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Gestão da Educação Gestão Contemporânea

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Gestão da Educação

Gestão Contemporânea

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Introdução

Nas últimas décadas têm ocorrido mudanças significativas nas instituições que vão desde a comoditização de produtos e serviços, passando pela revolução das tecnologias da informação e comunicação chegando ao crescente aumento da aplicação intensiva do conhecimento nos processo produtivos. Tal movimento, marca a transição de produção industrial para o de produção baseado no conhecimento.

Assim, podemos dizer que a administração é uma ciência social aplicada, que se beneficia da experiência acumulada em diversos outros campos do saber. Trata-se de uma ciência interdisciplinar, que procura integrar conhecimentos diversos, buscando respostas para os problemas organizacionais.

A administração, que embute a gestão em seus domínios, contribuirá enormemente para o sucesso das organizações dos nossos dias, cuja complexidade funcional as torna bastantes difíceis de serem administradas.

Desta forma estamos nos referindo à GESTÃO CONTEMPORÂNEA , que será o objeto de estudo da presente unidade.

Vamos então, desenvolver os seguintes temas:

• Natureza e significado da gestão contemporânea • Gestão Escolar : evolução dos conceitos. • Papel da escola no mundo contemporâneo.

Desta forma, esperamos que ao final da unidade você seja capaz de:

• Elaborar um conceito que expresse a natureza e o significado da gestão contemporânea;

• Identificar a evolução da gestão escolar, paralelamente à gestão empresarial, tendo clareza de sua especificidade;

• Entender a escola como uma organização dinâmica e o seu papel na transformação da sociedade contemporânea.

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1.1 Natureza e significado da gestão

contemporânea

Gestão Contemporânea, de que se trata? O que valoriza?

Em uma reunião de Diretores...

Por que as escolas, nas últimas décadas, vivem mudando suas estratégias, redefinindo seu Projeto Pedagógico, r epensando seu modelo de gestão?

Precisamos acompanhar as mudanças existente no SEC XXI. Ah! Eu mantenho a minha tradição, controlo muito bem a minha

equipe, toda decisão passa pela minha aprovação.

Por trás dos comentários desses diretores, existem convicções e modos de pensar sobre a complexidade do mundo contemporâneo, modelo de gestão, estilo do Gestor.

O mundo está mudando muito rapidamente, temos que concordar com a música de Lulu Santos cantada por Tim Maia:

Nada do que foi será? De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa, tudo passa, tudo sempre passará...

Sabemos que sempre existiram as mudanças, mas atualmente elas são mais rápidas e sofrem influência, não somente de fatores próximos da escola, mas influência do mundo em geral. Hoje vivemos em uma sociedade globalizada.

Fazendo uma análise da administração, percebemos que após a Revolução Industrial, entramos na ERA INDUSTRIAL CLÁSSICA , caracterizada por muitos níveis hierárquicos e uma coordenação centralizada. Também encontramos uma departamentalização para assegurar a especialização, quanto mais especialista melhor, nessa época.

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Fonte:CHIAVENATO,p.28 Existiam padrões rígidos de comunicação, não podendo romper a

hierarquia. Os cargos eram bem definidos e com um poder limitado, eram cargos

individuais especializados com tarefas simples e repetitiva. Estabelecimento de regras e regulamentos internos. Era um ambiente conservador, burocrático e impessoal, pois na burocracia as regras existem para o cargo. Independente de quem o ocupe.

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O mundo apresentava mudanças vagarosas, sem desafios, mais

voltado para problemas internos, percebia-se a manutenção do status quo. Nessa época existia uma pequena capacidade de processamento da

informação. Os recursos tecnológicos eram pouco desenvolvidos. Uma tecnologia fixa e permanente.

Dava –se muito valor à eficiência da produção, ênfase no método e na rotina.

Essas característica eram adequadas para ambiente estável e imutável e nenhuma capacidade para mudança e inovação encontrávamos nessa época.

As pessoas eram consideradas como mão de obra, quanto mais próximas à uma máquina melhor.

O filme Tempos Modernos de Charles Chaplin retrata bem esta época. Nele você terá uma ideia clara da época. O operário chapliniano do

filme ilustra a questão da especialização.

Não deixe de assistir: http://www.youtube.com/watch?v=ieJ1_5y7fT8

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Conforme descrevem MOTTA e VASCONCELOS (2004), a organização é vista como uma verdadeira “máquina” cujas diversas engrenagens são planejadas para funcionar harmoniosamente a fim de atingir os mesmos objetivos, obedecendo a uma lógica comum de funcionamento.

Podemos considerar o desenvolvimento da humanidade, sob forma de ondas, concebido por Alvin Toffler (1980) que permite compreender as transformações ocorridas na sociedade e nas organizações. Cada onda se refere à forma de gerar riquezas.

Na primeira onda, a organização é a da família e a riqueza vem da terra, a mudança é determinada pelo início da atividade da agricultura, há 10 mil anos. A energia para o processo produtivo vem da força braçal e do uso dos recursos naturais renováveis. Nessa onda o conhecimento não é formal, porque a escola é a casa, o rio, os campos, fatores básicos da vida natural.

Na Era Industrial Clássica a humanidade passa para uma civilização

de base industrial. A organização é fabril, a produção passa a ser padronizada e há mais democratização da informação, com o surgimento dos correios e da imprensa. Nesse período, surgem novas fontes de energia para o processo produtivo, como o carvão, o petróleo e a eletricidade. A escola ganha lugar próprio e o sistema de produção de riquezas passa a se basear nas indústrias e no comércio de bens.

A sociedade industrial gerou o que Drucher (1989) denominava de visão bitolada, considerada por ele como a doença degenerativa dos especialistas e seu enfoque restrito e limitado.

A partir de 1950, entramos na ERA INDUSTRIAL NEO CLÁSSICA com características menos rígidas.

A estrutura funcional acoplada e estruturada, apresentando um desenho hibrido, ou seja, piramidal e sistêmico.

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Fonte: CHIAVENATO,p.29 Aparecia a estrutura matricial, onde a Coordenação era

descentralizada sob dupla subordinação: autoridade funcional e de projeto. Existiam padrões duplos de interação em cargos não mais fixos e sim

mutáveis e inovadores. Os cargos adequados para tarefas mais complexas e inovadoras.

Nessa época, houve um aumento da capacidade de processamento da informação existia uma tecnologia mutável favorecendo os ambientes mais instáveis. O mundo já apresentava mudanças mais rápidas e intensas, aparecia a competitividade entre as empresas. E encontramos uma razoável capacidade para mudança e inovação de hábitos e maneiras de pensar e agir.

As pessoas eram consideradas como recursos humanos , ativas, inteligentes, não mais como máquinas.

Já nas últimas décadas do SEC XX, ( 80,90) apareciam grandes mudanças e mais aceleradas.

A partir de 1990 até os dias atuais, entramos na ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO.

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Fonte: CHIAVENATO,p.31 O mundo apresenta mudanças muito mais rápidas, imprevistas,

turbulentas e inesperadas. Chegamos à globalização, à informação em tempo real. A sociedade da informação gera e alimenta a sociedade do conhecimento, aquela que resulta de experiências, de valores, do estabelecimento de relações, da elaboração da informação de forma contextualizada e refletida.

Onde a ênfase é em equipes autônomas e não mais em órgãos ou departamentos. Com uma elevada interdependência entre as redes internas de equipes. O conhecimento como principal recurso de desenvolvimento humano, isto é, valorização do Capital Intelectual. O conhecimento passou a ser, assim, o maior gerador de riquezas e o mais importante fator de produção. É o conhecimento que dá base à economia da Terceira Onda preconizada por Toffler(1994).

Organização mais ágil, maleável, fluida, simples e inovadora, com

intensa integração através de cargos auto-definidos e mutáveis., com um desenho orgânico, em rede, sistemas. Cargos flexíveis e adequados à tarefas complexas e variadas uma gestão empresarial, com visão sistêmica. Há forte valorização do setor de serviços e maior consciência sobre preservação ambiental.

Existe a capacidade expandida de processamento da informação. Essa era do conhecimento marca avanços significativos nos sistemas organizacionais de gestão, acelerado o ritmo das mudanças nos transportes e nas Tecnologias da Informação e da Comunicação - TICs.

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Ideal para ambiente mutável e dinâmico e com tecnologia de ponta. O grande problema é o excesso de informações, exigindo um trabalho de desenvolvimento de habilidades como a seleção de informações mais relevantes.

Ênfase na mudança, na criatividade e na inovação. As pessoas eram consideradas como parceiros.

Pierre Levy (1998) apresenta a era do conhecimento no contexto da ação integrada das nações, regiões, empresas e indivíduos. Ele apresenta as condições para navegar no mundo das novas tecnologias e, assim, sobreviver nestas novas formas de interação. As organizações, em função do desenvolvimento tecnológico, concorrência e exigências dos clientes, precisam contar com profissionais altamente capacitados para poderem competir no mercado. Nesse contexto é que aparece mais fortemente a necessidade da gestão do conhecimento, seja técnico, científico, comunicacional ou relacional.

Drucker (1994) afirma que o conhecimento tornou-se o fator decisivo de produção, coexistindo, com fatores clássicos como: trabalho, capital e terra, porém os suplantando.

Enquanto a Era Industrial enxergava o ser humano como uma peça

nas engrenagens que moviam o processo produtivo, a Era do Conhecimento se baseia no homem, valorizando-o sem deixar de vislumbrar a qualidade e a otimização dos processos (ANSOFF, 1990).

Dados de relatório publicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que mais de 50% do PIB dos países desenvolvidos resultaram do conhecimento, indicando, ainda, aumento de sua contribuição na geração de riqueza para organizações, regiões e países. Esses indicadores comprovam a participação do conhecimento na economia mundial.

Hoje, na era da informática e das telecomunicações, podemos dizer que o que acontecia em décadas passou a acontecer em segundos. A rapidez das mudanças é, portanto, uma dimensão muito importante no mundo contemporâneo.

Segundo alguns autores, na gestão contemporânea são os ativos intangíveis, constituídos pelo conhecimento, que triunfam. Passam a ser disputadas também as redes relacionais e, os fatores que agregam valor às organizações, apesar da complexidade e dificuldade de mensuração devido à sua intangibilidade.

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As organizações do conhecimento, os profissionais passaram a ser disputados como ativos decisivos para o sucesso das empresas. Essas organizações possuem ativos sustentados pelo seu potencial de criar novas estruturas de conhecimento, baseadas na capacidade do seu pessoal, de tal forma que postos estratégicos no processo de gestão passaram a ter um valor de troca nunca antes pensado na relação capital-trabalho. Os administradores, por necessidade, passam a encarar as pessoas como estratégias gerenciais e, aos poucos, os antigos “recursos humanos” (RHs) dão lugar à “gestão de pessoas”.

Conforme descrevem MOTTA e VASCONCELOS (2004), numa visão bem mais atual e oposta à metáfora da “máquina”, tem-se a apresentação da organização como uma esfera cultural e política. A organização, nesta visão, é fruto de uma construção social baseada nas diversas interações dos grupos organizacionais que a compõem, com culturas e interesses particulares. De acordo com essa visão, os objetivos e a estrutura organizacional são os produtos das interações do sistema humano a partir do confronto de várias lógicas de ação, valores e interesses políticos.

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Você consegue identificar em sua realidade as dimen sões importantes

do mundo contemporâneo?

Pense em cada uma delas.

Será que você considerou as Megatendências apontadas por Mathew J. Kiernon

1. revolução digital... isolamento físico, baixo desenvolvimento interpessoal..

2. a rápida globalização... 3. a substituição de uma economia baseada na manufatura e na

exploração de recursos naturais... 4. a diferenciação da verdadeira economia global da economia

“virtual”... 5. crescimento do terceiro setor... 6. equipes interdisciplinares... 7. substituição por empresas menores... 8. preocupação com a ecologia, sustentabilidade...crescente

consciência ecológica ....

O movimento da globalização terá sepultado as cultu ras locais?

Viramos cidadãos de mundo?

O que você acha?

No SEC XXI podemos perceber uma melhoria contínua nas organizações, velocidade e responsabilidade por parte de todos que participam dela.

É valorizado o empowerment, e a liderança por parte de cada um dos colaboradores.

Podemos dizer que empowerment, corresponde à delegação de poder aos nossos colaboradores. Com esta atitude a empresa descentraliza suas decisões e estabelece um estilo de gestão extremamente mais participativa, dando maior autonomia a seus colaboradores. As vantagens são maior motivação, maior satisfação das pessoas, maior agilidade e flexibilidade, portanto, maior potencial de competitividade.

A prática do empowerment é fundamental para libertar a empresa do vício da centralização que a torna lenta e burocrática!

O empowerment possui quatro bases principais, que são:

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• Poder – dar poder às pessoas, delegando autoridade e responsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia de ação.

• Motivação – proporcionar motivação às pessoas para incentivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempenho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas participem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance das metas.

• Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento, ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos na organização.

• Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso significa orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos horizontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.

As organizações virtuais estão presentes e a flexibilidade permanente; o controle existe por meio da visão e dos valores; as informações são compartilhadas; existe valorização da criatividade e intuição. As organizações são orientadas para resultados.

Na gestão de pessoas temos, por um lado, a organização que é constituída de pessoas e depende delas para atingir seus objetivos e cumprir sua missão, por outro lado, temos as pessoas onde a organização constitui o meio pelo qual elas podem alcançar seus objetivos pessoais com o mínimo de tempo e conflito.

Existem três aspectos à considerar na gestão de pessoas:

• As pessoas como parceiras da organização : capazes de conduzi-la à excelência e ao sucesso; fazem investimento na organização, são dedicadas, responsáveis e correm risco; mas tem a expectativa de retorno através de salario, incentivos e carreira.

• As pessoas como seres humanos : são dotadas de personalidade própria; diferentes entre si; com histórias particulares e diferenciadas; possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades indispensáveis de organização.

• As pessoas como ativadoras inteligentes de recursos organizacionais : são elementos impulsionadores da organização; com talento e inteligência; pessoas com impulso

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próprio.

As pessoas e seus conhecimentos e habilidades mentais, passam a ser a principal base da organização.

1.2- Gestão Escolar : Evolução dos

conceitos.

E como ficam os modelos de Gestão no SEC XXI?

O que é valorizado na Gestão Contemporânea?

Vivemos um momento histórico intensamente marcado pela internacionalização da globalização e da tecnologia. Convivemos com um processo de universalização da cultura, dos produtos, das trocas, dos custos e do capital. Por um lado, o mundo contemporâneo atravessa enormes modificações econômicas, sociais, políticas e culturais. Por outro lado, as organizações formadas com base em uma cultura de aprendizagem, são aquelas onde são realizados experimentos, as experiências são compartilhadas e ocorre a busca constante por melhoria. É exatamente neste tipo de organização que ocorre a inovação, a ruptura com o que está historicamente estabelecido.

Concordamos com SCHEIN (1993) quando considera que as organizações que incentivam o aprendizado possuem algumas características como:

• interesses equilibrados;

• crença nas pessoas e no seu desenvolvimento;

• crença de que é possível mudar o ambiente organizacional;

• dedicação de tempo para o aprendizado;

• trabalho em equipe e compartilhamento de ideias.

A gestão do aprendizado de pessoas e equipes compromete cada profissional com o seu processo de aperfeiçoamento contínuo de conhecimentos, habilidades e atitudes, capacitando-o a promover a melhoria de resultados para as organizações.

Cabe aos gestores proporcionar situações de interação que despertem nos colaboradores motivação para interação com o objeto do conhecimento, com seu líderes e com os próprios colegas de trabalho. Propor ações seguidas de reflexão para uma nova ação. Compartilhar valores e objetivos e

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entender o conflito como sendo uma ideia diferente.

Observe na escola que trabalha ou faz estágio, se é uma organização de

aprendizagem.

A administração moderna sugere uma possibilidade de progresso para os modelos de gestão. Dentre os paradigmas mais comuns, atualmente, estão o modelo de gestão por competências e a gestão do conhecimento.

Temos que considerar algumas críticas aos modelos de gestão de pessoas, tidos como avançados, sustentam que a valorização do indivíduo nos ambientes corporativos não pode ocultar a condição humana dos atores organizacionais (VASCONCELLOS, J et alli, 1998; DAVEL, J. & VERGARA, S., 2001). Significa considerar, na chamada gestão democrática ou participativa, os diferentes “eus”, com suas idiossincrasias, sentimentos e imperfeições.

A modernidade organizacional surge como uma necessidade. Primeiro, porque o mundo tecnológico, da racionalidade instrumental, ostenta uma grandiosidade e uma aparência que sufoca as subjetividades; depois, porque tratar as pessoas como sujeitos, com suas especificidades e diferenças, parece ser o caminho mais adequado ao resgate do indivíduo, na sua essência, se, de fato, tenta-se recolocar o homem no centro da história. Não se pretende, no entanto, ocultar o caráter contraditório, ambíguo e desafiante da sociedade moderna, Trata-se de analisar o contexto organizacional, por meio de um olhar que confronte a distância entre um discurso humanista de gestão de pessoas e suas respectivas práticas.

A Administração Participativa caracteriza-se pela a adoção de modelos de gestão que permitam a maior participação dos funcionários na organização, dentre suas características podemos citar: a elevação do nível educacional dos colaboradores; o desenvolvimento de uma consciência de classe trabalhista; a intensificação das comunicações; a velocidade das mudanças e uma maior democratização nas relações sociais.

O modelo de gestão de pessoas surgiu da necessidade de se valorizar cada vez mais as pessoas e o seu potencial criativo e inovador, se refere à antiga área de recursos humanos de uma organização ou empresa. As pessoas deixam de ser vistas como recursos e começam a ser consideradas como parceiras na organização, contribuindo com seus conhecimentos, habilidades e decisões que dinamizam a organização. Entende-se que os gestores precisam estar preparados, para assumir esse papel, principalmente no que tange à tarefa de orientar e de acompanhar o desenvolvimento de seu pessoal.

No início do século passado até os nossos dias, surgiram diversas

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concepções de organização. Apesar do modelo de administração científica ser criação dos estudos de Taylor e Fayol no início do século passado, ainda continua a ser o dominante. E esse modelo é considerado uma gestão ultrapassada para a maioria das organizações da Era do Conhecimento.

As organizações são muito complexas, precisamos entende-la para propor um modelo de gestão que venha ao encontro dos seus propósitos. Muitas vezes são adotados modelos de gestão por influência dos seus administradores anteriores, ou mesmo, sem a preocupação de compreender a influência das concepções de gestão sobre os objetivos e resultados pretendidos. Libâneo (2001) aponta duas categorias principais, de concepção de gestão, praticadas nas escolas brasileiras:

• Concepção da administração técnico- científica;

• Concepção de gestão simbólico- interpretativa. Para a primeira concepção, a organização escolar é vista como uma

realidade neutra, objetiva, técnica, que funciona racionalmente, podendo ser planejada, controlada e avaliada visando alcançar a eficiência e a eficácia.

As escolas que trabalham com esse modelo valorizam prioritariamente a estrutura organizacional, apresentando as características:

• centralização do poder (Diretor);

• pouca participação dos colaboradores no processo decisório;

• divisão das atividades por cargos e departamentos;

• comunicação linear e vertical;

• estrutura hierárquica;

• foco nas ações de controle e normatização;

• preocupação maior com a realização das tarefas.

Já as escolas da segunda concepção valorizam a integração dos seus colaboradores e compreendem a organização social como resultado da interação entre as pessoas, pela vivência compartilhada de momentos e de experiências comuns. As organizações escolares nessa concepção são consideradas uma construção social realizada por todos os segmentos da escola - professores, alunos, pais e integrantes da comunidade. Ela admite que não existe uma única realidade, pois é pessoal e relativa.

Nessa concepção, temos duas linhas de gestão escolar, dois estilos de gestão: a democrática, autogestionaria e a democrática-participativa.

Na primeira, as decisões são coletivas em assembleias e reuniões (reuniões de condomínio, escolas cooperativas, por exemplo). Na segunda valoriza-se também a participação coletiva, mas com uma real diferenciação

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de funções e saberes existentes. As principais características:

• comunicação horizontal e vertical;

• a direção conduz à gestão participativa;

• definição coletiva dos objetivos políticos pedagógicos da escola;

• critérios de qualificação e competência profissional na definição de funções;

• tomada de decisão a partir de análise e objetividade (utilização do método científico);

• processos sistemáticos de acompanhamento e avaliação das atividades administrativas e pedagógicas;

Muitas vezes a concepção adotada pela escola pode estar apoiada em pressupostos diferentes e contraditórios, que devem ser analisados pelo gestor e sua equipe. A organização escolar deve se estruturar para atingir seus objetivos utilizando-se dos instrumentos de gestão escolar:

• planejamento (Projeto Político Pedagógico);

• organização das pessoas e recursos para viabilizar os objetivos e metas pretendidas;

• execução dos trabalhos com qualidade e filosofia;

• avaliação de todos os processos e atividades desenvolvidas;

• comunicação para toda a equipe escolar;

• formação continuada da equipe.

1.3 Papel da Escola no Mundo

Contemporâneo.

Concordamos com Libâneo (1998) quando diz que o mundo contemporâneo pede uma participação ainda maior da escola. Precisamos valorizar a escola no mundo de hoje que passa por transformações profundas nas esferas da economia, da política, da cultura, da ciência. Essas mudanças mexem diretamente com a escola. Mudanças na produção afetam a organização do trabalho e o perfil de trabalhador. Com as transformações técnicas (informatização, sistemas de comunicação, maior automação), modificam-se as profissões, reduz-se o trabalho manual, aumenta-se a necessidade de trabalhadores com mais conhecimento e melhor preparo técnico, de um trabalhador com mais cultura, mais polivalente, mais flexível.

Frente a esse panorama precisamos valorizar a educação geral,

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propiciar novas habilidades cognitivas e competências sociais e pessoais. É esse tipo de escola que o capitalismo está precisando, uma escola com objetivos mais compatíveis com os interesses do mercado, os trabalhadores também precisam de novas bases para o ensino orientado por uma pedagogia da emancipação.

Reformas curriculares ocorreram em todos os países marcados pela valorização da formação estudantil com implementação de um espírito de ação e liderança, da capacitação para o trabalho em grupo, e do uso das tecnologias. O momento se caracteriza por um imenso aumento da capacidade de se obter informação.

Como educadores não devemos identificar o termo informação com conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam às pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que acarretam. O conhecimento é o que possibilita a liberdade intelectual e política para as pessoas darem significado à informação, isto é, julgá-la criticamente e tomar decisões mais livres e mais acertadas.

A vida contemporânea deixa as pessoas mais isoladas e mais egoístas, afeta as práticas de convivência humana, há muito mais violência, as crianças estão mais impacientes e mais desatentas na sala de aula. Estamos cercados de informação que despertam nas pessoas necessidades e desejos que muitas vezes nem podem ser satisfeitos e isso pode gerar revolta, frustração.

A escola precisa reforçar seu papel de formação geral e preparação tecnológica, privilegiando conhecimentos e habilidades de base, precisa diferenciar-se de outras instituições educativas como família, meios de comunicação, organizações culturais ou assistenciais, e ao mesmo tempo precisa sair de seu isolamento, abrir-se para a sociedade global, para a cidade, para a cultura dos alunos, numa articulação mais precisa entre escola e meio social, cultural, profissional, econômico, ecológico.( Libâneo, 1998).

E a Gestão dessa escola, como deve ser concebida?

É necessário dar importância para uma administração descentralizada, embora relacionada à diretrizes gerais; com um estilo de gestão não hierárquico e sim horizontal; com um fortalecimento do trabalho em equipe; uma flexibilidade estrutural, capaz de ajustar-se às diferentes situações; valorizando-se o compromisso e a responsabilidade pelo resultado do trabalho.

A problemática do resultado do trabalho, sobre a eficácia da escola evolui. Atualmente valoriza-se características qualitativas, tais como a cultura

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e o clima da escola, suas relações éticas. Essa eficácia que nos referimos, resulta de um processo de

construção, pelos atores envolvidos, isto é, definida de dentro para fora pelos diferentes segmentos da escola(professores, funcionários, alunos, pais...). São eles que definem e ajustam suas finalidades, suas exigências, seus critérios de eficiência e organizam seu próprio controle dos progressos feitos, os avanços obtidos, negociam e realizam o ajustes necessários (Thurler,1998).

É na década de 70 que o interesse pela eficácia das escolas começou, quando vários autores duvidavam da capacidade da escola influenciar, de forma positiva, no desenvolvimento da criança.

Outros pesquisadores começaram a explorar outros caminhos, passaram a analisar as características organizacionais e contextuais das escolas de bom desempenho, que pareciam exercer uma influência significativa sobre a vida dos seus alunos, professores e até sobre toda a comunidade educativa existente em torno dela. Eles esperavam identificar as condições favorecedoras da eficácia na Educação.

Ainda outros pesquisadores tentaram estabelecer uma relação sistemática entre eficácia do ensino e algumas características essencialmente qualitativas das escolas, tais como clima, sua cultura ou sua ética, ou ainda a “qualidade” do sistema social filiando-se a duas correntes teóricas:

� interacionismo simbólico: Considera o ensino como profissão

artesanal, onde cada um constrói suas próprias significações, representações e práticas, através de suas concepções e valores.

� sócio construtivismo: É pela construção progressiva das representações, através da experiência e da interação , que permite aos professores apropriar –se de sua profissão. É o processo de tomada de consciência de si como ator livre.

Considerando a segunda corrente, a cultura da escola é vista como o produto de ações regulares desenvolvidas em comum, e que na escola, coletivamente, se faz muito mais do que produzir aprendizagem. É valorizado o papel da interação e da comunicação na escola, na busca de uma linguagem comum que permita desvelar os valores e objetivos que regem as estratégias e as práticas adotadas por seus atores.

Tratando se da eficácia da escola, houve uma ampliação dos seus critérios, afirmamos então

• diretores eficazes apresentam uma atitude visionária e uma

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presença simbólica;

• escolas eficazes dão um sentido à ação dos atores através de interações intensas, de valores ,de uma liderança vivida;

• as escolas são julgadas por seus resultados e, também, por sua aparência e sua organização. Para aumentar a eficácia da escola é preciso compreender sua cultura.

• a auto-avaliação da escola, é a base da busca da eficácia e apresenta alguns procedimentos que tornam a escola capaz de resolver seus problemas: o diagnóstico, a coleta de dados, o desenvolvimento de ações coordenadas e a supervisão.

É importante valorizar a auto-regulação das escolas, pois favorece uma autonomia e um envolvimento por parte dos colaboradores (professores, funcionários), pois eles participando das decisões ficam mais engajados.

Toda avaliação da escola envolve um processo de mudança, um esforço coletivo em prol da eficácia da escola.

Precisamos considerar alguns aspectos na avaliação da escola segundo Gather Thurler & Kopmels( 1988, p.192) que apresentamos a seguir para que você reflita com a seus colegas:

� Qual o grau de coerência com organização interna da escola? � Quais os laços da escola com o ambiente? � Qual a visão referente à natureza das relações humanas? Tudo

é possível? � Qual é a coerência entre os objetivos, a cultura e a organização

interna( horários, espaços, agrupamentos de alunos...)? Onde se encontram as contradições e os obstáculos?

� A decisão de realizar a avaliação da escola vem da Instituição ou do poder central?

� estilo de se relacionar é válido para todos?( autoritarismo versus negociação, atitude crítica versus submissão na relação professor/professor; professor /aluno; aluno/aluno).

� Como o profissionalismo se manifesta? (autoestima, crise de identidade, responsabilidade alternada, liderança rotativa).

Toda escola precisa apresentar coerência entre objetivos e os métodos adotados. Precisa considerar que nunca um instrumento de avaliação será aceito por todos, também deve considerar que nem todos os objetivos podem ser igualmente avaliados e que muitas vezes a constatação de ineficácia só excepcionalmente resultará em mudança.

A escola é diferente da empresa quando se trata de avaliação, nada é julgado abertamente, evita-se discutir alguns assuntos, dificilmente resulta

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em medidas radicais tanto no plano da reestruturação do pessoal quanto no das práticas.

Síntese

Você deve ter percebido, ao longo da unidade o que caracteriza a gestão contemporânea e o papel do gestor a quem compete envolver-se nos processos sob sua orientação, interagindo subjetivamente com os demais participantes como condição para coordenar e orientar seus processos e alcançar melhores resultados. Assim, o poder passa a ser considerado como ilimitado e passível de crescimento, na medida em que é compartilhado.

Uma gestão competente, ágil, criativa e entusiasta, de forma participativa e colegiada, proporciona uma escola com qualidade e eficácia.

Toda gestão deve estar aberta às necessidades da comunidade; atenta à formação continuada de seus colaboradores e de sua prática pedagógica; conectada com os avanços científicos e tecnológicos; comprometida com a formação integral e com o sucesso dos alunos; empenhada em planejar, coordenar e avaliar a dinâmica da escola diante da realidade atual; pronta para resolver os desafios da gestão escolar, numa visão democrática de projeto global da escola, para atender às contínuas exigências e às novas demandas da sociedade.

É aí que reside a gestão contemporânea da escola.

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Gestão educacional – Gestão Contemporânea 21

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Gestão da Educação

Gestão e Administração

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Gestão educacional – Gestão e Administração 2

UNIDADE 2 UNIDADE 2 UNIDADE 2 UNIDADE 2 ---- GESTÃO E ADMINISTRAÇÃOGESTÃO E ADMINISTRAÇÃOGESTÃO E ADMINISTRAÇÃOGESTÃO E ADMINISTRAÇÃO

Introdução

Na unidade anterior foi feita uma exposição da evolução da administração ao longo do tempo para que você pudesse ter clareza de como as teorias da administração evoluíram para poder entender a gestão contemporânea.

Na presente unidade iremos mostrar como a administração escolar também evoluiu paralelamente ao desenvolvimento da administração empresarial até chegar à gestão escolar.

Assim, iremos tratar das relações existentes entre GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO que será desdobrado nos seguintes temas:

• As origens da Administração Escolar • Administração Escolar ou Gestão Educacional: o que

muda? • Os diferentes estilos de gestão • Diretor de escola: agente de transformação, de

desenvolvimento, inovações e mudanças.

Esperamos que você, ao final do curso seja capaz de:

• Perceber a evolução do processos de gestão pelos qu ais a educação e a escola passaram ao longo tempo;

• Distinguir em que medida a administração escolar e a gestão escolar se diferem e se completam;

• Identificar e caracterizar os diferentes estilos de gestão existentes na escola;

• Identificar o papel do gestor como agente articulad or da proposta da escola e neste sentido, agente de transformação, desenvolvimento, inovação e mudanças .

2.1. As origens da Administração Escolar

O entendimento da teoria da administração escolar tem como ponto de partida a análise da origem histórica da administração e da gerência empresarial, da qual a administração escolar é desdobramento. Desta forma,

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Gestão educacional – Gestão e Administração 3

os rumos tomados pela administração escolar têm sido historicamente traçados pela administração de empresas, na medida em que adota seus pressupostos no desenvolvimento de suas ações.

Tais pressupostos podem ser sintetizados da seguinte forma: as organizações, mesmo com objetivos diferentes, são semelhantes, e, portanto, suas estruturas são similares e, como tais, os princípios que as administram podem ser os mesmos, desde que sejam feitas as devidas adaptações para o alcance de suas metas.

No Brasil, a administração da educação não se desvincula dos princípios administrativos empresariais, dada suas características de sociedade capitalista, em que os interesses do capital estão sempre presentes nas metas e nos objetivos das organizações que devem se adaptar ao modelo a elas impostos por este tipo de sociedade.

O primeiro estudo sistemático sobre as teorias da administração aplicadas à educação surge com o teórico Franklin Bobbit, na obra The Curriculum, publicada em 1918. O autor defende que a educação é um processo de moldagem, tanto quanto a manufatura de carros e aço. Profundamente influenciado pelo taylorismo, Bobbit adapta à educação o princípio da organização científica do trabalho: a escola como fábrica; a criança como matéria prima; o adulto como produto final a obter; o professor como operário; o supervisor como capataz e o diretor como patrão.

No Brasil, Querino Ribeiro, um educador paulista, fez a transposição dos conceitos de Fayol para a educação, quando, em 1938, publica o trabalho pioneiro: “O Fayolismo na administração das escolas públicas”.

A partir de estudos sobre relações humanas, na década de 30, Elton Mayo introduz novas variáveis a já sistematizada teoria da organização formal. São os componentes da organização informal a motivação, a liderança, a satisfação no trabalho e a moral. Na educação, surgem trabalhos que destacam a necessidade da vivência de valores democráticos nas relações internas da escola.

No entanto, é só a partir de estudos sobre o comportamentalismo, em torno dos anos 50, que se aprofunda a preocupação com a construção da “teoria da administração educacional”, derivada de princípios gerais que pretensamente pudessem ser aplicados à ação administrativa em qualquer tempo e em qualquer espaço. Os conceitos e práticas normalmente utilizados na indústria, tais como direção por objetivos, administração científica e outros, tornaram-se habituais nos tratados de pedagogia e nos programas de formação em administração escolar. Entretanto, foram enormes as dificuldades na aplicação das Teorias da Administração ao campo da organização escolar, o que se deve ao fato, de ser o objeto da organização escolar algo abstrato, dificilmente mensurável e muito preso a preconceitos sociais bastantes desenvolvidos.

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Gestão educacional – Gestão e Administração 4

O conceito de gestão limitado à administração, ou de um diretor sem

autonomia nenhuma, sempre regido pelos órgãos centrais, sem voz própria em sua escola, sem responsabilidades sobre o resultado de suas ações e dos resultados de sua Escola, apenas repassa informações, controla e supervisiona, parece superado. Nesta perspectiva, gerir uma escola é organizar, mobilizar e articular todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos sócio-educacionais das escolas. O perfil do diretor, atualmente, tende a incluir cada vez mais sua atuação vinculada ao trabalho pedagógico e não burocrático.

Mas afinal, o que é ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR ?

Segundo o dicionário Aurélio: administração “é um c onjunto de

princípios, normas e funções que tem por fim ordena r os fatores de

produção e controlar a sua produtividade e eficiênc ia, para se obter

determinado resultado”.

Podemos então dizer que “a administração como proce sso de planejar

para organizar, dirigir e controlar recursos humano s, materiais,

financeiros e informacionais visando à realização d e objetivos”.

Estamos nos referindo a uma educação técnico-científica, onde suas características básicas consistem em considerar a realidade como um todo estruturado e advogar a neutralidade da relação entre sujeito e objeto do conhecimento. A relação sujeito - objeto é vista de forma fragmentada, de poder e autoridade entre aquele que ensina (professor) e aquele que aprende (o aluno). Refletindo uma concepção de educação baseada numa relação hierarquizada, e dual.

No campo da gestão escolar, tal concepção resulta numa organização fragmentada, em que os papéis e os níveis de poder estão claramente definidos por uma organização de poder verticalizada e hierarquizada. Nesse formato, o indivíduo, quanto mais próximo da base da pirâmide se localize, menos poder de decisão no processo ele possui.

No desenvolvimento da Teoria de Administração Escolar, tiveram importância fundamental os estudos comparativos das organizações, levados a efeito, sobretudo pelos estruturalistas. Através de tais estudos tornou-se possível identificar os elementos comuns à ação administrativa, em qualquer tipo de organização. Após todas essas descobertas e como decorrência, sobretudo, da aplicação de conceitos extraídos das Ciências Sociais e do Comportamento, a função administrativa sofreu uma reconceptualização,

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sendo então definida como um processo complexo no qual intervém variáveis sociais, econômicas e psicológicas. Tais conclusões refutaram integralmente a tese que reduzia a administração escolar a um conjunto de técnicas eficientes norteadoras da ação.

2. 2 Administração Escolar ou Gestão

Educacional: o que muda?

A concepção de gestão escolar é recente, pois até a década de 80, aproximadamente, este enfoque era encontrado como administração escolar pautada na ordenação e controle. A necessidade de sobreviver em um novo contexto social e econômico fez com que as escolas buscassem novos caminhos, novas concepções sobre o administrar e o gerenciar.

A gestão escolar aparece, então, como a proposição de um novo conceito de organização escolar e não como uma mera substituição de termos em relação à administração escolar. Isso se deve ao fato de a gestão escolar, a ação dos dirigentes representarem novas ideias, um novo paradigma, que busca estabelecer na instituição uma orientação transformadora, a partir da dinamização de rede de relações que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno e externo.

Do ponto de vista de Luck (2006), a transformação do enfoque de administração é marcada por alguns aspectos gerais, dentre os quais se pode citar a mudança do aspecto fragmentado para o organizado que acarreta uma ação abrangente e articulada. Essa visão de conjunto traz a mudança aos processos isolados que separam as dimensões técnica da conceitual, a sociológica da social, a individual da grupal, o pensar do fazer e o todo da parte.

Na concepção da gestão, o que antes era fracionado e isolado passa a apresentar uma interdependência entre as partes e, destas com o seu todo. Assim, o entendimento de que cada um é responsável por apenas parte do trabalho global é substituído pela expansão da responsabilidade com o novo entendimento de que todos fazem parte e são responsáveis pelo todo. Desta forma, ocorre também a mudança do distanciamento para uma aproximação entre os que formulam políticas e programas de ação e os que a executam, provocando, assim, a descentralização da autoridade.

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Você se lembra que a LDB estabelece que que os professores devem

participar da elaboração da proposta pedagógica da escola.

Então, lhe pergunto:

Você participa do cotidiano da escola em que você trabalha?

Sabia que a participação é um exercício de aprendizado político?

Você sabe como participar das decisões de sua escola?

Do Conselho de Escola ou de Colegiados?

É importante notar que a ideia de gestão educacional desenvolve-se associada a outras ideias globalizantes e dinâmicas em educação, como, por exemplo, o destaque à sua dimensão política e social, ação para a transformação, globalização, participação, práxis, cidadania, etc.

Pela crescente complexidade das organizações e dos processos sociais que nelas ocorrem - caracterizadas pela diversificação e pluralidade de interesses que envolvem e a dinâmica das interações no embate desses interesses - não se pode conceber que estas organizações sejam administradas pelo antigo enfoque conceitual da administração científica, pelo qual, tanto a organização como as pessoas que nela atuam são consideradas componentes de uma máquina manejada e controlada de fora para dentro. Ainda segundo esse raciocínio, os problemas recorrentes seriam, sobretudo, encarados como carência de "input" ou insumos, em desconsideração ao seu processo e dinamização de energia social para promovê-lo.

Os sistemas educacionais e os estabelecimentos de ensino, como unidades sociais, são organismos vivos e dinâmicos, e como tal devem ser entendidos. Assim, ao se caracterizarem em uma rede de relações entre os elementos que nelas interferem, direta ou indiretamente, a sua direção demanda um novo enfoque de organização. E é a essa necessidade que a gestão educacional tenta responder. A gestão abrange, portanto, a dinâmica do seu trabalho, como prática social, que passa a ser o enfoque orientador da ação diretiva executada na instituição de ensino.

Todavia, a concepção de gestão não elimina a de administração, busca sim, superar suas limitações decorrentes de um enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido.

Portanto, não podemos deixar de considerar que a natureza do processo educativo não se confunde com a natureza do processo produtivo. Desta forma, a gestão escolar deve superar a concepção de mera ciência aplicada e atender à especificidade da educação e à natureza do processo educativo, pois a organização escolar não se fundamenta na racionalidade funcional, na hierarquia, na objetividade, na impessoalidade, cujo objetivo é a

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exploração do trabalho alienado. A gestão escolar, ressalte-se, não se propõe a depreciar a

administração, mas sim a superar suas limitações de enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido, mas a redimensioná-la, no contexto de uma concepção de mundo e de realidade caracterizados pela visão da sua complexidade e dinamicidade, pela qual as diferentes dimensões e dinâmicas são utilizadas como forças na construção da realidade e da sua superação, sem precisar reinventar a roda.

Como resultado, a ótica da gestão não prescinde nem elimina a ótica da administração educacional, apenas a supera, dando a esta um novo significado, mais abrangente e de caráter potencialmente transformador. Daí o porquê de ações propriamente administrativas continuarem a fazer parte do trabalho dos dirigentes de organizações de ensino, como, controle de recursos, de tempo etc.

Desse modo, o conceito de gestão educacional, diferentemente do de administração educacional, abrange uma série de concepções não abarcadas pelo de administração. Podem-se citar, dentre outros aspectos, a democratização do processo de determinação dos destinos do estabelecimento de ensino e seu projeto político-pedagógico; a compreensão da questão dinâmica e conflitiva das relações interpessoais da organização; o entendimento dessa organização como uma entidade viva e dinâmica, demandando uma atuação especial de liderança; o entendimento de que a mudança dos processos pedagógicos envolve alterações nas relações sociais da organização; a compreensão de que os avanços das organizações se assentam muito mais em seus processos sociais, sinergia e competência, do que sobre insumos ou recursos.

E para dar conta de todos esses aspectos, o gestor escolar exerce papel fundamental.

O gestor escolar é o articulador do Projeto Político-Pedagógico e o líder que sabe aonde quer chegar e, principalmente, qual é o seu objetivo e consegue expressá-lo claramente aos seus colaboradores.

O perfil do gestor apresenta características tais como liderança, habilidade para trabalhar em equipe, gerenciar um ambiente cada vez mais complexo, ser capaz de criar novas significações em um ambiente instável. Além disso, é fundamental ter capacidade de abstração e manejo de tecnologias emergentes, visão de longo prazo, disposição para assumir responsabilidades pelos resultados, disposição para deixar claro suas intenções através de honestidade e credibilidade e, consciência das oportunidades e limitações.

Portanto, uma vez que a postura do gestor vai mobilizar toda a equipe, espera-se que ele tenha criatividade, saiba trabalhar em equipe, seja ágil na resolução de problemas e se comunique com eficiência.

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O papel do gestor é facilitar e favorecer a participação dos seus colaboradores na elaboração e liderança dos diferentes projetos desenvolvidos na instituição, a fim de descentralizar o poder e não somente as tarefas, para a sua equipe.

Nesse sentido, Luck (2006, p.60) afirma que

Quando o exercício do poder é orientado por valores de caráter amplo e social, como são os educacionais, estabelece-se um clima de trabalho em que os profissionais passam a atuar como artífices de um resultado comum a alcançar, de que resulta o aumento do poder para todos.

Os colaboradores passam a ter uma cultura proativa, uma motivação para o trabalho na instituição e um envolvimento muito maior, comprometendo-se com todo o processo pedagógico desenvolvido e com a busca do sucesso do aluno na escola. Encaram as condições difíceis como desafios e as enfrentam com responsabilidade.

O gestor considera crise, ambiguidade e incerteza como elementos naturais dos processos sociais e como condições de aprendizagem, construção de conhecimento e desenvolvimento. Para ele, as mudanças ocorrem mediante processo de transformação caracterizada pela produção de ideias, processos e estratégias, promovidos pela mobilização do talento e energia internos e acordos consensuais.

É a sinergia coletiva e a intersubjetividade que determinam o alcance de bons resultados.

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2.3 Os diferentes estilos de gestão

Nossa, agora elas se preocupam com a linha da escola, os seus princípio, o estilo de gestão!!!

Hoje fui abordada por algumas mães novas que queriam saber qual era o meu estilo de Gestão? Não entendi a pergunta delas, nem a finalidade do questionamento.

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Pense em você como gestor, como definiria seu estilo de gestão? Faça o teste clicando aqui, depois veja o gabarito para identificar qual

o seu estilo de gestão. Podemos elencar alguns estilos de gestão: autocrático, democrático e

laissez-faire. Ainda conhecemos o modo burocrático e carismático de gestão. O estilo AUTOCRÁTICO exige obediência, recusa qualquer discussão,

determina o caminho a seguir e toma isoladamente as decisões. É ele quem dirige. O estilo autocrático é uma forma extrema de liderança, onde o líder exerce um nível elevado de poder sobre os colaboradores. As pessoas que compõem a equipe não têm muitas oportunidades para apresentar sugestões, mesmo que estas sejam do interesse da equipe ou da escola. Assim, este estilo gera muita insatisfação na equipe, pois os colaboradores não se percebem valorizados e engajados na organização.

Já o estilo DEMOCRÁTICO , o gestor integra e utiliza no seu trabalho as ideias e as contribuições dos professores. Ele é um moderador que deve assegurar a implementação das decisões. Esta forma de direção implica acordos, discussões e participação dos colaboradores (professores e funcionários) na seleção da política a seguir e nas decisões a tomar.

Apesar de ser o líder democrático ou participativo a tomar a decisão final, os outros membros são incentivados a contribuir na seleção da política a seguir e no processo de decisão. Isto não só aumenta a satisfação na escola, ao envolver os colaboradores no processo de decisão na escola, como também, ajuda a desenvolver as capacidades de todos. Os membros da equipe sentem-se engajados e comprometidos com a Missão e Princípios da organização e sentem-se motivados para trabalhar com afinco , pois este estilo promove mais confiança, harmonia e satisfação.

Embora este estilo possa ser lento, pois procura considerar as opiniões de todas as partes interessadas e atingir o consenso antes de chegar a uma decisão final, a participação de todas as partes envolvidas em uma decisão contribui para um processo de implementação mais fácil e mais transparente.

Paulo Freire foi um grande líder democrático Para o estilo LAISSEZ-FAIRE o gestor exerce um controle mínimo e

deixa aos elementos do grupo muita liberdade. O diretor dá “carta branca” à seus colaboradores. Esse gestor tenta se limitar a fornecer as informações necessárias para que os funcionários implementem as decisões tomadas e a cuidar de questões administrativas, além de atuar como árbitro em dificuldades inesperadas. Esta expressão em francês significa "deixar andar", pode resultar em situações em que os gestores não exercem controle suficiente, mas sim um controle mínimo, dando à equipe

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Gestão educacional – Gestão e Administração 11

escolar total liberdade.

O modo BUROCRÁTICO preocupa-se apenas em cumprir suas funções e em exigir que todos os regulamentos sejam respeitados e as tarefas administrativas executadas conforme as exigências dos superiores hierárquicos. Ele tenta manter a organização existente e assegurar o seu bom funcionamento, zelando para que a rotina instituída não se altere, não evolua. O diretor de escola é um burocrata, quando ocupa uma situação concedida pela autoridade de um sistema burocrático, ou seja, quando procura satisfazer a vontade dos superiores hierárquicos.

O modo CARISMÁTICO possui qualidades especiais de liderança

caracterizada pela irradiação magnética pessoal intensa e de profunda espiritualidade interior .

Podemos exemplificar na figura de Gandhi ou de Martin Luther King como líderes carismáticos.

Muitas vezes, precisamos dizer não , quando tomamos uma decisão, no entanto não somos autoritários , enquanto estilo de Gestão, mas sim estamos tendo um controle autocrático. Outras vezes , favorecemos a tomada de decisão por parte. Muitos diretores exerce sua própria autoridade, misturando estes diversos modelos, ainda que a forma de direção carismática seja a mais rara, e que um determinado modelo predomine sobre os demais.

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Cada um dos três principais estilos de gestão : autocrático, democrático e laissez-faire pode ser usado , sem ,com tudo, excluir os outros, por exemplo em uma situação de emergência ( incêndio na escola ), o diretor tem que tomar decisões rapidamente e não cabe reunir o Conselho para ter uma atitude democrática. Mas em outras situações do cotidiano da escola, deve estimular a participação coletiva, a iniciativa e à criatividade dos colaboradores, tomando uma atitude democrática.

Normalmente, os modelos se misturam no dia a dia da escola. Dificilmente um líder se enquadra em apenas um dos estilos. Em algumas situações, o diretor tende a ser mais democrático, chamando a participação de toda a comunidade escolar para a discussão de determinada questão. Em outras, toma decisões sozinho, caracterizando uma atitude mais centralizadora. E em muitos casos delega decisões aos professores e coordenadores pedagógicos.

Procure observar, na escola que faz estágio, qual é o estilo de gestão

que predomina no Diretor. Tente descrever suas cara cterísticas de

gestão.

Observe se ele estimula nos seus colaboradores: a o bediência, ou a

colaboração ou ainda a iniciativa.

O melhor estilo a ser adotado por um gestor depende de uma série de fatores, incluindo a motivação e a capacidade dos colaboradores. Um líder eficaz não apenas escolhe um único estilo de liderança preferido, como o uso dos tipos acima mencionados. Na prática, ele deve ter

Como você agiria na tomada de decisão: Um dos seus colaboradores pede-lhe um favor muito razoável.

Você não simpatiza com essa pessoa e sabe que pode recusar esse pedido sem parecer injusto. Você recusa?

Um dos seus professores revela-lhe que seu coordenador mais

experiente encontra sempre pretexto para desacreditá-lo perante os outros professores. O que você faz?

Você não concorda abertamente com as estratégias de ensino de

um de seus professores. Reconhece que esse desacordo provém, no fundo, de uma questão pessoal. O que você faz?

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consciência da situação e então escolher qual o estilo mais adequado, que pode ser uma combinação dos estilos apresentados.

Normalmente, os modelos se misturam no dia a dia da escola. Dificilmente um líder se enquadra em apenas um dos estilos. Em algumas situações, o diretor tende a ser mais democrático, chamando a participação de toda a comunidade escolar para a discussão de determinada questão. Em outras, toma decisões sozinho, caracterizando uma atitude mais centralizadora. E em muitos casos delega decisões aos professores e coordenadores pedagógicos.

“A diferença entre o estilo eficaz e ineficaz não depende unicamente do

comportamento do líder, mas da adequação desses comportamentos ao

ambiente onde ele desempenha as suas funções” (Fachada, 1998, 32).

2.4 Diretor de escola: agente de

transformação, de desenvolvimento,

inovações e mudanças.

Nas últimas décadas, a gestão da educação é um dos pressupostos fundamentais para o processo de democratização do ambiente escolar no Brasil. Atualmente a tendência é defender a democratização educativa e também a descentralização escolar, ganhando força, a autonomia da escola e a necessidade de se apresentar uma gestão que garanta a qualidade do ensino.

Alguns diretores criam uma “aparência” de participação da sua equipe, permitindo aos professores que participem apenas em questões menos significativas, reservando para si a exclusiva capacidade de tomar decisões importantes. A participação tem seus limites, uma participação muito ampla dos professores poderia criar ressentimentos e suscitar resistências.

Também podemos constatar, que há certos setores em que os professores esperam que o diretor tome sozinho as decisões, justificando que é dele a maior responsabilidade pela tomada de decisão na escola. Os professores não gostam de ficar sobrecarregados com trabalhos das comissões e esperam que o diretor resolva os problemas na escola.

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Gestão educacional – Gestão e Administração 14

Para você refletir:

� em que nível do processo de decisão você, como pro fessor,

pode participar?

� de que maneira os professores devem intervir, sempr e que são

convidados?

� é importante participar da tomada de decisão na esc ola? Em que

sentido?

O diretor de escola deve aproveitar todas as oportunidades para demonstrar que seu objetivo essencial é o de apoiar os professores a tornarem-se mais eficazes, porque as pesquisas demonstram que uma das maneiras de melhorar a qualidade do ensino reside na motivação e preparo dos professores. O diretor deve incentivar, não somente a participação dos professores na divisão de tarefas e responsabilidades, mas também, na elaboração do processo de decisão no Projeto Político Pedagógico.

O papel do diretor é de divulgação e circulação da informação e, também, de formação continuada dos professores.

Depende do diretor o diálogo, a comunicação com seus colaboradores e o fator primordial deste diálogo reside na organização das reuniões.

As reuniões podem ser vistas de duas formas, dependendo do estilo de Gestão: ou como uma exigência destinada a permitir informação unilateral, de cima para baixo, sem muitas perguntas, e questionamentos (estilo autocrático), ou como espaço de comunicação não só no sentido vertical, de cima para baixo e de baixo para cima, mas também comunicação horizontal, entre os participantes da reunião (estilo democrático).

As reuniões devem garantir:

� uma atmosfera de trabalho, onde a livre expressão dos indivíduos não deve impedir a criação de um conjunto positivo;

� informações precisas à todos os colaboradores sobre a escola e recolher deles a sua opinião e posicionamento;

� apoio aos novos professores e os inexperientes a vencerem suas dificuldades;

� a troca de informações sobre à disciplina, o projeto político pedagógico, o regimento, ou qualquer outro assunto de interesse coletivo;

� envolvimento dos colaboradores a sentir-se membro engajado

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de uma equipe; � a tomada de decisão a respeito do funcionamento da escola por

parte dos colaboradores ou do diretor; � a resolução de problemas conciliando ideias comuns e

estudando em conjunto as soluções possíveis.

Para que uma reunião obtenha sucesso é necessário que seus objetivos estejam claros e bem definidos para todos, que a condução seja de modo democrático e com a maior participação possível de todos os colaboradores na tomada de decisão, a pauta divulgada com antecedência para que os colaboradores possam se preparar, garantir um relator para anotar as conclusão e encaminhamentos necessários (ata), e por fim , organizar o ambiente com os recursos necessários e disposição da sala para favorecer à comunicação.

O importante é que o diretor favoreça uma participação dos seus colaboradores com qualidade, ou seja, fortalecendo o engajamento dos mesmos. É fundamental que o diretor prepare e sempre planeje suas reuniões.

A qualificação e a motivação do diretor de escola são as dimensões que mais atenção requer, não só porque o diretor é o polo integrador de todos, mas também porque é o elemento determinante da eficácia da ação educativa.

O diretor de escola que é visto aqui como o líder e o gestor que atua interagindo com sua equipe, discutindo os objetivos e as diretrizes pelos quais vão se orientar em sua prática cotidiana.

O diretor desempenha um papel importante na formação continuada dos professores de sua escola, pois cabe designar os professores que participarão no seminários de aperfeiçoamento ou nos cursos de formação; assegurar a troca de informações do que receberam aos outros professores da escola; encaminhar a aquisição de livros pela biblioteca ou assinatura de revistas pedagógicas; garantir uma formação continuada nos momentos de reuniões semanais(HTPC- hora de trabalho pedagógico coletivo), além de preparar com seus colaboradores a semana de planejamento.

Nos países de organização não centralizada, o poder de decisão é transferido para os escalões intermediários ou locais. Estamos nos referindo a descentralização, pois certos problemas que acontecem na escola são muito específicos e não podem ser resolvidos rápida e eficazmente em nível central.

A transferência de tarefas e de responsabilidade (desconcentração) ou o poder de decisão (descentralização) não se faz sem repercussões sobre o papel do diretor de escola, da mesma forma como também influi no grau de participação dos membros da comunidade educativa (professor, pais,

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comunidade local).( LUCK,2010) O diretor de escola, devido as transformações que surgiram, tanto no

sistema de ensino, como no meio social, vem assumindo importância cada vez maior na administração, desempenhando, num certo sentido, todas as funções. Esta nova realidade implica que sejam definidas suas atribuições, a fim de que sejam evitados choques de competência entre as funções do supervisor e dos professores, não esquecendo que a escola é da comunidade e não do diretor, para tanto, é necessário e mais eficaz, tomar decisões conjuntas.

Quando nos referimos ao diretor/gestor, precisamos levantar as suas diversas funções, justificando a atribuição de progressiva autonomia e de mais amplas responsabilidades , tais como: a elaboração do calendário escolar, respeitando os dia letivos; análise e escolha dos materiais didáticos; relação com a comunidade.

O diretor/gestor mobiliza a comunidade escolar para a participação no desenvolvimento do projeto da escola. Sua autonomia deve situar-se mais na determinação das necessidades do que na utilização dos recursos.

É fundamental que o Gestor fortaleça a participação dos diferentes segmentos( professores, pais, alunos, comunidade) nas funções elencadas acima, pois somente dessa forma, terá uma construção mais democrática na determinação das necessidades da escola.

A tendência para a escola se fechar em si mesma reduz a participação dos diversos segmentos da comunidade escolar a uma simples presença passiva nas instâncias consultivas e tende a reforçar o papel e a função da direção no seu estilo autocrático.

Todo processo de decisão envolve um jogo de poder e nele participam os diferentes “atores “ (professores, pais, alunos, comunidade).

Tendo como palco a escola, a peça pode resumir-se a um monólogo, se o diretor tiver um estilo autocrático ou se ele manipular os diversos atores de forma a tirar proveito de seus conflitos.

Dependendo do estilo da gestão podemos ter:

� decisão autocrática, ou seja, o diretor decide isoladamente; � decisão tomada após consulta; � decisão coletiva; � decisão delegada.

É fundamental trabalhar em equipe para garantir mais eficácia e

eficiência ao processo de gestão. A organização em equipe é a melhor maneira de assegurar rapidez à execução e evitar atrasos.

No trabalho em equipe, o diretor precisa definir o trabalho aos colaboradores e precisar a parte de responsabilidade que delegar,

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Gestão educacional – Gestão e Administração 17

procurando valorizar sempre a quem se confia o trabalho. A responsabilidade do diretor muda, pois ele não precisará exercer um controle rígido, mas apenas cuidar da eficácia do processo de trabalho coletivo que desenvolveu.

O diretor, controlador e avaliador da Gestão escolar desempenha papel efetivo no controle e na avaliação do ensino, reunindo as informações necessárias para facilitar a tomada de decisão. Além de considerar os relatórios e as informações de ordem quantitativa, deve considerar também, a avaliação qualitativa do ensino através do resultado dos alunos e de cada classe.

O diretor precisa ser informado do progresso de cada classe de sua escola, para poder utilizar os recursos de que dispõe, de acordo com as necessidades, prestando apoio a todas as classes, para que possam atingir os objetivos propostos.

É muito importante a reunião do Conselho de Classe, onde ocorre o balanço com os professores por série/ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Nessa reunião os resultados são organizados classe por classe, analisados e comparados, levantando um plano de ação para atender às deficiências de cada turma, e de cada aluno, com atividade de recuperação ou atendimento individualizado.

Analise as situações e procure o problema contido nelas:

� diretor está de acordo em confiar parte de um trabalho a secretária da escola, mas apenas a parte mais desagradável.

� Foi o diretor que atribuiu as tarefas e conduziu toda a

operação. É ele que deve merecer todos os méritos.

� Não tendo outro jeito, o diretor atribui uma responsabilidade concreta ao coordenador pedagógico. Mas ai do coordenador que cometer o menor erro.

� A experiência tem demonstrado ao diretor, que a única

possibilidade de conseguir um trabalho bem feito é encarregar-se de sua execução.

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Gestão educacional – Gestão e Administração 18

Observe a escola na qual faz estágio e responda as questões abaixo:

� existe acompanhamento do diretor quanto ao desempe nho dos

alunos? Como ocorre?

� existe reuniões de Conselho de Classe? Quem partici pa?

� o diretor avalia a situação geral do ensino e os r esultados

obtidos nas diferentes classes e nas diferentes dis ciplinas?

� são propostos planos de ação, após o Conselho de Cl asse?

Quais?

O diretor, além das outras funções já mencionadas anteriormente, deve ser um agente de ligação escola-comunidade. Como elemento de ligação entre a escola e o seu meio mais próximo: as pessoas e as organizações com quem a escola mantém relações, tem um papel indispensável, a fim de assegurar o estabelecimento de uma comunicação eficaz entre a clientela escolar; a comunidade interna e externa; a Associação de pais; o Conselho de Escola ou o colegiado (quando houver) .

A formação moral do aluno é uma das tarefas mais difícil da escola e o diretor desempenha nessa ação um papel essencial. A escola e a família compartilham a responsabilidade pela educação das crianças; a ação deve ser muito coerente e coordenada. Cabe ao diretor organizar a informação para os pais, promovendo contatos regulares e continuados com a família através de: mensagens; convívio ( festas, exposições de trabalhos, feiras culturais, escola aberta); de encontros individuais com professores e direção; de reuniões; visitas às famílias; palestras.

As pesquisas apontam que o sucesso da escola depende muito da integração com a comunidade que o diretor for capaz de realizar.

A participação da comunidade na escola representa um verdadeiro desafio e traduz-se muitas vezes em :

� APM – Associação de Pais e Mestres; � Conselho de Escola- mas nas escolas públicas; � Colegiado de pais.

Como já afirmamos anteriormente, muitos problemas não podem ser

resolvidos em nível central e sua solução deve ser encontrada pela escola.

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Gestão educacional – Gestão e Administração 19

Daí a importância dada à inovação e a mudança educacional , pois são consideradas como um dos principais meios para aperfeiçoar o funcionamento da escola e melhorar a qualidade do ensino. O diretor desempenha papel muito importante na implantação de inovações e no funcionamento eficaz da escola.

Os diretores conseguem bons resultados, frente à resistência à mudanças, quando conhecem profundamente a sua equipe de professores e se encontram em condições de apoia-los e explorar suas potencialidades.

A inovação é fundamental para fazer ingressar as novas gerações no mundo contemporâneo e para a escola avançar.

O diretor de escola não é apenas um administrador, ele deve ser também um inovador. Estas duas funções tornam-se compatíveis quando o diretor da escola se torna mais democrático, quando atribui poderes mais amplos ao conjunto dos colaboradores da escola: professores, pais, comunidade local.

A função do diretor é de:

� promover melhoria no bom funcionamento da escola; � encontrar soluções para os problemas que se apresentam; � introduzir a inovação para melhorar a qualidade e a eficácia do

ensino.

Observe a escola na qual trabalha ou faz estágio e responda as

questões:

• quais são as possibilidades de inovação que as esco la

apresenta?

• o diretor faz uma autoanálise de seu estabeleciment o, com o

objetivo de chegar a um verdadeiro diagnóstico?

• define os objetivos quantificados, ou seja, as meta s para a

escola?

• identifica os recursos e as dificuldades para ating ir os objetivos,

visando estratégias possíveis?

Cada escola deve estabelecer a hierarquia das suas dificuldades a fim de priorizá-las, pois uma estratégia global deve ser sempre definida, porque a atuação sobre um ponto provoca, muitas vezes, reações em cadeia.

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Gestão educacional – Gestão e Administração 20

Síntese

Ao finalizar a presente unidade você deve ter percebido que as teorias da administração se aplicam a qualquer instituição, inclusive, à escola. No entanto, é necessário perceber que a escola tem uma especificidade, que precisa ser levada em consideração.

Deve ter percebido também que a administração consiste em um processo de planejamento, para organizar a escola nos seus mais diversos setores com o propósito de se atingir os objetivos propostos.

E este processo de planejamento deve ser coordenado pelo gestor, que poderá ter os mais diversos estilos e a que cabe articular o projeto político-pedagógico da escola.

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Gestão educacional – Gestão e Administração 21

BIBLIOGRAFIA

FACHADA, Odete. Psicologia das relações interpessoais. Lisboa: Edições Rumo, 1998.

FULLAN, M.; HARGREAVES, A. A escola como organização aprendente: buscando uma educação de qualidade. Porto Alegre: Artmed, 2000.

LUCK, Heloisa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

LUCK, Heloisa. Perspectiva da gestão escolar e implicações quanto à Formação de seus Gestores. Em Aberto. Brasília, v. 17, n. 72, p. 11- 34, junho 2000. Disponível em: <http://www4.inep.gov.br/download/cibec/2000/e m_aberto/emaberto72.pdf>.

MARTINS, José do Prado. Administração escolar: uma abordagem crítica do processo administrativo em educação. São Paulo, Atlas, 1991.

VALERIEN, Jean. Gestão da escolar fundamental: subsidies para análise e sugestões de aperfeiçoamento. São Paulo: Cortez : Brasília: UNESCO, 1997

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Gestão da Educação

O papel do Gestor: Auto

–Percepção do Papel do

Educador / Gestor

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Gestão educacional – O Papel do Gestor: Auto - Percepção do Papel Do Educador / Gestor

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Introdução

Na presente unidade iremos tratar do PAPEL DO GESTOR na escola,

o gestor pensado como educador. Assim, partimos de alguns questionamentos: Qual o papel do Gestor no Século XXI? Que tipo de liderança deve exercer? Diante da modernidade, o papel do gestor na escola é fundamental na

medida em que deve dar sentido às novas conquistas e efetivar as relações democráticas afetivas e escolares. Para tanto, é necessário que se invista na mudança de atitudes dos profissionais da educação para que aceitem os novos desafios e possam ultrapassar seus próprios limites na busca de uma educação de qualidade.

Daí a necessidade urgente de se repensar a gestão escolar como um todo, seu papel, seus processos e seus produtos. Será por um processo de liderança, negociação, motivação e participação que as organizações escolares poderão ocupar um lugar primordial no contexto social. O surgimento de um gestor escolar com novas habilidades e capacitado a promover as mudanças necessárias, certamente contribuirá para esse processo. Nessa perspectiva, o gestor escolar deve identificar as necessidades dos professores e com eles encontrar soluções que priorizem um trabalho educacional de qualidade, considerando que esse trabalho deve ser desenvolvido como um trabalho coletivo e direcionado, onde a ideia central é que não mais se gerencia as pessoas, mas com as pessoas.

Com isso a atuação do gestor como líder do processo educativo é decisiva para o dinamismo da escola, uma vez que essa gestão jamais deverá afastar-se da realidade e desvincular-se do meio. Longe de desempenhar uma função meramente burocrática, cabe ao gestor estabelecer um relacionamento entre “meios e fins” para equacionar na escola problemas educacionais e administrativos.

São tais questões que iremos tratar na presente unidade a partir dos seguintes temas:

• Liderança e motivação. • A gestão democrática e formas de participação.

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• Limites e possibilidades da atuação do gestor/educa dor: clima e cultura organizacional.

Assim, ao final da unidade esperamos que você seja capaz de

• Conhecer e aplicar os processos de liderança e moti vação na escola;

• Identificar como se dá a participação dos mais dive rsos setores da escola em um modelo de gestão democrátic a;

• Identificar com clareza o clima e a cultura organiz acional de uma escola e as formas de atuar sobre elas.

ATENÇÃO!

Para o desenvolvimento do conteúdo desta unidade, serão indicados trechos do livro : MESTRE DA MUDANÇA, são importante orientações para liderar escolas com a cabeça e o c oração.

Por isso, recomendamos fortemente que você o adquir a e o tenha em mãos para o estudo dessa unidade.

3.1 Liderança e motivação

Antes de falarmos sobre liderança e motivação, veja se seria capaz de dar algumas repostas para as perguntas abaixo:

O que é liderança?

Todas a pessoas nascem líderes ou podem desenvolver essa capacidade de

liderar?

Um líder é aquele que “manda “nas pessoas, exercendo influência, a fim de

que façam o que ele deseja?

Ou usa da autoridade e respeito pelas pessoas, conduzindo e organizando

em direções que sozinhas não seguiriam?

A liderança está associada à motivação?

O que se espera do líder?

Estes e outros questionamentos sobre liderança e motivação sempre

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inquietam àqueles que passam a estudar a gestão nas organizações. Desde a década de 1950, estudos sistemáticos têm sido feitos para

explicitar o significado de liderança. Porém o significado depende da perspectiva adotada para analisar as suas expressões no âmbito das organizações e grupos sociais. Sendo assim os registros são vistos com enfoques e de perspectivas diferentes, a cada estudo e pesquisa a respeito, surge uma nova perspectiva. Consequentemente com este enriquecimento da compreensão, tem-se a possibilidade de uma ação de liderança mais consistente e efetiva. Ou seja, para compreender o significado de liderança é importante destacar mais a identificação de seus desdobramentos, do que sua redução a alguns pontos comuns.

Pesquise junto à pessoas de diferentes profissões e socialize as respostas

obtidas para as questões abaixo para seus colegas e professor.

O que é liderança para você?

Ela se relaciona com a motivação?

Por muitos anos, a liderança foi entendida como um traço de personalidade, isto é, dependendo exclusivamente de características pessoais e inatas do sujeito. Atualmente, percebemos que uma atitude de liderança depende da aprendizagem social do indivíduo e, por isso mesmo, pode ser ensinada/desenvolvida. É algo que pode ser aprendido por qualquer pessoa, não devendo ser negado a ninguém. É muito útil as contribuições da sociologia e da psicologia no desenvolvimento da liderança. Apesar disso, persistem inúmeras dúvidas conceituais.

Para Chiavenato (1999), liderança é um processo chave em todas as organizações, é uma forma de influência e ocorre exclusivamente em grupos sociais.

O termo liderança pode ter uma grande variedade de significados: um maestro, um diretor de escola e de empresa, um religioso, um policial, um governante... mas sempre está relacionado a capacidade de influenciar pessoas, definhando processos e tarefas de modo a conduzi-las à execução de um determinado objetivo.

Reconhecemos como lideres:

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A liderança evoluiu ao longo do século XX, quando foi abandonada a “teoria do grande homem“, nos quais os líderes tinham uma caraterística inata, já nasciam líderes, para uma visão mais abrangente, que leva em conta a tarefa a ser realizada – objetivo e metas comuns, a relação do líder para com seus liderados, em uma dinâmica sociocultural, com o foco no desenvolvimento de todos e da organização.

A liderança, tal como a motivação, tem merecido por parte de investigadores e profissionais dos diversos setores de atividade, muita atenção, pois é um tema fascinante.

Como tópico fundamental nas relações de trabalho, uma vez que os liderados identificam o estilo de liderança como um fator desencadeador dos conflitos de trabalho. Ao mesmo tempo, as incompatibilidades pessoais e/ou profissionais entre líder e liderado(s), a coexistência de lideranças formais e informais, bem como, a integração dos diferentes estilos ao longo da cadeia hierárquica de uma organização, são apenas parte da complexidade e subjetividade inerente ao tema.

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Assista as cenas do filme O Gladiador e analise o e stilo do líder nos

diferentes papeis.

http://youtu.be/R2y0Hsta4ag

Mesmo com as diversidades registradas, os estudiosos identificaram certos elementos básicos e comuns às praticas de liderança efetiva.

Alguns elementos emergem como características comuns de atuações de liderança efetiva e que, portanto, compõem o seu significado:

• Influência sobre pessoas, a partir de sua motivação para uma atividade.

• Propósitos claros de orientação, assumidos por essas pessoas.

• Processos sociais dinâmico, interativos e participativos.

• Modelagem de valores educacionais elevados.

• Orientação para o desenvolvimento e aprendizagem contínuos.

Existem três diferentes teorias sobre liderança:

� Teoria de traços de personalidade para os líderes: traços sociais (cooperação, empatia, comunicabilidade), traços intelectuais (autoconfiança, entusiasmo, flexibilidade), traços físicos (aparência, força física, estatura, energia) traços relacionados com a tarefa (inovação e criatividade).

� Teoria sobre estilos de liderança: autocrático, democrático e laissez-faire.

� Teoria situacional de liderança: o modo de como adaptar o comportamento do líder às situações.

Para Luck et al (2006, p.33). liderança é descrita como sendo um conjunto de fatores associados, como,

por exemplo, a dedicação, a visão os valores, o entusiasmo, a competência e a integridade expressos por uma pessoa que inspira os outros a trabalharem conjuntamente para atingirem objetivos e metas coletivos e se traduz na capacidade de influenciar positivamente os grupos e inspirá-los a se unirem em ações comuns coordenadas.

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Luck (2011) acredita que a liderança na escola é uma característica importante e inerente à gestão escolar, pois tendo liderança ele pode orientar, mobilizar, envolver a equipe e coordenar o trabalho da comunidade escolar interna e externa, com o escopo da melhoria contínua do ensino e da aprendizagem.

Max Weber aponta os diferentes tipos de liderança: a outorga do poder legal, isto é, o diretor de escola tem a liderança pelo cargo que ocupa; o segundo tipo é a liderança pelo conhecimento, pelo saber, no caso da gestão escolar é o conhecimento dos aspectos administrativos, pedagógicos, financeiros, de marketing, conhecimento maior do cargo para ser gestor escolar, o terceiro tipo é a rede de comunicação, contratando pessoas para assessorar e possibilitar que a organização avance.

Qual seria o ponto principal para ser líder no Século XXI? Já na sociedade pós industrial, ela não legitima alguns tipos de

liderança apresentados anteriormente, por exemplo a liderança pelo cargo, a outorga, já não basta para caracterizar o respeito como liderança. Não legitima estar no cargo porque herdou, ou porque alguém conferiu a ele o cargo de diretor....

O que está em alta é a capacidade sócio relacional do indivíduo. O principal ponto no desenvolvimento de liderança no século XXI é a competência interpessoal, o desenvolvimento da capacidade de estabelecer relações interpessoais, da Capacidade Sócio Relacional do indivíduo, do Gestor Escolar.

As capacidades Sócio–Relacionais envolvem: tecer relações, a compreensão do outro, detectar talentos, prosperidade das relações e principalmente cenografar situações. (BOLOGNA, 2011)

Para a gestão escolar é imprescindível, para quem desempenha funções educacionais, desenvolver habilidades e atitudes de liderança, inicialmente sob forma de exercício, e gradualmente passa a ser mais natural ao incorpora-se ao conjunto de habilidades e atitudes da pessoa, isto é ao seu modo de ser e fazer. É importante ter em mente que a liderança resulta de um conjunto de conhecimentos que devem ser desenvolvidos, é possível e necessário aumentar o controle sobre sua aprendizagem:

CONHECIMENTO corresponde a conceito, sistema de pensamento e princípios que mediante a compreensão, reduz a massa de informações e experiências em denominadores comuns.

HABILIDADE constitui o poder de desempenhar uma tarefa ou função de cumprir objetivos propostos, mediante a combinação entre uma operação, um conteúdo e um produto, é a combinação entre o saber fazer, conhecer e a orientação desse saber fazer.

ATITUDE constitui a tendência da pessoa de pensar, sentir e agir de

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determinada forma em relação a objetos e circunstâncias sociais a atitude é a dimensão de saber ser.

A liderança constitui-se em uma dimensão fundamental da gestão escolar. Sem o seu exercício, as ações do gestor escolar se reduzem a dimensão administrativa do seu trabalho.

A liderança deve ser orientada conforme os princípios paradigmáticos da gestão, que são os da interatividade, visão de conjunto e abrangência. A mobilização das pessoas para aprenderem em conjunto, vislumbrarem novos horizontes e novas práticas educacionais, desenvolverem o espírito de realização e entusiasmo, como parte da alegria de aprender.

Precisamos considerar alguns pontos relevantes mencionados anteriormente:

� Liderança pode ser desenvolvida. � Qualquer um pode ser um líder. � Fortalecer os talentos de um grupo - empregabilidade dos

indivíduos, � gestor precisa ser um líder cenográfico.

Todo gestor gostaria de ter seus colaboradores motivados, satisfeitos e felizes, porém esse é um dos maiores desafios de um diretor de escola.

Como conseguir que a equipe escolar esteja engajada e bem motivada?

Sabemos que a motivação é intrínseca, ninguém motiva ninguém. Tudo o que os líderes podem fazer é estimular, incentivar, provocar a motivação nos seus colaboradores motivação.

Os processos sociais e comportamentais da motivação e da liderança estão interligados. Os colaboradores seguem o líder por alguma razão ou motivo. Seguem por concordar, desde que a realização da tarefa também seja de seu interesse.

Podemos comparar a motivação das pessoas a um foguete, que para subir precisa de três motores funcionando:

1º feedback constante do líder, informar os colaboradores sobre seu

desempenho; 2º satisfação no trabalho, sentir-se parte do processo – engajado. 3º auto realização - objetivos pessoais - perspectiva de cada um

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A Função do Gestor é assegurar que todas as pessoas estejam de acordo com a visão para encaminhar o “foguete

Quanto maior a satisfação dos colaboradores, mais alta é a qualidade de vida na escola,

Para fortalecer a sua compreensão do que estudou, leia a Parte I do livro Mestres da Mudança: Conceito de Liderança –pág 12 à 31.

3.2 A Gestão democrática e formas de

participação

Na gestão democrática da escola já está implícita a participação da população nos Conselhos de escola e nos colegiados e APM (Associação de Pais e Mestres).

Já é garantido na legislação a valorização da participação da comunidade escolar no processo de engajamento e tomada de decisão, na construção coletiva dos objetivos , dos princípios e de práticas escolares, no diálogo e na busca de consenso.

Quando se discute a gestão democrática e participativa da escola pública, precisamos voltar à três temas: a eleição para o cargo de diretor de escola pela comunidade escolar; recursos financeiros depositados na conta da APM da escola, revestido de um caráter de autonomia aparente dessa gestão; efetiva participação da comunidade externa no engajamento e na tomada de decisão nos aspectos pedagógicos e administrativos. (AGUIAR, 2008; DOURADO, 2006; PARO, 2003)

Quando tratamos de gestão escolar , estamos nos referindo à relação

que é desenvolvida dentro da escola e na sua comunidade externa, implica também na criação de ambientes participativos, muitas vezes inexistentes na prática das escolas.

Luck (2002) defende seis motivos para se optar pela gestão escolar participativa:

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� melhorar a qualidade pedagógica nas escolas; � currículos mais concretos e relacionados à realidade escolar; � aumentar o comprometimento docente; � evitar o isolamento dos diretoras e professores; � motivar o apoio da comunidade às escolas ; � construir objetivos comuns na comunidade escolar.

Para você pensar:

Será que na escola na qual você faz estágio ou trabalha existe essa gestão

participativa?

Como ocorre a participação da comunidade interna (professores e

colaboradores administrativos) e da comunidade externa?

Como são formados os Conselhos de Escola?

Ou os Colegiados de pais?

Existe Grêmio estudantil?

Quem participa?

O que falta nessa gestão escolar?

3.3 Limites e possibilidades da atuação do

gestor/educador: Clima e cultura

organizacional

Quando falamos em liderança, não podemos deixar de relacionar ao CLIMA e a CULTURA da organização escolar.

Analisando o quadro abaixo podemos perceber que estão sempre relacionados.

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Estilos de Liderança

Mas ,o que é clima organizacional? Será que está claro o conceito para

você?

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O conceito de clima organizacional é muito vasto e complexo. Alguns autores definem pelos comportamentos típicos, atitudes e sentimentos na organização. Outros como um conjunto de valores, atitudes e padrões de comportamento, formais e informais, que interferem no relacionamento das pessoas e da própria organização.

Brunet (1992) define de três maneiras o clima:

� A primeira: Como medida múltipla dos atributos organizacionais e mede a relação entre as características físicas da organização e os fatos objetivos observados nos colaboradores;

� A segunda: O clima pode ser a medida perceptiva dos atributos

individuais, ou seja, da satisfação das necessidades de cada colaborador;

� A terceira: Consiste que o clima é uma medida perceptiva dos

atributos organizacionais e que podem ser indicadores da sua forma de agir em relação aos seus colaboradores e à sociedade.

O Clima e a Cultura organizacional são dois conceitos intimamente ligados, porém, não são sinônimos. Muitas vezes , identifica-se que o clima organizacional constitui-se na expressão mais superficial da cultura organizacional e, portanto, mais facilmente observável, caracterizada pelas percepções conscientes das pessoas a respeito do que acontece no seu entorno. (LUCK, 2010).

Para exemplificar seu complemento, podemos citar a representação feita pelo termo objeto e sombra, na qual compõem o mesmo fenômeno em que um não existe sem o outro. Segundo Luck (2010, p.65):

O clima organizacional corresponde a um humor, estado de espírito coletivo, satisfação de expressão variável segundo as circunstâncias e conjunturas do momento, em vista do que seu caráter pode ser sobremodo temporário e eventual, dependendo da resolução das condições que criam essas características

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– daí ser também cognominado de atmosfera.

Tratando-se da escola, o clima e a cultura organizacional são conceitos complexos por se referir a um conjunto de vários e dinâmicos fatores, dimensões e características, todas relacionadas e importantes na qualidade dos processos educacionais.

O gestor tem papel fundamental na liderança escolar, exercendo influência consciente e positiva sobre estes múltiplos fatores, sobre as variadas dimensões e as características que interferem no clima e na cultura escolar. É fundamental para o gestor ,conhecer como interagem entre si, como são formados, como evoluem estes fatores, as dimensões e as características da organização escolar.

Muita vezes os colaboradores definem o conceito de clima através de constatações retiradas de senso comum, sensações do cotidiano, percebidas por eles, tais como a “atmosfera “e o “ambiente.

Quando muda de escola, qualquer professor observa de imediato as diferenças que existem entre os climas das organizações, exprimindo muitas vezes esta percepção com expressões do tipo: Não é preciso estar muito tempo numa escola para sentir a atmosfera que aí se respira.

Existe relação entre o ambiente de trabalho e a integração, a satisfação e o desenvolvimento profissional dos professores, daí a importância de observar, pesquisar e estudar o clima da escola.

Podemos nos referir a dois tipos de clima: o fechado e o aberto. O clima fechado existe em um ambiente de trabalho considerado,

pelos seus membros, como autocrático, rígido, constrangedor, onde os pessoas não são consideradas nem consultadas ; já o clima aberto existe em organização onde a participação das pessoas existe em todos os niveis, e o trabalho é reconhecido e as pessoas estão sempre motivadas. A liderança e a gestão tem bastante influência na definição do clima das organizações escolares.

O clima de uma escola é multidimensional e os seus componetes estão interligados, não podendo a sua análise ser compartimentada.

Clique aqui para saber mais sobre multidimensional As diversas dimensões do clima, engloba uma dimensão ecológica da

escola; uma dimensão do ambiente psicossocial contemplando as carascterísticas socioeconômicas, físicas e psicológicas; a dimensão do sistema social, contemplando a ordem jurídica e interações entre os atores sociais; a dimensão cultural, abrangendo as diversas subculturas presentes na escola.

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Distinções entre os conceitos de clima e

cultura organizacional.

Fonte: LUCK (2010, p.78)

Observe na escola na qual está estagiando ou na qual trabalha:

• o que cria e mantem o clima existente?

• o que precisa ser mudado no clima escolar e por quê?

• que natureza o clima organizacional da escola expressa?

• quais os efeitos do clima organizacional?

As escolas, quanto menores , favorecem um clima mais positivo e

ASPECTO CLIMA CULTURA

Natureza Transitória, superficial. Duradoura, embora não

permanente; profunda.

Conteúdo Percepções, reações

imediatas. Valores, crenças, traços

culturais integrados.

Como conhecer

Pela observação do processo de comunicação e relacionamento

interpessoal; por inventários de níveis de satisfação e questionários

para avaliação de percepção etc.

Pela análise de elementos ilustrativos de valores, crenças,

em histórias, relatos, linguagens, símbolos, uso de recursos etc.

Nível de inferência

Baixo, mais próximo dos fatos observados.

Elevado, mais distante dos fatos observados.

Elementos estruturantes e estruturados

Relações interpessoais e comunicação.

Emoções, julgamentos, experiências intensas de

significado.

Mudança Mais fácil e mais rápida. Exige muito tempo,

perseverança e perspicácia.

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Gestão educacional – O Papel do Gestor: Auto - Percepção do Papel Do Educador / Gestor

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aberto. Também interfere no clima da escola o tipo de relacionamento

interpessoal, tipo de comunicação de existente, relacionamento com o diretor, tipo de gestão e estrutura, reconhecimento do trabalho prestado, ambiente e condições de trabalho, política salarial, avaliação de desempenho e perspectiva de carreira.

Já mencionamos anteriormente, que o clima é a manifestação da cultura escolar, entendendo cultura como um conjunto de subculturas do seus membros e de adaptação ao meio social envolvente. Temos que considerar a existência de uma cultura interna formada por valores, normas, representações simbólicas, costumes, talentos pessoais e comportamentos partilhados pelos membros de uma organização escolar e uma cultura externa formada por normas, valores, comportamentos das subculturas do contexto da organização., que interferem na própria identidade da organização.

A cultura tem um caráter mais duradouro que o clima, pois este corresponde a um estado de espírito coletivo, produto dos elementos culturais instalados.

Para Luck (2010, p.53), existe uma interligação entre os dois conceitos pois,

”enquanto a cultura organizacional

influencia na formulação de missão, estratégia de crescimento e no estabelecimento de diretrizes de qualidade dos serviços prestados, o clima organizacional possibilita descrever o comportamento organizacional enquanto identificação dos aspectos que mais influenciam na percepção dos problemas institucionais.

A cultura consiste na personalidade coletiva, pois é constituída a partir de como as pessoas, em conjunto, pensam e agem, ou seja, no modo real de ser e de fazer da escola

Como o clima é pluridimensional, o seu estudo favorece uma avaliação diagnóstica da escola, que poderá ser uma importante ajuda na tomada de decisões da gestão. Conhecer o que se passa com os seus colaboradores, a vida da organização escolar, permitirá a realização de uma avaliação interna fundamental para se proceder à mudança necessária na escola.

Clique aqui para saber mais sobre organização escolar

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Gestão educacional – O Papel do Gestor: Auto - Percepção do Papel Do Educador / Gestor

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Síntese

Você deve ter percebido pelos temas tratados ao longo da unidade que o gestor de uma escola é seu verdadeiro “executivo”, aquele que deve se preocupar com todos os aspectos presentes em uma instituição.

Não podemos nos esquecer de que as relações e as questões presentes nas instituições na presente era, são bem diferentes das de épocas passadas, daí a necessidade de também o gestor escolar estar em permanente formação.

Tratamos aqui de algumas das dimensões da atuação do gestor na área de gestão de pessoas.

Assim, ao abordar a questão da liderança e motivação, deve ter ficado claro a você que não são características inatas e sim capacidades desenvolvidas com a formação profissional do indivíduo. E que tais características são inerentes e de suma importância à gestão escolar.

Outra questão, de grande importância no ambiente escolar, diretamente ligado ao gestor, é o clima e cultura organizacional. Pois o gestor tem papel fundamental na liderança escolar, exercendo fortes influências, de maneira consciente ou não, sobre toda a comunidade escolar.

Por outro lado, você também deve ter percebido que o gestor não deve ser a autoridade isolada na escola, ele deve contar também com a participação de sua comunidade na gestão da escola. Tal participação pode contribuir de maneira efetiva ao desenvolvimento da escola e é legal (no sentido de determinado pela legislação na escola pública).

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Gestão educacional – O Papel do Gestor: Auto - Percepção do Papel Do Educador / Gestor

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Bibliografia AGUIAR, Marcia Angela da S. Gestão da educação básica e o fortalecimento dos Conselhos Escolares. Revista Educar. Curitiba, nº 31, p. 129-144, 2008.

BOLOGNA. José Ernesto. Formando uma equipe de alta performance. São Paulo: ATTA Mídia e Educação. DVD. Coleção Gestão Escolar.

BRUNET, L. Clima de trabalho e eficácia da escolar. In: A. NÓVOA. As organizações escolares em análise. Lisboa: Dom Quixote, 1992. 125-140.

CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional – a dinâmica do sucesso das organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

DOURADO, Luiz Fernandes et al. Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. Brasília: MEC, 2006. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: 7

EDNIR, Madza e outros. Mestres da mudança: liderar escolas com a cabeça e o coração. Porto Alegre: Artmed, 2006

GOLEMAN, D. et al. Os novos líderes. Lisboa: Gradiva, 2003.

LUCK, Heloisa, et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2002.

LUCK, Heloisa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009.

LUCK, Heloisa. Gestão da cultura e do clima organizacional da escola. Petrópolis: Vozes, 2010

LUCK, Heloisa. Liderança em gestão escolar. Rio de Janeiro: Vozes,

2010. v.IV

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Gestão da Educação

Trabalho em equipe

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Gestão educacional – Gestão Escolar - On-Line 2

Introdução

Nosso grande educador Paulo Freire dizia que não é no silêncio e no isolamento que os homens se fazem, mas na palavra, no diálogo, no trabalho e na ação-reflexão, ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho.

A educação deve ser um ato coletivo, solidário, de amor, não pode ser imposta. Educar é uma tarefa de troca entre pessoas e não pode ser feita por um sujeito isolado, não pode ser o resultado do desejo de quem supõe que possui todo o saber, sobre aquele que não possui. (FREIRE, 2000)

Imbuído de tais pensamentos é que vamos tratar aqui do TRABALHO EM EQUIPE na escola, que, sem dúvida alguma, é uma das grandes atribuições do gestor.

Iremos desenvolver tal conteúdo passando pelos seguintes temas:

• Equipe: conceito, funcionamento e papéis • Desenvolvimento de equipes: aprendizagens individua is e

coletivas • Participação e Gestão Escolar.

Ao final da unidade esperamos que você tenha se apropriado de conceitos importantes relacionados aos temas acima e seja capaz de:

• Reconhecer o funcionamento de um grupo e os papeis de

cada um de seus componentes; • Identificar em que medida as aprendizagens individu ais e

coletivas podem contribuir para o desenvolvimento d e um grupo;

• Identificar e conduzir as formas de participação e gestão na escola.

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4.1 Equipe: conceito, funcionamento e papéis

Antes de iniciarmos nossos estudos gostaria que você refletisse sobre as questões abaixo, mas antes de responder assista ao vídeo:

http://youtu.be/nW8h5cxai3o

Porque trabalhar em equipe?

Quais são as vantagens e desvantagens de se trabalh ar em equipe?

Atualmente, no mundo contemporâneo , estamos vivendo uma transformação na organização das pessoas, para atender às profundas mudanças, velozes e complexas que nos deparamos no século XXI.

Eu prefiro ser

Uma metamorfose ambulante Do que ter

Aquela velha opinião formada Sobre tudo.

(Raul Seixas)

Clique aqui para ouvir a música e ter a letra na íntegra. Nas últimas décadas do século XX caracterizaram-se por momentos

onde os resultados conseguidos eram por mérito individual, onde se priorizava o especialista à visão generalista, onde o conhecimento e a informação eram centralizadas e muito bem guardadas como significados de poder e de status. A chefia se isolava em sua sala e os empregados trabalhavam isoladamente . Os departamentos eram verdadeiros feudos em constantes disputas entre si, na busca de destaque e de valorização por parte do chefe.

Esse modelo acabou...Hoje as empresas e as escolas buscam a sobrevivência a partir da força cooperativa de todos, da socialização do conhecimento e da informação, da valorização dos talentos e potencialidades dos colaboradores visando objetivos comuns e compartilhados.

Afinal o que diferencia um time de futebol de uma g ang de rua e uma

orquestra sinfônica de uma reunião de condomínio?

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O trabalho em equipe é dinâmico e tem uma flexibilidade que pode configurar equipes de trabalho integradas com objetivo comum, que sabem lidar com conflitos, que seus componentes possuem habilidades complementares ,que se envolvem em um propósito comum, e bem responsáveis. A essência de uma equipe é o compromisso comum, que faz as pessoas se tornarem unidades poderosas de desempenho coletivo.

Uma equipe não se caracteriza por um conjunto de pessoas trabalhando juntas, para que se torne uma equipe é necessário que exista um elemento de identidade, elemento de natureza simbólica, que agregue as pessoas, estando próximas(fisicamente) ou distantes( equipes virtuais).

O elemento de identidade que agrega as pessoas está explicito nos objetivos, nos processos, nas normas, na causa. A identidade de uma equipe irradia um valor.

Vergara (2009, p.191), o funcionamento de grupos a partir do exemplo:

Uma dúzia de indivíduos num bar, por obra do acaso, não é um grupo, embora possam esses indivíduos estar interagindo (conversando), ter um objetivo comum (beber e socializar-se) e ter consciência uns dos outros. Mas coloquemos essas mesmas pessoas numa situação de emergência- por exemplo, tomadas de surpresa por um incêndio no bar- então aquela coleção de pessoas formada ao acaso, irá tornar-se um grupo, começará a ter alguma identidade coletiva.(...). Objetivos comuns, critérios definidos de associação, hierarquias predeterminadas não são suficientes sem esta percepção( de ver-se como membro de um grupo) por parte dos membros.

No exemplo citado anteriormente percebemos que não se trata de homogeneizar todo mundo. Trata-se de integrar as diferenças individuais num todo que, embora preservando-as, é maior do que elas.

É importante ressaltar que, pode-se falar em grupo, quando um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes reúnem-se em torno de uma tarefa específica e objetivos comuns. Apesar de ter objetivo mútuo, cada participante é diferente, pois tem sua identidade.

Já vimos em outras disciplinas que para Wallon, o indivíduo é um ser geneticamente social, quer dizer que ele nasce para viver em sociedade, para agir e interagir no seu meio social, cultural, e é a partir dessas interações com o mundo que se iniciam o desenvolvimento e a construção da

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personalidade, do caráter, dos valores, dos preconceitos. Neste sentido, podemos dizer que toda pessoa está povoada de

outros grupos internos da sua história. No primeiro momento, a criança vai interagir na família e

gradativamente ampliar sua interação para os amigos, a escola. Em cada um desses grupos, o indivíduo vai desenvolver um papel social que é único naquele grupo, em determinada situação. Em um grupo ele pode assumir a liderança, em outro ser indiferente; essa situação do sujeito no grupo vai variar conforme as suas necessidades, seus interesses e seus desejos.

Segundo Madalena Freire (1997), podemos salientar dois tipos de grupo: o primário (família) e o secundário (trabalho, estudo, escola...). Sempre desempenhando o nosso papel nos diferentes espaços, segundo nossa história e nossas experiências mais marcantes.

Pichon-Riviére afirma que são cinco os papéis que constituem um grupo:

� Líder de mudança- busca soluções, arrisca-se sempre diante do

novo; � Bode expiatório-assume a culpa do grupo; � Porta voz – responsabiliza em ser a chaminé por onde saem as

ansiedades do grupo, é como uma antena que capta de longe o que está por vir;

� Líder de resistência – puxa o grupo para trás, freia avanços; � Silencioso – assumem as dificuldades dos demais para

estabelecer comunicação, favorece o falar no resto do grupo.

SAIBA MAIS -Vale a pena você ler o livro: FREIRE, Madalena, Grupo . Indivíduos, saber e parceria: malhas do conhecimento. São Paulo: Publicação Espaço Pedagógico, 1997. Série Seminários. Pense, reflita e tente responder as questões abaixo:

Quais as vantagens de se trabalhar em equipe?

Tais vantagens também existem para o trabalho em equipe na escola?

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Algumas vantagens de se trabalhar em equipe:

� agilidade na captação e no uso das informações; � maior criatividade e produtividade; � melhoria no processo de comunicação; � significam decisões de alta qualidade; � melhoria na qualidade dos produtos e serviços; � maior comprometimento, engajamento e responsabilidade; � maior tendência em assumir riscos.

É bem verdade que não temos só vantagens no trabalho em equipe,

pois não podemos desconsiderar as diferenças de valores e crenças dos colaboradores, suas visões de mundo e as motivações que conduzem a seus comportamentos, pois organizações são espaços nos quais existem interesses diversos e conflitantes.

Também devemos considerar as diferenças quanto à função psíquica predominante nos componentes da equipe (sentimento, intuição, razão, sensação).

Outra diferença está relacionada aos diferentes tipos de inteligência, segundo Gardner(1995). Para ele o indivíduo possui 8 inteligências, algumas mais predominantes do que outras: musical, lógica-matemática, linguística, corporal- sinestésica, espacial, intrapessoal ,interpessoal e naturalista.

Você é capaz de dizer qual é a inteligência predomi nante nos

personagens abaixo?

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Gardner (1995, p.32), define inteligência como:

capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas permite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo [...] Os problemas a serem resolvidos variam desde teorias científicas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso.

Lidar com as diferenças não é fácil, precisamos praticar formas de

lidar com elas, ou seja, aprender a trabalhar com elas.

Picasso, Pelé, Tom Jobim, Einstein, Michelangelo, Mar n L King

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4.2 Desenvolvimento de equipes:

aprendizagens individuais e coletivas

Quando no referimos ao desenvolvimento de equipes, precisamos nos preocupar com a liderança, pois trabalhar em equipe requer do líder em particular, e de cada colaborador em geral, a institucionalização de um processo permanente de autoconhecimento, autodesenvolvimento e contribuição ao desenvolvimento do outro. Trabalhar em equipe requer de cada um sentir-se realmente como membro de uma equipe.

Tratando-se da construção de equipe, o gestor deve se preocupar, em primeiro lugar, com o time necessário, com a equipe que vai contribuir para o seu empreendimento tornar-se realizável. Quem são esses colaboradores que serão escolhidos para compor sua equipe?

O gestor não deve se esquecer de sempre que sentir problemas de motivação em sua equipe, deve renovar os símbolos com sua equipe, ou seja, resgatar o sonho coletivo que nasceu na memória do líder. Administrar é o esforço para a execução do imaginário .

Para a construção da equipe precisamos nos preocupar com vários fatores, dentre eles, principalmente:

� a seleção das pessoas - um problema muito sério e importante,

precisamos ter critérios de seleção, ou seja, quais características os colaboradores precisam ter.

� desenvolvimento das pessoas - não podemos usar da metáfora “casa de ferreiro espeto é de pau” - a escola como instituição educacional de desenvolvimento humano, precisa preocupar-se com a formação continuada de toda a sua equipe, pois, constantemente deve estar “afiando o serrote”.

O líder deve se preocupar com quatro condições no desenvolvimento de seu time, segundo Bologna (2011):

1. aprender- aprendizagem constante 2. ganhar um salario que se mantenha; 3. avaliação profissional- o colaborador se perceba e fique

prestigiado ; 4. desenvolvimento constante na carreira.

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Na seleção da equipe precisamos considerar as características individuais e as sociais. Como características individuais estão a capacidade de perceber de exprimir e de fazer. Muitas vezes o indivíduo pode perceber bem as coisas, mas não consegue exprimir o que percebe e também não coloca em ação .

Precisamos selecionar colaboradores que tenham essas três características individuais desenvolvidas e também as características sociais, o refletir, o contratar e o avaliar.

As vezes as escolas possuem pessoas que tem a capacidade de reflexão que vão ajudar nas decisões da equipe, mas não consegue fazer. Uma equipe precisa de todas essas características desenvolvidas, as individuais e as sociais, para garantir a eficácia na escola.

É fundamental que a equipe tenha uma compreensão dos objetivos da proposta da escola e compartilhe da tomada de decisão e dos papéis de liderança. Para tanto o líder precisa encorajar um sentimento de abertura e confiança entre os seus membros, pois, quando os membros de uma equipe não estão familiarizados/acostumados com a gestão participativa, podem não reagir favoravelmente, alguns podem não querer assumir papéis de liderança.

É positivo que o líder teste soluções alternativas, pois evitará dificuldades. No relacionamento de qualquer grupo pode haver uma relação de ajuda onde cada membro do grupo pode ser tanto EU como NÓS.

Nunca adotar a votação em grupos pequenos, pois pode ser uma maneira desastrosa de se resolver diferenças; mas sim, chegar ao consenso argumentando e defendendo suas ideias.

“NÃO É COMIGO”

Esta é uma história sobre 4 pessoas:

TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

Havia um importante trabalho a ser feito e TODO MUN DO tinha

certeza de ALGUÉM o faria.

QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.

ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO

MUNDO.

TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo,

mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixaria de faz ê-lo. Ao final,

TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que

QUALQUER UM poderia ter feito.

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O trabalho em equipe requer maturidade , portanto o líder deve fortalecer o trabalho coletivo com muita cooperação entre os colegas; clarear os objetivos organizacionais para construir e fortalecer a identidade do grupo e trabalhar a formação continuada da sua equipe.

Consideramos uma equipe madura quando :

� Participam ativamente da resolução de problemas e tomada de decisões;

� São positivos e entusiasmados; � Conhecem as metas da equipe e a importância de seus

esforços para atingir esses objetivos; � Cooperam e comunicam-se entre si, apoiando o empenho

alheio; � Aceitam novas responsabilidades como desafios.

Está cada vez mais claro, que não realizamos nossos projetos

isolados, não começam e terminam em si mesmos, são parte integrante de um processo. O resultado depende da participação de todos.

Muitas tentativas de se trabalhar em equipe resultaram em fracasso,

todo líder precisa ter alguns cuidados ao montar uma equipe:

� tenha claro qual o objetivo da equipe; � escolha pessoas com habilidades, conhecimentos e

potencialidades complementares e não por características de personalidade;

� conheça as necessidades de cada colaborador da equipe; � verifique se estas necessidades podem ser direcionadas para

um objetivo comum, caso contrário reestruture a equipe; � estabeleça com a equipe as metas( desafiadoras) a serem

atingidas, os prazos e os padrões de desempenho; � esteja atento para antecipar conflitos e enfrenta-los, caso

surjam; � seja participativo, esteja presente, valorize a diversidade,

direcione e decida pela regra; � faça sua equipe perceber que o bom funcionamento depende

da confiança, da sinceridade, do respeito, do diálogo franco, da responsabilidade, da cooperação e do consenso entre todos;

� apresente feedback contínuo; � valorize os resultados alcançados, comemorando as

realizações; � delegue poderes à equipe.

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Você está preparado para trabalhar em equipe?

Faça o teste disponibilizado em

http://veja.abril.com.br/blog/testes/secao/trabalho -e-carreira/

O problema de um é problema de todos, você já ouviu falar sobre isto? Assista ao vídeo e depois faça sua reflexão. http://youtu.be/YoFPfsFTNDI

Trabalhar em equipe é uma arte, onde a competência interpessoal surge como requisito básico. O desenvolvimento de uma equipe eficaz exige de seu líder cinco atitudes básicas:

� acolher - apoiar, estimular, fazer com que seus colaboradores

sintam-se a vontade para expressar suas ideias sem receio, para fazer parte da equipe, percebendo sua importância e valorização;

� dialogar - é perguntar e ouvir resposta, é a escuta receptiva, é dizer a verdade, ou explicar o porque não pode ser dito;

� confiar - é acreditar no potencial que os colaboradores tem de desenvolver, suas competências e talentos;

� exigir - é ser firme, sem ser autoritário, é saber colocar limites, ser exigente e rigoroso mantendo o equilíbrio da equipe para que ninguém se acomode;

� compartilhar - é saber dividir sucessos e fracassos, é não ter medo de mostrar fraquezas, reconhecer sentimentos e

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expressá-los, é saber se colocar no lugar do outro, compreendendo seus pensamentos e sentimentos e respeitando-os.

4.3.Participação e Gestão Escolar.

A escola possui características fundamentais que a diferencia de outros grupos sociais como a família, grupo de amigos, são elas: objetivo definido e compartilhado por todos (educar pessoas garantindo a aprendizagem), divisão do trabalho e coordenação.

A escola , quando participativa, combina esforços individuais de pais, alunos, professores, funcionários, diretor, coordenadores e membros da comunidade para realizar o propósito coletivo da educação

Como a escola, outros tipos de organizações existem porque algumas atividades não podem ser realizadas por um único indivíduo, ou ainda, porque algumas pessoas descobrem que, se unirem suas forças, conseguirão fazer coisas mais fáceis e melhor. A missão da escola é educar, preparando o cidadão e o profissional para a vida em sociedade.

As escolas têm missões diferentes.

Verifique na escola na qual trabalha ou faz estágio , qual é a sua missão.

Todos a conhecem?

Ela existe para que?

Como garantir a criação e permanência de uma equipe organizada? Como concretizar os objetivos dessa equipe? Embora ainda seja possível encontrar organizações com

administrações diretivas, existe uma tendência crescente na descentralização de decisões, maior autonomia dos indivíduos na realização de suas tarefas e participação no planejamento e resultados organizacionais.

A figura do líder é importante, os objetivos da organização são definidos pela equipe que a forma, existe participação nas definições sobre as atividades que serão desempenhadas, bem como no desenvolvimento das mesmas e dos recursos que serão nelas alocados; e o acompanhamento da realização dos objetivos organizacionais é exercido por todos.

Considerando essencial a participação daqueles que compõem a escola em sua administração, precisamos desenvolver a equipe para uma efetiva gestão participativa mediante decisões compartilhadas.

A escola pode ser entendida como interação dos sistemas técnico e

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social. O sistema técnico, envolve o propósito, a divisão do trabalho, a coordenação, a burocracia (regras formais, profissionais e impessoais) e a tecnologia (máquinas, conhecimento especializado). Por sua vez, o sistema social, envolve as pessoas e seus comportamentos (valores, rituais, hábitos...), ambos interdependentes e complementares para seu sucesso.

Verifique na escola na qual trabalha ou faz estágio e discuta as

informações com os seus professor e colegas:

• A gestão é participativa ou diretiva?

• O líder é responsável por tudo ou delega aos colabo radores?

• O que acontece quando a equipe participa da adminis tração da

escola?

Sabemos que uma gestão participativa tem muitas vantagens como: compromisso ,motivação, atitudes colaborativas, engajamento por parte dos colaboradores.

Uma das formas de conceituar gestão é vê-la como um processo de mobilização da competência e da energia de pessoas coletivamente organizadas para que a promoção de mudanças aconteçam. A gestão participativa consiste no envolvimento de todos que fazem parte direta ou indiretamente do processo educacional. O conceito de gestão, portanto, parte do pressuposto que a organização depende da mobilização da ação construtiva conjunta.

A participação efetiva na escola pressupõe que os professores , coletivamente organizados , discutam e analisem a problemática pedagógica que vivenciam em interação com a organização escolar e que , a partir dessa análise , determinem caminhos para superar as dificuldades que julgarem mais carentes de atenção e assumam compromisso com a promoção de transformação nas práticas escolares.

A participação é uma força de atuação consciente em que membros de uma equipe se reconhecem e assumem o poder de influenciar as decisões da unidade comum; os membros devem ter consciência de seu poder de persuasão. A participação deve ser um processo dinâmico.

Tratando- se de participação, temos que elencar algumas formas no processos de gestão, segundo LUCK,(2010).

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Participação como presença

� São participantes por pertencer à um grupo (escola, associação), sem atuar;

� Pode ocorrer como obrigatoriedade ou necessidade é uma falsa participação;

� Participação passiva - apesar de não estarem ali por que querem, e aparentemente não incomodarem, geram efeitos

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negativos no contexto, contribuindo para a inércia, o comodismo e a passividade do grupo;

“Nas nossas reuniões, que não são muitas, a grande maioria fica calada. São sempre as mesmas pessoas que falam, e a maioria só fica olhando, até mesmo com indiferença. Não estão nem aí. No fim a gente toma decisão, mas não acontece nada, porque as pessoas não se envolveram. Muitas vezes até dizem: quem deu a ideia que faça.” (LUCK, 2010, p.38).

Participação como expressão verbal e

discussão de ideias

� É limitada, não passa de simples verbalização de opiniões.

“Participar dessas reuniões é pura perda de tempo. A gente sabe que é só falação, que é pura enganação. A decisão já está tomada, é fácil perceber isso pelo jeito que a reunião é conduzida. No fim a gente está se enganando” (LUCK, 2010, p.39).

Participação como representação

� Essa participação é necessária em grupos grandes onde não

permite a participação direta de todos. � Nas escolas geralmente essas organizações são: os conselhos

de classe, grêmios estudantis, associação de pais e mestres, conselho de escola, etc.

� Essa situação constitui-se em um princípio da gestão democrática definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

� E uma forma significativa de participação .

Participação como tomada de decisão

� Essa participação implica em compartilhar o poder, ou seja, as

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responsabilidades pelas decisões tomadas coletivamente, para resolver os problemas da escola.

� Essa prática tem gerado uma situação de falsa democracia:

• demora na decisão de questões urgentes;

• falta de poder do próprio gestor;

• perda de tempo em questões banais.

Participação como engajamento

� Representa o nível mais pleno de participação. � Sua prática envolve: estar presente, compartilhar ideias e o

mais importante envolver-se nos processos sociais e assumir as responsabilidades das decisões.

� Agir para implementar as ideias com competência profissional.

Devemos considerar a ética, a solidariedade, a equidade e o compromisso como valores que orientam a prática educativa.

� Ética - entendida como respeito ao ser humano, as instituições

sociais e aos elevados valores necessários ao desenvolvimento da sociedade.

� Solidariedade - reconhecimento do valor inerente a cada pessoa. São necessárias redes de apoio recíproco.

� Equidade - reconhecimento de que as pessoas e grupos em situações diferenciadas necessitam de atenção e condições especiais.

� Compromisso - ação dos envolvidos no processo pedagógico, focada e identificada com os seus objetivos, valores, princípios e estratégias de desenvolvimento.

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IMAGEM : Participação na escola

Dimensões da Participação

A participação manifesta três dimensões convergentes entre si: política, pedagógica e técnica. Elas não ocorrem de forma independente, sempre se entrecruzam, alterando-se qualquer uma das dimensões , altera-se as demais e o todo que constituem.

A dimensão política refere-se ao sentido do poder das pessoas de construírem a sua história e a historia das organizações de que fazem parte.

A dimensão política implica a vivencia da democracia e a substituição do poder “sobre” pelo poder “com”.

Nas escolas ocorre o envolvimento nas decisões do sistema de ensino, cria-se uma cultura de poder compartilhado, resultando, portanto, a construção da autonomia e do empoderamento . A escola se transforma em uma oficina de democracia.

A dimensão pedagógica da participação refere-se ao fato de que a prática é, em si, o processo formativo e , portanto, um fator fundamental de promoção de aprendizagens significativas e construção do conhecimento. (LUCK, 2010, p.67).

A dimensão técnica afirma que sem competência técnica não é possível realizar qualquer projeto pedagógico. A dimensão técnica não é um

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fim em si mesmo, mas ela é fundamental por se constituir no veículo para o alcance de resultados.

Não se trata de conceder, doar ou impor participação, mas sim de estimulá-la, de modo que se integre nesse processo contínuo. (LUCK, 2010, p.71)

Clique aqui para saber mais sobre o livro “A gestão participativa na

escola”

Síntese

Ao estudar o conteúdo da presente unidade, você deve ter percebido que a constituição de grupos, de equipes de trabalho, não é algo simples. Pois temos que trabalhar a unidade na diversidade, fazendo com que as pessoas se integrem em prol de objetivos comuns.

É aí que reside um dos grandes desafios do gestor escolar. Deve ter percebido também que a construção de uma verdadeira

equipe na escola é a base para a instauração de uma gestão participativa. Tratamos de conceitos importantes e esperamos que você tenha se

apropriado de todos eles com o pensamento voltado para: “que gestor pretendo me tornar?

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Gestão educacional – Gestão Escolar - On-Line 19

Bibliografia BOLOGNA. José Ernesto. Formando uma equipe de alta performance. São Paulo: ATTA Mídia e Educação. DVD. Coleção Gestão Escolar.

FREIRE, Madalena, Grupo . Indivíduos, saber e parceria: malhas do conhecimento. São Paulo: Publicação Espaço Pedagógico, 1997. Série Seminários.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

GARDNER, Haward. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas,1995.

LUCK, Eloisa. Liderança em gestão escolar. Petrópolis: Vozes, 2010. v.IV.

LUCK, Heloisa et al. A gestão participativa na escola. Petrópolis: Vozes, 2010. Série Cadernos de Gestão. v.III.

PICHON-RIVIÈRE, Henrique. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1982. WALLON, Henry As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1990.

WALLON, Henry. As origens do pensamento da criança. São Paulo: Manole, 1989.

VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 2009.

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Gestão da Educação

Os canais de

comunicação na Escola

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Gestão educacional – Os canais de comunicação na Escola 2

Introdução

O que você acha que as famílias, a comunidade e os próprios alunos esperam de uma escola? E você, o que espera de uma escola? Que características dela fazem diferença no que diz respeito ao nível da qualidade de ensino e de sua imagem na comunidade?

Muito provavelmente, os pais desejam que seus filhos aprendam bem, que os conhecimentos, habilidades, valores sejam significativos para a vida de seus filhos.

Podemos então dizer que as expectativas dos pais sintetizam: as escolas se diferenciam entre si pelo grau em que conseguem promover a aprendizagem de seus alunos. Portanto, as escolas precisam funcionar bem para garantir uma aprendizagem e o modo de funcionamento é que faz a diferença nos resultados escolares de seus alunos.

Na presente unidade vamos tratar de um dos aspectos fundamentais da organização da escola : OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO .

Vamos então, abordar os seguintes temas:

• Reuniões: seu uso, avanços e possibilidades; • As instâncias de participação na escola; • Conselho: momento de avaliação e revisão da prática

pedagógica.

Ao concluirmos os estudos dos temas propostos você deve ser capaz de: • Organizar com técnicas adequadas, uma reunião com o s

mais diversos propósitos; • Identificar as instâncias de participação na gestão da

escola e o papel e contribuição de cada uma delas;

ATENÇÃO!

Para o desenvolvimento do conteúdo desta unidade, serão indicados trechos do livro : MESTRE DA MUDANÇA, são importante orientações para liderar escolas com a cabeça e o c oração.

Por isso, recomendamos fortemente que você o adquir a e o tenha em mãos para o estudo dessa unidade.

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5.1.Reuniões: seu uso, avanços e

possibilidades

Todas as pessoas tem a capacidade de se comunicar, de forma consciente ou não, verbal ou não verbal. Entretanto a qualidade da mensagem transmitida e a compreensão de seu conteúdo , muitas vezes deixam a desejar, comprometendo fortemente as relações interpessoais e os resultados nas organizações escolares.

Escolhemos as pessoas, os assuntos e as coisas com as quais vamos interagir. A comunicação se efetua de forma seletiva, assim como, o processo de comunicação tem uma dimensão temporal, suas relações presentes e futuras, estabelecem-se em função das nossas interações passadas. Precisamos também salientar a importância do feedback, um processo intrínseco de ajustamento na comunicação. Quando falamos com a outra pessoa, esperamos resposta. Ao recebermos esta realimentação, passamos a ajustar nossa próxima comunicação levando em consideração o feedback recebido.

A comunicação que estabelecemos com o outro depende de alguns fatores como o repertório que domina e tem em comum, pois comunicação é compartilhar significados, sistemas de classificação e organização dos

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dados, na transmissão ou recepção de mensagens. As palavras não tem o mesmo sentido para cada um de nós, pois depende da nossa educação, religião, hábitos familiares, formação, experiências e nossa personalidade.

A comunicação se estabelece nos níveis intrapessoal e interpessoal. É possível comunicar sem falar (não verbal) e falar sem comunicar, pois durante uma exposição, as palavras fazem passar uma mensagem mas, além delas, tudo no nosso comportamento contribui para a transmissão da mensagem (o tom, o olhar a expressão, os gestos).

Alguns cuidados são necessários no processo de comunicação, para que ele ocorra com qualidade:

� escuta receptiva - escute atentamente o outro, não pense na resposta que vai dar enquanto o outro fala, encoraje à comunicação e à participação . Ela traduz a nossa completa disponibilidade perante o nosso interlocutor.

� demonstre respeito - evite julgamento em uma comunicação, admita que o outro tenha seus valores, crenças ou conceitos diferentes dos seus.

� compreenda com empatia seu interlocutor - procure colocar-se no lugar do outro, inclusive recordando-se de experiências e

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situações semelhantes, percebendo a realidade como o outro a percebe, suas preocupações, medos e preconceitos.

� forneça feedback - no comportamento relativo a uma situação específica, concreta e atual; focalize no comportamento e não na pessoa, concentre em observações, em fatos e não em inferências.

Um dos importantes mecanismos de comunicação em qualquer organização, são as reuniões.

Para você refletir:

Para que servem as reunião?

São geralmente produtivas?

Por que provocam mais apatia que entusiasmo em muit os

colaboradores?

Por que não são bem vistas na escola?

As reuniões de trabalho são um dos instrumentos chave de uma gestão eficaz, se forem corretamente planejadas e conduzidas, e utilizadas com habilidade pelo gestor. Quando os colaboradores tomam consciência de pertencer a uma equipe, e o líder ser aceito como tal, as decisões tomadas serão executadas com empenho.

É nas reuniões entre o gestor e seus colaboradores que se cria e fortalece uma equipe: um grupo de pessoas que se conhecem e juntam esforços com o fim de atingir um ou mais objetivos comuns. É também o local onde os colaboradores sentem-se engajados, tem consciência de pertencer a equipe escolar, pois a reunião é o espaço no qual o gestor pode, melhor do que em qualquer outro, ser reconhecido e aceito enquanto líder, não só por ser autoridade formal, mas principalmente pelas suas competências técnicas e qualidades humanas que são esperadas pelos seus colaboradores (autoridade real ou pessoal).

Ser um líder não só de direito, mas, de fato. Quando um colaborador participa na resolução de um problema e na

elaboração de uma solução aceita por todos, tem a sensação que se trata um pouco da “sua solução”, (ainda que sua opinião não tenha sido considerada senão parcialmente). Devido a sua contribuição, sente-se responsável pela sua aplicação e aceita espontaneamente o compromisso de implementar essa aplicação. Na realidade, a reunião ajuda cada participante a compreender melhor, qual o objetivo coletivo da equipe e a forma como o

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seu trabalho e o dos outros pode contribuir para atingi-lo. É o engajamento da equipe, o compromisso dos colaboradores.

Tudo isso só é viável quando a gestão for participativa, democrática, visando a tomada de decisão coletiva e o engajamento, que representa a melhor forma de participação de uma equipe.

É nas reuniões que ocorre a troca de conhecimentos, competências e de experiências pessoais por parte dos participantes. Este intercâmbio é um fator essencial para a eficácia dos trabalhos, pois acarretará ideias e soluções mais racionais, criativas e inovadoras.

Para executar mais eficazmente as nossas funções de gestores, devemos em primeiro lugar melhorar a nossa capacidade de diálogo com os nossos colaboradores. Duas razões justificam a necessidade de melhorarmos a nossa prática de reuniões: em primeiro lugar, o sucesso da escola depende diretamente da qualidade da comunicação que praticamos em todos os níveis; por outro lado, a nossa prática das entrevistas choca com uma série de obstáculos, dos quais não estamos totalmente conscientes. Obstáculos resultantes da natureza das relações hierárquicas entre o gestor e o seu colaborador, e, também, por fatores que prejudicam toda a comunicação entre os seres humanos (visto anteriormente).

Toda reunião precisa ser muito bem preparada, pois o planejamento representa 99% do seu sucesso. Para preparar uma reunião precisamos definir claramente o objetivo a atingir, preparar as questões abertas que faremos ao nosso colaborador, definirmos a forma que iremos adotar (diretivos ou empáticos), o tipo de reunião (aperfeiçoamento ou informação), prepararmos o ambiente e garantirmos que não seremos interrompidos (telefones, visitas, secretaria...), pauta entregue ao colaborador, com antecedência ,para que ele se prepare para a reunião.

Veja a seguir, uma máscara para o preparo da reunião.

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PREPARAÇÃO DE UMA REUNIÃO

TEMA:

DATA: LOCAL DA REUNIÃO:

INÍCIO: TÉRMINO:

OBJETIVOS:

QUESTÕES PRÉVIAS:

Se esta reunião não se realizasse, quais seriam as consequências? Esta reunião é o único meio de atingir os objetivos desejados?

Quais seriam os outros meios de atingir os objetivos?

PAUTA/ORDEM DE TRABALHOS:

1. 2. 3. 4. 5.

PARTICIPANTES:

1. 2. 3. 4. Quem não pode faltar à reunião? Quem mais poderia se beneficiar desta reunião?

PROVIDÊNCIAS:

A sala está reservada? O material necessário foi providenciado? (projeção, papel, etc)

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Foram tomadas as providências para que não haja int errupções durante a reunião?

Os serviços de atendimento foram notificados? (telefonista, secretária, atendente)

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA:

As reuniões servem para a recolher informações, a resolução de problemas, a tomada de decisões, investigação, descoberta, estudo (formação continuada).

Reunião de recolher informações – visam recolher informações sobre fatos concretos, ou certas situações, são conduzidas com uma atitude diretiva e contemplando perguntas abertas investigativas (PAI) que exigem respostas concretas. Como estas reuniões servem, na maioria das vezes, para tomar decisões, as informações recebidas deverão ser sempre confirmadas. Tais reuniões precisam ser seguidas por reuniões de resolução de problemas, caso contrário podem provocar desmotivação no colaborador.

Reunião de descoberta – tem como objetivo o conhecimento mais profundo do outro, exemplo: reunião de admissão, de promoção, de mudança de função, de demissão. Existe o equilíbrio entre as fases diretivas e não diretivas. Conseguimos mais informações sobre o candidato ouvindo as perguntas que eles colocam, do que as respostas dadas por eles. São reuniões válidas para o desenvolvimento a médio e longo prazo dos colaboradores, servem para o gestor como reconhecimento das vocações e desejos dos colaboradores.

Reunião de resolução de problemas – exige duas atitudes: a diretiva (que permite ao gestor fazer passar uma decisão com as explicações necessárias) e a empática (que permite ao gestor ouvir o seu colaborador e leva-lo a fazer propostas concretas). São necessárias, também, quando há divergência de interesses, ou quando pontos de vista contraditórios precisam da intervenção do líder.

Reunião de estudo/ formação continuada – são realizadas com uma atitude positiva, tendo em vista o aperfeiçoamento dos colaboradores.

Reunião para o anúncio de decisão – sermos bem objetivos, quando formos passar uma decisão contra as expectativas necessidades e desejos do colaborador. Fazer um acolhimento positivo e comunicar rapidamente a decisão tomada, sem “rodeios” e justificativas. Ouvir os desabafos se ele não gostar da decisão, sem interferir. Precisamos explicar a decisão , dar razões de forma neutra, precisa, objetiva e imparcial. Por fim valorizá-lo e tranquilizá-lo.

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Reunião de avaliação – essa reunião é um dos problemas mais difíceis da gestão participativa. Para conseguir uma avaliação eficaz deve permitir ao colaborador avaliar, ele próprio, os resultados e os esforços anteriores, analisar as causas das suas dificuldades, apresentar soluções construtivas e propor objetivos apelando para os seus pontos fortes.

O gestor precisa ter alguns cuidados nas reuniões:

� gestor não tem o monopólio das boas ideias, e o homem só gosta realmente de realizar o que descobriu ou ajudou a descobrir;

� As questões abertas, instrumento chave da participação, visam obter o maior número possível de informações e incentivar a participação;

� A escuta receptiva ajuda consideravelmente a não nos perdermos às nossas próprias ideias e encoraja os outros à comunicação e à participação;

� gestor deve incitar constantemente à livre expressão dos participantes e evitar ao máximo utilizar a sua autoridade;

� Fazer falar os tímidos e calar os faladores; � Dar provas de diretividade para evitar os desvios e levar o

grupo a refletir sobre os temas tratados; � gestor deve saber e poder acabar uma discussão.

Para complementar seus estudos leia a Parte II do livro Mestre da Mudança – p.33 – 95. EDNIR, Madza e outros. Mestres da mudança: liderar escolas com a cabeça e o coração. Porto Alegre: Artmed, 2006

5.2. As instâncias de participação na escola

Comunicação é uma palavra que vem do latim e significa ideia de comunhão, participar em comum, compartilhar e estabelecer a troca de informações. Toda escola precisa abrir canais de comunicação que favoreçam esse intercâmbio e possibilite ampliar relações com a comunidade interna e externa.

A comunicação é um processo de construção compartilhada, uma rua de mão dupla, a sua finalidade é viabilizar a transformação na escola, melhorando o seu clima, com menos ruídos internos e externos e

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agilizando o intercâmbio nos diferentes segmentos da escola (pais, alunos, professores, colaboradores).

A escola deve viabilizar os vários canais de comunicação, como espaços de representação dos seus diferentes segmentos: discentes, docentes, funcionários, pais e comunidade. É por estas instâncias colegiadas, resultado de conquistas da própria comunidade, que a gestão democrática ganha força e pode transformar a realidade escolar, dependendo das relações que se estabelecem entre os colaboradores e a gestão escolar. Segundo Veiga (1998, p.113):

Podemos considerar que a escola é uma instituição na medida em que a concebemos como a organização das relações sociais entre os indivíduos dos diferentes segmentos, ou então como o conjunto de normas e orientações que regem essa organização.(...) Por isso torna-se relevante as discussões sobre a estrutura organizacional da escola, geralmente composta por conselho Escolar e pelos conselhos de Classe que condicionam tanto sua configuração interna, como o estilo de interações que estabelece com a comunidade.

Muitas vezes ouvimos de pais e professores sobre a participação no Conselho de Escola:

� O Conselho de Escola sempre existiu? Para que serve?

Quando começou essa história de Conselho? � Eu até gostaria de participar, mas tenho 3 filhos para criar e

tenho que sustenta-los... � Porque marcam reuniões do Conselho durante o dia? Eu

trabalho e não posso faltar. � Participar do Conselho?...Eu não ganho para isso... � Precisamos mudar a escola, mas será que é participando do

Conselho?

Durante a década de 80, a população , movida pela necessidade de participação democrática no processo de tomada de decisões, mobilizou-se reivindicando espaços institucionais de intervenção junto aos órgãos governamentais (Antunes,2002)

Assim , também, no século XXI (2013), presenciamos as manifestações de estudantes e profissionais reivindicando melhores condições de vida quanto à saúde, educação, transporte...

No Estado de São Paulo, na rede estadual de ensino, a partir da

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implantação do Estatuto do Magistério, através da lei complementar n 444 de 1985, em seu artigo 95, o Conselho Escolar passou a ser um órgão colegiado, representativo da Comunidade Escolar, de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora.

Seu papel é dar pareceres relativos ao trabalho de organização e realização do trabalho pedagógico e administrativo da escola, isto é, ao estudo, planejamento e acompanhamento das principais ações no dia-a-dia da escola, em conformidade com as políticas e diretrizes educacionais da SEED, observando a Constituição, a LDB, o ECA, o Projeto Político-pedagógico e o Regimento Escola/Colégio , para o cumprimento da função social e específica da escola (Estatuto do Conselho Escolar, 2005).

O Conselho Escolar é o grande aliado da direção na gestão da escola, é um espaço privilegiado para o exercício da vivência cidadã e apropriação de diferentes saberes que favorecem a democracia.

No entanto, para que essa parceria realize um trabalho de acordo com o esperado e satisfaça a comunidade, é fundamental que haja sintonia entre os parceiros e abertura por parte da direção para ouvir e aceitar a voz do conselho.

Muitas vez não ocorre , por parte da direção, uma relação de respeito pela opinião de uns e outros, cumplicidade nas tomadas de decisão e, principalmente, é importante ,que todos tenham objetivos comuns. A participação do conselho deve se dar de forma autônoma, espontânea e consciente. Segundo Werle (2003, p.60):

[...] não existe um Conselho no vazio, ele é o que a comunidade escolar estabelecer, construir e operacionalizar. Cada conselho tem a face das relações que nele se estabelecem. Se forem relações de responsabilidade, de respeito, de construção, então, é assim que vão se constituir as funções deliberativas, consultivas e fiscalizadoras. Ao contrário, se forem relações distanciadas, burocráticas, permeadas de argumentos, tais como:” já terminou meu horário”, “ este é meu terceiro turno de trabalho”, “vamos terminar logo com isto”, “não tenho nada a ver com isto”, com que legitimidade o conselho vai deliberar ou fiscalizar?!

O diretor da escola é o presidente do Conselho, mas não deve monopolizar as decisões, é muito importante que ocorra a conscientização dos segmentos envolvidos. Isso de certa forma começa a acontecer através de programas de capacitação para a participação mais consciente e cidadã desses representantes da comunidade.

A forma de gestão da escola, também favorece ou não, essa

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participação da comunidade nos Conselhos. Precisamos sair da conversa e ir para a ação, para que a teoria se concretize.

Considerando a escola na qual trabalha ou faz estág io, reflita:

Existe um Conselho formalmente constituído?

Conselhos têm atendido aos pressupostos democrático s?

Têm propiciado a vivência cidadã e representado os interesses

coletivos?

Até que ponto eles são órgãos legitimamente democrá ticos, se o

presidente é o diretor da escola?

SAIBA MAIS

Para entender melhor as atribuições de cada colegiado. Leia o livro: ANTUNES, Ângela. Aceita um conselho? Como organizar o Colegiado Escolar. São Paulo: Cortez, 2002.

Resguardando o princípio da participação, é bom considerar que a escola tem funções sociais explícitas, objetivos próprios, projeto político pedagógico, estrutura de gestão, elaborados de forma coletiva, dentro do critério do respeito aos papéis e competências.

Os professores tem seu espaço específico e autônomo, bem respeitado e o envolvimento e participação dos pais é legítima e necessária.

Outro espaço de participação na escola é APM (Associação de Pais e Mestres), uma instituição paralela à estrutura organizacional da escola, como o Grêmio Estudantil.

A APM, pessoa jurídica de direito privado, é um órgão de representação dos Pais, Mestres e Funcionários do Estabelecimento de Ensino, que não tem caráter político-partidário, religioso, racial, nem fins lucrativos. Seus dirigentes e conselheiros não são remunerados, são constituídos por prazo indeterminado e devem obedecer ao objetivo de promover a integração

escola-comunidade (Estatuto da APM, 2003) Na APM participam os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-

administrativo e alunos maiores de 18 anos; contempla uma diretoria executiva, um conselho deliberativo e um conselho fiscal.

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Considere a escola na qual trabalha ou faz estágio e responda as

questões abaixo:

Existe a APM?

É um órgão representativo, para que a comunidade e scolar expresse

suas expectativas e necessidades?

Com base nos objetivos e atribuições da APM, você a valia que a

Instituição tem cumprido seu papel?

Existem vários outros motivos que justificam a falta de participação da comunidade: “desconhecimento do poder de atuação, falta de apoio por parte dos dirigentes escolares, falta de hábito e experiência de participação, nível de escolaridade da população, indisponibilidade de tempo, entre outros”. (GALINA, 2007, p. 41).

Outras instâncias de ação colegiada, institucionalizadas ou não, como a Associação de Pais, Mestres e o Grêmio Estudantil, podem ser importantes ferramentas para o aprimoramento do processo educativo e para o exercício da democracia no interior das escolas. Confirmando a importância dos colegiados para a efetivação do processo democrático, Abranches (2003, p.14) ressalta que:

Os órgãos colegiados têm possibilitado a implementação de novas formas de gestão por meio de um modelo de administração coletiva, em que todos participam dos processos decisórios e do acompanhamento, execução e avaliação das ações nas unidades escolares, envolvendo as questões administrativas, financeiras e pedagógicas

Para administrar a escola, o gestor pode contar com o apoio de outras pessoas, representantes nos colegiados, que, nas decisões essenciais e nos projetos da unidade escolar, em seus vários níveis, demonstrem ter os mesmos interesses e objetivos, sem com isto significar um novo modelo de cogestão, pois o diretor continua sendo a autoridade responsável pela escola. Cada colegiado tem espaços de participação bem definidos nos documentos que o regularizam.

O Conselho de Classe é um órgão colegiado de gestão. Dentro da organização do trabalho pedagógico se configura como espaço que possibilita a análise do desempenho do aluno e do desempenho da própria escola de forma coletiva propondo ações e intervenções para a melhoria da

aprendizagem do aluno e da prática docente.

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Assim, o Conselho de Classe é um órgão colegiado que pode propiciar o debate permanente e a geração de ideias numa produção social. A dimensão dos espaços coletivos é essencial para o estabelecimento de uma relação social transformadora, e torna-se fundamental o resgate das instâncias colegiadas na escola.

É importante salientar que, as instâncias colegiadas, mais do que integração da escola com a família e a comunidade ou colaboração dos pais, é preciso entender essa presença como mecanismo de representação e participação política.

A escola não pode ser mais uma instituição isolada em si mesma, pois

“[...] trata-se da percepção de que, para funcionar a contento, a escola necessita da adesão de seus usuários (não só de alunos, mas também de seus pais ou responsáveis) aos propósitos educativos a que ela deve visar, e que essa adesão precisa redundar em ações efetivas que contribuam para o bom desempenho do estudante.” (PARO, 2007, p.32)

5.3- Conselho: Momento de avaliação e

revisão da prática pedagógica

A escola democrática é aquela em que os segmentos que a compõem (pais, alunos, especialistas e funcionários) discutem e encaminham os rumos da política educacional global e do projeto político pedagógico escolar.

O gestor/educador deve possuir visão global do processo educativo, desde a sala de aula, até o processo administrativo da escola. Ele tem que se constituir em sujeito de seu trabalho, rompendo assim com a divisão entre os que planejam e os que executam, apropriando-se do trabalho global da escola e contribuindo para a efetivação da qualidade de ensino.

A escola deve ser administrada de forma coletiva, contemplando todos os segmentos que a compõem e que dela se utilizam. Sendo assim, as funções administrativas e pedagógicas precisam estar inseridas numa ação coletiva de construção do projeto político pedagógico da escola. Por isto, é fundamental que esta gestão ocorra de forma colegiada, através do Conselho de Escola.

Na gestão colegiada, o projeto pedagógico emerge como vontade coletiva de todos os segmentos da comunidade escolar e não mais de forma fracionada entre aqueles que ocupam diferentes cargos ou funções. Ela tem

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importância como mediação de uma prática política pedagógica, pois, ao se firmar na decisão coletiva, constitui-se em um espaço de comprometimento dos membros da comunidade escolar com o projeto politico pedagógico a ser desenvolvido.(MOURA, 1999)

Um projeto pedagógico construído por todos que atuam no cotidiano escolar e que considerem as questões relativas ao currículo, ao planejamento, à avaliação e à organização e funcionamento da escola como instituição social é o ideal para uma escola que busque a eficácia na qualidade de ensino.

� Como garantir este fazer pedagógico? � Que elementos seriam envolvidos na construção coletiva desse

projeto? � Será que todas as escolar têm esse propósito?

Toda escola precisa fazer anualmente uma avaliação de todas as atividades realizadas em todos os segmentos, para identificar e apontar problemas, suas causas e discutir alternativas de solução , levantando propostas para sua superação . As conclusões são encaminhadas, por seus representantes, ao Conselho de Escola, a fim de que, a partir da reflexão coletiva, estabeleçam as diretrizes e metas para o ano seguinte.

A cada início de ano , na organização da escola, parte-se da análise da realidade:

� que alunos temos? � quem é o aluno que procura a nossa escola? � o que pensa? � com quais expectativas ele vem? � quais valores acredita? � quais seus ideais?

É muito importante conhecer a heterogeneidade dos alunos, bem como considerar estes dados no processo de planejar e formalizar os planos de ensino.

A partir da reflexão, da discussão acerca do aluno real, a equipe de professores, especialistas, funcionários e pais, no Conselho de Escola, vai estabelecer as características do cidadão/educando que deseja formar, ou seja, os objetivos educacionais que a escola pretende atingir com seus alunos. Os objetivos educacionais nascem da relação entre as características dos educandos, suas necessidades, e a proposta pedagógica , o currículo, que a equipe de educadores pretende desenvolver na escola.

Temos que buscar alternativas para a superação da dicotomia teoria/prática

observada no cotidiano escolar e vimos como um caminho a reflexão da prática escolar , pois sabemos que o professor, quando reflete o seu fazer, sente aquilo que está fazendo e, consequentemente , realiza um trabalho

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pedagógico competente que tem como finalidade à transformação. Esta reflexão é necessária por todos que atuam no cotidiano escolar. (MOURA, 1999).

É necessário que os profissionais da área da educação repensem criticamente os elementos que compõem o currículo:

� Que conteúdos vão ser selecionados? � Para saber o quê? � Que princípios estão orientando a seleção, distribuição e

organização dos conteúdos? � Os conteúdos estão articulados com os objetivos políticos

pedagógicos da educação escolar? � De que forma está ocorrendo a assimilação e a transmissão do

conhecimento ? � Está havendo a construção do conhecimento? � Os alunos estão construindo o seu próprio conhecimento de forma

crítica? � De que forma esta sendo feito o acompanhamento do processo

ensino/aprendizagem nas diferentes disciplinas? � Que dificuldades de aprendizagem estão ocorrendo? � As avaliações estão servindo de diagnósticos constantes para a

reorientação da prática educativa?

Sistematicamente, evidencia-se o trabalho coletivo na escola, com o objetivo de refletir a prática docente, garantindo a articulação horizontal e vertical dos conteúdos e o compromisso maior por parte dos professores em relação ao trabalho que desenvolvem, como corresponsáveis na construção do projeto pedagógico da escola.

Todo este trabalho pode ser desenvolvido semanalmente , nas reuniões dos Conselhos de Classe, com professores do Ensino Fundamental II; dos Conselhos de Série, com professores do Ensino Fundamental I; dos Conselhos por Curso, com professores da Educação Infantil, Ensino Médio, ou do EJA. Ou ainda quinzenalmente nas reuniões por área e/ou disciplinas.

A Gestão é fundamental no desenvolvimento dessa prática, valorizando e favorecendo os momentos para essa reflexão coletiva, garantindo espaços para que o professor juntamente com seus pares reflitam o seu fazer e contribuam na construção, acompanhamento e reelaboração do projeto pedagógico.

A escola tem como princípio discutir coletivamente todos os problemas para a sua análise e possíveis soluções. Tem como preocupação a formação de uma competência coletiva, ou seja, todos devem planejar, realizar e acompanhar as suas ações e refletir para possíveis modificações. Entendemos que o projeto pedagógico se faz nos momentos coletivos e no

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planejar o fazer pedagógico de cada um dos colaboradores que participam do cotidiano escolar.

Assim, podemos dizer que, nas organizações e principalmente na escola, a diferença está nas pessoas.

Síntese

Pelo conteúdo que desenvolvemos ao longo dessa unidade, e pelo que já estudamos, você deve ter clareza de que a qualidade do ensino depende de mudanças no âmbito da organização da escola, o que envolve desde a estrutura física, as condições de funcionamento, a estrutura e a cultura organizacional, até as relações entre a escola e sua comunidade.

Você deve ter clareza de que a organização da escola funciona com base em dois movimentos inter-relacionados: de um lado, a estrutura e a dinâmica organizacional atuam na produção das ideias, dos modos de agir, das práticas profissionais de todos os seus membros; de outro, estes são participantes ativos da organização, contribuindo com a definição de objetivos, com a formulação do projeto político-pedagógico, com a atuação nos processos de gestão e de tomada de decisão.

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Bibliografia ABRANCHES, Mônica. Colegiado Escolar: Espaço de participação da comunidade. São Paulo: Cortez, 2003.

ANTUNES, Ângela. Aceita um conselho? Como organizar o colegiado escolar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo freira,2002.

GALINA, Irene de Fátima. Gestão democrática e Instâncias colegiadas. In: CARVALHO, Elma Júlia (org). Caderno Temático - Gestão Escolar. Material pedagógico produzido no PDE. Maringá, 2007.

MOURA, Elaine Maria S. L de. Uma reflexão conjunta sobre o cotidiano da escola de 1o Grau. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/prp_a.php?t=015

PARO, Victor Henrique. Qualidade do Ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2007.

VEIGA, Zilah de Passos Alencastro. As instâncias colegiadas da escola. In: VEIGA, Ilma P. e RESENDE, Lúcia M.G. de (orgs). Escola: Espaço do projeto político – pedagógico. Campinas: Papirus, 1998.

WERLE, Flávia Obino correia. Conselhos Escolares: implicações na gestão da Escola Básica. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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Gestão da Educação

Projeto Político -

Pedagógico

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Gestão educacional – Projeto Político - Pedagógico 2

Introdução

Já dissemos em outras disciplinas e outras oportunidades que a escola deve se organizar a partir de três instrumentos básicos: o projeto político-pedagógico, o plano escolar e o regimento escolar.

Aqui vamos tratar do PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO da escola:

• Projeto Político-Pedagógico: concepções • Projeto Político-Pedagógico: princípios norteadores • Construindo o Projeto Político-Pedagógico

Você verá que o Projeto Político-Pedagógico deve se constituir em referência norteadora de todos os âmbitos da ação educativa da escola. Por isso, sua elaboração requer, para ser expressão viva de um projeto coletivo, a participação de todos aqueles que compõem a comunidade escolar.

Assim, cabe ao gestor articular e construir espaços participativos, para produzir no coletivo um projeto que diga não apenas o que a escola é hoje, mas também aponte para o que pretende ser, exige método, organização e sistematização.

Devemos considerar que, é na ação pedagógica da escola que se torna possível a efetivação de práticas sociais emancipatórias, da formação de um sujeito social crítico, solidário, compromissado, criativo, participativo. É nessa ação que se cumpre, se realiza, a intencionalidade orientadora do projeto construído.

Ao terminar os estudos aqui propostos, esperamos que você seja capaz de:

Identificar o projeto político-pedagógico da escola como importante instrumento de que permite desenvolver c om competência a proposta da escola;

Participar, com competência e contribuições efetiva s, da concepção e construção do projeto político-pedagógi co da escola na qual atua, em parceria com seus colegas.

ATENÇÃO! Para o desenvolvimento do conteúdo desta unidade, serão

indicados trechos do livro : MESTRE DA MUDANÇA, são importante orientações para liderar escolas com a cabeça e o c oração.

Por isso, recomendamos fortemente que você o adquir a e o tenha em mãos para o estudo dessa unidade.

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Gestão educacional – Projeto Político - Pedagógico 3

6.1. O Projeto Político-Pedagógico:

concepções

Sabemos que toda escola tem ou precisa ter, o seu p rojeto político-

pedagógico (PPP).

Mas, será que está claro para a comunidade escolar o significado de

projeto?

E o que é projeto político-pedagógico escolar?

Qual a sua finalidade para a escola?

Trata-se do planejamento estratégico?

Estas e muitas outras perguntas, sempre me fazem, q uando inicio um

curso , ou um trabalho de assessoria...

Aproveite e faça você essas perguntas na escola na qual faz estágio

e/ou trabalha.

Socialize suas respostas com os seus colegas e prof essor pelo fórum

A elaboração do projeto político-pedagógico é problemática,

representando um grande desafio para os educadores: no que diz respeito ao envolvimento da equipe, à escolha da concepção, os marcos referenciais...

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Gestão educacional – Projeto Político - Pedagógico 4

Hoje a escola se questiona sobre os seus fins, não mais sobre os seus métodos. Para que serve a escola? Que tipo de aluno estamos formando? Para atuar em qual sociedade?

Atualmente o projeto político-pedagógico tem sido objeto de estudo para professores, pesquisadores e instituições educacionais (nacional, estadual e municipal), em busca da melhoria do ensino , visando uma escola eficaz.

É na escola que escolhemos a concepção, realização e avaliação do projeto (PPP), pois necessita organizar o seu trabalho pedagógico baseando-se nos seus alunos. A escola precisa assumir suas responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas centrais tomem essa iniciativa.

Até bem pouco tempo a questão da escola limitava-se a escolher entre ser tradicional e ser moderna. Essa tipologia não desapareceu, mas não respondem a todas as necessidades da escola atual. Frequentemente se confunde projeto com plano. Certamente o plano diretor da escola (como conjunto de objetivos, metas e procedimentos) faz parte do seu projeto, mas não é todo ele. Um projeto precisa considerar a sua história, que é o conjunto dos seus currículos, dos seus métodos, o conjunto dos seus atores internos e externos e o seu modo de vida (GADOTTI, 2007).

Para se construir um projeto precisamos considerar a sua direção política, seus objetivos educacionais, seu norte. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político.

No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, que significa lançar para diante. Plano intento, desígnio.

Na construção do projeto político-pedagógico da escola, precisamos planejar o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antecipar um futuro diferente do presente. Segundo Gadotti, (2007, p.579)

Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.

O projeto político-pedagógico não é um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. Ele deve ser construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Não é uma tarefa burocrática, para ser arquivado e encaminhado às autoridades educacionais. É uma ação intencional, com um

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sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente, como por exemplo: formação do cidadão participativo, responsável, comprometido, crítico e inovador.

É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. ”A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica “ (SAVIANI, 1983,p.93). É pedagógico no sentido de definir as propostas educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. O termo pedagógico é representativo de uma concepção de educação que considera a Pedagogia como a reflexão sistemática sobre as práticas educativas.

O projeto político-pedagógica, ao se constituir em processo democrático de decisões , preocupa-se em implantar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando solucionar as relações competitivas, e autoritárias , rompendo com a burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentados da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão.

(VEIGA,1998).

A quem compete a responsabilidade da constituição d o projeto da

escola?

Quem deve elaborar o plano de ação para a escola?

Quais suas características?

Leia a parte III do livro Mestre da Mudança, p. 97 à 105., para maiores esclarecimentos sobre o plano de ação. EDNIR, Madza e outros. Mestres da mudança: liderar escolas

com a cabeça e o coração. Porto Alegre: Artmed, 2006

O projeto político-pedagógico não é responsabilidade apenas de sua direção. Em uma gestão participativa, a responsabilidade é de todos os colaboradores que compõem à escola. É um trabalho cooperativo da equipe escolar.

A escola que conseguir elaborar e executar o projeto , coletivamente, dará mostras de maturidade de sua equipe, de bom nível dos seus professores, de capacidade de liderança da direção e de envolvimento da comunidade escolar, demonstrando um nível de autonomia da equipe escolar. (LIBÂNEO, 2004).

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Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento de suas próprias contradições , o projeto (PPP) está inserido em um cenário marcado pela diversidade. Não existe escolas iguais, a pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da história da educação da nossa época. Toda escola tem autonomia para construir o seu projeto e autonomia para executá-lo e avalia-lo.

Para que a construção do projeto político-pedagógico seja possível não é necessário convencer os diferentes segmentos da escola (professores, especialistas, funcionários) a trabalhar mais, mas sim, propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente.( VEIGA, 1998).

A luta da escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e qualidade, isto é, a equipe escolar assumindo seu poder de decisão , a corresponsabilidade pelas ações de ensino aprendizagem e um bom projeto pedagógico, e também ,a autonomia pedagógica e financeira. Resulta também na formação de vínculos mais estreitos com a comunidade.

6.2. Projeto Político-Pedagógico: princípios

norteadores

Ando devagar porque já tive pressa E levo esse sorriso

porque já chorei demais Hoje me sinto mais forte, Mais feliz, quem sabe, Eu só levo a certeza

De que muito pouco sei, Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs

(Tocando em frente - Almir Sater/Renato Teixeira)

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Conforme afirma Veiga (1998. p.12) “Ao construirmos os projetos de nossas escolas,

planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscamos o possível”.

Ele deve ser considerado um documento vivo, pois envolve a equipe escolar, articulada e comprometida, subsidia a organização do trabalho pedagógico e educativo da escola.

O político e o pedagógico são indissociáveis, o projeto deve ser considerado um processo constante de discussão e reflexão dos problemas vivenciados nas escolas, além de favorecer a busca de alternativas para concretizar a real intenção.

Todo projeto político-pedagógico precisa ter uma abordagem que está fundada nos princípios que deverão orientar a escola democrática:

� Igualdade de condições para acesso e permanência na escola - é mais que escola para todos, expansão qualitativa e sim, oferecer um atendimento que favoreça aprendizagem com qualidade para todos.

� Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais - é um grande desafio e implica em duas dimensões interligadas : a técnica (instrumentos ,métodos, as abordagens) e a política(fins, valores e conteúdos). A qualidade técnica está relacionada com a qualidade política que centra-se no desafio de usar os instrumentos próprios para fazer a história humana. A qualidade “implica consciência crítica

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e capacidade de ação , saber e mudar” (DEMO 1994,p.19). � Gestão democrática - é um principio consagrado pela

Constituição vigente nas dimensões pedagógicas, administrativas e financeiras. Ela exige a compreensão dos problemas apresentados pela prática pedagógica e o compromisso da construção coletiva de um projeto político pedagógico voltado à educação das classes populares, entendendo que a escola pública é uma conquista da comunidade. Entendendo também ,que toda a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e não apenas os seus receptores dos serviços educacionais, assumindo sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola. Esse princípio não é fácil de ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na construção do projeto político pedagógico por parte de representantes dos diferentes segmentos da escola.

� Liberdade é outro princípio constitucional - está sempre ligado à ideia de autonomia. A autonomia e a participação não se limitam à mera declaração de princípios registrados em algum documento. Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola, na escolha do livro didático, no planejamento de ensino, na organização do calendário, de eventos culturais, esportivos. Precisa ser impregnada de uma atmosfera que reflita na escola uma atitude e método. como observada na circulação das informações , na divisão do trabalho, na distribuição das aulas, na capacitação dos recursos humanos (GADOTTI,2007). A liberdade deve ser considerada, também, para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber direcionados para uma intencionalidade definida coletivamente.

� Valorização do magistério é um principio central n a discussão do projeto político pedagógico - a formação continuada é um direito de todos os profissionais que trabalham na escola e está ligada diretamente à qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso. Garantir aos profissionais da educação o direito à formação continuada ,significa “valorizar a experiência e o conhecimento que os professores tem a partir de sua prática pedagógica” (VEIGA e CARVALHO, 1994 p.51)

A formação continuada deve fazer parte do projeto-político pedagógico, competindo à escola:

� Proceder ao levantamento de necessidades de formação

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continuada junto à sua equipe; � Elaborar seu programa de formação .

Em síntese, o projeto político-pedagógico depende muito da ousadia de quem o constrói. Da ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo da cara que tem, com seu cotidiano e o seu tempo/espaço, que segundo Gadotti (2007),

apoia-se : � no desenvolvimento de uma consciência crítica; � no envolvimento das pessoas: a comunidade interna e externa

à escola; � na participação e na cooperação das esferas de governo

(escola pública) e dos mantenedores (escola particular); � na autonomia responsabilidade e criatividade como processo e

como produto do projeto; � na construção de forma interdisciplinar; � na ruptura com o presente e promessas para o futuro; � nos tempos: político (define a oportunidade política do projeto),

institucional( tempo da história da escola), escolar (período que o projeto é elaborado e decisivo para seu sucessor), para amadurecer as ideias (para sedimentar ideias).

Quanto aos princípios Veiga (1991, p.82), acrescenta: A importância desses princípios está em garantir sua

operacionalização nas estruturas escolares, pois uma coisa é estar no papel, na legislação, na proposta, no currículo e outra é estar ocorrendo na dinâmica interna da escola, no real, no concreto.

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6.3- Construindo o Projeto Político-

Pedagógico

O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor Prá poder pulsar

É preciso paz prá poder sorrir É preciso chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente

Compreender a marcha e ir tocando em frente...

(Tocando em frente -Almir Sater/Renato Teixeira)

O projeto político-pedagógico sempre deve estar relacionado à melhoria da escola, e esta, por sua vez, à mudança educativa. A escola não pode ser propriedade dos professores e tão pouco da direção; ela deve incluir toda a comunidade educativa no planejamento de suas metas de melhoria.

A construção coletiva do projeto não pode deixar de refletir sobre o trabalho o fazer pedagógico. Dessa forma , a elaboração ou a revisão de um projeto começa pela avaliação do fazer pedagógico existente. Fazendo essa análise, estamos contribuindo e tendo oportunidade de mudanças e/ ou de melhoramentos às propostas pedagógicas.

Abaixo você encontra um mapa mental, um instrumento de revisão do Projeto Político-Pedagógico.

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Gestão educacional – Projeto Político - Pedagógico 11

Verifique se no projeto da escola na qual trabalha ou está estagiando

contempla todos esses elementos do mapa mental.

Pergunte ao Diretor e aos Coordenadores

� Você liderou e participou das discussões para a con strução do PPP

da Escola que dirige ou coordena? Como foi sua elab oração? Quais

os pontos mais relevantes das discussões?

� É frequente a expressão do descontentamento dos pro fissionais da

escola quanto à falta de participação no PPP. Isso aconteceu em sua

Escola? Por quê?

� O PPP tem sido efetivamente norteador da prática pe dagógica de

sua Escola? Como isso acontece?

� Houve participação da comunidade escolar na Elabora ção do PPP?

Como aconteceu?

� Os Pais são informados dos resultados das Avaliaçõe s Internas

bimestralmente? Como?

� Como a sua escola tem se organizado para atender ao s alunos com

desempenho insatisfatório nas avaliações Internas e Externas? E

para atender aos alunos com problemas de alfabetiza ção e

letramento do 6º ao 9º ano?

� Cite pelo menos três aspectos que você considera im prescindíveis

em uma Escola para que ela seja uma “Boa Escola”.

� Para você, o que é ser Diretor / Coordenador de Esc ola? Que legado

você pretende deixar quando se afastar deste cargo / função?

Assista o filme disponível em: http://youtu.be/spxzLG-2bW8 E procure refletir que relação faz com Gestor de uma escola

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Para elaborar o projeto-político pedagógico, precisamos ter consciência do que queremos para a escola, isto é, quais concepções de Educação e de ensino/aprendizagem. Que tipo de escola queremos? Para uma escola democrática precisamos definir, a priori, uma nova qualidade que passa por uma organização escolar que modifique e melhore a realidade encontrada.

A organização administrativa da escola precisa estar a serviço do pedagógico, o que significa: montar as turmas, períodos, horários que venham ao encontro das necessidades pedagógicas(aprendizagem); garantir horários para reuniões pedagógicas, com troca de experiências, estudo e reflexão sobre o ensino e o desempenho dos alunos; articular as disciplinas do currículo visando projetos interdisciplinares.

Na elaboração da proposta pedagógica precisamos refletir coletivamente sobre: as finalidades da escola; a estrutura organizacional; as relações de trabalho; as relações professor/aluno; o tempo escolar; os conteúdos curriculares; os procedimentos didáticos; a linha metodológica da ação pedagógica; as estratégias de trabalho, avaliação e de recuperação; as atividades culturais, esportivas e de convívio social.

O projeto incorpora a utopia mas sua característica é organizar a ação , por isso precisa ser sempre operacional. Ele sintetiza, segundo Libâneo

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(2004): � que temos; � que desejamos; � que faremos em função do que desejamos; � como saber se o que estamos fazendo corresponde ao que

desejamos. Tratando-se de um processo e não apenas de um produto, a

organização do projeto pedagógico é sempre indicativa e pode variar de escola para a escola.. É fundamental registrar a história da escola, com o maior número de informações possíveis: os sentimentos das pessoas, as vivências durante o processo de construção do projeto, a subjetividade dos grupos, de cada segmento, o imaginário deles, enfim, incluir na história não só o que estava instituído, como também o resultado do que está sendo instituído. (GADOTTI, 2007).

Podemos sugerir alguns elementos que normalmente fazem parte do documento do projeto político pedagógico:

� Identificação do projeto - nome, duração, escola, nº de participantes da equipe escolar( alunos, professores, funcionários);

� Histórico e justificativa - registrar como a realização do projeto aconteceu (o processo de articulação dos segmentos, e das decisões tomadas pelo coletivo escolar). Apresentação propriamente do projeto, incluindo uma síntese do marco referencial (retrato da escola que temos e as ações que pretendemos implantar). Mostrar a relevância das propostas, as prioridades e sua validade política e técnica e o alcance social do projeto.

� Objetivos gerais e específicos - os gerais ,são os propósitos da escola, de forma coerente com a justificativa ,tem como fonte os direitos sociais, as políticas públicas de educação (nacionais, estaduais e municipais) e as prioridades levantadas com a etnografia da escola. Os específicos estão relacionados aos direitos, necessidades do aluno por exemplo: à definição do currículo escolar.

� Metas - são quantificadas e detalhadas segundo a localização

(onde e quando vai ocorrer a ação), mas são flexíveis. Quando não atingíveis deve-se verificar coletivamente quais as possíveis causas e recuperação do processo (verificar as ações que não foram feitas). Devem ser enumeradas em relação às atividades que serão desenvolvidas.

� Metodologia - são estratégias que emergem da realidade se

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referem ao quê, como, quando será feito e com que recursos (físicos, materiais, humanos e financeiros).

� Cronograma - pode ser elaborado em um quadro, com a distribuição dos meses e ações.

� Avaliação - momentos de balanço (concretização total ou parcial dos objetivos e metas). Exemplo: taxa de matrícula, de repetência, evasão, índice de aprovação.

REFLEXÃO

� A escola na qual trabalha ou faz estágio Professor ou faz estágio

tem PPP?

� Você participou da discussão do PPP de sua Escola? Como foi sua

elaboração? Quais os pontos mais relevantes das dis cussões?

� É frequente a expressão do descontentamento dos pr ofissionais

da escola quanto à falta de participação no PPP. Is so aconteceu em

sua Escola? Por quê?

� O PPP tem sido efetivamente norteador da prática pe dagógica de

sua Escola? Como isso acontece?

� As ações pedagógicas explicitadas no PPP estão de a cordo com as

desenvolvidas em sala de aula?

� Para você o que não pode faltar em uma Escola para que ela seja

uma Escola de qualidade?

� Como a escola tem se organizado para atender aos al unos que

apresentam dificuldade de aprendizagem e / ou não e stão totalmente

alfabetizados?

É de fundamental importância, que a construção do projeto-político

pedagógico seja realizado coletivamente, a partir do consenso dos representantes dos diferentes segmentos da equipe escolar . O documento com as propostas do projeto sistematizado é importante para circulação . socialização e análise permanente de sua execução na escola.

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SAIBA MAIS- Leia o livro VASCONCELLOS, Celso dos Santos: Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo – elementos metodológicos para a elaboração e realização. São Paulo. Libertad, 1995. (Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 1). p.153-168.

Síntese

Temos que reconhecer que a construção do projeto político-pedagógico na escola não é uma tarefa fácil e simples, primeiro porque envolve um processo de gestão participativa que implica não apenas intenção, mas também método para sua efetivação. Outra questão é a maioria dos componentes da comunidade achar que “isto não é comigo é função dos técnicos”.

Assim, o gestor deverá trabalhar junto a sua comunidade interna e externa, no envolvimento das pessoas, no sentido do desenvolvimento de uma consciência crítica, da autonomia, responsabilidade e criatividade.

Por outro lado, quando nos referimos à construção de um projeto, é fundamental se ter clareza que tal processo exige uma coordenação, no caso o gestor, a quem compete organizar, incentivar e mobilizar as pessoas.

Enfim, é preciso compromisso político e engajamento dos professores, dirigentes, pais e alunos, para construir a própria identidade da escola como instituição social e assumir compromissos para criar um futuro melhor do que o presente.

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Gestão educacional – Projeto Político - Pedagógico 16

Bibliografia

DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Campinas: Papirus,1994.

EDNIR, Madza e outros. Mestres da mudança: liderar escolas com a cabeça e o coração. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GADOTTI, Moacir. Autonomia da Escola: princípios e propostas. São Paulo: Editora Cortez, 2007.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2004. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teoria da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. São Paulo, Cortez e Autores Associados, 1983.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos: Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo – elementos metodológicos para a elaboração e realização. São Paulo. Libertad, 1995. (Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 1). p.153-168.

VEIGA, Ilma P.A. Escola , currículo e ensino. IN I.P.A. Veiga e M. Helena Cardoso (org). Escola fundamental: Currículo e ensino. Campina: Papirus, 1991.

VEIGA, Ilma Passos.(Org). Projeto político pedagógico da escola. Campinas: Papirus, 1998.

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Gestão da Educação

Regimento Escolar

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Gestão educacional – Regimento Escolar 2

Introdução

Já dissemos, reiteradas vezes que, o gestor escolar tem um papel primordial no funcionamento e desenvolvimento da escola. A sua atuação pode determinar a qualidade do desenvolvimento dos trabalhos administrativos e pedagógicos no interior do estabelecimento em que atua. Assim, o conhecimento das leis que regulamentam a gestão escolar é um requisito essencial para o bom desempenho desse profissional.

A legislação vigente no país respalda o princípio da gestão democrática da educação. Tanto a Constituição Federal de 1988 como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei n. 9394/96 - trazem artigos que sugerem uma gestão participativa, colegiada e dialógica envolvendo os diversos segmentos dispostos no processo de ensino e aprendizagem.

E toda esta legislação é base para a construção do REGIMENTO ESCOLAR , tema da presente unidade.

Mas, vamos também, tratar de outros assuntos, que estão intimamente relacionados:

• Autonomia da escola • Regimento escolar: responsabilidades, conteúdos e f unção • A escola como comunidade de aprendizagem: o papel d o

gestor Ao terminar os estudos dessa unidade, você terá acrescentado alguns conhecimentos a sua formação como educador e gestor e deverá ser capaz de

• Elaborar com clareza um conceito para a autonomia d a escola e entender como ela se dá na prática;

• Identificar o regimento escolar como um dos instrum entos instrumento de gestão da escola e como deve ser construído;

• Entender a escola como uma organização aprendente e o papel do gestor em sua construção.

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Gestão educacional – Regimento Escolar 3

1. Autonomia da escola Antes de tratarmos da autonomia da escola, gostaria que você

respondesse as questões abaixo:

O que é autonomia?

Existe uma autonomia plena, isto é, uma liberdade i rrestrita para fazer o

que se deseja?

O conceito de autonomia pode ser o mesmo para pesso as e

instituições?

Já vimos em outras disciplinas de nosso curso, como em Práticas Educacionais, por exemplo, que no desenvolvimento da educação no Brasil, passamos por vários momentos, inicialmente nossa educação foi entregue unicamente nas mãos da iniciativa confessional e privada (a educação jesuítica), que ofereceu uma escola adequada às necessidades dos poucos que tinham a oportunidade de frequentá-la. Em um segundo momento, tivemos uma forte intervenção do Estado que, pressionado pela população, expandiu a oferta da educação, mas não considerou a necessidade de preparar as escolas para as consequências resultantes desse processo (evasão, repetência, qualidade,...). Hoje, vivemos um momento diferente, o de busca entre o equilíbrio da quantidade e qualidade. É o momento da sociedade.

A nossa legislação educacional atual, em especial a Constituição Federal de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tratam da autonomia da escola ao instituir, em seu art. 1o., a democracia participativa e instrumentos que possibilitam ao provo exercer o poder diretamente. Institui também, em seu art. 206, como um dos princípios básicos o “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”. Tais princípios são considerados como fundamentos constitucionais da autonomia da escola

Por outro lado, a autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte da própria natureza do ato pedagógico, que se consubstanciam em seu projeto político-pedagógico.

A autonomia da escola é uma das questões que têm sido discutida desde 1932 com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, liderados por Fernando de Azevedo. Inicialmente definida como condição fundamental para a gestão da educação, estabelecendo que a luta pela democratização da sociedade brasileira passa também pela defesa da educação e da escola pública, gratuita e democrática, garantida pelo Estado.

Em outra vertente, está a ideia de que a escola deve buscar os meios necessários para sua manutenção e é a responsável por atingir os índices de

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Gestão educacional – Regimento Escolar 4

eficiência estabelecidos pelo poder público.

Mas afinal, como se define hoje, a autonomia da esc ola?

A autonomia da escola deve ser concebida como uma forma de partilhar o poder, na colaboração, nas tomadas de decisões, sendo, portanto, uma responsabilidade individual e coletiva, se refere a alguns aspectos da escola, dentre eles, a liberdade que a comunidade escolar tem em elaborar seu Projeto Político-Pedagógico.

Assim, a autonomia da escola está fundamentada em quatro dimensões:

• Administrativa : que estabelece que a tomada de decisões seja feita através de planos, programas e projetos elaborados pela comunidade escolar, quem realmente conhece a realidade da escola

• Financeira : que corresponde à escola adequar os recursos financeiros para a efetivação dos seus planos e projetos, que pode ser parcial ou total.

• Jurídica : que concede às instituições de ensino a liberdade para elaborar suas normas escolares baseadas na legislação educacional, o regimento escolar.

• Pedagógica : que define sobre a construção de seu projeto político-pedagógico como sendo o documento que propõe uma direção política e pedagógica para o trabalho escolar, formula metas, prevê as ações, institui procedimentos e instrumentos de ação.

Não podemos deixar de considerar que um sistema educacional está organizado em três instâncias: o sistema de ensino como tal, as escolas e as salas de aula.

As escolas encontram-se entre as políticas educacionais, as diretrizes curriculares, as formas organizativas do sistema e as ações pedagógico-didáticas na sala de aula.

Por outro lado, a escola, corresponde ao espaço de realização tanto dos objetivos do sistema de ensino quanto dos objetivos de aprendizagem.

Neste sentido podemos afirmar que a autonomia da escola é sempre relativa, o que faz com que ela deva compatibilizar as decisões do sistema e as suas.

A LDB se refere que a construção do projeto político-pedagógico da escola deve se fundamentar em três eixos:

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Gestão educacional – Regimento Escolar 5

Fonte: NOLÊTO, [s.d.], p.7 Entretanto, não podemos deixar de considerar que o fato de a LDB

determinar que as escolas “terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”, isto não assegura, por si só, o exercício da autonomia.

É necessário que a escola, principalmente, através de seu gestor, estimule e viabilize a participação de toda sua comunidade e desta forma, avance na direção de garantir sua autonomia.

2. O regimento escolar: responsabilidades,

conteúdos e função.

Você sabe o que é um regimento?

Para que serve?

O que precisa conter?

Você já consultou o regimento de sua escola?

Toda organização possui um conjunto de normas e regras que regulam a sua atividade, impondo limites, estabelecendo direitos e deveres aos seus participantes. Isso funciona com Estado (Constituição), com organizações diversas (estatutos), com empresas (contrato Social) e também funciona com estabelecimentos escolares.

No caso de escolas, denomina-se REGIMENTO ESCOLAR ao documento legal de existência obrigatória, no qual é normatizada sua organização administrativa, pedagógica e disciplinar, assim como as relações entre seus diversos segmentos constitutivos (os públicos interno e externo).

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Gestão educacional – Regimento Escolar 6

O Regimento Escolar, tem sua origem na proposta pedagógica da escola (projeto político-pedagógico) a ela se volta para conferir-lhe embasamento legal, incorporando no processo de sua elaboração os aspectos legais pertinentes e as inovações propostas para o sistema de ensino, assim como as decisões exclusivas da escola no que concerne a sua estrutura e funcionamento.

Define os objetivos da escola, os níveis de ensino que oferece e como ela opera. Dividindo as responsabilidades e atribuições de cada pessoa, evitando assim, que o gestor concentre todas as ordens, todo o trabalho em suas mãos, determinando o que cada um deve fazer e como deve fazer.

Ele é um o documento administrativo e normativo de uma unidade escolar que, fundamentado na proposta pedagógica e coordena o funcionamento da escola, regulamentando ações entre os representantes do processo educativo.

O regimento deve estar de acordo com uma proposta de gestão democrática, assim ele possibilitará a qualidade do ensino, fortalecendo a autonomia pedagógica e valorizando a participação da comunidade escolar que está representada através dos órgãos colegiados, como, por exemplo, o Conselho Escolar e o grêmio estudantil, como vimos nas unidades anteriores.

Outro objetivo do Regimento é o cumprimento das ações educativas estabelecidas no Projeto Político-Pedagógico da escola.

É necessário se ter clareza de que os profissionais da educação, em qualquer espaço que exerçam suas atividades, são agentes públicos viabilizadores de um direito, o direito à educação, prescrito em nossa Constituição Federal. Tal situação implica aos profissionais terem posturas em relação ao cidadão e à percepção de sua atividade como algo além do simples cumprimento de ações burocráticas.

Outra questão que é necessário considerar, é que a área administrativa não se constitui por um único saber aplicável a qualquer área ou circunstância, que a organização da escola exige mudanças na postura e na filosofia administrativa.

Compreender que quando se trata da educação escolar, mais do que adaptar as orientações das teoria da administração, devido às particularidades da educação ali empreendida, todo profissional que atua deve postar-se como educador. O que extrapola a aplicação de regras e propõe postura ativa na perspectiva de construção da cidadania, frente às demandas colocadas à escola.

Assim, o Regimento Escolar exerce um papel fundamental, o de dar sustentação legal às decisões da escola.

A existência de uma legislação representa muito mais que um conjunto de ordens a serem cumpridas. Trata-se, antes de tudo, da superação do poder do mais forte, do mais rico ou qualquer outro fator de distinção entre os

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Gestão educacional – Regimento Escolar 7

indivíduos. Representa o estabelecimento de uma igualdade entre as pessoas na definição ou garantia dos direitos. Com as leis, todos passaram a ter sua conduta limitada, mas, por outro lado, têm maior possibilidade de proteção de seus direitos.

No entanto, a simples existência de legislações não garante os direitos. Faz-se necessário, além de conhecer as leis, organizar-se para que suas determinações sejam cumpridas. Para que os fatores decorrentes de diferenças entre os indivíduos, sejam quais forem, não interfiram no cumprimento da legislação.

Mas afinal, o que deve conter o Regimento Escolar?

A escola tem autonomia para elaboração de seu regimento escolar, bem como de reelaborá-lo. Embora não haja em lei um modelo único de regimento escolar, podendo cada instância do sistema estabelecer regras e parâmetros para a criação e os limites deste instrumento de gestão, alguns dados são fundamentais para um regimento escolar, são eles:

• a identificação da escola, como nome e endereço completo;

• informações sobre a instituição (ou órgão, no caso das escolas públicas) que a mantém;

• apresentação clara de seus fins e objetivos;

• detalhamento das estruturas administrativas e pedagógicas, constando cada um dos cargos e suas atribuições;

• os princípios que regerão as relações internas da instituição e dela com a comunidade.

Devem constar, ainda, no regimento escolar, informações sobre o nível e a modalidade de ensino oferecidas pela escola. Por exemplo: informar que é uma escola de educação básica, que atende ao ensino fundamental. Que no turno matutino atende aos cinco primeiros anos e no vespertino aos alunos dos anos finais, etc.

Informações pedagógicas também precisam estar no regimento escolar. As relativas ao currículo estabelecidas no Art.26 da LDB (Lei no. 9394/96). Também as constantes do Art. 23 da LDB, que tratam da avaliação, da progressão dos alunos, do aproveitamento de estudos, da carga horária, entre outros detalhes da estruturação pedagógica escolar.

Aspectos do funcionamento burocrático da escola são também itens obrigatórios em um regimento escolar, pois o registro documental é parte vital da organização das atividades ali desenvolvidas. Assim sendo, o regimento deve esclarecer como se dá a escrituração de documentos como: histórico escolar, transferências, controle de frequência dos alunos, certificados e outros documentos que tratam da vida escolar dos discentes.

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Gestão educacional – Regimento Escolar 8

O regimento é um instrumento de fortalecimento do estabelecimento de ensino e da própria educação desenvolvida pela escola. E, nessa perspectiva, deve contemplar possibilidades de parceria da escola com os demais órgãos públicos do sistema educacional e fora dele e, também, possibilitar a ampliação das relações da escola com a comunidade, no sentido de viabilizar projetos que materializem parcerias que contribuam para o desenvolvimento tanto do processo educativo escolar quanto da comunidade.

3. A escola como comunidade de

aprendizagem: o papel do gestor

Veja se você é capaz de dar algumas respostas para as questões

abaixo:

Como a escola poderá construir uma cultura de colab oração?

Em que medida o gestor pode atuar neste processo?

A burocratização na escola é necessária, ajuda ou a trapalha?

O conservadorismo na educação, normalmente é alimentado pela incerteza, isolamento e individualismo, uma vez que a oportunidade e a pressão originárias das novas ideias estão inacessíveis.

Assim, quando na escola os professores receiam partilhar suas ideias e seus sucessos, por medo de serem percebido como modelos; quando os professores relutam em contar aos outros uma ideia nova por receio de que possam roubá-la ou assume seu crédito, ou por acreditar que os outros devam passar por todo o processo de descoberta pelo qual passou; quando os professores, jovens ou mais velhos, têm medo de solicitar ajuda porque podem ser percebidos como pouco competente; quando um professor utiliza o mesmo método, material, ano após anos, mesmo que ele não traga resultados, todas estas evidências dão sustentação ao individualismo. Elas limitam fundamentalmente o crescimento e o aperfeiçoamento, pois limitam o acesso à ideias e à práticas que poderiam oferecer maneiras mais eficientes de se fazer as coisas.

Elas institucionalizam o conservadorismo. E neste caso, qual deve ser a postura do gestor? É importante ressaltar que todas estas características do trabalho

podem ser modificadas, e consequentemente, também pode se modificar o individualismo que as acompanha e um dos mecanismos para a sua

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Gestão educacional – Regimento Escolar 9

superação é a colaboração,. Fullan e Argreaves (2000), afirmam que o trabalho conjunto, a

colaboração, é a forma mais poderosa de cooperação que implica e cria uma interdependência mais forte, uma responsabilidade compartilhada, um comprometimento e um aperfeiçoamento coletivos.

Por outro lado, a colaboração entre os membros de uma equipe acontece coordenada por uma liderança, que na escola, deve ser o gestor.

Instaurar uma colaboração eficiente nem sempre é fácil, pois elas operam no mundo das ideias, no exame crítico das práticas existentes, na busca de alternativas melhores e no trabalho árduo em conjunto que busca implementar melhorias e avaliar seu mérito.

Segundo Fullan e Argreaves (2000, p.105), afirmam como fundamental o papel do gestor como liderança e promover a colaboração no interior da escola, tendo como base:

1. Compreender a cultura de sua escola; 2. Valorizar seus professores e promover o crescimento

profissional deles; 3. Ampliar o você valoriza; 4. Expressar o que você valoriza; 5. Promover a colaboração, e não a cooptação; 6. Elaborar listas de opções e não de obrigações; 7. Utilizar os recursos burocráticos para facilitar e não para limitar; 8. Conectar-se com o ambiente mais amplo.

A burocracia caracteriza-se pela separação entre os que executam e os que planejam, organizam, dirigem e controlam. A história da burocracia é, em grande medida, a história da ruptura entre trabalho manual e trabalho intelectual, e essa ruptura é explicada pelas diferentes formas de cooperação. Cooperação aqui entendida como vários indivíduos trabalhando juntos para atingir determinado objetivo, no mesmo processo de produção, ou em processos diferentes, mas com alguma conexão.

Você já deve ter ouvido na escola comentários do tipo: Você não pode fazer por causa do horário! A direção não vai permitir! Os pais não vão gostar! A burocracia costuma ser vista como um obstáculo à mudança, como

no caso dos comentários anterior. Pode constituir em “freios” colocados diante de tentativas de melhorar a escola, pode ainda ser um problema, caso princípios fundamentais de colaboração forem convertidos em sistemas inflexíveis de controle burocrático.

Temos que considerar que os meios burocráticos, todavia, não são necessariamente prejudicais; podem ser usados para facilitar e para apoiar as tentativas de aperfeiçoamento. Podem ser colocados a serviço das

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culturas cooperativas, como auxiliares da institucionalização de novas estruturas organizativas, favoráveis ao aperfeiçoamento contínuo.

O gestor precisa ter clareza de que as estruturas e os procedimentos para as tomadas de decisões, especialmente aquelas relacionadas com a colaboração e o aperfeiçoamento contínuo podem também ser usadas com vantagens Individual ou coletivamente, o gestor possui a responsabilidade de ajudar na qualificação das oportunidades de aprendizagem para todos os membros de sua equipe.

Os procedimentos de avaliação, podem e devem ser utilizados pelo gestor, para estimular o desenvolvimento de sua equipe. Esquemas de avaliação de desempenho, baseados no crescimento, podem ser utilizados para tornar a colaboração e o compromisso como atividades a serem consideradas.

Ensinar sempre será um trabalho exaustivo, os professores e gestores estão envolvidos em centenas de interações, em circunstâncias potencialmente geradoras de tensão, mas são eles que precisam criar a cultura escolar e profissional que desejam.

Síntese

Temos falado bastante sobre a gestão participativa e aqui, também sobre a autonomia da escola, mas você deve observar que, quanto à participação, podemos afirmar que a comunidade externa tem uma interferência mínima nas decisões na maioria das escolas, tanto públicas como privadas, pois esta ainda é vista como uma propriedade do governo, ou particular e dos profissionais de educação. É muito comum observarmos os profissionais da educação tratarem os demais funcionários como se fossem seus empregados, comportando-se como dono dos seus alunos e do cargo que ocupa.

O diretor da escola, geralmente também docente, sustenta esse comportamento colocando obstáculos na interferência dos pais. Confundindo sua função, é comum o diretor referir-se ao seu local de trabalho como “minha escola”. Você já deve ter ouvido essa expressão no seu local de trabalho!

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Gestão educacional – Regimento Escolar 11

Este é um quadro que precisa ser mudado, e caberá também a você fazê-lo, como educador e gestor.

Deve ter ficado claro para você que o regimento escolar é um dos elementos institucionais da gestão democrática, pois este documento estabelece parâmetros para as relações tanto administrativas quanto sociais que se dão no ambiente educacional escolar. Trata-se não apenas de uma ferramenta de controle e organização, mas, e principalmente, de um instrumento de democratização das relações, uma vez que define os limites, os compromissos e as possibilidades de participação de cada segmento, de cada função e de cada indivíduo na definição dos rumos da educação desenvolvida na escola.

As escolas são formas organizacionais estáveis que sobrevivem a muitas mudanças em sua missão, seu meio, seus recursos e, principalmente na renovação permanente dos alunos, assim como, em menor medida, dos professores e gestores.

A mudança bem-sucedida é resultado de um processo de construção coletiva que tem sentido quando os autores se mobilizam, conseguem ultrapassar os jogos estratégicos e as relações de poder habituais para criarem e desenvolverem conjuntamente novos recursos e capacidade que permitirão ao sistema guiar-se ou tornar a se orientar como um conjunto humano e não como uma máquina.

Finalizamos a unidade nos referindo ao individualismo, a colaboração e à burocracia na escola. Temas atuais que constituem em grandes desafios ao gestor.

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Gestão educacional – Regimento Escolar 12

Bibliografia CURY, Carlos Roberto Jamil. Gestão democrática da educação: exigências e desafios. São Paulo : RBPAE v.18, n.2, jul/dez 2002, p.163 a 174.

CURY, Carlos Roberto Jamil. Legislação educacional brasileira. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.

FULLAN, Michael e HARGREAVES, Andy. A escola como organização aprendente. Porto Alegre: Artmed, 2000

NOLÊTO, Eusébia de Araújo Pereira. Gestão compartilhada: autonomia da escola. In: II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 16: Gestão de Políticas Públicas em Educação. Disponível em: <http://www.scp.rs.gov.br/upload/Painel_16_Eusebia_de_Araujo_formatado.pdf>

THURLER. Mônica Gather. Inovar no interior da escola. Porto Alegre: Atmed, 2001.

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Gestão da Educação

O currículo e o papel do

Gestor

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 2

Introdução

Trataremos aqui das questões relacionadas ao currículo, como elementos essenciais para compreender a prática educativa institucionalizada e a função social da escola.

No desenvolvimento do conteúdo, você vai perceber que o currículo supõe a concretização dos fins sociais e culturais, de socialização, que se atribui à educação escolarizada, reflexo de um modelo educativo determinado.

Deverá perceber também que os objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos e procedimentos de avaliação são componentes curriculares. E que, o estabelecimento da periodização do tempo escolar, a opção por uma determinada forma de organização dos conteúdos (disciplinar, por eixos, por temáticas), a integração entre os conteúdos de um mesmo período ou de período subsequentes são outros aspectos que precisam ser considerados ao se elaborar um currículo.

Assim, ao desenvolver o conteúdo da presente unidade: O CURRÍCULO E O PAPEL DO GESTOR , iremos abordar os seguintes temas:

• Concepção de currículo • Currículo: conhecimento, cultura e avaliação • gestor, a escola, o professor e o currículo

E esperamos que ao final de seu estudo, seja capaz de: • formalizar um conceito sobre currículo associado ao

conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos, com intenções educativas, nas instituições escolares;

• estabelecer as relações entre currículo, conhecimen to, cultura e avaliação;

• perceber o papel do gestor e do professor no proces so de construção e concretização de uma proposta curricul ar para a escola

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 3

8.1 Concepção de currículo

Ao iniciarmos os estudos da presente unidade, gostaria que você refletisse sobre as questões abaixo:

O que é currículo de uma Escola? O que ele contempla?

Tem relação com o curriculum vitae (CV)?

Você já elaborou o seu curriculum vitae? O que priorizou?

Que relação tem uma determinada concepção de currículo com o processo

ensino/ aprendizagem na escola?

Que relação tem uma determinada concepção curricular com o conhecimento

escolar presente nos livros didáticos e no Projeto Político Pedagógico da

escola?

Você já estudou que o Projeto Político-Pedagógico – PPP, está diretamente relacionado com a organização do trabalho pedagógico em pelo menos dois momentos decisivos: com a organização da escola e com a organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social, visando a totalidade.

O currículo escolar também é um instrumento muito importante, pois norteia todo trabalho desenvolvido na escola, tendo em vista as características do mundo e da sociedade atual. Pode ser definido pelo conjunto de saberes produzidos na escola. Ele reflete todas as experiências em termos de conhecimento que serão proporcionados aos alunos da escola.

Etimologicamente o termo “currículo” encontra a sua raiz na palavra latina curriculum, derivada do verbo currere, que significa caminho ou percurso a seguir.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 4

IMAGENS: O aluno da educação infantil ao ensino médio

Muitas pessoas associam o significado de currículo ao de matérias, à matriz curricular, nomeada por várias pessoas como grade curricular, geralmente organizadas como disciplinas escolares que são ensinadas na escola. Frequentemente tanto para educadores como leigos, o currículo é, ainda equivalente ao conteúdo dos livros didáticos utilizados pelos professores. Ainda é visto, por muitos, como um programa impresso ou um guia para os professores de uma disciplina ou conjunto de disciplinas.

No Brasil, não existe um currículo único nacional, mas sim as Diretrizes Curriculares Nacionais , os Parâmetros Curriculares Nacionais , o Referencial Curricular para a Educação Infantil e os Referenciais Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (nem sempre conhecidos), trazem como sugestão, uma forma de definir e organizar as disciplinas e distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares propostos.

A nossa legislação educacional vigente, em especial a LDB, contempla a liberdade de organização do sistema educacional, aqui incluída a escola. Entretanto, estabelece a Diretrizes Curriculares Nacionais, que como já vimos, constituem um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas.

É nesta perspectiva que o Artigo 26, de nossa LDB (Lei No. 9.394/96), estabelece que

“Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.”

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 5

Assim, com o propósito de atender aos desafios postos pelas orientações e normas vigentes, é necessário olhar de perto a escola, seus participantes, suas complexidades e rotinas e fazer as indagações sobre suas condições concretas, sua história, seu entorno e sua organização interna.

Quando falamos em currículo, estamos nos referindo a vida do aluno e da escola em constante e em dinâmica ação, isto é, professores e alunos, no espaço escolar, constroem e formam o currículo ideal para o desenvolvimento de habilidades necessárias ao desempenho escolar dos alunos, sempre através de processos de valorização do cotidiano que vivenciam. O processo educativo é complexo e fortemente marcado pelas variáveis pedagógicas e sociais, entendemos que este não pode ser analisado fora da interação dialógica entre escola e vida, considerando o desenvolvimento humano, o conhecimento e a cultura.

Assim, novos questionamentos são postos para sua reflexão sobre “currículo”:

O que é?

Para que serve?

A quem se destina?

Como se constrói?

Como se implementa?

Faça tais indagações às pessoas que trabalham com você na escola, ou às

pessoas da escola na qual faz Estágio. Em seguida, comente as respostas

obtidas com seus colegas e professor, utilizando do Fórum Fale com o

Professor.

Veja a seguir algumas definições de currículo, postas por renomados educadores:

“Conjunto de experiências de aprendizagem planejadas e guiadas e os

resultados de aprendizagem não desejados formulados através da

reconstrução sistemática da experiência e do conhecimento humanos, sob os

auspícios da escola para o crescimento contínuo e deliberado das

competências pessoal e social do aluno.” (TANNER e TANNER,1975, p.40)

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 6

“Currículo é um instrumento utilizado tanto para desenvolver métodos para

conservar, transformar e renovar os conhecimentos historicamente

acumulados, como também, para socializar crianças e jovens, conforme os

princípios essenciais.” (MOREIRA e CANDAU, 2007, p.20)

O currículo é lugar, espaço, território.

O currículo é relação de poder.

O currículo é trajetória, viagem percurso.

O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja

a nossa identidade.

O currículo é texto, discurso, documento.

O currículo é documento de identidade” (SILVA, 2004, p.33)

O currículo deve ser entendido como processo , que envolve uma

multiplicidade de relações abertas, ou tácitas, em diversos âmbitos, que vão

da prescrição à ação, das decisões administrativas às práticas pedagógicas,

na escola como instituição e nas unidades escolares especificamente. Para

compreende-lo e principalmente para elabora-lo e implementa-lo de modo a

transformar o ensino , é preciso refletir sobre grandes questões.

(SACRISTÁN, 1998, p. 45)

Analisando as várias definições percebemos que o currículo passa a ser definido como sendo todas as situações vividas pelo aluno dentro e fora da escola, seu cotidiano, com seu valores e experiências, seu currículo oculto, formal, informal; portanto, o Currículo é o planejamento de uma ação, a teoria da prática. O currículo não é um elemento neutro de transmissão do conhecimento social, e que o conhecimento que o professor tem da realidade e a posição em relação ao saber, vão influenciar sua atitude para com o Currículo- a favor ou contra a reprodução.

Na escola são consideradas as Concepções de Organização Curricular, tais como Currículo Tradicional, o Racional Tecnológico (tecnicista), o proveniente da Escola Nova, o Construtivista, o Sócio Crítico, o Integral e Globalizado.

As concepções de organização curricular determinam os tipos de currículo adotados nas instituições escolares e expressam formas de concretização das intenções pedagógicas.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 7

Concepções de Currículo Tipos de Currículo

� Tradicional Conjunto de disciplinas a serem estudadas pelos alunos ao longo das séries escolares.

� Racional- tecnológico Baseia-se na tecnologia para a elaboração e aplicação de programas curriculares: como selecionar e organizar objetivos e experiências de aprendizagem, seleção de técnicas, de materiais de ensino, instrumentos de avaliação mais eficazes.

� Escolanovista Acentua o desenvolvimento das capacidades cognitivas.

� Construtivista As disciplinas aparecem apenas como um valor instrumental para a aprendizagem de habilidades cognitivas.

� Sócio-crítico ou histórico/social Atribui importância a prática.

� Integrado ou globalizado Entende a prática curricular como um processo de investigação.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 8

A concepção tradicional é centrada no conteúdo tradicionalmente ensinado através das disciplinas compartimentalizadas, ou seja, o currículo é reduzido a um conjunto de disciplinas e de conteúdos a serem passados aos alunos, organizados em uma "grade curricular". (LIBÂNEO, 2004, p.174).

Neste caso, o ensino é centrado no professor e na matéria sem considerar as diferenças individuais.

O papel do aluno, nessa concepção, é o de armazenar informações, é o depósito bancário, descrito por Paulo Freire, um receptor de conhecimento. Neste ambiente de aprendizagem, o produto avaliativo é mais valorizado do que o processo de como o aluno aprende, e o resultado acumulativo, sem nenhuma compreensão, tem muito peso. As experiências dos alunos trazidas da sua relação fora da escola, como sua linguagem, sua roupa, seu cabelo, sua agressividade, são desconsideradas totalmente.

As condições de ensino limitam-se à sala de aula, giz, lousa e materiais auxiliares. O aluno aprende a realidade exterior tal como ela é, e quando aprende, desenvolve suas faculdades mentais.

Avaliação do aluno, é do conhecimento que tem do conteúdo. A preocupação dominante da educação, na concepção tradicional, é a

transmissão da herança cultural, cujo enfoque é a organização de ensino visando a transmissão do conteúdo.

A concepção racional-tecnológica é um instrumento de controle do processo educacional, conhecimentos úteis para a montagem do plano e para o seu funcionamento. Segundo Libâneo (2004, p.175), parte-se de um currículo previamente prescrito por especialistas que, a partir de critérios científicos e técnicos formulam objetivos e os conteúdos são escolhidos segundo critérios de relevância, possibilidades e necessidades.

As condições de ensino são sala de aula, giz, lousa e materiais auxiliares e todo instrumental que possa facilitar a aprendizagem.

A avaliação consiste no funcionamento geral do plano em razão do alcance dos objetivos, são organizados os comportamentos finais determinados pelo plano. A escola não discute o que ensinar, cuida apenas de como fazer, isto é, busca a eficiência na função dos produtos na aprendizagem, com o custo menor. Firmado na racionalidade técnico-instrumental, visa o desenvolvimento de destaques para formação técnicas.

Neste modelo, a preocupação dominante da educação é o ajustamento às condições sociais ,o enfoque dominante do currículo é o

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 9

próprio currículo. A aprendizagem passa pela teoria empirista e pela teoria positivista

(comportamentalista). Essa aplicação curricular, é também denominada de Tecnicismo Educacional, devido a sua identificação com o ensino, método e o modelo tecnológico educativo, visando a formação para o trabalho, o saber fazer.

Fonte: PAIXÃO

A concepção escolanovista de currículo, também chamada de mentalista e humanista tem como fonte de currículo o conhecimento da personalidade e desenvolvimento do próprio aluno. Tem um enfoque dominante no homem integral com relevância ao desenvolvimento emotivo e ao conhecimento do próprio eu.

A preocupação da educação é o desenvolvimento emocional e integral da criança, suas experiências de aprendizagem, seus interesses, com o objetivo de ligar à escola com a vida e adaptar os alunos ao meio. Por isso, os conteúdos são subordinados às necessidades e interesses dos alunos no seu processo de adaptação ao meio.

Apresenta pouca preocupação com o conhecimento em si e maior empenho nos aspectos emocionais e “‘pessoais” do aluno e das atividades de pesquisa e do ambiente social e psicológico da escola e da sala de aula.

O professor é o facilitador da aprendizagem, o seu preparo e o preparo do ambiente são muito importantes para acompanhar e apoiar o desenvolvimento integral do educando.

A concepção construtivista de currículo é um instrumento para provocar e apoiar o desenvolvimento integral do aluno. Seu conteúdo e suas condições de ensino são adequadas ao nível do aluno e ao seu interesse e desenvolvimento. Avalia-se as realizações progressivas do aluno, nos campos intelectual, físico e emocional, ou seja, o seu desenvolvimento integral (preocupação dominante da educação).

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No mundo construtivista, os sujeitos possuem um papel ativo, diante do que se quer aprender.

O enfoque dominante do currículo é o desenvolvimento cognitivo do aluno, o homem enquanto ser pensante, com uma parte física e uma emocional que interfere em seu pensamento.

São fontes do currículo o conhecimento do processo cognitivo do aluno e o conhecimento da própria estrutura do conhecimento em si, conhecimento do ponto de vista epistemológicos. São organizados os passos do desenvolvimento cognitivo do aluno, problemas e propostas organizadas lógica e psicologicamente.

O planejamento se preocupa com o arranjo do ambiente, o material e a preparação do professor para despertar a aprendizagem e desenvolvimento do aluno e depois ampará-la e até conduzi-la, se necessário. Existem planos e conteúdos obedecendo à critérios lógicos e psicológicos.

O professor tem papel de organizador e facilitador da aprendizagem visando a interação do aluno com os objetos de conhecimento. Valoriza-se mais, a construção do conhecimento pelo próprio aluno, do que a influência da cultura e do professor.

A construção pessoal do conhecimento, prevê atividades correspondentes ao desenvolvimento intelectual do aluno e do professor. Uma das ideias chaves do construtivismo é a crença no papel ativo do sujeito no processo da aprendizagem ativa, derivando-se daí consequências para a organização curricular. (Libâneo. 2004, p, 176).

Por isso mesmo, pensar certo coloca o professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educando, chegam a ela - saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas, também, trabalhar com atividades que correspondam ao nível de desenvolvimento intelectual dos alunos e organizar situações que estimulem suas capacidades cognitivas e sócias, de modo a possibilitar a construção pessoal dos conhecimentos. (Libâneo,2004, p.176)

Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas

da cidade descuidadas para discutir, por exemplo, o abandono das praças

e parques, a poluição dos riachos e dos córregos e os lixões e os riscos

que oferecem à saúde da população.

A escola na qual trabalha ou faz estágio tem essa prática de aproveitar os

saberes socialmente construídos pelos alunos?

Discuta com seus colegas e professor pelo Fórum.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 11

A concepção sócio crítico do currículo, também chamada histórico social ou ainda, sócio interacionista , centrada na situação social, é instrumento para desenvolver formas de compreensão de problemas e de atuação social, a fonte do currículo é o conhecimento sobre a situação social e sobre o aluno, seus objetivos estão ligados à situação social, ao desenvolvimento do espírito crítico e ao conhecimento de formas de atuação.

Os conteúdos servem como instrumentos para a definição de problemas e para a atuação social. As condições de ensino, as possíveis e interessantes, dentro de cada situação e a avaliação verifica atuação dos alunos frente à problemas relevantes.

A preocupação dominante da educação é com modificação das condições sociais e o enfoque dominante com o preparo para a mudança das condições sociais. O currículo se faz organizando os conhecimentos ligados à definição de problemas e proposição de soluções.

Homem apreende o mundo graças às suas estruturas mentais desenvolvidas e expressas pela experiência coletiva e representada pelas linguagens. O planejamento é em processo, existe a partir do conhecimento da realidade, do aluno e das necessidades de ensino.

Por que muitas escolas se colocam como instituições “prontas“, onde

currículo, metodologia, instrumento didático são inquestionáveis e sem

possibilidades de transformação?

É necessário questionar o que as escolas fazem. E o que elas não fazem.

Verifique na escola na qual faz estágio ou trabalha, há quanto tempo o

currículo não é revisto?

A concepção de currículo integrado ou globalizada tem como principal função a de fazer com que os elementos participantes do processo de ensino e aprendizagem, percebam a realidade como integrante dos conteúdos a serem vivenciados em sala de aula. (Libâneo, 2004, p.179).

Existem duas ideias norteadoras desse modelo de currículo, segundo Libâneo, (2004, p.179):

• buscar a integração de conhecimentos e experiências que facilitem uma compreensão mais reflexiva e crítica da realidade

• ressaltar, ao lado dos conteúdos culturais, o domínio dos processos necessários ao acesso aos conhecimentos e, simultaneamente, a compreensão de como se produzem, se

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 12

elaboram e se transformam esses conhecimentos, ou sela, o aprender a aprender.

Valoriza-se a metodologia dos projetos didáticos/pedagógicos, no currículo integrado onde se busca a não fragmentação do conhecimento, mas a interdisciplinaridade e a globalização das aprendizagens; onde ocorre a reconstrução pelos alunos, das experiências e conhecimentos próprios de sua comunidade, não previstos pelo professor (saídas culturais, estudo do meio, visitas ao laboratório e biblioteca, filmes, relatos, seminários).

É necessário que se diga, que nessa concepção curricular, dá-se importância aos conceitos, às teorias, aos conteúdos culturais, além da ênfase dada aos processos.

Quando uma equipe escolar vai elaborar sua proposta curricular a partir das concepções de currículo tratadas acima, precisa ter claro o que pretende para a sua comunidade escolar: currículos fechados (disciplinas isoladas, arroladas na matriz curricular, professores apenas seguem o proposto) ou currículos abertos (interdisciplinaridade, integração entre as disciplinas, mais flexibilidade na organização - por áreas e/ou temas geradores-, professor participante ativo no processo de construção).

O currículo escolar é um instrumento importantíssimo, porque norteia o trabalho desenvolvido na escola, e por ser marcado pela visão de mundo, da sociedade, do momento; e sua prática reflete nas ações dos educadores, e , nos valores, normas, hábitos, atitudes que governam as relações nas salas de aula.

Quando nos referimos à currículo, surgem ainda outros conceitos:

• Currículo real;

• Currículo prescrito e

• Currículo oculto

O que significa cada um deles?

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 13

Currículo real – é todo conteúdo que a escola pretende ensinar, ou seja, é o que se concretiza dentro da sala de aula em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino, corresponde ao currículo operacional;

Currículo oculto – é aquele que não aparece no planejamento do

professor e contempla tudo o que o aluno aprende em relação às várias práticas: atitudes, comportamentos, percepções que vigoram no meio social e escolar. Critica a reprodução não expressa no currículo real, mas manifestada pelas relações sociais na e da escola.

Currículo prescrito – é determinado pelos sistemas de ensino e é

expresso em diretrizes normativas, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplinas de estudos.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 14

8.2 Currículo: conhecimento, cultura e

avaliação

Como já mencionamos anteriormente, o Currículo expressa o que somos , o que queremos e o que entendemos da realidade.

Assim, surge o questionamento:

Como construir um currículo fundamentado nos interesses dos alunos e da

comunidade escolar sendo feito por meio de diálogo, da problematização do

contexto real e da provocação da consciência crítica dos envolvidos de forma

explícita, tanto nas propostas escolares quanto nas práticas em sala de aula?

Analise o esquema abaixo e perceba a complexidade do currículo, depois

reflita com seus colegas e professores, também, verifique essa complexidade

na escola na qual trabalha ou está estagiando.

Será que a equipe docente e gestores tem essa visão de currículo?

Percebemos no esquema acima, que a constituição e elaboração da proposta curricular implica em compreender que o currículo é mais que os conteúdos escolares inscritos nas disciplinas.

Segundo Libâneo (2004, p.173-174),

O currículo é o conjunto dos vários tipos de aprendizagens, aquelas exigidas pelo processos de

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 15

escolarização, mas também aqueles valores comportamento, atitudes que se adquirem nas vivencias cotidianas na comunidade, na interação entre professores, alunos, funcionários, nos jogos e no recreio e outras atividades concretas que acontecem na escola que denominamos ora currículo real, ora currículo oculto.

No século XXI, na sociedade em que vivemos, é indispensável à elaboração e a promoção de currículos que tenham, como ponto de partida, uma perspectiva multicultural, pois é evidente a diversidade cultural no século atual.

As discussões sobre conhecimento, verdade, poder e identidade têm marcado as polêmicas sobre questões curriculares. Nas escolas, muito se presencia sobre as discussões envolvendo os conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as relações sociais, também, como os conhecimentos se ensinam e principalmente como se aprendem, as transformações que a equipe escolar quer que aconteça com os alunos, sobre os valores que desejam discutir com eles e que tipo de aluno pretendem formar.

Recentes estudos destacam como as preocupações dos estudiosos em currículo têm-se deslocado das relações entre currículo e conhecimento escolar para as relações entre currículo e cultura.

Assim, podemos nos perguntar:

Que aspectos têm provocado essa virada?

Por que o foco tão forte em questões culturais?

Observe na escola na qual trabalha ou faz estágio, se existe essa virada?

Se a preocupação está nas questões culturais?

Consideramos o conhecimento escolar como um tipo de conhecimento produzido pelo sistema escolar e pelo contexto social e econômico mais amplo, produção essa que se dá em meio a relações de poder estabelecidas no aparelho escolar e entre esse aparelho e a sociedade.

Não podemos deixar de considerar a pluralidade cultural do mundo em que vivemos, que se manifesta, de forma muito forte, em todos os espaços sociais, principalmente nas escolas e nas salas de aula.

Quando uma escola se propões a elaborar o currículo culturalmente orientado demanda uma nova postura, por parte da comunidade escolar, isto é, necessita de muita abertura às distintas manifestações culturais.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 16

É preciso considerar que que os alunos não são idênticos, temos que levar em consideração a necessidade de se estabelecer as diferenças nas atividades pedagógicas promovidas.

É fundamental não ocultar os interesses identificados dos alunos e equipe escolar, mas sim, evidenciados e subvertidos, para que possamos, então, reescrever os conhecimentos. É necessário no currículo, reescrever o conhecimento escolar usual, tendo-se em mente as diferentes raízes étnicas e os diferentes pontos de vista envolvidos em sua produção, considerar o currículo como espaço de reconhecimento de nossas identidades culturais.

Precisamos ressaltar outro elemento, além do reconhecimento da própria identidade cultural, relaciona-se às representações que construímos dos outros, daqueles que consideramos diferentes.

As relações entre nós e os outros estão carregadas de dramaticidade e ambiguidade

8.3 O gestor, a escola, o professor e o

currículo

Considerando responsabilidade da escola a construção do seu currículo, ou seja, o conhecimento escolar como uma construção específica da esfera educativa, e não como uma mera simplificação de conhecimentos produzidos fora da escola, devemos nos perguntar:

� Que aspectos caracterizam o conhecimento escolar? � Quem participa da sua construção? Onde? � Que processos são empregados na “construção” dos

conhecimentos escolares?

Lembre-se

O currículo é

sempre resultado

de uma seleção:

de um universo

mais amplo de

conhecimentos e

saberes

seleciona-se

aquela parte que

vai cons tuir ,

precisamente o

currículo.

é um processo

cons tuído por um

encontro cultural,

saberes,

conhecimentos

escolares na

prá ca da sala de

aula, locais de

interação professor

e aluno.

portanto

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 17

� Como as diferenças derivadas de dinâmicas sociais como classe social, gênero, etnia, sexualidade, cultura e religião têm “contaminado” nosso currículo?

� Como temos considerado, nesse currículo, essa pluralidade, esse caráter multicultural de nossa sociedade? Como articular currículo e multiculturalismo?

Consideramos o currículo, o coração da escola, o espaço central em

que a equipe escolar atua, e é responsável por sua elaboração nos diferentes níveis do processo educacional, é por intermédio do currículo que as “coisas” acontecem na escola. No currículo se sistematizam os esforços pedagógicos de toda a equipe escolar.

Há necessidade constantes de discussões e reflexões, na escola, sobre o currículo e sobre os estudos que o tomam como objeto de análise.

O papel do educador no processo curricular é fundamental, pois ele é um dos grandes artífices da construção dos currículos que se materializam nas escolas e nas salas de aula.

Segundo Terigi (1999), precisamos considerar alguns aspectos nas discussões e reflexões sobre o currículo:

• A descontextualização dos saberes e das práticas, que costuma fazer com que o conhecimento escolar dê a impressão de “pronto”, “acabado”, impermeável a críticas e discussões. O processo de produção, com todos os seus conflitos e interesses, tende a ser omitido. O estudante acaba aprendendo simplesmente o produto, o resultado de um longo trajeto, cuja complexidade também se perde;

• A subordinação dos conhecimentos escolares ao que conhecemos sobre o desenvolvimento humano. É bastante comum, em nossas salas de aula, o esforço do(a) professor(a) por escolher atividades e conteúdos que se mostrem adequados à etapa do desenvolvimento em que supostamente se encontra o(a) aluno(a);

• Os conhecimentos escolares tendem a se submeter aos ritmos e às rotinas que permitem sua avaliação. Mas, é claro, nem todos os conteúdos são avaliados da mesma forma.

• processo de construção do conhecimento escolar sofre efeitos de relações de poder. Percebemos muitas vezes o que ocorre nos Conselhos de Classe: a “hierarquia” que se encontra no currículo faz com que se valorizem mais à Matemática em detrimento da Língua Estrangeira ou da Geografia.

Uma escola deve tornar o currículo um espaço de crítica cultural. E para que isso ocorra é preciso abrir as portas, na escola, à diferentes

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 18

manifestações da cultura popular, além das que compõem a chamada cultura erudita. É necessário ter na sala de aula: músicas populares, danças, filmes, programas de televisão, festas populares, anúncios, brincadeiras, jogos, peças de teatro, poemas, revistas e romances . Estamos valorizando dessa forma o professor como intelectual que é, a desempenhar o papel de crítico cultural.

É importante perceber que estamos imersos em um complexo, variado e conflituoso cenário cultural, que se reflete no que ocorre em nossas salas de aula, afetando significativamente o trabalho pedagógico que ocorre lá.

Precisamos refletir , será que:

• professores e gestores, têm reservado tempo e espaço suficientes para

que essas discussões aconteçam nas escolas?

• como os projetos político-pedagógicos têm incorporado tais

preocupações?

• quem participa da elaboração do currículo?

• como as representações dos outros se refletem nos currículos? quem

são os outros?

• por que é importante professores e gestores, compreenderem o que se

chama de conhecimento escolar?

• pesquise exemplos de esforços, já realizados, por reescrever o

conhecimento escolar?

• divulgue o resultado da sua pesquisa com seus colegas e professor.

Sobre o currículo na Educação Básica, estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.

§ 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 19

desenvolvimento cultural dos alunos. § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é

componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.

§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia.

§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes:

I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;

III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas

não-formais.

É importante ressaltar que temos outras leis, posteriores à LDB, que fazem complementações ao currículo da educação básica:

• Lei 10.639/2003 - Ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira e seus conteúdos;

• Lei 10.793/2003 - Educação física;

• Lei 11.645/2008 – Ensino da cultura afro-brasileira e indígena e seus conteúdos;

• Lei 11.684/2008 – Filosofia e Sociologia em todas as séries do ensino médio.

Assim, a LDB, embasada na Constituição Federal confere às escolas brasileiras a autonomia para definir o que, quando e como os alunos devem aprender, uma vez que não temos definido no Brasil um currículo nacional unificado. Criou um novo conceito de projeto pedagógico e substituiu a figura do currículo mínimo, criado pela LDB anterior (no regime militar), pelas diretrizes curriculares.

A Diretrizes Curriculares Nacionais assegura uma formação básica nacional comum a todos, apresentando determinações gerais a serem complementadas pelos sistemas e instituições de ensino.

A autonomia pedagógica da escola está em dois pontos: um, na decisão da melhor maneira de fazer a entrega deste currículo básico a todos os alunos, de forma a favorecer a aprendizagem e outro, de enriquecer este

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 20

currículo básico com temas de interesse da comunidade na qual está inserida.

Neste sentido, é crucial que a escola garanta a equidade. Em um contexto de autonomia, se a equidade não é um ponto de constante preocupação, sem dúvida as desigualdades podem ser acentuadas: quem tem melhores condições, vai chegar na frente e ter os melhores resultados , e quem tem piores condições sempre vai ficar para trás. A discriminação positiva, o “dar mais a quem tem menos”, é um papel primordial do gestor de sistema educacional. Tanto em termos financeiros quanto com relação ao apoio para o desenvolvimento das tarefas pedagógicas. E preciso garantir a todos oportunidades iguais de aprendizagem.

Assim, o gestor da escola é o responsável por gerenciar a entrega do

currículo básico nacional, e de definir e entregar o currículo de interesse específico da comunidade local. Ele precisa liderar o processo coletivo de definição da parte do currículo que é de interesse específico da escola, do enriquecimento curricular a partir das necessidades locais definidas de forma participativa. Precisa estimular para que todo o currículo seja entregue ao aluno da maneira mais dinâmica e mais produtiva possível, favorecendo o melhor desempenho do que acontece dentro da sala de aula na interação do professor com o aluno, para que ocorra uma aprendizagem efetiva.

Já trabalhamos bastante ao longo de nosso curso o conceito de aprendizagens significativas caracterizando-se pelo fato de novas informações apoiarem-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do aluno.

Assim, ao conceito de aprendizagens significativas somam-se os de habilidades e de competências, presentes na concepção de currículo, compreendendo como atributos intelectuais e cognitivos apreendidos a partir da ação educativa e disponíveis para o agir eficiente em qualquer situação de

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 21

vida de cada ser humano. Ao adotar como eixo metodológico a ênfase nas aprendizagens

significativas, o Currículo privilegia as habilidades e as competências que se apresentam como decorrência dessas aprendizagens. Desenvolver habilidades e competências pressupõe disponibilizar, na estrutura cognitiva, recursos mobilizáveis que assumirão sua postura em sinergia, objetivando um agir eficiente em situações complexas da vida da pessoa.

Segundo, Neves (2013, po.29), os recursos mobilizáveis, [...] que correspondem às aprendizagens,

adquiridas ao longo da vida de cada ser humano, serão muito mais eficientes quando oriundos de várias fontes (daí, a importância da interdisciplinaridade), puderem estar a serviço de várias intenções diferentes da parte de cada pessoa (daí, a função da diversidade) e forem utilizados em situações concretas e múltiplas, conforme a exigência do contexto em que a pessoa se encontre (daí, a consideração à contextualização).

As expectativas de aprendizagem surgem em continuidade às Diretrizes Curriculares Nacionais que buscam, sobretudo, atender a um princípio legal: o direito à educação com qualidade e equidade.

Assim, as Expectativas de Aprendizagem expressam aquilo que é essencial ao aluno conhecer ao final de cada ano do Ensino Fundamental e ao final do Ensino Médio, dentro de cada conteúdo básico definido.

As Expectativas de Aprendizagem, entendidas como elementos balizadores e indicadores de objetivos a serem atingidos, uma vez que:

• contribuem para a qualificação do ensino, na medida em que, coerentes com as Diretrizes Curriculares, expressam claramente, embora de forma ampla os conteúdos fundamentais que devem ser ensinados/aprendidos em cada uma das disciplinas do currículo escolar;

• podem ser consideradas instrumentos pedagógicos de democratização do ensino, ao serem apropriadas por todo o conjunto de estabelecimentos e professores, na medida em que asseguram a todos uma mesma baliza geral de temas/conteúdos que devem ser ensinados/aprendidos.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 22

Síntese

Você deve ter percebido que para refletir sobre Currículo e sua conceituação é necessário que saibamos defini-lo e conhecer quais as teorias que o sustentam na educação.

Deve ter percebido também que um Currículo não é um conjunto de conteúdos dispostos em um sumário ou índice. Pelo contrário, a construção de um Currículo demanda:

a) uma ou mais teorias acerca do conhecimento escolar; b) a compreensão de que o Currículo é produto de um processo de

conflitos culturais dos diferentes grupos de educadores que o elaboram; c) conhecer os processos de escolha de um conteúdo e não de outro. Falamos reiteradas vezes que a sala de aula é o espaço onde se

concretiza o currículo e deve acontecer o processo ensino-aprendizagem. Este processo acontece não só por meio da transferência de conteúdos, mas, também pela influência das diversas relações e interações desse espaço escolar, na sala de aula e na relação professor-aluno.

Assim, a forma como trabalhamos os conteúdos em sala de aula indica nosso entendimento dos conhecimentos escolares, demonstra nossa autonomia diante da escolha.

Para finalizar, é importante que você tenha clareza de que o currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de praticas educativas.

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Gestão educacional – O currículo e o papel do Gestor 23

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Fonte:MOURA, Elaine Maria Salies Landell de. Gestão da Educação: gestão contemporânea. São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, s.d. 147 p .. E-book. 147 p .. E-book