Geração Cabeça Baixa_ Do Avatar à Prótese Digital _ Valeria Brandini
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20/2/2014 Gerao Cabea Baixa: do avatar prtese digital | Valeria Brandini
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Gerao Cabea Baixa: do avatar prtese digital
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A relao com a tecnologia na vida atual, diferentemente das geraes passadas, quando podia-se optar por assistir ou no aTV, no nos deixa a escolha de "no integrar-se vida digital" (desde o sistema bancrio de emite holerites, at a escolha domedico no seu plano de sade, agora feito exclusivamente pela internet, o que significa que quem no est na rede se encontraexcludo de dimenses sociais essenciais na vida de qualquer um). As formas de se relacionar com esta tecnologia e com aspessoas, que so em ltima instncia a rede, so inmeras, tal qual as relaes na vida real. Mas uma delas comum apraticamente todos os jovens, que, mesmo quando resistem, a esto vivendo, pois se posicionam: a vivncia da realidadeinterseccional pela Gerao Cabea Baixa.
Num bar, numa reunio de negcios, nas aulas da faculdade, ou mesmo na intimidade do casal, o smartphone parece umaextenso do corpo do usurio ao qual ele precisa recorrer em intervalos controlados de tempo. uma prtese digital, umelemento externo que se acopla e se torna parte do ser, um corpo estranho que passa a integrar sua constituio fsica,emocional, psquica e rearticula organicamente sua relao consigo, com o outro, com a realidade, e interfere na forma comoseus neurnios se comportam, determinando novas formas de socializao e comportamento offline. "Blade Runner" est namesa ao lado, mas no o incomode porque ele est postando no Instagram. A profecia do ciborgue no to sexy quanto nofilme, mas mais barata e cada vez mais acessvel a todos.
A sensao de "perda" do momento presente quando a pessoa no se conecta rede para "saber o que est acontecendo" --seja checando emails, entrando no Facebook para ver quem comentou seu post. ou quem est online no Twitter para saber quemest onde fazendo o que, no Instagram para ver quem est no lugar mais legal, com quem, fotografando o que, entre muitas outraspossibilidades que diferem de acordo com o interesse e valores do usurio -- a sensao de excluso, seqestro da realidadee falta de controle sobre ela. Falo da gerao cabea baixa me referindo aos jovens da atualidade, mas entendendo que oconceito de juventude, fluido e desprendido das determinantes demogrficas: faixa etria, classe social ou CEP abrange gentedos 12 aos 50 que se enquadram em termos comportamentais, culturais e de valores neste cluster. Os cabea baixa vo desdepubertrios de 12 anos a executivos de 40, passando pelas donas de casa de meia idade que fazem bolo assistindo TV.
Um cabea baixa pode passar a semana planejando ir a uma festa descolada onde vai encontrar sua paquera e curtir com seusamigos, mas to logo ele chega na festa, voc o encontra, em diversos momentos -- e entre alguns jovens, na maior parte dosmomentos -- de cabea baixa, olhando para um artefato tecnolgico na palma de sua mo que o poupa da sensao de falta decontrole e vivncia totalizadora, real, do momento presente. Ele est no lugar que queria, com as pessoas que queria, curtindo a
realidade palpvel que queria, mas a noo de vivncia da realidade, de experienciar o momento presente, apenas se torna fatopara ele, quando o real offline e o "real online" esto ao seu alcance, constituindo a realidade interseccional, uma pra-realidade,constituda a partir das necessidades e percepes geradas pela era da internet, que constitui o "real de fato" para as geraesatuais e influenciam geraes anteriores.
Ela compreende uma nova forma de estar e vivenciar o mundo, a vida, as pessoas. Ela no uma escolha, um sistema que seengendra por um processo, se torna parte da vida das pessoas sem que elas percebam, criticada pela maior parte daspessoas, que no as abandonam; no mximo, tentam controlar seus impulsos de buscar a totalidade da vivncia interseccionalacessando a internet para amenizar a sensao de obsolescncia -- algo est acontecendo "na rede" e eu no estou sabendo,logo eu no sou parte disso, me sinto excludo, preciso me integrar para que a sensao de falta de controle acabe.
Jean Baudrillard falava da TV como uma atividade de conluio entre os telespectadores que, ao assistir ao jornal no horrio nobre,se sentiam parte de um todo e vivendo um processo de integrao e experincia do social. A internet, em especial as redes, soeste conluio exponencial que se torna vivncia essencial na sociedade contempornea. Consumimos a rede como consumimos acultura, a arte, a msica, o ar, a comida, entendendo o consumo como um processo de fruio por meio do qual nos relacionamoscom as pessoas, nos identificamos, nos diferenciamos e nos integramos por meio de nossas escolhas de bens tangveis eintangveis.
Mas, acima de tudo, na rede consumimos aquilo que nos mais precioso: ns mesmos e a pessoas. Tornamo-nos o maisnotvel produto exposto em perfis a ser percebido, analisado, escolhido ou no e assim tambm nos relacionamos com outrem.Note-se que, como uma cientista do consumo, no concebo o tema consumo como um acordo frio e mecanicista que tornapessoas coisas sem humanidade, mas um processo onde coisas so instrumentos de relaes humanas entre pessoas erepresentam o mais humano e relacional, constitudo a partir de emoes, imaginrio, valores permeiam estas relaes.
20 fev ereiro 201 4
Publicado: 20/02/2014 13:37
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20/2/2014 Gerao Cabea Baixa: do avatar prtese digital | Valeria Brandini
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Consumimos na redes avatares que se constituem como totens dos valores mais profundos que constituem a viso de mundo, aperspectiva sobre a realidade e orientam o comportamento na vida social. A rede so as pessoas s quais nos conectamos numsistema de trocas simblicas, tal qual entre os povos primitivos, num sistema de signos, significados, mitos, ritos ecomportamentos que representam ordens sociais, cultura e engendram formas de ser e agir no real offline.
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Advaldo (Advaldo)
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Penso que o Grande Irmo est mais presente do que nunca!! Demorou muito at,
pois Aldous Huxley, em 1949, ja falava de sucedaneos de paixo repentina e outras
"cositas mais". Dilogos, toques , brincadeiras de correr ou degustar em familia
acabou....eu ainda prefiro massagem!20 FEB 17:58
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