GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

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31 de Julho a 02 de Agosto de 2008

GESTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOSMarcos Berberick de Oliveira (UFF) [email protected] Orlando Celso Longo (UFF) [email protected]

Resumo O planejamento e gerenciamento do setor de suprimentos so elementos fundamentais para a execuo de um empreendimento, desde a aquisio de um material contratao de um servio. No entanto, como as empresas de construo civil no atentaram para esta realidade, existe uma total falta de conhecimento dos processos para uma gesto correta da cadeia de suprimentos, impactando diretamente em custo, prazo, qualidade e risco. Como a concorrncia entre as construtoras acirrada, empresas abrindo capital para aumentar o fluxo de investimentos financeiros, desenvolvimento de novas tecnologias de construo, consolidao de compras e aquisies, se faz necessrio que a cadeia de suprimentos seja da forma correta, obedecendo a seqncia desta cadeia.

Abstract Supply Chain management and planning are important issues to an enterprise execution, since the material acquisition until services contractors. However, as the construction contractors do not attempt to this facts, there is less knowledge of the processes to a correct supply chain management, impacting in costs, schedules, quality and risks. As the Contractors competition is very hard, companies are opening capital to increase the financial investments, to develop new construction techniques, to consolidate acquisitions. To achieve these objectives, is necessary that the supply respect the correct sequence of this chain.

Palavras-chaves: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, Controle do empreendimento, Empreiteiros na Construo Civil

IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTONiteri, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008

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1. INTRODUOCompreende-se como cadeia de suprimentos, um conjunto de instalaes dispersas geograficamente interagindo entre si. Como exemplos dessas instalaes tem-se: fornecedores de matria-prima, plantas produtivas, centros de distribuio, varejistas, estoque em trnsito, produtos intermedirios e produtos acabados entre as instalaes. (Yin, 1991, apud Souza, Carvalho, Liboreiro, 2006). A cadeia de suprimentos um subconjunto da cadeia de valor, a qual focada em agregar valor a um servio ou a um produto fsico, enquanto a cadeia de suprimentos preocupada principalmente com a produo, distribuio e vendas de produtos fsicos. (Simchi-Levi, 2000, apud Souza, Carvalho, Liboreiro, 2006). Na gesto da cadeia de suprimentos o foco a integrao da cada componente, com maximizao da eficincia determinando maior satisfao do cliente e conseqentemente o aumento do market share. De acordo com Nazrio (1999) apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), maximizar a utilizao de ativos, maximizar a utilizao da atual cadeia de suprimentos incluindo a tecnologia da informao, temos nos anos 1970 preocupaes voltadas eficincia dos objetivos operacionais. Nos anos 1980, a eficincia estratgica foi a preocupao. Nessa poca, sistemas como reservas de passagens areas funcionaram como uma forte vantagem competitiva. Hoje, a gesto da cadeia de suprimentos um bom exemplo onde ambos, objetivos e utilizao de tecnologias da informao, contm aspectos de eficincia operacional e estratgica. A complexidade e multiplicidade de relacionamentos dentro da cadeia de comercializao tm que ser equacionadas para um mesmo objetivo, que a misso da empresa. Essa misso do comprador tem que estar equacionada com a misso do fornecedor, suas prticas de mercado e padro tico. O gerenciamento eficaz do SCM baseado no relacionamento direto dos que trabalham diariamente, pois a idia reduzir os lead-times e estoques ao mnimo necessrio.

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Conforme Chopra e Meindi (2001), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), a informao essencial para tomar boas decises de gerenciamento da cadeia de suprimentos porque ela proporciona o conhecimento do escopo global necessrio para tomar boas decises. A tecnologia da informao proporciona as ferramentas para reunir essas informaes e analis-las objetivando tomar as melhores decises sobre a cadeia de suprimentos. Strati (1995), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), confirma esta proposio argumentando que as organizaes esto deixando de ser sistemas relativamente fechados para transformarem-se em sistemas cada vez mais abertos. As fronteiras esto se tornando cada vez mais permeveis, e em muitos casos difceis de se identificar. A separao entre empresa e o ambiente passa a ser delimitada por uma tnue linha divisria, incerta e mutvel. Muitas vezes, a empresa se confunde com o ambiente, misturando fornecedores e clientes. Fica difcil saber onde termina a cooperao e comea a concorrncia. Lambert, Cooper e Pagh (1998), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), entendem que o SCM pode ser considerado uma tentativa de estabelecer um corte transversal das fronteiras organizacionais visando viabilizar a gesto de processos entre corporaes. Os prprios autores advertem que gerenciar uma cadeia de suprimentos uma tarefa desafiadora e que muito mais fcil escrever definies sobre esses processos do que implement-los. Conforme argumentou Ballou (1993), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), o conceito bsico de logstica, do qual evoluram vrios outros colocar o produto certo, na hora certa, no local certo e ao menor custo possvel. Apesar de ser um conceito genrico, reflete de forma clara a abrangncia e o objetivo da logstica. Segundo o Council of Logistics Management (CLM), logstica a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla, de forma eficiente e eficaz, o fluxo e o fluxo reverso e a estocagem de materiais, servios, e as informaes correlacionadas, entre o ponto de origem e o ponto de consumo, de forma a atender as necessidades dos clientes. Lambert (1993) afirma que, o conceito de gerenciamento integrado de logstica se refere administrao das vrias atividades como um sistema integrado. Christopher (1999) tambm amplia o conceito, considerando que a logstica empresarial abrange as reas que tratam diretamente com o fluxo de beneficiamento das matrias-primas em produtos acabados, tanto no aspecto interno de uma organizao empresarial quanto no aspecto externo, envolvendo

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todos os fornecedores de matrias primas e partes que compem um produto, at o ponto de ocorrncia da demanda deste produto pelo consumidor final. interessante observar que a definio dada pelo Council of Logistics Management para o SCM, Gerenciamento da cadeia de suprimentos a coordenao estratgica e sistmica das funes de negcio tradicionais bem como as aes tticas que perpassam essas funes numa companhia e atravs de negcios dentro da cadeia logstica com o propsito de aprimorar a performance de longo prazo das companhias individualmente e da cadeia de suprimentos como um todo. Para Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), a integrao externa, outra das dimenses de excelncia logstica, significa desenvolver relacionamentos cooperativos com os diversos participantes da cadeia de suprimentos, baseados na confiana, capacitao tcnica e troca de informaes. A integrao externa permite eliminar duplicidades, reduzir custos, acelerar o aprendizado e customizar servios. Lambert (1993) considera o gerenciamento da cadeia de suprimentos a integrao dos processos-chave de negcios desde o usurio final at os fornecedores originais que provem produtos, servios e informaes que agregam valor para os consumidores e demais interessados no negcio. As empresas transnacionais que tiverem a coragem de adotar a viso de planejamento das cadeias de abastecimento globais podero obter economias de abrangncia, escala e velocidade, fatores-chave para a liderana mundial. Os acontecimentos mundiais esto forando as empresas a considerar os mritos de processos de planejamento de tal abrangncia. Para avaliao do estgio de uma organizao, segundo modelo desenvolvido por Bowersox e colaboradores (1992), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), o nvel de desenvolvimento da estrutura logstica de uma empresa pode ser analisado a partir de trs dimenses bsicas: formalizao da funo logstica, monitoramento de desempenho e adoo de tecnologia.

2. METODOLOGIAO objetivo geral desta pesquisa contribuir para a modernizao organizacional, operacional e controle de processos aplicados construo civil, analisando e apresentando

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mtodos para aumentar a eficincia do planejamento e otimizao do controle da gesto da cadeia de suprimentos, capazes de desenvolverem o processo, conseqentemente o produto, convergindo assim para a melhoria da qualidade da produo e monitoramento da cadeia de suprimentos, adequando-os as necessidades. Este artigo est classificado como de carter qualitativo e exploratrio, com a utilizao de ferramentas para os processos da cadeia de suprimentos com o objetivo de identificar os mtodos de planejamento e controle utilizados, realizando uma anlise crtica e terica das mesmas, estudando a sua aplicabilidade no setor da construo civil.

3. DESENVOLVIMENTO 3.1. Decises e horizontes de planejamento da gesto da cadeia de suprimentosDecises estratgicas dizem respeito a alianas, investimentos, aquisies de recursos, desenvolvimento do produto, cujo foco est no longo prazo. O horizonte de planejamento longo, de uns cinco anos. Decises tticas referem-se produo agregada, planejamento agregado de distribuio e alocao de recursos, cujo foco est na minimizao do custo total e maximizao da receita lquida no mdio prazo. O horizonte de planejamento mdio, de um ms a um ano. Decises operacionais tratam da produo detalhada e do planejamento da distribuio, cujo foco est na minimizao do custo local baseado nas decises dos nveis mais altos, estratgico e ttico no curto prazo. O horizonte de planejamento curto, de um dia a um ms.

3.2. Ferramentas de TI utilizadas em supply chain managementBowersox e Closs (1996), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), apontam trs razes para a necessidade de informaes rpidas, em tempo real e com alto grau de preciso par uma gesto eficiente da logstica e da cadeia de suprimentos.

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Primeiro, clientes entendem que informaes do andamento de uma ordem, disponibilidade de produtos, programao de entrega e dados do faturamento so elementos fundamentais do servio ao cliente. Segundo, com a meta de reduo do estoque em toda a cadeia de suprimentos, os executivos percebem que, com informaes adequadas, eles podem, efetivamente, reduzir estoques e necessidades de recursos humanos. Especialmente, o planejamento de necessidades sendo feito usando informaes mais recentes, permite reduzir estoques atravs da minimizao das incertezas da demanda. Em terceiro, a disponibilidade de informaes aumenta a flexibilidade com respeito a saber, quanto, quando e onde os recursos podem ser utilizados para obteno de vantagem estratgica. Anupindi e colaboradores (1999), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), mostram a abrangncia e os nveis de funcionalidades dos sistemas de informao utilizados no SCM. Como abrangncia eles consideram que a TI deve prover solues adequadas aos trs nveis de gesto: estratgico, ttico e operacional. Segundo Wanke (2004), apud Souza, Carvalho, Liboreiro (2006), diversos clientes e fornecedores quiseram redesenhar seu fluxo de produtos, operaes de produo e distribuio atravs de um maior compartilhamento de informaes. Essas iniciativas so comumente chamadas de programas de resposta rpida PPRS. Existem vrias modalidades de PPR, cada qual atendendo por uma sigla diferente: ECR, CR, VMI, CPRF, QR etc. Todos os sistemas podem ser analisados num continuum. De um lado esto os estoques e no outro as informaes. O compartilhamento das informaes possibilita aos fornecedores um planejamento e tomada de deciso mais eficiente. Na consignao o fornecedor o proprietrio dos estoques e o responsvel pela sua gesto at que eles sejam utilizados pelo cliente. No compartilhamento de informaes, o fornecedor pode utiliz-las de duas formas: para previso e programao de polticas de gesto de estoques e para a operacionalizao dos princpios de melhoria contnua de processos.

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Quick response (QR) Os fornecedores recebem os dados coletados nos pontos-de-venda do cliente e utilizam essa informao para sincronizar suas operaes de produo e seus estoques com as vendas reais dos clientes.

Continuous replenishment (CR) Os fornecedores recebem os dados do ponto-de-venda para preparar carregamentos em intervalos regulares e assegurar a flutuao do estoque no cliente entre determinados nveis mximo e mnimo. Destaca-se que esses nveis de estoque podem variar em funo de padres sazonais de demanda, de promoes e de mudana no gosto do consumidor.

Efficient consumer response (ECR) Fornecedores e clientes cooperam em cinco reas principais: compartilhamento de informaes em tempo real, gerenciamento de categorias, reposio contnua, custeio baseado em atividades e padronizao. A reposio contnua permite o gerenciamento just-in-time. Os produtos no so mais armazenados em centros de distribuio e sim movimentados rapidamente por instalaes de cross-docking. O compartilhamento de informaes asseguraria a seqncia mais apropriada para a montagem dos carregamentos, bem como o melhor mix de produtos. O gerenciamento de categorias consiste no agrupamento de produtos com as mesmas caractersticas mercadolgicas, a fim de coordenar a definio de metas de vendas e de polticas de preos, evitando a utilizao intensiva de estratgias promocionais. A padronizao buscaria estabelecer normas e rotinas para a operacionalizao do fluxo de produtos e informaes, pela uniformizao dos meios de transporte, dos procedimentos para liberao e recepo de veculos e a troca eletrnica de dados. O custeio baseado em atividades permitiria quantificar as melhorias operacionais obtidas com o ECR.

Collaborative planing, forecasting and replenishment (CPRF) O CPRF constitui uma extenso do CRP/ECR no qual fabricantes e varejistas compartilham sistemas e o processo de previso de vendas. O objetivo principal identificar qual a empresa gera previses de venda mais precisas para um determinado SKU (stock

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keeping unit), numa determinada regio geogrfica, num determinado horizonte de planejamento.

Vendor managed inventory (VMI) O VMI tende a ocorrer quando o poder de barganha dos fornecedores maior que o dos seus clientes. A idia que, ao gerenciar os estoques na cadeia, os fornecedores sejam capazes de programar melhores suas operaes motivados por elevados custos de oportunidade de manter estoques. No entanto, a consignao pode ocorrer no VMI, caso o poder de barganha do cliente seja maior que o do fornecedor ou como forma de convencimento dos clientes. A consignao pode ocorrer caso o poder de barganha do cliente seja maior que o do fornecedor ou como forma de convencimento dos clientes. Na consignao, as chances de conflito na relao cliente-fornecedor tendem a ser minimizadas quando o cliente sinaliza com uma maior previsibilidade de consumo do produto consignado, quando os custos de oportunidade de manter estoques so conhecidos e quando existem expectativas de nvel de servio bem definidas. A rotina do VMI envolve: Rever a posio em estoque de cada SKU em cada loja da cadeia varejista; Checar a disponibilidade atual do SKU em estoque no fabricante, em funo de ordens de produo liberada anteriormente e defasada do tempo da resposta; Projetar as necessidades lquidas de estoque por SKU por loja da cadeia varejista; Checar se as necessidades lquidas projetadas caem abaixo dos nveis de estoque de segurana. No VMI so projetadas as necessidades lquidas futuras at a prxima reviso e no simplesmente geradas previses de vendas. Just-in-time (JIT II) O JIT II consistiria na extenso lgica do regime de produo JIT para fora da empresa. No JIT II o fornecedor disponibilizaria um funcionrio para trabalhar no seu cliente. Esse funcionrio conhecido como in-plant e tomaria decises relacionadas programao

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de produo e aquisio de insumos. O in-plant substitui as funes de comprador e do planejador no cliente e a funo do vendedor no fornecedor.

3.3 A aplicao de suprimentos na construo de edifciosMuitos autores consideram o setor de suprimentos como o elo de ligao entre o setor administrativo e o canteiro de obras e entre a empresa e seus fornecedores e, por isso, afirmam que o mesmo assume uma importncia estratgica para obteno da qualidade na construo e reduo do custo total dos empreendimentos. (Palcios, 1995, apud Reis, 1998). Colaborando com esta definio, Reis (1998) cita em sua disertao de mestrado o livro de Picchi (1993), o mesmo acredita que os suprimentos por ser um setor de forte integrao com os demais departamentos da empresa e por manter uma relao estreita com o mercado, constituem o maior potencial individual de melhoria da qualidade nas construtoras. Muito pode ser feito, uma vez que o quadro que ainda se apresenta em grande nmero de empresas construtoras do subsetor : as relaes entre empresa construtora e fornecedores so pouco cordiais e de curta durao, no se estabelecendo vnculos quanto continuidade de fornecimento; as pessoas responsveis por efetuar as compras, em geral, no possuem habilidades tcnicas para fazer muito mais do que obter, sempre o menor preo possvel, qualquer material solicitado; novos materiais e componentes so introduzidos no mercado a cada dia e poucos fornecedores so descartados por razes de qualidade dos produto oferecidos, mesmo porque os fornecedores problemticos no so facilmente identificados, devido as deficincias no processo de comunicao obraescritrio; h carncia de procedimentos para a seleo de fornecedores, uma vez que existem inmeros fornecedores para o mesmo produto, uns com mais qualidade que outros;

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o monitoramento da capacidade dos fornecedores em atender solicitaes da empresa construtora quanto a prazos e qualidade pouco comum; a inspeo de recebimento freqentemente contornada e a retroalimentao limitada e no sistemtica. Diante disso, como a qualidade do produto final espelhada a qualidade de seus fornecedores de materiais e componentes, acredita-se que tenha chegado o momento de reformular essas antigas prticas que s trazem s empresas maiores custos de construo, em funo de entregas erradas, retrabalhos, atrasos, esperas e perdas de produtividade. O gerenciamento de suprimentos deve abranger as diversas interfaces de atuao desse setor, seja com o projeto (atravs das especificaes), com os fornecedores (aquisio e transporte), ou com a obra (recebimento, inspeo, estocagem, transporte interno e utilizao de materiais). importante tambm que exista na empresa um sistema de informao eficiente, a ponto de garantir a retroalimentao dos dados das obras s etapas anteriores de projeto e compra de materiais e componentes, como ilustra a figura 02. Como muitas das alteraes tecnolgicas da construo de edifcios tm origem na indstria de materiais e componentes e deveriam entrar nas empresas atravs do projeto, Barros, (1996), apud Reis, (1998), salienta a importncia do setor de suprimentos como nico responsvel pela deciso dos insumos a serem utilizados, uma vez que o mais comum existirem especificaes de projeto incompletas, confusas e pouco seguras. A autora observa ainda que essa situao pode gerar uma srie de problemas pois, na maioria dos casos, tal setor no conta com pessoas preparadas tecnicamente para fazer a melhor opo.

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Figura 2 As inter-relaes do setor suprimentos. Fonte: Reis, 1998

3.4. Fornecedores: um elo vital na cadeia de valores das empresas construtorasDe acordo com Porter (1992), apud Reis, (1998), a cadeia de valores uma forma de desagregar a empresa em suas inmeras atividades de relevncia estratgica a fim de melhor entender o comportamento dos custos e descobrir potenciais fontes de diferenciao que possa trazer vantagens competitivas. Para elabor-la, o autor sugere que se subdivida a empresa em suas diversas atividades, desde que elas (1) tenham economias diferentes, (2) possuam um alto impacto em potencial de diferenciao, ou (3) representem uma proporo significativa ou crescente dos custos. A cadeia de valores de uma determinada organizao insere-se em uma corrente de atividades maior denominada por Porter (1992) de sistema de valores. O sistema de valores composto por diferentes cadeias de valores, como a das empresas, dos fornecedores, dos revendedores e dos compradores que se interligam de alguma forma e sofrem influncia umas das outras. Assim, a sustentao de uma vantagem competitiva funo da cadeia de valores

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da empresa considerando-se, entretanto, o modo como se enquadra no sistema de valores global. Na construo de edifcios, por exemplo, o desempenho de uma construtora est associado ao desempenho das industrias de fabricao de insumos necessrios materializao de um empreendimento. Silva (1994), apud Reis, (1998), admite que h uma forte dependncia da cadeia de uma empresa (atividade fim: construo) com outras cadeias produtivas com maior ou menor nvel de tecnologia incorporada (fabricantes e fornecedores de vidro, ao, tintas, esquadrias, cal, cimento, cermica vermelha, etc.), que contribuem muito para a qualidade do produto final. Carraro; Reis (1996), apud Reis, (1998), analisaram como as atividades de uma empresa fornecedora de blocos cermicos afetavam a cadeia de valores e as atividades de uma empresa de construo de edifcios, contribuindo ou no para sua maior competitividade. Do estudo de caso realizado, foi possvel concluir que as atividades exercidas pelos fornecedores atingem, principalmente, as atividades da etapa de logstica externa da empresa construtora (73,6% das interligaes entre cadeias). Dentre essas diversas relaes, pode-se citar como exemplo a influncia da paletizao do produto final e do estabelecimento de um padro de fornecimento na gesto da logstica de suprimentos e do canteiro de obras da empresa construtora. Com o material sendo entregue paletizado no pavimento onde ser utilizado, projetos de racionalizao de canteiros podem ser viabilizados levando-se em conta a confiana no padro diferenciado de fornecimento dos blocos, adotado pelo fornecedor, que minimizava perdas, facilita o transporte, libera reas de estoques e diminui custos com a mo-de-obra. Tal anlise traz benefcios tanto para fornecedores, quanto para clientes. No caso dos fornecedores, eles se tornam capazes de identificar quais de suas atividades surtem efeito positivo para seus clientes e quais as que so indiferentes para o mesmo, no ocasionando, assim, nenhuma vantagem competitiva frente aos concorrentes. Por outro lado, os clientes percebem que a padronizao de materiais e componentes, o atendimento s normas e o desenvolvimento de novos produtos pelos fabricantes podem facilitar a gesto das operaes de construo. (Cardoso, 1993, apud Reis, 1998). Considera-se, ento, que o estudo das inter-relaes entre as duas cadeias de valores configura-se em um instrumento eficiente e valioso quando se pretende redefinir novas estratgias competitivas, atravs do conhecimento das atividades que mais influem nos

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processos dos clientes. preciso lembrar, contudo, que as influncias entre as cadeias de valores podem se tornar menores ou maiores no transcorrer do tempo, devido a fatores conjunturais. Mesmo assim, ainda uma ferramenta de grande utilidade para a organizao das empresas e identificao de novos potenciais de diferenciao. Diante do exposto, fica evidente a importncia das relaes com os fornecedores para a competitividade das empresas de construo de edifcios. Isatto; Formoso (1997), apud Reis, (1998), alertam que as construtoras devem gerenciar eficientemente e de maneira pr-ativa a sua base de fornecedores, a partir de uma correta gesto das relaes que se desenrolam na fronteira cliente-fornecedor, ou seja, a atuao desses dois participantes no deve se resumir a uma simples relao cliente-fornecedor mas, sobretudo, deve ser encarada como uma estratgia empresarial, que ir permitir ganhos globais de qualidade, custo e prazo em todo o processo de produo.

3.4. A contribuio dos Sistemas de Gesto da Qualidade para a melhoria da gesto dos suprimentos da construo de edifciosNo mundo todo, as relaes cliente-fornecedor esto em rpida e crescente evoluo. Na indstria de produtos seriados, de acordo com Merli (1994), apud Reis, (1998), o mercado ou os clientes tm cobrado, cada vez mais insistentemente, aspectos como: maior qualidade dos produtos fornecidos, maior garantia na entrega, maior flexibilidade e rapidez de resposta, entregas mais fracionadas e freqentes, visitas para qualificao, autocertificao e redues de preos. Na indstria da construo de edifcios isto tambm est acontecendo, ainda que em menor escala. Segundo pesquisa realizada pelo SENAI (1992), 53,97% das empresas do subsetor edificaes imprimiram mudanas recentes em seus sistemas de suprimentos, seja atravs da qualificao de fornecedores, da importao de insumos ou da exigncia por produtos certificados. Com a introduo dos Sistemas da Gesto da Qualidade na construo de edifcios, muitos problemas relativos aos suprimentos esto sendo resolvidos e eliminados atravs de procedimentos simples adotados pelas empresas, dentre os quais pode-se citar: os procedimentos de recebimento e inspeo de materiais, a avaliao e seleo de fornecedores e o gerenciamento do setor de suprimentos auxiliado pela tecnologia da informao.

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Figura 3 A nova gesto de suprimentos. Fonte: Reis, 1998

As relaes entre tais procedimentos esto ilustradas na figura 03 e sero melhores explicadas a seguir.

3.5. Os procedimentos de inspeo e recebimento de materiaisOs procedimentos de inspeo e recebimento de materiais so elaborados baseando-se nas normas tcnicas brasileiras e na experincia dos engenheiros e do pessoal administrativo das obras. Definem tolerncias para o recebimento de materiais em obra, fazendo com que se tenha sempre o mesmo nvel de exigncia em relao aos fornecedores. Alm disso, a utilizao de tais procedimentos torna possvel garantir a constncia da qualidade dos insumos que faro parte do produto final. Para Souza, (1997a), apud Reis, (1998), a necessidade de se realizar inspeo de produtos no recebimento pode parecer onerosa em um primeiro momento mas, com o passar do tempo, pode-se racionalizar este procedimento, prevendo apenas a verificao das caractersticas consideradas essenciais e de simples avaliao, desde que os fornecedores assegurem a qualidade dos produtos entregues. importante que sejam evitadas inspees superficiais e inspees detalhadas. As primeiras podem encorajar a permissividade e dar a impresso de padres relaxados, enquanto as segundas, feitas de maneira cuidadosa, podem consumir mais tempo e mais dinheiro do que o permitido.

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Souza acredita que, com a adoo da prtica do controle de recebimento, seja possvel identificar no mercado fornecedores mais bem preparados, permitindo o fortalecimento das relaes fornecedor-construtora. Isso, no futuro, poder gerar acordos mais flexveis em relao a preos, prazos de entrega e garantia da qualidade, diminuindo a necessidade de inspees detalhadas para controle de recebimento e, conseqentemente, reduzindo os custos de controle para as empresas construtoras.

3.6. A avaliao e seleo de fornecedoresAdotando-se a prtica da utilizao dos procedimentos de recebimento e inspeo de materiais, possvel s construtoras avaliar seus fornecedores com relao a vrios critrios, tais como: qualidade do material entregue, prazo de entrega, erro de quantidade ou preo, transporte (carga e descarga), preenchimento de nota fiscal ou fatura, uso de equipamentos de proteo individual e atendimento prestado. Cada um dos itens a ser avaliado pontuado segundo critrios estabelecidos pela construtora e, ao final desse processo, cada fornecedor recebe uma nota que ser analisada, verificando-se se est ou no dentro dos padres assumidos como aceitveis pela empresa. Em caso da nota estar acima da mdia permitida pela construtora, o fornecedor permanece no quadro da empresa. Caso contrrio, advertido e, aps determinado perodo, se no forem tomadas medidas corretivas de sua parte, excludo da relao de fornecedores qualificados. De acordo com Souza (1997a), o cadastro dos fornecedores pode ser elaborado gradualmente para os materiais priorizados pelas empresas. Para o autor, a prtica de qualificar os fornecedores sempre vantajosa, pois se reflete diretamente na diminuio dos custos de inspeo dos produtos adquiridos, permitindo o estreitamento das relaes entre comprador e fornecedor. A utilizao dos sistemas de avaliao de fornecedores, alm de auxiliar o processo de seleo dos melhores fornecedores pelo departamento de suprimentos e garantir a utilizao de materiais de qualidade assegurada na obra, contribui tambm para a melhoria do gerenciamento interno dos suprimentos na empresa quando, atravs de retroalimentao, retornam informaes teis para subsidiar futuras tomadas de deciso. Forma-se, ento, um ciclo de melhoria contnua da gesto de suprimentos, como ilustrado na figura 3.

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4. DISCUSSO E CONCLUSOO artigo teve como objetivo a recomendao para a modernizao organizacional e operacional, analisando e apresentando mtodos para aumentar a eficincia do planejamento e otimizao da cadeia de suprimentos, convergindo assim para a melhoria da qualidade da produo e monitoramento dos contratos, adequando-os as necessidades, demonstrando as razes pelas quais deve ser implementada a Cadeia de Suprimentos. A primeira concluso deste artigo foi evidenciar que h falta de organizao na gesto de contratos e da cadeia de suprimentos, observando alguns pontos bsicos a serem seguidos, como: estruturar uma equipe para coordenar as atividades, definir responsabilidades, estabelecer um sistema de informaes e cadastrar o que foi executado, visando formao de um banco de dados entre outros. O gerenciamento adequado desses recursos possibilita a reduo do custo sem que haja a diminuio do lucro e conseqentemente reduzindo o custo da construo. Alm disto, apontado tambm a importncia do processo de aquisio para o resultado final do empreendimento que depende de alguns fatores como; fornecer insumos ou servios ao empreendimento atendendo aos parmetros de qualidade e custo, negociar ao mximo com os fornecedores garantindo as melhores condies de compra e/ou contratao, avaliar e manter parcerias com fornecedores garantindo a melhoria contnua do processo. Estas funes a serem desempenhadas pelo setor de suprimentos parecem bvias, entretanto, o modo que se assume ao desempenh-las que definir o diferencial de uma empresa para a outra. Com relao a cadeia de suprimentos, de extrema importncia a diminuio dos problemas de comunicao entre o setor de suprimentos e as obras. Para os processos internos, devero utilizar computadores interligados entre si e formalizando processos administrativos de requisio de compras, facilitando a aquisio de servios e/ou compra de materiais para a devida aplicao nas obras. A disponibilidade destas informaes aumenta a flexibilidade com respeito a saber, quanto, quando e onde os recursos podem ser utilizados para obteno de vantagem estratgica.

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IV CNEG

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