Gestao Escolar Numa Perspectiva Democratic A
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Márcia Gleyb dos Santos BegotMarlene José Cardoso do Nascimento
Gestão Escolar: Numa perspectiva democrática.
Belém-Pará2002

10
Márcia Gleyb dos Santos BegotMarlene José Cardoso do Nascimento
Gestão Escolar: Numa perspectiva democrática.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Pedagogia – Ciência da Educação,
do Centro de Ciências Humanas da
Universidade da Amazônia, como requisito
para a obtenção do grau de licenciado Pleno
em Pedagogia, orientado pela Profª MS. Rosa
Helena N. Ferreira.
Belém-Pará2002

11
Márcia Gleyb dos Santos BegotMarlene José Cardoso do Nascimento
Gestão Escolar: Numa perspectiva democrática.
Avaliado por:
_________________________________________Profª Ms. Rosa Helena N. Ferreira (UNAMA)
Data: _____/ ______/ _____
2002

12
Entendo, pois que o processo educativo é
a passagem da desigualdade à igualdade.
Portanto, só é possível o processo
educativo em seu conjunto como
democrático sob a condição de se
distinguir a democracia como
possibilidade no ponto de partida e a
democracia como realidade do nosso
ponto de chegada.
Dermeval Savianni

13
Dedicamos este trabalho a todos que não
tiveram acesso ao sistema de educação,
e que não tiveram a oportunidade de
construir a sua história. Esperamos que,
com a conclusão do curso aprendamos a
tomar as decisões que contribuir para as
novas gerações na construção de seus
conhecimentos.

14
A Deus, pelas inúmeras vitórias que me
proporciona, pelo cuidado incondicional que
tem por mim;
Aos meus filhos Rhoney e Raiany que
compreenderam minhas ausências;
A minha querida e amiga mãe que em todos os
momentos me deu apoio e sempre acreditando
em minha vitória. Obrigada mãe;
Ao meu marido Rubinaldo que suportou todas
as minhas angústias e teve toda a paciência
comigo e foi sempre amigo;
Aos meus irmãos que acreditaram em minha
vitória e pelas palavras de estímulo, confiança
e incentivo;
As minhas amigas do grupo, pela luta e
coragem que tivemos juntas.
Márcia Gleyb Santos Begot
A Deus por ter me dado forças para galgar este
caminho, permitindo que adquirisse a
experiência que hoje tenho;
Ao meu esposo Carlos, que sempre acreditou
na minha capacidade, apoiando-me e
compreendendo minhas ausências;
Em especial aos meus queridos filhos Aline,
Ariane e Júnior, sinônimos de ternura, amor,
carinho e esperança;
Aos meus pais e familiares , que apesar de
todas as dificuldades, me deram o apoio
necessário para continuar na luta.
Marlene José Cardoso do Nascimento

15
A Deus pela força e coragem para continuar
nossa caminhada em busca do saber;
À nossa orientadora Rosa Helena Nogueira
Ferreira, que muito tem contribuído para nossa
aprendizagem, com palavras incentivadoras e
competência em tudo o que faz;
Aos colegas da turma, com os quais
vivenciamos todo um processo de crescimento
e avanço na luta por um ideal;
A todos os professores do curso, que
procuraram da melhor maneira contribuir para
ampliar nosso conhecimento.

16
RESUMO
O referente trabalho de conclusão de curso objetiva realizar um aprofundamento datemática: Gestão Escolar: Numa Perspectiva Democrática. Apresentando ao leitoruma reflexão quanto ao papel do gestor escolar, no que se refere a teoria e prática,e a sua competência face aos desafios e mudanças na educação. A realizaçãodeste trabalho enfatiza o compromisso e o desafio de se implantar uma gestãoverdadeiramente democrática nas escolas públicas. Este trabalho está dividido emtrês capítulos. No primeiro, contextualizamos a nossa justificativa, o porquê de nossapesquisa, o método que utilizamos que uma abordagem qualitativa e pesquisabibliográfica. No segundo capítulo, buscamos destacar o conceito de gestãodemocrática e suas concepções teóricas, fazendo uma abordagem sobre ademocracia dentro do ambiente escolar, não deixando de ressaltar a importância doplanejamento participativo e a construção do projeto pedagógico como instrumentode grande importância para a melhoria do processo ensino-aprendizado doeducando. Verificou-se que implantação da gestão democrática na escola ainda éuma realidade muito distante , em virtude das muitas contradições encontradas.Concluímos que a partir do momento em que a escola abrir as portas a participaçãodos sujeitos na elaboração de suas ações, efetiva-se na prática da gestãodemocrática. Concebida como perspectiva de promover a inclusão, a gestãodemocrática propõe dar uma nova face a escola, a qual possa refletir quem são ossujeitos que estão no interior de seu contexto, por meio do respeito e do exercício datolerância na diversidade sócio-cultural, e assim proporcionar oportunidades iguaisna sociedade brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: democracia, ambiente escolar, planejamento, participação.

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SUMÁRIO
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO -------------------------------------------------- 09
MEMORIAL I ------------------------------------------------------------------------------------------ 09
MEMORIAL II ------------------------------------------------------------------------------------------11
1.1 JUSTIFICATIVA --------------------------------------------------------------------------------- 12
1.2 SITUAÇÃO-PROBLEMA ---------------------------------------------------------------------- 15
1.3 OBJETIVOS -------------------------------------------------------------------------------------- 16
1.3.1 GERAL ----------------------------------------------------------------------------------------- 16
1.3.2 ESPECÍFICO --------------------------------------------------------------------------------- 16
1.4 METODOLOGIA --------------------------------------------------------------------------------- 17
CAPÍTULO II – BASES TEÓRICAS ------------------------------------------------------------- 18
2.1 ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS E OBJETIVOS -------------------------------------- 18
2.2 PROCESSO ADMINISTRATIVO E PROCESSO DE CIDADANIA ----------------- 20
2.3 A FUNÇÃO DO GESTOR ESCOLAR FRENTE AOS DESAFIOS IMPOSTOS
PELO PROCESSO DE PLANEJAR COLETIVAMENTE: A busca da gestão
democrática -------------------------------------------------------------------------------------------- 23
2.4 O PROJETO PEDAGÓGICO COMO MODELO DE GESTÃO ---------------------- 29
CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES GERAIS ------------------------------------------------ 37
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO --------------------------------------------------------------- 41

18
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO:
Memorial I
Durante minha juventude, sempre sonhei em ser professora. Em 1986
iniciei meu tão sonhado desejo, fui convidada para lecionar com alunos de 03 a 05
anos. Me senti contemplada com aquelas crianças, mas sentia que algo estava
faltando. Então iniciei a minha trajetória no magistério, tudo que aprendia colocava
em prática em sala com meus alunos. O tempo passou e percebi que minha jornada
não tinha acabado.
No ano de 1999 recebi umas das melhores notícias de minha vida, “minha
aprovação no vestibular”, quanta felicidade! prestei o vestibular para Pedagogia –
Ciência da educação na Universidade da Amazônia – UNAMA.
Ao entrar na instituição deparei-me com um mundo totalmente diferente
do que eu estava acostumada, as disciplinas eram novas para mim. A disciplina que
mais encantou-me foi a Psicologia da Aprendizagem, pela maneira explícita e real de
como os autores que abordavam esta área da psicologia nos envolviam em seus
conhecimentos. Percebi que minha fome de saber era grande, e com o decorrer dos
anos na instituição não medi esforços para aprender.
Um dia li um livro de Içami Tiba “Ensinar aprendendo” para fazer um
trabalho e descobri algo muito importante. Tiba fazia a diferença entre o professor e
o mestre, naquele momento percebi que eu tinha duas mestras em minha vida
acadêmica, que era as professoras Graça Lima e Elizabeth Teixeira. Estas me
ensinaram o valor de uma amizade, de uma relação professor/aluno.
Com o decorrer dos anos e das aulas, com minha vida profissional na
educação, despertou-me o interesse pela gestão escolar. Não uma gestão da qual
eu estava habituada, mas sim de uma gestão democrática, em que todos os
envolvidos participam do processo da instituição ao qual estão inseridos. Então
diante das minhas observações, optei na investigação da gestão escolar numa
perspectiva democrática capaz de garantir os direitos educacionais a todos os
sujeitos de nossa sociedade. O tema escolhido permite-me transportar um vislumbre
de uma sociedade em que todos de fato e de direito tenham suas necessidades

19
educativas garantidas, possibilitando construir sua existência e consciência dentro
da realidade em que a vida expressa.
Neste sentido, a participação de todos os envolvidos no sistema
educacional é de fundamental importância para que de fato a escola seja
democrática.
Márcia Gleyb Santos Begot

20
Memorial II
Desde a adolescência tive vontade de trabalhar com crianças, e por este
motivo, ao terminar meu primeiro grau, matriculei-me no Colégio Paulino de Brito, no
qual passei três anos de minha vida.
Ao terminar o curso de Magistério, fui à luta em busca de meu objetivo
que era exercer a minha profissão. Com muito esforço consegui uma vaga em uma
escola estadual, que apesar de distante de minha casa, agarrei a oportunidade com
o intuito de vencer. Não me dei por satisfeita, e, mesmo com emprego garantido,
continuei lutando para aperfeiçoar-me e exercer da melhor maneira o meu trabalho.
Senti que faltava algo em minha vida e resolvi prestar vestibular para a
UFPa., não conseguindo aprovação. Continuei na batalha fazendo cursinho, sendo
aprovada na Universidade da Amazônia – UNAMA, tendo uma experiência fantástica
como professora de escola pública estadual.
Fiz meu estágio supervisionado na Escola Costa e Silva, tendo como
orientadora Gina Bolonha e Maria Alice, com as quais obtive com grande satisfação
conhecimentos de outras práticas. Sou feliz porque estou realizando meu objetivo
de estar atuando na área educacional que sempre desejei.
Partindo deste contexto, é que desejo dar continuidade a minha formação
profissional, procurando contribuir cada vez mais com a educação, apresentando as
seguintes características: estar aberta às mudanças e transformações que se
fizerem necessárias durante a minha vida profissional, apresentando uma visão
holística, englobando o conhecimento geral do mundo, tendo habilidades e
competências para estabelecer relações entre causas e efeitos, domínio de
informática e interações no processo educacional, pois só assim poderei estar
contribuindo com a formação dos educando e em condições de gerenciar uma
escola, seja ela qual for, de Ensino Fundamental ou Média, Pública ou Privada, com
a certeza de que será um grande desafio.
Sendo assim, pretendo através da pesquisa do Trabalho de Conclusão do
Curso (TCC), melhor conhecer, compreender e redimensionar a minha prática
educativa, para que eu possa atuar nesta sociedade em constante transformação.
Marlene José Cardoso do Nascimento

21
1.1 JUSTIFICATIVA
Partindo da observação dos problemas sociais como um todo e a
preocupação com os caminhos da educação, buscamos captar pela mediação de
uma atividade reflexiva, a possibilidade de uma administração escolar numa
perspectiva democrática voltadas para as necessidades básicas e a realização do
ser humano.
Assim, na pretensa eficiência educacional consolidada na formação do
cidadão, acreditamos que tanto a escola quanto outras instituições que ministram o
ensino, são responsáveis por uma educação significativa vinculada a realização
social.
É com este olhar que tentamos aprofundar e compreender o pedagógico da
ação política e o político da ação pedagógica na gestão escolar, reconhecendo que
a educação é essencialmente um ato de conhecimento e de conscientização, mas
que por si só, não leva uma sociedade a se libertar da opressão. Acreditamos que o
maior comprometimento rumo ao processo democrático e a verdadeira cidadania,
concretiza-se no fenômeno das relações humanas, pois elas encerram um grande
potencial de direção na luta por uma transformação da sociedade que se encontra
em (re)construção.
O compromisso de que falamos é o compromisso do profissional que
envolve a decisão lúcida e profunda de quem o assume, aderindo o desafio da
diversidade a serviço da unidade.
Concebida a educação como um processo contínuo e permanente no
qual estamos educando e sendo educados continuamente, rechaçamos a
possibilidade do profissional de educação perante a sociedade, cujo o contexto
desenvolve suas atividades, em colaborar com um processo de transformação,
mediante a conscientização dos indivíduos com os quais trabalha sua própria
conscientização como produto do contato com elas afim de cumprir o papel de
agente de mudança.
Acreditamos que a escola é o meio precursor deste importante fenômeno
social, mas para isso, é necessários desenvolver atividades com vistas a realização
de tais fins. Desta forma, enfocamos alguns problemas com importantes
implicações práticas, em que os profissionais da educação devem ter consciência

22
para atuarem com compromisso e precisão, atendendo aos interesses da
comunidade respeitando suas tradições, seus valores e sua cultura.
A força motivadora da implantação de novas formas de ação e
desempenho do educador – necessidade de mudança – deve ser entendida por
todos os sujeitos envolvidos no processo educacional, desenvolvida através de uma
comunidade eficaz, consciente e assentada no trabalho coletivo e interativo, pois o
alvo da atenção máxima deve ser o aluno.
O estudo da gestão escolar, entendida com os princípios e os processos
da direção e organização escolar, põe em destaque, estrutura do poder, dentro da
qual se move certas exigências de racionalidade do processo organizador e de
coordenação do trabalho conjunto, que se realiza na escola. Deste modo, destaca-
se o papel de gestor da escola, como agente integrador e articulador das ações
encaminhadas com vistas aos atingidos objetivos pedagógicos e sociais da
instituição escolar.
Sabe-se que a educação sempre foi a forma utilizada pelo homem para
passar e repassar os conhecimentos por ele adquiridos e preparar as novas
gerações. O caminho em busca da gestão democrática, é muito árdua no sentido de
enfrentar conflitos e obstáculos dentro das variáveis do ambiente externo. No
entanto, o nosso comprometimento com a evolução dos alunos e a função de
educadores, obrigando-nos a desenvolver metas e ações para superar-mos todos os
obstáculos que a realidade na qual se vive, coloca no caminho. Entretanto, a criação
de condições e situações favoráveis ao seu bem-estar emocional e a sua formação
global em face as necessidades atuais e essenciais são em linhas gerais, o papel
fundamental da escola e depende da atuação dos elementos que ocupa as diversas
posições. Nesse sentido, a formação do administrador é muito importante para o seu
papel de líder, coordenador e gestor da política da função social da escola.
Assim, o estudo proposto possibilita compreender as contradições que se
expressam ao buscar-se o exercício da prática da gestão democrática na escola,
especialmente na sociedade capitalista, em que a educação submete-se aos
interesses dos segmentos dominantes da sociedade. Sabe-se que a Lei 9394/96, de
Diretrizes e Bases da Educação, inciso VIII, possibilita às escolas muita flexibilidade
e abertura no processo educacional brasileiro. Essas mudanças expressam o
momento histórico que a sociedade brasileira está vivendo. E como instituição

23
fundamental no processo de transformação social, a escola não pode ficar ausente
deste processo.

24
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA
Considerando que o processo de gestão democrática não é função
exclusiva do gestor escolar, mas da realização de um trabalho participativo
envolvendo todos os segmentos sociais que compõem a escola. o ato de pesquisar
busca desvelar os processos que entravam a implantação e a real vivência da
gestão democrática nas escolas públicas, oportunizando-se o rompimento com o
autoritarismo que permanece ainda no interior da escola, contribuindo para o
aumento da exclusão das classes menos favorecidas diante das oportunidades de
acesso ao ensino.
Desta forma, urge a necessidade de buscar como se efetiva a gestão
democrática na escola. Para tanto buscamos as seguintes questões que delimitam o
nosso pensar no objeto a ser problematizado, buscando conhecer como os teóricos
tratam a questão da gestão democrática? Quais as características que um processo
administrativo em uma perspectiva democrática deve ter? Quais os instrumentos
necessários para sua implantação?.
Diante do contexto que expressa na sociedade em que a participação dos
sujeitos através das diferenças de pensar se entrecruza no espaço escolar. O estudo
proposto sugere um olhar diferenciados no âmbito da escola pública visando atender
sua realidade.

25
1.3 . OBJETIVOS
1.3.1 GERAL: Refletir a presença do modelo de gestão democrática efetivada na escola
pública, possibilitando aos segmentos menos favorecidos uma ampla
participação na construção e no direcionamento das ações educativas
efetivadas na escola.
1.3.2 ESPECÍFICOS:- Identificar como os teóricos tratam a gestão democrática nas escolas
públicas;
- Identificar a função do gestor escolar frente ao processo de planejar
coletivamente em busca da gestão democrática;
- Identificar como se dá a construção do projeto pedagógico de uma
escola;
- Identificar as ações e instrumentos necessários à implantação efetiva
da gestão democrática na escola pública a partir das experiências
que se concretizaram em outras escolas de rede pública de ensino, as
quais servem de referências.

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1.4 METODOLOGIA
1.4.1 Tipos de estudo:Os procedimentos metodológicos necessários à realização da pesquisa
proposta partem da abordagem qualitativa, permitindo descrever, analisar,
objetivando compreender efetivamente o processo de gestão democrática da escola
pública. A opção pela abordagem qualitativa refere-se a facilidade que ela apresenta
na descrição do conhecimento a ser produzido na área educacional.
Através de auxílio de fontes bibliográficas que tratam da temática é
possível efetivar a construção do conhecimento proposto para a investigação,
gerando conhecimentos científicos significativos que podem auxiliar outros
educadores no estudo da temática.
A pesquisa proposta visa produzir conhecimentos a partir de fontes
bibliográficas que expressem o modelo de gestão democrática, objeto de estudo de
nossa pesquisa.
A coleta de dados conta na sua primeira etapa, na elaboração de
resenhas e resumos de fontes bibliográficas que tratam da temática em questão.
Sendo anteriormente selecionada de acordo com a relevância que subsidia a
pesquisa.
Na segunda etapa foram examinados projetos pedagógicos das escolas e
as fases de construção do planejamento participativo, pressupondo-se que nesses
documentos constam informações significativas que podem elevar qualitativamente
o nível da pesquisa.

27
CAPÍTULO II – BASES TEÓRICAS
2.1 administração: Conceitos e ObjetivosO mundo encontra-se na era da globalização da economia e da
comunicação. A escola encontra-se inserida neste contexto, atuando frente a
desafios, onde há necessidades de reconstrução do conhecimento, assim como a
postura do gestor escolar.
O gestor escolar precisa estar bem preocupado profissionalmente,
consciente que o exercício de sua profissão esteja pautado no plano político
pedagógico da escola ao qual esteja a frente. A essência comum da função
administrativa, mas apenas acrescenta a necessidade de se definirem os fatores
variáveis em cada caso, para que seja possível o ajustamento da teoria geral aos
diferentes tipos de organização existente.
A teoria da administração escolar numa perspectiva democrática têm se
reproduzido no brasil, no sentido de explicar a sua fundamentação, indicando a
gestão partidária como uma das condições necessárias para o desenvolvimento da
sociedade democrática.
Nessa relação, entretanto, é necessário uma visão crítica do processo da
administração escolar, a qual exige um conhecimento mais ou menos preciso da
estrutura sócio-econômico da sociedade capitalista em que vivemos. A gestão
escolar precisa ser entendida no âmbito da sociedade política comprometida com a
própria transformação social. Paro (1996, p. 149)
Neste enfoque, a atividade administrativa em sua concepção mais geral e
abstrata, advinda da racionalidade deve estar constantemente buscando objetivos
que atentam aos interesses das classes trabalhadoras, configurando-se portanto na
concorrência para que transformação social de fato seja realizada.
Para o gestor escolar torna-se, entretanto, imprescindível conhecer a
dimensão do conjunto organizacional, isto é, a escola como realidade global; ser
capaz de adaptá-la às novas exigências que a localidade deseja.
A necessidade de se promover a eficiência e a produtividade da escola
pautada na consecução de seus objetivos, por procedimentos administrativos
análogos aqueles que tanto êxito alcançam na situação empresarial, surge uma
segunda posição contrária a todo tipo de administração ou tentativa de organização

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burocrática da escola. Essa nova concepção constitui-se, mais precisamente, numa
reação do caráter autoritário das relações que dominam no interior da escola, como
o resto em qualquer tipo de organização em nossa sociedade. A escola, assim, só
será uma organização humana e democrática na medida em que a fonte desse
autoritarismo, que ela identifica como sendo administração (ou burocracia, que é o
termo que os adeptos dessa visão preferem utilizar), for substituída pelo
espontaneísmo e pela ausência de todo tipo de autoridade ou hierarquia nas
relações vigentes na escola.
Neste contexto, os mecanismos gerencias da gestão escolar enquanto
processo que se renova permanentemente e enquanto instrumento na busca da
racionalidade, isto é, do compromentimento com a mudança social, devem estar
voltados para o alcance de seus fins especificamente educacionais. O gerenciador
escolar, precisa saber buscar na natureza própria da escola e dos objetivos que ela
persegue, os princípios, métodos e técnicas adequadas ao incremento da
racionalidade. Sendo assim, a gestão escolar deve ser vista como instrumento
fundamental do seu dinamismo e isto na medida em que possibilite a conciliação
entre os dados da realidade e a rigidez instrumental da organização resultante da
aplicação dos princípios de autoridade legal, fundados na burocracia.
Consequentemente, aquela concepção burocrática estrita não pode ser aplicada à
organização escolar, nem deve orientar de modo total ou exclusivo a atividade
administrativa na escola.
Considerar a administração como instrumento de adaptação e mudança
social, é necessário que a escola seja ordenada e articulada de forma racional à luz
de um conceito radical, visando condições de possibilidade de uma práxis
administrativa voltada para a democracia.

29
2.2 PROCESSO ADMINISTRATIVO E PROCESSO DE CIDADANIA
A construção da escola cidadã pressupõe concomitatemente, a
construção de relações sociais efetivamente democráticas e equilitárias, ou seja, a
luta pela cidadania que constrói a emancipação humana no conjunto das lutas
sociais pela terra, pela reforma agrária, pelo emprego, pelo direito a saúde,
educação, trabalho, seguro-desemprego, etc. a escola cidadã constituiu-se numa
perspectiva “unitária” da sociedade e educação. Unitário ao contrário de uniforme e
único, significa síntese do diverso. Essa diversidade, todavia, somente é
democrática se as condições básicas, isto é, a materialidade objetiva e subjetiva de
produção social da existência for efetivamente igualitária.
A idéia de projeto de uma sociedade e educação unitária tem na sua base
pressupostos éticos-políticos, epistemológicos e políticos-pedagógicos, que norteiam
todas as atividades da organização e constituem o cerne dos elevados padrões de
pensamentos e aspirações coletivas.
Nossa leitura, quanto ao processo administrativo direcionado a formação
da cidadania, constitui um ato político com possibilidade de reflexão sobre si, sobre
seu estar no mundo, associada indissoluvelmente a sua ação sobre o mundo, a
ausência de reflexão sobre seu estar no mundo, impossibilita o ser de transportar os
limites que lhe são impostos pelo próprio mundo. (FREIRE 1983, p. 16)
O gestor educacional que opta pela mudança não teme a liberdade, não
prescreve, não manipula, não foge da comunicação, pelo contrário, a procura e vive,
no propósito de desmistificar o mundo, a realidade, através do exercício da reflexão
dos indivíduos sobre sua ação, sobre a própria percepção que possam ter da
realidade.
A administração escolar projetada no desafio da conscientização, parte do
pressuposto de que existe a possibilidade no homem de desenvolver-se e crescer
interiormente, participar da construção de si mesmo e de uma comunidade cada vez
mais humana, de conquistar sua liberdade. O profissional pedagogo é aquele que
atua por meio de canais que permitam perceber a democracia não como forma de
regime político, mas uma forma de existência social. Assim sendo, a questão
democrática passa a ser uma questão social e política, fundada numa cidadania

30
concreta, que começa no plano do trabalho, isto é, a passagem dos objetos sócio-
político em que nos tornamos, sujeitos históricos.
No âmbito político, advoga a necessidade de distinguir as determinações
de um determinado fenômeno social das secundárias, ou seja, no processo histórico
necessitamos diferenciar de forma bem clara aquelas determinações que se
alternadas, modificam estruturalmente a natureza dos fatos ou das relações sociais
daquelas que alteram sem mudar sua essência estrutural.
No âmbito epistemológico, o pressuposto básico é de que a compreensão
dos fatos da realidade social implica articulá-las na sua totalidade histórica, com o
objetivo de combater a fragmentação e o particularismo do conhecimento e no
domínio curricular o eixo básico das mais diferentes ordens.
O plano pedagógico, o eixo central da proposta de uma escola unitária
cidadã, funda-se no processo ensino-aprendizagem tendo como alvo os alunos
enquanto sujeitos sociais suas múltiplas necessidades, dimensões e diversidades, o
que requer uma leitura consciente das determinações concretas da própria
realidade.
Reconhecendo a amplitude do processo educacional, constamos que o
trabalho administrativo pedagógico deve verter para a transparência sustentada pelo
trabalho coletivo e participativo. A participação possibilita a população um
aprofundamento do seu grau de organização e uma melhor compreensão do estado
influindo na maneira mais efetiva de seu funcionamento.
Quando falamos da amplitude do processo educacional, o qual implica
essencialmente o processo administrativo no âmbito das relações sociais, nos
referimos do próprio “fazer humano” e consequentemente o próprio homem, pois
pensar sobre nós mesmo é tentar encontrar a natureza do homem algo que possa
constituir o núcleo fundamental onde se sustenta o processo de educação. Esta,
portanto, implica em uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem
deve ser o sujeito de sua própria educação, e não objeto dela. Concordamos
plenamente com a afirmativa de Paulo Freire (1983, p. 28), quando diz que “ninguém
educa ninguém, nós nos educamos”. Para ele, o homem pode ser inacabado,
incompleto, não sabe de maneira absoluta.
Pensar em uma administração correlacionada ao desejo de
transformação, promover a cidadania, poder demonstrar que é possível mudar e isto

31
reforça a importância de sua tarefa político-pedagógico, é contrapor-se ao
autoritarismo, a centralização, e resgatar o verdadeiro sentido da administração.
Recordamos o grande educador Paulo Freire, quando afirmava que
ensinar é uma especificidade humana que exige segurança, competência
profissional e generosidade. Nós, porém, afirmamos: administrar é uma
especificidade humana, exige segurança, competência profissional, habilidade,
criatividade, cooperação e comunicação.
Afirmamos que a escola contribui para a democratização a partir da
eliminação de poder do seu interior e consequentemente, para a melhoria da
qualidade de ensino. Todos os segmentos da comunicação podem compreender
melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade todos que nela
estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela, e assim, acompanhar
melhor a educação ali oferecida. Portanto, toda a escola pode ser cidadã enquanto
realizar tarefas numa concepção de educação, que vise formara a cidadania e para
o desenvolvimento.
Como verificamos, o propósito inicial de uma gestão democrática é do
próprio gerenciamento em substituir o paradigma autoritário pelo democrático dando
oportunidade às pessoas de “liberarem seu potencial oculto”, ajudando-os a usarem
seus talentos e sua criatividade, para resolver os problemas que a instituição
enfrenta, embasado no trabalho democrático participativo e descentralizado, com
ênfase na “delegação de poderes”. Na gestão democrática, a participação de cada
sujeito é fundamental e o reconhecimento de suas idéias e sua contribuição é
independente do nível hieráquico. O gestor, por sua vez, torna-se um líder eficaz
quando valoriza o trabalho dos indivíduos, estimula o ambiente e acredita no
potencial de seus auxiliares.

32
2.3 A função do gestor escolar frente aos desafios impostos peloprocesso de planejar coletivamente: a busca da gestãodemocrática.
Defendemos a importância da atuação do gestor escolar nas relações e
situações que circundam a escola, bem como da urgência da mudança na estrutura
da gestão escolar. Com isso, pretendemos identificar algumas ações necessárias ao
gestor que coordena o processo que antecede a participação coletiva nas atividades
escolares, inclusive o planejamento escolar.
Através do planejamento participativo, os diversos segmentos que
compõem a comunidade escolar são chamados a planejar, avaliar e implementar a
proposta de educação a ser efetivada na escola. A responsabilidade desta forma é
compartilhada com o coletivo, tornando a possibilidade de sucesso bem maior.
Porém, é importante ressaltar que o planejamento participativo na escola não pode
jamais reduzir-se a integrar escola-família-comunidade em sua própria maneira de
observar a sociedade que o cerca.
É de fundamental importância na realização do planejamento escolar a
ação do gestor escolar, e acreditamos que para este desenvolver o processo de
exeqüível, deve saber como conduzir-se diante das situações que o planejamento
lhe impõe.
Assim, cabe ao administrador escolar dar os esclarecimentos teóricos
necessários a toda a comunidade no que se refere a planejar coletivamente, e que o
encontro de pessoas, o diálogo e o próprio debate, onde discutem e decidem,
provoque crescimento pessoal e comunitário, tornando possível uma educação mais
humana e democrática.
O gestor escolar deve incentivar as potencialidades possíveis e estas
tornarem-se em ações criativas e inovadoras. Para GANDIN (1994, p. 24),
participação é construção em conjunto”. No processo participativo, todos tem sua
palavra a dizer.
O gestor consciente das necessidades, dos problemas educacionais e
sociais da comunidade escolar, direcionará o diálogo a este respeito. É função dele
analisar a realidade e posicionar-se em relação a ela, sem contudo efetivar um

33
comprometimento tal que o impeça a objetividade de sua opinião nas decisões com
o grupo ou mesmo que expanda suas idéias formadas.
Entendemos que é função do gestor escolar e dos que com ele
direcionam a elaboração do planejamento participativo, agir no sentido de
sensibilizar a comunidade da realidade em que vivem e a desenvolverem um
sentimento de crítica, a verem além das aparências as ideologias impostas pelo
sistema dominante, para que atinja as causas mais profundas dos seus problemas.
Pensamos que a melhor maneira de conseguir mudanças de atitudes, é pela
conscientização, não a imposição de uma nova ideologia (a do gestor, talvez), o que
apenas perpetuaria a comunidade na visão alienada em que vivem.
Despertar o interesse da sociedade não é tarefa fácil. A elaboração do
planejamento participativo na escola depende da disposição dos que participam,
bem como da existência de um clima favorável para que ele tenha um bom
andamento. Em relação ao clima que deve existir na escola FAVERO (1988, p.94),
comenta que “é necessário uma disposição interior para assumir este planejamento”.
Sendo assim acreditamos que cabe ao administrador envolver-se afim de contagiar
a todos com a sua disposição e entusiasmo, para que participem de livre e
espontânea vontade no que se refere ao clima escolar. DALMAS (1994, p.94), afirma
que “não pode haver na escola um clima hóstil, de individualismo e
irresponsabilidade”. É de fundamental importância que na escola exista um ambiente
de escolhida aceitação mútua e um interesse uns pelos outros. Com isso,
acreditamos que a liberdade, o respeito, o companheirismo e a fraternidade são
fatores marcantes e de valia para o bom andamento do planejamento participativo.
Pensamos que o gestor escolar deve observar na escola um clima
favorável, caso não tenha, ele deve promover situações em que se consiga chegar a
fraternidade e ao diálogo. Porque, muitas vezes, na escola há pessoas que
participam da realização do trabalho apenas por obrigação ou porque desejam
garantir seus empregos, mas que não compartilham necessariamente objetivos,
valores, crenças, expectativas comuns, embora estejam unidas por uma
dependência recíproca. É importante que todos, não só professores, mas também
alunos, consigam entender-se num só objetivo e compromisso. Pelo exposto,
também pensamos caber ao gestor orientar o professor que ele não é o “dono do
mundo”, e do ensino, e sim, coloca-a numa relação interpessoal com o aluno.
Quanto aos aspectos positivos desta relação, TELES (1992, p.40), afirma que “são

34
dois humanos que crescem juntos sendo que o primeiro tem mais conhecimento e
experiência”.
Verificamos que muitas vezes o professor e o aluno vivem numa relação
de medição de forças, para ver quem é que manda na sal de aula. Um clima
favorável influenciará o professor, os aprendizes e a comunidade e uma relação qual
os responsáveis, hão de sentir interesse pelo planejamento e pelas atividades
escolares. Todos devem saber que a educação baseada na democracia não é
deixar que os alunos façam o que quiserem.
Mas que, mesmo numa relação democrática devem existir regras, para
orientarem nossa vida comunitária, e estas são os limites necessários. Nesta
possibilidade de construção coletiva, sente-se a necessidade da democratização das
decisões e da própria gestão escolar. Há então, uma exigência ao gestor, que ele
compreenda a dimensão política de sua ação administrativa. Verificamos que o
caminho a ser seguido é o da gestão participativa.
Diante do exposto, consideramos que, o principal instrumento da gestão
participativa é o planejamento, que pressupõe uma deliberada construção do futuro.
Compreendemos que a gestão participativa para que se torne realidade
no âmbito escolar, é necessário que seja provocado, procurada e apreendida por
todos. A gestão democrática da escola então passa a assumir um caráter diferente,
mais humano voltado para o aluno e para o bem-estar, segundo HORA (1994, p.
52), passa a “ser o resultado do exercício de todos os componentes da comunidade
escolar, sempre em busca do alcance das metas estabelecidas pelo projeto
pedagógico construído coletivamente”.
A escola juntamente com a família e o meio social, tem um papel
fundamental na formação do aluno, daí o motivo pelo qual ela vem sendo alvo de
tantas discussões e de propostas de reestruturação. O sistema social a cada dia
torna-se mais complexo e exigente quanto as habilidades e competências dos
indivíduos. Para isso a escola, como instrumento de formação, necessita tomar
novos rumos, bem como exorcizar a tirania que possa nela residir, revelando-se na
maioria das vezes numa administração centralizada e autocrática, na qual o gestor
apresenta-se como um indivíduo perplexo, marcado por uma visão fragmentada da
realidade que o cerca, que alçado ao cargo, não se reconhece como educador e
como pessoa, certo de que suas atribuições e competências definiram quem manda
e que obedece. Temendo, muitas vezes, com a democratização de sua função, a

35
perda da autoridade e do poder, por ele valorizado. PINTO e FELDMAN (1997, p.
240), evidenciam este medo da perda do controle por parte dos gestores, “temem
que relações mais igualitárias entre eles e a comunidade provoque alterações de
poder”.
Verificamos através de nossa experiência na realidade escolar, as
necessidades de mudanças urgentes que a escola deve passar, quanto a isso
OLIVEIRA (1997, p. 49), nos diz o seguinte quanto a esta necessidade no âmbito
interno das escolas “é fundamental promover formas consensuais de tomadas de
decisões, o que implica a participação dos sujeitos envolvidos”.
Pensamos que só é possível promover “formas consensuais de decisões”,
as quais a autora refere-se através da adesão de uma gestão democrática, na qual a
comunidade escolar participe dando suas contribuições relevantes ao processo de
formação dos alunos, bem como também de melhoria para a escola, quer seja no
plano pedagógico, estrutural ou político. Para descentralizar a administração, é
preciso perceber que esta é uma forma de aumentar a autonomia, de construir e
fazer avançar o exercício e a competência da cidadania.
A escola precisa despertar para o que assegura a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (nº 9394/96), que regulamenta dois princípios a serem
observados para a gestão democrática (inc. I e II, art. 14). Determinando assim, a
participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto da escola e
assegurando a participação de pais, alunos e representantes da sociedade civil nos
Conselhos Escolares. Esse processo, de gestão democrática, foi incluído num inciso
VI, artigo 206 da Constituição Brasileira promulgada em 1988 e na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Além disso, o
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/90, incentiva a participação da
criança e do adolescente, na tomada de decisões no que diz respeito a sua vida e
de seu direito a liberdade de opiniões e expressão, e no artigo 53, também é dito: “É
direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar de definição das propostas educacionais”. Diante do verificado, a mudança
de uma administração centralizadora, unilateral para uma ação mais integrada e
solidária, no sentido de que todos os segmentos possam se sentir colaboradores e
atores no processo.
Vemos que a partir da democratização das decisões, o gestor estará
dando um passo positivo para que a função dele seja repensada e até mesmo

36
aperfeiçoada, porque no momento em que ele permite que a comunidade dê sua
opinião e avalie os resultados de um processo que resulta, em parte, da sua
atuação, muitos fatores positivos para o seu desempenho profissional serão gestor
assuma uma postura revolucionária, repensando que tipo de homem deseja que a
escola forma, para que assim, os alunos sejam inseridos no contexto social. Esta é a
dimensão política da função dele. HORA (1994, p. 52), afirma:
A dimensão política da função do educador traduz-se no compromisso coma ação educativa revolucionária, que lhe dê condições de inserir aorganização escolar em seu contexto social, político e econômico.
Ao falar-mos em gestão escolar, não nos referimos apenas em controlar
recursos e funcionários, bem como assegurar o cumprimento dos dias letivos e
horas/aula. A gestão democrática é uma nova forma de administração totalmente e
integralmente a esfera pedagógica. Ela requer abrir a escola a comunidade,
estimular o talento de cada membro da equipe, não perdendo de vista as metas
educacionais, está em sintonia com as mudanças sociais, criar um ambiente de
amizade e entusiasmo e principalmente saber partilhar o poder. É mais ou menos,
favorecer a interdisciplinaridade da sala de aula com a diretoria.
É mister saber que o gestor escolar só terá condições de exercer esse
aspecto político de sua função se democratizar a gestão escolar, tomando rumos
transparentes, na qual a comunidade confie pela eficiência e compromisso que
defende. A dimensão política da função dele revela-se no momento em que
possibilita a comunidade a opinar, decidir e avaliar o processo educativo. Permitindo
com isso, a construção do saber e o desenvolvimento da consciência crítica dos
interessados no processo.
O gestor escolar deve entender o conhecimento como um processo de
construção não como um produto, daí a escola vir a ser um lugar de ampliação do
saber que o aluno trás de casa. A escola precisa prover meios para que o aluno
consiga vencer as suas limitações e ampliar sua capacidade de comunicação e de
vivência em sociedade.
Diante do exposto, pensamos que o gestor escolar não deve intimidar-se
com os problemas que surgirão no seu trilhar, são dificuldades que com muito
cuidado e convicção vão sendo acompanhados.
O importante, pensamos, é olhar para frente e ter bem claro quais os seus
objetivos como educador. Se pretende realmente comprometer-se com a educação

37
de qualidade, voltada ao indivíduo como pessoa para a formação de pessoas sérias
e sensíveis a realidade social.

38
2.4 O projeto pedagógico como modelo de gestão.
Muitos são os problemas que a escola vem enfrentando nos dias atuais.
Repensar a escola como espaço democrático de troca de produção e conhecimento
é o grande desafio que os educadores deverão enfrentar neste início de milênio,
especificamente o gestor escolar, por ser um elemento significativo e articulador de
uma prática capaz de romper com as relações competitivas, autoritárias e
corporativas que permeiam as relações internas da escola. Assim torna-se urgente a
construção de uma proposta pedagógica com um planejamento articulando o
processo coletivo na tomada de decisões.
Segundo VEIGA (2001), a elaboração do projeto pedagógico tem a ver com o trabalho da escolacomo um todo e com a participação da sala de aula, considerando ocontexto social e a preservação de uma visão da totalidade”. Logo, o projetopedagógico busca a organização global da escola.
Assim entende-se o projeto pedagógico é um conjunto articulado de
propostas e ações, delimitadas, planejadas, executadas e avaliadas em função de
uma finalidade que se pretende alcançar e que é previamente delineada mediante a
representação simbólica dos valores a serem efetivados.
Etmologicamente, projeto vem do latim projectu que significa lançar para
diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de
lei. Plano de geral de edificação.
O termo político entende-se como algo que seja necessariamente
articulado em um projeto que interage com o compromisso sócio-político com
interesses coletivos. É político por visar a formação do cidadão para atuar em uma
certa sociedade.
Assim, pode-se afirmar que políticos são dois mecanismos, interelacionais
e indissociáveis. Por isso, é que se deve considerar o projeto pedagógico como um
processo permanente de reflexão e sua ação-reflexão-ação como um processo
retroalimentador na busca de alternativas viáveis e efetivação de sua prática
cotidiana.
O projeto pedagógico é uma proposta diferente com intuito de suprir as
necessidades da escola e estabelecer parâmetros para o futuro, no sentido de
romper com o passado, inserido num cenário marcado pela diversidade, e nesse
sentido é que o projeto pedagógico deve ser feito com competência e liderança

39
dentro de uma gestão democrática que propõe a descentralização dos processos de
tomada de decisão e da ampliação da autonomia da escola.
Certamente, a formulação do projeto pedagógico nas escolas é uma
inovação prevista pela Legislação Educacional em vigor, com o objetivo de
descentralizar e democratizar o processo educacional, de buscar maiores
oportunidades de participação da comunidade, comprometimento de todos os seus
membros, estabelecimento de alternativas para resolução dos problemas atuais da
educação.
Assim, como também é uma exigência da gestão democrática que exige a
compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica, esta
compreensão deve partir de todos os segmentos envolvidos no processo
educacional, e para que isto de concretize em primeiro lugar, é necessário uma
mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade escolar justificando
assim, a importância da participação coletiva dos educadores, funcionários, alunos,
pais e comunidade.A gestão democrática implica primeiramente o repensar da estrutura depoder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poderpropicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo dareciprocidade, que supera a expressão da autonomia, que anula adependência, de órgão intermediário que elaboram políticas educacionaistais quais a escola é mera executora. (VEIGA, 2001, p.18)
É importante ressaltar de que forma o projeto pedagógico está
estruturado. A escola de forma geral tem nível de dois tipos básicos de estruturas:
administrativas e pedagógicas.
As estruturas administrativas asseguram praticamente a locação e a
questão de recursos humanos, físicos e financeiros, faz parte ainda a manutenção
do prédio da escola e compra de materiais didáticos.
A estrutura pedagógica que teoricamente determina a ação dos
administrativos, organiza as funções educativas de forma eficaz, para que sejam
atingidas as finalidades da escola. Dentro dessa mesma estrutura, inclui-se a
interação política às questões de ensino aprendizagem e as de currículo, a e todos
os setores necessário ao desenvolvimento do ato pedagógico.
Na estrutura organizacional da escola deve ser analisado, visando
identificar quais estruturas são viabilizadas, e porque, verificando as relações
funcionais entre elas. Essas análises significam indagar sobre as suas
características, seus pólos de poder, seus conflitos. “É preciso ficar claro que a

40
escola é uma organização orientada por finalidades, controladas e permeadas pela
questão do poder”. (VEIGA, 2001, p. 25).
No que tange a estrutura organizacional, é necessário se reportar ao
regimento e organograma da escola, identificando os pólos de poder, e as relações
de poder formalmente estruturadas, a forma da gestão que vem sendo praticada nos
últimos anos questiona os pressupostos que embaçam a estrutura burocrática da
escola que viabiliza a formação de cidadãos capacitados a criar ou a modificar a
realidade social.
Um dos aspectos mais complexos do projeto pedagógico diz respeito as
decisões curriculares e relacionados a avaliação e organização do tempo escolar,
pois é nesse momento que são decididas as dinâmicas escolares. Essas são as
decisões concretas que envolverão a maior quantidade de atores, e
consequentemente, o maior número de interesses contraditórios. As decisões
relativas aos conteúdos e a forma como será utilizado o tempo do aluno na escola
são profundamente determinados pelas concepções filosóficas, ideológicas e
políticas dos educadores e executores das ações.
No que se refere ao currículo, VEIGA diz que é “um importante elemento
constituído da organização escolar. Currículo implica, necessariamente a interação
entre sujeitos que tem um mesmo objetivo e a opção por um referencial teórico que
o sustente” (2001, p. 26).
Compreende-se então, que nas duas atuais faz-se necessário uma nova
reestruturação em educação, um novo currículo voltado para as mudanças que
exigem, a um nível aperfeiçoado, o desenvolvimento tecnológico, o processo do
homem nas mais variadas dimensões, ou seja, qual profissional queremos formar.
Entende-se também que, um processo pedagógico tenha realmente o
compromisso da reorganização da escola, deverá desenvolver articulações cabíveis
quanto a maneira de conceber, estruturar e dar continuidade ao currículo.
A reformulação de um novo currículo implicará na questão do tempo
escolar que envolve não só educação como também educadores. Quanto a escola
ocupa o tempo dos professores com aulas e não lhes proporciona algumas horas
semanais de trabalhos remunerados para acompanhamento do processo
pedagógico, as reuniões e as discussões em torno do projeto pedagógico, ela
dificulta a realização de um trabalho de qualidade, pois todos sabem que, são
poucos os professores que podem se dar ao luxo de ter apenas um vínculo

41
empregatício e a corrida de uma escola à outra, não lhes proporciona muito tempo
para as atividades de planejamento e avaliação, não queremos dizer com isso, que
o professor não possa ou não deva participar das reuniões não remuneradas.
Apenas queremos reforçar a necessidade de se promover as condições básicas
para a almejada participação no projeto pedagógico tal como afirma VEIGA (2001, p.
30):
É preciso tempo para que os educadores aprofundem seus conhecimentossobre os alunos e sobre o que estão aprendendo. Preciso tempo paraacompanhar e avaliar o projeto político pedagógico em ação. É precisotempo para os estudantes se organizarem e criarem seus espaços paraalém da sala de aula.
Na organização formal da escola, o fluxo das tarefas, das ações e,
principalmente, das decisões são formalizadas prevalecendo as relações
hierárquicas de mundo e submissão de poder autoritário e centralizados.
Atualmente, a estrutura administrativa da escola não se enquadra mais
neste tipo de administração. Os objetivos educacionais propostos de acordo com o
interesse da população devem prevê mecanismos que estimulem a participação de
todos no processo de tomada de decisão, praticando uma gestão democrática em
que se trabalha a avaliação continuada dos serviços escolares.
A relação no ambiente de trabalho é muito importante quando se busca
uma nova organização de trabalho pedagógico. Essa relação deverá ser alicerçada
em atitudes de solidariedade, reprocidade e participação coletiva.
Não conseguimos pensar em planejamento participativo sem que se exige
uma participação de todos os envolvidos com o processo educativo, que uma
relação saudável e por que não dizer amigável, que ainda possa ocorrer na escola
uma relação de forma fragmentada, regida por uma organização autoritária, baseada
nos princípios da divisão de trabalho.
A nova gestão de organização deve levar em conta as condições
concretas presentes na escola, e tentar manter uma correlação de união de todos,
debatendo os conflitos, as rupturas, proporcionando a construção de novas fórmulas
de relação de trabalho com esforço aberto a reflexão coletiva, que favorece o
diálogo, em que os diferentes segmentos respeitem-se mutuamente em prol do
crescimento e melhoria do trabalho e descentralização do poder, pois só assim, a
relação do poder dentro da sala de aula também poderá se transformar em uma
construção dinâmica.

42
A avaliação do projeto pedagógico, numa visão critica, leva-nos a
reflexão, para se conhecer a realidade escolar, busca explicar e compreender
criticamente as causas de existência de problemas, bem como suas relações, suas
mudanças e por ações alternativas. Essa avaliação se dá com base em dados
concretos sobre como está a organização escolar em relação a ação praticada e da
própria organização do trabalho pedagógico.
Segundo VEIGA (2001, p.32) considerando a avaliação desta forma
destaca-se dois pontos importantes: “primeiro, a avaliação é um ato dinâmico que
qualifica e oferece subsídios ao projeto político-pedagógico, ele imprime uma direção
às ações dos educadores e dos educandos”.
Um projeto pedagógico não se torna concluído a avaliação, pois é um
processo de reflexão contínua sobre a prática que precisa estar sempre atualizada.
Constatamos que o ponto de partida da avaliação do projeto pedagógico,
implica na reflexão e redefinição, se necessário de suas finalidades e objetivos, de
sua estrutura organizacional, incluindo o processo decisório e as organizações do
tempo escolar. Assim os atores deverão refletir se as finalidades e os objetivos que a
escola vem desejando, tem sentido no momento atual e se devem ser mantidos, ou
se algumas delas caírem na obsolência e não são mais condizentes com o atual
momento histórico. Ainda em relação as finalidades e os objetivos, deverá ser
questionado se a posição política e filosófica da escola está refletida neles, e se a
escola vem cumprindo sua finalidade cultural, política-social e humanitária ao lado
da formação profissional.
No segundo momento VEIGA (2001), nos faz refletir sobre o projeto em
sua face de elaboração já terminada.
A autora aponta a necessidade de se não deixar que o projeto
pedagógico se torne apenas um documento para a escola, um plano frio e sem
utilização prática para a escola.
Cabe aos integrantes da escola, se conscientizarem da necessidade e
importância da execução do projeto pedagógico para a qualidade do ensino e de
todas as práticas profissionais.
Para que sua execução seja percebida como necessidade é preciso
implanta um processo de ação-reflexão, ao mesmo tempo global e setorizado, que
exige o esforço conjunto e a vontade política da comunidade escolar, onde estes

43
devem estar conscientes da importância desse processo para a qualidade escolar,
de sua prática e consciência, também, de seus resultados não são imediatos.
O projeto pedagógico deve ser discutido, elaborado e assumido
coletivamente, no entanto é preciso entendê-lo e considerá-lo como um processo
sempre em construção, cujo os resultados são gradativos, imediatos. Daí a
necessidade de dar condições para que sempre haja discussões por parte de todos
os integrantes da comunidade escolar, sobre o processo da caminhada em que a
escola se encontra.
Este processo resume-se entre envolvimento e criatividade crítica,
avaliação e aperfeiçoamento.
O projeto, depois de elaborado, não tem um fim em si mesmo. Ao
contrário, deve sempre estar aberto a um recomeço, uma rediscussão, pois o projeto
político-pedagógico deve sempre estar se renovando, o que legitima a sua postura
enquanto caminho a ser percorrido.
No processo de organização da administração escolar alguns adjetivos
são considerados importantes e devem ser revistos e refletidos como objetivo,
público-alvo consciente que vai definir as características das organizações sejam
qual for o rumo de atividades.
No caso da escola a ação administrativa é referida a missão de definir a
concepção de homem, sociedade e conhecimento.
Ainda o fato da fundamentação é de grande importância para sua
qualidade, não só, na qualidade de elaboração, quanto de execução, pois será de
fundamentação que dirá que concepções nós formaremos para exigir no modo certo
e adequado, é ela que nos ajudará a entender e respeitar os limites e dificuldades
dos indivíduos da escola para assim trabalhar essa relevância em sua elaboração.
Outro ponto a ser considerado é a questão da avaliação dentro do projeto.
Aqui ele é visto não como um instrumento de poder e exclusão, mas como uma
necessidade dentro do processo e a parte integrante dele.
A avaliação deverá ser feita constantemente não só com revelação
professor para aluno, mas em outras relações essenciais dentro da escola. O que se
vai avaliar não é só o desenvolvimento do alunos, se ele tem capacidade de ir ou
não para a série seguinte. Mas toda a organização do trabalho pedagógico, se os
objetivos foram alcançados de acordo com o que se pretendia, para que se possa
ter um reorientação dos próprios objetivos.

44
Assim a avaliação não acontece desse jeito, pois seu caráter não é de
exclusão e controle, no que se refere as propostas conservadoras.
Sua meta é favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno, para
apropriar-se de conhecimento científico, social, histórico e técnico.
Nesta perspectiva a avaliação assume-se como um processo de ação-
reflexão-ação, cabendo a ela procurar meios de levar os indivíduos a participarem do
processo de avaliação das atividades do grupo, dando-lhes oportunidades de situar-
se no processo e interagir nele, para que assim se possa fazer um julgamento mais
concreto da caminhada realizada.
Considerando os aspectos abordados pela autora para a construção do
projeto pedagógico, podemos observar que a mesma preocupou-se em colocá-los
minuciosamente de forma precisa e eficaz, para que o projeto possa ter êxito e
sucesso em sua execução.
No que se refere a administração da educação, a autora afirma que a
originalidade da relação administração escolar está justamente em se constituir em
administração de educação.
Percebe-se que os vários aspectos da administração empresarial, exige
preparo específico que, na maioria dos casos os atuais administradores da
educação, nas várias instâncias do sistema educacional, inclusive na escola não
receberam.
Historicamente, a administração da educação no Brasil, em nome da
nacionalização enfatiza a burocratização na tecnocracia, na estrutura escolar e na
gerencia de verbas.
O mundo da educação diz respeito as pessoas e ao seu contexto sócio-
cultural, aos sujeitos, aos acontecimentos, aos conflitos de liberdade e decisão e as
condições de vida, tanto em plano individual quanto coletivo.
Um outro aspecto relevante é o processo decisório, onde administrar é
agir de modo a combinar adequadamente o uso de recursos disponíveis para atingir
um objetivo, é portanto, uma ação finalista, voltada a obtenção de alguns resultados.
Dessa forma, integrar adequadamente os meios para chegar aos
resultados esperados, implica um conjunto de atividades devidamente articulados,
contextualizadas de modo a assegurar a eficácia da organização.
Esse é o processo administrativo numa abordagem contigencial que
considera a relação, e sintonia com o meio como vitais para a organização.

45
Os agentes organizacionais são as pessoas que são único componente
das organizações dotada de ação própria, inteligência e vontade.
Assim, seja por uma questão ética, de considerar as pessoas na sua
condição de sujeito e não de objetos, seja por uma questão administrativa, de
potencializar resultados, não se justifica tratar pessoas como meros “recursos”, daí
que expressão administração de recursos humanos, pode ser considerada
inadequada por sugerir idéia de que os integrantes da organização são seus
objetivos.

46
Capitulo III- Considerações finais
O presente trabalho foi de suma importância, uma vez que nos deu a
oportunidade de aprofundar-mos nossos conhecimentos em relação a competência
e ações do gestor escolar frente a gestão democrática.
Administrar é executar bem suas incumbências e planejar para o futuro,
assim como e principalmente apresentar um excelente nível de produção e, neste
caso da gestão escolar, a produção do saber, através de um processo ensino-
aprendizado cotidiano com a realidade do aluno e do professor, e de todos os que
atuam no sistema educacional.
Revela-se, na concepção de gestão democrática, um exercício ampliado
de novas concepções assumidas no plano social, principalmente entre os segmentos
populares que desejam maior presença nas decisões e elaboração de projetos
sociais, tendo como objetivo a garantia de acesso a escola de qualidade a todos.
Porém as propostas de participação popular no âmbito dos processos de gestão das
instituições esbarram em alguns movimentos nas relações de poder que se
expressam, influenciadas por condicionantes político-ideológicos que se contrapõem
ao modelo proposto.
Visto que a escola é um espaço marcado por contradições, relações de
poder favoráveis à manutenção dos valores hegemônicos, a busca de construção da
gestão democrática perpassa por longos caminhos que precisam ser refletidos
numa dimensão acadêmica favorável à sua compreensão. É impossível mudar a
escola, promover a gestão democrática mediante discursos demagógicos e
populistas, quando não é possível ainda alcançar um nível de conscientização do

47
papel participativo dos sujeitos e seu comprometimento com o processo de
mudanças.
É de fundamental importância que se estabeleça a articulação entre a
escola e a comunidade que a serve, pois a escola não é um órgão isolado e suas
ações devem estar voltadas para as necessidades comunitárias com muito trabalho,
dedicação, participação para se chegar ao objetivo da educação que é promover o
homem dentro de seu contexto social e político.
Ao longo deste estudo percebemos a importância e a necessidade de se
construir coletivamente um projeto pedagógico da escola. Todos devem entender
que a gestão democrática é sinônimo de projeto coletivo, que só pode ser viabilizado
se o conjunto de todos os grupos que lidam com a educação-governo, escolar e
sociedade – estiverem dispostos a participar de forma compartilhada, pois ela é
materializada a partir de duas concepções: a de que é composta pela
responsabilidade coletiva; e a de que depende da vontade individual de transformar
a própria consciência, autocrítica e humildade para aceitar a diferença como
condição para o diálogo em conjunto.
Entende-se que foi a partir da Lei 9.394/96, art.12, inciso I, de Diretrizes e
Bases da Educação, que possibilitou certa autonomia da escola para criar o seu
projeto pedagógico. Com vistas à melhoria a qualidade do ensino.
Em função disso, nós profissionais atuantes, compreendemos que
somente a organização, a participação e as modificações no interior da escola,
vinculada ao processo de uma gestão democrática, e que atenderá as perspectivas
e desejar da maioria da população articuladas no projeto pedagógico.
É com esse sentido de comprometimento que nos deixa esperançosos e
compromissados com a transformação da prática educativa atual, para que resulte

48
no crescimento do homem nos vários aspectos que compõem, para que possa
intervir na realidade vigente.
Para que a escola democrática saia do papel e passe para uma prática
faz-se necessário apontar caminhos que possibilitem a ampliação da teoria em cima
da prática realista.
- A comunidade deve ser participativa na escola, isto é, não se omitir em
fazer colocações ou dar opiniões, que devem ser aceitas, tão logo tenha
fundamentos, sejam teóricas ou práticas.
- A administração escolar deve ser feita de forma que todos se sintam à
vontade à participar, pois uma administração autoritária vai de encontro
com a democracia escolar.
- O educador deve estar sempre em constante busca pelo aprimoramento
de seus conhecimentos, para que possa atuar com segurança
favorecendo um ensino-aprendizado de qualidade.
- Para que a gestão democrática se efetive nas escolas públicas é
necessário antes de tudo uma conscientização de toda a comunidade
escolar, a respeito do que é e como se faz gestão democrática na escola.
Concluímos que apesar das dificuldades impostas ao processo de gestão
democrática, é possível se construir um ambiente em que cada membro da
comunidade educacional sinta-se parte importante do mesmo. Através da ação
verdadeiramente político-pedagógica do gestor escolar, atuando como um
incentivador, um líder democrático que ouve, que dá oportunidade a todos os
componentes de opinarem e decidirem as soluções adequadas às problemáticas
surgidas, pois ao assumir o cargo deve ter a consciência de que a educação

49
brasileira sofre com os mais diversos problemas e carências, portanto tem o dever
de realizar uma ação comprometida, crítica e, acima de tudo, DEMOCRÁTICA.

50
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52
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