Geologia estrutural Falhas

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GEOLOGIA ESTRUTURAL Prof. Michel Arthaud Prof. Haakon Fossen As forças que deformam a crosta são de três tipos: forças compressivas, forças distensivas e forças de cisalhamento. As forças compressivas levam à compressão e redução da crosta, enquanto que as forças distensivas a alongam. As forças de cisalhamento puxam duas partes da crosta em direções opostas. As falhas são a expressão fundamental da atividade tectônica na crosta superior, onde as rochas apresentam um comportamento frágil (rúptil, rígido). Elas estão associadas aos regimes de tensão, compressão ou transcorrente (cisalhamento). Nos níveis mais profundos elas podem também acomodar problemas geométricos ligados ao dobramento). Quando forças externas atuam sobre um corpo, dizemos que o corpo está sujeito a tensões ou esforços (stress). A deformação (mudança de forma) do corpo devido às tensões é designada deformação. O gráfico ao lado mostra um corpo inicialmente sujeito a deformação elástica, depois a deformação plástica e, finalmente, uma deformação rúptil ou frágil. Habitualmente, as rochas sofrem deformação ao longo dessas três fases. A primeira fase da deformação é elástica. Se a tensão aplicada ao corpo aumentar, é excedido o limite de elasticidade e a deformação torna-se permanente.

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Aula de Geologia Estrutural para o curso de Engenharia de Minas, FINOM. Falhas: elementos e classificação.. Baseado em FOSSEN, Haakon. Structural Geology, e ARTHAUD, Michel Henri. Elementos de Geologia Estrutural.

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GEOLOGIA ESTRUTURAL Prof. Michel Arthaud Prof. Haakon Fossen

As forças que deformam a crosta são de três tipos: forças compressivas, forças distensivas e forças de cisalhamento. As forças compressivas levam à compressão e redução da crosta, enquanto que as forças distensivas a alongam. As forças de cisalhamento puxam duas partes da crosta em direções opostas.

As falhas são a expressão fundamental da atividade tectônica na crosta superior, onde as rochas apresentam um comportamento frágil (rúptil, rígido). Elas estão associadas aos regimes de tensão, compressão ou transcorrente (cisalhamento). Nos níveis mais profundos elas podem também acomodar problemas geométricos ligados ao dobramento). Quando forças externas atuam sobre um corpo, dizemos que o corpo está sujeito a tensões ou esforços (stress). A deformação (mudança de forma) do corpo devido às tensões é designada deformação. O gráfico ao lado mostra um corpo inicialmente sujeito a deformação elástica, depois a deformação plástica e, finalmente, uma deformação rúptil ou frágil. Habitualmente, as rochas sofrem deformação ao longo dessas três fases.

A primeira fase da deformação é elástica. Se a tensão aplicada ao corpo aumentar, é excedido o limite de elasticidade e a deformação torna-se permanente.

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Contudo, se a tensão for aliviada, o corpo retorna à sua forma e tamanho originais.

Agora, a deformação excedeu o limite de elasticidade.

Se a tensão terminar, podemos ver que o corpo não readquire sua forma e tamanho originais. Este sofreu uma deformação permanente. Veja o gráfico. Contudo, se a tensão aumentar, o corpo irá, eventualmente, se fraturar. Em geologia, a deformação que ocorre antes da fratura (i.e., deformação elástica e plástica) é referida como deformação dúctil. Quando o corpo se fratura, dizemos que sofreu uma deformação rúptil ou frágil .

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O comportamento das rochas pode ser visualizado no seguinte esquema:

FALHAS Falhas são superfícies ou zonas estreitas onde as rochas estão quebradas ou deslocadas. Elas são caracterizadas por apresentarem movimento paralelo à superfície de fratura (ruptura). Esta superfície, plana ou curva, é chamada plano de falha ou superfície de falha.

Quando a superfície do plano de falha é perfeitamente polida, as vezes brilhosa, este plano recebe o nome de espelho de falha. As massas rochosas separadas pelo plano de falha são os blocos de falha ou compartimentos de falha. O bloco geometricamente acima do plano de falha é o bloco superior, também chamado de capa ou teto. O bloco geometricamente abaixo do plano de falha é o bloco inferior, também chamado lapa ou muro.

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No caso de falhas com plano vertical, esta terminologia não se aplica. Neste caso, a identificação dos compartimentos é feita usando os pontos cardeais (ex.: bloco NE, bloco S etc.). É muito comum a superfície do plano de falha apresentar um aspecto estriado, em função do atrito entre os blocos, da presença de elementos estirados ou do crescimento fibroso de determinados minerais (como, p.e., calcita ou quartzo). As estrias, geralmente lineares, indicam a direção relativa do movimento dos blocos. Quando há uma rotação do plano de falha, as estrias geralmente estão encurvadas. O ângulo (medido com transferidor) entre a direção do plano de falha e a estria é o pitch da estria. O rejeito da falha caracteriza o movimento relativo dos blocos e corresponde à distância que separa dois pontos, situados em blocos opostos, que se encontravam inicialmente juntos. Este rejeito, ou rejeito verdadeiro (net slip) nem sempre pode ser determinado no campo. As figuras a seguir mostram a decomposição do rejeito segundo os planos horizontal, plano vertical paralelo à direção da falha e plano vertical perpendicular à direção da falha.

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As falhas são classificadas como inversa, normal ou transcorrente, conforme o sentido do deslocamento. A cada regime tectônico pode ser associado um tipo específico (mas não exclusivo) de falha. Veja a ilustração ao lado.

- ao regime compressional correspondem as falhas inversas, caracterizadas por um movimento relativo de subida do bloco superior. Estas falhas são, as vezes, chamadas de falhas de cavalgamento. Elas provocam um encurtamento crustal associado a um espessamento. Teoricamente, elas apresentam mergulho de baixo ângulo (<450).

- as falhas normais associam-se ao regime extensional e são caracterizadas por um movimento de descida do bloco superior. Eram antigamente chamadas de falhas de gravidade. Elas provocam um estiramento crustal, associado a um afinamento. Teoricamente, elas apresentam mergulho de alto ângulo (>450);

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- ao regime transcorrente (ou de cisalhamento) correspondem as falhas transcorrentes, caracterizadas por um movimento relativo direcional (paralelo à direção do plano de falha) dos compartimentos. Elas provocam um estiramento e um encurtamento da crosta em duas direções perpendiculares, mas não levam ao espessamento ou ao afinamento da crosta. As falhas transcorrentes podem ser divididas em dois conjuntos: as falhas transcorrentes dextrais desligamento para a direita) e sinistrais (desligamento para a esquerda). A figura acima é uma imagem aérea da Falha de Santo André, na Califórnia, com desligamento direito. A determinação do nome a ser utilizado para uma determinada falha implica no conhecimento da direção exata e do sentido do movimento relativo dos compartimentos. Referências: FOSSEN, Haakon. Structural Geology. Chapter 2 e-module. http://www.rc.unesp.br/igce/petro/estrutural/Geol_Estrutural_Unesp_RC/Links_uteis_files/02%20Deformation.swf. ARTHAUD, Michel Henri. Elementos de Geologia Estrutural. http://geologico.blogspot.com.br/2012/10/apostila-elementos-de-geologia.html.