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Modelo de Projeto de Graduao - Engenharia Eltrica

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Fundao estudos do marADAPTAO a segundo oficial de mquinas - asom

felipe gobbi VERZOLA GOMESFELIPE JOS TRISTOLEONARDO LYRIO MARCONILUCAS AVANCI GAUDIOmarcelo dalvi nicola

impactos ambientais causados por Navios de Cruzeiro

Rio de janeiro rjSETEMBRO/2015

SUMRIO

1INTRODUO22Tipo de Resduos e Ameaas Ambientais comuns em cruzeiros42.1 Resduos Slidos (Lixo)42.2 gua Negra (Esgotos)52.3 gua Cinza52.4 Poluio Luminosa52.5 gua de Lastro e suas implicaes62.6 Doenas Contagiosas e Vetores62.7 Poluio Sonora62.8 Poluio do Ar73LEGISLAO73.1 Lei do leo (lei n 9.966/00 de 28 de Abril de 2000)73.2 MARPOL83.3 Guia Sanitrio para navios de Cruzeiro (ANVISA)94Tratamento de esgoto105BIBLIOGRAFIA11

INTRODUONavios de Cruzeiro modernos so embarcaes com capacidade para at cerca de 8.000 pessoas e possuem instalaes de luxo comparveis a resorts, com piscinas, saunas, restaurantes, lavanderias, academias, bares, sales, entre outras instalaes. Decorrente desta estrutura pomposa, temos uma produo inerente de resduos que variam desde o esgoto at a fumaa da queima de combustveis pesados utilizados tanto para navegar quanto para alimentar as instalaes eltricas.

Sabe-se que esta indstria cresce constantemente, apresentando uma mdia de crescimento elevada nos ltimos 10 anos. No s cresce o nmero de passageiros, como tambm o tamanho das embarcaes e alm destas duas variveis em crescimento, h tambm o aumento do impacto ambiental que isso causa.

Figura 1 Royal Caribbean Allure of the Seas, o maior cruzeiro em operao, com capacidade para 6296 passageiros.

Devido ao nmero elevado de navios cruzeiros, a preocupao com os impactos ambientais causados por esta frota mundial se fez mais evidente. Com base nisso, no ano de 2000, um grupo de advogados ambientalistas, representando 53 instituies ambientais enviaram uma petio a EPA (Environmental Protection Agency), a agncia de proteo do meio ambiente dos Estados Unidos, requerendo que esta avaliasse e tomasse medidas regulatrias em relao a poluio gerada por navios cruzeiros, e quando se fala de poluio relacionada a cruzeiros, entende-se que existem pelo menos oito tipos diferentes. Esta petio requeria especificamente que a EPA publicasse um estudo sobre a anlise do impacto ambiental que os resduos de cruzeiros causam na qualidade da gua, em ambientes marinhos sensveis, a sade humana, a qualidade do ar e ainda que sugerisse como melhor avaliar e tomar medidas preventivas contra esses impactos.

Sabemos que as principais preocupaes sobre poluio gerada por navios so: esgoto (gua negra), gua cinza, gua oleosa, resduos slidos e lixo contaminado. Em adio s formas de poluio causadas por um navio cruzeiro, podemos acrescentar a poluio ao ar devido a queima do combustvel pesado e ainda riscos relacionados a doenas contagiosas.

Tipo de Resduos e Ameaas Ambientais comuns em cruzeiros

Figura 2-Impacto Ambiental causado por um navio CruzeiroResduos Slidos (Lixo)Os resduos slidos de um navio cruzeiro sem dvida so um dos fatores mais preocupantes quando se fala de impacto ambiental causado por esse tipo de embarcao. A gerao de lixo de um passageiro gira em torno de 1,5kg/dia de embarque e sabe-se que a permanncia mdia de um passageiro de 7 dias, o que nos leva a uma taxa de 10,8 kg/pessoa/ano (CELB,2003). Considerando que a mdia de pessoas que frequentam cruzeiros anualmente de 20 milhes, temos uma produo anual estimada em 216.000 de toneladas de lixo produzidas pelo mercado em um ano. J a cidade do Rio de Janeiro produz cerca de 4.777 toneladas de lixo domiciliar/dia, o que resulta numa produo anual de 1.743.605 de toneladas de lixo domiciliar segundo a Prefeitura do RJ, como documentado em seu Plano Municipal de Gesto Integrada de Resduos Slidos. Rapidamente vemos que o volume de lixo produzido pelo mercado de cruzeiros cerca de 12,40% da produo de resduos slidos domiciliares de uma cidade como o Rio de Janeiro para o mesmo perodo. A conveno que trata do manuseio de resduos slidos por embarcaes a MARPOL.gua Negra (Esgotos)Levando-se em considerao a produo de resduos lquidos de um navio cruzeiro, temos uma mdia de 32 litros/dia por pessoa. Se considerarmos uma mdia anual de embarque de 7 dias e 20 milhes de pessoas, chegamos em uma mdia de 10,5 bilhes de litros/ano. A regio metropolitana de So Paulo, por exemplo, tem uma mdia de produo de 5,6 bilhes de litros de esgoto por dia segundo a SABESP. Percebemos que em 2 dias, So Paulo ultrapassa a meta anual da produo de esgoto nos cruzeiros.gua CinzaA gua cinza considerada toda gua que provm de chuveiros, pias, banheiras ou guas de fontes semelhantes, no incluindo latrinas, mictrios, instalaes hospitalares, laboratrios e nem espao de animais. A taxa mdia de gerao de gua cinza em cruzeiros de 660.000 litros/dia em cada embarcao. A gua cinza deve ser tratada antes de ser descartada, de acordo com as exigncias da MARPOL.Poluio LuminosaTodos os navios e embarcaes so obrigados a ter iluminao constante para evitar acidentes e melhorar a visibilidade. Em navios cruzeiros, essa luminosidade muito mais intensa do que em outras embarcaes, pois as instalaes de eventos e lazer de um cruzeiro possuem muitas luzes e ficam ligadas praticamente durante a noite toda. O impacto causado por essa luminosidade, tambm conhecido como poluio luminosa, incide diretamente em espcies como tartarugas marinhas, aves migratrias, zooplnctons e outras espcies.gua de Lastro e suas implicaesAs embarcaes utilizam a gua de lastro para garantir a estabilidade do navio devido s variaes de carregamento. A princpio, isso pode no parecer algo que possa ter alguma implicao ambiental, mas como as guas utilizadas provm de diferentes regies martimas e os navios se deslocam entre regies distintas, algumas espcies marinhas acabam entrando nos tanques de lastro dos navios. Na hora do descarte desta gua, pode acontecer de espcies que no so comuns em uma regio se adaptarem e no encontrarem predadores naturais, tornando-se pragas. Um caso famoso o caso do mexilho dourado que veio para o Brasil atravs da gua de lastro de navios e no encontrou predadores naturais. A conveno da BWM Ballast Water Management prev cuidados ao lidar com gua de lastro em embarcaes. Doenas Contagiosas e VetoresMuitos cruzeiros so internacionais, ou seja, o passageiro embarca em um pas e segue viagem junto com o navio para outro pas, que muitas vezes, est em outro continente. Essa diversidade de pessoas presentes em um cruzeiro pode trazer alguns riscos quanto a sade dos ocupantes. Se uma pessoa est infectada com alguma doena contagiosa, o confinamento do Cruzeiro oferece um risco potencial a todos a bordo. Alm dessa contaminao por doenas mais srias, ocorre tambm contaminao por bactrias que podero causar diarreia, vmitos e dores abdominais devido constante exposio dos alimentos nos restaurantes e manuseio precrio. Ocasionalmente, so relatados casos da Doena do Legionrio, uma infeco bacteriana transmitida por gua estagnada. No ano de 2012, o navio cruzeiro Balmoral foi retido no porto de Santos pela ANVISA. O motivo apresentado foi que encontraram 5 casos de diarreia e 2 de gripe a bordo.Poluio SonoraNavios de cruzeiro so famosos pela farra incessante a bordo. As prprias empresas trazem essa realidade a tona como estratgia de marketing para atrair clientes, e isso que muitos realmente procuram. No h, entretanto, a preocupao com o impacto que isto pode causar na vida marinha ao redor. Assim como no caso da poluio luminosa, existem espcies marinhas que utilizam o som para se orientar. Espcies migratrias em curso muitas vezes so interrompidas ou dispersadas devido a poluio excessiva de embarcaes que cruzam os mares.Poluio do ArA maioria dos navios de cruzeiro utiliza leo pesado como combustvel, que o derivado mais bruto do petrleo. As consequncias ambientais dessa queima so imensas pois existe a liberao de metais pesados e enxofre. Um navio capaz de poluir o mesmo que 5 milhes de carros perfazendo o mesmo trajeto e um dos agravantes da poluio de navios que os mesmos continuam queimando combustvel pesado enquanto esto fundeados em portos para gerar eletricidade para abastecer os circuitos. Alguns navios j fazem uso de tomadas de energia eltrica nos portos, para contribuir com o meio ambiente.

LEGISLAO Lei do leo (lei n 9.966/00 de 28 de Abril de 2000)O Art. 4 da classifica substncias nocivas ou perigosas nas seguintes categorias, de acordo com o risco produzido quando descarregadas na gua:I Categoria A: alto risco tanto para a sade humana como para o ecossistema aqutico;II Categoria B: mdio risco tanto para a sade humana como para o ecossistema aqutico;III Categoria C: risco moderado tanto para a sade humana como para o ecossistema aqutico;IV Categoria D: baixo risco tanto para a sade humana como para o ecossistema aqutico.Os pargrafos 1 e 2 incluem os esgotos sanitrios na categoria C e ditam qual regulamento os lanamentos desses devero obedecer.1 - Esgotos sanitrios e guas servidas de navios, plataformas e suas instalaes de apoios equiparam-se, em termos de critrio e condies de lanamento, s substncias classificadas na categoria C, definidas no Art. 4 dessa Lei.2 - Os lanamentos de que trata o pargrafo anterior devero atender s condies e aos regulamentos impostos pela legislao de vigilncia sanitria. (ANVISA)

O Art. 16 diz que proibida a descarga, em guas jurisdicionais brasileiras, de substncias nas categorias B, C, e D, definidas pelo Art. 4 dessa lei, inclusive aquelas provisoriamente classificadas como tais, alm de gua de lastro, resduos de lavagem de tanques e outras misturas que as contenham, exceto se atendidas cumulativamente as seguintes condies:

I - A situao em que ocorrer o lanamento enquadra-se nos casos permitidos pela MARPOL 73/78II - O navio no se enquadre dentro dos limites de rea ecologicamente sensvel.III - Os procedimentos para descarga sejam devidamente aprovados pelo rgo ambiental competente. O Art. 26 diz que o no cumprimento ao que est disposto no Art. 16 ser punido na forma da Lei n 9605, de 12 de fevereiro de 1988, e seu regulamento. (Lei de Crimes Ambientais).(I)MARPOLDevido enorme quantidade de poluentes gerados em navios, a IMO julgou necessrio, para prevenir a poluio de mares e oceanos, regulamentar a maneira como esses poluentes eram alijados ao mar. Para esse fim, a conveno internacional MARPOL foi criada em 1973, editada em 1978 e entrou em vigor no ano de 1983. Seu anexo IV diz respeito especificamente regulamentao da poluio por esgoto.

Nela, esgoto definido como qualquer fonte de esgoto proveniente de instalaes sanitrias ou mictrios, descargas provenientes de compartimentos mdicos, descarga proveniente de compartimentos que contenham animais vivos ou fontes de gua misturada a estes, vlido para embarcaes de arqueao bruta maior que 400 ou navios que comportam mais de 15 pessoas. (II)

Como regra, essa norma define que essas embarcaes devem ser dotadas de sistemas de tratamento de esgoto, um sistema de triturao e desinfeco de esgoto, e capacidade de armazenamento de esgoto condizente com o tamanho, nmero de passageiros da embarcao e outros fatores relevantes.

A descarga de esgoto no mar permitida somente nas seguintes condies:

O navio deve triturar e desinfetar o esgoto, estando no mnimo a 3 milhas nuticas da terra mais prxima Ejetar esgoto no triturado ou desinfetado a pelo menos 12 milhas da terra mais prxima, a uma velocidade de pelo menos 4 ns, com uma vazo moderada.Guia Sanitrio para navios de Cruzeiro (ANVISA)Com o objetivo de facilitar a comunicao no setor de cruzeiros martimos e padronizar as exigncias sanitrias nos portos brasileiros, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) criou em 2011 um guia sanitrio para navios de cruzeiro. Entre outras informaes esse guia diz que a descarga de esgoto na gua porturia proibida, exceto quando o navio tem operando a bordo um sistema de reteno ou tratamento de esgoto (com aprovao da IMO e Certificado de Preveno da Poluio por Esgotos vlido). O guia trata tambm da importncia de um plano de gerenciamento da embarcao como forma de melhorar o planejamento quanto aos fluxos e a segurana na execuo dessa atividade, bem como caracterizar o volume de resduos produzidos em cada rea de gerao, a fim de ter uma base de planejamento para evitar possveis contaminaes ambientais. (III)Tratamento de esgotoO processo de esterilizao da gua consiste inicialmente em passar o esgoto por uma tela para remover os slidos de seu contedo. Posteriormente, passa-se por um processo de digesto por bactrias aerbicas na presena de oxignio e em ambiente aquecido. Posteriormente, passa-se por filtros, sendo que os resduos captados por estes retornam para o estgio anterior de digesto bacteriana. A parte lquida, aps passar pelos filtros, desinfetada com cloro e ento considerada tratada, podendo ser alijada.

Outro sistema de desinfeco denominado AWT (Advanced Treatment System). Nele, aps a remoo da parte slida do esgoto, um reator biolgico (bactrias aerbicas) consome a matria orgnica, e o que remanesce ento passado por um filtro e finalmente recebe a incidncia de luz ultravioleta para matar microrganismos.

Figura 3 - Princpio de funcionamento da osmose reversa.Tem-se ainda o sistema de tratamento por osmose reversa, que inicia o tratamento pr-filtrando a gua negra com filtros para a remoo de sedimentos e para a captao de poluentes na estrutura porosa de filtros de carbono ativado. Passa-se ento a gua a ser tratada e gua limpa armazenada previamente por um dispositivo que as mantm separadas por uma membrana semipermevel que permite a passagem de gua, mas no permite a passagem de sedimentos e poluentes. Ao aplicar presso sobre a gua contaminada, parte da gua flui atravs da membrana, sendo ento armazenada para uso. Para uma qualidade ainda maior, a gua tratada passa ainda por mais um filtro de carbono ativado na hora do consumo.

Figura 3 - Processo de tratamento por osmose reversa.

CUMPRIMENTO DE NORMAS AMBIENTAISUma pesquisa feita no Alasca no ano 2000 coletou dados de gua negra tratada por sistemas de desinfeco de 21 grandes navios que operavam na regio. A amostragem foi marcada aleatoriamente em diversos portos em diferentes rotas, e foram analisadas as concentraes de slidos em suspenso na gua, a demanda bioqumica de oxignio, demanda qumica de oxignio, pH, coliformes fecais, concentrao residual de cloro, amnia e poluentes diversos, como metais, hidrocarbonetos, etc. O resultado das anlises das amostras mostrou que somente 43% das embarcaes atenderam as normas de concentrao de coliformes fecais, 32% atenderam a taxa requerida de slidos suspensos, e somente uma embarcao atendeu os dois ndices.De acordo com que as normas de proteo ambiental se tornam mais rgidas e a opinio da populao se torna mais favorvel s questes do meio ambiente, novas solues vo sendo criadas, criando precedentes na indstria para operao sem impactos. Um exemplo positivo de desenvolvimento do setor de cruzeiros o navio MSC Meraviglia, que segundo seu fabricante pretende zerar toda a gerao de resduos lquidos e neutralizar toda a sua emisso de CO2.

Figura 3 - MSC Meraviglia

BIBLIOGRAFIA-(I) Constituio Federal. (1988). Lei 9.966 de 28 de abril de 2000. Disponvel em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9966.htm. [Consultado em 19/09/2015]; -(II) Portal Martimo. Anexo IV da Marpol (73/78). Disponvel em: https://portalmaritimo.files.wordpress.com/2010/10/anexo_iv_marpol.pdf. [Consultado em 19/09/2015];-(III) Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. (2011). Guia Sanitrio para Navios de Cruzeiro. Disponvel em:http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cruzeiros/documentos/2011/Outubro/Guia_Sanitario/GUIA_SANIT%C3%81RIO_NAVIOS_DE_CRUZEIRO_V2011_2012_V.portugues_.pdf. [Consultado em 19/09/2015];-(IV) Estado. (2010) Proliferao de cruzeiros faz crescer preocupao com impacto ambiental. Disponvel em:http://www.estadao.com.br/noticias/geral,proliferacao-de-cruzeiros-faz-crescer-preocupacao-com-impacto-ambiental-imp-,552409. [Consultado em 19/09/2015];- (V) Instituto Ecobrasil. (2010). Cruzeiros Martimos. Disponvel em:http://www.ecobrasil.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=419&sid=73#[Consultado em 19/09/2015];- (VI) Portogente. (2014). O lixo da MSC e as vtimas de cruzeiros. Disponvel em:https://portogente.com.br/noticias/dia-a-dia/o-lixo-da-msc-e-as-vitimas-de-cruzeiros-80757. [Consultado em 19/09/2015];- (VII) Portogente. O vdeo, o lixo e a nota oficial da MSC cruzeiros. Disponvel em:https://portogente.com.br/noticias/dia-a-dia/o-video-o-lixo-e-a-nota-oficial-da-msc-cruzeiros-80507. [Consultado em 19/09/2015];- (VIII) Quartz. (2014) Cruise ships dump 1 billion gallons of sewage into the ocean every year. Disponvel em:http://qz.com/308970/cruise-ships-dump-1-billion-tons-of-sewage-into-the-ocean-every-year. [Consultado em 19/09/2015];-(IX) United States Environmental Protection Agency. (2009). Cruise Ship Discharge Assessment Report. Disponvel em:http://water.epa.gov/polwaste/vwd/upload/2009_01_28_oceans_cruise_ships_0812cruiseshipdischargeassess.pdf. [Consultado em 19/09/2015).