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GERENCIAMENTO DE RISCO EM UM
POSTO DE TRABALHO DE PROVA DE
CARGA EM ESTACAS
Francismara Martins Gawlik
(UTFPR)
MAILA TEIXEIRA DE FARIA
(UTFPR)
Luiz Carlos Wicnewski
(UTFPR)
Rodrigo Eduardo Catai
(UTFPR)
Resumo A construção civil é um dos setores que mais contribuem para os altos
índices de acidentes de trabalho, desta forma os custos relacionados a
esses acidentes vêm fazendo com que algumas empresas adotem uma
política eficiente para prevenção ddos mesmos. O objetivo desta
pesquisa foi fazer um estudo comparativo em uma empresa de
fundações e geotécnica, analisando a contribuição e benefícios que a
implantação do setor de segurança do trabalho proporcionou à mesma,
e especificamente, apresentar os riscos que compõe o posto de
trabalho de execução de prova de carga em estacas. A metodologia
empregada foi composta de várias visitas in-loco para levantar todo o
processo atual de prova de cargas bem como a realização de
entrevistas com trabalhadores e administradores. Para todos os
problemas encontrados foram dadas sugestões de melhoria, as quais
foram acatadas e neste trabalho apresenta-se a comparação do antes e
depois da segurança nos processos analisados. Os resultados
mostraram que as condições de segurança eram bem complicadas para
os trabalhadores e a empresa não possuía muitos documentos de
segurança do trabalho imprescindíveis para a obra. Com as melhorias
implementadas tais problemas foram sanados e os trabalhadores
puderam passar a contar com mais segurança nos seus postos de
trabalho.
Palavras-chaves: Prova de carga; Estacas; Acidentes; Segurança.
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
A construção civil é um setor diversificado, que abrange obras pesadas e de infra-
estrutura, industrial e residencial. Para todas essas áreas existe um tipo de empresa que presta
serviços logo que se iniciam as obras: são as empresas de fundações e geotécnica. Essas
empresas fazem vários tipos de estudos durante a fase inicial da obra, como por exemplo:
sondagens, ensaio de prova de carga estática em estacas, ensaios de solos, etc. e se utilizam de
diversas tecnologias, geralmente com equipamentos que podem ser prejudiciais à saúde e
segurança do trabalhador, como é o caso do ensaio de prova de carga estática, citado acima,
que é a técnica mais tradicional de ensaio para a determinação da capacidade de carga em
estacas, onde o elemento da fundação é solicitado por um ou mais macacos hidráulicos,
empregando-se um sistema de reação estável. Para tanto, é comum o uso de vigas metálicas e
ancoragens embutidas no terreno. Fazendo-se necessário também o uso de caminhão munk
para a montagem da estrutura do sistema de reação.
Esses trabalhos, na sua grande maioria, são desenvolvidos “in loco” e a maioria das
vezes são solicitados por empresas contratantes de grande porte e que adotam um sistema de
gestão de segurança sério e realmente atuante. A partir disso, as prestadoras de serviços dessa
área, sentiram a necessidade de criar seu próprio setor de segurança para adaptar-se ao
mercado, percebendo assim o quão importante é o papel que o setor desenvolve, contribuindo
para melhores condições de trabalho e proporcionando inúmeros benefícios, tanto para o
empregado como para o empregador.
Destaca-se que na indústria da construção civil, o setor de segurança do trabalho, tem
seu principal enfoque na prevenção de acidentes, e isto acontece por meio de intervenções, na
correção de erros já ocorridos, na previsão de falhas que poderão ocorrer e na conformidade
com as legislações vigentes, evitando assim, as conseqüências que podem representar o
acidente.
Desta forma, este trabalho tem como objetivo realizar uma análise comparativa,
através de um estudo de caso realizado em uma empresa prestadora de serviços na área de
fundações e geotécnica, entre o antes e depois da implantação do setor de saúde e segurança
do trabalho, demonstrando as mudanças e melhorias geradas dentro da mesma, enfocando
principalmente os procedimentos e análise de riscos referentes ao posto de trabalho para prova
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de carga estática em estacas, verificando ainda, se todos os riscos à que os trabalhadores ficam
expostos estão sendo contemplados nos procedimentos e análises, objetivando propor
melhorias caso haja necessidade.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Oliveira Filho (1988), com o passar dos tempos os construtores viram a
necessidade de assentar as construções em solos cada vez mais sólidos. Os egípcios
construíram e apoiaram suas pirâmides em terrenos devidamente nivelados, recobertos com
blocos calcáreos, para resistir à carga das mesmas. Um exemplo marcante deste fato é a
pirâmide de Quéops (2006 a.c) com cerca de sete milhões de toneladas, até hoje as suas
fundações resistem sem nenhum sinal de recalque.
Destaca-se que com o decorrer dos anos diversos procedimentos foram utilizados na
execução das fundações. A revolução industrial foi que originou o progresso da engenharia
civil, e particularmente, das técnicas de fundações, com novas teorias dado o advento da
mecânica dos solos admissível. Com o início do século XX, o concreto armado estendeu-se às
fundações, e entre as duas guerras mundiais, evoluíram rapidamente os conceitos sobre o
comportamento dos solos. Desenvolveu-se o ensaio de prova de carga direta no solo,
permitindo o conhecimento da sua capacidade de carga e, conseqüentemente, a pressão
máxima admissível (OLIVEIRA FILHO, 1988).
2.1. Prova de Carga Estática
A prova de carga estática é a técnica mais tradicional de ensaio para a determinação
da capacidade de carga de estacas. No Brasil, a metodologia está normatizada pela NBR
12.131/92 (Estacas-Prova de Carga Estática). Os critérios da NBR-6122/96 (Projeto e
Execução de Fundações) recomendam que 1% do estaqueamento seja submetido a esse tipo
de ensaio.
Na prova de carga estática, o elemento da fundação é solicitado por um ou mias
macacos hidráulicos, empregando-se um sistema de reação estável. Para tanto, é comum o uso
de vigas metálicas e ancoragens embutidas no terreno. O tipo de ensaio mais comum envolve
a aplicação de carregamentos de compressão à estaca, em estágios crescentes da ordem de
20% da carga de trabalho, registrando-se os deslocamentos correspondentes.
A medição dos esforços com uma célula de carga, posicionada no topo da estaca, traz
uma maior precisão e qualidade ao ensaio. A NBR 12.131/92 prescreve que as estacas sejam
solicitadas a até duas vezes a carga de trabalho. Também é possível realizar carregamentos
horizontais e de tração. O conjunto constituído pela estaca, macaco hidráulico e sistema de
reação deve ser projetado e montado de modo a se garantir que a carga aplicada atue na
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direção desejada. É importante ainda assegurar que o carregamento previsto seja alcançado
com sucesso.
2.2. Gerência de Riscos
A gerência de riscos pode ser definida como um conjunto de sistemáticas e
procedimentos gerenciais que buscam o controle, a redução ou a manutenção dos níveis de
riscos dentro dos critérios de aceitabilidade norteados pela sociedade ou pelas próprias
empresas. O papel do gerente, muitas vezes um engenheiro de segurança, não é o de eliminar
os riscos, mas avaliar este risco verificando a magnitude do mesmo e decidindo se este é ou
não tolerável. Destaca-se que o risco tolerável é o que foi reduzido a um nível que pode ser
suportado pela empresa, levando em conta as obrigações legais e a política de Segurança e
Saúde do Trabalho – SST da empresa (FARIA, 2008).
A análise de risco constitui um conjunto de métodos e técnicas que aplicadas a uma
atividade proposta ou existente identificam e avaliam qualitativa e quantitativamente os riscos
que essa atividade representa para o trabalhador, ao meio ambiente e à própria empresa. Os
principais resultados de uma análise de riscos são as identificações de cenários de acidentes,
suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis conseqüências (FEPAM,
2001).
Os tipos de riscos existentes são (BARBOZA FILHO, 2001):
- Riscos Físicos – São consideradas as diversas formas de energia tais como: ruído, vibrações,
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
bem como infra-som e ultra-som;
- Riscos Químicos – São substâncias, compostos, ou produtos que possam penetrar no
organismo, pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblina, gases, ou
vapores, ou que pela sua natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvido, pelo organismo através da pele ou por ingestão;
- Riscos Biológicos – São microorganismos que se apresentam como bactérias, fungos,
bacilos, parasitas, protozoários, vírus, etc;
- Riscos Ergonômicos – São riscos potenciais que podem vir a causar danos físicos a saúde do
trabalhador, devido a não adaptação das condições psicofisiológicas dos trabalhadores, como
LER ⁄ DORT, posturas inadequadas, esforços físicos acima da capacidade do trabalhador, etc;
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- Riscos de acidentes – São riscos responsáveis por lesões imediatas no trabalhador provocado
de maneira direta ou indiretamente, proveniente de qualquer acontecimento ocorrido na
empresa, como: falta de manutenção de peças e máquinas, falta de atenção, negligência, etc.
2.3. Método Utilizado Para a Análise de Riscos
Análise Preliminar de Riscos (APR) consiste do estudo, durante a fase de concepção
ou desenvolvimento preliminar de um novo projeto ou até mesmo sistema, com o objetivo de
se determinar os possíveis riscos que poderão ocorrer na sua fase operacional (TAVARES,
2004).
A APR pode ser aplicada portanto para uma análise inicial, qualitativa, desenvolvida
na fase de projeto e desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema, tendo
especial importância na investigação de novos sistemas de grande inovação e/ou pouco
conhecidos (SALIBA, 2010; FARIA, 2011).
Ressalta-se que a política e diretrizes básicas de segurança do trabalho, tem o objetivo
de orientar todos os programas, instruções e procedimentos relacionados com prevenção de
acidentes e doenças do trabalho. Contudo para a implementação da política é necessário
desenvolver e manter procedimentos para tudo o que for feito. Coisas simples, textos claros, o
quanto possível isentos da necessidade de interpretação (ZÓCCHIO, 2001).
3. METODOLOGIA
A metodologia adotada para a realização deste artigo foi:
- Levantamento junto ao RH os dados referentes à situação atual da empresa e quais as
documentações e medidas adotadas a partir da implantação do setor de segurança na mesma;
- Através de visitas às obras, acompanhou-se os funcionários durante as etapas do ensaio de
ensaio de prova de carga estática em estacas, verificando os equipamentos, procedimentos,
cargos e funções envolvidos no processo;
- Com auxílio dos registros fotográficos e informações adquiridas com os profissionais mais
antigos, fez uma análise comparativa com o intuito de conhecer as mudanças ocorridas no
processo de montagem de prova de carga em estacas, após a implantação do setor de
segurança do trabalho;
- Propor ações para minimizar os riscos de acidentes.
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A empresa estudada atua no mercado de prestações e serviços na área de fundações e
Geotécnica, há 17 anos, possuía cerca de 100 funcionários e está classificada como uma
empresa prestadora de serviços de arquitetura e engenharia e de assessoramento técnico, grau
de risco 2 e código CNAE - 74.20-9, de acordo com o Quadro I* (Classificação Nacional de
Atividades Econômicas) da NR-4 (BRASIL, 2010a).
A organização não possui uma política de segurança específica, pois, a empresa
integra os serviços, o meio ambiente e a segurança do trabalho em uma mesma política. Desta
forma a empresa estudada possuía os seguintes princípios: atender aos requisitos dos clientes
em termos técnicos, de qualidade e prazo; buscar a incorporação contínua de novas
tecnologias; proporcionar a satisfação dos colaboradores; racionalizar seus processos e custos;
minimizar os impactos ambientais causados por suas atividades.
Para ilustra melhor o processo será apresentado a seguir todos os passos do ensaio
anteriores a implantação do setor de Segurança do Trabalho na empresa.
3.1. Procedimentos de Ensaios Anteriores ao Setor de Segurança do
Trabalho
As fotos que serão apresentadas para demonstrar o processo anterior ao setor de
segurança do trabalho, não seguem a uma seqüência de montagem, elas apenas estão
ilustrando problemas encontrados em algumas obras executadas sem a orientação prévia do
setor de saúde e segurança do trabalho.
Faltam Protetores
Auriculares e Óculos de
Segurança
Falta de proteção nas
pontas dos vergalhões
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Figura 1 – Preparação da estaca teste
Na figura 1 pode-se observar que os funcionários estavam preparando a estaca teste
utilizando uma britadeira, isentos de protetores auriculares e óculos de segurança. Os
vergalhões das estacas não possuíam proteção nas pontas e o local não possuía escada para o
deslocamento de nível.
A figura 2 ilustra a preparação do local demonstrando: o nivelamento do local
inadequado para o ensaio; a escada inadequada para o deslocamento de nível; e o isolamento
da área preparado de forma inadequada e com material prejudicial ao meio ambiente.
Figura 2 - Preparação do local
A figura 3 ilustra o armazenamento inadequado das vigas, pois as mesmas deveriam
estar alocadas uma ao lado da outra e em local limpo para o livre acesso dos funcionários.
Escada inadequada
para o deslocamento
de nível
Fita plástica
utilizada para o
isolamento da
área
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Figura 3 – Armazenamento das Vigas
Nas figuras 4 e 5 pode-se observar que: o local do ensaio não está isolado, durante o
processo de montagem; os funcionários não seguem a um procedimento de segurança durante
o processo de montagem, pois se observa na figura 4 o funcionário abaixo da viga
longitudinal, durante o içamento das vigas transversais e na figura 5, os funcionários
nivelando a viga principal abaixo da mesma.
Figura 4 – Montagem – Içamento das Vigas Secundárias
Armazenamento
inadequado das
vigas
Obstruções no local de
armazenamento das
vigas
Funcionário
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Figura 5 – Montagem – Nivelamento da Viga Principal
A figura 6 mostra o funcionário sem EPI para prevenir uma eventual queda de nível.
Figura 6 - Montagem – Trabalhador sem EPI em Altura
Na figura 7 pode-se observar o uso de vigas de referência metálicas em contato com as
conexões elétricas, que muitas vezes encontra-se danificada em alguns locais, podendo
induzir uma descarga elétrica no trabalhador.
Funcionário
Funcionários
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Figura 7 – Vista das Vigas de Referência
A figura 8 demonstra a montagem do ensaio pronta, porém sem o uso barras de aço
(cabos de cordoalha) para o controle das reações.
Na figura 9 pode-se observar que a área foi isolada inadequadamente durante o ensaio
e com material prejudicial ao meio ambiente. Também não foi utilizada nenhuma proteção
contra as intempéries durante o ensaio. Na figura 10 percebe-se que não havia controle na
manutenção dos equipamentos, pois se observa que algumas partes do cabo elétrico está
danificada.
Figura 8 – Montagem Pronta
Vigas de
Referência
(Metálica)
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Figura 9 – Isolamento Inadequado do Local
Figura 10 – Conexões Elétricas Danificadas
Nas figuras 11 e 12 observa-se que: há vazamento de óleo proveniente do macaco do
hidráulico e por conseqüência a contaminação do solo com o mesmo; estão sendo usados
extensômetros analógicos, fazendo com que o funcionário necessite estar próximo do
conjunto e ficar abaixo das vigas para a realização das leituras; o funcionário esta em uma
postura ergonomicamente incorreta.
Conexões
Elétricas
Danificadas
Fita plástica
utilizada para
isolar o local
durante o
ensaio
„
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Figura 11 – Equipamentos
Figura 12 – Coleta de dados - Leitura
3.2. Segurança do Trabalho na Empresa
Com o objetivo de levantar um panorama geral sobre o trabalho realizado pelo setor
de segurança dentro da empresa, buscou-se junto ao mesmo quais as medidas, documentações
e programas adotados.
O setor de segurança do trabalho foi implantado há dois anos com o intuito de se
adequar às leis vigentes para que a empresa pudesse se adaptar e acompanhar o mercado, que
esta cada vez mais exigente, tendo em vista principalmente a melhoria contínua de seus
processos organizacionais, demonstrando dessa forma que o trabalho de qualidade esta
intimamente aliada ao bem estar e a saúde e segurança do trabalhador.
A empresa terceiriza o SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho), conforme faculta a NR-4 – 4.16. A prestadora desses
serviços é o SECONCI/SINDUSCON/PR, sendo responsável pelo PCMSO (Programa de
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Controle Médico e Saúde Ocupacional), tendo também revisado o PPRA (Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais) com base em informações prestadas pelo técnico de
segurança responsável pela empresa.
Todos os empregados recebem treinamentos de forma a assegurar que estejam
informados sobre os riscos e medidas preventivas, para os agentes ambientais aos quais
estiverem expostos. Os treinamentos incluem: - Os procedimentos de trabalho seguro, para
proteção dos empregados contra exposições aos riscos ambientais apontados em cada
atividade; - Instruções para a correta utilização e orientação sobre as limitações dos EPI´s; - O
que fazer em casos de emergência; - Primeiros socorros; - Prevenção e combate a incêndio;
- Equipamentos de proteção individual (Utilização; Obrigação; Conservação); - Todos os
riscos existentes nas frentes de trabalho abordando os serviços na construção civil
(DDSSMA); - Animais Peçonhentos; - Acidente de Trânsito; - Mapa de Risco; - Rota de fuga
e pontos de encontro;
Também é ministrado um treinamento: - Para os novos empregados (Integração); -
Para mudanças de função, de novas tarefas; -Quando novas substâncias, processos,
procedimentos ou equipamentos forem introduzidos no local de trabalho; - Quando um novo
equipamento de proteção individual for disponibilizado para uso;
Este treinamento também denominado de “Integração” ou “Treinamento Introdutório
de segurança no trabalho” tem duração de 8 horas.
3.3. Descrição das Etapas do Ensaio de Prova de Carga Estática em Estacas
A prova de carga estática tem como objetivo a determinação da capacidade de carga
das estacas através de uma aplicação de carregamentos em estágios crescentes da ordem de
20% da carga de trabalho, registrando-se assim os deslocamentos correspondentes,
proporcionando a utilização com segurança de outras estacas expostas às mesmas condições e
que possuem as mesmas características.
A prova de carga estática analisada na pesquisa foi um ensaio realizado em uma
estaca teste, com esforço à compressão e aplicação de uma força acima de 200 toneladas em
cada célula de carga, através de uma montagem “H” (Figura 13 e 14).
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Figura 13 – Planta - Esquema de montagem H
Figura 14 – Corte - Esquema de montagem H
No que se refere à montagem do processo de montagem da prova de carga estática
foi verificado o nivelamento do terreno, a preparação da estaca teste e o isolamento da área.
Em seguida seguem as etapas da montagem dos equipamentos para a realização da prova de
carga: - Executar a fogueira; - Posicionar a placa circular se aplicável; - Posicionar o cilindro
hidráulico sobre a estaca/placa com apoio do caminhão munk; - Posicionar a viga principal
sobre a fogueira, com o apoio do caminhão munk; - Posicionar as vigas secundárias sobre a
principal, com o apoio do caminhão munk; - Emendar as barras de aço para tirantes com as
luvas de emenda e a chave de grifo; - Posicionar as placas de ancoragem sobre as vigas
secundárias; - Posicionar as porcas de ancoragem e apertá-las com a chave de grifo; - Fixar as
vigas de referência; - Cobrir a área da prova de carga com a lona plástica; - Descrição da
atividade para a montagem da parte fina do ensaio; - Posicionar a rótula e a célula de carga
sobre o cilindro hidráulico; - Ligar o cilindro hidráulico à bomba e ao manômetro; -
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Posicionar o sistema de iluminação; - Posicionar os extensômetros na viga de referencia e na
estaca/placa; - Conectar todo o sistema com a parte elétrica.
3.4. Prova de carga Estática – Coleta de Dados em Campo
Após a montagem dos equipamentos partiu-se para a coleta de dados, ou seja, a
prova de carga estática. Esta etapa compreendeu as seguintes atividades: - Obter as leituras
iniciais de cada extensômetro; - Aplicar pressão no cilindro hidráulico com a bomba até o
carregamento do estágio; - Fazer a leitura do carregamento na célula de carga e da pressão do
óleo no manômetro; - Obter as leituras em cada extensômetro nos devidos intervalos de
tempo; - Prosseguir com os estágios de carregamento até a carga última; - Realizar o
descarregamento em estágios; - Descarregar completamente a estaca/placa.
3.5. Prova de Carga Estática – Desmontagem
Após a coleta de dados em relação à aplicação da carga de prova, fez-se a
desmontagem segundo as atividades descritas a seguir: - Retirar os extensômetros; - Retirar a
célula de carga e a rótula; - Retirar o sistema de iluminação; - Retirar a cobertura; - Retirar as
vigas de referência; - Retirar as porcas e as placas de ancoragem; - Retirar as barras de aço
para tirantes; - Com o caminhão munk, retirar as vigas secundárias; - Com o caminhão munk,
retirar a viga principal; - Retirar o cilindro hidráulico com o apoio do caminhão munk; -
Desmontar a fogueira.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo é apresentada a análise comparativa do ensaio de prova de carga em
estacas entre antes e após a implantação do setor de segurança do trabalho.
Com o intuito de analisar comparativamente o ensaio de prova de carga em estacas,
no que tange a área relacionada à segurança do trabalho, foi feita uma análise através de
registros fotográficos antigos e acompanhamento de um ensaio atual. Também foram
realizadas entrevistas com alguns profissionais antigos na empresa que acompanharam as
mudanças desde o início da implantação do setor de segurança do trabalho.
Com o objetivo de visualizar de forma clara as etapas de análise foram definidas as
verificações em se tratando de treinamento, documentação, aparelhagem e as etapas de
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execução das atividades que envolvem a prova de carga em estacas. Desta forma tem-se a
caracterização do antes e o após as verificações.
Em se tratando de treinamento foi observado que houve um avanço considerável no
que se refere às informações de todo o processo que envolve a atividade, com treinamentos e
documentação para as atividades, conforme o Quadro 1.
Quadro 1 – Comparação entre o antes e depois quanto a aplicação do treinamento
SETOR DE SEGURANÇA DO TRABALHO ANTES E APÓS TREINAMENTO
ANTES APÓS
TREINAMENTO
Os funcionários não recebiam treinamentos
relativos à segurança do trabalho, apenas recebiam
um treinamento para a execução do ensaio.
Todos os funcionários recebem treinamentos de forma
a assegurar que estejam informados sobre os riscos e
medidas preventivas, para os agentes ambientais aos
quais estiverem expostos.
Os funcionários recebem um treinamento específico
para a realização do ensaio de PCE, seguindo os
procedimentos de segurança, conforme estabelece o
PPRA e a Ordem de Serviço.
Em se tratando da documentação foi observado que houve um avanço significativo
dentro do processo onde a empresa definiu a documentação para as atividades atendendo a
legislação e mensurando os incidentes e acidentes para melhoria no processo (Quadro 2).
Quadro 2 – Comparação entre o antes e depois quanto a padronização de documentos.
SETOR DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO ANTES E APÓS A ELABORAÇÃO DE
PADRONIZAÇÃO DE DOCUMENTOS
ANTES APÓS
DOCUMENTAÇÃO
A empresa não possuía nenhuma documentação
referente à segurança do trabalho.
Também não havia qualquer controle ou registro
sobre os acidentes ou incidentes ocorridos no local
de trabalho.
As principais documentações geradas pelo setor,
referentes ao ensaio de PCE, são:
PPRA;
Ordem de Serviço;
APR.
Atualmente qualquer acidente, mesmo que pequenos,
ou incidentes, devem ser reportados e são registrados
pelo setor.
Em se tratando da aparelhagem foi observada uma atenção não só ao equipamento,
mas também aos acessórios, e observando-se manutenção não só durante o processo, mas ao
longo das atividades. O quadro 3 apresenta a comparação do antes e depois quanto ao uso da
aparelhagem (Quadro 3).
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Quadro 3 – Comparação entre o antes e depois quanto a padronização de documentos.
SETOR DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO ANTES E APÓS QUANTO
AO USO DA APARELHAGEM
ANTES APÓS
APARELHAGEM
A empresa não possuía um controle
rigoroso de manutenção, nos fios e
conexões elétricas.
Atualmente antes de cada trabalho que será
executado é feita uma inspeção rigorosa em
fios e conexões elétricas.
Também não existia um sistema de
calibração e manutenção adequadas das
aparelhagens que envolvem o ensaio de
PCE, provocando muitas vezes o
vazamento de óleo hidráulico.
Um selo de validade, porém se
eventualmente ocorrer algum vazamento de
óleo hidráulico durante o ensaio, os
funcionários são treinados para remover o
solo contaminado com o óleo, utilizando um
kit de mitigação, que inclui pó de serragem,
uma pá e uma espátula para remover todo o
material contaminado.
Eram usados somente extensômetros
manômetros analógicos.
Tanto os extensômetros quanto os
manômetros analógicos, estão sendo
substituídos aos poucos por um sistema
digital, que além de proporcionar uma maior
precisão nas leituras, permitem maior
segurança ao trabalhador, pois os mesmos
não necessitam ficar abaixo das vigas para
fazer as leituras enquanto a carga é aplicada.
As vigas de referência usadas eram
metálicas.
As vigas de referência utilizadas atualmente
são de madeira, evitando assim que
eventualmente algum trabalhador, possa
sofrer algum choque durante o ensaio.
Os locais onde eram executados os
ensaios na maioria das vezes não eram
isolados e quando a empresa contratante
exigia o isolamento da área, eram
utilizadas fitas de plástico zebradas, que
normalmente eram descartadas de forma
imprudente no meio ambiente, sem
qualquer cuidado.
- Atualmente, toda e qualquer obra é
utilizada cerquite da cor alaranjada para
realizar o isolamento do local, são feitas de
um material resistente que permite o uso da
mesma diversas vezes, sendo descartada
apenas quando não houver mais condições de
uso e em lixo apropriado para material
reciclado.
Em se tratando das etapas de execução foi observado que houve uma integração em
relação a todo o processo, envolvendo todas as etapas do processo, não ficando somente na
execução, mas atendendo o propósito sinalizar a importância do processo do gerenciamento
de risco como um todo (Quadro 4).
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Quadro 4 – Comparação entre o antes e depois da aplicação do treinamento para execução das
etapas de ensaios.
SETOR DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO ANTES E APÓS TREINAMENTO
ANTES APÓS
ETAPAS DE EXECUÇÃO
Os EPI‟s utilizados pelos funcionários eram
apenas, capacete, botas de segurança e uniforme.
Todos os funcionários recebem EPI‟s como: capacete,
botas de segurança, uniformes, protetores auriculares,
óculos de segurança, protetor solar, luvas de raspa de
couro, e também um treinamento específico para
orientar quanto ao uso de todos os EPI‟s.
Não havia uma inspeção preliminar no local, para
que se pudessem prever os agentes de riscos.
Atualmente todas as obras recebem uma visita do
engenheiro responsável e do técnico de segurança para
uma análise preliminar, verificando todo e qualquer
agente de risco existente no local onde será realizado
o ensaio.
Em muitas obras não eram usadas escadas
obrigando o trabalhador a pular quando precisasse
deslocar-se de nível, porém quando se utilizava
escada, era inadequada, dificultando a evacuação
rápida do local caso houvesse alguma emergência.
Atualmente todo local de ensaio que houver diferença
de nível, deve possuir escadas confeccionadas
conforme orientação do setor de saúde e segurança do
trabalho da empresa, permitindo maior segurança caso
haja necessidade de uma evacuação rápida do local.
Não existiam treinamentos de segurança, portanto,
o trabalhador não seguia a procedimentos
preventivos, e muita vez arriscava-se fazendo o
nivelamento das vigas embaixo das mesmas, e
também não tomando o cuidado de estar a uma
distancia segura durante o içamento das vigas pelo
caminhão munk.
Os funcionários são treinados e orientados a seguir as
seguintes especificações:
Ficar em uma posição segura durante o içamento das
vigas pelo caminhão munk.
Nivelar as vigas ficando apenas por fora do sistema,
jamais entrar embaixo das mesmas para executar o
nivelamento.
Esperar que a viga se aproximasse para então segura-
la por fora e orientar o local onde a mesma deve ser
depositada.
Não havia orientação a respeito de ergonomia,
como por exemplo, posturas inadequadas, peso
máximo a ser carregado.
Postura correta de flexionar os joelhos caso haja
necessidade de se baixar para coletar algum material
no chão ou ate mesmo executar as leituras nos
extensômetros, e peso máximo a ser carregado de 2,5
kg, sendo necessário ajuda de outros meios caso o
equipamento ultrapasse esse peso.
O trabalhador não usava nenhum EPI de segurança
para o risco de queda, quando executava a tarefas
em altura para fixar as vigas metálicas.
Atualmente o trabalhador ainda não utiliza nenhum
EPI, como cinto de segurança para realizar os
trabalhos em altura.
O armazenamento das vigas metálicas eram
empilhadas e não havia nenhum critério quanto ao
local onde eram depositadas as vigas, muitas vezes
locais com entulhos dificultando o acesso,
obrigando o trabalhador a subir sobre as vigas
empilhadas para conectar o cabo de aço ligado ao
caminhão munk.
Embora as vigas sejam armazenadas empilhadas o
local onde se encontra as mesmas deve estar limpo
permitindo o livre acesso em torno das vigas.
SETOR
Não havia o controle de reações por cabos de
cordoalha, fazendo com que pudesse haver o
rompimento súbito de algum cabo de aço usado
para fixar as vigas, e consequentemente à queda
repentina de alguma delas.
Hoje todos os ensaios são realizados executando
também o controle de reações por cabos de cordoalha,
permitindo o monitoramento mais seguro das forças
aplicadas nos sistema.
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4.2 Propostas de melhorias no processo atual
Conforme ficou constatado, todas as etapas relacionadas ao ensaio de prova de carga
estática em estacas apresentaram riscos ao trabalhador, umas mais graves, outra menos. É
visível a importância das melhorias que o setor de saúde e segurança do trabalho
proporcionou a empresa, gerando a correção de falhas e também a previsão de riscos que
podem ocorrer durante o processo. No entanto, analisando a documentação fornecida pela
empresa, as entrevistas com os funcionários e também acompanhando um dos ensaios foi
possível perceber que alguns riscos ainda não foram previstos pelo setor.
Os riscos detectados e não contemplados pelo setor de segurança do trabalho são:
- Risco de queda por nível diferente;
- Risco de esmagamento;
- Risco de atropelamento.
O risco de queda por nível diferente foi detectado durante a etapa de fixação dos
cabos de aço nas vigas metálicas, pois, o trabalhador necessita subir sobre o conjunto de vigas
que na maioria das vezes ultrapassa a 2 metros de altura sem nenhuma proteção contra queda.
A APR realizada pelo setor prevê no item de possíveis conseqüências o risco de
queda por nível diferente, porém, no item das recomendações prevencionistas não há
nenhuma recomendação para a prevenção desse risco.
Para esse tipo de risco é recomendado que se use um cinto de segurança ligado a um
cabo vida instalado acima do conjunto de vigas.
Embora o setor de segurança tenha detectado o risco de esmagamento, durante a
etapa de armazenagem das vigas e tenha orientado o trabalhador quanto ao risco de subir
sobre a viga durante a tarefa para prender as vigas ao cabo guia ligado ao caminhão munk,
alguns trabalhadores insistiram em subir, e houve a queda de uma viga, porém não atingiu
nenhum trabalhador. Sendo assim o setor de segurança está orientando o armazenamento das
vigas uma ao lado da outra.
Também foi percebido que há a circulação de veículos durante todos os períodos na
obra e muitas vezes é necessário permanecer no período noturno para realizar o ensaio,
sugerisse então que o trabalhador possua um colete sinalizador enquanto estiver transitando
pela obra no período noite.
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5. CONCLUSÕES
Com a análise comparativa pode-se observar que a empresa evoluiu e vem
melhorando a cada dia mais na questão relativa a segurança do trabalhador.
Embora o processo de implantação de um setor de segurança, que exige treinamentos,
confecção de documentos e principalmente o trabalho de conscientização do funcionário, não
seja uma tarefa rápida e fácil, a administração da empresa sempre demonstrou grande
interesse em colaborar e os funcionários na sua maior parte entendem que todas as mudanças
apesar de muitas vezes fazer com que a execução do trabalho demore um pouco mais durante
a fase de adaptação, são necessárias e também os protege de um eventual acidente.
Os treinamentos ministrados foram fatores decisivos para melhoria das atividades
desenvolvidas ao longo do processo de prova de carga estática. Acredita-se que desta forma
atual, as chances de acidentes do trabalho sejam bem menores e os trabalhadores poderão
trabalhar com mais segurança em seus postos de trabalho.
REFERÊNCIAS
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obras e serviços de construção. Rio de Janeiro, 1983.
BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho & Gestão Ambiental. São Paulo: Atlas, 2001.
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR4 – Serviços
Especializados em Engenharia e Segurança do Trabalho. Manual de Legislação Atlas. 64ª Edição,
2010a.
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR18 – PCMAT. Manual de
Legislação Atlas. 64ª Edição, 2010b.
FARIA, M. T. de. Apostila de Gerência de Riscos. Curso de Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho. UTFPR – Campus Curitiba, 2011.
FEPAM. Manual de Análise de Riscos. Disponível em: http://www.fepam.com.br. Acesso em
01/02/2009.
OLIVEIRA FILHO, U. M. Fundações Profundas: estudos. 2. ed. Porto Alegre: D.C. Luzzatto, 1988.
SALIBA, T. M. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. São Paulo: LTR , 2010.
TAVARES, J. C. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do trabalho. 3ª Edição, São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.
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ZÓCCHIO, Á. Práticas de Prevenção de Acidentes: 7 ed. São Paulo: Atlas, 2001.