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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL
CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO
GERAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS DOS PRÉDIOS INVENTARIADOS NO MUNICÍPIO DO
RIO GRANDE/RS
Amanda Alquati da Rosa
Orientadora: Fabiane Biedrzycka da Silva Galarz
Co-orientadora: Carolina Larrosa de Oliveira
Rio Grande/RS
Dezembro/2014
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL
CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO
ii
GERAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS DOS PRÉDIOS INVENTARIADOS NO MUNICÍPIO DO
RIO GRANDE/RS
Amanda Alquati da Rosa
Rio Grande/RS
Dezembro/2014
Trabalho apresentado como pré-requisito
para a conclusão do Curso Técnico em
Geoprocessamento do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul - Campus Rio Grande.
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, Isabel (Kitty) e Pedro,
que sempre me acompanharam, por tudo o que fizeram para que eu tivesse um bom
ensino e por terem me incentivado a ingressar no IFRS – Câmpus Rio Grande,
amparando-me sempre que necessário. Um agradecimento também para os meus
irmãos, meu namorado e meus amigos pela compreensão da minha falta de tempo
para estar com eles e também pela motivação na conclusão desta caminhada.
Agradeço a todo o corpo docente da instituição, que contribuiu para a minha
formação, interessando-se em me fazer compreender os conteúdos e pelo estímulo
em seguir na trajetória que aqui se conclui. Um agradecimento especial, então, à
minha orientadora Fabiane Biedrzycka da Silva Galarz e à minha co-orientadora
Carolina Larrosa de Oliveira, que receberam esses papéis muito bem e dedicaram-
se a me auxiliar e me orientar na elaboração do presente trabalho, sempre com o
intuito de que este saísse da melhor maneira possível. Não deixando de agradecer
ao técnico João Augusto de Carvalho Ferreira por me levar às saídas de campo e
interessar-se em achar os locais procurados junto à mim.
Por fim, um “muito obrigada” aos meus colegas pela parceria e companhia
diárias, pois, junto a mim, batalharam para chegar até aqui e sempre se dispuseram
a ajudar uns aos outros quando necessário. Digo, então, que nossos momentos de
discussão e polêmica serviram ao nosso crescimento como grupo, passível de ser
percebido nos momentos de confraternização, quando só havia alegria e
cumplicidade – ou então, nas horas de desespero e “aperto” com relação à vida
acadêmica. Sentirei muita saudade desses 12 futuros técnicos em
Geoprocessamento, a quem desejo muito sucesso.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. V
RESUMO................................................................................................................... VI
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7
1.1 Justificativa .................................................................................................... 8
1.2 Área de estudo ............................................................................................... 8
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 10
2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 10
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 10
3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 11
3.1 Contextualização histórica ........................................................................... 11
3.2 Inventário e patrimônio cultural .................................................................... 16
3.3 O SIG ........................................................................................................... 17
3.3.1 WebSIG ........................................................................................ 18
4. METODOLOGIA .................................................................................................. 21
5. RESULTADOS ..................................................................................................... 28
5.1 Resultados obtidos ......................................... Erro! Indicador não definido.
5.2 Resultados Esperados .................................... Erro! Indicador não definido.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 36
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 37
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da localização do município do Rio Grande. ................................................. 9
Figura 2: Catedral de São Pedro, que Bittencourt (2007) denomina como Matriz de São
Pedro e diz ter sido construída em 1755. ............................................................................. 12
Figura 3: Cine Theatro Avenida, construído em 1929, no ano de 2011, depois de passar por
um período de reformas. ...................................................................................................... 15
Figura 4: Captura de tela de uma de ficha do Inventário do Patrimônio Cultural do Rio
Grande do Sul...................................................................................................................... 22
Figura 5: Captura de tela de parte do banco de dados georreferenciado no software
Microsoft Excel. ................................................................................................................... 24
Figura 6: Captura de tela de uma seleção por atributo realizada no software ArcGIS. ......... 28
Figura 7: Mapa dos prédios inventariados classificados por século de construção no
município do Rio Grande/RS. .............................................................................................. 29
Figura 8: Mapa dos prédios inventariados usados com fim religioso no município do Rio
Grande/RS. Fonte: própria deste trabalho, 2014. ................................................................. 31
Figura 9: Mapa dos prédios inventariados desocupados no município do Rio Grande/RS. .. 33
Figura 10: Layout da página criada para disponibilização do webSIG. ................................ 34
Figura 11: Captura de tela do webSIG. ................................................................................ 35
vi
RESUMO
O presente trabalho trata da elaboração de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) dos prédios inventariados pela Secretaria de Município de Coordenação e Planejamento no município do Rio Grande. Através do inventário de bens culturais e do georreferenciamento dos prédios, foi possível gerar um SIG – no software ArcGIS – com as informações sobre essas construções. O banco de dados do sistema contém as informações sobre cada exemplar, que dividem-se nos atributos: coordenada X, coordenada Y (ambas no sistema de coordenadas UTM e no datum WGS84), endereço, número, denominação, datação, uso atual, entre outros. O SIG pode auxiliar os gestores públicos no monitoramento das construções e nas tomadas de decisão referentes a elas. Enquanto isso, para os demais usuários, a ferramenta poderá informá-los sobre esses bens culturais e sobre a importância destes para a história do município. Por fim, o produto gerado foi disponibilizado na internet, através do aplicativo do Google Maps, originando um webSIG, com o intuito de oportunizar um melhor acesso por parte dos servidores da Prefeitura e também dos cidadãos.
Palavras-chave: Geoprocessamento, patrimônio histórico, planejamento urbano.
7
1. INTRODUÇÃO
A ampla possibilidade de utilização das ferramentas do Geoprocessamento1
permite o desenvolvimento de trabalhos dos mais diversos temas – como saúde,
educação e planejamento urbano. Neste estudo, essas ferramentas2 são usadas
para a área da Arquitetura e do Urbanismo, uma vez que trata da geração de um
Sistema de Informações Geográficas (SIG)3 de prédios inventariados, ou seja, de um
conjunto de edificações contempladas em um cadastro dos bens culturais do
município. Estes exemplares fazem parte do Patrimônio Cultural do Rio Grande, pois
representam a memória e a identidade locais.
Logo, como estímulo para a realização deste projeto, além do interesse
pessoal pela área, destacam-se dois importantes itens presentes na Política Cultural
Municipal. Eles estão explicitados no art. 45, da Lei Municipal nº 6.585 de 2008, que
define o Plano Diretor do Rio Grande, sendo elas: “II – Preservar e valorizar o
patrimônio cultural do município” e “V – Valorizar e estimular o uso, a conservação e
a restauração do patrimônio cultural”.
Foi gerado, então, um SIG onde estão contidas informações sobre os prédios
inventariados como datação, coordenadas X e Y – padronizadas no sistema de
coordenadas Universal Transversa de Mercator (UTM) –, endereço, uso atual e
outros. Esse sistema apresenta as vantagens de integração de informações e
possibilidade de análise espacial. Com sua elaboração, acredita-se que o
compartilhamento de informação espacial auxiliará os gestores públicos em tomadas
de decisão, além de proporcionar uma visão global do território a ser administrado –
o que facilita muito em locais onde há necessidade de intervenção, por exemplo.
1 Geoprocessamento: “disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e
computacionais para o tratamento da informação geográfica.” (CÂMARA et al, 2004) 2 Ferramentas como: seleção por atributo, elaboração de mapas, além de outras ferramentas
de análise espacial. 3 SIG: pode ser definido como “sistemas de informação construídos especialmente para
armazenar, analisar e manipular dados geográficos” (CÂMARA et al, 1996, p. iii).
8
1.1 Justificativa
Este projeto mostra-se relevante na área do Geoprocessamento, inicialmente,
por ser o primeiro a ser realizado no município e por ser de grande importância aos
gestores públicos municipais. Além disso, o trabalho demonstra que as ferramentas
da área de estudo citada podem ser relacionadas com diversas outras áreas,
aplicando-as a variados fins. Aqui, elas são voltadas para o georreferenciamento dos
prédios inventariados no Rio Grande e consequente elaboração de um banco de
dados sobre os mesmos, podendo este trabalho ser útil à Prefeitura e a qualquer
cidadão. Dessa forma, há a valorização da história e da cultura locais que se
expressam por meio dessas construções, presentes no Inventário do Patrimônio
Histórico do Rio Grande do Sul.
Disponibilizando e divulgando o SIG gerado na rede mundial de
computadores, a internet, as informações aqui organizadas podem ser
compartilhadas com os cidadãos e com os próprios gestores públicos. Assim, é
possível mostrar para a comunidade rio-grandina – e também para turistas – que as
edificações em questão são produtos de uma época de apogeu econômico,
incentivando sua valorização e preservação. Pode-se dizer que essas obras são
como peças um museu, pois são amostras de um momento histórico no
desenvolvimento da cidade.
Como já destacado anteriormente, esse sistema também possibilita melhor
gestão dos prédios inventariados, pois através de consultas ao banco de dados,
será possível acessar, por exemplo, o uso atual dos exemplares, bem como outras
características referentes a eles. Através do produto aqui gerado, esse
gerenciamento e a visita às construções podem ser estimulados, oportunizando a
valorização dos mesmos e possibilitando sustentabilidade econômica a fim de
mantê-los em uso.
1.2 Área de estudo
O município do Rio Grande (fig. 1) localiza-se no hemisfério sul, no continente da
América do Sul, no Brasil, ao sul do estado do Rio Grande do Sul. É banhado pela
9
Lagoa Mirim, pela Laguna dos Patos e pelo Oceano Atlântico, permitindo a presença
de um porto marítimo.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, s. d.), o
município tem um território de 2.709,522 km² e, em 2010, quando da realização do
último censo, a população era de 197.228 habitantes. Foi estimado pelo IBGE que,
em 2013, a população era de 206.161 habitantes.
Figura 1: Mapa da localização do município do Rio Grande.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
10
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Gerar um SIG com as informações sobre os prédios do município do Rio
Grande que constam no Inventário do Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul.
2.2 Objetivos Específicos
Realizar o levantamento de dados sobre os prédios inventariados no município
do Rio Grande e organizá-los em um banco de dados;
Realizar o georreferenciamento4 dos prédios inventariados;
Elaborar um webSIG contendo a informações dos prédios inventariados.
4 Georrefenciamento ou registro: tornar as coordenadas dos arquivos matriciais e vetoriais
conhecidas num determinado sistema de referência (INPE, s.d.).
11
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Contextualização histórica
Este subcapítulo conta, brevemente, a história do município, enfocando no
desenvolvimento da população, e consequentemente, da economia e da cultura.
Isso, porque esses fatores influenciaram a construção dos prédios ao longo dos
anos. Na atualidade, existe apenas uma pequena parcela dos prédios construídos
no passado.
Segundo Monteiro e Valente (1993), o município do Rio Grande foi fundado
em 19 de fevereiro de 1737 pelo Brigadeiro José da Silva Paes, português, que na
época garantia o território à Coroa Portuguesa. Bittencourt (2007, p. 31) justifica
essa fundação pelas possibilidades de acesso e de conquista dos territórios
banhados pela Laguna dos Patos e também pela Bacia do Rio da Prata e por aqui
haver o único porto marítimo do extremo sul do Brasil.
Ainda em 1737, vieram açorianos e famílias de diversos lugares próximos a
esta área, para desenvolver a agricultura e ampliar as estâncias. Assim, conforme
Monteiro e Valente (1993) a partir do século XIX, a cultura local tornava-se mais
diversificada pelo comércio de exportação e a chegada de imigrantes, decorrentes
da movimentação no porto. As atividades econômicas em geral cresciam, resultando
em notável desenvolvimento social e cultural. Com isso, eram construídos
imponentes casarões e sobrados para o comércio e para moradia.
A dedicação destes provenientes do arquipélago português à agricultura e à
pesca – e, alguns à pecuária e ao comércio – fez com que a vila viesse a apresentar
um aspecto tipicamente açoriano. Como produto desse período, foi construída em
1755 a Matriz de São Pedro (fig. 2), que vinha para substituir a Igreja Nossa
Senhora do Rosário, incendiada – e assim destruída – em 1752. Em estilo barroco, o
prédio que se encontrava em meio a pequenos casebres foi, por décadas, a única
construção constituída de alvenaria nos arredores (BITTENCOURT, 2007, p. 31-32).
12
Figura 2: Catedral de São Pedro, que Bittencourt (2007) denomina como Matriz de São Pedro e diz
ter sido construída em 1755.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
Conforme Bittencourt (2007), ao final do século XVIII, houve a intensificação
das atividades portuárias, que proporcionaram uma mudança na economia da vila.
Em função do aumento da produção e da comercialização do charque houve um
expressivo crescimento populacional preponderantemente urbano. No princípio do
século XIX, a vila perdeu seu histórico caráter militar, tornando-se o principal centro
comercial do extremo sul do país. Então, em 1804, foi implantada a Alfândega, que
fez com que a vila se tornasse a única saída dos produtos derivados do gado
provenientes da Campanha, requeridos pelas demais regiões do país e pelo exterior.
Em 1822, na vila do Rio Grande havia uma população com um pouco mais de
3 mil habitantes (COSTA apud MARTINS, 2006). Havia 346 prédios, dentre os quais
estavam: 24 lojas de fazenda, 15 armazéns de atacado, 3 boticas, 2 ferreiros, 2
tanoeiros5, 2 ourives, 2 lojas de louça, 2 latoeiros6 e 1 caldeiro7. Na antiga Rua da
5 Tanoeiro: quem faz e/ou conserta cubas, barris, etc (FERREIRA; ANJOS, 2010, p. 2003). 6 Latoeiro: quem trabalha com lata ou latão (FERREIRA; ANJOS, 2010, p. 1243).
13
Praia e atual Rua Marechal Floriano, era onde concentravam-se as atividades
comerciais (MARTINS, 2006, p.74). Saint Hilaire8, em passagem pela vila em 1821,
descreveu a Rua da Praia e seus arredores:
A Rua da Praia é larga, porém não perfeitamente reta. Dotada de belas casas cobertas de telhas, construídas com tijolo, todas possuindo sacadas, várias de um andar e com balcões de ferro. É nessa rua que se vêem quase todas as lojas e a maioria das vendas, umas e outras bem sortidas. No resto da cidade não se contam mais de seis ou oito casas assobradadas e as quatro últimas ruas compõem-se quase unicamente de miseráveis choupanas de telhado muito alto, porém mal conservadas, pequenas, de paredes de enchimento, servindo de moradia à população pobre, operários e pescadores. (MARTINS, 2006, p.74)
No final do século XIX, assim como afirma Martins (2006), muitos dos
estrangeiros que passavam pela cidade acabavam ficando para morar, resultando
na existência de um número significativo de imigrantes residentes. Em 1888, “um
recenseamento municipal registrou 20.277 uma população de habitantes, dos quais
14.345 residiam na cidade9. Os estrangeiros perfaziam 21,70 % desta última cifra”
(COPSTEIN apud MARTINS, 2006, p. 80).
Durante as décadas de 1870 e 1880, Rio Grande tornou a atrair a instalação
de muitas indústrias, das quais se sobressaem a Companhia União Fabril (1873),
propriedade de Carlos Rheingantz que exportava tecidos de lã e algodão para o
Brasil e para o exterior, e a Poock & Cia (1891), fábrica de charutos onde
trabalhavam técnicos alemães e cubanos (BITTENCOURT, 2007, p. 42).
Ao término do século XIX, Rio Grande tinha aproximadamente 4.119 edifícios
e 29.492 habitantes. No século XX, então, houve a aceleração da expansão urbana
rio-grandina.
Ainda conforme o autor, com a industrialização, houve uma explosão
demográfica, que, juntamente à especulação imobiliária, levou embora importantes
edifícios do acervo cultural arquitetônico do Rio Grande. Nessa época, as
demolições de antigos prédios significavam renovação, modernização, pois aqui
desconhecia-se o valor do patrimônio histórico. A cidade passou a apresentar um
7 Caldeiro ou caldeireiro: quem fabrica caldeiras e demais instrumentos de metal (Instituto
Antônio Houaiss, 2011 p.153). 8 Saint Hilaire ou Saint-Hilaire: botânico e viajante francês que viajou pelo Brasil de 1816 a
1822 (KURY, 2003, p. 1). 9 Nesse contexto, “cidade” referia-se ao “núcleo de inicial de desenvolvimento” (MARTINS,
2006).
14
cenário repleto de construções com fachadas ecléticas que procuravam exibir a
riqueza e a sutileza da elite local.
Ao fim da Primeira Guerra Mundial, muitas indústrias nacionais e
multinacionais voltadas para o processamento de produtos da pecuária instalaram-
se no Rio Grande do Sul. Para o Rio Grande, veio a Companhia Swift do Brasil, que
começou a funcionar em 1918, abatendo, industrializando e congelando carnes para
exportação. Gerando muitos empregos e tendo muita produção, a Swift teve grande
importância social e econômica para a cidade (BITTENCOURT, 2007, p. 52-54)
De acordo com Pimentel apud Bittencourt (2007), no ano de 1919, Rio
Grande possuía 6.904 prédios e no ano seguinte, 1920, como informa o IBGE apud
Bittencourt (2007), a população era de 53.607 habitantes. “A partir de 1920 a
indústria local se diversificou com o crescimento da indústria do pescado, conservas,
bolachas, bebidas e outras” (VIEIRA apud BITTENCOURT, 2007). As atividades
culturais, que aconteciam em teatros, cine-teatros – como o Cine Theatro Avenida
(fig. 4) – e cinemas, também formavam um fundamental setor da economia rio-
grandina, com o qual eram gerados empregos e arrecadadas grandes quantias na
qualidade de impostos municipais (BITTENCOURT, 2007, p. 55).
15
Figura 3: Cine Theatro Avenida, construído em 1929, no ano de 2011, depois de passar por um
período de reformas.
Fonte: Prefeitura Municipal do Rio Grande, 2011.
Ainda de acordo com a exposição de Bittencourt (2007), em paralelo com o
desenvolvimento dos setores econômicos referentes à indústria e à cultura, e
consequentemente ao comércio, se desenvolveu também a pesca artesanal. Os
produtos desta eram vendidos na Doca do Mercado (antiga Banca do Peixe) ou no
Mercado Público, ambos na zona central da cidade. A Doca foi construída a fim de
auxiliar o abastecimento do Mercado Público, uma vez que eram – e continuam
sendo – construções vizinhas e próximas ao porto. O Mercado foi construído com o
intuito de organizar o comércio, e permaneceu por anos sendo o principal fornecedor
de alimentos e produtos do gênero e significativa fonte de arrecadação do município.
A industrialização do município do Rio Grande proporcionou um expressivo
crescimento do perímetro urbano e também da economia e da cultura locais. A
modernização pela qual passou a cidade estimulou transformações urbanas como
alargamentos de algumas ruas, “obras destinadas ao embelezamento do espaço
público em sua área central, à instalação de equipamentos coletivos de infra-
estrutura em parte da cidade e ao aperfeiçoamento de serviços urbanos”
(BITTENCOURT, 2007, p. 57).
16
3.2 Inventário e patrimônio cultural
Este subcapítulo tem a intenção de esclarecer os conceitos de Patrimônio
Cultural e Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural. Pretende-se também fazer a
diferenciação entre bens inventariados e bens tombados, uma vez que este trabalho
abrange todos os prédios inventariados do município, não considerando se são
tombados ou não.
A Constituição Federal de 1988 declara, no art. 216, que “constituem
patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Dessa forma,
segundo o Manual do Usuário de Imóveis Inventariados (s. d., p. 10), esse tipo de
patrimônio liga-se diretamente com a cultura de um lugar, pois ela compreende
todos os produtos criados pelo homem ao longo de sua história. A cultura é também
“o ‘modo de vida’ de um povo e a forma do homem se relacionar em grupo”, assim
como “representa toda a ação do homem na tentativa de conhecer e se adaptar ao
meio em que vive” (MANUAL DO USUÁRIO DE IMÓVEIS INVENTARIADOS, s. d.,
p. 10).
Conforme o manual, os bens culturais são considerados os elementos que
diferem grupos e sociedades, e são importantes porque auxiliam uma comunidade a
entender como ela surgiu. Esses bens podem ser classificados em: móveis, como
obras de arte, objetos e mobiliário, livros, documentos e outros; ou imóveis, como
patrimônio natural e paisagístico e patrimônio urbano e arquitetônico. Este último
exemplo citado é o objeto de estudo do presente trabalho.
Ainda de acordo com manual, algo se torna patrimônio no momento em que
apresenta um valor ou significado especial em um determinado contexto cultural,
quando uma comunidade se apropria de um elemento cultural, valorizando-o e
reconhecendo-o. Assim, proteger os bens culturais gera a identificação entre uma
cidade e sua população, que se percebe diferente das demais e passa a orgulhar-se
de sua cultura.
“A preservação do patrimônio deve conseguir compatibilizar a conservação de
seus valores históricos e artísticos, manter as condições de integridade e
17
autenticidade e, simultaneamente, permitir sua inserção na vida contemporânea”
(MANUAL DO USUÁRIO DE IMÓVEIS INVENTARIADOS, s. d., p. 12). A
responsabilidade coletiva em fazer a proteção do patrimônio, conservando-o, é
necessária para que as futuras gerações possam acessar a memória de sua
comunidade e conhecer a história de seus antepassados. Ter essa resposabilidade
é exercer a cidadania.
O Manual do Usuário de Imóveis Inventariados define o Inventário do
Patrimônio Histórico e Cultural como um “instrumento de cadastro” onde estão
contidas informações sobre os bens culturais, e “é um reconhecimento da
arquitetura e do espaço urbano da cidade e destina-se à preservação do conjunto
das edificações em seu contexto urbano” (MANUAL DO USUÁRIO DE IMÓVEIS
INVENTARIADOS, s. d., p. 14). Já o tombamento é definido, pelo Manual, como o
instrumento legal de proteção ao patrimônio cultural utilizado pelo poder público –
em nível federal, estadual ou municipal. Bens tombados devem ser preservados
inteiramente, não podendo sofrer descaracterização ou demolição, podendo sofrer
obras de melhoria que não alterem duas características originais.
3.3 O SIG
O presente subcapítulo conceitua o Sistema de Informações Geográficas e
fala sobre ele, relacionando-o com o Geoprocessamento, com a gestão municipal e
com o presente trabalho.
Segundo Câmara (2004), o Geoprocessamento é a área do conhecimento
que, através de técnicas matemáticas e computacionais, trata informações
geográficas. Utiliza as ferramentas computacionais conhecidas como SIG, que
permitem a realização de análises complexas, a partir da criação de um banco de
dados georreferenciado e da interação de dados de diferentes fontes. Então, a área
do conhecimento citada mostra-se cada vez mais presente nas áreas de cartografia,
análise de recursos naturais, transportes, comunicações, energia e planejamento
urbano e regional.
O SIG aqui gerado pretende auxiliar os servidores da Prefeitura no
monitoramento dos prédios inventariados e também em quaisquer atividades a
serem realizadas a respeito desses bens. Dessa forma, Davis, Yuaça e Sirorski
18
(1997, p.73), descrevem que, quando utilizado na gestão municipal, o SIG deve
levar em conta algumas especificidades apresentadas pelo local de abrangência,
que exigem constantes atualizações. Eles citam como exemplo rápidas mudanças
de cenário – como construção de casas e mudança na direção de ruas –, e atuação
de serviços públicos e privados – como a coleta de lixo e correios. Com isso, pode-
se perceber que, por restringir-se às construções inventariadas, o sistema aqui
elaborado não precisará ser atualizado constantemente. Isto será necessário
quando forem realizados novos levantamentos para verificação da inexistência de
prédios do inventário ou existência de imóveis ainda não catalogados ou quando as
construções forem vistoriadas.
De acordo com Carvalho (s. d.), o processo de criação do banco de dados
geográfico com informações de diferentes fontes com o qual um SIG trabalha muitas
vezes pode ser um desafio para a prefeitura porque, para enfrentá-lo, é necessário
um profissional especialista, que nem sempre está presente no órgão. Este
profissional deve ter conhecimentos “associados a princípios de cartografia e
representação espacial em ambiente digital, Sensoriamento Remoto, GPS,
Semiologia Gráfica, compreensão das inter e intrarrelações sobre diferentes
aspectos, a saber, o ambiental, social e econômico” (CARVALHO, s. d.).
Portanto, é percebida a importância e a ampla utilidade dos Sistemas de
Informações Geográficas na gestão do espaço. No presente trabalho, o SIG gerado
pode auxiliar os gestores públicos permitindo-lhes uma visão holística do município e
da distribuição dos prédios nesse território. Assim como pode vir a ser uma maneira
melhor de organizar as informações e de acessá-las também, uma vez que podem
ser feitas seleções por atributo e consultas em geral ao banco de dados.
3.3.1 WebSIG
O presente subcapítulo tem a intenção de conceituar o webSIG e apresentar
as vantagens e desvantagens deste, relacionando com este projeto.
Através da rede mundial de computadores, pode ser disponibilizado aos
cidadãos um SIG com muitas informações atuais e de fácil interpretação,
possibilitando maior interação com a comunidade local. Dessa forma, a
disponibilização dos dados é muito útil para os servidores públicos e também
19
minimiza as chances de ocorrer duplicidade de informação – o que pode levar a
incompatibilidades indesejadas.
“O acesso quase omnipresente à Internet e aos conteúdos interactivos da
WWW fez da Internet um poderoso meio para as pessoas acederem10, trocarem e
processarem informações” (Peng & Tsou apud Correia, 2011, p. 6). Assim como em
diversas áreas, a internet mudou o modo como os dados e o processamento dos
SIGs são manipulados, acessados e compartilhados (CORREIA apud PENG &
TSOU, 2011, p. 6). Com isso, existem duas possibilidades de público alvo neste
trabalho: o planejador do município, que objetiva o desenvolvimento de medidas
exploratórias e/ou preservativas, e o cidadão, que, tendo acesso às informações,
pode fazer a cobrança de uma gestão mais participativa (DAVIS et al, 2007).
Segundo Correia (2011, p. 8), webSIG “refere-se a aplicações que distribui
dados espaciais para os usuários através de um navegador Web” e “dependendo
das capacidades do software, os usuários podem exibir, consultar e analisar dados
geográficos remotamente através de uma interface de um navegador”. O mesmo
autor ainda afirma que esse tipo de SIG tornou-se largamente utilizado em
organizações públicas e privadas, pois divulga-se dados espaciais e funcionalidades
desse sistema com custo relativamente baixo, o que é procurado neste trabalho.
Dentre as vantagens do webSIG, conforme Correia apud Bonnici (2011, p. 8):
capacidade de disponibilizar dados SIG e funcionalidade para um grande público, o
fato de os usuários não precisarem adquirir um software e também normalmente não
precisarem treinar para usar a ferramenta possibilitando que qualquer servidor da
Prefeitura Municipal do Rio Grande e qualquer cidadão possam acessar e manusear
o webSIG proposto. Já como desvantagem, há o fato de o tempo de resposta da
página onde encontra-se o SIG ser longo, o que depende da capacidade de
conexão, do processador e dos dados de volume de tráfego de rede.
Como exemplo de municípios que elaboraram um webSIG voltado para a
gestão pública, pode-se citar Florianópolis/SC, cujo endereço para acessá-lo é
<http://geo.pmf.sc.gov.br/geo_fpolis/index2.php>, e também Canoas/RS, que pode
ser acessado pelo endereço <http://www.geo.canoas.rs.gov.br/TOPO/>. Neste
10 Aceder: “ter acesso”; “(Informática) Conquistar ou obter acesso a (informação, elementos,
ficheiros, entre outros)” (DICIONÁRIO LÉXICO, s. d.)
20
último, pode-se perceber que há camadas de informação indisponíveis para o
público geral, e que provavelmente podem ser visualizadas por profissionais da
prefeitura do município. Comparando-o com o webSIG de Florianópolis, vê-se que
este disponibiliza menos informações que o outro, pelo menos ao público.
21
4. METODOLOGIA
Segundo Goldenberg apud Portela (s. d.), uma pesquisa qualitativa é aquela
que se preocupa “com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de
uma organização etc.”. Esse tipo de pesquisa não busca explicitar relações de
dependência entre variáveis para tratá-las como fenômenos, como acontece na
pesquisa quantitativa.
Dessa forma, a pesquisa classifica-se como qualitativa-quantitativa, pois
primeiramente, foram utilizados dados de caráter qualitativo – como a datação dos
prédios, seu uso atual etc. –, mas posteriormente, com o georreferenciamento dos
prédios e consultas feitas no SIG, poderão ser gerados dados quantitativos,
estatísticos.
O primeiro passo dado foi acessar o site da Prefeitura Municipal do Rio
Grande em busca do inventário do Patrimônio Cultural, um dos principais materiais
para a realização deste trabalho. Nesse site, o inventário estava dividido em fichas
individuais, em formato Portable Document Format (PDF) (fig. 5), onde as
informações estavam de acordo com levantamento feito em 2003. Todas as fichas
foram salvas do endereço eletrônico, e aquelas referentes a outros bens culturais
que não prédios ou a edificações que não existem mais, foram descartadas. Então,
dos arquivos restantes, foram obtidos os seguintes dados sobre os prédios:
município (onde também havia o bairro ou a localidade), denominação, endereço,
número, código, observação, uso atual e datação. É importante esclarecer que as
informações presentes neste trabalho estão baseadas no que consta no material,
sem atualizações; as modificações feitas foram com relação a termos usados.
22
Figura 4: Captura de tela de uma de ficha do Inventário do Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
Com a obtenção dos dados, pôde-se começar a elaboração de uma planilha
eletrônica – ou banco de dados – (fig. 6) para a organização destes e posteriormente
a inserção da mesma no ambiente SIG. Essa planilha tem as seguintes colunas ou
atributos: coordenada X (coordenada UTM de longitude), coordenada Y (coordenada
23
UTM de latitude), código do prédio, endereço, número, bairro/localidade,
denominação, datação, século de construção, uso atual, especificação do uso atual,
observação nº 1 (campo preenchido com alguma observação sobre o imóvel) e
observação nº 2 (campo preenchido com outra observação sobre o imóvel se a
célula anterior na horizontal já havia sido ocupada). Segue, na sequência, uma
captura de tela de parte desse banco de dados (fig. 5).
24
Figura 5: Captura de tela de parte do banco de dados georreferenciado no software Microsoft Excel.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
25
As coordenadas UTM, no datum WGS8411, da maioria dos prédios foram
coletadas através do software Google Earth. O georreferenciamento restante dos
prédios foi realizado através de saídas de campo, com um receptor GPS de
navegação (fabricado pela Garmin, modelo Etrex), pelo fato de não haver a Street
View12 na sua localização, que auxilia na identificação do bem cultural em questão.
Três saídas de campo foram realizadas para visitar o Calçadão (Rua General
Bacelar – no Centro), a Quinta, o Povo Novo, a Quitéria e a Ilha dos Marinheiros.
Durante o georreferenciamento dos prédios, oito destes não foram
encontrados. Três prédios pode-se afirmar que não existem mais, os quais se
encontram nos seguintes endereços: Avenida Honório Bicalho, portão 13,
denominado como Ginásio de Esportes Clube Honório Bicalho; Avenida Presidente
Vargas, nº 823, denominado como Casa da Menina; e Rua Zalony, nº 441/445/449.
Os outros cinco não foram encontrados e localizam-se nos endereços: Rua General
Antônio de Souza Netto, sem número; Rua Vereador Carlos Mendonça Machado, nº
136; Estrada Frederico Albuquerque, sem número; Estrada Frederico Albuquerque,
nº 290; e Estrada Rio Grande, nº 460/4/c. 62.
Com o intuito de confirmar a situação dos prédios supracitados, foi realizada
outra visita à Secretaria de Município de Coordenação e Planejamento. Neste
momento, descobriu-se que a Secretaria vistoriou as construções inventariadas este
ano. Lá foi confirmado que os três primeiros prédios citados anteriormente como não
existentes tiveram sua inexistência confirmada, sendo que o prédio da Rua Zalony,
nº 441/445/449 ainda está edificado, mas sua localização estava indicada
erroneamente na ficha do inventário. Dos prédios não encontrados no
georreferenciamento, aqueles que se encontram nos endereços Rua General
Antônio de Souza Netto, sem número e Estrada Rio Grande, nº 460/4/c. 62 ainda
existem, enquanto os demais são inexistentes. Ainda, foram demolidos os prédios
antigamente localizados nos endereços Rua Conselheiro João Alfredo, nº 582 e Rua
11 O sistema de coordenadas UTM e o datum WGS84 foram determinados como parâmetros
cartográficos para esses dados, porque a ideia é de que o produto aqui gerado seja utilizado principalmente pelos servidores da Prefeitura Municipal, que já utilizam esses parâmetros.
12 Street View: “ferramenta disponível no Google Maps, Google Earth e Google Maps para celular que permite que os usuários explorem o mundo através de imagens 360 graus ao nível da rua”. (Google Maps Brasil, s.d.)
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Apolinário Porto Alegre, sem número – sendo que este denominava-se Hotel
Querência.
Depois de completar o banco de dados em questão, foi feita sua inserção no
software ArcGIS e, em seguida, transformado para arquivo vetorial shapefile13. Esse
ambiente SIG permitiu que os dados sobre os prédios (representados graficamente
por pontos) se integrassem a uma base cartográfica – como o arquivos vetoriais do
estado do Rio Grande do Sul, disponibilizados pelo IBGE, do censo de 2010 ou o
arquivo vetorial do município do Rio Grande, disponibilizado pelo Programa
Geosaúde (IFRS). Ainda, é possível integrar o arquivo vetorial elaborado neste
trabalho com imagens de satélite que abranjam a área de estudo.
Para disponibilizar o trabalho para a população e também facilitar o acesso
dos servidores da Prefeitura, foi criada uma página na rede mundial de
computadores através do site Webnode, através da qual o usuário pode acessar o
webSIG com os dados desta pesquisa. Esse site permitiu configurar a formatação da
página e inserir fotos e informações sobre o trabalho, assim como o banco de dados
com as coordenadas UTM e demais informações interessantes para o internauta.
A elaboração da página para o webSIG começou com a criação de uma conta
no site Webnode, escolhido por ser gratuito e permitir que o usuário crie e configure
seu próprio site. Automaticamente, a página foi criada, e, assim, foi possível
configurar seu layout e, nela, publicar informações e imagens. Em seguida, foi
originada uma conta de email no Gmail específica para este trabalho. A partir daí, foi
adicionado ao Google Drive dessa conta uma versão do arquivo vetorial dos prédios
comprimido – em formato Roshal Archive (RAR) – e também uma versão desse
arquivo em formato Keyhole Markup Language (KMZ). Nesse serviço de
armazenamento online, foi gerado um link, que, então, foi publicado na página criada
no Webnode. Clicando nesse link, é aberto um aplicativo do Google Maps que
permite a visualização do webSIG.
13 Shapefile: “tipo de arquivo digital que representa uma feição ou elemento gráfico, seja ela
em formato de ponto, linha ou polígono e que contém uma referência espacial (coordenadas geográficas) de qualquer que seja o elemento mapeado” (Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE/CE, s. d.)
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Por fim, este trabalho será entregue aos servidores da Secretaria de
Município de Coordenação e Planejamento, que, a partir de então, poderão passar a
utilizá-lo para atualizar os dados sobre os prédios e, assim, melhor monitorá-los.
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5. RESULTADOS
Como resultados obtidos com o SIG dos prédios inventariados do Rio Grande,
deve ser citado primeiramente, o número de prédios sobre os quais constam
informações no banco de dados elaborado neste trabalho, que foi 491. Esse número
de prédios está dividido em 404 construções sem datação especificada, 25 do
século XIX, 61 do século XX e 1 construção, segundo o Inventário, dos séculos
XVIII-XX – pois a datação deste bem cultural estava especificada como 1784-1950
na ficha.
Nesse SIG, é possível fazer consultas ao banco de dados por meio de
seleções por atributo como, por exemplo, procurar quais os prédios construídos no
século XIX e usados para fim religioso (fig. 6). Na fig. 6, visualiza-se que os prédios
selecionados ficam destacados no banco de dados e também na representação
espacial dos dados.
Figura 6: Captura de tela de uma seleção por atributo realizada no software ArcGIS.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
Resultaram deste trabalho, também, mapas temáticos que puderam ser
elaborados a partir do SIG, como mapa dos prédios classificados por século de
construção (fig. 7), mapa de prédios usados para fim religioso (fig. 8) e mapa de
prédios desocupados (fig. 9).
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Figura 7: Mapa dos prédios inventariados classificados por século de construção no município do Rio
Grande/RS.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
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Observando o mapa acima (fig. 7), percebe-se que há uma grande
concentração dos prédios inventariados na localidade Centro e arredores e que
muitas dessas construções não têm datação especificada no Inventário do
Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. Essa falta de definição da datação de
muitos prédios pode ser prejudicial à Prefeitura se esta decidir restaurá-los, pois
essa informação é útil, por exemplo, para saber as características artísticas,
construtivas e de materiais de construção do período em que foram construídos.
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Figura 8: Mapa dos prédios inventariados usados com fim religioso no município do Rio Grande/RS.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
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Observando o mapa anterior (fig. 8), percebe-se que os prédios utilizados
para fim religioso concentram-se na localidade Centro e arredores, havendo pelo
menos uma construção com esse uso nos seguintes lugares afastados da localidade
citada: Cassino, 4ª Secção da Barra – Leal Santos 1, Quinta, Povo Novo e Ilha dos
Marinheiros.
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Figura 9: Mapa dos prédios inventariados desocupados no município do Rio Grande/RS.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
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Como observação do mapa dos prédios inventariados desocupados (fig. 9),
percebe-se, como nas figuras 7 e 8, uma concentração de prédios no Centro e seu
entorno e poucos distribuídos em locais mais afastados.
Pode-se dizer que a concentração dos prédios na localidade Centro e seu
entorno, apresentada nas figuras 7, 8 e 9, é algo positivo, pois se um visitante
desejar conhecer esses bens culturais, não precisará se deslocar por grandes
distâncias. Ainda, os gestores públicos têm a possibilidade de traçar uma rota de
visitação a esses lugares e a vistoria torna-se mais fácil devido a proximidade dos
mesmos.
O webSIG foi disponibilizado na página de endereço <http://predios-
inventariados-rio-grande.webnode.com/>. Como resultados obtidos com o webSIG
tem-se a disponibilização deste trabalho para o público em geral, qualquer
internauta, que pode saber o que é o Inventário do Patrimônio Cultural e entender a
importância que os bens culturais – que, neste caso, são os prédios –, têm para a
história do município. Além disso, os servidores públicos podem utilizar a página –
onde encontra-se o webSIG – como uma ferramenta de trabalho e de
conscientização para a população, que também pode contribuir para a preservação
dos prédios.
Na fig. 10, é possível ver o layout da página onde está hospedado o webSIG.
Figura 10: Layout da página criada para disponibilização do webSIG.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
Já na fig. 11, encontra-se uma captura de tela do webSIG, com um ponto
representando a localização de um prédio selecionado, sendo possível visualizar as
informações sobre essa construção.
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Figura 11: Captura de tela do webSIG.
Fonte: própria deste trabalho, 2014.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se que o SIG e o webSIG aqui apresentados realmente ajudem os
servidores da Secretaria de Município de Coordenação e Planejamento a gerenciar
os prédios inventariados da melhor maneira possível. Senão, que este trabalho sirva
para os fins desejados pelos servidores, permitindo a busca pela preservação das
peças históricas que são os prédios inventariados. Além disso, é esperado que os
sistemas estimulem a SMCP a manter o banco de dados sempre atualizado e
disponível para a população – pois o inventário disponível no endereço eletrônico da
Prefeitura é de 2003.
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EPÍLOGO
Como principal consideração final para este trabalho, deve ser citado o novo
olhar com que o município do Rio Grande pôde passar a ser visto. Estudando sua
história e observando cada prédio, percebe-se que no Rio Grande há construções
antigas belíssimas, que “guardam” uma história, pois por elas já passaram inúmeras
vidas. Pessoas foram, voltaram, umas faleceram, outras tantas nasceram, e dessa
forma, esses prédios fizeram parte do cenário de tantas vivências em épocas
distintas. É incrível pensar que por onde passamos hoje, outros cidadãos passaram
há 100, 150 anos atrás. É emocionante viver em um lugar assim e, portanto, é
importante sentir-se no dever de contribuir para a preservação de tudo o que faz
parte da história do povo rio-grandino e sua origem.
Apesar da grande demanda de tempo, esforço e dedicação, foi um prazer
elaborar produtos que podem contribuir para a preservação da história do município,
valorizando-o. E isso somente foi possível devido aos conhecimentos adquiridos ao
longo do curso técnico em Geoprocessamento.
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7. REFERÊNCIAS
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