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25 Rev. SBPH vol. 22 no. 2, Rio de Janeiro Jul./Dez. 2019 Gestantes de alto risco em alta hospitalar qualificada: personalidade, estilo de vida e vivências High-risk pregnant women in qualified hospital discharge: personality, lifestyle and experiences Mariana Alves Porto 1 Maria Jaqueline Coelho Pinto 2 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) São José do Rio Preto/SP RESUMO Objetivo: verificar estilo de vida e perfil cognitivo de personalidade de gestantes de alto risco hospitalizadas e inseridas no programa de alta qualificada na enfermaria obstétrica de um hospital escola no interior de São Paulo, bem como compreender os significados e sentidos atribuídos às suas vivências na atenção pré-natal. Método: foram utilizados os questionários: sociodemográfico, Estilo de Vida “Fantástico”, Crenças Pessoais (PBQ – SF) e entrevista compreensiva. Dados quantitativos foram submetidos à análise descritiva, enquanto qualitativos, analisados na modalidade fenomenológica. Resultados: a amostra incluiu 13 gestantes de alto risco hospitalizadas, com média de idade 24 anos (± 5,1). A maioria se encontra em união estável, possui ensino médio, crença religiosa e se autodeclara do lar. A multiparidade está presente em 61% (N=8) e 61,5% (N=8) não tiveram histórico de aborto anterior. A maioria apresentou bom estilo de vida e os perfis de personalidade que se sobressaíram foram: esquizoide, evitativo e dependente. Quanto às vivências, emergiram cinco categorias: Medo; Preocupação; Fé como Recurso de Enfretamento; Importância do Suporte Social; e Relação Profissional-Paciente. Conclusão: A compreensão da demanda da população atendida propicia subsídios para adequação do atendimento e elaboração de plano terapêutico adequado às necessidades das pacientes. Palavras-chave: gestação; gestação de alto risco; alta hospitalar; estilo de vida; personalidade. 1 Psicóloga. Mestre em Psicologia e Saúde pela Famerp. Especialista em Psicologia da Saúde pela FAMERP. Psicóloga atuante em Obstetrícia [email protected]. 2 Psicóloga. Doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto USP. Professora-adjunta, Subchefe do Departamento de Psicologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). Vice Coordenadora do Programa de Mestrado em Psicologia e Saúde da FAMERP [email protected]. Agência de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

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Gestantes de alto risco em alta hospitalar qualificada: personalidade, estilo de vida e vivências

High-risk pregnant women in qualified hospital discharge: personality, lifestyle and experiences

Mariana Alves Porto1 Maria Jaqueline Coelho Pinto2

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) – São José do Rio Preto/SP

RESUMO Objetivo: verificar estilo de vida e perfil cognitivo de personalidade de gestantes de alto risco hospitalizadas e inseridas no programa de alta qualificada na enfermaria obstétrica de um hospital escola no interior de São Paulo, bem como compreender os significados e sentidos atribuídos às suas vivências na atenção pré-natal. Método: foram utilizados os questionários: sociodemográfico, Estilo de Vida “Fantástico”, Crenças Pessoais (PBQ – SF) e entrevista compreensiva. Dados quantitativos foram submetidos à análise descritiva, enquanto qualitativos, analisados na modalidade fenomenológica. Resultados: a amostra incluiu 13 gestantes de alto risco hospitalizadas, com média de idade 24 anos (± 5,1). A maioria se encontra em união estável, possui ensino médio, crença religiosa e se autodeclara do lar. A multiparidade está presente em 61% (N=8) e 61,5% (N=8) não tiveram histórico de aborto anterior. A maioria apresentou bom estilo de vida e os perfis de personalidade que se sobressaíram foram: esquizoide, evitativo e dependente. Quanto às vivências, emergiram cinco categorias: Medo; Preocupação; Fé como Recurso de Enfretamento; Importância do Suporte Social; e Relação Profissional-Paciente. Conclusão: A compreensão da demanda da população atendida propicia subsídios para adequação do atendimento e elaboração de plano terapêutico adequado às necessidades das pacientes. Palavras-chave: gestação; gestação de alto risco; alta hospitalar; estilo de vida; personalidade.

1 Psicóloga. Mestre em Psicologia e Saúde pela Famerp. Especialista em Psicologia da Saúde

pela FAMERP. Psicóloga atuante em Obstetrícia – [email protected]. 2 Psicóloga. Doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão

Preto – USP. Professora-adjunta, Subchefe do Departamento de Psicologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). Vice Coordenadora do Programa de Mestrado em Psicologia e Saúde da FAMERP – [email protected].

Agência de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

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ABSTRACT

Objective: verify lifestyle and cognitive personality profile of high-risk pregnant women hospitalized and included in qualified discharge program of a teaching hospital obstetric ward in São Paulo and characterize sociodemographic profile and understand perceptions and meanings attributed by high-risk pregnant women to their experiences in prenatal care. Method: Data was collected using questionnaires: sociodemographic, "Fantastic" Lifestyle, Personal Beliefs (PBQ - SF) and comprehensive interview. Quantitative data was submitted to descriptive analysis, while qualitative data was analyzed through phenomenological approach. Results: 13 in hospital high-risk pregnant women (mean age of 24 years. Standard deviation 5.1) have been enrolled. Most are in stable union with partners, have high school, religious belief and report being house wives. Multiparity has been present in 61% (N = 8) and 61.5% (N = 8) had no history of previous abortion. Most of them have shown a good lifestyle, and the following personality profiles have been found: schizoid, avoidant and dependent. As for the experiences, five categories emerged: Fear; Worry; Faith as a Coping Resource; Importance of Social Support; and Professional-Patient Relationship. Conclusion: data have shown to be relevant since understanding the assisted population’s needs and demands provides improved care practices and better therapeutic plan more suitable to the patients' needs. Keywords: pregnancy; high risk pregnancy; patient discharge; lifestyle; personality.

Introdução

Além das mudanças físicas, psíquicas e sociais que uma gestação

acarreta na vida da mulher, algumas gestantes ainda têm que lidar com o fato

de vivenciar uma gravidez de alto risco, isto é, quando há risco à saúde e vida

da mãe, do feto e do recém-nascido (Ministério da Saúde, 2012).

Fatores biológicos são considerados de risco à gestação, como a

história reprodutiva anterior, condições clínicas preexistentes e doenças

obstétricas na gravidez atual. Entretanto, os riscos reprodutivos ultrapassam o

saber biomédico, pois as vulnerabilidades sociais influenciam no

desenvolvimento da gravidez, bem como as características individuais e

condições sociodemográficas desfavoráveis (idade, peso, baixa escolaridade,

conflitos familiares, hábitos de vida, etc.) (Ministério da Saúde, 2012).

Características psíquicas e comportamentais também são consideradas

fatores de risco à gestação. Ainda que exista maior segurança por meio das

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técnicas médicas, o que caracteriza a evolução da gestação são os cuidados

com a saúde, as emoções e o estilo de vida da gestante, que podem influenciar

de maneira positiva ou negativa no bem-estar físico ou mental da paciente

(Sanchez, 2015).

O estilo de vida, relacionado ao aspecto comportamental, é definido

como conjunto de hábitos e costumes que podem ser inibidos, modificados ou

encorajados pelo processo de socialização ao longo da vida. Esses hábitos

incluem uso de substâncias como álcool, tabaco, cafés e chás, prática de

exercícios físicos e dietas, que implicam na saúde, influenciando nas áreas

física, mental, espiritual e social (World Health Organization, 2004).

Estudos investigam como esse fator pode influenciar no

desenvolvimento gestacional. Rodrigues et al., (2015) constataram que

gestantes de alto risco, atendidas em uma clínica escola de nutrição,

apresentavam hábitos de alimentação inadequados, o que demonstrou ser uma

das causas do desenvolvimento não saudável da gestação.

Os fatores psíquicos e emocionais, por sua vez, relacionam-se ao perfil

de personalidade do sujeito, e são definidos por Beck, Davis e Freeman (2017)

como dotes inatos que interagem com as influências ambientais, produzindo

distinções quantitativas nos padrões cognitivos e afetivos, resultando em

diferenças individuais à personalidade. Assim, descrevem dez perfis cognitivos

dos transtornos de personalidade, esquematizados de acordo com suas

principais crenças: Evitativo, Dependente, Passivo-Agressivo, Obsessivo-

Compulsivo, Paranoide, Antissocial, Narcisista, Histriônico, Esquizoide e

Borderline.

Além da compreensão do modo de funcionamento, a identificação de

traços ou transtornos de personalidade pode auxiliar na prevenção e

recuperação da saúde não apenas mental, mas também física. Como elucida o

estudo de Pereira, Lima, Magnanini, Legay e Lovisi (2011), os transtornos de

personalidade durante a gestação, além de afetar o bem-estar da mulher,

interferem negativamente no autocuidado, repercutindo no desenvolvimento

inadequado da gestação, do feto e do vínculo pré-natal.

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Portanto, mulheres que vivenciam a gestação de alto risco, necessitam

de atendimento especializado, levando em consideração não apenas os fatores

fisiológicos da gestação, mas também os psicológicos e sociais. Para atender a

essa demanda de forma integral, é necessário entender os fatores que,

possivelmente, levaram ao desencadeamento da gestação de risco.

A integralidade do atendimento de gestantes de alto risco foi incorporada

em programas e leis que norteiam o trabalho das instituições de saúde. Um

desses programas é a “Alta hospitalar qualificada”, a qual é caracterizada por

transferir o cuidado das pacientes no momento da alta hospitalar.

Algumas gestantes de alto risco vivenciam intercorrências na gestação e

necessitam de hospitalização em enfermaria obstétrica para assegurar sua

saúde e a do feto. Nesse momento, uma equipe multidisciplinar passa a

acompanhar a gestante e, posteriormente, elabora um relatório, contendo as

necessidades do caso, para que a Rede de Atenção à Saúde continue o

acompanhamento adequadamente. Isto é, o cuidado é transferido e sua

continuidade, garantida. Essas ações visam à prevenção de novas

intercorrências, desde o nascimento prematuro do bebê, até um óbito fetal ou

materno (Portaria n. 3.390, 2013).

A compreensão da dinâmica da alta hospitalar qualificada com gestantes

de alto risco visa contribuir para o aprimoramento do programa e,

consequentemente, influenciar na prevenção da morbimortalidade materna,

fetal e infantil. Acredita-se que, para o bom funcionamento do programa, é

necessário que a equipe multidisciplinar conheça a mulher em questão,

tornando o atendimento mais humanizado e efetivo.

Assim, o presente estudo teve por objetivo verificar o estilo de vida e

perfil cognitivo de personalidade de gestantes de alto risco, bem como

compreender os significados e sentidos atribuídos às suas vivências na

atenção pré-natal e alta qualificada.

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Método

Estudo descritivo, transversal, com delineamento quantitativo e

qualitativo, realizado na enfermaria obstétrica de um hospital escola no interior

de São Paulo, unidade hospitalar responsável pela emergência obstétrica,

internação de gestantes de alto de risco que apresentam intercorrência, onde,

no período pós-parto, mães e recém-nascidos sadios permanecem em

alojamento conjunto.

As participantes foram mulheres gestantes de alto risco, isto é, que

apresentam alguma condição de saúde que implica risco para si e para o feto,

hospitalizadas em enfermaria obstétrica e inseridas no programa de Alta

Qualificada. Foram excluídas do estudo as gestantes com limitações que as

tornavam impossibilitadas de responder aos instrumentos.

Para coleta de dados, foram utilizados os seguintes instrumentos:

Questionário sociodemográfico e dados obstétricos, com questões sobre idade,

escolaridade, estado civil, religião, trabalho laboral e histórico gestacional;

Questionário Estilo de Vida “Fantástico”, instrumento que considera o

comportamento dos indivíduos,cujos resultados permitem associar o estilo de

vida e a saúde. Apresenta 25 questões em escala do tipo Likert, divididas em

nove domínios: família e amigos; atividade física; nutrição; cigarro e drogas;

álcool; sono, cinto de segurança, estresse, e sexo seguro; tipo de

comportamento; introspeção e trabalho (Añez, Reis & Petroski, 2008).

Questionário de Crenças Pessoais – forma reduzida PBQ-SF, baseado no

pressuposto de que as diferenças descritivas dos transtornos da personalidade

estão apoiadas nos diferentes padrões de crenças, englobando nove tipos de

perfis cognitivos de personalidade: evitativo, dependente, passivo-agressivo,

obsessivo-compulsivo, paranoide, antissocial, narcisista, histriônico e

esquizoide (Leahy, 2009); e Entrevista compreensiva na perspectiva

fenomenológica, que consiste num diálogo iniciado por uma questão

norteadora: “Como tem sido para você desde que soube do diagnóstico de

gestação de alto risco?”.

Foram entrevistadas 13 gestantes, entre o período de outubro de 2016 a

janeiro de 2017. As participantes foram recrutadas por conveniência e

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convidadas a participar. Inicialmente, foi esclarecido todo o procedimento e

fornecidas informações sobre a pesquisa. Para as que aceitaram participar, foi

solicitada a leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido –

TCLE e, após, foram aplicados os instrumentos propostos pelo projeto.

A entrevista foi realizada no leito da gestante e, para garantia da

privacidade e sigilo de suas respostas, foram utilizadas algumas estratégias

como: ausência da acompanhante, realização das entrevistas em horário de

almoço e troca de plantões das equipes médicas e de enfermagem; e quando

necessário, a utilização de biombo no leito para privacidade da mesma.

Para a análise dos dados, os escores obtidos pelos questionários foram

distribuídos em tabelas em número e frequência, para posterior análise dos

dados e as entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra pela

pesquisadora, com o devido consentimento das gestantes, para posterior

análise descritiva. Em seguida, os relatos das gestantes foram submetidos à

etapa de análise fenomenológica dos dados.

O projeto foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa da FAMERP e foi

aprovado sob o número CAEE: 59113816.4.0000.5415 e Parecer nº 1.775.076.

Resultados

A idade da amostra variou entre 15 a 32 anos, sendo a idade média 24

anos (com desvio padrão de 5,1). A maioria relata possuir companheiro, seja

ele presente pelo casamento ou pela união estável. Seis participantes referem

trabalho remunerado e as profissões variaram entre merendeira, auxiliares de

limpeza, recepcionista, técnica em farmácia e operadora de caixa.

Na distribuição das gestantes segundo o histórico obstétrico, cinco

participantes relataram terem abortado uma ou mais vezes. Todas são

gestantes de alto risco e o motivo de sua hospitalização variou entre trabalho

de parto prematuro, infecção urinária, cólica renal, perda de líquido amniótico,

diabetes e aumento de pressão.

Dando sequência ao objetivo do estudo, as mulheres foram avaliadas

quanto ao seu Estilo de Vida. Por meio do questionário utilizado, foi possível

observar que 46,2% (N= 6) apresentaram um estilo de vida considerado bom,

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seguido de 38,5% (N= 5) que apresentaram o estilo de vida muito bom. Apenas

uma gestante apresenta estilo de vida “regular” e nenhuma “necessita

melhorar”, demonstrando que possuem um estilo de vida favorável à saúde.

Entretanto, a análise individualizada das dimensões apresentadas pelo

instrumento, possibilita a identificação de quais fatores são mais ou menos

desenvolvidos pelas participantes. Isso é, quanto menor for o escore, maior é a

necessidade de mudança. Tais dados são apresentados na Figura 1.

Figura 1 - Média dos Escores das Nove Dimensões do Questionário Fantástico

Os menores escores foram nas dimensões atividade física,

comportamento e introspecção, demonstrando que as participantes possuem

deficiência na prática de atividades físicas, apresentam comportamentos de

raiva e hostilidade e sentem-se tristes ou desapontadas.

Outra questão avaliada pelo presente estudo foi a busca pela

compreensão acerca dos perfis de personalidade presentes na amostra,

apresentados na Figura 2.

3,4

5,1

3,8

10,4

11,8

13,7

7,2

3,3

6,6

Trabalho (0-4)

Introspecção (0-12)

Comportamento (0-8)

Sono, Estresse, Cinto e Sexo (0-20)

Álcool (0-12)

Cigarro e Drogas (0-16)

Nutrição (0-12)

Atividade Física (0-8)

Família e Amigos (0-8)

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Figura 2 - Perfis Cognitivos de Personalidade em Porcentagem

Vale ressaltar que não há normas para cada estilo de personalidade, o

que se pretende é observar quais estilos estão presentes na amostra estudada.

Dificilmente alguém pertencerá exclusivamente a apenas um estilo, pois as

pessoas tendem a apresentar um misto de diferentes traços de personalidades.

Portanto, os dados da figura não mostram o número exato de participantes,

pois uma gestante pode apresentar escores elevados em mais de um tipo de

estilo de personalidade (Leahy, 2009).

O perfil de personalidade que mais obteve escores elevados foi a

personalidade Esquizoide, a qual é caracterizada principalmente pelo

isolamento social e desapego de relacionamentos em todos os contextos.

Essas pessoas se veem como vulneráveis às pressões sociais, ao controle,

humilhação e rejeição e por isso, preferem evitar relacionamentos. Veem os

outros como exigentes, intrusivos e hostis e a estratégia mais utilizada é,

portanto, o afastamento social (Beck, 2017).

Para complementar a compreensão sobre o modo como essas mulheres

vivenciam e enfrentam a gestação de alto riso, a seguir serão apresentadas as

análises compreensivas dos relatos das participantes.

Categoria 1 – A vivência do medo

Nessa categoria as mulheres falam sobre como se sentiram frente ao

diagnóstico. As unidades de significado que caracterizam essa categoria estão

dispostas na Tabela 1.

10,5%

10,5%

21,2%

0%

0%

5,3%

10,5%

10,5%

15,8%

15,8%

Borderline

Paranoica

Esquizoide

Histriônica

Narcisista

Antissocial

Obssessivo-Compulsivo

Passivo-Agressivo

Dependente

Evitativa

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Tabela 1 - A Vivência do Medo

Gestante Relato

G1 Fiquei com medo só. De nascer e ficar na UTI. De ficar machucando com os aparelhos. Só.

G2

No começo foi assustador né? Saber que podia ter alguma coisa de errado com a minha neném. É um misto de ansiedade, medo, tudo né. Às vezes eu penso assim, ela podia nascer logo pra acabar o sofrimento meu e dela. E ás vezes eu penso, nossa, mas se ela nascer agora, ela vai ter que ficar na incubadora, sabe? Vai ficar na UTI e eu morro de medo. É tudo misturado as emoções assim, sabe? Fica tudo a flor da pele.

G4 Tenho medo... Que acontece alguma coisa com ele. Perder ele...

G7 Por conta da dificuldade de segurar o bebê eu sinto medo. Porque minha mãe já teve caso de perca na gravidez que ela teve, e aí dá medo né. De perder ela (...) Aí me deu aquele medo né, minha filha vai nascer.

G8 Ah então, eu tenho medo agora né. Eu tenho medo de perder, entendeu? Porque nossa, tá passando por esse sofrimento todo e depois chegar na hora e perder (...)

G10 Tá sendo um “baque”. Tá sendo difícil tanto aceitar, quanto passar por isso. É bem complicado. Tá bem complicado pra mim ainda. É o medo né, de dar alguma coisa errada com o bebê... esse é meu maior medo.

As gestantes apresentam o medo como o principal sentimento aflorado

nesse momento, porém o sentido que atribuem a ele pode variar. Algumas das

participantes relatam o medo da possibilidade da hospitalização do filho em

UTI Neonatal após o parto e, consequentemente, o sofrimento que o bebê

pode vir a vivenciar. Já outras participantes possuem crenças mais

calamitosas, referindo-se ao medo da morte e perda de seu filho.

Além de suscitar o sentimento de medo, a dúvida e incerteza do

desfecho de sua gestação podem provocar também preocupações com as

possibilidades do que está por vir. Essas preocupações foram expressas pelas

participantes do estudo e estão apresentadas na categoria 2.

Categoria 2 – Preocupação

As mulheres relatam quais são suas principais preocupações diante do

diagnóstico de gestação de alto risco e da hospitalização, apresentados na

Tabela 2.

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Tabela 2 - Preocupação

Gestante Relato

G3 Mas tem preocupação com o bebê, a gente sabe que tem risco né... Preocupação com ele, nada mais. A gente vê casos de prematurinho, nasce, não aguenta. É essa a preocupação.

G6 Eu fico preocupada por causa do nenê. De perder, porque eu já tive uma infecção uma vez e a moça falou que era... que mulher grávida quando tem isso, tem risco de perder.

G9

Não quero nem pensar na hora do parto, porque se eu colocar... que minha pressão vai subir... e como eu tenho complicações na família, que minha mãe teve é... como é que fala aquela... pré-eclâmpsia. Esqueci dos outros problemas e tô me preocupando só com o nenê.

G12 Eu fico pensando muito nela (bebê). A minha preocupação é no bebê. Eu me preocupo com o que pode acontecer com ela. Então fico muito preocupada em relação a isso. O que pode acontecer com ela...

Chama a atenção que a preocupação das gestantes está relacionada

com a possibilidade de nascer prematuro, de perder o bebê e o que pode vir

acontecer com ele. Fica claro que a única preocupação é com a saúde do filho,

deixando de lado qualquer outro tipo de preocupação.

Por meio da avaliação dessas duas categorias, fica evidente o impacto

negativo produzido pela notícia de que a gestação possui um risco,

promovendo na mulher a necessidade de reorganização. Contudo, sabe-se

que a presença de alguns recursos durante o processo de reorganização pode

agravar ou minimizar tais sentimentos adversos (Oliveira & Mandú, 2015).

As categorias a seguir trazem os discursos das participantes que

demonstram a presença de recursos que as auxiliaram na travessia deste

percurso.

Categoria 3 – A importância do suporte social

Nessa categoria as gestantes falam sobre a necessidade de ter outra

pessoa presente para compartilhar este momento e como isso pode influenciar

em sua experiência. Os relatos são descritos na Tabela 3.

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Tabela 3 - A Importância do Suporte Social

Gestante Relato

G8

Tem... Tá tem o meu namorado, mas as vezes ele não me entende e as vezes também, tá eu moro com minha mãe, mas as vezes também ela não me entende. Ao mesmo tempo que eu penso que a opinião dela é diferente entendeu...mesmo ela sabendo que é aquilo, entendeu? Ela prefere discordar, do que concordar. E isso entendeu, me deixa triste, entendeu, me leva a chorar entendeu? E assim, eu me sinto sozinha, tipo você ta ali entendeu, com alguém que não concorda com você, é ruim, mesmo sabendo o que você tá passando...\Porque minha mãe ficou com meu outro filho, então não dava pra ela vim comigo. Aí tipo, eu não me senti totalmente segura.

G10 Se não é o meu marido me apoiando, ajudando, me dando autoestima eu fico todo dia triste.

G11

É... foi com meu ex-marido. Então tá sendo complicado por isso, de não ter ele do meu lado, por eu ter perdido meu emprego ano passado, ter tido que ir morar com minha mãe... Entendeu? Eu tinha uma vida e passei a ter outra, então é uma mudança muito radical. Assim, parece que o mundo desaba de repente.

Observa-se dois lados diferentes do suporte social. Um dos relatos (G8)

elucida claramente a importância da presença e apoio do marido para auxiliá-la

no enfrentamento da situação. Contrariamente, os outros dois relatos (G10 e

G11) demonstram que a ausência de outra pessoa para acompanhá-las e

apoiá-las nesse momento dificulta o enfrentamento da situação e agrava os

sentimentos de insegurança e do medo.

Categoria 4 – A fé como recurso de enfrentamento

Aqui, as gestantes relatam sobre a utilização da fé e espiritualidade

como um recurso que as auxiliaram no enfrentamento da situação. A Tabela 4

apresenta os discursos referentes a esta categoria.

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Tabela 4 - A Fé Como Recurso de Enfrentamento

Gestante Relato

G2 Mas aí depois, assim é... orei, pedi pra Deus me dar força e Ele foi renovando minhas forças, sabe? Mas agora tá na mão de Deus. O que tiver que ser, vai acontecer no tempo Dele.

G3 Assim é passageira, porque eu penso positivo, tenho fé que vai dar tudo certo.

G7

(...) como eu sou evangélica também eu oro muito a Deus, eu peço força... E assim, tá na mão dele, o que ele for fazer é o melhor pra mim e pra bebê. (...) agora eu to esperando o tempo de Deus, se for da vontade dele vim prematuro, ele vai cuidar de tudo...

G8 Às vezes, assim, como que eu te falo? As vezes assim eu me sinto sozinha assim, entendeu? Mas... eu busco suporte com Deus, simplesmente entendeu?

Os dados sociodemográficos da amostra demonstram que 85% das

gestantes referem pertencer a alguma religião. Com os relatos, é possível

observar como essa crença interfere positivamente na vivência de gestantes de

alto risco. Nota-se que além de utilizarem a fé como a busca de renovação de

suas forças para enfrentar a situação, a religião também contribui para a

aceitação tanto da situação presente, quanto das possibilidades que estão por

vir.

Categoria 5 – Relação Profissional-Paciente

Nessa categoria as pacientes falam sobre como se sentiram ao receber

os cuidados dos profissionais dentro do hospital e como isso influenciou no seu

estado emocional (Tabela 5).

Tabela 5 - Relação Profissional-Paciente

Gestante Relato

G2 Aí eu vim aqui no hospital, o pessoal daqui é... sabe? Trata a gente super bem, tirou todas as minhas dúvidas aí eu acalmei.

G3 Aqui é um ótimo hospital, os médicos são muito bons. Eu tive um prematurinho com 30 semanas e viveu... aqui nessa parte a gente não tem reclamação.

G7 Agora eu to mais calma, mas eu fiquei muito nervosa, que os médico assusta muito né? Chega na hora né, não dá tempo de fazer cerclagem ele falou de um jeito como se a nenê fossa nascer naquele dia e não fosse sobreviver.

G8 Quando cheguei aqui eu fui bem tratada, aí fiquei bem.

G12 Por causa que muitos médicos fala né... se tiver que tirar agora, tá muito cedo, não garante, então a gente fica preocupado de acontecer alguma coisa.

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Gestantes de alto risco em alta hospitalar qualificada: personalidade, estilo de vida e vivências

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O que fica evidente nessa categoria é a importância do bom

atendimento e acolhimento oferecido dentro do hospital. Quando a paciente se

sente apoiada e tem suas dúvidas sanadas, ela vivencia a situação de uma

maneira mais positiva e segura. Quando o contrário acontece, contribui para o

aumento dos sentimentos adversos como medo, ansiedade, preocupação e

insegurança.

Discussão

Dentre os dados sociodemográficos e obstétricos, os resultados que se

destacaram por serem considerados fatores de risco à gestação de alto risco

foram a união estável, multiparidade e o não planejamento da gestação.

Apesar da presença de um companheiro representar um aspecto

positivo para a gestação, diversos estudos encontraram, na maioria da

amostra, gestantes em união estável, demonstrando que vem acontecendo

uma mudança estrutural na formação de famílias (Santos et al., 2017; Silva &

Rosa, 2015).

A união estável ou consensual é considerada uma situação conjugal

instável ou insegura, visto que se trata de uma união na qual os laços são

formados sem formalidades. Portanto, essa característica pode ser um fator de

risco à gestação ou um agravante de complicações durante a gestação

(Versiani & Fernandes, 2013; Rezende & Souza, 2012).

Nos dados obstétricos, a multiparidade pode ser considerado um fator

de risco gestacional, uma vez que esse mesmo dado foi encontrado em

diversos estudos que buscaram delinear o perfil epidemiológico de gestantes

de alto risco (Xavier, Jannotti & Martins, 2013; Leal et al., 2017; Luz et al.,

2015; Anjos, Pereira, Ferreira & Paiva, 2014; Menetrier & Almeida, 2017).

Dado que também se destacou foi o não planejamento da gestação,

resultado semelhante encontrado no estudo de Prietsch, Chica, Cesar e Sassi

(2011), com 65% das gestantes. Para os autores, gestações não planejadas

estão relacionadas com mães mais jovens, que não vivem maritalmente, são

mais pobres, já têm outros filhos e não são assistidas por um plano de saúde

privado.

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Porto, M. A., & Pinto, M. J. C.

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Em seu estudo, Rodrigues e Lopes (2016) entrevistaram somente

gestantes que não planejaram a gravidez e os resultados mostraram que 67%

das mulheres nunca participaram de encontros no Planejamento Familiar e

75% não foram instruídas sobre o planejamento da gravidez na instituição de

saúde, demostrando certa deficiência no processo de educação sexual e

planejamento familiar dessas mulheres.

Conhecer o planejamento, a aceitação e o desejo da criança que está

por vir são questões relevantes para compreender a vivência dessas mulheres.

Deste modo, ressalta-se a relevância de ações de planejamento familiar para a

prevenção da saúde mental de mulheres que vivenciam essa condição.

Já no Estilo de Vida, a amostra se destacou pela deficiência na prática

de atividades físicas, na introspecção e comportamento.

Pesquisas apontam que mulheres que praticam atividades físicas

durante a gravidez tiveram menor ganho de peso, conseguiram manter sua

rotina cotidiana, perceberam sua recuperação pós-parto como “excelente” e

perceberam benefícios no desenvolvimento do feto (Calomeni, Ferreira, Neto &

Morales, 2014).

Por ser uma amostra que apresenta risco gestacional, é válido

considerar as limitações e impedimentos que o risco impõe a essas mulheres.

Contudo, a falta da prática de exercícios físicos é uma realidade comum entre

as gestantes e o agravante dessa situação é a falta de habilitação e pouca

preparação de profissionais para realizar a prescrição de exercícios

individualizados e específicos para cada gestante, principalmente as que

apresentam alguma complicação (Ocanhas & Nakamura, 2007).

Em relação às dimensões “comportamento”, a qual diz respeito à

pressa, hostilidade e raiva, e a “introspecção”, a qual se refere a sentimentos

de pessimismo, tensão, desapontamento e tristeza, a baixa pontuação pode

estar associada a situação em que as participantes se encontram.

A gestação representa para mulher um desafio à sua maturidade e

estrutura de personalidade em decorrência de diversas mudanças corporais,

sociais e de identidade pessoal, exigindo um esforço suplementar de síntese e

reorganização. A busca pela estabilidade nem sempre ocorre sem dificuldades,

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39 Rev. SBPH vol. 22 no. 2, Rio de Janeiro – Jul./Dez. – 2019

podendo acarretar um acréscimo de vulnerabilidade e risco para a saúde

mental da mulher (Silveira & Ferreira, 2016).

O fato de a amostra estudada ser especificamente de gestantes de alto

risco pode contribuir para o agravamento dessas características, pois além do

problema médico, aparecem novas exigências e dificuldades relacionadas ao

seu estado, suas consequências e cuidados necessários (Oliveira & Mandú,

2015).

Com isso, é possível compreender que o estilo de vida envolve não

somente os cuidados com a saúde física, mas também os cuidados com a

saúde mental. Um acompanhamento mais próximo desses fatores pode

contribuir para o adequado desenvolvimento da gestação e da saúde materna.

O período antes e durante a gravidez pode representar uma oportunidade de

mudança de estilo de vida, pois as mulheres são mais suscetíveis a aderir aos

aconselhamentos, em função de seu desejo de melhorar a gravidez e os

resultados do parto (Zhang et al., 2014).

Os resultados referentes aos perfis cognitivos de personalidade e as

vivências das mulheres frente à gestação de alto risco, indicam as

características psicológicas e emocionais das participantes.

Pacientes com perfil de personalidade esquizoide apresenta como

aspecto em comum a presença de um trauma durante seu desenvolvimento,

como separação, doença, morte, violência, dentre outros. Traumas cumulativos

como rejeição, humilhação, desprezo e seus sentimentos traumáticos como

medo, dor e impotência, podem influenciar diretamente na presença desses

traços de personalidade (Heinemann, 2015).

Como demonstrado na descrição de suas vivências, é comum que estas

gestantes vivenciem sentimentos como medo, preocupações e impotência

diante da situação de risco, tanto para ela, quanto para seu filho. Uma hipótese

a ser considerada é que os traços esquizoides possam ter emergido diante da

vulnerabilidade que a situação impõe a elas.

As vivências demonstraram também que essas mulheres buscaram

estratégias que as auxiliaram a enfrentar a situação, como o suporte social e o

enfrentamento religioso.

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Porto, M. A., & Pinto, M. J. C.

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O apoio familiar é considerado um fator de proteção que permite a

gestante superar problemas emergentes, bem como contribui de forma positiva

para a estruturação e o fortalecimento da gestante que está passando por uma

fase de grande preocupação. Quando o problema é compartilhado torna-se

mais fácil administrá-lo e superá-lo (Lima et al., 2015; Petroni, Silva, Santos,

Marcon & Mathias, 2013).

Corroborando a afirmação, Maffei, Menezes e Crepaldi (2019)

demonstram, a partir de uma revisão integrativa da literatura, que diversos

estudos buscaram compreender a relação entre suporte social e aspectos

psicológicos maternos, identificando relação direta, visto que mulheres com

apoio social, apresentam menores escores relacionados à ansiedade e

depressão. Destacam, portanto, o quanto a presença do apoio pode ser

benéfica para a promoção de saúde.

A religião traz benefícios à saúde, não só mental, mas também física.

Pessoas que utilizam o enfrentamento religioso lidam melhor com suas

condições, assim como um melhor nível de saúde física também está

associado ao maior envolvimento religioso. Entende-se que isso decorre do

fato de que a religião é um instrumento de formação de comportamentos que

repercutem na saúde, como a restrição alimentar e proibição do uso de álcool e

drogas. Além disso, os adeptos incorporam como diretrizes, sentimentos de

moderação e conformidade, o que acaba diminuindo o risco de uma vida

estressante e aumenta a harmonia interpessoal (Alves, Alves, Barboza &

Souto, 2010).

É possível observar que a religião tem relação estreita com o estilo de

vida, desenvolvendo um papel importante na promoção de saúde. Portanto, a

espiritualidade deve ser incentivada pelos profissionais da saúde, respeitando

a individualidade, fé e religião de cada um. Para isso, deve ser dissociada da

religião e os profissionais devem compreendê-la como algo que dá sentido a

situação de crise e sofrimento do paciente, além de poder auxiliá-lo em sua

recuperação (Póvoas, Santos, Trezza, Monteiro, Santos & Santos, 2015).

Dado destacado também pelas participantes foi a influência da relação

profissional-paciente em suas vivências durante a hospitalização.

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Fica evidente que a relação entre profissionais e pacientes exercem

papel fundamental na vivência destas gestantes. O sofrimento é maior quando

ela não tem espaço dentro do serviço para se expressar, entender e elaborar o

que o diagnóstico significa. Por outro lado, os sentimentos como medo e

preocupação podem ser amenizados se receberem a devida atenção. É

importante que os profissionais se atentem a compreender o contexto em que

se encontram as tensões das pacientes e considerem as condições

psicossociais e culturais que influenciam no modo como experienciam e lidam

com a gestação e seus problemas (Oliveira & Mandú, 2015).

É possível encontrar dados semelhantes entre as experiências de cada

uma, como os medos, as preocupações, as angústias e as formas como lidam

com esse problema. Isso porque, a gestação já é marcada por modificações

biopsicossociais e quando ela está associada ao um risco, a fragilidade e

instabilidade emocional são reforçadas, podendo interferir na qualidade da

saúde materna (Silva et al., 2013). Por esse aspecto, evidencia-se a

necessidade de uma assistência mais humanizada, cuja integralidade do

cuidado deve ser a grande aliada na qualidade da assistência prestada

(Oliveira, Madeira & Penna, 2011).

Aproximar-se da experiência vivida pelas gestantes de alto risco permite

que o profissional avalie não só as necessidades de cuidados objetivos, mas

principalmente os subjetivos. O conhecimento produzido a partir da

compreensão do contexto que perpassa toda a vivência dessas gestantes deve

ser utilizado como uma ferramenta de intervenção coerente com a realidade

daquela paciente. Para isso, o profissional deve submergir na realidade

subjetiva da gestante a ser atendida, melhorar a qualidade do atendimento e

auxiliar no alívio de sentimentos como medo, desespero, incerteza, bem como

aceitação da situação e mudança de hábitos e atitudes pouco saudáveis

(Vasquez, Sánchez, Caicedo & Parrado, 2013).

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Porto, M. A., & Pinto, M. J. C.

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Conclusão

O presente artigo pretendeu demonstrar a variedade de fatores que

podem estar envolvidos no processo gestacional de alto risco e, para isso,

foram investigadas características relacionadas ao estilo de vida, perfil

cognitivo de personalidade e vivências de gestantes de alto risco

hospitalizadas e inseridas no programa de alta qualificada.

Por meio dos resultados, conclui-se que essas mulheres vivenciam um

momento de vulnerabilidade emocional diante do diagnóstico e hospitalização.

Foi possível observar que a maioria apresentou um estilo de vida positivo nas

dimensões relacionadas à família, alimentação, uso de álcool e drogas e

trabalho. Houve, entretanto, prejuízo no estilo de vida nas dimensões que

tratam do comportamento (raiva, pressa e hostilidade) e introspecção

(sentimentos de pessimismo, tensão, desapontamento e tristeza). Os traços de

personalidade que emergiram com maior frequência na amostra, foram

esquizoides, evitativo e dependente, associados com baixa autoestima e o

medo da rejeição. Já na compreensão dos significados e sentidos das

vivências acerca da gestação de alto risco, as participantes destacaram os

sentimentos de medo e preocupação frente à incerteza do desfecho

gestacional.

Apesar das dificuldades enfrentadas e dos sentimentos adversos

vivenciados, essas mulheres utilizaram estratégias positivas, que as auxiliaram

no enfrentamento da situação. Destacaram, principalmente, como estratégias

positivas de enfrentamento, o suporte social e a busca pela espiritualidade com

o intuito de amenizar as angústias provenientes do momento de

vulnerabilidade.

Questão que vale destaque é a influência que a relação com

profissionais de saúde exerce na vivência dessas mulheres. Os relatos

demonstraram que, quando o atendimento oferecido pelos profissionais é

adequado e acolhedor, a paciente sente-se apoiada e vivencia a hospitalização

de uma maneira positiva e segura.

O atendimento integralizado de gestantes de alto risco requer uma

abordagem biopsicossocial por parte dos profissionais da saúde, pois além das

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complicações médicas, essas mulheres passam por um processo de

reestruturação emocional diante do risco da saúde de seu filho e de sua própria

saúde.

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