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Gestão de Negócios (2) A abordagem política e a cultura das organizações Prof. Dr. Hernan E. Contreras Alday

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Gestão de Negócios (2)

A abordagem política e a cultura das organizações

Prof. Dr. Hernan E. Contreras Alday

Conteúdo:

1.  Abordagem política das organizações

2.  Estratégia do poder em Croizer

3.  Estrutura e tipologias do poder nas organizações

4.  Teoria da dependência dos recursos

5.  Cultura organizacional

6.  Contribuições de Guerreiro Ramos

1. Abordagem política das organizações

•  O poder é visto como variável externa no processo de controle e a pesquisa do poder se fez de maneira geral nas Escolas de Administração Pública e não nas de gestão.

•  O poder nas organizações empresariais é visto como um fator de conflito e de desgaste da hierarquia formal, portanto uma doença a combater.

•  A partir dos anos 70, o poder ganhou definitivamente um status científico no âmbito da teoria administrativa e organizacional.

Abordagem política...

•  Croizer, Pfeffer e Mintzberg, deram uma grande contribuição para a nova abordagem do conceito do poder nas organizações.

•  O modelo contingencial assumia a racionalidade das estruturas, das normas e da autoridade formal, as quais respondiam às influências macro-ambientais. •  A dimensão política acentua a importância dos atores individuais e coletivos, os quais desenvolvem comportamentos e estratégias que estruturam também o funcionamento das organizações.

Abordagem política...

•  A estrutura organizacional deixa de ser resultante das variáveis ambientais, tecnológicas ou de mercado.

•  Neste contexto, a eficiência de uma organização é modelada predominantemente pela capacidade de definir internamente estratégias, criar estruturas e tomar decisões com vista na otimização de seus resultados.

2. Estratégia do poder em Croizer

Croizer apresenta os postulados de análise estratégica que podem sintetizar-se da seguinte maneira:

§  cada indivíduo tem seus objetivos próprios que procura desenvolver no contexto da organização;

§  a estratégia dos atores na organização é sempre racional, embora limitada;

§  uma vez que a ação dos membros da organização é definida apenas parcialmente pelas regras oficiais, subsiste sempre uma zona de incerteza;

Postulados do Croizer...

§  por outro lado, a organização vê-se constrangida a motivar os indivíduos, de forma a integrá-los em sua estratégia;

§  cada indivíduo exerce poder não somente em relação ao funcionamento da organização, mas também em relação aos outros membros da organização;

§  as relações de poder de fato podem coincidir ou não com o poder distribuído pela estrutura formal.

Resumindo:

Em resumo, as organizações, mesmo as mais burocratizadas, conseguem controlar só uma parte do comportamento humano, permanecendo uma situação de incerteza.

A incerteza

A incerteza é gerada pela carga de poder irracional, a qual tem as seguintes origens: •  competência partilhada ou especialização funcional;

•  competência e conhecimentos relacionados com o meio ambiente;

•  competência que emerge do domínio da comunicação e informação;

•  competência que deriva da capacidade de decodificação das regras e regulamentos da organização.

Competência segundo alguns autores:

ü  segundo Croizer (1963), a competência com base na especialização, ou seja, o saber-fazer é mais importante.

ü  segundo Friedberg (1993), as organizações são o resultado das relações de poder e da regra.

3. Estrutura e tipologias do poder nas organizações

Segundo Mintzberg, o poder nas organizações pode ser estruturado da seguinte maneira: a.  estruturas organizacionais;

b.  formas de poder; e

c.  configuração do poder.

a. Configuração estrutural de Mintzberg

Mecanismo de coordenação

Parte fundamental da organização

Tipo de Descentralização

Estrutura simples Supervisão direta Vértice estratégico

Centralização vertical e horizontal

Burocracia mecanicista

Padronização do processo de trabalho

Tecnoestrutura Descentralização horizontal limitada

Burocracia profissional

Padronização das qualificações

Core operacional Descentralização vertical e horizontal

Estrutura divisionalizada

Padronização de outputs

Nível intermediário

Descentralização vertical limitada

Adhocracia Ajustamento mútuo

Staff de suporte Descentralizacão seletiva

Estrutura simples:

Na estrutura simples, verifica-se que os mecanismos de supervisão situam-se no vértice estratégico, que a supervisão é direta, e sendo uma estrutura simples existe centralização, já que o poder é geralmente exercido pelo diretor-geral ou pelo dono.

Burocracia mecanicista:

Na burocracia mecanicista, existe padronização de processos de trabalho; o funcionamento incide muito na tecnoestrutura; existe limitada descentralização horizontal. Trata-se de organizações de grande dimensão, com comportamentos formalizados e burocráticos.

Burocracia profissional:

A burocracia profissional recorre à padronização da qualificação para que o controle e planejamento sejam reduzidos e existe descentralização vertical e horizontal. O poder é exercido pelos profissionais operacionais.

Estrutura divisionalizada:

Na estrutura divisionalizada, o mecanismo da coordenação é a padronização dos outputs, pelo que a descentralização se faz relativamente às diversas divisões ou departamentos, cada uma das quais procurando desenvolver seu próprio poder, recorrendo ao crescimento e diversificação de suas divisões.

Adhocracia:

Na adhocracia, o pr incipal mecanismo de ajustamento consiste no ajustamento mútuo. A parte chave da organização é o staff de suporte na adhocracia administrativa e “core” operativo na adhocracia operacional. Nesse tipo, o vértice estratégico limita-se a fazer as ligações com o exterior, a regular os conflitos e a controlar os projetos.

b. Tipologias do poder no funcionamento das organizações

Segundo Mintzberg (1986), as pessoas que têm o poder podem-se agrupar da seguinte forma:

§  Grupos que detêm poder externo: proprietários, associados, associações de empregados.

§  Grupos que detêm o poder interno: administração, operadores, quadros de linha hierárquica, analistas de tecnoestrutura, especialistas de funções logísticas.

Proprietários:

Exercem um poder de influência sobre as organizações porque são os donos.

Associados:

Grupos de influência externa que incluem os clientes, fornecedores, parceiros e concorrentes relacionados com a organização. Em geral, estão relacionados com os inputs e outputs das organizações.

Associações de empregados:

Entre os quais Mintzberg distingue dois tipos: os operadores pouco qualificados (sindicatos) e operadores muito qualificados (ordens). Estas associações têm influência sobre a opinião pública, governos e grupos de interesses particulares, podendo exercer pressão por meio de normas sociais, constrangimentos formais, campanha de grupos de pressão e controle direto.

Administração:

(Presidente ou Diretor-Geral): o poder advém da posição hierárquica que ocupa na organização.

Quadros intermédios:

São mini-presidentes ou mini-administradores com o poder circunscrito a sua divisão ou departamento.

Operadores:

Os quais podem ser operadores não qualificados, que fazem um trabalho simples e repetitivo; e operadores qualificados ou profissionais, os quais podem estar integrados em uma organização profissional cujos objetivos e valores importam para o interior da organização onde trabalham.

Analistas de tecno-estrutura:

É todo o pessoal que está diretamente relacionado com as tarefas de concepção e gestão de sistemas formais de controle e concepção.

Pessoal de apoio logístico:

Sendo de natureza acessória e periférica em relação ao funcionamento global da organização, revela-se muitas vezes imprescindível.

c. Configurações do poder São seis as configurações de poder: •  o instrumento

•  o sistema fechado

•  autocracia

•  missionário

•  meritocracia

•  arena política

O instrumento:

O instrumento, na generalidade dos casos, é o resultado de influência externa dominante sobre o funcionamento interno da organização.

O Sistema Fechado:

O sistema Fechado é o tipo de organização de poder na qual a coligação interna burocrática exerce uma enorme influência sobre as normas de trabalho.

Autocracia:

Diz-se autocracia quando todo o poder é concentrado no administrador ou diretor-geral.

Missionário:

Quando a coligação interna baseada na ideologia exerce maior influência no funcionamento das organizações.

Meritocracia:

Quando a configuração de poder vai buscar sua in f luência ao saber e competência dos especialistas que executam tarefas complexas.

Arena política:

Caracterizada pelo conflito no plano interno e externo.

4. Teoria da dependência dos recursos

§  A teoria de dependência de recursos foi elaborada por Pfeffer (1981). §  Parte de um pressuposto básico: as organizações são objeto de um controle social e de uma série de restrições do ambiente externo, relativamente aos seus recursos que são fundamentais para seu funcionamento. §  Por esse motivo, são obrigadas a realizar uma série de transações com os ambientes externos para se apropriarem dos recursos necessários.

Teoria da dependência...

§  Qualquer organização existe com base na briga pela sobrevivência, que consiste em lutar pelos recursos externos.

§  É por esse tipo de luta que se pode compreender as características das estruturas e das decisões que revelam na política interna.

§  O ambiente externo, sendo um fator de pressão e de oportunidades para as organizações, faz com que estas, na luta pelos recursos que necessitam, sejam perpassadas por uma dinâmica interna baseada em estratégias e decisões de caráter político.

5. Cultura organizacional

Cinco importantes elementos do conceito de cultura: ambiente dos negóc ios , const i tu ído pe los competidores, clientes, tecnologia; os valores são a crença dos negócios e de como conduzi-los; heróis são aqueles que na organização personificam a cultura e os valores e constituem exemplo; os rituais mostram às pessoas o tipo de comportamento que deles é esperado; a rede cultural significa os modos como se transmite a cultura a seus membros.

6. Contribuições de Guerreiro Ramos

Guerreiro Ramos (1989) identifica três pressupostos que a disciplina organizacional convencional não contempla:

•  a identificação da natureza humana, em geral, como síndrome de comportamento inerente à sociedade centrada no mercado;

•  a definição do homem como um detentor do emprego;

•  a identificação da comunicação humana com a comunicação instrumental.