Geopolítica [9] - demostenesfarias.files.wordpress.com · uniformes e à expansão do...

39
© www.demostenesfarias.wordpress.com Geopolítica Prof. Demóstenes Farias, MSc [9]

Transcript of Geopolítica [9] - demostenesfarias.files.wordpress.com · uniformes e à expansão do...

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Geopolítica

Prof. Demóstenes Farias, MSc

[9]

O Estado pode ser definido como o conjunto de estruturas

burocráticas, civis e militares, criadas pela sociedade para elaborar e fazer cumprir normas de conduta social; para coletar tributos e realizar despesas de interesse comum; para elaborar e implementar políticas públicas; e essencialmente para defender os interesses da comunidade no cenário internacional. No exercício dessas funções, cada Estado detém o monopólio do uso legal da força em um determinado espaço físico, seu território, e assim é nele soberano de forma exclusiva.

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Estado

FONTE: GUIMARÃES

Estado, Território, Paises VESENTINI: [6’38’’]

*

A noção de território é inseparável das noções de Estado e de

soberania. Todo o território terrestre e parte dos espaços marítimos e aéreos se encontram sob a jurisdição de Estados específicos que neles exercem sua soberania, impõem suas normas sobre os residentes, nacionais ou não, que neles se encontram;

se necessário pela essa imposição se dará pela força, à exclusão das normas e do poder de qualquer outro Estado. Os casos que se podem apresentar como exceções a essa situação são pontuais e correspondem a regiões não-exploradas a exemplo da Antártida, o mar não-territorial e o fundo do mar; ou a regiões em situação de beligerância, seja esta reconhecida ou não como guerra civil. Ainda no caso dessas regiões ou territórios os Estados procuram regulamentar, definir o exercício das respectivas soberanias nessas áreas para evitar conflitos entre si e regular as relações entre seus territórios. © www.demostenesfarias.wordpress.com

Território

Fonte: GUIMARÃES

O território onde não há a presença do Estado é o território onde não há lei, não há normas de convivência social e onde, portanto, impera a violência e o arbítrio de indivíduos ou grupos armados. [vide KONY 2012].

Portanto, a atividade econômica não pode se realizar de forma eficiente (e lucrativa).

O Estado é essencial para a atividade econômica, quer seja ela exercida em condições capitalistas, nacionais ou multinacionais, ou em bases socialistas.

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Território

Fonte: GUIMARÃES

Tratado de Tordesilhas, Carta de Pero Vaz de Caminha... [6’18’’]

Políticas territoriais

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A existência dos Estados nacionais faz parte da vida cotidiana da população mundial ao atravessar uma fronteira, ser abordada por um policial, obter um diploma, assumir um posto de trabalho ou receber uma subvenção do governo;

As características de um território tiveram significado histórico de disputas :

sua localização [litoral, interior, enclave] seu tamanho [grande ou pequeno] suas fronteiras [retas, sinuosas] forma [longa, compacta, insular, de arquipélago]

Esse fatores ainda representam dificuldades quanto ao acesso ao comércio internacional ou à implementação de uma infra-estrutura eficiente;

Fonte: CASTRO

*

Políticas territoriais

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A Rússia certamente tem problemas muito mais complexos para gerir e controlar seu território do que a Bélgica, por exemplo; Outro exemplo de complexidade é a longa fronteira do Chile com a Argentina, o que acarretaria em grandes custos caso houvesse um conflito com seu vizinho;

O assunto é relevante diante das dimensões externa e interna ao Estado nacional, ou seja: Além das disputas com outros Estados, há a dimensão de centralização do poder, controle social e estratégia territorial.

O Estado é o locus primário do poder mundial, e garante – é o responsável, abonador, e fiador da ordem territorial. Os governos precisam lidar com os efeitos causados na ordem econômica pelos espaços de fluxos produzidos pelas organizações empresariais;

Fonte: CASTRO

Território e estratégia dos estados

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A forma do território de um Estado representa o seu corpo físico; MEIRA MATTOS distingue três aspectos do território: a forma, ou seja, o espaço geográfico que ocupa; a linha periférica ou fronteira; a posição, sua localização no planeta;

Muitas vezes se recorre a analogias para se identificar as formas dos estados, como o clássico exemplo da península da bota (Itália) ou presunto (América do Sul), ou ainda, o arquipélago do colar (Pequenas Antilhas);

RENNER selecionou 4 formas principais: Compacta (França, Brasil, Venezuela, Espanha); Alongada (Chile, Itália); Recortada (Grécia, Canadá, Suécia); e Fragmentada (Japão, Reino Unido, Indonésia)

FONTE: MEIRA MATTOS, 2011

FORMA RECORTADA

FORMA ALONGADA

Formas dos países

© www.demostenesfarias.wordpress.com

FONTES: MAPAS: GOOGLE

Formas dos países

© www.demostenesfarias.wordpress.com

FONTES: MEIRA MATTOS, 2011; MAPAS: GOOGLE

FOR

MA

ALO

NG

AD

A

FORMA COMPACTA

FORMA FRAGMENTADA

JAPÃO “PRESUNTO

FRANÇA

ESPANHA PORTUGAL

ITÁLIA

GRÉCIA

REINO UNIDO

ALEMANHA

TURQUIA

SUIÇA ÁUSTRIA

ESLOVENIA

BÓSNIA

REP. TCHECA

POLÔNIA HOLANDA

BÉLGICA

DINAMARCA

HUNGRIA

BULGÁRIA

Formas dos países (RENNER)

© www.demostenesfarias.wordpress.com

SÉRVIA

FORMA COMPACTA

FORMA FRAGMENTADA

FORMA RECORTADA

3 ENCLAVES

FON

TE

S: M

AP

AS

: GO

OG

LE

*

Território e estratégia dos estados

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Há formas que são mais favoráveis do que outras em relação à coesão dos Estados, outras são até dificultadoras;

as formas compactas são mais favoráveis à coesão do Estado; uma vantagem é a equidistância dos pontos extremos em relação ao centro, favorecendo a evolução do povo em condições mais uniformes e à expansão do desenvolvimento de maneira mais equilibrada, favorecendo à integração nacional [vide Brasília e outras capitais]; A França é um exemplo de país de forma compacta em que o povo atingiu elevado nível cultural e o progresso nacional mostra-se equilibrado;

Nas formas alongadas, quanto maior for o alongamento, maior será o perímetro, com distância muito maior entre os pontos extremos, agravando os problemas próprios das fronteiras e o índice de diferenciação entre os grupos regionais e vulnerabilidade, pois seu território pode ser dividido na zona mais estreita;

FON

TE

S: M

EIR

A M

AT

TO

S, 2

011

*

*

Território e estratégia dos estados

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Pode ser motivo, ainda, de preocupação o sentido do alongamento; se for, por exemplo, no sentido dos meridianos, ou seja, de norte a sul, aumentam as diferenças climáticas, gerando variações de formas de vida, usos e costumes, assim como a produção agrícola, entre os dois extremos, podendo levar ao desequilíbrio e aos antagonismos políticos , dificultando, assim, a coesão nacional; as variações climáticas podem ser positivas no sentido de gerar atividades econômicas complementares;

Um exemplo histórico de alongamento no sentido dos meridianos foi a América Espanhola comparada com a América Portuguesa, pois foi impossível manter a unidade das colônias, por ocasião da sua independência, mesmo com identidade de idioma e religião , e a segunda citada conservou-se unida;

As diferenças culturais e políticas entre o sul e norte da Itália são muito mais fortes do que as diferenças entre o sul e norte da França; FO

NT

ES

: ME

IRA

MA

TT

OS

, 20

11

*

*

Território e estratégia dos estados

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Quando o alongamento do Estado se dá no sentido dos paralelos (leste-oeste), não se verifica m grandes diferenças culturais, políticas e econômicas, o que torna mais fácil a manutenção da coesão (Estados Unidos);

A forma fragmentada é a que tem mais desvantagens, como é o caso do arquipélago, pois, além da descontinuidade terrestre, com desvantagens do ponto de vista cultural e econômico, a soberania também é dificultada; a defesa se torna especialmente difícil, do ponto de vista estratégico-militar;

No caso de ilhas ou arquipélagos, o poder naval (ex. Inglaterra e Japão) é fundamental para a coesão do Estado;

Finalmente, MEIRA MATTOS ressalta a França e a Espanha países que tem a vantagem como exemplos de forma compacta de território, e, em especial, a Rússia, que se mantêm coesa, apesar de ter passado por vários e contraditórios regimes políticos; FO

NT

ES

: ME

IRA

MA

TT

OS

, 20

11

*

*

Território e estratégia dos estados

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A forma compacta [Brasil, França, Espanha] é mais conveniente ao centripetismo político-administrativo , ao intercâmbio comercial e à estratégia militar defensiva ; As formas recortadas marítimas [Grécia] ainda mantêm algumas vantagens e desvantagens quando à estratégia militar de defesa; as formas recortadas terrestres são desfavoráveis tanto na guerra quanto na paz; As formas fragmentárias com descontinuidade marítima [ilhas, arquipélagos] exigem instrumentos militares poderosos, como o poder naval [Inglaterra]; Na evolução da linha periférica (fronteira), há o impulso natural dos Estados no sentido de simplificá-las, buscando se aproximar da forma de círculo, de modo a envolver o perímetro mais otimizado;

FON

TE

S: M

EIR

A M

AT

TO

S, 2

011

*

A posição do Território

© www.demostenesfarias.wordpress.com

É o lugar que o território do Estado ocupa no planeta, e inclui, ainda, certas características da situação geográfica; é analisada pelos seguintes aspectos:

Latitude: posição matemática; Proximidade ou afastamento do mar (maritimidade ou continentalidade); Situação relativa aos países vizinhos (pressões e esferas de influência); Altitude (planície, planalto ou montanha);

A vulnerabilidade da forma alongada do Chile é atenuada pela cadeia de montanhas que protege a fronteira leste; já a forma alongada da Argentina é atenuada pela latitude favorável e as facilidades oferecidas pela imensa planície pampiana; HUNTINGTON afirma que o clima temperado exerceu papel determinante na criação das grandes civilizações [Grécia, Roma, Europa ocidental, Estados Unidos, Japão e Rússia] e a zona equatorial seria desfavorável ao surgimento das grandes civilizações FO

NT

ES

: ME

IRA

MA

TT

OS

, 20

11

*

Políticas territoriais

© www.demostenesfarias.wordpress.com

O modo como os governos lidam com esses espaços afetam os territórios, revelam conflitos de interesses e constituem uma escala necessária de investigação em geografia política;

CASTRO registra que o controle sobre o território e seus conteúdos – pessoas e bens, é um aspecto fundador para todas as sociedades com organizações sociais e políticas complexas;

“A existência de uma classe dirigente – tais como nobreza, clã, sacerdotes ou guerreiros, distinta das tarefas de produção, só foi possível pela organização de um aparato extrativo, ou seja, uma organização capaz de extrair excedentes suficientes para manter uma classe não produtiva e de garantir, por meios simbólicos, a legitimidade da extração e, por meios materiais, o exercício da coerção”; esta foi sempre uma questão central para todos os grandes impérios, embora com variações;

FON

TE

S: C

AS

TR

O

Estado e território no Brasil contemporâneo

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Federalismo: o pacto federativo é um formato político

institucional que tem como objetivo a difícil tarefa de preservar a diversidade, unificando e conciliando objetivos muitas vezes opostos [vide Sudeste x Nordeste; e Estados do Pré-sal];

CASTRO cita a referência norte-americana de federalismo com origem na união das ex-colônias inglesas por ocasião da independência, no séc. XVIII, fundando o Estado mas garantindo a desconcentração espacial de uma parcela do poder político e a governabilidade democrática [vide diferenças das Leis entre Estados da Federação]

O sucesso da estrutura federativa estadunidense fundamentou-se na definição clara das esferas de poderes da União e naquelas dos Estados; na separação dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e na garantia do exercício pleno das atribuições de cada uma das citadas esferas;

FON

TE

S: C

AS

TR

O

*

A Geopolítica portuguesa na colônia

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A Geopolítica Portuguesa na colônia: os portugueses rapidamente se aperceberam de que estavam diante de um imenso território voltado ao Oceano Atlântico, de difícil penetração e ocupação ; tinha com limites a oeste, um imenso território, voltado para o Pacífico, pertencente a seus vizinhos espanhóis;

Além da indefinição dos limites, os portugueses também se preocupavam com a constante ameaça de invasão pelos franceses, ingleses e holandeses, que colocavam em risco a integridade do território então recém descoberto; De início [séc. XVI], não houve uma estratégia geopolítica de ocupação e domínio do território: não havia sido iniciada ainda um empreendimento mercantil-colonial para a exploração de metais preciosos; haviam apenas poucas e frágeis bases de domínio, representadas por algumas feitorias e entrepostos dispersos de escambo e comércio do pau-brasil;

FON

TE

S: C

OS

TA

A Geopolítica portuguesa na colônia

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Com as constantes ameaças ao sul ao longo da costa ena foz do Amazonas, os portugueses resolvem, então, assentar bases mais sólidas de ocupação do território brasileiro; em 1530 chega a primeira expedição colonizadora de fato, simultaneamente à instalação das Capitanias Hereditárias, com empreendedores privados dispostos a colonizar as novas terras, sem grande ônus para a Coroa Portuguesa; duas delas se destacaram: São Vicente e Pernambuco;

o restante do território permanecia em situação de quase abandono, daí porque Portugal decidiu substituir o sistema pelo de Sesmarias, ao mesmo tempo da instalação do Governo Geral, em 1549; Distribuiria terras a quem apresentasse posses e outras condições que garantissem a exploração para a agricultura e a pecuária; A Coroa mantinha o monopólio sobre o comércio externo e a cobrança de impostos ; esse sistema garantia assegurar a posse do território contra invasores e interiorizar o povoamento;

FON

TE

S: C

OS

TA

A Geopolítica portuguesa na colônia

© www.demostenesfarias.wordpress.com

O litoral, à exceção de alguns vazios, foi quase totalmente ocupado, desde São Vicente até a foz do Amazonas; a pecuária extensiva no meio norte e no sertão nordestino contribuiu para o ocupação de boa parte dessas regiões; os jesuítas instalaram suas missões pelo oeste do território até o extremo norte; os bandeirantes partiam de São Paulo e abriram [vide vídeo] vias de circulação que favoreceriam ocupações futuras, com a descoberta de ouro e pedras preciosas [Minas e Mato Grosso]; ao Sul, Martim Afonso e os vicentinos buscavam estender o povoamento na direção do Rio da Prata enfrentando o domínio espanhol, com razoável ocupação desde o séc. XVII, com a criação e o comércio de gado;

A estratégia portuguesa de ocupação mostrou-se acertada , pois o

critério para a fixação dos limites do Tratado de Tordesilhas foi o de posse a partir do povoamento e da exploração das terras; assim, desde a época, a configuração básica do território brasileiro vem sendo a mesma [exceto o Acre, que foi adquirido da Bolívia em 1902]

FON

TE

S: C

OS

TA

*

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

O movimento de independência do Brasil, ao contrário de outras nações, aconteceu por via de arranjos na Corte em torno do Príncipe Regente, com a plena exclusão das massas populares e mesmo de segmentos locais das elites econômicas e políticas; por isso mesmo, a emancipação não envolveu modificações na estrutura social e econômica do país , de modo que se mantiveram os traços essenciais da ordem vigente no período colonial;

Afora as contendas locais entre as elites brasileiras e portuguesas pelo controle do comércio, das finanças e da administração, principalmente, não se registraram grandes movimentos que envolvessem outros segmentos da sociedade;

O descontentamento das populações regionais e locais, antes dirigido à Corte Portuguesa passaram a se direcionar aos novos donos do poder, os grandes proprietários rurais; FO

NT

ES

: CO

STA

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Durante todo o primeiro reinado até a abdicação de D. Pedro I, as revoltas explodiram nas ruas da capital e nas províncias, colocando em xeque não apenas a nova ordem política como também a própria ideia de unidade nacional; ao tornar-se independente, o país teria que “costurar” a sua própria unidade, resolver as contradições internas, que eram sociais, econômicas, políticas, mas também geopolíticas;

A partir de 1831 começa o período caracterizado como de maior

convulsão social e política de nossa história em número de insurreições e revoltas de todo o tipo, atingindo praticamente todo o território nacional; daquele ano até o ano de 1848, foram registrados 20 movimentos provinciais, sendo as mais importantes:

Cabanagem (PARÁ) Praieira (PERNAMBUCO) Sabinada (BAHIA) Balaiada (MARANHÃO) e Farroupilha (RIO GRANDE DO SUL)

FON

TE

S: C

OS

TA

*

*

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Na Província do Pará havia choques violentos entre brasileiros e lusitanos ; em 1833, assumiu um novo presidente da província, que foi encarregado de colocar ordem na situação usando da repressão;, o que aumentou o descontentamento e a agitação popular, pois os privilégios e desmandos dos portugueses foram mantidos, em prejuízo dos brasileiros pobres (índios, negros e mestiços); Eduardo Angelim, os irmãos Vinagre e Ferreira Lavor lideraram os revoltosos, que tomaram a cidade de Belém por oito meses e constituíram o primeiro governo popular cabano [selvagem], liderado por Clemente Malcher; mas as massas perceberam que o novo presidente não estava disposto a romper com a ordem vigente, de modo que a agitação voltou às ruas; o líder foi deposto e executado, sendo substituído por Francisco Vinagre, que também decepcionou, radicalizando a revolta, mais uma vez, tendo então Angelim assumido o governo ; A Regência enviou tropas que expulsaram os cabanos para os arredores da cidade, onde fundaram a República Independente do Pará.

FON

TE

S: C

OS

TA

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Na Bahia também, uma série de acontecimentos políticos colocavam em xeque a ordem política do governo central; A Sabinada se registrou entre 1823 e 1838, destacando-se as revoltas dos escravos contra suas condições de vida e, em especial, os Malês, com forte presença na Província; a presença portuguesa e o domínio sobre o comércio era uma forte causa de revolta, além dos baixos salários, os efeitos das secas no interior; a insatisfação geral das tropas militares, incluídos dos soldados e de oficiais; Lideradas por Francisco Sabino e João Carneiro e representantes dos estratos médios e intelectuais; o movimento proclamou seus princípios na Câmara Municipal de Salvador, desligando-se do governo central do Rio de Janeiro e se tornando um Estado livre e independente; a Guarda nacional e os senhores de engenho inicia a reação; as rotas de abastecimento são cortadas por terra e pelo mar, faltando suprimentos; o governo central decreta o bloqueio da cidade , registrando-se 16 barcos; os líderes fogem e os legalistas assumem;

FON

TE

S: C

OS

TA

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A maior parte da população não proprietária do Maranhão trabalhava na pecuária e compôs a massa sertaneja revoltosa, somados aos escravos fugitivos; as causas eram as mesmas de outros locais: descontentamento com os desmandos dos grandes senhores de terras e hostilidade à presença marcante dos portugueses na vida econômica e política da província; a diferença dos demais locais era que a Balaiada

não defendeu o ideário liberal e separatista, além de apresentar certa

dispersão e desconexão entre os vários grupos de sertanejos em torno dos chefes locais; os bem-te-vis se declaravam defensores da religião, da Constituição e fiéis a D. Pedro II e eram contrários ao despotismo e à lei dos prefeitos e inimigos dos portugueses; a luta começou com a invasão da Vila da Manga por Raimundo Gomes Vieira, o mais conhecido produtor e vendedor de balaios, e a luta utilizou o jornal “O Bentevi” , mas os núcleos da revolta se davam longe da capital; as tropas legais não conseguiam sucesso contra os revoltosos, que tomaram a cidade de Caxias, a segunda maior cidade, o que aumentou a preocupação em tomarem a capital;

FON

TE

S: C

OS

TA

*

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

O movimento de Pernambuco, A Praieira (1842-1849), foi considerado o

mais politizado , sendo considerado até uma revolução,

considerando como uma luta explícita entre classes sociais distintas que se expressavam com posições políticas e ideológicas; embora o pano de fundo econômico-social apresentasse semelhanças com as demais revoltas, a província de Pernambuco apresentava

particularidades de modernidade; a província era bastante

desenvolvida, em função dos séculos de produção açucareira, o que dava grande força aos senhores de terra e de engenho; havia grande concentração de poder econômico e político e político (um terço dos engenhos pertenciam à família Cavalcanti) na capital e nas cidades, desenvolvia-se forte burguesia comercial, principalmente de portugueses; de outro lado, uma grande massa de escravos e trabalhadores livres, além de artesãos, funcionários públicos e intelectuais; surge o Partido Praieiro, cujo jornal, o Diário Novo, que ficava na Rua da Praia, passou a comandar a oposição;

FON

TE

S: C

OS

TA

*

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Por alguns anos, a luta se deu no âmbito parlamentar, enquanto havia alguns choques violentos; os revoltosos dominaram a província e um novo presidente da província tentou implantar reformas do ideário praieiro, inclusive promovendo devassas nos engenhos; O governo central nomeou um novo presidente, então, com a missão de normalizar a situação, o que gerou a luta armada dos praieiros, que marcharam em direção da capital, sendo derrotados em 1849, abortando-se o seu programa político, com itens tais como: voto livre e universal do povo brasileiro; plena liberdade de comunicar o pensamento pela imprensa; trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro e outros;

FON

TE

S: C

OS

TA

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

A situação da região Sul era diferente da situação da região Norte: ao

invés de empreendimento colonial português, no Sul, o povoamento foi feito de modo espontâneo por criadores de gado paulistas,

vicentinos e lagunenses, na forma do Tratado de Tordesilhas; além desses povos, os imigrantes açorianos ocuparam o litoral catarinense e formaram núcleos no interior, com agricultura de subsistência; no interior também se formaram as estâncias, desenvolvendo a indústria do charque, especialmente para “exportação” para as demais regiões do país; outras diferenças eram que o trabalho escravo era mínimo, predominando o trabalho remunerado livre; devido à disputa pela bacia do Rio da Prata, havia forte presença de militares, que não se limitavam a suas funções, mas se imiscuíam (entravam) de forma generalizada na vida econômica, social e política da Província; muitas das estâncias lhes pertenciam, após terem desalojados antigos ocupantes; ainda havia bandos de saqueadores, predadores de gado e contrabandistas; muitos de seus chefes se transformaram em caudilhos;

FON

TE

S: C

OS

TA

*

Estado nacional e unidade territorial

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Havia forte descontentamento das lideranças locais com o governo; O governo era centralizador e praticava o “descaso” e a manipulação dos preços dos produtos da região, de modo que a prejudicava, o que fazia surgir os princípios liberais, republicanos e federativos, com o desejo de autonomia; para muitos pesquisadores, a revolta farroupilha*

ou Guerra dos Farrapos foi separatista, o que lhes ficou claro com a

“proclamação” da República de Piratini; para outros autores, foi apenas a pressão regional por mudanças por parte do governo central; o líder principal foi Bento Gonçalves, que lutou contra as forças legais , e foi derrotado e conduzido à Bahia; com a ajuda dos rebeldes da Sabinada, consegue fugir e volta a reassumir a luta, com outro já famoso líder, Giusepe Garibaldi, tendo este proclamado a “República Catarinense” em Laguna; em 1842, o governo central envia o barão de Caxias, que derrota os farrapos e a revolta chega ao fim em 1845, com um acordo de rendição, com anistia aos revoltosos, muitos deles incorporados às forças imperiais e a devolução das terras confiscadas; *todos os que se

revoltaram contra o governo imperial, termo considerado pejorativo; sul-rio-grandenses vinculados ao Partido Liberal, oposicionistas e radicais ao governo central, destacando-se os chamados jurujubas

FON

TE

S: C

OS

TA

Dispersão, centralismo e consolidação do estado

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Todo o período da monarquia foi marcado pela consolidação da Independência, montagem do aparelho do Estado e as iniciativas de

manter a unidade territorial nacional; houve a descolonização,

porém as estruturas econômica e social permaneciam quase as mesmas, com a manutenção do escravismo, do latifúndio e a grande concentração de riquezas, assim como a discriminação política dos não proprietários;

A afirmação de um Estado nascente implica, necessariamente em centralização, o que é uma das contradições do Estado moderno, pois se, de um lado representa a afirmação da nacionalidade e da soberania, por outro lado implica em desenvolver meios políticos, jurídicos e repressivos de controle menos ou mais centralizados desse povo e de seu território;

Um dos princípios caros mais do pensamento liberal, que inspira a maioria dos Estados modernos é o princípio federativo, o qual garante autonomia relativa das províncias ou estados em face ao poder central;

FON

TE

S: C

OS

TA

© www.demostenesfarias.wordpress.com

Conceito de Geopolítica A Geopolítica trata do posicionamento dos Estados no contexto

mundial quanto à disputa de poder no espaço global.

Geopolítica é um instrumento de ação, um guia para a atuação de um Estado.

O estudo da Geopolítica inclui as relações de assimetria - diferenças de poder político, econômico, cultural e militar entre os Estados, além das assimetrias, étnicas e sexuais;

Envolve estudos prospectivos e estabelecimentos de cenários futuros, para a formulação de geoestratégias adequadas para

o posicionamento de determinado Estado como potência regional ou global;

As geoestratégias preparam e aplicam o poder para conquistar e manter, no espaço mundial, os objetivos fixados pela política do Estado; Fontes: BONFIM; VESENTINI

*

GEOPOLÍTICA E ORGANIZAÇÕES

Vivemos um período de transição da hegemonia mundial, no qual países e blocos econômicos lutam para superar suas crises e aumentar seu peso nas decisões globais e sua participação na distribuição dos recursos planetários escassos. Geopolítica e Organizações é uma área ainda nascente da pesquisa em Administração, que procura entender o papel das organizações públicas, privadas e do terceiro setor, nacionais e internacionais, no jogo pelo poder global entre os diversos países. Nesse jogo, as organizações são tanto causa quanto efeito do sucesso de um país. Buscando sair dos paradigmas ideológicos vigentes e da limitação da relação entre os fatores geopolíticos e as organizações ao conceito de risco político, a área busca construir análises e cenários realistas para que as organizações possam posicionar-se durante o atual período de incertezas. ANTONIO GELIS FILHO, FGV-EAESP.

Impasse pode tirar Grécia da zona do euro

O vice-primeiro-ministro da Grécia, Theodoros Pangalos, deixou claro que o país entrará em uma “falência selvagem” se não receber mais uma parcela do resgate acordado com a Europa e o FMI. Em entrevista ao Sunday Telegraph, Pangalos foi claro: “Estou com muito medo do que vai ocorrer. Há uma escola de pensamento que aponta que os alemães estão blefando quando dizem que não vão nos dar dinheiro sem as reformas. Mas o que ocorrerá é que eles não darão dinheiro para que paguemos nossas dívidas”, observou. A última tentativa de formar um governo de coalizão na Grécia chegou a um impasse ontem. Diante do quadro, empresas e bancos centrais europeus se preparam para a saída do país da zona do euro. Ontem, o presidente grego, Carolos Papoulias, reuniu os três principais partidos e apelou por uma união nacional, mas não foi atendido. Ele promete mais uma ofensiva para hoje. Uma nova eleição não está descartada. Em 6 de maio, os gregos foram às urnas e deram uma surra nos tradicionais partidos que, há 40 anos, se alternavam no poder. FONTE: AE, 14/05/2012

Impasse pode tirar Grécia da zona do euro

Mais da metade da população votou em partidos contrários ao programa de austeridade. Mas nenhum deles conseguiu maioria suficiente para governar o país. Após três tentativas fracassadas de formar um governo, a esperança era que Papoulias conseguisse um acordo entre os partidos. O Coalizão de Esquerda, segunda sigla mais votado, se recusou a fazer parte da aliança, e recebeu ataques de que já pensa na próxima eleição. Para seu líder, Alexis Tsipras, seu partido teve êxito nas urnas por ser contrário às políticas de austeridade e não faria sentido compor com um governo que defende o acordo com a União Europeia (UE). Em troca de resgates de € 240 bilhões, Bruxelas e o FMI exigiram cortes de gastos que conduziram o país ao seu quinto ano de recessão.

FONTE: AE, 14/05/2012

Notícia internacional

Impasse pode tirar Grécia da zona do euro Além da possibilidade de nova eleição, o impasse pode levar a Grécia a deixar a zona do euro. A Coalizão de Esquerda insiste em que, se vencer em uma nova eleição, formará um governo contrário às políticas atuais. Para os credores, não há dúvida: a ajuda financeira será encerrada se esse cenário se concretizar ou se a Grécia continuar com um vácuo de poder e não conseguir aprovar as reformas, que signifi cará a saída do país do euro. Na Europa, várias empresas começam a fazer planos para a volta da dracma, a moeda grega. Na capa da edição de ontem, a influente revista alemã Spiegel defendeu a expulsão da Grécia do bloco. FONTE: AE, 14/05/2012

Notícia internacional

Atividade de sala [5]

[1] Quais são as diferenças que VESENTINI percebe entre o atual momento mundial e à Guerra Fria?

[2] O que caracterizaria a nova ordem pós-moderna, segundo

VESENTINI ?

[3] Comente a afirmação: “Se a democracia hoje é legítima, como modelo ideal e único – a sua prática não é efetiva;”

[4] Qual é o limite do modelo econômico e político chinês,

segundo Fukuyama ? (vide entrevista)

BRICs e além deles

Jim O’Neill

Em 2001, o economista inglês Jim O’Neill fez uma surpreendente

previsão: os países do G-7, incluindo Estados Unidos, Reino

Unido e Japão, não seriam mais as grandes potências

econômicas do mundo. Com a globalização, despontaria uma

nova era na qual Brasil, Rússia, Índia e China – nações então

emergentes, populosas, urbanizadas, ricas em matérias-primas e

ambiciosas – ultrapassariam as principais economias do Ocidente.

O’Neill criou, assim, o acrônimo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e

China) que originou o livro O mapa do crescimento –

Oportunidades econômicas nos BRICs e além deles.

Ele compartilha insights sobre como e por que elaborou um dos

conceitos econômicos mais persuasivos de nosso tempo, além de

desenvolver o conceito N-11 (a partir de “Next 11”, os “Próximos

Denúncia amplia pressão sobre Irã

Novas informações sobre uma suposta câmara de testes nucleares – usada apenas para fins militares – fizeram aumentar ontem a pressão sobre o Irã. Um desenho do equipamento, que estaria na Base de Parchin, ao sul de Teerã, foi divulgado no domingo pela agência de notícias Associated Press (AP). Ontem, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) voltou a discutir com diplomatas iranianos, em Viena, novas inspeções e pediu acesso à instalação. Há dois meses, os inspetores foram proibidos de visitar Parchin, um amplo complexo militar. No dia 23, o grupo P5+1 (Grã-Bretanha, EUA, França, Rússia, China e Alemanha) reúne-se em Bagdá com negociadores iranianos para discutir o programa nuclear do país. FONTE: AE, 15/05/2012.

Notícia internacional