“GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO PROJETO DE REDES DE COLETA DE ESGOTO SANITÁRIO”

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“GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO PROJETO DE REDES DE COLETA DE ESGOTO SANITÁRIO”

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  • XII Simposio Iberoamericano sobre planificacin de sistemas de abastecimiento y drenaje

    Marco Aurlio Holanda de Castro (1), Erlandson de Vasconcelos Queiroz (2)

    (1) (2) Campus do Pici, Bloco 713, Fortaleza-CE CEP: 60455-760 - Tel: +55 (85) 3366-9492 - e-mail:

    [email protected]; [email protected], [email protected]

    RESUMO

    De acordo com a constituio brasileira, dever do governo municipal prover a populao com servios

    adequados de saneamento. Isso implica que o municpio deve arcar com custos na implementao de obras

    para abastecimento de gua e esgoto, sistemas de drenagem de guas pluviais e coleta de lixo. A partir disto,

    tem-se a necessidade de sistemas mais eficientes e mais baratos para execuo bem como para

    monitoramento. Em engenharia, quando se fala em sistema bem executado, normalmente, tem-se em mente

    um projeto cuja obra tenha sido bem feita. No entanto, a fase de projeto nas obras exerce uma funo

    fundamental no resultado final do trabalho. A execuo correta de um conjunto incoerente ou mal elaborado

    de projetos, certamente, resultar num produto de baixa qualidade, cheio de defeitos e, eventualmente,

    elevados custos de manuteno. Por essa razo, os processos de execuo e avaliao de projetos tem se

    tornado cada vez mais criteriosos. Nesse contexto, e em funo da crescente inovao tecnolgica, torna-se

    cdigo aberto. Isto permite que o programa seja alterado para atender as diversas necessidades dos usurios.

    Este projeto consiste em usar esse programa de geoprocessamento, para desenvolver um software de traado

    e dimensionamento de redes de esgoto (UFC12).

    Palavras chave: Geoprocessamento, redes coletoras de esgoto, SIG livre.

    ABSTRACT

    According to the constitution, it is a municipal government duty to provide the population with adequate

    sanitation services. That implies that the municipality should bear costs on the implementation of

    engineering solutions for water supply and sewage systems, storm water drainage and garbage collection.

    Therefore, there is a need for cheaper and more efficient systems for its execution and monitoring. The

    design phase has a key role on the final result of the engineering works. The correct execution of a poorly

    prepared set of projects will certainly lead to a defective, low quality product and, eventually, with high

    maintenance costs. For this reason, the implementation and evaluation process need to be increasingly more

    accurate. Due to the increasing technological innovation, the GIS (Geographic Information System)

    technologies have become more common. These technological GIS based solutions, allow the monitoring

    and management of natural resources, allowing the information to be used in future projects. The GIS allows

    the information storage by creating databases that can be remotely accessed, facilitating the resources

    monitoring and assisting in decision-

    notoriety for being an open source program. This allows the program to be changed to meet the user needs.

    This project consists in using this software to develop a module for sewerage design (UFC 12).

    Key words: Geoprocessing, sewerage, free GIS.

    SOBRE O AUTOR PRINCIPAL

    Marco Aurlio Holanda de Castro. Engenheiro Civil pela Universidade de Brasli. MSc em Engenharia

    Civil pela Universityof New Hampshire EUA. PhD em Engenharia pela DrexelUniversity EUA.

    Professor Titular do Depto. de Engenharia Hidrulica e Ambiental da Universidade Federal do Cear

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
  • INTRODUO

    No atual contexto da engenharia, a utilizao de

    softwares no auxlio de desenvolvimento de projetos

    tornou-se indispensvel. Mtodos e processos que

    levavam dias para serem executados e testados, hoje,

    com as tcnicas computacionais podem ser

    resolvidos em questo de segundos. A manipulao

    de dados geogrficos devia ser feita com utilizao

    de mapas e outros documentos cartogrficos, que,

    por vezes continham dados extremante defasados ou

    incompatveis com outros mapas.

    As ferramentas computacionais desenvolvidas para a

    realizao das anlises de informaes geogrficas

    recebem o nome de Sistemas de Informao

    Geogrfica (SIG). Com estas ferramentas possvel

    fazer a integrao dos dados obtidos por diversas

    fontes, criando um banco de dados georreferenciado.

    Aliando estas ferramentas a diversos mtodos

    computacionais existentes, possvel criar softwares

    que possam automatizar o desenvolvimento de

    projetos de engenharia, gerando grande economia de

    tempo com resultados extremamente precisos.

    Com o advento dos SIG's, nasce tambm a

    necessidade, principalmente para fins acadmicos,

    de um software SIG com contedo gratuito e de

    cdigo livre. O gvSIG um software livre de cdigo

    aberto desenvolvido Conselleria d'Infraestructures i

    Transports (CIT) sob a licena GNU GPL. O

    programa permite a utilizao de uma linguagem

    computacional para modificao dos cdigos

    originais, disponibilizando todos os cdigos criados

    para o sistema.

    O presente trabalho relata a tentativa de utilizar o

    gvSIG como ferramenta suporte para criao de um

    programa que permita o traado e dimensionamento

    de uma rede coletora de esgoto sanitrio. No projeto,

    foi utilizado um ambiente de desenvolvimento na

    linguagem JAVA para executar os cdigos gerados

    para gvSIG, incluindo os cdigos da framework

    SEXTANTE que traz diversas ferramentas de

    processamento de dados espaciais.

    O trabalho pode ser desenvolvido em duas partes.

    Numa primeira etapa, so escolhidos os modelos

    adotados para a construo da rede, mtodos de

    traado, dimensionamento e correo da rede,

    modelos de tubos e rgos acessrios. Na segunda

    parte, tem-se a criao do ambiente de trabalho

    (workspace) com a gerao do programa com os

    cdigos originais e a criao em JAVA das guias de

    interface do usurio. Nesta parte, so desenvolvidas

    todas as janelas e mtodos computacionais

    referentes linguagem adotada.

    BASE TERICA

    A norma brasileira NBR 9648 (ABNT, 1986b)

    estabelece algumas definies a respeitodo esgoto

    sanitrio, entre estas definies, tem-se:

    Esgoto sanitrio: "Despejo lquido constitudo de esgotos domstico e

    industrial, guade infiltrao e a

    contribuio pluvial parasitria."

    Esgoto domstico: "Despejo lquido resultante do uso da gua para higiene e

    necessidadesfisiolgicas humanas."

    Esgoto industrial: "Despejo lquido resultante dos processos industriais,

    respeitados ospadres de lanamento

    estabelecidos."

    gua de infiltrao: "Toda gua, proveniente do subsolo, indesejvel ao

    sistema separador e que penetra nas

    canalizaes."

    Contribuio pluvial parasitria: "Parcela de deflvio superficial inevitavelmente

    absorvida pela rede coletora de esgoto

    sanitrio."

    Destas contribuies, para projeto, uma das mais

    relevantes a contribuio de esgotos domsticos.

    Diversos fatores determinam a contribuio

    domstica para esgoto, Sobrinho e Tsutiya (2000)

    listaram os seguintesfatores:

    Populao da rea de projeto;

    Contribuio per capita;

    Coeficiente de retorno esgoto/gua;

    Coeficientes de variao de vazo.

    Considerando estes parmetros, a contribuio de

    vazo domstica (Qd) pode ser expressapela

    equao:

    400.86

    .. qPCQd (1)

    Onde: C = coeficiente de retorno;

    P = populao de projeto;

    Q = consumo per capita de agua.

    O sistema de traado e dimensionamento de redes de

    esgoto sanitrio (UFC12) feito para sistema

    separador absoluto seguindo as recomendaes da

    norma NBR 9649. A rede coletora de esgoto

  • sanitrio o subsistema responsvel pela coleta e

    transporte do esgoto sanitrio, bem como

    dispositivos para inspeo e/ou limpeza.

    Determinam uma rede de fluxo com escoamento

    permanenteuniforme onde o movimento dado por

    ao gravitacional. Compreende as ligaes

    prediais,coletores de esgoto e rgos acessrios.

    Segundo as definies da NBR 9649 (ABNT,

    1986b),tem-se:

    Ligao predial: Trecho do coletor predial compreendido entre o limite do terreno e

    ocoletor de esgoto;

    Coletor de esgoto: Tubulao da rede coletora que recebe contribuio de esgoto

    doscoletores prediais em qualquer ponto ao

    longo de seu comprimento;

    Coletor principal: Coletor de esgoto de maior extenso dentro de uma mesma bacia.

    Coletor tronco: Tubulao da rede coletora que recebe apenas contribuio de esgoto

    deoutros coletores.

    rgos acessrios: Dispositivos fixos desprovidos de equipamentos mecnicos.

    Podemser: poos de visita (PV), tubos de

    inspeo e limpeza (TIL), terminais de

    limpeza (TL) ecaixas de passagem (CP)

    O sistema para traado deve ser capaz de interpretar

    todos estes aspectos de uma rede de coleta de esgoto

    sanitrio, bem como realizar o dimensiomento

    hidrulico das tubulaes.

    O GVSIG

    O software gvSIG foi criado com intuito de ser um

    programa livre de cdigo aberto de tecnologia SIG

    que permitisse o trabalho de dados com informaes

    geogrficas. Por ter sido desenvolvido em JAVA, o

    programa oferece uma alta portabilidade, podendo

    ser executado em ambientes Windows, Linux e

    MAC OS X. O software encontra-se disponvel em

    diversos idiomas, incluindo o portugus.

    Diferente de outras tecnologias CAD, os SIG

    permitem o trabalho de imagens georreferenciadas

    em diversos sistemas de projeo. Os Sistemas de

    informao Geogrfica so utilizados em diversas

    reas, pois permitem a criao de bancos de dados

    que disponibilizam as informaes de seus

    elementos, sendo ideal para desenvolvimento de

    projetos, planejamento territorial, modelagem,

    avaliao de riscos, monitoramento e logstica.

    O programa trabalha, disponibilizando seus

    elementos em camadas com tabelas de atributos

    associadas a seus elementos. Para cada entidade

    criada, um conjunto de dados associado,

    permitindo o controle de vrias caractersticas de um

    projeto em diversos nveis. Segue a imagem do

    programa gvSIG com um mapa contendo vrios

    elementos em camadas e seus atributos

    Figura 1. Mapa no gvSIG com camadas e

    tabela de atributos

    METODOLOGIA

    Para o traado de redes coletoras de esgoto, foi

    desenvolvida a extenso UFC12, em JAVA para

    gvSIG. Suas ferramentas funcionam para gvSIG

    1.10 ou verses superiores e permitem o traado e

    visualizao de redes de esgotamento sanitrio, bem

    como da instalao de rgos acessrios a rede

    como poos de visita e terminais de limpeza

    A extenso, permite a automatizao do traado da

    rede, reduzindo ao mnimo a quantidade de

    parmetros necessrios para a alocao dos tubos

    coletores e demais rgos. De posse de alguns

    arquivos e dados que devem ser obtidos em estudos

    preliminares como arquivo de curvas de nvel e

    arruamento, assim como estudos de demanda de

    gua e populao da regio estudada. O sistema faz

    ainda, interface com o programa UFC9 utilizado

    para dimensionamento e clculo de custos da

    instalao da rede.

    Para os dados de elevao na rede utilizados pelo

    sistema, o programa necessita de um arquivo de

    curvas de nvel. Com as curvas de nvel, o sistema

    faz o clculo das cotas em cada ponto atravs de

    interpolao. Pode ser adicionado tambm, um

    arquivo de arruamento em formato vetorial ou raster

    para informao do posicionamento da rede na

    regio. Segue a imagem de um mapa vetorial de

    arruamento com curvas de nvel em Acara - CE.

  • Figura 2. Mapa com arruamento e curvas de

    nvel

    TUBOS COLETORES

    Na rede de coleta de esgoto, os tubos do sistema

    devem funcionar como condutos livres. Nestes, a

    lmina d'gua est em contato com o ar atmosfrico,

    resultando numa presso nula. O fluxo de gua

    promovido pela ao da gravidade, sendo necessrio

    o assentamento do tubo com declividades positivas

    ao longo da rede. Os tubos iniciam com vazo nula,

    e recebem contribuies ao longo da rede.

    Os dados dos tubos precisam ser definidos

    inicialmente, como um valor inicial para os dados da

    rede. Dados como material, dimetro, tipo de rede e

    recobrimento mnimo do tubo devem ser definidos

    na ferramenta Default do sistema. A ferramenta

    disponibiliza diversos materiais, com seus dimetros

    disponveis. O coeficiente de Manning pode ser

    definido para o tubo, sendo disponibilizado

    inicialmente os valores para cada material de acordo

    com a literatura. Os materiais disponveis para tubos

    so: PVC, cimento-amianto, tubo cermico, ferro

    fundido, concreto, ao soldado e polister/RPVC,

    com dimetros comerciais de 100mm a 2000mm.

    Segue a imagem com a janela Default com as opes

    disponveis.

    Figura 3. Opes de configurao de tubos

    coletores

    No traado do coletor, o sistema calcula as cotas de

    montante e jusante do terreno, posicionando o tubo

    na cota relativa ao recobrimento adotado. A uma

    certa distncia de atendimento das casas, definida

    pelo usurio, o sistema calcula as cotas em vrios

    pontos para determinar o ponto mais baixo no trecho

    e verificar se a casa no ponto crtico atende as

    condies de declividade do tubo de ligao. O tubo

    possui em sua tabela de atributos todas as

    informaes necessrias para seu dimensionamento

    como: cotas, dimetro, comprimento, declividade e

    rugosidade manning. Segue a ilustrao de um

    trecho de tubulao traada com o sistema.

    Figura 4. Tubo no sistema UFC12

    RGOS ACESSRIOS DA REDE

    Segundo a norma NBR 9649, deve ser instalado um

    poo de visita (PV) em cada ponto singular da rede,

    ou seja: incio de coletores, mudanas de direo, de

    declividade, de dimetro e de material, na reunio de

    coletores e onde h degraus. Os poos de visita so

    cmaras visitveis cujo objetivo a execuo de

    trabalhos de manuteno.

    Em substituio aos poos de visita, existem outros

    rgos acessrios que podem ser utilizados em casos

    especficos. A caixa de passagem (CP) pode ser

    utilizada nas mudanas de direo, dimetro,

    declividade e material, quando no existe degrau e

    as condies de acesso ao equipamentos de limpeza

    jusante sejam garantidas. Os terminais de limpeza

    (TL) podem ser utilizados em substituio aos poos