GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI - legiaodacruz.com.br · Um estudo de caso sobre a aplicação do...
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PROGRAMA DE MELHORIA DO PROCESSO DE SOFTWARE BRASILEIRO
(MPS.BR):
Um estudo de caso sobre a aplicação do nível G em uma empresa de
desenvolvimento de software
Cheila Graciela Gobbo Bombana
1, Gema Luciane Agliardi
2
RESUMO
Na realidade atual das micro, pequenas e médias empresas de desenvolvimento de software,
qualidade é um fator diferencial para se ganhar vantagem competitiva, além de garantir o bom
desempenho dos produtos de software comercializados. A necessidade urgente de melhorar a
qualidade dos produtos e serviços de uma empresa de desenvolvimento para atingir suas
metas de crescimento é o fator determinante que motivou esta pesquisa. Este trabalho
apresenta uma análise bibliográfica introdutória baseada em Qualidade de Software e
Modelos de Maturidade. Em seguida, descreve o diagnóstico, o plano de melhoria do
processo de software e os primeiros resultados adquiridos com a implantação, utilizando o
nível G (Parcialmente Gerenciado) do MPS.BR (Melhoria de Processo do Software
Brasileiro) em uma empresa de desenvolvimento de software de pequeno porte. Os objetivos
inicialmente propostos foram alcançados, através da análise dos processos de
desenvolvimento de software da empresa, identificação das mudanças necessárias para se
enquadrar ao padrão de desenvolvimento Parcialmente Gerenciado, e por fim, a avaliação dos
custos e benefícios que a implantação do projeto de melhoria proporcionou a empresa.
Palavras-Chaves: Processo de Software, Qualidade de Software, MPS.BR.
ABSTRACT
In the current reality of small and medium-sized company software development, quality is a
distinguishing factor to get competitive advantage and ensure the proper performance of the
software products market. The urgent need to improve the quality of products and services of
a development company to achieve its goals of growth is the determining factor that
motivated this research. This paper presents an introductory bibliography analysis based on
Software Quality and Maturity Models. It then describes the diagnosis, a plan for improving
the software process and the first results obtained with the implementation, using the standard
G (Partially Managed) of MPS.BR (Process Improvement in Brazilian Software) in a
development small company software. The initial goals were reached by analyzing the
processes of software development company, identifying the changes necessary to fit the
pattern of development Partly Managed, and finally, evaluation of the costs and benefits that
the implementation of the improvement project provided the company.
Key Words: Software Process, Software Quality, MPS.BR.
1 Especialista em Gestão e Desenvolvimento em Tecnologia da Informação – Faculdade Anglicana de Erechim
(FAE). E-mail: [email protected] 2 Mestre em Ciência da Computação – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
E-mail: [email protected]
1 INTRODUÇÃO
A informática nos apresenta um novo mundo, que quebra todas as barreiras de
comunicação e modifica a própria estrutura da indústria de consumo. O consumidor e a
indústria passaram a valorizar não somente o produto final, mas todas as fases do processo de
construção/elaboração, incluindo a fase de entrega. Então, começa uma maior preocupação
com a intelectualidade e comprometimento com a qualidade, que passa a ser fator de
competitividade.
O desenvolvimento de software tem exigido a aprendizagem e reciclagem constante
de seus profissionais, em busca de novos métodos para a transformação em resultados. O
desenvolvimento de sistemas de informação, com qualidade e capacidade de atender às reais
necessidades dos usuários exige a utilização de metodologias eficazes.
Alcançar competitividade pela qualidade, para as empresas de software, implica tanto
na melhoria da qualidade dos produtos de software e serviços relacionados, como dos
processos de produção e distribuição de software. Desta forma, assim como para outros
setores, qualidade é fator crítico de sucesso para a indústria de software.
O objetivo deste estudo é identificar a importância da implantação de um programa
de melhoria de processo de software para a qualidade final dos produtos e serviços oferecidos
por uma empresa de desenvolvimento de software. Toda empresa de desenvolvimento
necessita da definição e normatização de processos de desenvolvimento para apresentar um
software de qualidade, que atenda as expectativas dos clientes de forma satisfatória. O
MPS.BR ou Melhoria de Processos do Software Brasileiro, é um programa criado, mais
adequado a realidade das empresas nacionais, que oferece padrões a serem seguidos para
melhoria da qualidade de software.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Qualidade de Software
Qualidade de software é um conjunto de propriedades a serem satisfeitas de modo
que o software atenda as necessidades de seus usuários. (INTHURN; CÂNDIDA,
2001, p. 22)
A qualidade no desenvolvimento de software é um assunto amplo e ainda bastante
complexo, sendo que são vários os fatores que devem ser levados em consideração para
definir se um software tem ou não qualidade. Como para qualquer produto, vale a afirmação
de que a qualidade está diretamente relacionada à satisfação do cliente, ou nesse caso, do
usuário.
As propriedades do software são definidas a partir das necessidades do usuário,
portanto, qualidade em desenvolvimento de sistemas significa: alinhamento total entre as
necessidades/expectativas dos usuários e as especificações geradas; alinhamento total entre as
especificações aprovadas e o produto construído e; produto final com a menor quantidade de
erros possível.
A construção de um sistema é algo bastante complexo, que envolve várias etapas,
desde a sua concepção até a implantação para o usuário final. O produto de software, nada
mais é, que o resultado dos processos de desenvolvimento, portanto, chegou-se a conclusão
que o caminho é focar na melhoria da qualidade dos processos para se obter um software de
qualidade.
Para entendermos o motivo das dificuldades em se obter um produto de software
qualificado é necessário conhecer alguns conceitos de Engenharia de Software. A criação de
um software passa por quatro etapas básicas desde sua concepção até o usuário final,
independente do modelo de desenvolvimento utilizado. São elas:
Análise de Requisitos: fase inicial, onde são identificadas as necessidades do cliente, nessa
fase é importante esclarecer e detalhar as idéias do cliente/usuário para definir as
funcionalidades do sistema de forma correta.
Projeto: é a fase que se encarrega de transformar os resultados da Análise de Requisitos em
um documento ou conjunto de documentos capazes de serem interpretados diretamente pelo
programador.
Codificação: também chamada de implementação, esta fase é uma simples questão de
tradução do projeto para um código.
Testes: o teste do software consiste na sua utilização para a identificação de defeitos, deve ser
avaliada a qualidade do sistema e a conformidade em relação aos requisitos inicialmente
levantados.
Figura 1 - Etapas Desenvolvimento de Software
Em cada uma dessas fases existem ferramentas e principalmente pessoas envolvidas, o
que torna os processos suscetíveis a erros, conforme podemos observar na Figura 1. Ao longo
do desenvolvimento algumas distorções podem ocorrer com relação à idéia original e erros
vão sendo inseridos no produto, ocasionando a geração de um produto final bem diferente do
que era esperado, comprometendo a qualidade do software. Para minimizar esse problema,
evitando erros que afetam a credibilidade das empresas, é necessário trabalhar na qualidade
dos processos, usando padronizações, para se obter um produto final com a qualidade
esperada.
2.2 Processo de Software
“Processo de software é um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas,
que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas)”. (ISO 9000, 2000).
Podemos entender o processo de software como sendo um conjunto de atividades, que
envolvem métodos e práticas aplicadas na produção de um software. Os insumos (entradas)
são constituídos por requisitos, idéias e tempo, enquanto a saída é o produto de software e os
serviços relacionados a ele. O sistema pronto para ser utilizado pelo cliente/usuário é o
resultado dos processos utilizados no seu desenvolvimento.
As atividades que são realizadas ao longo do desenvolvimento de um sistema
envolvem impreterivelmente, pessoas, materiais, equipamentos e procedimentos, são esses
quatro itens que necessitam ser trabalhados constantemente para melhoria de um processo de
software.
2.3 Qualidade do Processo X Modelos de Maturidade
Mesmo as melhores pessoas não conseguem trabalhar de forma eficiente se o
processo é problemático ou mal compreendido. O processo é a ponta do triângulo
que unifica os outros aspectos. Sem processos claros e eficientes, uma empresa não
é escalável. (RIBEIRO; ADRIELE, 2007)
A qualidade de um produto, qualquer que seja, está diretamente ligada a qualidade dos
processos utilizados para sua criação. Quando se fala em produtos de software não é
diferente, a qualidade dos processos de desenvolvimento é fundamental para se produzir um
software de qualidade. Investimentos em tecnologia sem um guia que defina como utilizá-la é
um desperdício de recursos, por isso o uso de modelos de maturidade baseados em
gerenciamento de projetos está cada vez mais sendo difundido entre as empresas de
desenvolvimento.
Figura 2 – Qualidade de Software X Modelo de Maturidade
O gerenciamento de projetos se preocupa em entregar o sistema de software no prazo
e de acordo com os requisitos estabelecidos, levando em conta sempre as limitações de
orçamento e tempo. A gerência de projetos de software se caracteriza por tratar sobre um
produto intangível, muito flexível e com processo de desenvolvimento com baixa
padronização.
As atividades que envolvem o planejamento sofrem com dificuldades típicas de
desenvolvimento de software. A produtividade não é linear em relação ao tamanho da equipe
e o aumento de produtividade não é imediato devido aos custos de aprendizado de novos
membros. A diminuição de qualidade para acelerar o desenvolvimento constantemente
prejudica futuramente a produtividade. A estimativa de dificuldades e custos de
desenvolvimentos são muito difíceis, além do surgimento de problemas técnicos. Esses
fatores requerem uma análise de riscos cuidadosa.
Em meio a todas essas dificuldades, os modelos de maturidade são usados como
alternativa para organização e melhoraria constantemente dos processos. Um modelo de
maturidade tem como características principais: definir os requisitos a que os processos
devem atender, apresentando flexibilidade em relação a como atendê-los; permitir avaliações
dos processos de forma objetiva e a detecção de pontos fortes e fracos; especialmente os
estruturados por estágio, definir um caminho evolucionário para melhoria de processo; são
repositórios de melhores práticas que vêm sendo utilizadas ao longo de vários anos com
sucesso.
2.4 MPS.BR (Melhoria de Processo de Software Brasileiro)
A qualidade de um produto está diretamente relacionada à qualidade do processo de
desenvolvimento, desta forma, é comum que a busca por um software de maior qualidade
passe necessariamente por uma melhoria no processo de desenvolvimento.
O MPS.BR motiva para o foco no processo de software, visando à qualidade do
processo, e tendo como conseqüência prática: aumento da qualidade do produto; diminuição
do retrabalho; maior produtividade; redução do tempo para atender o mercado; maior
competitividade e; maior precisão nas estimativas.
É muito importante ressaltar que, o foco de um programa de melhoria de processos,
que define suas estratégias, políticas, atividades e responsabilidades, deve estar vinculado aos
objetivos de negócio da organização.
O programa mobilizador para Melhoria de Processo do Software Brasileiro (MPS.BR)
está em desenvolvimento desde dezembro de 2003. É coordenado pela Associação para a
Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX), com apoio do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), da Financiadora de Estudos e Projetos(FINEP) e Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A base técnica utilizada para a construção do MPS.BR é composta pelas normas NBR
ISO/IEC 12207 – Processo de Ciclo de Vida de Software e suas emendas 1 e 2 e a ISO/IEC
15504 – Avaliação de Processo, portanto o modelo está totalmente aderente a essas normas. O
MPS.BR também cobre o conteúdo do CMMI-SE/SW, através da inclusão e resultados de
processos em relação aos processos da Norma NBR ISO/IEC12207, conforme Figura 3.
Figura 3 - Modelo MPS.BR
O MR-MPS define sete níveis de maturidade de processos para organizações que
produzem software: A (Em Otimização), B (Gerenciado Quantitativamente), C (Definido), D
(Largamente Definido), E (Parcialmente Definido), F (Gerenciado) e G (Parcialmente
Gerenciado). O nível G é o primeiro estágio de maturidade e o nível A é o mais maduro. Cada
um dos níveis de maturidade possui um conjunto de processos e atributos de processos que
indicam onde a unidade organizacional tem que colocar esforço para melhoria, de forma a
atender aos seus objetivos de negócio e ao MRMPS. Assim, os níveis de maturidade são
definidos em duas dimensões: a dimensão de capacidade de processos e a dimensão de
processos.
O processo de avaliação é estagiado. Isto é, podemos definir os níveis de maturidade
como estágios. Cada estágio possui seus processos e atributos necessários. Existe um nível de
maturidade associado à organização como um todo.
Cada nível tem uma distribuição de atributos como é mostrado no quadro a seguir. É
importante observar que os atributos dos processos são cumulativos em relação aos níveis.
Isto é, o nível F tem os atributos do nível G adicionado com AP 2.2, e assim sucessivamente.
Isso torna óbvio que para uma organização obter o nível F, necessita obter primeiro o G. Daí
por diante.
Tabela 1 - Níveis de Maturidade
2.4.1 Nível G – Parcialmente Gerenciado (Processos)
O primeiro nível de maturidade é o G (Parcialmente Gerenciado), atuando na Gerência
de Requisitos e Gerência de Projetos. Este nível é composto pelos processos mais críticos de
gerência. De modo a melhorar o controle dos projetos, a organização deve implementar
processos de apoio para o desenvolvimento de software. Estes processos constituem o
próximo nível do MRMPS, o F (Gerenciado).
O foco do Nível G está em planejar, executar e controlar o processo de
desenvolvimento/manutenção de software, estabelecendo compromissos para a realização do
processo e mantendo a situação das atividades do processo visíveis para a gerência.
Gerência de Projetos (GPR) - O propósito do processo Gerência de Projetos é
identificar, estabelecer, coordenar e monitorar as atividades, tarefas e recursos que um projeto
necessita para produzir um produto e/ou serviço, bem como prover informações sobre o
andamento do projeto que permitam a realização de correções quando houver desvios no
desempenho do projeto.
Gerência de Requisitos (GRE) - O propósito do processo Gerência de Requisitos é
gerenciar os requisitos dos produtos e componentes do produto do projeto e identificar
inconsistências entre esses requisitos e os planos e produtos de trabalho do projeto.
3 METODOLOGIA
O trabalho realizado classifica-se, quanto aos objetivos, como pesquisa exploratória, e
quanto aos procedimentos metodológicos como estudo de caso. A pesquisa têm como
objetivo a análise e melhoria dos processos de desenvolvimento da Empresa X. Portanto,
definimos como universo a ser pesquisado, o setor de desenvolvimento desta empresa de
software, incluindo metodologias, ferramentas e colaboradores.
Para realização do trabalho proposto foi feito um estudo do tema, através da pesquisa
bibliográfica, aprofundando-se no assunto específico a ser trabalhado, o nível de maturidade
G (Parcialmente Gerenciado), do Programa de Melhoria do Processo de Software Brasileiro.
Posteriormente, foi feita uma análise da metodologia de desenvolvimento de sistemas da
empresa X, estudando os processos de desenvolvimento praticados atualmente na empresa.
Baseado no referencial teórico, foi realizada uma análise comparativa da metodologia de
trabalho atual da empresa, com o modelo padrão para se adequar ao nível de maturidade G do
MPS.BR, identificando as mudanças necessárias a serem implementadas, bem como, as
melhorias e vantagens que essas mudanças proporcionarão a empresa.
Foram adquiridos dados reais da empresa, através de uma pesquisa de campo, tendo
como método de aquisição de dados: documentos relacionados ao método de
desenvolvimento dos sistemas e depoimentos das pessoas envolvidas no processo.
4 DESENVOVIMENTO DO ESTUDO
4.1 Situação da Empresa
A análise e implantação do MPS (Nível G) foi realizada em uma empresa de
desenvolvimento de sistemas, cujo nome não será divulgado. Vamos tratá-la como Empresa X
por motivo de sigilo. A Empresa X, localizada na região norte no estado do Rio Grande do
Sul, atua no ramo de desenvolvimento de software há aproximadamente 14 anos. Desde sua
fundação atua exclusivamente no desenvolvimento de soluções para o Agronegócio,
possuindo clientes nos diferentes setores da atividade agrícola em todo o Brasil.
Da época de sua concepção até o momento atual a Empresa X teve um crescimento
significativo nesse segmento, aumentando consideravelmente o número de clientes e também
a complexidade dos projetos a serem desenvolvidos. A falta de definição de seus processos de
desenvolvimento de software, e também a falta de uso de uma padronização de documentação
e metodologia de controle, ocasionou um quadro considerado preocupante:
• Aumento na manutenção de projetos finalizados;
• Novos projetos entravam em produção sem nenhum controle do escopo;
• Dificuldade no cumprimento de contratos com os clientes;
• Dificuldade em realizar orçamento de novos projetos;
• Dificuldade na definição e cumprimento de cronogramas;
• Dificuldade em controlar versões de sistemas e manter versões estáveis;
• Solicitações de clientes sem detalhamento dos requisitos;
• Mudanças nos requisitos sem controle e gerenciamento;
• Falta de padronização e organização dos documentos.
Existe a necessidade de modelar um plano de melhoria de qualidade de processo de
desenvolvimento de software. Dentre os planos existentes, foi escolhido o MPS.BR por se
tratar de um modelo brasileiro, tem seu foco principal, embora não exclusivo, no grupo de
micro, pequenas, médias empresas e compatível com os padrões aceitos internacionalmente.
A análise realizada nos processos existentes na empresa, comparando com os padrões de
desenvolvimento propostos pelo Nível G (Parcialmente Gerenciado) do MPS.BR, poderá
contribuir para a tomada de decisão, no que diz respeito à implantação completa do projeto de
melhoria de processos de software na empresa.
4.2 Aplicação do MPS.BR nível G (Parcialmente Gerenciado)
Conforme podemos observar na Figura 4, após a definição da equipe de trabalho, foi
encaminhado um trabalho de autoavaliação, quando foram realizadas análises dos processos
de desenvolvimento da empresa. Não foram encontrados os indicativos diretos existentes na
empresa que satisfazem o nível G do MPS.BR, os procedimentos existentes eram iniciativas
isoladas que não tinham sido padronizadas e não serviam de base para melhorias.
Uma vez identificado e analisados os resultados, procedeu-se a definição das próximas
tarefas para definição do plano de ação a ser executado para satisfazer o nível G do MPS.BR.
Abaixo, as atividades seguintes: identificar as práticas existentes na empresa; comparar
práticas existentes com resultados esperados nos processos do nível G do MPS.BR;
elaboração do plano de ação de melhorias; desenhar os processos; treinar os colaboradores;
implantar processos melhorados em projetos pilotos; fazer avaliações periódicas do uso do
processo, propondo melhorias.
Figura 4 – Fluxograma de Trabalho
A etapa inicial, e com certeza uma das mais importantes no desenvolvimento de
projetos, é o levantamento de requisitos, por isso, existe uma grande preocupação com essa
fase nos modelos de maturidade, a definição errada de um requisito pode levar todo o projeto
ao fracasso.
do projeto, acompanhamento das tarefas realizadas. Para atender a esse resultado foi
definida a utilização de uma ferramenta de planejamento, o Microsoft Project, que permite
definir cronograma, uso dos recursos e orçamento. O uso dessa ferramenta permite o
acompanhamento do cronograma comparando previsto e realizado, também permite verificar
o cumprimento de marcos do projeto. Os registros desses acompanhamentos devem ser
realizados, permitindo assim a detecção e correção de problemas.
O principal objetivo da fase de Elaboração é definir uma arquitetura que ofereça uma
base estável para Análise, Projeto e Implementação. A fase de elaboração foi dividida em
duas etapas, definidas como: Requisitos e Plano, conforme ilustra a Figura 5.
Ao finalizar essa etapa do processo devemos ter uma descrição detalhada dos trabalhos
a serem realizados, incluindo cronograma e orçamento, ou seja, um plano detalhado para a
fase de Construção.
Figura 5 - Processo Desenvolvimento – Elaboração
A fase de Construção trata da implementação efetiva, que vai transformar o requisito
em um produto de software, que pode ser novo ou integrado a um sistema já existente.
Conforme podemos observar na Figura 6, o processo de Construção está dividido em três
etapas: Análise e Projeto, Construção e Testes e Implantação.
Na fase final, Teste e Implantação, é realizada a verificação dos códigos fontes, que
devem estar em conformidade com o DRE e com o Plano de Projeto, após essa verificação é
gerada a versão que é liberada para o teste global.
Figura 6 - Processos Desenvolvimento – Construção
Após a elaboração dos documentos necessários e a definição do novo fluxograma do
processo de desenvolvimento, essa nova metodologia de trabalho passa a ser utilizada em
projetos pilotos. A gerência da empresa optou por uma implantação gradual da nova
metodologia, aplicando em projetos menores, por causar um grande impacto na cultura
organizacional da mesma e também exigir um tempo maior para dar resultado, sendo que,
resultados completamente satisfatórios serão alcançados apenas com a maturidade do projeto.
4.3 Avaliação dos Resultados
A implantação do programa de melhoria de processos proporcionou um maior controle
na geração das versões dos sistemas da empresa. As versões são geradas a partir de um
conjunto de Requisições (DRE) e os testes são realizados baseados no Plano de Testes (PT).
Essa metodologia de trabalho permite a geração de indicadores de eficiência do setor de
desenvolvimento.
Os projetos de software em que a nova metodologia de trabalho foi aplicada ainda não
tiveram a implantação concluída, mas parcialmente a empresa já pode identificar os seguintes
resultados: o cumprimento de cronogramas, com entregas dos projetos nos prazos
determinados; cliente muito mais satisfeito, pois está participando mais do projeto,
conseguindo ter maior visibilidade do que está sendo feito e como está sendo feito,
acompanhando a evolução do mesmo; implantação de softwares com maior qualidade, que
atendem de maneira satisfatória as necessidades dos clientes; maior lucratividade da empresa
em relação a trabalhos anteriores, pois os projetos passam a ser melhor avaliados, o que
permite a definição de orçamentos mais precisos, facilitando a justificativa dos valores junto
aos clientes e; colaboradores da empresa mais motivados, pois estão trabalhando de forma
mais organizada e conseguindo alcançar resultados positivos, gerando maior perspectiva de
crescimento.
A reorganização dos processos da empresa, que foi realizada com a aplicação do
projeto de melhoria, possibilita um maior controle do que está sendo feito. Dessa forma, a
geração de indicadores de resultados que interessam a gerência e mantém a situação das
atividades visíveis, pode ser obtida de maneira mais fácil, rápida e precisa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo foi demonstrado a iniciativa da implantação do Programa de Melhoria do
Processo de Software Brasileiro (MPS.BR) em uma empresa de desenvolvimento de sistemas
e os primeiros resultados obtidos, demonstrando que mesmo em pequenas empresas é
necessário e possível basear-se em um modelo de melhoria de processos.
De posse dos resultados obtidos por este trabalho, podemos listar como uma de suas
principais contribuições a verificação de que o MPS.BR pode ser implementado em
organizações de pequeno porte com boa eficiência, sem que gere um grande excesso de
atividades. Trata-se de um modelo de processo que pode ser seguido, com equipes pequenas
visando a melhoraria constante da qualidade.
Podemos observar que a questão norteadora do trabalho foi respondida e seus
objetivos alcançados. A análise realizada na empresa permitiu montar um plano de melhorias,
que aplicado, trouxe resultados positivos, benefícios organizacionais e financeiros. Com o
amadurecimento do processo implantado, a empresa pode programar a evolução para o nível
F (Gerenciado) do MPS.BR, e assim sucessivamente até o mais alto nível de maturidade. É
um processo lento e gradativo, mas que proporcionará um processo de software maduro e um
produto de software qualificado.
A qualidade de software não é uma ciência exata, por isso, modelos de maturidade não
são garantia de sucesso absoluto para nenhuma empresa. Mas certamente servem muito bem
como um guia de referência, um caminho a ser seguido por empresas que desejam melhorar
seu desempenho operacional de forma consistente ao longo do tempo.
Cabe salientar que, não se deve encarar o uso de um modelo de maturidade, a
exemplo do MPS.BR, como fim em si mesmo, ou seja, o importante é a melhoria dos
processos e das organizações de maneira geral. A implantação de um modelo vai alavancar a
evolução da empresa, mas não pode garantir o sucesso caso não haja envolvimento e
colaboração, todos devem estar interessados na melhoria da qualidade da empresa como um
todo.
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