GEOMARKETING DIGITAL - análise sobre as mudanças no comportamento do consumidor a partir do uso de...

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Centro Universitário UNA MBA Comunicação Digital e Mídias Sociais Admilson Veloso da Silva 1 GEOMARKETING DIGITAL: análise sobre as mudanças no comportamento do consumidor a partir do uso de GPS em aplicativos para check-in Belo Horizonte 2013 1 MBA em Comunicação Digital e Mídias Sociais pelo Centro Universitário UNA, jornalista e analista de mídias sociais. Contato: [email protected]

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A utilização de dispositivos móveis tem transformado não apenas a forma como nos comunicamos enquanto pessoas, mas também a maneira como as empresas se comunicam conosco. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias oferecem uma série de recursos, como o Sistema de Posicionamento Global (GPS) associado a aplicativos, permitindo aos usuários gerar sua geolocalização. Essa mesma inovação produz um banco com dados que pode direcionar o marketing feito para o meio digital. O presente estudo se propõe a analisar as implicações trazidas pelo comportamento do internauta que faz check-in por meios desses aplicativos e quais as possibilidades que surgem com o fenômeno para o geomarketing.

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Centro Universitário UNA

MBA Comunicação Digital e Mídias Sociais

Admilson Veloso da Silva1

GEOMARKETING DIGITAL: análise sobre as mudanças no comportamento do

consumidor a partir do uso de GPS em aplicativos para check-in

Belo Horizonte

2013

1 MBA em Comunicação Digital e Mídias Sociais pelo Centro Universitário UNA, jornalista e analista de mídias

sociais. Contato: [email protected]

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Admilson Veloso da Silva

GEOMARKETIN DIGITAL: análise sobre as mudanças no comportamento do

consumidor a partir do uso de GPS em aplicativos para check-in

Artigo apresentado como requisito de

avaliação do curso MBA em Comunicação

Digital e Mídias Sociais do Centro

Universitário UNA para obtenção do título de

especialista pós-graduado.

Professor orientador: Dirceu Belém.

Belo Horizonte

2013

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Resumo

A utilização de dispositivos móveis tem transformado não apenas a forma como nos

comunicamos enquanto pessoas, mas também a maneira como as empresas se comunicam

conosco. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias oferecem uma série de recursos, como o

Sistema de Posicionamento Global (GPS) associado a aplicativos, permitindo aos usuários

gerar sua geolocalização. Essa mesma inovação produz um banco com dados que pode

direcionar o marketing feito para o meio digital. O presente estudo se propõe a analisar as

implicações trazidas pelo comportamento do internauta que faz check-in por meios desses

aplicativos e quais as possibilidades que surgem com o fenômeno para o geomarketing.

Palavras-chave: Geomarketing, Aplicativos, Marketing Digital, Mobile Marketing,

Comunicação Digital

Abstract

The use of mobile devices has transformed not only the way we communicate as individuals

but also the way businesses communicate with us. At the same time, new technologies offer a

number of features such as the Global Positioning System (GPS) associated with applications,

allowing users to generate your map. This same innovation produces a database with data that

can drive marketing done for the digital medium. The present study aims to analyze the

implications brought by the behavior of the Internet users that make check-in using these

applications and what are the possibilities that come with the phenomenon for geomarketing.

Keywords: Geomarketing, Apps, Digital Marketing, Mobile Marketing, Digital

Communication

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................3

2 – METODOLOGIA...............................................................................................................3

3 – O MARKETING E SUAS TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DOS ANOS.............4

4 – GEOMARKETING COMO ESTRATÉGIA DE CONCORRÊNCIA...........................6

5 – MARKETING DIGITAL: A INTERNET E SUAS POSSIBILIDADES.....................7

6 – O MOBILE EM CENA PARA MUDAR OS NEGÓCIOS.............................................8

7 – MOBILE MARKETING E M-COMMERCE...................................................................9

8 – APLICATIVOS COM GPS PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS...................................10

9 – PESQUISA COM INTERNAUTAS SOBRE CHECK-IN EM APLICATIVOS........12

10 – MARKETING EM APLICATIVOS............................................................................14

11 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO..........................................................15

12 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................16

13 – REFERÊNCIAS DA INTERNET................................................................................17

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1 - INTRODUÇÃO

As novas tecnologias, a exemplo dos computadores portáteis e smartphones, transformaram a

forma como os seres humanos se comunicam. O impacto dessas mudanças é refletido em

questões sociais, políticas e econômicas, tanto em níveis locais quanto em escala global. O

advento das redes sociais levou para a Internet muitos dos comportamentos existentes na

sociedade tradicional. Ao mesmo tempo, o aprimoramento dessas ferramentas, a criação de

aplicativos que facilitam o dia a dia e outras invenções também afetam as relações empresa-

consumidor.

É neste cenário que o uso da tecnologia do Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla

em inglês), associada aos aplicativos, transportam os clientes para dentro das organizações no

mundo digital. Mas o que esse fenômeno representa no comportamento do consumidor?

Quais são as mudanças que esse fenômeno provoca no geomarketing e no marketing digital?

2 - METODOLOGIA

O processo de desenvolvimento da pesquisa foi dividido em cinco etapas para facilitar o

estudo: pesquisa e análise bibliográfica do tema em estudo; levantamento de conteúdo e dados

sobre aplicativos que utilizam GPS e check-in no mundo digital; pesquisa quantitativa e não

probabilística sobre check-in a partir de aplicativos que usam GPS; análise do material e

redação do artigo. A primeira seção reúne a bibliografia que trata dos principais temas

estudados. A partir daí, é feita uma análise do material e elaborado um referencial teórico para

embasar as próximas fases.

A segunda seção compreende o levantamento de dados sobre o uso de aplicativos e

dispositivos móveis no Brasil. A terceira, apresenta uma pesquisa com consumidores sobre o

uso de aplicativos com GPS para check-in e o comportamento desse público. Os

levantamentos foram virtuais, por meio de formulário do Google Drive. A penúltima seção

traz a análise do material, aplicando as teorias estudadas, para verificação do problema

levantado pela pesquisa. Na última, são feitas as considerações finais e conclusão do estudo.

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3 – O MARKETING E SUAS TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DOS ANOS

O marketing sempre foi usado como uma estratégia para as empresas conquistarem a atenção

dos consumidores para seus produtos e, consequentemente, aumentar as vendas. Desde o

começo, porém, essa ferramenta vem passando por mudanças. Durante a Revolução

Industrial, período considerado por Kotler (2010), como o início do marketing, a atenção era

voltada para os produtos. O autor cita Henry Ford como exemplo, ao dizer que os produtos da

época eram básicos e concebidos para servir ao mercado de massa.

Para os pesquisadores Kotler e Levy (apud Cobra e Brezzo, 2010), o marketing tinha como

função manter o contato da organização com seus consumidores, investigar suas necessidades,

desenvolver produtos que cobrem essas necessidades, desenhar a forma de distribuí-los e

construir um programa de comunicação para expressar os propósitos da organização.

Posteriormente, com o crescimento dos meios de comunicação e o desenvolvimento da

tecnologia da informação, o marketing se tornou mais complexo. As transformações

refletiram o comportamento do consumidor, que passou a ter mais opções de produtos para

escolher e conteúdo sobre quais são os melhores. Nessa era, as campanhas começaram a ser

direcionadas para os clientes, na tentativa de conquistar seus corações e mentes.

A terceira fase apontada por Kotler (2010) na evolução do marketing se refere ao período

atual. De acordo com o autor, hoje é preciso não apenas valorizar o consumidor, colocando-o

como centro da atenção ao elaborar estratégias de vendas. Ele revisou a própria teoria para

adequar os conceitos elaborados na década de 1960 à nova realidade.

Para conquistar o cliente, segundo o pesquisador, as empresas necessitam trabalhar valores

que satisfaçam a demanda do público quanto a uma mudança em escala global de

comportamento social, a exemplo de conceitos de sustentabilidade agregados aos produtos e

marcas.

Confira na Tabela 1 abaixo os três períodos - descritos por Kotler (2010) como Marketing 1.0,

Marketing 2.0 e Marketing 3.0 - e suas principais características:

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Tabela 1 – Os três períodos do Marketing, segundo Kotler (2010)

Assim como Kotler, Godin (2000) divide a história do marketing. Porém, ele considera

apenas duas partes: o Marketing de Interrupção e o Marketing de Permissão. Segundo o autor,

a primeira fase diz respeito a todo o período e estratégias em que o consumidor precisava ser

interrompido na sua atividade para receber a informação sobre o produto.

Ele cita a televisão como exemplo, que para a programação no intuito de transmitir a

publicidade. Essa interrupção não era uma escolha do cliente, que se sentia obrigado a

consumir o conteúdo no intervalo. O mesmo acontece com revistas e jornais, ao incluir no

meio das notícias páginas para os anúncios.

Em contraponto a esse modelo, apontado como ultrapassado por Godin (2000), surge a

possibilidade de um marketing mais direto, personalizado, ao que ele denomina de Marketing

de Permissão. Nesta nova etapa, potencializada pela Internet e novos meios de comunicação,

o espectador não é apenas um receptor do conteúdo produzido para o público de massa.

Segundo o pesquisador, há uma mudança na relação das empresas com os consumidores,

tornando-a mais íntima. A transformação faz com que a publicidade apresente mensagens

com um tom mais pessoal. O “Marketing de Permissão transforma os estranhos em amigos e

os amigos em clientes”, explica.

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4 – GEOMARKETING COMO ESTRATÉGIA DE CONCORRÊNCIA

A área de geomarketing inclui diversas características da prática tradicional, porém, com sua

base na utilização de data e informações referentes à geolocalização do cliente. Também

conhecida como marketing geográfico, a disciplina pode ser aplicada no planejamento de

estratégia para definir aspectos de Produto, Preço, Promoção e, especialmente, Praça. Por

meio dela, é possível entender melhor a realidade do consumidor e, consequentemente,

determinar a forma como ele será abordado pela empresa.

Segundo Cobra e Brezzo (2010), o geomarketing tem uma utilidade especial de facilitar a

segmentação do mercado, pois oferece variáveis econômicas, sociais e demográficas, além da

localização. Os autores afirmam que ele seria como uma fusão da pesquisa de mercados com

a cartografia digital. Essa união permite que a informação sobre os consumidores e o mercado

sejam localizadas em um mapa GIS (Sistema Geográfico de Informação, do inglês

Geograpchical Information System), para criar uma representação visual do mercado.

Para o funcionamento do geomarketing, Cobra e Brezzo (2010) explicam que são necessários

três elementos básicos: software cartográfico, base de dados e dados cartográficos digitais. A

partir deles, pode-se levantar informações que auxiliarão na sua estruturação e

direcionamento.

Os pesquisadores ainda apontam seis objetivos principais para a disciplina, sendo eles:

analisar e localizar clientes; definir e identificar o público-alvo das campanhas; desenhar e

avaliar o canal de distribuição; definir a dimensão do mercado; determinar a localização de

filiais, depósitos e centros de abastecimento; indicar percursos para facilitar a logística e

reduzir custos.

Diferentemente do que os estudiosos acima acreditam, Cliquet (2006) critica o fato de o

geomarketing simplificar demais e até mesmo mascarar a complexidade do comportamento

do consumidor, deixando de levar em consideração características e dados relevantes para o

entendimento do público.

Segundo ele, a disponibilidade de bases de dados, que são muitas vezes sucintas, contendo

apenas dados sócio-demográficos e endereços, não é suficiente para entender essa questão.

“Parece, portanto, necessário desenvolver uma abordagem fiel a comercialização do espaço, a

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fim de melhorar a tomada de decisão, seja no local de ou na gestão dos elementos do mix de

marketing” (CLIQUET, 2006).

5 – MARKETING DIGITAL: A INTERNET E SUAS POSSIBILIDADES

O marketing foi uma das áreas que ganhou novas características a partir do desenvolvimento

das Tecnologias da Informação e Comunicação (conhecidas pela sigla TICs). Outras

particularidades e demandas surgiram no cenário dominado por computadores, tablets,

smartphones e outros dispositivos. Com o advento desse novo mercado, os profissionais

precisaram descobrir formas de transmitir o conteúdo no mundo virtual, dando origem ao

Marketing Digital ou Marketing de Internet, como nomeiam Cobra e Brezzo (2010).

Os dois autores identificam o começo desse formato na década de 1990, mas afirmam que ele

só ganhou maior impulso nos anos 2000. Para eles, o novo modelo pode ser definido como

uma variação que combina os princípios convencionais de marketing com as facilidades

interativas da Web. “O propósito é comercializar produtos e serviços através de um conjunto

de ações coordenadas pelas Internet” (COBRA e BREZZO, 2010).

Os estudiosos identificam cinco agentes econômicos dessa fase, chamada por eles de

Sociedade da Informação, que representam os impactos das tecnologias criadas nas últimas

décadas: 1) o conhecimento se torna a chave da nova economia; 2) crescem as atividades

virtuais; 3) Interconexão econômica; 4) ampliação e microssegmentação de mercados ao

mesmo tempo; e 5) desaparecimento das distâncias geográficas.

As transformações fizeram com que os consumidores se tornassem mais exigentes. Agora, por

exemplo, eles exigem uma resposta mais rápida para as suas demandas e um atendimento

personalizado, criando desafios para o marketing. Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010),

também fazem a situação do mercado ao comportamento das pessoas.

A transformação social trouxe impactos para esses públicos e para o marketing. Para eles, a

nova onda de tecnologia se tornou o principal motor para o nascimento do que chamam de

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Marketing 3.0. Nesta era, o consumidor não quer mais apenas consumir, mas também

interagir e produzir conteúdo.

Dentre as configurações do marketing surgido com as TICs, está a participação do cliente

como influenciador de decisões na Internet. Um blog, as contas em redes sociais como

Facebook e Twitter ou um canal de vídeo no YouTube funcionam como disseminadores de

opinião. “A influência que a publicidade corporativa tem em moldar o comportamento de

compra vai diminuir consequentemente”, avaliam os especialistas.

Essa mudança na postura do público também é destacada por Chris Anderson (2006) no

clássico sobre o tema, “A Cauda Longa”:

Junto com a fragmentação dos mercados está chegando a fragmentação do

marketing. Um padrão para todos os anúncios em meios de transmissão já não

influenciam os consumidores que não estão vendo aquela mídia ou respondendo a

mensagens que não são realmente destinadas a eles. Na inversão de poder que tem

acompanhado a ascensão dos usuários – dirigidos pela Web – indivíduos são mais

confiáveis, instituições, menos – as mensagens mais eficazes vêm dos amigos. Nada

vence o boca-a-boca e, como vimos, a Web é o maior amplificador que o mundo já

viu (ANDERSON, 2010).

Apesar disso, algumas iniciativas podem ser tomadas no intuito de aproveitar os benefícios da

Web. Há empresas que criam e administram seus perfis nas mídias sociais como canais de

relacionamento com o público, patrocinam postagens em blogs populares das suas áreas ou

simplesmente fazem publicidade no meio digital. A melhor forma de vender para essas

pessoas da “Cauda Longa”, na visão de Anderson (2006), é procurar saber quem as influencia

na rede e focar as energias nesses pontos específicos. “Isso começa com o ‘fazer menos’ em

mensagens (falar) e praticar mais a escuta”, aconselha.

6 – O MOBILE EM CENA PARA MUDAR OS NEGÓCIOS

Mais brasileiros estão usando celulares e com recursos multimídias. Uma pesquisa realizada

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na avaliação dos dados

levantados entre 2005 e 2011 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD)

mostra que já são 115,4 milhões proprietários dos aparelhos no Brasil. Outra apuração, desta

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vez realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), indica que o país tinha

245,2 milhões de celulares em janeiro de 2012. Além disso, os números apontam que são

mais de 50,8 milhões de acessos à Internet por meio de terminais 3G, com a banda larga

móvel.

Indo ao encontro dessas informações, um estudo feito pelo instituto norte-americano Nielsen

no primeiro semestre de 2012, entrevistando mil pessoas acima dos 16 anos, aponta que

existem mais dispositivos com acesso à Web do que aqueles sem a tecnologia no Brasil. Na

época, 36% dos brasileiros utilizavam smartphones e outros 21% tinham aparelhos com

multimídia – incluindo Internet - na contramão dos 44% com poucos recursos.

A utilização da Web a partir dos dispositivos móveis também influencia as características

sobre o comportamento do consumidor. É o que avalia Dodge e Kitchin (2000) e Harpold

(1999) em análise feita por Brunn, Cutter e Harrington (2004), ao citar que a introdução da

conexão mobile amplifica as complexidades das geografias digitais contemporâneas:

Essas tecnologias permitem um tipo de interação completamente novo, seja a

comunicação “boca-a-boca” ou os novos usos do ambiente construído, fundindo o

acesso a informação e comunicações instantâneas em todo o mundo por meios

portátil e pessoal. Estamos nos tornando indivíduos digitais únicos e poderosos

dentro de sociedades digitais múltiplas (BRUNN, CUTTER e HARRINGTON,

2004).

Enquanto caminhamos para nos tornar uma sociedade ainda mais conectada, seja por meio de

computadores, laptops, tablets ou celulares, o marketing também evolui para acompanhar

esse movimento. Entende-se que ele precisa estar nos lugares e aparelhos que os

consumidores utilizam e, mais importante, conhecer o seu comportamento para se adequar às

suas expectativas e exigências.

7 – MOBILE MARKETING E M-COMMERCE

Nos primeiros anos, lá pela década de 80, sua função principal era realizar chamadas

telefônicas com uma mobilidade maior para o usuário. Depois, o celular passou a oferecer a

possibilidade de envio de mensagens curtas de texto (na sigla SMS, do inglês Short Message

Service), aos poucos foi evoluindo, permitiu a transmissão de dados multimídia (MMS,

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Multimedia Message Service) e, nos anos 2000, veio uma revolução: a transmissão de dados e

o acesso à Internet.

O desenvolvimento dos telefones celulares foi seguido pelo marketing e pelo comércio

eletrônico nessas plataformas – denominado de m-commerce -, que se adaptou às novas

tecnologias agregadas aos aparelhos. Na contemporaneidade, as possibilidades são ampliadas

pela descoberta ou invenção e incorporação de funcionalidades aos dispositivos, a exemplo do

sistema de posicionamento global (GPS).

O pesquisador Mahesh S. Raisinghani (2004) indicou, há quase uma década, que enquanto a

Internet já se tornou uma forma legitimada de comércio que transformou o jeito como o

mundo faz negócios, esse processo estava prestes a mudar novamente pelos dispositivos

portáteis que utilizam a rede sem fio para conexão.

Apesar dos avanços nos últimos anos, Raisinghani (2004) alerta sobre as dificuldades na

infraestrutura, ainda encontradas em alguns pontos, como a baixa velocidade e a qualidade

questionável da Internet ofertada pelas operadoras para esses aparelhos no Brasil. Contudo, o

mercado permitido por meio dos telefones móveis é amplo e de crescimento rápido:

A comunicação móvel está se tornando uma necessidade essencial para os

indivíduos e empresas nas suas ações diárias. Utilizando o comércio mobile, as

organizações podem oferecer serviços aos consumidores que são facilmente

acessados nos dispositivos móveis a qualquer hora e em qualquer lugar

(RAISINGHANI, 2004).

Nesse sentido, percebe-se um vasto campo a ser explorado pelo mercado do marketing, para

chegar aos corações e “mãos” dos internautas de celulares. Enviar SMS foi uma estratégia

utilizada no começo e, hoje, os profissionais já têm acesso a uma série de novas

funcionalidades para atrair a atenção do usuário. Dentre elas, está a veiculação do marketing

em aplicativos, objeto deste estudo.

8 – APLICATIVOS COM GPS PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS

Os aplicativos para dispositivos móveis são um formato de software desenvolvido

especificamente para rodar nessas plataformas. Associados a outras funcionalidades dos

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aparelhos, como o acesso à Internet ou ao Sistema de Posicionamento Global (GPS), eles

permitem que o usuário tenha à mão dados e informações externas ao equipamento.

Enquanto alguns dos aplicativos já vêm instalados, outros podem ser baixados em lojas

virtuais, como a App Store e o Google Play, gratuitamente ou pagos. Eles podem ser

adaptados para os sistemas Android (Google) e iOS (Apple), ou somente para um.

Atualmente, o desenvolvimento e comércio desses produtos tem sido tema de debates no

Brasil e ainda não há dados concretos do setor sobre o crescimento desse mercado.

Por meio do recurso de GPS, os aplicativos conseguem levantar dados geográficos e

compartilhar informações dos usuários sobre o geoposicionamento. Uma das opções, em boa

parte deles, é cadastrar e selecionar estabelecimentos em uma área para marcar como visitado

(check-in). Porém, também é possível localizar outras pessoas na mesma região e

compartilhar conteúdo.

O pesquisador Jake Rutter (2012) infere, ao analisar sites que utilizam esses recursos, que os

“aplicativos baseados na geolocalização estão começando a ganhar mais popularidade”. Isso

ocorre devido à praticidade que o internauta tem, por exemplo, em verificar quais são os

restaurantes em determinada parte da cidade e quais as recomendações que os outros clientes

deixaram ao passar pelo estabelecimento.

Em certos casos, os empresários desenvolvem aplicativos próprios para cada comércio, com o

intuito de facilitar a relação com o consumidor. Bares costumam oferecer o cardápio e outros

detalhes do atendimento nessas bases. Em lugares onde a cultura tecnológica já está mais

absorvida pela sociedade, como em São Francisco, nos Estados Unidos, há comércios que

permitem ao público realizar todo o processo de compra pelo dispositivo, até mesmo o

pagamento.

Pode-se então definir, a partir das observações apresentadas, que há dois modelos de

aplicativos: os desenvolvidos pelas empresas para o relacionamento com o cliente e aqueles

externos, geralmente integrados às redes sociais, que utilizam a geolocalização. Dentre os

milhares de aplicativos disponíveis nas lojas virtuais, os com esses recursos e mais populares

no Brasil são o Foursquare, o Instagram, o Waze (dados de tráfego e trânsito) e alguns para

relacionamentos, como o Tinder e o Grindr (voltado para o público gay). Cada um dos

produtos tem características e funcionalidades específicas, mas todos processam os dados

geográficos para dar respostas aos usuários.

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A utilização desses softwares com mapas inteligentes, segundo Dodge and Kitchin (2000) e

Harpold (1999), a partir da análise de Brunn, Cutter, e Harrington (2004), tende a se

direcionar para um mundo centrado na localização dos indivíduos e com o intuito de saciar

seus interesses, a exemplo do que já vem ocorrendo. Contudo, os autores alertam para as

implicações éticas e de privacidade que surgem paralelamente.

Brunn, Cutter, e Harrington (2004) - ao estudarem a relação da geografia com a tecnologia -,

fazem um alerta sobre o que chamam de “sombra de dados” e afirmam que o fenômeno está

passando por mudanças enquanto se torna mobile (referência à geração dos dados por

dispositivos móveis), contínua através do tempo e do espaço, mais duradoura e acessível:

A habilidade de determinar a localidade de indivíduos o tempo todo via Sistemas de

Posicionamento Global (GPS) baratos e precisos, e de sistemas de monitoramento

sem fios, se tornará comum nos próximos anos. Haverá significativas implicações

para a natureza da privacidade individual. Convencionalmente, coordenadas de

localização para uma pessoa eram registradas, até então, apenas esporadicamente em

suas sombras de dados em certos pontos de interação, como ao utilizar o cartão de

crédito. Até o momento, poucas pessoas pensaram nas consequências do fato de seus

movimentos através do espaço serem monitorados por telefones móveis e

registrados pela companhia telefônica (BRUNN, CUTTER e HARRINGTON,

2004).

Os autores afirmam que as mesmas tecnologias sem fio que nos proporcionam uma maior

flexibilidade na construção de nossas “geografias diárias individuais” também estão

simultaneamente provendo os meios para o nosso acompanhamento em uma escala que não

existia até então, o que precisa ser discutido, pois se refere à privacidade das pessoas.

9 – PESQUISA COM INTERNAUTAS SOBRE CHECK-IN EM APLICATIVOS

A pesquisa foi realizada nos meses de junho, julho e agosto de 2013 por meio do Google

Drive e divulgada por meio do Facebook e Twitter, convidando os usuários a responderem

um questionário composto por 14 perguntas. O intuito do levantamento foi obter informações

junto aos usuários sobre a utilização dos aplicativos com GPS para check-in, principalmente

em Belo Horizonte e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Ao todo, foram registradas 164 respostas dos internautas. Desse total, 131 afirmaram que já

utilizam os aplicativos, o que corresponde a 80%, e 33% ainda não são usuários. O perfil do

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público é composto de 55% de mulheres e 45% de homens, e a maioria tem entre 21 e 25 anos

(59%) e de 26 a 30 anos (28%). Os maiores de 30 correspondem a 7% e os menores de 20

anos a 6%.

A parcela dos entrevistados que vive em Belo Horizonte é de 68%, na RMBH de 18%, em

outras cidades de Minas é de 12% e outros estados 2% e 1% em outros países. Sobre a

ocupação, boa parte é estudante (44%), seguido de trabalhador com carteira assinada (35),

empregado com contrato (7%), autônomo (7%), desempregado (5%), concursado (2%) ou

outros (1%).

A partir dessas informações, podemos seguir para uma apresentação e análise dos números

referentes à utilização dos aplicativos. Apresentamos quatro opções aos internautas para que

respondesse qual deles era usado com mais frequência para check-in: Facebook obteve 55%,

Foursquare 25% e Instagram 14%, sendo que outros aplicativos representam 5%. A questão

buscou avaliar qual era a primeira opção ao fazer o check-in, já que tanto o Instagram quanto

o Foursquare permitem que a pessoa compartilhe o conteúdo também no Facebook.

Procurou-se saber qual a porcentagem do público que costuma fazer check-in em

estabelecimentos comerciais. Boa parte tem esse comportamento com frequência (24%) ou

pelo menos às vezes (56%), enquanto 20% não apresenta tal atitude. Quando questionados

sobre os tipos de lugares nos quais costumam fazer o check-in, 51% dos entrevistados

responderam que optam por bares e restaurantes, 14% shoppings e cinemas, 7% escolas e

universidades, 3% academias e clubes, e 25% por outros locais – igrejas, comércios,

residência, trabalho.

Em relação ao tipo de conteúdo preferido para o texto que acompanha a postagem, o público

afirmou que em 62% dos casos apenas diz onde está (neutro), 32% recomenda o local para os

amigos (positivo) e 5% utiliza os aplicativos para reclamar sobre algo (negativo). Ao fazerem

check-in, as pessoas têm o hábito de incluir alguma foto na postagem às vezes (45%) ou

sempre (26%), contra 24% que evitam ilustrar com imagem a ação ou nunca o faz (5%).

Apesar do alto índice de utilização desses aplicativos, 45% dos internautas que responderam à

pesquisa consideram que não é seguro divulgar o lugar onde está na Internet por meio de

check-in. Outros 29% acreditam que não há problema e 26% nunca pensaram sobre esse fator.

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10 – MARKETING EM APLICATIVOS

Durante a pesquisa, buscou-se saber a opinião dos entrevistados sobre o marketing e a

publicidade nos dispositivos móveis. Ao serem questionados se gostam quando alguma marca

oferece produto ou serviços em aplicativos ou nas redes sociais, 45% apontaram que sim,

outra parte de 45% disseram que não e 10% responderam que o fato nunca ocorreu com eles.

Pode-se observar na Figura 1 abaixo, sobre o interesse do público de ver nos aplicativos

produtos e serviços de suas localidades, que mais da metade indicou que gostaria (54%),

enquanto 29% marcaram a opção talvez e 18% não se interessam.

Figura 1 – Pesquisa sobre marketing em aplicativos

Sobre os fatores que poderiam motivá-los a efetuar uma compra a partir dos aplicativos,

aparecem a confiança no aplicativo (23%), praticidade da compra virtual (21%),

conhecimento ou credibilidade da marca (17%), rapidez para realizar a compra (11%),

proximidade com a localidade (2%) e impulso (2%). Para 4% outros fatores seriam

motivadores e 20% não se sentem atraídos em compras desse tipo.

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11 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

A partir do levantamento e estudo das teorias sobre o tema, que ainda é recente e requer mais

discussão, além da análise dos dados obtidos com a pesquisa junto aos internautas, podemos

perceber que o mobile marketing é uma área em expansão e com grandes possibilidades a

serem exploradas. Os consumidores que têm dispositivos móveis estão se tornando habituados

ao uso de aplicativos com GPS e apresentam um comportamento de divulgar os lugares que

frequentam. Essas características podem ser exploradas pelas empresas para definir estratégias

no sentido de alcançar esses potenciais clientes.

Como foi apontada pelos entrevistados, a utilização de dados sobre geolocalização para

direcionar o marketing pode ter um resultado positivo, já que os usuários estão interessados

em conhecer as opções de serviços e produtos das suas regiões por meio desses dispositivos.

Contudo, é preciso uma atenção à forma como as ações serão feitas, avaliando quais

aplicativos são adequados a cada tipo de produto, pois existe uma parcela de consumidores

que não gostam dessa publicidade.

Percebe-se, a partir dos estudos referenciados ao longo deste trabalho, que o marketing digital

pode ser beneficiado pelo Geomarketing, pois o público está propenso a consumir por meio

dos aplicativos. Além disso, aqueles que apresentam a falta de motivação para fazê-lo

poderiam ser estimulados pelas campanhas direcionadas ao mobile marketing.

Por fim, pode-se inferir que, com a popularização das novas tecnologias, nasce um formato de

marketing com capacidade de crescimento, chamado de geomarketing digital. Tal modelo se

caracteriza pela utilização dos dados gerados a partir dos check-ins em aplicativos e redes

sociais com GPS para direcionar ações de Marketing. Entretanto, este é um campo que ainda

merece ser estudado de forma mais aprofundada.

Page 18: GEOMARKETING DIGITAL - análise sobre as mudanças no comportamento do consumidor a partir do uso de GPS em aplicativos para check-in

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12 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSON, Chris. The Long Tail: Why the Future of Business is Selling Less of More. EUA:

Hyperion e-book, 2008.

BRUN, CUTTER S.L., e HARRINGTON J.W. Geography and Technology. Holanda:

Kluwer Academic Publishers, 2004.

COBRA, Marcos e BREZZO, Roberto. O Novo Marketing. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2010.

CLIQUET, Gérard. Geomarketing: Methods and Strategies in Spatial Marketing. Estados

Unidos: ISTE, 2006.

GODIN, Seth. Marketing de permissão. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.

KOTLER, Philip. Administração de marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 3.0: From Products

to Customers to the Human Spirit. Estados Unidos: John Wiley and Sons Inc., 2010.

REISINGHANI, Mahesh S. Wireless Communications and Mobile Commerce. EUA: IRM

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RUTTER, Jake. Smashing jQuery: Interatividade Avançada com JavaScript. Porto Alegre:

Editora Bookman, 2012.

13 - REFERÊNCIAS DA INTERNET

IBGE: uso de celular e internet cresceu mais de 100% no Brasil em seis anos. Disponível

em http://www.tecmundo.com.br/brasil/39797-ibge-uso-de-celular-e-internet-cresceu-mais-

de-100-no-brasil-em-seis-anos.htm#ixzz2m0VPQt00 Consultado em 23 de outubro de 2013.

Número de celulares no Brasil chega a 245,2 milhões. Disponível em

http://www.brasileconomico.ig.com.br/noticias/numero-de-celulares-no-brasil-chega-a-2452-

milhoes_113201.html Consultado em 27 de setembro de 2013.

Celulares com internet já são maioria no Brasil, mostra pesquisa. Disponível em

http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/02/celulares-com-internet-ja-sao-maioria-

no-brasil-mostra-pesquisa.html Consultado em 15 de outubro de 2013.