosevelt so em geraltectnicos e intrudida pelos granitos RioVermelho. A maioria dos contatos est obliteradapor latossolo argiloso. Aflora em mataces eextensos lajedos.

    3 - UNIDADES ESTRATIGRFICAS

    Figura 3.1 Coluna estratigrfica da Folha Aripuan.

  • 19

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Seus littipos formam uma sute expandidaresultante de diferenciao magmtica ecompreende tonalitos com variaes paragranodioritos, dioritos e quartzo monzodioritos(MC-281).

    Os tonalitos so cinza opaco com nveisou pontuaes cinza-escuras a cinza-esverdeadas, so foliados devido texturamilontica a protomilontica e por vezes exibemexpressiva lineao mineral (Foto 3.1). Possuemtextura granular a granoblstica, equigranularmdia a porfiroclstica e seus constituintescompreendem plagioclsio, hornblenda e cristaisde quartzo poligonizados, com biotita intersticial.Ao norte de Castanheira, estrada para Juruena(WA-27), os tonalitos ocorrem em estreitasfaixas alongadas limitadas por zonas decisalhamento dctil EW. Datao U/Pb SHRIMPem cristais de zirco de amostra de tonalitodesta unidade forneceu a idade de 1.785 8Mae a idade-modelo Sm/Nd de 2,182Ma com Nd(t)de -2,56.

    PP4sp Granito So PedroA unidade compreende um conjunto de

    corpos granticos deformados que ocorrem nointerior do Complexo Xingu e foram denominadospor Silva et al. (1974) como granito Juruena epor Leal et al. (1980) como gnaisse Apiacs.Durante o projeto Alta Floresta, desenvolvidopela CPRM na regio, os corpos foramdesvinculados do Complexo Xingu edenominados de Granito So Pedro (Frasca &Borges, 2004; Oliveira & Albuquerque, 2004;Ribeiro & Vilas Boas, 2005). So batlitos e

    stocks aglutinados, de formato sigmoidal,limitados por zonas de cisalhamento dctiltranscorrente oblqua, de direo predominanteWNW-ESE a NW-SE, com a Sute Grantica Z doTorno e Alcalinas Canam.

    Na rea, a unidade dominada porgranodiorito com propores variadas de biotitae anfiblio, quartzo diorito e anfiblio-quartzomonzodiorito (pontos MC-57 e MC-57A), todosdeformados e metamorfizados na fcies xistoverde a anfibolito mdio.

    Os granodioritos afloram em mataces(Foto 3.2) e lajedos, particularmente a NW dodistrito de Ouro Verde (MC-50), quadrante NEda folha. Suas relaes de contato com os demaislittipos so gradacionais e, por vezes, possuemenclaves dos mesmos (Foto 3.3). So cinza-castanhos com manchas escuras, com ou semfoliao milontica a protomilontica (Foto 3.4).Em lmina delgada possuem texturaequigranular mdia a grossa, granoblstica e socompostos por prismas de plagioclsio, por vezescom mirmequitos, microclnio, quartzo emagregados lenticulares e hornblendaparcialmente transformada em biotita.

    Pimentel (2001) obteve idades U/PbSHRIMP em zirco de 1.784 17Ma e Sm/Nd de2.060 a 2.147Ma, com Nd entre +0,65 a -1,11,indicativo de derivao crustal ou contaminaode material mantlico com crustal.

    Grupo RooseveltAs primeiras descries sobre rochas vul-

    cnicas flsicas da regio do mdio-alto do rio

    Foto 3.1 Lineao mineral em tonalito da suteVitria. (WA - 27).

    Foto 3.2 Aspecto de afloramento do granodioritono deformado do Granito So Pedro (ponto MC-50).

  • 20

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Foto 3.4 Protomilonito do granodiorito (ponto WA-18A).

    Foto 3.3 Enclaves de diorito no granodiorito prfirono deformado (ponto MC-50).

    Roosevelt devem-se a Leal et al. (1978) que ascorrelacionaram ao vulcanismo da Formao Irirido Grupo Uatum e as denominaram de Forma-o Roosevelt. Posteriormente, a formao foiredefinida como Seqncia Metavulcanossedi-mentar Roosevelt por Rizzotto et al. (1995), ele-vada categoria de Grupo por Santos et al.(2000), com rea-tipo localizada nas bacias hi-drogrficas dos rios Roosevelt e Aripuan.

    Para Santos (2003), o Grupo Rooseveltcombina vulcanismo de arco magmtico continen-tal do tipo Andino (Grupo Colder) de idade 1,77-1,78Ga, com sedimentao em bacia intra-arco(intermontana) (Grupo Beneficente) de idade1,72-1,69Ga. No presente estudo, o GrupoRoosevelt foi subdividido em uma Unidade

    Metavulcnica e outra Metassedimentar. O con-junto ocorre em extensas faixas EW a WNW-ESSE em contato por zonas de cisalhamento como Granito Z do Torno e as Alcalinas Canam, naporo norte da folha. Stocks e batlitos dosgranitos Aripuan, a NW de Aripuan, e do Gra-nito Rio Vermelho, nos arredores do Distrito doNovo Horizonte, intrudem as rochas do grupo.

    MP4rvUnidade Metavulcnica - Constituda delavas macias de riolito a dacito, por vezesporfirticos, e grande variedade de produtosvulcanoclsticos e piroclsticos com evidnciastanto de ambiente subareo quanto subaquoso.Estes littipos esto bem expostos na regionorte e noroeste de Aripuan (MC-209, MC-30,MC-29), onde ocorrem tufos riolticos de cristal(MC-192), tufo dactico de cristal e tufo riodactico(MC-192A, MC-209), (Foto 3.5), ignimbritos (MC-30) (Foto 3.6), lapilli tufo e tufos lticos.

    Intimamente associada s rochas vulcni-cas ocorre uma fcies de pores zonas apicaisde intruses rasas de microgranito macio e ho-mogneo (MC-81, MC-76A, MC-78). Na poromdio sudeste da rea ocorrem brechas vulcni-cas MC -202 (Foto 3.7).

    MP4rms-Unidade Metassedimentar - Esta uni-dade composta de lentes de chert, chert ferru-ginoso, s vezes fortemente hidrotermalizados(Serra do Expedito) (MC-182), e camadas de for-maes ferrferas bandadas e quartzito ferrugi-noso, documentadas a sudoeste do Distrito doNovo Horizonte (MC-203a e MC-203b). A unida-de est cortada por zona de cisalhamento trans-corrente sinistral EW/70S, quando, ento, ad-quire dobras isoclinais assimtricas (Foto 3.8).

    Ao oeste da cidade de Juruena ocorremvestgios dessa unidade (MC-268 e MC-269) sob

    Foto 3.5 Grupo Roosevelt, Unidade Metavulcnica.Tufo de cristal dactico (MC-209).

  • 21

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Foto 3.6 Grupo Roosevelt, Unidade Metavulcnica.Ignimbrito com fragmentos lticos orientados (MC-30).

    Foto 3.7 Grupo Roosevelt, Unidade Metavulcnica.Brecha vulcnica MC-198.

    a forma local de quartzito ferruginoso, formaoferrfera, chert e milonito xisto (clorita-biotitaxisto). E na estao MC-138 ocorre andesitoepidotizado.

    Na faixa sul e sudoeste da folha, prximoaos contrafortes da serra do Dardanelos, pre-domina termos metassedimentares representa-dos por metarenito, metargilito, metassiltito equartzo-muscovita xisto, localmente dobrados(MC-250 e MC-226a; Foto 3.9).

    A resposta geofsica destas rochas com-preende nveis radiomtricos de 40 a 120 cps eexpressivas anomalias gamaespectromtricasno canal do K.

    A datao U/Pb SHRIMP em zirco de amos-tra de metadacito da unidade gerou a idade de

    1.672 6Ma (Nder et al., 2000), enquanto ou-tra amostra, coletada prximo ao rio Roosevelt,a idade 1.740 8Ma (Santos et al., 2000).

    Essa seqncia conhecida por hospedaro depsito de sulfetos macios polimetlicos (Zn,Pb, Cu, Ag e Au), da Serra do Expedito, NW deAripuan.

    PP4zt Granito Z do TornoO termo Granito Z do Torno foi proposta

    por Costa (1999) durante trabalhos de pesquisada Minerao Aripuan, para designar corposgranticos rasos, contemporneos e cogenticosao vulcanismo do Grupo Roosevelt. Ocorremcomo batlitos elipsoidais, alongados segundoNW-SE e distribudos em extensas faixas desdeo limite oriental desta folha com a de Tapaiuna,

    Foto 3.8 Grupo Roosevelt, UnidadeMetassedimentar. Dobra isoclinal assimtrica emquartzito ferruginoso (MC-203).

    Foto 3.9 - Grupo Roosevelt, UnidadeMetassedimentar. Intercalaes de metarenito,metassiltito e metargilito.

  • 22

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    na altura da cidade de Juruena, at ao norte deAripuan.

    Seus contatos com as rochas do GrupoRoosevelt e as Alcalinas Canam so por zonasde cisalhamento transcorrente sinistral rptil-dctil a dctil EW a N20W, bem documentadas aNE da vila Tutilndia (MC-82 a MC-86), marcadaspor milonitos (Foto 3.10) a protomilonitos (Foto3.11). Na Serra da Milagrosa, a zona decisalhamento assume componente transpressivo(MC-271) (Foto 3.12). A unidade sustenta relevosuavemente ondulado a morrotes alongados eseus afloramentos ocorrem sob a forma deblocos e mataces (Foto 3.11) e lajedos.

    Seus principais termos petrogrficosvariam de monzosienito a sienogranito, cinza-claros a cinza-rosados, mdios a finos, de texturaporfirtica a equigranular nos termos istroposou pouco deformados (Foto 3.13), que passa aporfiroclstica ou foliada nos deformados (Foto3.14) por cisalhamento, cujas zonas podematingir largura quilomtrica. Textura rapakivi feio local (Foto 3.15) (MC-20B, MC-19). comum a presena de enclaves elpticos asubarrendondados centimtricos (MC-210) debiotita-quartzo diorito.

    Fenocristais ou fenoclastos bem como amatriz so compostos de microclnio, plagioclsio,quartzo e, por vezes, hornblenda. Acessrioscompreendem biotita, magnetita, titanita, zirco,granada e apatita e os de alterao so sericita,epidoto e clorita. O microclnio e o plagioclsioocorrem em cristais tabulares geminados, emmdia de 0,5 cm, mas podem atingir 2cm. Omicroclnio perttico e o plagioclsio, por vezes,zonado e com incipiente alterao para sericitae epidoto. O quartzo ocorre em agregados

    Foto 3.10 Granito Z do Torno. Zona de altostrain dado por milonito. (MC-82A).

    Foto 3.11 Aspecto de afloramento do Granito Zdo Torno pouco deformado.

    Foto 3.12 Granito Z do Torno. Milonito comlineao, serra Formosa. (MC-271).

    Foto 3.13 Granito Z do Torno pouco deformado.(MC-173).

  • 23

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Foto 3.14 Granito Z do Torno foliado em zonade alto strain (MC-82).

    Foto 3.15 Granito Z do Torno com texturarapakivi (MC-19).

    irregulares com tendncia textura em mosaico,s vezes alongados. A biotita ocorre emagregados alongados de palhetas finas, svezes associada com prismas irregulares dehornblenda. Os demais constituintes sointersticiais. A abundncia de magnetita conferea essas rochas uma susceptibilidade magnticaque permite enquadr-las como magnetita-granito (Ishihara, 1981).

    A datao do Granito Z do Torno pelomtodo U-Pb SHRIMP em zirco por Nder et al.(2001) forneceu a idade de 1.755 5Ma.

    PP4nc Sute Intrusiva Nova Cana 2No relatrio do Projeto Promim Alta

    Floresta, Frasca & Borges (2004), Oliveira &Albuquerque (2004) e Moreton & Martins (2005)propem esta unidade para caracterizar um

    conjunto de batlitos e stocks compostos porbiotita monzogranitos, sienogranitos,alcaligranitos, hornblenda biotita-granito,quartzo-monzonitos, micromonzogranitos finose granfiros. Estes corpos so, em geral, elpticosa alongados e limitados por zonas decisalhamento transcorrente dctil-rptil dedireo dominante NW. Na folha Aripuan ocorreem estrita faixa no extremo nordeste, ondepredominam quarzo-sienitos e monzogranitoscinza mosqueados de rosa, mdias a grossas eporfiroclsticas. Dados de datao U/Pb SHRIMPda unidade geraram a idade 1.743 4Ma (Frasca& Borges, 2004).

    PP4sc Intrusivas Bsicas Serra doCafund

    Neste relatrio prope-se a denominaode Intrusivas Bsicas Serra do Cafund parareunir um conjunto de diques de norito, diabsioe diorito controlados por sistema extensionalN40E ou por falhas transcorrentes NE-SW, maisraramente NW-SE, intrusivos nos Granitos Z doTorno, na Sute Nova Cana e no GrupoRoosevelt. Os diques ocorrem principalmente naporo NNE da folha (MC-174 e MC-174A), naserra homnima (rea-tipo) e possuemdimenses desde poucos metros, como nasFazendas Unio (MC-277) e Banco do Brasil (MC-145), at 2 km, no entorno da cidade de Juruena(MC-267). Os contatos com o Granito Z do Torno,a Sute Nova Cana e as rochas do GrupoRoosevelt esto, em geral, obliterados por soloargiloso cinza-avermelhado, mas podem serdefinidos pelo seu baixo nvel radiomtrico, daordem de 20 a 40 cps.

    Os noritos so cinza-escuros a esverdea-dos, granulares mdios a grossos, macios eistropos (MC-267). Possuem textura granularhipidiomrfica, localmente poiquilitica, e seusconstituintes compreendem labradorita,hiperstnio e hornblenda tabulares e eudricos.Os diabsios so cinza-escuros a esverdeados,finos, macios, com ncleo istropo (MC-174) ebordas foliadas. Possuem textura oftica asuboftica e so compostos por hornblenda eplagioclsio. Os dioritos so, a rigor, biotita quart-zo-dioritos, em geral cinza-claros, finos e maci-os. Possuem textura granular hipidiomrfica aalotriomrfica e so compostos de plagioclsio,subordinadamente microclnio com quartzo emintercrescimento grfico e biotita.

    Em virtude das idades obtidas no GrupoRoosevelt (1.6726Ma, 1.7408Ma), no GranitoZ do Torno (1.755 5Ma) e na Sute NovaCana (1.7434Ma), os diques desta unidade

  • 24

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    poderiam corresponder a um evento doEstateriano tardio.

    PP4fo Granito FontanillasGranitos deformados que afloram entre os

    grabens Dardanelos e Caiabis e a Bacia dosParecis e distribudos a oeste da cidade deFontanillas at o leste de Juara foram includospor Silva et al. (1974) no Complexo Xingu.Rizzotto et al. (2004) as anexaram na SuteIntrusiva Serra da Providncia devido presenade textura rapakivi, caracterstica marcante doslittipos da unidade. Gomes & Ucha (2004)denominaram informalmente de GranitoFontanillas s rochas aflorantes nos arredoresda cidade homnima e Lacerda Filho et al. (2004)adotaram o termo como pertencente Sute Riodo Sangue.

    A unidade est representada porbatlitos alongados segundo a estruturaoregional E-W e WNW-ESE e expostos em estreitafaixa no extremo sudeste da Folha Aripuan. Aunidade contm poucos afloramentos e suasmelhores exposies situam-se no extremo SWda Folha Tapainas. O contato com rochas daSute Vitria e do Granito Rio Vermelho intrusivo.

    As suas rochas variam de biotita-sienogranito a biotita-monzogranito, rseos aavermelhados, mdios a grossos, porfirticos,dado por fenocristais de K-feldspato eplagioclsio de at 10 cm imersos em matriz deK-feldspato, plagioclsio, quartzo e biotita. Amaioria dos fenocristais de K-feldspato estmanteados por plagioclsio, caracterstica datextura rapakivi. Com freqncia possuem veiospegmatides e de aplito, bem como enclaves dediorito e granito de tamanhos e formas variadase faixas de cisalhamento WNW-ESSE expressaspor protomilonitos e milonitos.

    Determinaes geocronolgicas pelomtodo Sm/Nd realizados por Leite et al. (2005),geraram idade-modelo de 1.475Ma, com Nd -4,98. Estes granitos so correlacionados SuteIntrusiva Serra da Providncia, de idade U/Pb1.57017 (Tassinari et al., 1996), 1.53204(Bittencourt et al., 1999), 1.54713 (Santos etal., 2002) e 1.53213 (Lacerda Filho et al., 2004).

    MP1rv Granito Rio VermelhoAs feies circulares realadas em imagens

    de satlite e radar nessa rea foram associa-das por Silva et al. (1980) ao Granito Teles Pires.Nesse domnio Leite (2004) denomina de Grani-to Novo Horizonte a um corpo batlito granticocom cerca de 120 km2 que ocorre no distrito ho-mnimo. O termo foi proposto por Lacerda Filhoet al. (2004) para englobar os batlitos

    granticos que ocorrem desde o sul do Distritode Filadlfia at o nordeste da cidade de Casta-nheira, inclusive o Granito Novo Horizonte, par-te SE da folha, distribudos pelo alto e mdiocurso do Rio Vermelho. A unidade sustenta rele-vo suavemente ondulado a montanhoso e afloraem blocos, mataces e lajedos.

    Seus littipos podem ser reunidos em duasfcies. A dominante de sienogranito homog-neo, istropo, cinza-esbranquiado e a subordi-nada de leuco-sienogranito e monzogranito,cinza-avermelhado, grosso e porfirtico dado porfenocristais de K-feldspato, por vezes perttico,em mdia de 2 a 3 cm (MC-219) (Fotos 3.16 a3.18), mas que podem atingir at 7 cm. Osfenocristais tm textura rapakivi (MC-41A), svezes zonados (fotos 3.17 a 3.19), imersos emmatriz de quartzo azulado (Fotos 3.17 a 3.21)(MC-222A), biotita, plagioclsio, hornblenda epropores significativas de magnetita. Osfenocristais esto, por vezes, orientados por flu-xo magmtico (WA-45) (Fotos 3.19 e 3.21). Piritae eventual calcopirita podem ocorrer dissemina-das, como no Distrito de Novo Horizonte.

    Em cartas aerogeofsicas a unidade res-ponde com altas anomalias nos canais de K eTh. Sua assinatura radiomtrica em afloramen-tos varia de 100 a 130 cps.

    Os corpos desta unidade intrudem as ro-chas da Sute Vitria e do Grupo Roosevelt, comoatesta a presena de numerosos enclaves detonalito (MC-41A) (Fotos 3.20 e 3.21) e de ro-chas vulcnicas (perfil Castanheira-Juruena).

    MP1ar Granito AripuanA unidade foi denominada originalmente de

    Granito Rio Branco por Costa (1999) eredenominado como Granito Aripuan por Nder

    Foto 3.16 Aspecto textural e estrutural do GranitoRio Vermelho (MC-219).

  • 25

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Foto 3.17 Granito Rio Vermelho grosso comfenocristais zonados de K-feldspato.

    Foto 3.18 Aspecto textural do Granito RioVermelho no distrito de Novo Horizonte (MC-222A).

    Foto 3.19 Granito Rio Vermelho porfirtico comfenocristais de K-feldspato orientados em duasdirees de fluxo magmtico (WA45).

    Foto 3.20 Granito Rio Vermelho inequigranularporfirtico com enclaves de tonalito (MC- 41A).

    Foto 3.21 Fcies fina do Granito Rio vermelhocom enclave do granito grosso (WA-46).

    et al. (2000) e adotado por Rizzotto et al. (2004)e Lacerda Filho et al. (2004). Ocorrepreferencialmente a NW de Aripuan e nodomnio da bacia do rio Branco. Na principalocorrncia, a NW de Aripuan, batlito ovalcom cerca de 13 km de dimetro, intrusivo emrochas vulcanoclsticas do Grupo Roosevelt.Nesta, o corpo de sienogranito cinza-avermelhado, istropo, macio, homogneo,equigranular a porfrtico com fenocristais de K-feldspato de at 3 cm (MC-23B, Foto 3.22) emmatriz de quartzo, K-feldspato, plagioclsio ebiotita, com magnetita e titanita acesssrias.Aflora em mataces (Foto 3.23) e lajedos, comfreqentes xenlitos de rochas vulcnicas doGrupo Roosevelt. Medidas de radiometria emafloramentos registraram valores em torno de140 cps.

    Uma fcies associada periferia do

  • 26

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    batlito do Granito Aripuan consiste de diques(MC-23) (Foto 3.24) de sienogranito fino, cinzaou com aurolas rosada, porfirtico, istropo ede nvel radiomtrico entre 100 a 130 cps

    Dataes isotpicas desse granito pelosmtodos U-Pb SHRIMP e Pb-Pb forneceramidades de cristalizao de 1.537 7Ma e 1.546 5Ma, respectivamente (Rizzotto et al., 2002)

    MP2ac Alcalina CanaSilva & Issler (1974) denominaram de

    Sienito Cana o lcali-sienito que sustenta orelevo positivo da margem direita do alto cursodo rio Canam. Silva et al. (1980) agregaram aeste, outros corpos subcirculares semelhantesque ocorrem na poro norte/noroeste de MatoGrosso, sob a denominao genrica de AlcalinasCana e as correlacionaram com as efusesbsico-alcalinas da Formao Arinos, GrupoCaiabis.

    A unidade composta de sienitos,subordinadamente microssienitos, quartzo-sienitos e biotita-traquitos (MC-64) e termospegmatides. Os sienitos so leucocrticos,mdios a grossos, porfirticos, com estruturas defluxo magmtico e compostos de ortoclsioperttico com propores subordinadas deplagioclsio sdico, biotita e anfiblio e piroxniosdicos e, por vezes, quartzo.

    Silva et al. (1980) tambm incluram nestaunidade as rochas alcalinas que ocorrem naconfluncia dos rios Teles Pires e Cristalino, anorte de Alta Floresta. Contudo, durante arealizao do Projeto Promin Alta Floresta,Oliveira & Albuquerque (2004) revelaram queaquelas rochas no pertenceriam s AlcalinasCanam por apresentarem idade U/Pb de 1.806 3Ma (Santos, 2000) e se correlacionarem com

    Foto 3.22 Granito Aripuan. Textura grossaporfrtica e estrutura istropa (MC-23B).

    Foto 3.23 Aspecto de afloramento do GranitoAripuan (MC-23B).

    Foto 3.24 Fcies fina do Granito Aripuan (MC-23).

    a acomodao do arco magmtico Juruena. Aidade Rb/Sr das Alcalinas Canam na folhaAripuan obtidas por Silva et al. (1974) e Basei(1974) da ordem de 1.200Ma, mas requerreavaliao por meios mais precisos.

    GRUPO CAIABIS

    FORMAO DARDANELLOS - UnidadeMP2d1 e Unidade MP2di

    A Formao Dardanelos foi originalmentedescrita por Almeida & Nogueira (1959) parareunir quartzitos, conglomerados e ardsias daCachoeira do Dardanelos, no rio Aripuan. Aunidade ocorre na poro central da Folha eonde ocupa cerca de 9.000 km na forma dechapado limitado por escarpas de eroso oude falha, conhecido como Serra do Dardanelos,

  • 27

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    de cotas entre 200 e 500 m. Estruturalmenteconforma sinforme de eixo NW-SE, flancos commergulhos entre 5 e 10 e ncleo subhorizontal.Flancos prximos a zonas de cisalhamentopodem ter mergulho acentuado.

    Durante o Projeto Alta Floresta, Frasca &Borges (2004) subdividiram a formao em qua-tro unidades que, da base para o topo, compre-endem: Unidade MP2d11 arenitos e arenitosarcosianos com intercalaes de conglomeradosintraformacionais e estratificao plano-parale-la e cruzada; Unidade MP2d2 siltitos e argilitosavermelhados; Unidade MP2d3 arenitosarcosianos e arenitos finos argilosos com nveisde conglomerado intraformacional e UnidadeMP2d4 arenitos argilosos e arenitos arcosianoscom intercalaes de nveis conglomerticos. Oconjunto resulta de ciclo transgressivo-regres-sivo.

    Neste trabalho, a formao foi informal-mente dividida em Unidade MP2d1 e UnidadeMP2di.

    Unidade MP2d1 No extremo noroeste ena poro oeste da folha, sustenta mesetas eformas residuais de inselbergs. O seu contato aoeste, noroeste, norte, nordeste, leste e sudeste com as rochas do Grupo Roosevelt e os grani-tos Z do Torno e Aripuan e, a sul, com as doGrupo Roosevelt. Nas escarpas de falha, o con-tato no se situa, necessariamente, no p dasmesmas, mas pode ocorrer na meia encosta,como na serra do Cafund (altitude de 207 m),ou aps o topo da escarpa, como na serra Gra-ciosa (altitude de 299 m), a nordeste de Aripua-n.

    A unidade composta de arenitos compelitos subordinados. Os arenitos so acinzen-tados, muito grossos a grossos na base, comintercalaes de arenito mdio a fino com locaise dispersos grnulos de quartzo. So mal sele-cionados, com gros subangulosos a subarre-dondados e de esfericidade moderada. Os lei-tos so lenticulares, amalgamados, com 40 cm a1 m de espessura, de base plana ou com com-pensao de relevo, macios ou com estratifica-o cruzada acanalada e eventuais marcas on-duladas simtricas no topo. A direo geral dapaleocorrente indica transporte para WSW. So-brepostos ocorrem camadas de arenito rseo,mdio a fino, com gros angulosos a subangu-losos e esfericidade mdia a boa. Na cachoeirade Aripuan, os arenitos so lenticulares, com40 cm de espessura mdia e contm estratifica-o cruzada acanalada e superfcies dereativao sigmoidal.

    Ao sul da Serra Graciosa, os arenitos somuito finos, possuem estratificao cruzada

    hummocky, e contm intercalaes de camadasde 0,5 a 1 cm de pelitos cinza e esto cobertospor basalto.

    Os arenitos basais so interpretados comodepsitos fluviais de canais anastomosados edelticos. Os arenitos da cachoeira de Aripuanso de plancie de mar sobrepostos por dep-sitos de plataforma sujeitos a ondas de tempes-tade, como indicam arenitos com estratificaocruzada hummocky. A sucesso caracteriza even-to transgressivo, com aumento da espessura delmina dgua indicado pelos pelitos que aflorama sudeste da cidade de Aripuan, no topo daencosta noroeste do vale do rio Aripuan.

    Os pelitos compreendem estreita faixa desiltitos, siltitos argilosos e argilitos acinzentadose se situam no topo da unidade. So maciosou com laminao plano-paralela ou cruzada(Foto 3.25) e com intercalao de finas camadasde arenito. Estima-se que sua espessura sejada ordem de 10 m, o que impossibilitou sua car-tografia na escala adotada.

    Baseado em dados de campo e na corre-lao com o sistema de deposio dos sedimen-tos desta Formao na Folha Tapaiunas, conclui-se pela existncia de um hiato evidenciado peloafogamento do sistema flvio-deltico e evolu-o de shoreface nesta unidade (Fig. 3.2).

    A unidade MP2di o pacote superior,indiviso, da Formao Dardanelos na rea. Suaespessura mnima de 125 m e seu topo situa-se na superfcie de cota mais elevada que sus-tenta, marcada por lateritos da unidade NQdl.Sua base composta de arenitos (Foto 3.26)cinza, mdios a grossos, com estratificao cru-zada acanalada e em espinha de peixe, comsuperfcies de reativao sigmoidais e ondula-das, eventualmente finos a mdios e com estra-

    Foto 3.25 Laminao cruzada em siltito da For-mao Dardanelos.

  • 28

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Figura 3.2 Correlao entre os perfis compostos para a Formao Dardanelos nas Folhas Aripuan eTapainas.

  • 29

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    tificao plano-paralela. Estes esto sotopostosa arenitos lenticulares, amalgamados, com es-pessura mdia de 70 cm, cinza, finos a mdios,macios com eventual laminao planoparalelano topo e compostos por gros subangulosos,de esfericidade moderada e mal selecionados.No topo ocorrem arenitos mdios a finos comeventuais gros grossos e estratificao cruza-da festonada. Os gros de quartzo so suban-gulosos a subarredondados, de esfericidademoderada e mal selecionados. Estes possuemintercalaes de arenito mdio a muito grossocom estratificao cruzada acanalada. Medidasde paleocorrente indicam transporte para su-doeste (180 a 330),

    As camadas inferiores da unidade sointerpretadas como depsitos de shoreface e deplancie de mars, sucedidos por depsitosfluviais e delticos de canais entrelaados, oconjunto constituindo a fase regressiva queocorreu aps o mximo transgressivorepresentado pelos pelitos subjacentes.

    Ambas as unidades (MP2d1 e MP2di)contm sil ls de basalto de at 50 m deespessura, pertencentes Formao Arinos(Foto 3.27).

    Saes & Leite (2002) sugerem que o incioda sedimentao da Formao Dardanelos temidade mxima de 1,44Ga, determinada a partirda variao da idade Pb-Pb entre 1.987 4Maa 1.377 13Ma de cristais de zirco detrticosdo conglomerado basal da unidade.

    MP2ac Formao ArinosO termo foi proposto por Silva et al. (1980)

    para representar basalto amigdalide, diabsio,olivina norito e gabro de dois horizontesintercalados em arenitos da Formao

    Dardanelos. Na Folha Aripuan a unidade ocorrecomo extenso sill intercalado em arenitos daFormao Dardanelos. Na borda norte da baciaconstitui o assoalho da cabeceira dos rios Natale Canam (RR-32 e MC-195), localmente cobertopor arenitos, argilitos e siltitos da FormaoDardanelos. Na estrada Aripuan-Filadlfia-Juna, a unidade tm ampla distribuio na SerraMorena (MC-212 a MC-245A), onde diabsios ebasaltos apresentam disjuno poliedral,possuem pirita disseminada (MC-245A) e geramsolo argiloso vermelho bordeaux bastantemagntico. Neste perfil, prximo ao Rio Capivari,a unidade est em contato lateral, por falha, comos arenitos arcosianos (MC-212 a MC-280) daFormao Dardanelos.

    So macios, homogneos e exibemfenocristais milimtricos de plagioclsio em matrizmuito fina, cinza-escuro. Amdalas preenchidaspor epidoto e carbonato so comuns (Foto 6.28)

    Foto 3.26 Unidade MP2di, Formao Dardanelos.

    Foto 3.27 Contato da Formao Arinos com aFormao Dardanelos.

    Foto 28 - Detalhe do basalto amigdalide daFormao Arinos, Grupo Caiabis.

  • 30

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Sua textura microporfirtica a suboftica e osseus constituintes compreendem plagioclsio eaugita-pigeonita, o acessrio olivina e, ostraos, zirco, minerais opacos, possivelmentesulfetos, e rara apatita.

    Dados radiomtricos K/Ar forneceram, se-gundo Silva et al. (1980), a idade de 1.225 20Ma em amostra de basalto do patamar inferi-or da Serra dos Caiabis, e de 1.416 14Ma, dopatamar superior.

    NQdl Coberturas Detritos-laterticasFerroginosas

    Essas ocupam cerca de 5% da rea e re-sultam de alterao intemprica de quase to-das as unidades geolgicas. Ocorrem preferen-cialmente sobre as rochas da FormaoDardanelos, onde sustentam os plats das por-es mais elevadas da Chapada homnima, e,na poro centro-leste, sobre as rochas do Gru-po Roosevelt. Compreende lateritos maduros eimaturos bem como regolitos autctones ealctones. O perfil mais completo contm, dabase para o topo, um horizonte argiloso ouargilo-arenoso, mosqueado, seguido de outroargilo-arenoso com blocos concrecionrios, n-dulos e fragmentos de rocha, sotoposto a cros-ta latertica ferruginosa.

    As exposies mais representativas situ-am-se ao longo da rodovia MT-420, onde os perfisse desenvolveram sobre arenitos da FormaoDardanelos. Os arenitos originais passam aferruginosos, avermelhados a amarelados, porvezes arroxeados, de aspecto nodular, excepci-onalmente vesicular, que do lugar ao horizontemosqueado areno-argiloso com gros de quart-zo soldados por cimento ferruginoso, contendoconcrees limonticas e/ou hematticas episolticas.

    Q2a Depsitos AluvionaresSo constitudos por depsitos atuais e

    subatuais de canais e plancies de inundao darede de drenagem regional. Devido escala domapeamento, foram cartografados apenas osdepsitos associados ao rio Aripuan, mas tam-bm ocorrem ao longo de seus principais aflu-entes, como os rios Amarelinho, Branco, Canam,Capitari, Claro, Furquim, Natal e Ribeiro Taboca,bem como nos rios Tucum e Vermelho. Os de-psitos aluvionares subatuais ocorrem em co-tas topogrficas mais elevadas do que a das alu-vies recentes. Alguns depsitos, em particularos associados aos crregos Vale do Ouro e Ex-pedito, contm concentraes de ouro em ex-plotao garimpeira desde os anos 1980.

  • 31

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    4.1. Introduo4.1.1. Consideraes gerais

    A litogeoqumica foi utilizada no projetopara caracterizar as principais unidades gneas,sobretudo as rochas granticas que compemgrande extenso da rea mapeada. A aborda-gem geoqumica procurou definir a natureza dasrochas gneas, suas caractersticas evolutivas eas possveis relaes mtuas.

    A apresentao dos resultados ser su-cinta, os procedimentos claros e os diagramasutilizados sero clssicos e mais conhecidos. Asunidades sero descritas na seguinte ordem: (i)Complexo Bacaeri-Mogno; (ii) Sute Intrusiva Vi-tria; (iii) Granito Morro do ndio; (iv) Granito SoPedro e Sute Intrusiva So Romo; (v) GranitoZ do Torno; (vi) Vulcnicas Roosevelt; (vii) Su-te Nova Cana; (viii) Sute Intrusiva Serra da Pro-vidncia, (ix) granitos Aripuan e Rio Vermelho eAlcalinas Canam e (x) Rochas mficas de Arinos,Cafund e Juna.

    Foram analisadas 201 amostras das quais174 utilizadas na interpretao. No foram utili-zadas no tramento as amostras com problemasde balano qumico ou de procedncia incertacom relao s unidades mapeadas. As anli-ses foram realizadas no laboratrio ACME. Osxidos de elementos maiores (SiO2, TiO2, Al2O3,Fe2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O, P2O5 e Perdaao Fogo) foram determinados por ICP-ES e oselementos traos (Ba, Be, Co, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb,Sn, Sr, Ta, Th, U, V, W, Zr, Y e ETR) por ICP/MS, apartir de fuso das amostras com LiBO2. Os re-sultados analticos das amostras utilizadas, porunidade, constam de tabelas ao longo do texto.Todos os dados originais de amostras, utiliza-das ou no, constam do apndice 1 do relatriotemtico de Litogeoqumica (Teixeira, 2007).

    4.1.2. Sntese do magmatismo na reaA geologia da rea marcada por exten-

    so cortejo de rochas granticas, expostas emconsidervel extenso da rea mapeada, e pormagmatismo mfico subordinado. A colocaodas primeiras ocorreu durante o Riaciano, oEstateriano (entre 1750 e 1780 Ma) e o Calimiano(1600 Ma). O magmatismo mfico ocorreu noCalimiano e no Ectasiano (Souza et al., 2005).

    No Riaciano (> 2200 Ma) ocorreumagmatismo flsico clcio-alcalino normal, cujascaractersticas so tpicas de ambiente de arcomagmtico. Este magmatismo, representado

    pelo complexo Bacaeri-Mogno, foi originalmentedefinido como de fundo ocenico (Souza et al.,2005). Sua ocorrncia restrita na rea e ape-nas 4 amostras foram analisadas.

    Durante o Estateriano (1784 a 1740 Ma)houve a intruso das rochas granticas dominan-tes na rea mapeada. Alm de plutonitos, tam-bm houve a instalao de uma bacia vulcano-sedimentar, na qual os termos vulcnicos, inter-medirios a cidos, so quimicamente semelhan-tes s intrusivas. Todas as unidades deste per-odo geraram idades-modelo Sm-Nd TDM iguais ousuperiores a 2100 Ma, o que indica resultaremde reciclagem de crosta mais antiga, pois as ida-des podem refletir a mistura de material crustalantigo com mantlico mais jovem (Noce et al.,2000), comum em granitos hbridos. Agranitognese deste intervalo (44 Ma) pode serdesdobrada em trs tipos principais:

    1 O conjunto mais extenso compostopor granodioritos ou monzogranitos porfirticos,com ou sem deformao, metaluminosos aperaluminosos, lcio-alcalinos de alto K, com al-tos teores de slica e ricos em HFSE. Pertencema este conjunto os granitos Morro do ndio, SoPedro e Z do Torno, a Sute Intrusiva So Romoe as rochas vulcnicas do Grupo Roosevelt. Ro-chas deste conjunto so tpicas da associaoKCG de Barbarin (1999), de colocao tardi a ps-orognica em regime de coliso continental. Oscontedos de elementos traos variam poucoentre as unidades, como mostram os diagramasde ETR, nos quais os valores de ETRP possuempadro plano em torno de 20 vezes o condrito.Esta homogeneidade reflete a presena de fon-te comum e de evoluo anloga (cristalizaofracionada) das unidades, exceto o So Pedroque mostra dois padres de ETR, um semelhan-te ao dos demais e outro empobrecido em ETRP,e a Sute So Romo que exibe altos valores deETR leves e intermedirios.

    2 Um conjunto de rea de ocorrnciamais restrita, representado pela Sute IntrusivaVitria, composto de tonalitos, granodioritos egranitos. No Projeto Alta Floresta (Souza et al.,2005), onde foi definida, composta de tonali-tos, mas, na rea do presente projeto, predo-minam granodioritos e granitos. Os termos me-nos evoludos so clcio-alcalinos normais, masos granodioritos e granitos mostram razovelvariao nas propores de xidos de elemen-tos maiores. A sute metaluminosa a peralumi-

    4. Litogeoqumica

  • 32

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    nosa, rica em alumina e os elementos traos exidos de elementos maiores sugerem ambien-te de arco magmtico. Todavia, como a suteocorre em contexto onde todas as rochas gne-as tm idade semelhante e de colocao ps-colisional, este posicionamento pode ser tam-bm estendido sute. Rochas com caractersti-cas de arco podem ser geradas em ambienteps-colisionais, desde que fatores tpicos de arcomagmtico tais como, por exemplo, restos domanto metassomatizado ainda estejam presen-tes. Esta possibilidade ser discutida no item4.2.1, quando sero descritas as caractersticasda Sute Intrusiva Vitria.

    3 O terceiro conjunto compreende mon-zonitos, monzogranitos e sienogranitos, porfir-ticos, deformados ou no, da Sute Nova Cana.Os termos sem ou com pouca deformao com-preendem a fcies Nova Cana 1 e a deformadaa fcies Nova Cana 2. Apesar da diferena dedeformao, entre ambas h uma evoluo con-tnua a partir de um magma alcalino do tipo A,rico em HFSE. Granitos clcio-alcalinos de alto Kdo tipo A so interpretados como produtos defuso crustal com a participao, em grau vari-vel, de material mantlico (Eby, 1990).

    A maioria das rochas granticas clcio-al-calinas e alcalinas do Estateriano so ps-colisionais. A presena de atividade magmticaclcio-alcalina e alcalina de um mesmo ambientecom pouca diferena de idade sugere a existn-cia de transio de regime ps-orognico paraanorognico.

    Aps 1600 Ma houve a colocao de umconjunto de vrios tipos de granitides comoAripuan e Rio Vermelho, mas o principal repre-sentado pela Sute intrusiva Serra da Providn-cia, formado por magmatismo bimodal com ter-mos bsicos (gabros de Juna) toleiticos evolu-dos, anortositos, charnockitos, e granitos alcali-nos de caractersticas anorognicas. Acontemporaneidade entre os termos mficos eflsicos evidenciada pela freqncia de feiesde mingling. A maior rea de ocorrncia destasrochas localiza-se na Folha Juna.

    A ltima manifestao magmtica na rea representada pelas rochas mficas da Forma-o Arinos, com 1300 Ma. So rochas toleiticaspouco diferenciadas, algumas com caractersti-cas de cumulatos, com provvel contaminaocrustal e de difcil definio do ambiente de colo-cao a partir dos dados geoqumicos.

    4.2. Caracterizao das unidades4.2.1. Magmatismo clcio-alcalino normal

    Dentre as unidades estudadas apenas

    algumas amostras do Complexo Bacaeri-Mogno(Riaciano) e da Sute Intrusiva Vitria(Estateriano) tm estas caractersticas, como aseguir descrito..

    Complexo Bacaeri-Mogno - Os resultados ana-lticos de quatro amostras de rochas flsicasdesta unidade constam da Tabela 4.1, ao finaldesta captulo. Os teores de SiO2 so os meno-res dentre as unidades intermedirias a cidasamostradas. Os teores de Al2O3 so superioresa 15%. Os diagramas das figuras 4.1 a 4.3, queincluem as amostras da Sute Intrusiva Vitria,mostram a semelhana entre ambas as unida-des e permitem concluir que o magmatismoflsico do Complexo Bacaeri-Mogno clcio-al-calino normal, sdico e com muitas caractersti-cas semelhantes Sute Intrusiva Vitria.

    Sute Intrusiva Vitria - Os resultados analti-cos de 22 amostras de rochas flsicas destaunidade constam da Tabela 4.1. Os teores de

    Figura 4.1 - Complexo Bacaeri-Mogno, Sute Vitriae Granito Morro do ndio. A: diagrama AFM e B:diagrama R1R2 modificado de La Roche et al.(1980).

  • 33

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Figura 4.2 Complexo Bacaeri-Mogno, Sute Vitriae Granito Morro do ndio. A: diagramamultielementar; B: padres de ETR.

    Figura 4.3 Complexo Bacaeri-Mogno, Sute Vitriae Granito Morro do ndio. Diagrama discriminantede Pearce (1996). Mesma legenda da figura 4.1.

    SiO2 variam entre 62 a 72% e caracterizam aunidade como a menos diferenciada dentre asestudadas. O teor mdio de Al2O3 da ordem de15%. As amostras so metaluminosas aperaluminosas, levemente potssicas, com ra-zo K2O/Na2O mdia de 1,24. As razes molares(K2O+Na2O)/Al2O3 inferiores a 0,87 indicam car-

    ter subalcalino. No diagrama AFM (Fig. 4.1A) asamostras definem um trend clcio-alcalino e nodiagrama R1R2 (Fig. 4.1B) a maioria das amos-tras se posiciona entre os trends clcio-alcali-nos normal e de alto K. Quando os dados dasamostras do Projeto Alta Floresta (Souza et al.,2005) so lanados no diagrama, a unidade caracterizada como clcio-alcalina normal.

    No diagrama multielementar normalizadopelo manto primordial da figura 4.2A, o lado es-querdo mostra que os elementos mveis ocor-rem em contedos bastante variveis e irregu-lares, conseqncia de algum processo ps-magmtico. Anomalias pronunciadas de Ta e Nbe de fracionamento destes elementos sugeremorigem a partir de manto metassomatizado. Osteores de Sr so elevados, com anomalias ne-gativas pouco pronunciadas. Os teores de Tb eY so baixos, o que tambm condiz com fontemantlica metassomatizada. Os padres de ETR(Fig. 4.2B) variam desde 10 a 20 vezes o condri-to e possuem anomalias negativas de Eu poucopronunciadas. O segmento plano dos ETRP, co-mum a todos os granitides de alto K da rea,se assemelha ao de termos alcalinos, mas comteores menores. No diagrama da figura 4.3, ospontos das amostras situam-se no canto supe-rior direito do campo dos arcos vulcnicos, po-rm dentro do campo dos granitos ps-colisionais.

    A Sute Vitria a nica dentre as doEstateriano estudadas com caractersticas com-patveis com magmatismo clcio-alcalino de arcomagmtico. Contudo, sua idade (1775/1785 Ma) semelhante a dos extensivos granitides ps-colisionais da rea, cuja idade varia de 1784 a1740 Ma (Souza et al., 2005). Isto sugere queesta sute tambm possa ser ps-colisional e suagerao se daria a partir da fuso do mantometassomatizado, ainda presente na base doedifcio colisional durante o soerguimento. A pre-sena de rochas clcio-alcalinas de arco mag-mtico colocadas em ambiente ps-colisional no desconhecida, como ocorre no Rio Grande doSul (Gastal & Lafon, 2006) e de adakitos no suldo plat Tibetano (Guo et al., 2007). Isto re-forado pelas idades-modelo de todos os grani-tides estaterianos da rea, mais velhos do que2100 Ma. Como a sua gnese envolveu contri-buio crustal importante, se depreende que oembasamento que fundiu teria pelo menos 2100Ma. A presena de material mantlico doEstateriano e sua interao com material crus-tal pode diminuir a TDM da frao proveniente doltimo e, assim, resultar em idade intermediriaentre a dos dois componentes (Noce et al., 2000).

  • 34

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Do exposto se conclui que os tonalitos egranodioritos da Sute Vitria so clcio-alcali-nos normais, de arco magmtico continental ou,alternativamente, de ambiente ps-colisional, eforam gerados por fuso de manto metassoma-tizado. Talvez seja o magmatismo temporalmen-te mais prximo de uma coliso que deve terocorrido na rea aps 2100 Ma.

    4.2.2. Magmatismo Clcio-alcalino de alto KOs granitides deste conjunto so rseos,

    mdios a grossos, porfirticos, deformados, porvezes possuem granada e muscovita e so asrochas clcio-alcalinas de alto K mais freqen-tes na rea. Participam deste grupo os GranitosMorro do ndio, Z do Torno e So Pedro, aSute Intrusiva So Romo e as rochas vulcni-cas do Grupo Roosevelt. So representantes t-picos dos granitides KCG de Barbarin (1999),particularmente abundantes no perodo aps ofinal das colises continentais. So bastante di-ferenciadas, com teores de SiO2 entre 67% emais de 75%. Os teores de Al2O3 variam entre11 e 15%, com mdia superior a 13%. As razesK2O/Na2O predominam entre 1 e 2, o que lhesconfere carter potssico pouco acentuado. Sometaluminosas a peraluminosas e, no diagramaR1R2 de Batchelor & Bowden (1985), no mos-trado neste relatrio, se posicionam nos cam-pos de rochas ps-colisionais e tardi-colisionaise, no diagrama de Pearce (1996), sistematica-mente no campo ps-colisional. Exibem padresde ETRP em torno de 20 vezes o condrito.

    Granito Morro do ndio - Os resultados anal-ticos de 11 amostras da unidade constam daTabela 4.1. A maioria das amostras peraluminosa e apenas algumas so metalumi-nosas. No diagrama AFM (Fig. 4.1A) as amostrasso clcio-alcalinas diferenciadas e no diagra-ma R1R2 (Fig. 4.1B) como clcio-alcalinas de altoK, tpicas de granitides ps-colisionais. No dia-grama multielementar (Fig. 4.2a) possuem ano-malias negativas de Sr, P e Ti, o que, comparati-vamente com a Sute Vitria menos fracionada,pode significar crescente contribuio crustal. Opadro de ETR (Fig. 4.2B) de algumas amostrasexibe acentuada anomalia negativa de Eu, au-sente em outras, o que pode ser atribudo a al-guma variao no contedo de plagioclsio en-tre as amostras. No diagrama da figura 4.3 asamostras se posicionam no campo das rochasps-colisionais.

    Granito So Pedro e Sute Intrusiva SoRomo - Os dados analticos destas unidades

    constam da tabela 4.2. O diagrama da figura 4.5Amostra que os granitos da Sute So Ramo pos-suem, comparativamente ao Granito So Pedro,forte variao dos elementos mveis e so maisricos na maioria dos elementos traos. O dia-grama de ETR (Fig. 4.5B) mostra que os granitosSo Pedro tm dois tipos de padro, um comacentuado empobrecimento em ETRP e anoma-lia de Eu pouco significativa, e outro de padroplano de ETRP e pequena anomalia negativa deEu. Em um conjunto de amostras do Granito SoPedro, os teores so bastante destoantes en-tre estas e em relao s demais. Estas amos-tras esto relacionadas na tabela 4.2, mas osdados no foram utilizados nos diagramas parano mascarar as informaes das demais. Apa-rentemente so amostras que ou foram subme-tidas alterao hidrotermal, ou so produtosde fuso parcial, ou de ambos. Os dadosgeoqumicos mostram que os granitos de ambasas unidades so clcio-alcalinos de alto K, masos do Granito So Pedro so metaluminosos aperaluminosos e os da Sute So Romo soperaluminosos.

    No diagrama da figura 4.6 os granitos deambas as unidades plotam no campo ps-colisional, mas os do Grupo So Pedro se res-tringem ao campo de arcos vulcnicos e os daSute So Romo, por serem mais ricos em HFSE,se posicionam no incio do campo dos granitosintraplaca.

    Granito Z do Torno - Os granitos Z do Tornoso rseos, mdios a grossos, pouco deforma-dos e contm eventual granada e muscovita. Osdados analticos destas unidades constam databela 4.3. O teor mdio de Al2O3 de poucosuperior a 13%. So metaluminosos aperaluminosos. As razes K2O/Na2O variam en-tre 0,8 e 1,9 com mdia prxima de 1,5. O ndiceagpatico ((N+K)/Al, molar) varia de 0,7 a 0,92.Considerando que 0,87 o limite inferior de ro-chas alcalinas (Ligeois et al., 1998), estes gra-nitos so subalcalinos, com tendncia alcalina.O diagrama AFM (Fig. 4.7A) mostra que as ro-chas desta unidade so clcio-alcalinas muito di-ferenciadas e no diagrama R1R2 (Fig. 4.7B) seposicionam ao longo do trend clcio-alcalino dealto K. Os padres de elementos traos (Fig.4.8A) mostram as fortes oscilaes de teores doselementos mveis, sugestivas de processos ps-magmticos. As anomalias negativas de Sr, P eTi e Nb e positivas de Tb e Y so proeminentes esugerem forte fracionamento e importante con-tribuio crustal. Comparativamente aos grani-tos das unidades Vitria e So Pedro, os desta

  • 35

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Figura 4.6 Granitos So Pedro e So Romo.Diagrama discriminante de Pearce (1996). Mesmalegenda da figura 4. 4.

    Figura 4.4 Granitos So Pedro e So Romo. A:diagrama AFM; B: diagrama R1R2 modificado de LaRoche et al. (1980).

    Figura 4.5 Granitos So Pedro e So Romo. A:Diagrama multielementar; B: padres de ETR.

    unidade so discretamente mais ricos em ETRL(Fig. 4.8B), se assemelham nos ETRP e possuemanomalias negativas de Eu mais pronunciadas.No diagrama da figura 4.9, o granito Z do Tor-no caracterizado como ps-colisional, a exem-plo dos anteriores, mas algumas amostras, cujoscontedos so mais caractersticos de rochas al-calinas, caem no campo dos granitos intraplaca(WPG). Isto sugere ambiente em regime de es-tabilizao e tendncia a anorognico.

    Rochas vulcnicas do Grupo Roosevelt - Asrochas vulcnicas do Grupo Roosevelt so finas,porfirticas e podem ou no estar deformadas.So compostas de matriz de feldspato, quartzo,biotita e apatita, com fenocristais de plagioclsioou microclnio. Os dados analticos destas uni-dades constam da tabela 4.4. A mdia dos teo-res de Al2O3 pouco superior a 13%. So rochasmetaluminosas a peraluminosas, com razesK2O/Na2O entre 0,7 e 1,7. O ndice agpatico((N+K)/A molar) varia entre 0,7 e 0,9, o que ca-

    racteriza as rochas da unidade comosubalcalinas. O diagrama AFM (Fig. 4.7A) mostraque so clcio-alcalinas de alto K e o diagramaR1R2 (Fig. 4.7B) que vrias amostras tm valorde R2 abaixo da linha delimite do trend

  • 36

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    Figura 4.8 Granitos Z do Torno e vulcnicasRoosevelt. A: Diagrama multielementar; B: padresde ETR.

    Figura 4.7 Granitos Z do Torno e vulcnicasRoosevelt. A: diagrama AFM; B: diagrama R1R2modificado de La Roche et al. (1980).

    Figura 4.9 Granitos Z do Torno e vulcnicasRoosevelt. Diagrama discriminante de Pearce(1996). Mesma legenda da figura 4.7.

    subalcalino, o que indica que possuem tendn-cia alcalina. O diagrama multielementar normali-zado ao manto primordial (Fig. 4.8A) mostra queestas rochas vulcnicas so composicionalmentemais homogneas do que os granitides darea, o que resulta em padres muito semelhan-tes e prximos. As variaes de teores no seg-mento esquerdo do diagrama so menores doque nas dos demais granitides, sugestivo deao menos intensa de agentes ps-magmticos. As anomalias negativas de Nb, Sr,P e Ti e positivas de Tb e Y so proeminentes esugerem forte fracionamento e contribuiocrustal importante. Os teores e os padres deETR destas vulcnicas (Fig. 4.8B) so idnticosaos da maioria das rochas granticas estaterianasda rea. Algumas amostras exibem anomaliasnegativas de Eu mais proeminentes, provvelreflexo da variao nas propores defenocristais de feldspatos. No diagrama da figu-ra 4.9, estas rochas se posicionam no campo

    ps-colisional, como todas as intruses clcio-alcalinos de alto K da rea.

    Durante o Projeto Alta Floresta (Souza, etal., 2005) foi mapeado o Grupo So Marcelo Ca-beas, de carter vulcanossedimentare seme-lhante s rochas do Grupo Roosevelt. A nature-

  • 37

    Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuan

    za petroqumica das rochas de ambos os gru-pos anloga, mas as do Grupo Marcelo Cabe-as tem acentuada caracterstica alcalina. pos-svel que estes grupos pertenam a um mesmoevento vulcano-sedimentar.

    4.2.3 Magmatismo alcalinoAtividade magmtica alcalina ocorreu na

    rea do projeto em dois perodos distintos. NoEstateriano representada pela Sute NovaCana, de idade semelhante a dos granitidesclcio-alcalinos de alto K, e no Calimiano pelaSute Intrusiva Serra da Providncia e granitosRio Vermelho e Aripuan.

    Sute Nova Cana A sute englobe as unida-des Nova Cana-1, no deformada, e NovaCana-2, deformada, as quais consistem demonzogranitos e sienogranitos rosados, mdi-os a muito grossos, respectivamente porfirt