GERAÇÃO DE 45...se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se...
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GERAÇÃO DE 45
CONTEXTO HISTÓRICO
(CRONOLOGIA)
• 1945 - Término da Segunda Guerra Mundial. (primeira reunião da ONU).
• 1953 – Morte de Stálin.
• 1957 – Sputnik, lançamento do satélite Soviético.
• 1945 – Deposição de Getúlio Vargas.
• 1946 – Eleição de Eurico Gaspar Dutra, redemocratização do país. Fundam-se novas companhias siderúrgicas e grandes fábricas de alumínio.
• 1950 – Eleição de Getúlio para presidência da República.
• 1954 – Suicídio de Getúlio. Café Filho o substitui.
• 1955 – Eleição de Juscelino Kubitschek.
• 1956 – Início da construção de Brasília.
• 1958 – Conquista do primeiro campeonato
mundial de futebol.
• 1960 – Inauguração de Brasília. Eleição de Jânio
da Silva Quadros para a presidência da
República. Depois da renúncia de Jânio, em
1961, o país ficaria mais de vinte e cinco anos
sem escolher seu presidente.
• A poesia renova-se.
• Surge a poesia concreta, neoconcreta, poema-
processo, a poesia social e a poesia práxis.
• Na prosa temos o romance e o conto em grande
desenvolvimento.
• Estilo mais objetivo e de maior densidade.
• Pesquisas e inovações linguísticas.
• Complexidade psicológica.
• Tensões entre o indivíduo e a sociedade.
• Realismo fantástico.
• Regionalismo universal.
CLARICE LISPECTOR
• Sondagem psicológica – análise das angústias e dos
dramas existenciais do indivíduo.
• Ruptura com a linearidade da narrativa - não segue
ordem cronológica.
• Monólogo interior – a introspecção dos personagens.
• Fluxo de consciência compondo com o enredo factual.
• Momento interior é o tema mais importante.
• Subjetividade.
• Amostras do mundo de forma metafísica.
• A exploração do eu.
• Um novo sentido de liberdade a partir da sua leitura do mundo.
• Esquema:
• A personagem está diante de uma situação do cotidiano.
• Acontece um evento.
• O evento lhe “ilumina” a vida: aprendizado, descoberta.
• Ocorre o desfecho: situação da vida da personagem após o evento.
GUIMARÃES ROSA
• Aproveitamento da fala regionalista com seus
arcaísmos.
• Neologismos.
• Recorrência ao grego e latim.
• Processo fonético na criação escrita.
• Além da experimentação formal, temos uma
visão profunda do ser humano e suas
experiências.
• Cenário: o sertão brasileiro.
• Regionalismo universal: a problemática atinge o
homem em qualquer lugar.
• Questionamentos sobre Deus e Diabo;
significado da vida e da morte; o destino.
JOÃO CABRAL DE MELLO NETO
• Linguagem objetiva e seca
• Simplicidade.
• Temas sociais do Nordeste em algumas
obras.
• Poesia sintética; objetiva; escreve como um
engenheiro.
• Atitude objetiva, racional diante da
realidade.
• Rejeição da inspiração (sentimentalismo),
em substituição pela lógica ( racional).
• Denúncia Social (principal razão pela qual
ele também se afasta dos clássicos
parnasianos).
MORTE E VIDA SEVERINA
• Auto de natal pernambucano
• Presença constante da morte
• Influência do Barroco e do Parnasianismo
• De maneira “severa” expressa a
solidariedade e a esperança
• Mistura de gêneros (lírico, dramático e
narrativo)
• Feito em redondilhas
CATAR FEIJÃO
1.
Catar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:o de que entre os grãos pesados entreum grão qualquer, pedra ou indigesto,um grão imastigável, de quebrar dente.Certo não, quando ao catar palavras:a pedra dá à frase seu grão mais vivo:obstrui a leitura fluviante, flutual,açula a atenção, isca-a como o risco.
TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece a manhã: ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro: de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzam os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.