Gerenciamento Ambiental Na Indústria Moveleira – Estudo de Caso No

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XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 1 Gerenciamento ambiental na indústria moveleira – estudo de caso no município de Bento Gonçalves Vania Elizabete Schneider (Universidade de Caxias do Sul - UCS) [email protected] Éverton Hillig (UCS) [email protected] Eloide Teresa Pavoni (UCS) [email protected] Maicon Roberto Rizzon (UCS) [email protected] Luis Alberto Bertotto Filho (UCS) [email protected] Resumo Este trabalho objetiva apresentar os resultados de uma pesquisa realizada junto à indústria moveleira de Bento Gonçalves, a qual representa 45% da produção de móveis do Rio Grande do Sul. Os dados fundamentam-se num diagnóstico ambiental realizado em 26 empresas, em que foram quantificados os resíduos gerados, sua destinação, situação quanto ao gerenciamento e licenças ambientais, sistema de pintura utilizado e implantação de Sistemas de Gerenciamento Ambiental, visando analisar a situação geral das empresas nos aspectos contemplados e a preocupação com a sustentabilidade do seto.r São discutidas ainda medidas mitigadoras de impactos ambientais e perspectivas de retorno dos resíduos ao ciclo produtivo. Palavras chave: Gestão de Resíduos, Indústria Moveleira, Diagnóstico Ambiental. 1. Introdução A preservação ambiental é uma temática atual e emergente que requer o envolvimento e a participação de todos os segmentos da sociedade civil bem como de cada cidadão em particular. A gestão ambiental dentro deste contexto apresenta-se como uma alternativa que vem de encontro com interesses sócio-econômicos envolvendo cada vez mais o segmento empresarial. A minimização de impactos ambientais associada à minimização de custo, recuperação de matérias primas e energia projetam um futuro em que os interesses da sociedade se associam no sentido de preservar a qualidade ambiental para as atuais e futuras gerações. O desenvolvimento sustentável desponta como um objetivo global a ser alcançado racionalizando-se o uso dos recursos naturais. A atividade industrial, por muito tempo tida como impactante começa a despontar para um cenário de alternativas racionais de gestão, em que a variável ambiental insere-se sem contudo frear o seu desenvolvimento e sua própria sustentabilidade Dentro deste contexto, segundo DONAIRE (1999), as empresas vêm integrando em suas estratégias a proteção e conservação ambiental, tornando-se estas variáveis ou fatores direcionadores de todas as outras estratégias. Alguns fatores têm sido importantes nestes direcionamentos pelas empresas, como os fatores coercitivos (regulações, multas, barreiras comerciais não tarifárias, pressões externas, etc.) que levam a uma ação reativa, e os fatores econômicos, onde a competitividade se dá também pela preservação e conscientização ambiental (responsabilidade social e ética) que levam a uma ação pró-ativa.

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gerenciamento ambiental de resíduos industriais em empresas moveleiras.

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XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO1 Gerenciamento ambiental na indstria moveleira estudo de caso no municpio de Bento Gonalves Vania Elizabete Schneider (Universidade de Caxias do Sul - UCS)[email protected] verton Hillig (UCS)[email protected] Eloide Teresa Pavoni (UCS)[email protected] Maicon Roberto Rizzon (UCS)[email protected] Luis Alberto Bertotto Filho (UCS)[email protected] Resumo Estetrabalhoobjetivaapresentarosresultadosdeumapesquisarealizadajunto indstriamoveleiradeBentoGonalves,aqualrepresenta45%daproduodemveisdo RioGrandedoSul.Osdadosfundamentam-senumdiagnsticoambientalrealizadoem26 empresas, em que foram quantificados os resduos gerados, sua destinao, situao quanto aogerenciamentoelicenasambientais,sistemadepinturautilizadoeimplantaodeSistemasdeGerenciamentoAmbiental,visandoanalisarasituaogeraldasempresasnos aspectoscontempladoseapreocupaocomasustentabilidadedoseto.rSodiscutidas ainda medidas mitigadoras de impactos ambientais e perspectivas de retorno dos resduos ao ciclo produtivo. Palavras chave: Gesto de Resduos, Indstria Moveleira, Diagnstico Ambiental. 1. Introduo A preservao ambiental uma temtica atual e emergente que requer o envolvimento eaparticipaodetodosossegmentosdasociedadecivilbemcomodecadacidadoem particular.Agestoambientaldentrodestecontextoapresenta-secomoumaalternativaque vemdeencontrocominteressesscio-econmicosenvolvendocadavezmaisosegmento empresarial.Aminimizaodeimpactosambientaisassociadaminimizaodecusto, recuperaodematriasprimaseenergiaprojetamumfuturoemqueosinteressesda sociedade se associam no sentido de preservar a qualidade ambiental para as atuais e futuras geraes.Odesenvolvimentosustentvel desponta como um objetivo global a ser alcanado racionalizando-seousodosrecursosnaturais.Aatividadeindustrial,pormuitotempotida como impactante comea a despontar para um cenrio de alternativas racionais de gesto, em queavarivelambientalinsere-sesemcontudofrearoseudesenvolvimentoesuaprpria sustentabilidade Dentrodestecontexto,segundoDONAIRE(1999),asempresasvmintegrandoem suasestratgiasaproteoeconservaoambiental,tornando-seestasvariveisoufatores direcionadores de todas as outras estratgias.Alguns fatores tm sido importantes nestes direcionamentos pelas empresas, como os fatores coercitivos (regulaes, multas, barreiras comerciais no tarifrias, presses externas, etc.)quelevamaumaaoreativa,eosfatoreseconmicos,ondeacompetitividadesed tambmpelapreservaoeconscientizaoambiental(responsabilidadesocialetica)que levam a uma ao pr-ativa. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO2 A gesto ambiental pode levar a um resgate da responsabilidade subjacente aplicao desoluesquecontenhamcrescentediferenciaotecnolgica,nodesafiodapreservao ambiental. Isto pode dar-se com reduo de custos com material, gua, energia, tratamento e disposioderesduos,custosjuntoaosrgosreguladores,satisfaodosconsumidorese, como conseqncia, aumento da competitividade.Relativamenteaosresduosslidos,areduonaorigemdeterminanteparaa eficinciadosistemadegesto.Poroutrolado,areutilizaoeareciclagem,bemcomoa recuperao de matria e energia agregados aos resduos podem trazer benefcios ambientais e econmicos. Osaspectosnormativosparaagestoambientalnumasociedadeglobalizada incentivam a minimizao e a no gerao de resduos. Estes tambm so aspectos adotados para a implantao de sistema de gerenciamento ambiental (SGA). Outros princpios bsicos que orientam um SGA so a definio da poltica ambiental quedeveestardisponvelaopblico,oplanejamento,aimplantao,amediaoea coordenao das aes corretivas e preventivas. O planejamento de grande importncia para aformadeimplementaodeSGAedeveidentificarosaspectosambientaisquesoos elementos da atividade empresarial que podem interagir com o meio. As modificaes que os impactosambientaispodemprovocarnomeioambiente,servemdebaseparaadefinioe objetivos do SGA. De acordo com ALMEIDA (2002), estes aspectos so relevantes para avaliar o grau de envolvimentodasempresascomodesenvolvimentosustentvel,bemcomoparaanalisar-se os ganhos obtidos com as modificaes feitas.Asempresasnecessitam,noentanto,ir alm da preveno da poluio, atentando tambm para os impactos ambientais relacionados comociclodevidadoproduto.Oprincpiodadescargazero,areduodoconsumode materiais e de gerao de resduos exige mudanas fundamentais nos produtos e processos.Oprojetovoltadoparaomeioambiente,DesignforEnvironmentDFE,uma importanteferramentaparaacriaodeprodutosdemaisfcilrecuperao,reutilizaoou reciclagem,umavezquetodososefeitospotenciaisdoprodutosobreoambienteso examinados durante a fase de projeto (SERRA, 2000). 2.A Cadeia produtiva madeira e mveis SegundoaAbimvel(2001),houveumconsidervelaumentonasexportaesdo setormoveleirobrasileiroemfunododesenvolvimentodacapacidadedeproduoe melhorianaqualidadedosprodutos.NosltimostrsanosoRioGrandedoSulvem ocupandoosegundolugarnocenrionacional,representandoaproximadamente20%da produonacional,comumfaturamentonoanode2000deR$1,65bilhes(2%doPIB gacho),ecomumaexportaodeUS$160milhes(31%dototalnacional),sendoos Estados Unidos os principais importadores. Conforme ROESE (2000), embora no conjunto da indstriadetransformaoaparticipaodosetorsejamodesta,ofatodeconstituirplos regionaisfazcomqueassumagrandeimportnciaemdeterminadasregies.Noestado,a indstria est concentrada na regio da serra com um plo em Bento Gonalves, responsvel por 45% da produo estadual. 2.1. Matrias-primas As Florestas nativase plantadas, a madeira industrializada, o MDF, os aglomerados, e placasdurasparamveissoasprincipaismatrias-primasutilizadaspelaindstria moveleira.AproduoatualdemadeiranoBrasilrepresentacercadeUS$2,5bilhes/ano, com4,6milhesdehectaresdeflorestasplantadas,amaiorialocalizadanosestadosdo XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO3 Paran, So Paulo, Minas Gerais e Esprito Santo, sendo que as reas de reflorestamento so constitudas principalmente por eucalipto e pinus com larga utilizao pelo setor moveleiro.Aproduodemadeiraaglomerada,quefoide494milmem1990,aumentoupara 1.313milmem1998,oquesignificouumincrementomdiode13%aoano.Osplos moveleiros so os principais mercados consumidores de aglomerados, posto que entre 80% e 90% do volume produzido destinado fabricao de mveis. A maior parcela da produo nacionalabsorvidadiretamentepelaindstriamoveleira.Umvolumemenor comercializado pelas revendas e destinado ao setor moveleiro de pequeno porte.No Brasil, a madeira, uma das principais matrias-primas utilizada para a produo de painis de aglomerado, provm, em sua totalidade, de florestas plantadas. As empresas Placas do Paran, Tafisa e Berneck utilizam 100% de pinus na fabricao de painis de aglomerado; a Eucatex utiliza 100% de eucalipto, enquanto Duratex e Satipel combinam pinus e eucalipto em propores variadas.Os investimentos que esto sendo feitos pelas empresas produtoras de aglomerados, de MDF,deferragenseacessrios,derevestimentos,tintasevernizes,bemcomoos investimentosdasprpriasindstriasmoveleiraspermitemafirmarqueondicede crescimentoanualdosetordeplacasdemadeirasermantidoeatmesmoampliadonesta dcada. Por outro lado, a falta de informaes sobre a caracterizao e quantidade de resduos demadeiraedeoutrosresduosgeradosnaindstriamoveleiranopossibilitaindicar modelos de gesto destes resduos. Conforme a RADIOBRAS (1997), os resduos resultantes dasatividadesdetransformaodamadeiraslidaemprodutosacabadosemmuitoscasos tmsidotradicionalmentedesperdiados,constituindoumestorvoparaofabricante.Muitas empresaspromovemaqueimaemfornos como forma de reduzir o volume do material a ser eliminado.Ouaindaparageraodeenergia,atravsdacombusto.Estetipode aproveitamento,entretanto,emboratenhabenefciossociais,agregapoucovaloraoproduto final. 2.2.A Indstria moveleira e a gerao de resduos Aindstriabrasileirademveisformadapor13.500micro,pequenasemdias empresas,decapitalnacionallocalizadasemsuamaiorianaregiocentro-suldopas, constituindoplosmoveleiros,aexemplodeBentoGonalves-RS.Osetortemgrande representatividade na economia do pas com uma participao de 7% na indstria brasileira.Apesardodestaquedosetormoveleironocenrioindustrialbrasileiro,melhoriasna gestoambientalpoderorepresentarnoapenasasustentabilidadedosmercados conquistados, mas novos ganhos de competitividade, atravs de tcnicas como racionalizao dousodematrias-primas,reaproveitamentoereciclagemderesduos.Abuscade recuperao das fatias de mercado perdidas, portanto, poderia ser catalisada pela adoo das tecnologias limpas. Astentativasdeanliseglobaldoproblemadageraoderesduospelaindstria moveleiratornam-sedifceis,noentanto,faceausnciadeumaestimativaoficiale atualizada, em nvel nacional ou regional, sobre o volume de resduos gerado pelas empresas do setor.Odiagnsticodageraoderesduosnestecasopassaaserfundamentalparaa tomadadedecisonadeterminaodagestodosresduos.Emalgunscasos,o aproveitamento dos resduos est condicionado a economias de grande escala, como o caso daindstriadeaglomeradosque,apesardetersurgidonaEuropacomafinalidadede aproveitamento dos resduos industriais e das serrarias, no Brasil se utiliza preferencialmente decavacosdemadeiraroliaoriundadeflorestas(ROQUE,1998).Apossibilidadesde XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO4 utilizaodosresduosdemadeiranestaindstriasograndes,masdependemdo conhecimento das classes e quantidades geradas. Assim, torna-se de fundamental importncia o levantamento das quantidades e tipos de resduosgeradospelasindstriasmoveleiras,comobaseparaprojetosdepesquisase formulao de modelos de gesto que possibilitem alternativas de melhor aproveitamento para osresduosgerados.SegundoCALDERONI(1997),aindstriaosegmentoquemaiores ganhosauferecomoprocessodereciclagem,tendo,portanto,queseengajarnestecontexto de forma a viabilizar o diagnstico com mxima transparncia. 3. Metodologia Visando identificar o universo das empresas ligadas rea de produo moveleira no municpiodeBentoGonalvesRS,foramrealizadoslevantamentosdedadosjuntoao SINDMVEIS (Sindicato das Indstrias da Construo e do Mobilirio de Bento Gonalves RS),MOVERGS(AssociaodaIndstriadeMveisdoRioGrandedoSul), SINDIMADEIRA(CaxiasdoSul)eempesquisasbibliogrficasjuntoalevantamentose diagnsticosjpublicados.Osdadosobtidosforamcruzadosnosentidodeseobteruma listagemquecontemplasseasempresaspotencialmentegeradorasdestesresduos, oficialmente registradas em alguma destas Instituies. ParaefeitodeclassificaofoiutilizadaametodologiadeHierarquia(2000),que define a representatividade da empresa em funo do seu ndice scio-econmico, obtido pela mdiaaritmticadosndicespercentuaisdepatrimniolquido,faturamentobruto,lucro operacional, impostos gerados e salrios pagos. Paraacoletadosdados,elaborou-seumformulriodepesquisa,utilizadonasvisitas sempresasepreenchidopelopesquisadoremconjuntocomorepresentantedecada indstria.Asinformaesforambuscadasnossetorespertinentesemcadaempresa,ou mesmoverificadasinlocoquandonecessrio.Osformulriosforamigualmenteenviadoss empresas atravs da MOVERGS, analisados individualmente e complementados em visita s empresas, procurando sanar possveis erros de interpretao. Visandocaracterizarasituaoprodutivadasempresasvisitadas,foramlevantadas variveisdeproduodasquaispodem-sedestacaralgumasdeinteresse,comoconsumode energiaeltricaedegua,nmerodecolaboradores,graudeinstruodestes,nmerode mquinas,principaismatriasprimasutilizadasedestinodaproduo,almdasvariveis relacionadasgeraoderesduoscomooconsumodematria-primaporclassee aproveitamento, quantidade de resduos de serragem e retalhos e outros resduos, bem como a existncia de sistema de gerenciamento ambiental. Para estimativa das quantidades de resduos gerados por classe de matria-prima e por municpio,foramconsideradasasproporesdematrias-primasutilizadaseseu aproveitamentocalculando-seassimovolumederesduosgeradosemfunodo aproveitamentodamatria-primaesuaproporoemrelaoaototaldematria-prima utilizada. Nestetrabalho,seroanalisadassomenteasvariveisrelacionadasaogerenciamento ambientalegeraoderesduosdemadeiraeoutros,exemplodaborradetinta,embalagens de tintas e produtos qumicos, existncia de sistemas de gerenciamento ambiental, e situao da empresa quando a licenciamentos ambientais.Os dados foram levantados em 26 empresas do polo moveleiro de Bento Gonalves, e analisadosquantoaveracidade,comparandoosvaloresinformadosdematria-prima consumida com a representatividade das empresas, o nmero de colaboradores e a quantidade deresduosgerados.Arepresentatividadedaamostraemrelaoaproduodomunicpio abrangeu 40% da produo do Municpio, representando 18% da produo estadual. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO5 3.Resultados e Discusso Aanlisedasinformaesrelativasaogerenciamentoambientaldasindstrias analisadasmostraumconsumodeenergiade2.884.329kwh/msedeguanaordemde 4.163m3,esteltimorelacionadoasatividadesdepintura.Sendoesteonicoprocessono qual a gua utilizada, justifica-se o baixo consumo pelas indstrias do setor. Por outro lado, o alto consumo de energia, em decorrncia de sua utilizao para movimentao de mquinas e equipamentos, demonstra a viabilidade de utilizao dos resduos de madeira a atividades na gerao de energia para prpria indstria. A gerao de borras de tinta so da ordem de 10.307 m3 geradas em 11 empresas das 26visitadas.Verifica-seseremosresduosdosetordepinturaosqueapresentammaiores problemasdegerenciamentoedescartenesteramoindustrial,levandomuitasempresasa eliminaroudiminuirosprocessosdepinturaemsuaslinhasdeproduopormeioda utilizao,porexemplo,depainisrevestidoscomlminassintticas.Processosdepintura alternativoscomocitadosemVENZKE&NASCIMENTO(2002)quesugeremautilizao de tintas em p curvel por radiao ultravioleta tambm vem sendo utilizados. Este fato pode serconfirmadoumavezque50%dasempresasvisitadasquepossuemprocessodepintura utilizamsistemasalternativos.Dosdadosfornecidoscomrelaoaosprocessosdepintura, 69,2%dasempresasinformaramteremsistemadepinturainplantados,sendoquedestas 88,8%afirmamteremcabineparapinturainstalada.Verifica-se,confrontandoonmerode empresasquepossuemcabinecomonmerodeempresasquegeramresduosdeborrasde tinta, que no necessariamente as empresas que declaram ter cabine de pintura, realmente as possuem. Outroimpactoambientalcausadopelasatividadesdasindstriasmoveleirase relacionadoaoprocessodepinturasoodescartedosresduosdeembalagensdetintas.Os dados levantados totalizaram uma gerao de 2.492 Kg mensais de resduos de embalagens de tintaseprodutosqumicos.Dasempresaspesquisadas,14declararamageraodestes resduos,sendoqueemduasestessoencaminhadosparaARIP(AterrodeResduos IndustriaisPerigosos)eumaarmazenanodepsitoderesduosdaempresa.Orestante informou a destinao de suas embalagens para reciclagem ou reutilizao. Com relao aos resduos de madeira e derivados, verificou-se a gerao de 1.576 m3 de serragem, 94m3 de maravalhas e 1.039 m3 de retalhos,mensais medidos a granel.Apesardasempresasdaremdiferentesdestinaesaosresduosdemadeirae derivados, verifica-se que a maioria (53,3%) vende para utilizao por terceiros. Neste caso, existem empresas de transporte que realizam a coleta e compra dos resduos, desconhecendo a empresa muitas vezes a destinao final destes resduos. Afigura1apresentaaproporodosdiferentesdestinosfinaisdosresduosde madeiraederivados,calculadosemfunodototaldosresduosgeradospelasempresas visitadas.Verifica-setambmqueumaparcelaexpressivadosresduos(16,5%),ainda descartada para queima, sem aproveitamento. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO6 16,50%53,30%2,30% 2,48%25,33%0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%QueimaVendaDisposio em AterroDoaoReaproveito Grfico 1 Destino dos resduos gerados Relativamente situao junto ao rgo ambiental, 34,6% declaram possuir licena de operao (LO) para armazenamento e destino final de resduos; 69,2% para o funcionamento da empresae 30,79% para o funcionamento da estao de tratamento de efluentes (ETE).Noquetangeaosistemadegerenciamentoambiental(SGA)30,8%declaramt-lo implantado, contra 69,2% que no o possuem. Outros tipos de resduos gerados por estas empresas mensalmente (8.590 kg de metais, 7.620 kg de papel e papelo, 4.390kg de plstico, 883kg de orgnico, 270 kg de vidro e 186kg de txtil), podem ser observados no grfico 2. 8590Kg7620Kg186Kg883Kg4390Kg270Kg0200040006000800010000MetaisPapel e PapeloTxtilOrgnicoPlsticoVidro Grfico 2 Outros resduos gerados pelas empresas pesquisadas em Kg/ms 4. Concluso Osresultadosobtidosdemonstramumapreocupaoaindatmidacomosaspectos ambientais pertinentes ao processo produtivo tanto internamente quanto nos aspectos relativos ao armazenamento, tratamento e destinao final dos resduos e efluentes. Mesmo entre as empresas que do destinao final aos seus resduos, o que se observa que os processos utilizados so ambientalmente incorretos, seno representando desperdcio dematrias-primaspotenciais,exemplodaqueimaderesduosdemadeiraouasimples disposiodestesnosolo.Omesmosepodeobservarcomrelaoaosresduos potencialmenteperigosos,exemplodeembalagensdetintaseprodutosqumicosqueso XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produo - Ouro Preto, MG, Brasil,21 a 24de out de 2003 ENEGEP 2003ABEPRO7 encaminhadosreciclagemcontrariandoaodispostonalegislaoestadualderesduos slidos que os classificam como resduos Classe I.Consideradososaspectosacimaobserva-seumpotencialemergentederevisodos processosprodutivos,buscandoinserodavarivelambiental,comsistemasde gerenciamentoelicenciamentoambientalcompatveiscomalegislaovigenteou recuperaodematriasprimaseenergia,bemcomoousoracionaldosrecursosnaturais, exemplo da gua. Deve-seconsideraraindaosaspectosderecuperao/reciclagemdosresduosde madeira e derivados, maior contingente gerado pelo setor, os quais apresentam forte potencial de retorno ao prprio processo produtivo industrial moveleiro como matria prima secundria, exemplo de compsitos polmero-fibra e aglomerados. 6. Referncias Bibliogrficas ABIMVEL-AssociaoBrasileiradasIndstriasdoMobilirio.PanoramadoSetorMoveleiro. 2001. ALMEIDA, Fernando. O Bom Negcio da Sustentabilidade. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2002 CALDERONI, S. Os bilhes perdidos no lixo. Universidade de So Paulo. So Paulo (SP): Humanitas Livraria, 1997.343 p. il. DONAIRE, Dennis. Gesto Ambiental na Empresa. So Paulo, Atlas, 1999. Hierarquia Scio-Econmica de Bento Gonalves. Bento Gonalves: CFP Senai de Artes Grficas, 2000. 29 ed. 144 p. MOVELSUL. Setor moveleiro. www.movelsul.com.br/movelsul/movprt.htmPlanet house, 2000. RADIOBRAS-CINCIA,TECNOLOGIA&MEIO-AMBIENTESerrariasgeram620mil toneladas de serragem por ano. www.radiobras.gov.br/abrn/c&t/1997/coluna_090597.htm., maio, 1997. Relatrio para o Arranjo Industrial Moveleiro. Porto Alegre: NITEC, PPGA, UFRGS FAURGS, 2000. 83 p. ROESE,M.PolticaindustrialedeC&Tregional:sistemasdeinovaoregionais.Ocasoda aglomeraomoveleiradeBentoGonalves/RS.RevistaEletrnicadeAdministrao.v.6,n.4,UFRGS, novembro/2000. ROQUE, C. A. L. Painis de madeira aglomerada. SET805.doc www.bndes.gov.br, 1998. SERRA, Afonso C.C. Estratgia Corporativa / Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 2000. pg. 117 140. VENZKE C.S. & NASCIMENTO L.F. O Ecodesign no Setor Moveleiro do Rio Grande do Sul. Revista eletrnica de Administrao ed. 30 n6 vol.8. Dezembro 2002 . http;//read.adm.ufrgs.br/read30. Acesso em maio de 2003.