Gestao Estrategica Com Bsc

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 A GESTÃO ESTRATÉGICA COM O USO DO BALANCED SCORECARD COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NO SETOR SUPERMERCADISTA Rubens Tavares de Faria MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DE CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA PRODUÇÃO. Aprovada por:  __________ ________ Prof. Rodrigo Martins Brum  __________ ___________ __________ ________ _________ Álvaro Pereira Lage Filho  __________ Prof. Carlos Frederico Corrêa Ferreira JUIZ DE FORA, MG – BRASIL JUNHO DE 2007

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Gestao Estrategica Com Bsc

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  • A GESTO ESTRATGICA COM O USO DO BALANCED SCORECARD COMO

    DIFERENCIAL COMPETITIVO NO SETOR SUPERMERCADISTA

    Rubens Tavares de Faria

    MONOGRAFIA SUBMETIDA COORDENAO DE CURSO DE ENGENHARIA

    DE PRODUO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

    COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A

    GRADUAO EM ENGENHARIA PRODUO.

    Aprovada por:

    ________________________________________________

    Prof. Rodrigo Martins Brum

    ________________________________________________

    lvaro Pereira Lage Filho

    ________________________________________________

    Prof. Carlos Frederico Corra Ferreira

    JUIZ DE FORA, MG BRASIL

    JUNHO DE 2007

  • ii

    FARIA, RUBENS TAVARES DE

    A Gesto Estratgica com o uso do

    Balanced Scorecard como diferencial

    competitivo no setor supermercadista

    [Minas Gerais] 2007

    IX, 45 p. 29,7 cm (EPD/UFJF, Gradu-

    ao, Engenharia de Produo, 2007)

    Monografia - Universidade Federal de

    Juiz de Fora, Departamento de Engenha-

    ria de Produo

    1. Gesto Estratgica

    2. Balanced Scorecard

    I. EPD/UFJF II. Ttulo (srie)

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo em primeiro lugar a Jesus Cristo, porque nele foram criadas todas as coisas que

    h nos cus e na terra, visveis e invisveis, sejam tronos, sejam dominaes, sejam

    principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele antes de todas as

    coisas, e todas as coisas subsistem por ele. (Colossenses 1.16,17)

    Agradeo tambm a meus pais, e toda minha famlia, por todo o apoio e suporte durante

    toda minha caminhada at aqui. E especialmente a minha namorada, por todo amor,

    carinho, pacincia e compreenso em todos os momentos.

    Por fim, agradeo aos meus orientadores, por todas as sugestes e direes, e ao

    Supermercado Bahamas, pelas informaes cedidas e pelo aprendizado ao longo dos

    ltimos anos como profissional da empresa.

  • iv

    Resumo da monografia apresentada Coordenao de Curso de Engenharia de Produo

    como parte dos requisitos necessrios para a graduao em Engenharia de Produo.

    A GESTO ESTRATGICA COM O USO DO BALANCED SCORECARD COMO

    DIFERENCIAL COMPETITIVO NO SETOR SUPERMERCADISTA

    Rubens Tavares de Faria

    Junho/2007

    Orientadores: Rodrigo Martins Brum

    lvaro Pereira Lage Filho

    Curso: Engenharia de Produo

    O atual cenrio do mercado varejista, em especial dos supermercados, mostra uma acirrada

    concorrncia, onde um pequeno nmero de grandes redes domina, e inmeros pequenos

    mercados lutam por sobrevivncia. H uma intensa disputa travada nas campanhas de

    marketing, e a participao no mercado por parte das grandes redes , de certa forma,

    equivalente. Nas polticas de preo, v-se tambm bastante similaridade, no havendo

    diferenas significativas entre os concorrentes. Tal panorama faz com que o diferencial

    competitivo dos supermercados resida na melhoria de sua gesto e na eficcia de suas

    operaes, pois dessa forma conseguem angariar recursos que podem ser convertidos em

    investimentos, sendo ento percebidos pelos clientes como vantagens sobre a concorrncia.

    E para obter tais vantagens competitivas, um supermercado deve controlar seus processos

    internos, seus resultados e sua eficcia, atravs de indicadores que mostrem sua real

    situao perante o mercado. O uso do Balanced Scorecard essencial na implantao de

    uma gesto estratgica que d os resultados esperados, pois permite a mensurao e o

    acompanhamento dos indicadores de desempenho, levando a organizao a progredir rumo

    s suas metas de longo prazo, garantindo assim sua posio competitiva no mercado.

  • v

    Abstract of the monograph presented to the Coordination of the Production Engineering

    Course as part of the necessary requirements for graduating in Production Engineering.

    STRATEGICAL MANAGEMENT WITH THE USE OF BALANCED SCORECARD AS A

    COMPETITIVE DIFFERENTIAL IN THE SUPERMARKET AREA

    Rubens Tavares de Faria

    June/2007

    Advisors: Professor Rodrigo Martins Brum

    lvaro Pereira Lage Filho

    Course: Production Engineering

    The current scene of the retail market, specially of the supermarkets, shows one incited

    competition, where a small number of big networks dominates, and several small markets

    struggle for survival. There is an intense dispute waged in marketing campaigns, and the

    participation in the market by part of the big networks is, somehow, equivalent. In price

    matters, there is also lots of similarity, not having significant differences between the

    competitors. Such panorama makes that the competitive differential of the supermarkets be

    in the improvement of its management and the effectiveness of its operations, thus earning

    resources that can be converted into investments, this way being then noticed by customers

    as advantages over other competitors. And to get such competitive advantages, a

    supermarket must control its internal processes, its results and its effectiveness, through

    indicatives that show its real situation before the market. The use of the Balanced Scorecard

    is essential in the implantation of a strategical management that gives the expected results,

    therefore allows the measurement and the accompaniment of the performance indicatives,

    leading the organization to go foward toward its long stated goals, thus guaranteing its

    competitive position in the market.

  • vi

    SUMRIO

    CAPTULO I - INTRODUO................................................................................................10

    1.1. Consideraes iniciais..................................................................................................10

    1.2. Objetivos........................................................................................................................10 1.3. Justificativas..................................................................................................................10 1.4. Escopo do trabalho, ou condies de contorno........................................................11 1.5. Metodologia....................................................................................................................11

    CAPTULO II - REVISO BIBLIOGRFICA (ESTADO DA ARTE)......................................13 2.1. Estratgia empresarial..................................................................................................13 2.2. Balanced Scorecard......................................................................................................17

    2.2.1. Viso geral....................................................................................................................17

    2.2.2. As quatro perspectivas do BSC....................................................................................19

    2.2.3. Mapa estratgico..........................................................................................................21

    2.2.4. Implantao do Balanced Scorecard............................................................................22

    2.2.5. Benefcios do Balanced Scorecard...............................................................................22

    CAPTULO III: O SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO..........................................25

    3.1. Histrico.........................................................................................................................25 3.2. Panorama atual do setor...............................................................................................26

    3.3. Concentrao do mercado...........................................................................................27

    CAPTULO IV: A GESTO ESTRATGICA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE...........32 4.1. A importncia da Gesto Estratgica..........................................................................32 4.2. Investimento em novas tecnologias............................................................................35 4.3. Investimento em recursos humanos...........................................................................35

    4.4. Tendncias atuais..........................................................................................................36

    CAPTULO V: ESTRUTURA DE INDICADORES.................................................................38 5.1. Perspectiva financeira..................................................................................................39

    5.2. Perspectiva dos clientes...............................................................................................40 5.3. Perspectiva dos processos internos...........................................................................41 5.4. Perspectiva do aprendizado e crescimento................................................................43

    CAPTULO VI: ASSOCIAES E REDES: A ALTERNATIVA DOS PEQUENOS..............46

  • vii

    CAPTULO VII: CONCLUSO...............................................................................................50

    BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................52

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01: As quatro perspectivas do BSC.............................................................................20

    Figura 02: Estratgia, aes e resultado................................................................................23

    Figura 03: Taxa mdia de concentrao de mercado............................................................29

  • ix

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01: Diagrama de Gantt: Metodologia do trabalho.......................................................12

    Tabela 02: Nmeros do setor.................................................................................................27

    Tabela 03: As maiores empresas do setor.............................................................................28

    Tabela 04: Evoluo do grau de concentrao do setor........................................................28

    Tabela 05: Fuses e aquisies no setor supermercadista...................................................30

    Tabela 06: Perspectiva financeira..........................................................................................40

    Tabela 07: Perspectiva dos clientes.......................................................................................41

    Tabela 08: Perspectiva dos processos internos.....................................................................43

    Tabela 09: Perspectiva do aprendizado e crescimento..........................................................45

    Tabela 10: Os cinco maiores..................................................................................................48

  • 10

    Captulo I INTRODUO

    1.1. CONSIDERAES INICIAIS A idia para a elaborao deste trabalho surgiu da vivncia prtica, por parte do

    autor, dos assuntos abordados, da necessidade de adquirir e aprimorar mais conhecimento

    sobre este tema para posterior aplicao em ambiente de trabalho, e de uma afinidade

    natural com a rea da gesto estratgica organizacional. Partindo de uma anlise da

    evoluo histrica e do panorama atual do mercado supermercadista brasileiro, percebe-se

    uma grande concentrao de mercado nas mos de poucas empresas, e uma parcela bem

    menor do mercado disputada arduamente por micro, pequenas e mdias empresas. Esse

    cenrio de intensa concorrncia revela que, para manter-se em condies de operao e

    sustentabilidade, as empresas devem buscar uma gesto aprimorada de suas operaes,

    baseando-se na gesto estratgica, acompanhada pelo uso do Balanced Scorecard (BSC),

    como forma de monitorar e gerenciar o desenvolvimento de suas estratgias. Somente

    tendo um total controle dos indicadores de desempenho nas diversas reas da organizao

    ser possvel uma administrao cada vez mais eficiente, reduzindo custos, perdas, quebras

    e gastos desnecessrios, o que por sua vez, permitir empresa investir em melhorar seus

    servios ao cliente, as condies fsicas de suas lojas, rea de atendimento, treinamento e

    capacitao de funcionrios, e outros fatores que sero percebidos pelos clientes como

    vantagens sobre a concorrncia.

    1.2. OBJETIVOS O objetivo do presente trabalho foi mostrar como a gesto estratgica com o uso do

    Balanced Scorecard, uma ferramenta para implantao e controle das estratgias, pode

    tornar-se um grande diferencial competitivo para empresas do setor supermercadista, num

    cenrio de intensa e acirrada competio.

    1.3. JUSTIFICATIVAS Este tema foi escolhido, dentre outras justificativas, por ser extremamente

    relacionado com atividades desenvolvidas na vida de trabalho, por ser um tema de muita

    afinidade em relao ao autor, e por ser extremamente necessrio em qualquer organizao

    supermercadista que deseja manter sua sustentabilidade e competitividade, levando ao

    cliente um diferencial de qualidade na prestao de seus servios. Tendo em vista o alto

    grau de concentrao de parcelas de mercado por parte de grandes redes, em grande parte

    multinacionais, e o quadro de intensa concorrncia da resultante, faz-se extremamente til

    e necessria a gesto estratgica com o uso do Balanced Scorecard como alternativa de

  • 11

    melhoria de desempenho e resultados, gerando assim recursos para investimentos, que

    podero ser percebidos pelos clientes como diferencial competitivo.

    1.4. ESCOPO DO TRABALHO, OU CONDIES DE CONTORNO Este trabalho foi desenvolvido em torno de um conjunto de empresas do ramo

    supermercadista brasileiro, de grandes redes ou de pequenas lojas. Esse enfoque foi dado

    porque, independente do tamanho da organizao, os princpios do Balanced Scorecard e

    da gesto estratgica competitiva so os mesmos, produzindo o mesmo resultado, o de

    permitir melhorias e ganho de competitividade.

    1.5. METODOLOGIA

    O trabalho foi desenvolvido por meio de atividades e aes seqenciais e/ou

    concomitantes, e tem embasamento na teoria do Balanced Scorecard, um modelo de

    Gesto Estratgica que auxilia na mensurao e acompanhamento do progresso das

    organizaes rumo s suas metas de longo prazo, a partir da traduo da viso em

    objetivos, indicadores, metas e projetos estratgicos.

    De acordo com seus criadores, Robert S. Kaplan e David P. Norton (KAPLAN;

    NORTON, 1997), a construo do BSC d-se em quatro etapas:

    1) Traduo da viso em termos operacionais, com um conjunto de objetivos e

    indicadores.

    2) Comunicao e comprometimento da organizao com os objetivos.

    3) Desenvolvimento de Planos de Negcios, a partir dos desdobramentos do

    direcionamento estratgico.

    4) Feedback e aprendizado, que proporcionam ao gestor a correo de erros e a

    reviso da estratgia.

    Este trabalho mostra que o uso do BSC pode ser um fator determinante de sucesso

    de um supermercado perante seus concorrentes, e as atividades para sua elaborao

    podem ser resumidas em:

    Reviso e estudo bibliogrfico a partir dos temas desenvolvidos no trabalho;

    Levantamento de dados histricos do setor supermercadista brasileiro;

    Utilizao das ferramentas estratgicas, dentre elas: anlise dos ambientes externo e

    interno, matriz SWOT, identificao de fatores crticos de sucesso, recursos,

    capacidades e competncias essenciais; anlise da matriz de Ansoff, que confronta

    mercado versus produtos existentes, para visualizao da dificuldade de penetrao no

    mercado.

    Elaborao de uma gesto estratgica com o uso do BSC, partindo da definio de

    objetivos e indicadores, a partir da misso e da viso de longo prazo, tendo em vista que

  • 12

    se trata de uma gesto genrica, com aes que podem, de uma maneira geral, trazer

    os resultados esperados dentro do setor;

    Proposio de metas e delineamento de aes genricas para melhoria dos resultados e

    da competitividade, baseada na anlise dos dados histricos do setor e na metodologia

    do BSC. Como exemplo, o ndice de perdas mdio do setor gira em torno de 2%, ento

    uma boa gesto no deve apresentar um ndice mais alto que a mdia do setor;

    Anlise das melhorias que podero ser obtidas com a utilizao do BSC;

    Concluses e recomendaes.

    A tabela 01 abaixo expe de maneira cronolgica a metodologia.

    Tabela 01 - Diagrama de Gantt: Metodologia do Trabalho

    Meses Set/06

    Out/06

    Nov/06

    Dez/06

    Jan/07

    Fev/07

    Mar/07

    Abr/07

    Mai/07

    Jun/07

    Reviso e estudo bibliogrfico x x x x

    Levantamento de dados histricos x x x x

    Utilizao das ferramentas estratgicas x x x x

    Elaborao do BSC x x

    Proposio de metas e aes x X

    Anlise de melhorias X x

    Concluses e recomendaes x

  • 13

    Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA (ESTADO DA ARTE)

    2.1. ESTRATGIA EMPRESARIAL A formulao da estratgia empresarial uma atividade que envolve a identificao das oportunidades e das ameaas do ambiente onde a empresa opera, ou pretende operar,

    bem como a incluso de alguma estimativa de risco em relao aos cenrios encontrados.

    CAVALCANTI (2001, p.19), cita que cenrios so histrias que do significados a

    acontecimentos; no tratam da administrao do futuro, mas da percepo dos futuros no

    presente. A idia avaliar o cenrio no qual a organizao estar operando, relacionando

    os fatores internos e externos que possivelmente iro afetar suas operaes. Para este

    propsito, uma projeo deve ser feita na tentativa de predizer o que ir acontecer no futuro

    com a organizao. A gesto estratgica tem sido exaustivamente estudada, em inmeras

    pesquisas e publicaes nos ltimos anos. Devido s turbulncias ambientais cada vez mais

    amplas e intensas, e a inegvel dependncia que as organizaes tm do ambiente, torna-

    se praticamente obrigatrio para as empresas o xito em alcanar seus objetivos

    organizacionais, e uma maior rentabilidade. Para tanto, deve-se fazer uma anlise das

    foras e fraquezas da empresa, sua capacidade atual ou potencial em se antecipar s

    necessidades e demandas do mercado ou em competir sob condies de risco com os

    concorrentes.

    A estratgia da empresa define a configurao especfica de suas atividades e a

    maneira como se compatibilizam entre si. As diferentes posies estratgicas envolvem

    atividades sob medida para a produo de determinada variedade de produtos e servios,

    para atender s necessidades de um determinado grupo de clientes. (PORTER, 1999).

    Todavia, a estratgia se preocupa basicamente com "o que fazer", que est muito

    relacionado com a definio de prioridades, e no com "como fazer". Dizendo em outras

    palavras, a estratgia exige toda uma implementao dos meios necessrios para a sua

    execuo. Como esses meios envolvem a empresa como um todo, trata-se aqui de atribuir

    incumbncias a todos os nveis da empresa: o nvel estratgico, o nvel ttico e o nvel

    operacional. PORTER (1996), tambm afirma que a estratgia uma combinao dos fins

    que a empresa busca com os meios pelos quais est buscando chegar l.

    Para que os objetivos possam ser alcanados, faz-se necessrio determinar a

    estratgia a ser utilizada. As decises estratgicas dizem respeito ao estabelecimento da

    interao entre a empresa e o meio ambiente. Muitas podem ser as estratgias escolhidas

    pela organizao. Entretanto, esta deve estabelecer um filtro para executar a que lhe

    possibilita um melhor resultado dentro dos limites e recursos disponveis, de acordo com o

    mercado em que atua, e com suas diretrizes funcionais. As estratgias que no aproveitam

  • 14

    as potencialidades da empresa, no exploram suas oportunidades, no reduzem as

    vulnerabilidades e no eliminam as ameaas do ambiente externo e interno, devem ser

    desconsideradas. Segundo afirma PORTER (1999, p.40), aps avaliar as foras que

    influenciam a competio no setor e as respectivas causas subjacentes, o estrategista

    empresarial tem condies de identificar os pontos fortes e fracos da empresa. Uma vez

    selecionadas as estratgias, elas devem ser relacionadas juntamente com os objetivos

    estratgicos a que se referem e com as estimativas de investimentos necessrias.

    As estratgias para o desenvolvimento das empresas dependem do momento, e so

    formuladas basicamente em funo do tempo no ciclo das vidas organizacionais. Um dos

    principais componentes o controle dos faturamentos, que se refere a uma carteira de

    clientes iniciais que uma empresa de um determinado ramo de negcios possa ter e, a partir

    da, determinar o pblico alvo desejado.

    Quando uma organizao passa por uma relativa estabilizao do seu faturamento,

    sinalizada por um declnio da taxa de crescimento das vendas, a estratgia passa a ser um

    fator de combinao administrativo e financeiro, que pode ser traduzida na prtica pela

    adoo de um programa de qualidade, associado a um bom controle dos custos de suas

    atividades operacionais. Duas devem ser as principais preocupaes da estratgia: a de

    possibilitar o crescimento do negcio e a de manter (e posteriormente aumentar) a

    lucratividade. Segundo JOO (2001), as estratgias iniciais so baseadas no tempo ou

    voltadas para inovao e conhecimento. O planejamento estratgico deve envolver toda a

    cultura organizacional. Durante dcadas, as empresas utilizaram intensivamente o

    planejamento estratgico, sendo que com essa demanda, planejamento tornou-se sinnimo

    de estratgia. Mas deve-se ir mais longe, tentando compreender a natureza das coisas, as

    razes das mudanas e dos fenmenos. Para ser considerado efetivo, o planejamento

    estratgico deve ser compartilhado com muitos indivduos, atravs dos quais um caminho

    de ao pode ser independentemente coordenado atravs da organizao. (JOO, 2001).

    O planejamento estratgico, como toda ferramenta de gesto, tem apenas um

    propsito: ajudar a organizao a realizar um trabalho melhor. Isso significa, dentre outras

    coisas, focar sua energia, garantir que os membros da organizao estejam trabalhando em

    direo aos mesmos objetivos, medir e ajustar a direo da organizao em resposta a

    mudanas do ambiente. o esforo disciplinado para que sejam tomadas decises

    fundamentais e que sejam colocadas em prtica as aes que modelem e guiem a

    organizao para que ela saiba o que , o que faz e por que faz, com foco no futuro. O

    processo estratgico porque envolve a preparao da melhor maneira de responder s

    circunstncias do ambiente da organizao, se estas circunstncias so conhecidas

    antecipadamente. Ser estratgico, ento, significa que os objetivos da organizao devem

  • 15

    ser claros, estando atentos aos recursos, e incorporando ambos - objetivos e recursos - em

    atitudes conscientes para um ambiente dinmico, em constante mudana.

    Kaplan e Norton conceituam estratgia como

    a escolha dos segmentos de mercado e clientes que as unidades de negcios pretendem servir, identificando os processos internos crticos nos quais a unidade deve atingir a excelncia para concretizar suas propostas de valor aos clientes dos segmentos alvo, e selecionando as capacidades individuais e organizacionais necessrias para atingir os objetivos internos, dos clientes e financeiros. (KAPLAN; NORTON, 1997, p.38).

    Normalmente, fala-se em planejar porque esta atividade envolve, intencionalmente, a

    determinao de objetivos (por exemplo, escolher um futuro almejado) e o desenvolvimento

    de uma abordagem para atingir tais objetivos. O planejamento estratgico determina o rumo

    da organizao nos prximos anos, como ela vai chegar l e como ela vai saber se chegou

    l ou no. Bem mais importante que o documento do plano estratgico o processo de

    planejamento em si. H uma grande variedade de perspectivas e de abordagens utilizadas

    nos processos de planejamento estratgico. Com freqncia, os responsveis pelo

    planejamento estratgico sabem o que necessrio num plano (estratgico ou de

    negcios). Contudo, o desenvolvimento do plano estratgico ajuda a tornar mais claros e

    patentes os propsitos da organizao e assegurar que os lderes-chave estejam todos

    alinhados.

    Certamente no suficiente apenas descobrir e descrever detalhadamente a

    estratgia adequada. A chave para melhorar o desempenho est em implementar

    corretamente a estratgia. Alm disso, as empresas precisam descobrir formas de utilizar o

    planejamento estratgico como ferramenta de aprendizado para o desenvolvimento de

    mentes preparadas, que so os profissionais responsveis pelas decises. Eles precisam

    ter uma viso slida do empreendimento, compartilhar a mesma base de conhecimento e

    concordar com a equipe em decises sobre questes essenciais. Esses profissionais

    contribuem para a tomada de decises no dia-a-dia e ajudam a empresa a evitar

    movimentos equivocados. O segredo para que as reunies de planejamento passem de

    mera exibio individual a veculos de aprendizado est em encar-las como oportunidade

    de dilogo. Certamente poucas decises estratgicas so tomadas a partir de um processo

    formal, mas o planejamento formal uma fonte real de vantagem competitiva.

    Para MINTZBERG (1991), assim como as pessoas desenvolvem personalidades

    atravs da interao de suas caractersticas com o meio, da mesma forma as organizaes

    desenvolvem um carter a partir das interaes com o mundo, por meio de suas habilidades

    e propenses naturais. Planejar requer pensar, que um processo fsico e mental. Requer

    ainda comprometimento das pessoas - da a importncia do lado humano do planejamento:

  • 16

    os envolvidos devem ter credibilidade pessoal e abertura mudana. Isso porque

    planejamento estratgico diz respeito a planejar a mudana. Desta forma, devem ser

    escolhidas pessoas dispostas a considerar mudanas significativas, sem criar resistncias

    que podem atrapalhar todo o desenvolvimento. Credibilidade tambm importante, porque

    so estas pessoas que vendem as mudanas para as outras, e fundamental que o clima

    na organizao seja propcio s mudanas que precisarem acontecer.

    Um plano estratgico confere propsito organizao, independentemente do

    tamanho e da rea de atuao. As pequenas e mdias empresas so imprescindveis, tanto

    nas economias desenvolvidas quanto nas que esto em desenvolvimento. Apesar de sua

    importncia, tais empresas normalmente so ineficazes nas decises estratgicas. Muitos

    dos problemas apresentados nas pequenas e mdias empresas so de natureza

    estratgica, e apenas uma pequena parte resulta de recursos insuficientes. Certamente

    dever existir simplificao, e tambm adaptao da metodologia de planejamento utilizada

    nas grandes corporaes, mas sem dvida o planejamento estratgico permite que o

    pequeno e o mdio empresrio detectem problemas e se antecipem a eles. Essa uma das

    grandes virtudes do planejamento estratgico, e particularmente do Balanced Scorecard:

    sua ampla aplicabilidade.

    Muito se fala em planejamento estratgico, e nas organizaes de maneira geral

    ainda pode-se encontrar uma srie de interpretaes em relao a esta ferramenta da

    administrao. KOTLER (1975), um dos defensores da sua utilizao, prope o seguinte

    conceito: o planejamento estratgico uma metodologia gerencial que permite estabelecer

    a direo a ser seguida pela organizao, visando maior grau de interao com o ambiente.

    A direo engloba os seguintes itens: mbito de atuao, macro polticas, polticas

    funcionais, filosofia de atuao, macro estratgia, estratgias funcionais, macro objetivos e

    objetivos funcionais. O planejamento estratgico, que se tornou o foco de ateno da alta

    administrao das empresas, volta-se para as medidas positivas que uma empresa poder

    tomar para enfrentar ameaas e aproveitar as oportunidades encontradas em seu ambiente.

    Empresas de todos os tipos esto chegando concluso de que essa ateno

    sistemtica estratgia uma atividade muito proveitosa, e pea fundamental para sua

    evoluo, ou at mesmo sobrevivncia. Empresas pequenas, mdias e grandes,

    distribuidores e fabricantes, bancos e instituies sem finalidade de lucro, todos os tipos de

    organizaes devem decidir os rumos que sejam mais adequados aos seus interesses. E o

    quadro no diferente quando se trata do mercado supermercadista.

    As razes dessa ateno crescente estratgia empresarial so muitas, algumas

    mais evidentes que outras. Dentre as causas mais importantes do crescimento recente da

    importncia do planejamento estratgico, pode-se citar que os ambientes de praticamente

    todas as empresas mudam com surpreendente rapidez. Essas mudanas ocorrem nos

  • 17

    ambientes econmico, social, tecnolgico e poltico. A empresa somente poder crescer e

    progredir se conseguir ajustar-se conjuntura, e o planejamento estratgico uma tcnica

    comprovada para que tais ajustes sejam feitos com inteligncia. O mais importante em sua

    utilizao o seu estreito vnculo com a administrao estratgica nas organizaes. No

    se pode tratar isoladamente o planejamento estratgico sem entrar no processo estratgico,

    contribuindo assim de forma mais eficaz com a gesto dos administradores na obteno dos

    seus resultados.

    2.2. BALANCED SCORECARD

    2.2.1. VISO GERAL BSC, ou Balanced Scorecard, uma abordagem estratgica de longo prazo sustentada por um sistema de gesto, comunicao e medio de desempenho, cuja

    implementao permite criar uma viso ampla dos objetivos da empresa, e atingir todos os

    nveis da organizao.

    O BSC foi desenvolvido inicialmente por Robert Kaplan, professor da Harvard

    Business School (Estados Unidos), e por David Norton, executivo principal do Instituto Nolan

    Norton, no incio da dcada de 90. Essa ferramenta nasceu com o objetivo de transformar

    em realidade as estratgias antes fadadas a permanecerem no papel. Sua criao surgiu

    devido ao fato de que a escolha dos indicadores para a gesto de uma empresa no deveria

    mais se restringir a informaes econmicas ou financeiras, como h muito vinha sendo

    feita pela grande maioria das empresas. Havia a necessidade de solues inovadoras frente

    aos novos desafios organizacionais das empresas inseridas na economia do conhecimento

    e na era da informao. De acordo com os estudos e pesquisas desenvolvidas por Kaplan e

    Norton, as razes motivadoras foram:

    Somente 5% do nvel operacional de trabalho tm conhecimento da estratgia da

    empresa.

    Apenas 25% dos gerentes tm incentivos ligados ao alcance da estratgia

    organizacional.

    60% das empresas no vinculam oramentos estratgia.

    85% dos executivos gastam menos que uma hora por ms discutindo a estratgia.

    O BSC , portanto, um mecanismo eficiente para gerenciar o desempenho

    empresarial, e tem como principais objetivos: implementar estratgias efetivas, transformar a

    estratgia em medidas de aes especficas, comunicar e alinhar a estratgia em todos os

    nveis da organizao, direcionar as mudanas operacionais com a estratgia, e a criao

    de valor aos ativos intangveis.

  • 18

    O Balanced Scorecard o instrumento ideal para as empresas que tm o propsito

    de transformar sua estratgia em ao, por meio de objetivos, indicadores de desempenho,

    e uma aplicao integrada de medidas. Trata-se de uma tima oportunidade para a empresa

    transmitir sua misso e estratgia em objetivos tangveis e mensurveis. O BSC no

    apenas um sistema de controle, mas tambm um sistema de informao, comunicao e

    aprendizado, j adotado pelas maiores empresas norte-americanas e em crescente

    expanso no Brasil e em todo o mundo. A metodologia utilizada pelo Balanced Scorecard

    consiste, basicamente, nas seguintes etapas:

    Mobilizao dos lderes para o processo de mudana cultural.

    Traduo da estratgia e elaborao do mapa estratgico, com indicadores e metas.

    Alinhamento da organizao e dos processos estratgia, com o desdobramento da

    mesma nos diversos nveis.

    Motivao, conscientizao e educao do comportamento das pessoas em direo

    estratgia.

    Monitoramento dos desempenhos, avaliao da implementao, reviso e ajuste da

    estratgia.

    Segundo KAPLAN e NORTON (1997), Balanced Scorecard uma tcnica que visa

    integrao e balanceamento de todos os principais indicadores de desempenho existentes

    em uma empresa, desde os financeiros e administrativos at os relativos aos processos

    internos, estabelecendo objetivos da qualidade (indicadores) para funes e nveis

    relevantes dentro da organizao. Ou seja, o desdobramento dos indicadores corporativos

    em setores, com metas claramente definidas. Assim, esse modelo traduz a misso e a

    estratgia de uma empresa em objetivos e medidas tangveis. As medidas representam o

    equilbrio entre os diversos indicadores externos (voltados para acionistas e clientes), e as

    medidas internas dos processos crticos de negcios (como a inovao, o aprendizado e o

    crescimento). O BSC sinaliza em quais segmentos de mercado se deve competir e que

    clientes conquistar. Oferece uma viso do futuro e um caminho para chegar at ele. O

    Balanced Scorecard no uma ferramenta destinada a contadores, deve ser utilizada pelos

    executivos que precisam tomar uma srie de decises a respeito de suas operaes, de

    seus processos de produo, de seus objetivos, produtos e clientes. Os autores ainda

    afirmam que

    o Balanced Scorecard leva o conjunto de objetivos das unidades de negcios alm das medidas financeiras sumarizadas. Os executivos podem agora avaliar at que ponto suas unidades de negcios geram valor para os clientes atuais e futuros, e como devem aperfeioar as capacidades internas e os investimentos necessrios em pessoal, sistemas e procedimentos, visando a melhorar o desempenho futuro. (KAPLAN; NORTON, 1997, p.8).

  • 19

    2.2.2. AS QUATRO PERSPECTIVAS DO BSC Ainda de acordo com Kaplan e Norton, o Balanced Scorecard baseado em quatro

    perspectivas, que so: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento.

    Juntas, elas formam um conjunto coeso e interdependente, com seus objetivos e

    indicadores se inter-relacionando e formando um fluxo ou diagrama de causa e efeito que se

    inicia na perspectiva do aprendizado e crescimento e termina na perspectiva financeira.

    A perspectiva financeira avalia a lucratividade da estratgia. Permite medir e avaliar

    resultados que o negcio proporciona e necessita para seu crescimento e desenvolvimento,

    e tambm para satisfao dos seus acionistas. Entre os indicadores financeiros que podem

    ser considerados, constam: o retorno sobre o investimento, o valor econmico agregado, a

    lucratividade, o aumento de receitas, reduo de custos e outros objetivos de cunho

    financeiro que estejam alinhados com a estratgia.

    A perspectiva dos clientes identifica os segmentos de mercado visados e as medidas

    do xito da empresa nesse segmento. Identificar os fatores que so importantes na

    concepo dos clientes uma exigncia do BSC, e a preocupao desses situa-se, em

    geral, em torno de quatro categorias: tempo, qualidade, desempenho e servio. Em termos

    de indicadores considerados como essenciais nessa perspectiva, constam a participao de

    mercado, aquisio, reteno, fidelidade e nvel de satisfao dos clientes.

    A perspectiva dos processos internos deve ser elaborada aps as perspectivas

    financeira e dos clientes, pois essas fornecem as diretrizes para seus objetivos. Os

    processos internos so as diversas atividades empreendidas dentro da organizao que

    possibilitam realizar desde a identificao das necessidades at a satisfao dos clientes.

    Abrange os processos de inovao (criao de produtos e servios), operacional (produo

    e comercializao) e de servios ps-venda (suporte ao consumidor aps as vendas). A

    melhoria dos processos internos no presente um indicador chave do sucesso financeiro no

    futuro.

    Por fim, a perspectiva do aprendizado e conhecimento oferece a base para a

    obteno dos objetivos das outras perspectivas. Com isso, identifica-se a infra-estrutura

    necessria para propiciar o crescimento e melhorias em longo prazo, a qual provm de trs

    fontes principais: pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais. Identifica tambm as

    capacidades de que a empresa deve dispor para conseguir processos internos capazes de

    criar valor para clientes e acionistas. Como indicadores importantes podem ser

    considerados: nvel de satisfao, rotatividade, capacitao e treinamento dos funcionrios,

    lucratividade por funcionrio, e a participao dos mesmos com sugestes para reduo de

    custos ou aumento de receitas.

    A figura a seguir, proposta por Kaplan e Norton, ilustra essas quatro perspectivas, as

    perguntas que devem ser feitas para se pensar corretamente cada uma delas, seus

  • 20

    objetivos, medidas metas e iniciativas, e seu relacionamento com a viso e a estratgia

    adotadas pela organizao.

    Figura 01 - As quatro perspectivas do BSC. (Adaptado de KAPLAN; NORTON, 1997)

    Quando integradas essas quatro perspectivas proporcionam uma anlise e uma

    viso ponderada da situao atual e futura do desempenho do negcio, produzindo um

    equilbrio entre os seguintes quesitos:

    Objetivos de curto prazo x objetivos de longo prazo;

    Indicadores financeiros x indicadores no financeiros;

    Medies com foco externo (acionistas, clientes) x foco interno (processos internos

    de negcio, inovao, aprendizado);

    Medies de resultado de esforos passados x impulsionadores de desempenho

    futuro.

  • 21

    2.2.3. MAPA ESTRATGICO De acordo com GREBIN (2004), o mapa estratgico do Balanced Scorecard mostra

    como a estratgia liga os ativos intangveis a processos que criam valor. A estratgia

    consiste em um conjunto de hipteses sobre causas e efeitos, cujas relaes ligam os

    objetivos entre si, nas quatro perspectivas. De cima para baixo, a hiptese inicial a de que

    os resultados financeiros s sero alcanados se os clientes estiverem satisfeitos. A meta

    de aumentar o valor para os clientes descreve como gerar vendas e aumentar a fidelidade.

    Na prtica, so os processos internos que criam o aumento de valor percebido pelos

    clientes. Os ativos intangveis que possibilitam os processos internos sustentam os pilares

    da estratgia. O alinhamento com os objetivos das perspectivas a chave para a criao de

    valor e, portanto, para uma estratgia focada e dotada de consistncia.

    Esta relao de causa e efeito, interligando as perspectivas, a estrutura em torno

    da qual se desenha o mapa estratgico, que um diagrama que mostra todas essas

    relaes. Ainda segundo GREBIN (2004), a construo do mapa fora a organizao a

    esclarecer a lgica de como e para quem ela criar valor. O mapa estratgico uma

    representao visual da estratgia, que mostra numa nica pgina como os objetivos de

    cada perspectiva se integram e se combinam para descrever a estratgia. Cada empresa

    adapta o mapa estratgico ao seu conjunto especfico de objetivos estratgicos.

    Para KAPLAN e NORTON (1997), o sistema de medio deve tornar explcitas as

    relaes (hipteses) entre os objetivos (e as medidas) nas vrias perspectivas, para que

    elas possam ser gerenciadas e validadas.

    O processo deve ser iniciado na perspectiva financeira e terminar na de aprendizado

    e crescimento, para que os objetivos do mapa estratgico sejam alcanados. Tais objetivos

    so obtidos atravs de entrevistas com a liderana da organizao. No mapa estratgico, as

    relaes de causa e efeito so demonstradas atravs de setas que interligam os objetivos

    considerados estratgicos pela empresa. Os objetivos estratgicos so acompanhados de

    indicadores de desempenho e suas respectivas metas, e iniciativas estratgicas sero

    criadas para alcanar tais metas. O mapa ilustra as relaes de causa e efeito que

    conectam os resultados almejados. Alm disso, o mapa identifica as competncias

    especficas dos ativos intangveis da organizao capital humano, capital de informao e

    capital organizacional necessrios para o desempenho excepcional nos processos

    internos crticos.

    2.2.4. IMPLANTAO DO BALANCED SCORECARD

    O processo de construo e implantao do balanced scorecard s deve ser iniciado

    se houver a participao e o comprometimento da alta administrao e de todo seu corpo de

    executivos. Sem isso, o BSC no dar certo, pois uma iniciativa que parte de cima para

  • 22

    baixo, e que busca a sinergia atravs de um processo sistemtico que procura o consenso e

    a clareza sobre como traduzir a misso e a estratgia da organizao em objetivos e

    medidas operacionais.

    Olve, Roy e Wetter afirmam que

    o balanced scorecard inclui medidas de vrios aspectos e condies que so importantes para um negcio. Temos enfatizado que as medidas, em si mesmas, no so o que interessa. O fato de apenas se colocar algumas medidas no papel no nos dar um balanced scorecard. A essncia do scorecard o processo de discusso relativo s medidas antes, durante e depois. (OLVE et al, 2001, p. 169).

    Portanto, o primeiro passo obter o consenso sobre os motivos para desenvolver o

    scorecard, ou quadro de indicadores, identificando e chegando a um acordo quanto aos

    principais propsitos do projeto. Esses propsitos serviro para orientar o estabelecimento

    de objetivos e medidas para o scorecard. Alcanado o consenso, a organizao deve definir

    a pessoa que atuar como arquiteto do projeto, que ser o responsvel pela organizao,

    filosofia, metodologia e pelo desenvolvimento do scorecard. Ele manter o processo no

    rumo certo, disponibilizando todos os recursos necessrios, abrangendo a orientao,

    superviso do cronograma de entrevistas e reunies, disponibilidade de documentao,

    material de leitura, informaes de mercado e informaes competitivas. Para a construo

    adequada do BSC existem quatro etapas que se seguidas produziro um scorecard til e

    ajudaro a alcanar os objetivos:

    1. Definio da arquitetura de indicadores;

    2. Obteno do consenso em funo dos objetivos estratgicos;

    3. Escolha e elaborao dos indicadores;

    4. Elaborao do plano de implementao.

    2.2.5. BENEFCIOS DO BALANCED SCORECARD Para Kaplan e Norton,

    o Balanced Scorecard basicamente um mecanismo para a implementao da estratgia, no para sua formulao [...] qualquer que seja a abordagem utilizada [...] para a formulao de sua estratgia, o Balanced Scorecard oferecer um mecanismo valioso para a traduo dessa estratgia em objetivos, medidas e metas especficas. (KAPLAN; NORTON, 1997).

    Nesse contexto, CAMPOS (1998) ressalta que o BSC deve preocupar-se em

    espelhar a estratgia e que, ao faz-lo, soluciona uma das principais deficincias

  • 23

    normalmente encontradas nos sistemas gerenciais tradicionais: a incapacidade de integrar

    e sintonizar a estratgia a longo prazo com as aes e os resultados a curto prazo.

    Kaplan e Norton tambm afirmam que

    o scorecard deve contar a histria da estratgia, comeando pelos objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-os depois seqncia de aes que precisam ser tomadas em relao aos processos financeiros, dos clientes, dos processos internos e, por fim, dos funcionrios e sistemas, a fim de que, em longo prazo, seja produzido o desempenho econmico desejado. (KAPLAN; NORTON, 1997).

    A figura 02 ilustra esse conceito.

    Figura 02 - Estratgia, aes e resultado. (Adaptado de KAPLAN; NORTON, 1997)

    Na concepo de Olve, Roy e Wetter (OLVE et al, 2001), os principais benefcios

    conseguidos atravs da implantao do BSC, esto relacionados com:

    Fornecer gerncia um controle de dimenses estratgicas;

    Comunicar, de forma clara, qual o compromisso individual de cada funcionrio para

    com a organizao;

    Criar oportunidades para um aprendizado sistemtico a partir de fatores importantes

    para o sucesso da organizao;

    Criar conscincia sobre o aspecto de que nem todos as decises e investimentos

    realizados pela empresa resultaro em resultados imediatos de aumentos dos lucros

    ou reduo dos custos.

  • 24

    Conforme sua evoluo e uso, o BSC tornou-se uma importante ferramenta de

    gesto estratgica. Mais que um exerccio de medio, ele motiva melhorias no-

    incrementais em reas crticas, como o desenvolvimento de produtos, processos, clientes e

    mercados. A abordagem do BSC tem sido utilizada por grandes organizaes, no mundo e

    no Brasil, e vem despertando a ateno de organizaes de menor porte tanto do setor

    privado quanto do terceiro setor. O sucesso desta abordagem deve-se, em grande parte,

    sua capacidade de vincular a viso s aes do dia-a-dia e, simultaneamente, em delinear o

    impacto dessas aes sobre o sucesso da estratgia traada pela organizao.

  • 25

    Captulo III O SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO

    3.1. HISTRICO Na atual conjuntura econmica de competitividade da oferta de produtos e servios,

    o setor tercirio apresenta-se como o de maior importncia, representando cerca de 50% do

    produto interno bruto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    (IBGE). Entre os vrios servios ofertados por esse setor, destaca-se o varejo, uma

    atividade integrada e relevante pela enorme expresso econmica, mas tambm por ser o

    elo final de todos os participantes de uma cadeia de abastecimento e por manter contato

    com os consumidores, servindo como um indicador das tendncias do mercado de consumo

    e da distribuio de bens em geral.

    Em praticamente cinco dcadas de implantao no Brasil, o supermercado tornou-se

    um elemento indissocivel do modo de vida e das preocupaes de qualquer consumidor.

    Os principais supermercados foram instalados no pas a partir da dcada de 60, e na

    dcada seguinte houve sedimentao das grandes cadeias, inclusive com a abertura dos

    primeiros hipermercados (MARQUES; NORONHA, 2001). A dcada de 80 foi caracterizada

    por instabilidades polticas e econmicas no pas, enquanto que a dcada de 90 marcada

    por uma enorme competio no setor, inclusive com o aparecimento de grandes aquisies

    e expanses realizadas por alguns grupos supermercadistas (ROJO, 1998). Na transio

    dos anos 90 para o novo sculo, esse processo foi muito intenso, tanto pela incorporao de

    vrias redes nacionais pelas estrangeiras, como tambm pela aquisio das redes de

    pequeno e mdio porte pelas redes nacionais maiores, resultando em uma mudana

    estrutural do mercado, com a presena de maiores concentraes nesta rea de varejo

    (GHISI et al, 2003). O ano de 2002 foi de acomodao das aquisies antes realizadas

    pelas empresas do setor.

    O cenrio atual, bem como as projees para o futuro do segmento varejista

    supermercadista, revelam uma continuao desse movimento de concentrao, que se

    justifica pela grande quantidade de fuses e aquisies locais e globais, reflexo do prprio

    processo de abertura da economia, iniciado no governo Collor, e liberalizao do fluxo de

    bens e capital. Acompanhando tendncias mundiais, esse segmento no Brasil passou a ser

    assediado por grandes redes mundiais, as quais dominam o segmento na Europa e Estados

    Unidos. Pases como a Frana, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos j experimentam

    esse fenmeno. Nos EUA, surgiu o maior representante do segmento varejista e atualmente

    a maior empresa do mundo em faturamento, a rede Wal-Mart. Esse lugar era anteriormente

    ocupado pelo setor de combustveis. A rede comeou a sua internacionalizao na dcada

    de 90 no Mxico, e desde ento, j conseguiu conquistar presena em onze pases: Estados

  • 26

    Unidos, Mxico, Canad, Brasil, Argentina, Porto Rico, Alemanha, China, Coria, Inglaterra

    e Japo. So nove bandeiras em todo Brasil: Wal-Mart Supercenter, SAM'S CLUB, Todo

    Dia, Bompreo, Hiper Bompreo, Nacional, Mercadorama, Hipermercado Big, Maxxi

    Atacado, totalizando 300 lojas, e empregando 55 mil funcionrios. importante salientar que

    a Wal-Mart tem se distanciado cada vez mais do modelo tradicional de supermercados e

    hipermercados, e migrado para o modelo lojas de departamentos, oferecendo aos seus

    clientes uma gama de produtos muito maior do que os seus concorrentes, incluindo eletro-

    eletrnicos, informtica, livros, cds, presentes, artigos esportivos, dentre outros. Assim, a

    comparao entre essa grande rede americana e seus concorrentes tem que levar em

    considerao estas diferenas, a fim de que no se comparem segmentos distintos.

    3.2. PANORAMA ATUAL DO SETOR O Ranking Abras 2006, estudo oficial do setor de supermercados realizado pela

    Associao Brasileira de Supermercados em parceria com a AC Nielsen, com as 500

    maiores empresas do setor, com faturamento anual acima de 100 mil reais, e que contempla

    dados relativos ao ano de 2005, apresenta um cenrio de contnuo desenvolvimento,

    demonstrado pelos altos investimentos em novas lojas, equipamentos e diversificao das

    operaes. O que confirma a importante participao dos supermercados na sociedade, no

    s como canal de abastecimento alimentar, mas tambm como grande gerador de

    empregos, tendo terminado 2005 com cerca de 800 mil empregos diretos, nmero 1,6%

    maior que o total de 2004. O setor movimentou no ano de 2005, ainda segundo o ranking da

    Abras, aproximadamente R$ 106 bilhes em vendas. Esta cifra representa

    aproximadamente 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto), o que revela o peso deste negcio

    no panorama econmico brasileiro. Porm, apesar dos nmeros significativos, o lucro

    lquido manteve-se abaixo da mdia histrica de 2%, registrando uma pequena queda em

    relao ao ano anterior, com 1,7% sobre o faturamento (considerando que 341 empresas,

    das 500 pesquisadas, informaram seus percentuais de lucro lquido). Em 2004 este ndice

    havia sido de 1,8%. Mesmo assim, os investimentos realizados foram 85,1% acima do

    realizado em 2004. Somaram mais de R$ 2,3 bilhes em 2005, divididos em novas lojas,

    reformas, automao e equipamentos, entre outros.

    A tabela 02 mostra alguns dos principais dados de 2005, comparados com o ano de

    2004.

  • 27

    Tabela 02 Nmeros do setor. (Ranking Abras edio 2006)

    2005 Variao (2005 x 2004)

    Faturamento nominal R$ 106,4 bilhes +0,9%

    Nmero de lojas 72.884 +1,3%

    Nmero de Check-Outs 169.853 +1,8%

    Nmero de funcionrios 800.922 +1,6%

    rea de vendas, em m2 18,4 milhes +1,7%

    3.3. CONCENTRAO DE MERCADO

    O padro de crescimento do setor tem acompanhado as tendncias de globalizao

    econmica. H evidncias de aumento de concentrao de mercado, logo aps a

    implantao do Plano Real, em 1994, e maior entrada de redes supermercadistas

    estrangeiras. Paralelamente ao aumento da concentrao, as fuses dentro do setor

    aumentaram expressivamente em meados da dcada de noventa, enquanto a participao

    de redes estrangeiras, como a francesa Carrefour, a norte-americana Wal Mart, a

    portuguesa Sonae e a holandesa Royal Ahold, entre outras, se acentuou no Pas (AGUIAR;

    SILVA, 2002). Em 2005, cerca de 50% das vendas do setor foram geradas pelas 20

    maiores, enquanto os outros 50% so repartidos por centenas de empresas, reforando esta

    tendncia de concentrao de receita ocorrida, em especial, nas duas ltimas dcadas.

    Existe um princpio estatstico do qual essa realidade do setor est prxima: o

    Princpio de Pareto. Ele foi criado no sculo XIX por um economista italiano chamado

    Vilfredo Pareto que, ao analisar a sociedade concluiu que grande parte da riqueza se

    encontrava nas mos de um nmero demasiado reduzido de pessoas. Aps concluir que

    este princpio estava vlido em muitas reas da vida quotidiana, estabeleceu o designado

    mtodo de anlise de Pareto, tambm conhecido como dos 20:80 e que significa que um

    pequeno nmero de causas (geralmente 20%) responsvel pela maioria dos fenmenos

    (geralmente 80%).

    A regra clssica formulada por Pareto est baseada na proporo 80:20, mas ela

    poderia ser de 70:30, ou de 90:10. Assim, quando se fala em problemas de qualidade, pode-

    se concluir, por exemplo, que 20% das ocorrncias causam 80% de um dado problema.

    Quando se fala de receitas, ou dos lucros da empresa, geralmente percebe-se que 80%

    deles so obtidos com 20% das categorias de produtos vendidos. Analogamente, observa-

    se que 30% dos vendedores so responsveis por 70% das vendas. Que 20% das cores de

    automveis - entre elas a prata e o preto - disponveis no mercado so preferidas por 80%

    dos compradores. Que numa sorveteria onde se oferecem 40 sabores, oito deles

    respondem por 80% das vendas.

    A tabela 03 apresenta as 20 maiores empresas, segundo o Ranking abras 2006.

  • 28

    Classif. Classif. FATURAMENTO BRUTO PART. SOBRE2005 2005 EM 2005 (R$) O SETOR (%)

    1 1 COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIO SP 16.168.968.046 15,22 2 CARREFOUR COM E IND LTDA SP 12.546.232.768 11,83 3 WAL-MART BRASIL LTDA SP 11.731.759.991 11,04 5 CIA ZAFFARI COMRCIO E INDSTRIA RS 1.410.185.010 1,35 7 GBARBOSA COMERCIAL LTDA SE 1.227.023.563 1,2

    TOTAL 5 MAIORES 43.084.169.378 40,56 6 DMA DISTRIBUIDORA S/A - EPA MG 1.212.276.038 1,17 8 IRMOS BRETAS, FILHOS E CIA LTDA MG 1.144.635.735 1,18 9 COOP - COOPERATIVA DE CONSUMO SP 1.076.619.724 19 10 A. ANGELONI & CIA LTDA SC 992.810.531 0,910 - PREZUNIC COMERCIAL LTDA RJ 781.709.800 0,7

    TOTAL 10 MAIORES 48.292.221.206 45,4TOTAL 6 AO 10 5.208.051.828 4,8

    11 15 Y. YAMADA S/A PA 767.725.801 0,712 12 CONDOR SUPER CENTER LTDA PR 765.895.534 0,713 13 SONDA SUPERMERCADOS EXP E IMP LTDA SP 752.195.264 0,714 14 LIDER SUPERMERCADOS E MAGAZINE LTDA PA 733.881.395 0,715 16 EMPRESA BAIANA DE ALIMENTOS S/A BA 496.123.154 0,516 17 SAVEGNAGO SUPERMERCADOS LTDA SP 424.125.485 0,417 22 SUPERMERCADO GIMENES LTDA SP 423.298.693 0,418 19 CARVALHO & FERNANDES LTDA PI 405.905.643 0,419 20 SUPERMERCADO BAHAMAS LTDA MG 397.979.384 0,420 18 D'AV SUPERMERCADOS LTDA SP 394.149.650 0,4

    TOTAL 20 MAIORES 53.853.501.209 50,6TOTAL 11 AO 20 5.561.280.003 5,3

    EMPRESA SEDE

    Tabela 03 As maiores empresas do setor. (Ranking Abras 2006)

    A concentrao no segmento de supermercados uma tendncia mundial. No Brasil,

    em apenas dez anos, o ndice de concentrao em relao s cinco maiores redes passou

    de menos de 30% para mais de 40%. Este fenmeno ainda est a meio caminho se

    tomarmos como parmetro os Estados Unidos e a Europa, onde a concentrao das

    maiores redes se aproxima da casa dos 70%.

    At o ano de 1994, perodo anterior abertura econmica brasileira, o faturamento

    das duas maiores redes de supermercado, representava 26% do faturamento das trezentas

    maiores, como pode ser verificado na tabela 04.

    Tabela 04 Evoluo do grau de concentrao do setor. (Revista SuperHiper, Maio/1999)

    1994 1997 1998

    Faturamento das duas maiores redes/faturamento das 300 maiores 26 26 33

    Faturamento das cinco maiores redes/faturamento das 300 maiores 37 40 48

    Faturamento das dez maiores redes/faturamento das 300 maiores 47 49 58

    Faturamento das vinte maiores redes/faturamento das 300 maiores 57 50 67

  • 29

    De acordo com a tabela, pode-se notar que o faturamento das duas maiores redes

    de supermercado passou de 26% do faturamento das trezentas maiores, para 33% em

    1998, o que tambm um indicador de concentrao da economia do pas. A figura 03

    abaixo ilustra a evoluo da taxa de concentrao de 2000 a 2005.

    Figura 03 Taxa mdia de concentrao de mercado. (Ranking Abras 2006)

    A partir da dcada de 90, ocorreu uma grande retomada de investimentos em funo

    da entrada de novas empresas estrangeiras no pas, impulsionando o movimento de fuses

    e aquisies de grandes grupos brasileiros e internacionais. Analisando a concentrao sob

    outros aspectos alm do analisado faturamento, podemos verificar a intensificao do

    movimento de negociao de lojas, principalmente tendo como compradores grupos

    estrangeiros.

    A tabela 05 ilustra esse movimento de disputa pela aquisio e fuso no Brasil.

  • 30

    Tabela 05 Fuses e aquisies no setor supermercadista. (Abras/Imprensa)

    Ano Rede compradora Origem do capital Rede comprada UF Negociao/operao (Quantidade adquirida) 1995 Nacional Brasil CIA do Sul RS 14 lojas

    Royal Ahold Holanda Bom Preo PE 50% 1996 Super Mambo Brasil Bazar 13 SP Total Bom Preo Brasil Supermar BA Total Carrefour Frana Eldorado SP 8 lojas

    Irmos Breta Brasil SAB (Braslia) DF Concesso Jernimo Martins Portugal S SP Total

    Po de Acar Brasil Freeway RJ Total

    Po de Acar Brasil Super Mambo SP 3 lojas Po de Acar Brasil Pamplona SP 2 lojas Po de Acar Brasil SM Ipcal SP 2 lojas

    S Brasil So Jorge SP Total

    1997

    Sonae Portugal Cia. Real Distribuio RS Total Carrefour/Comptois Modernes (*) Frana Lojas Americanas RJ 23 lojas

    Continente Brasil Paes Mendona RJ 4 lojas Nacional Brasil Superm. Zottis RS Total

    Po de Acar Brasil Rede Barateiro SP Total Po de Acar Brasil Millo's SP Total Superm. Dallas Brasil Chave de Ouro RJ 2 lojas

    Sonae Portugal Mercadorama PR Total Sonae Portugal Cndia SP Total

    Superm. ABC Brasil SM Max Box RJ 9 lojas

    Superm. Zona Sul Brasil Bonjour RJ 2 lojas

    1998

    Casas Sendas Brasil Superm. Parle RJ Total Po de Acar Brasil Peralta SP Total

    Po de Acar Brasil Superm. Iguau SP Total

    Po de Acar Brasil Paes Mendona BA 25 lojas (arrendamento) Po de Acar Brasil Mappin SP 2 lojas (arrendamento)

    Sonae Portugal Nacional Central RS Total Sonae Portugal Superm. Coleto RS Total Sonae Portugal Exxtra Econmico RS Total

    Carrefour Frana Planalto DF 16 lojas

    Carrefour Frana Roncetti ES 13 lojas Carrefour Frana Mineiro MG 33 lojas

    Carrefour Frana Rainha RJ 10 lojas S/Jernimo Martins Portugal Superm. Sto. Antnio SP Total

    Vitria Brasil Superm. Angelina SC Total

    ABC/Garantia Brasil Serra e Mar RJ 2 lojas BomPreo/Ahold Brasil/Holanda Peti Preo BA Total

    1999

    Sendas Brasil Trs Poderes RJ Total (*): Em agosto/98 o Carrefour comprou parte dessa rede na Frana.

  • 31

    As redes Carrefour e Po de Acar continuam a disputar o primeiro lugar no ranking

    brasileiro. O Carrefour, por exemplo, adquiriu em 1999 o supermercado Planalto, de

    Braslia, e o Roncetti, de Vitria, e nesse mesmo ano, comprou 33 lojas da rede de

    supermercados Mineiro, de Belo Horizonte. O Po de Acar, por sua vez, j tinha

    incorporado, atravs de arrendamento, 25 lojas do Paes Mendona, em 1999, duas das

    maiores lojas do Mappin em So Paulo, e em 2000, 60 lojas do S Supermercados, alm da

    retomada da bandeira Comprebem de Pernambuco, que ficou durante mais de 20 anos

    arrendada ao Grupo Arranja.

    Mais recentemente, houve uma disputa acirrada pela rede Bompreo, do grupo

    holands Ahold, na qual Po de Acar e Wal-Mart disputaram a aquisio do grupo, que

    acabou sendo negociado ao grupo americano, que chegou ao Brasil em 1995, e at ento

    no havia conseguido aumentar sua atuao, ficando com suas operaes restritas ao

    sudeste do pas. A compra do Bompreo era a oportunidade que faltava para uma

    expanso. No final de 2005, o Wal-Mart d outro passo no processo de expanso,

    comprando a rede portuguesa instalada no sul do pas, a Sonae.

    Segundo dados da Abras, o maior grupo varejista brasileiro o CBD (Central

    Brasileira de Distribuio), que atende pelas bandeiras: EXTRA, Po de Acar, Barateiro e

    Comprebem. Este grupo segue as estratgias dos grandes grupos globais como Wal-Mart,

    frente disputa pelo mercado nacional, passando a comprar as grandes (exemplo:

    Barateiro) e pequenas e mdias redes (exemplo: S Supermercados). Em 2005, o grupo

    que at ento tinha a maior parte de suas aes nas mos da famlia Diniz, passou 50% das

    mesmas para o grupo Casino, para o qual deve passar todo o restante nos prximos sete

    anos. O grupo Casino, depois do Carrefour, a maior rede de supermercados da Frana.

    O processo de concentrao do segmento varejista supermercadista no Brasil, deve

    continuar, embora num ritmo menos agressivo, uma vez que as redes grandes e mdias j

    foram quase todas compradas. Nesse momento, o que se observa uma estratgia de

    compra de redes menores (com faturamento anual inferior a R$ 150 milhes) e com atuao

    predominantemente em reas mais perifricas dos grandes centros urbanos e de regies do

    interior.

  • 32

    Captulo IV A GESTO ESTRATGICA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE

    4.1. A IMPORTNCIA DA GESTO ESTRATGICA

    A estabilidade econmica alterou, significativamente, a forma de atuao de grupos

    varejistas e reestruturou o mercado de consumo. A nova realidade econmica, aliada ao

    avano tecnolgico, globalizao e ao surgimento de novos formatos, provocou mudanas

    relevantes na forma de o varejo operar, abrindo espao para questionamentos e

    aprimoramento do seu gerenciamento. A disparidade entre as grandes cadeias

    supermercadistas e o pequeno varejista no est limitada apenas concentrao de receita,

    mas aprofunda-se no emprego de ferramentas de gesto e tecnologia, impactando

    diretamente nos resultados das respectivas empresas.

    At 1994 o varejo, em especial o supermercadista, tinha em sua gesto financeira a

    principal fonte de resultados, pois em um ambiente hiper-inflacionrio, que chegou ao ndice

    de 82,18% ao ms (INPC maro/1990), pouco interessava administrao dos negcios a

    eficincia na operao comercial, bem como na gesto dos produtos ou ainda no

    treinamento de seus colaboradores, mas sim na rapidez com que o dinheiro poderia migrar

    do caixa para o banco, para que as taxas de overnight (taxa de financiamento no mercado

    interbancrio para operaes de um dia) pudessem remunerar os recursos financeiros. Um

    curioso paradigma estava implantado, o diretor financeiro era a pea mais importante da

    equipe de uma empresa varejista, enquanto as diretorias comercial e operacional eram

    consideradas apenas geradoras de despesas.

    Com a implantao do Plano Real em 1994, e conseqente estabilizao da moeda,

    as empresas passaram a preocupar-se com as operaes que pudessem gerar eficincia ou

    naquelas onde o desperdcio nunca fora observado anteriormente. A ordem natural do

    negcio varejista estava restabelecida, as operaes de compra e venda, mas

    especialmente as gestes de produtos e pessoas tornaram-se prioridades na pauta de

    decises das empresas.

    Associado a esta estabilidade, o acirramento da concorrncia, com o desembarque

    de bandeiras mundiais como o francs Casino e a americana Wal-Mart, obrigaram os

    supermercadistas a manterem suas margens em nveis reduzidssimos e suas despesas

    operacionais sob controle permanente. Foram criados mecanismos de repasse para outros

    participantes da cadeia, como o contrato de fornecimento entre o fabricante e o varejista, na

    tentativa de vitaminar margens anmicas. O varejo investiu pesadamente em tecnologia

    para a obteno de informaes que pudessem nortear suas decises e, certamente dentro

  • 33

    desta mirade de dados observou-se um ralo por onde parte de sua rentabilidade esvaa: as

    perdas.

    Perdas so todas as diferenas observadas entre o estoque fsico e contbil,

    geradas atravs de furtos, fraudes, erros, ineficincia administrativa, deteriorao, violao

    de produtos, m manipulao, deficincia na armazenagem e falhas nos processos internos,

    dentre outros fatores. Dados da Pesquisa Nacional de Preveno de Perdas no Varejo

    Brasileiro, realizado em 2002 pelo GPP (Grupo de Preveno de Perdas) ligado ao Provar

    (Programa de Administrao do Varejo) da Universidade de So Paulo, expressa a urgncia

    no tratamento das perdas: a Preveno de Perdas torna-se uma varivel imprescindvel e

    de extrema importncia na obteno de resultados superavitrios das empresas, podendo

    significar, inclusive, a sobrevivncia de muitas. (Pesquisa Nacional de Preveno de

    Perdas no Varejo, 2002). Entretanto, segundo este mesmo estudo, os supermercadistas no

    esto organizados, nem aptos a gerir e atuar sobre as causas das perdas, que atingiram

    1,98% sobre a receita, ou seja, um ndice prximo rentabilidade total lquida percebida

    pelo setor. Observa-se, portanto, uma carncia de informaes e de atuao sobre esta

    causa que corri os resultados da empresa, muitas vezes condenando o negcio ao

    fracasso. Avaliando a forte concorrncia que pressiona as margens cada vez mais para

    baixo e os altos investimentos necessrios para inaugurar uma nova loja ou bancar uma

    campanha promocional, os ganhos representados pelo combate s perdas podem

    representar o lucro ou o prejuzo da empresa.

    Existe um fosso que separa os grandes varejistas dos pequenos e mdios

    supermercadistas, especialmente no que se refere ao instrumental tecnolgico aplicado aos

    seus respectivos negcios, que podem revelar caminhos e solues para a otimizao de

    resultados, da a nfase na implantao e implementao da preveno de perdas pelas

    grandes cadeias supermercadistas nos ltimos anos, preocupao esta que necessita ser

    despertada no mdio e pequeno varejo. E a utilizao do Balanced Scorecard uma forma

    extremamente eficaz de se obter avanos na rea de preveno de perdas, e

    consequentemente, na melhoria contnua e no ganho de competitividade.

    Como no caso citado do ndice de perdas, diversos outros indicadores podem ser

    melhorados com a utilizao do BSC, e de uma gesto estratgica efetiva. Como exemplos,

    podem-se citar:

    Perspectiva financeira: volume de vendas, lucratividade, ndice de inadimplncia,

    EBITDA (sigla em ingls para Earnings before interest (or incoming), taxes,

    depreciation and amortization, que traduzido literalmente para o portugus significa:

    lucros antes de juros, impostos, depreciao e amortizao.)

    Perspectiva dos clientes: satisfao, fidelizao, e reteno de clientes, captao de

    novos clientes.

  • 34

    Perspectiva dos processos internos: ndice de giro de estoque, reduo de

    despesas, produtividade dos funcionrios, ndice de perdas, ndice de falta de

    mercadorias em estoque.

    Perspectiva da aprendizagem e do crescimento: treinamento de funcionrios,

    satisfao e motivao dos funcionrios, rotatividade de pessoal.

    Em virtude do quadro de alto ndice de concentrao do mercado, e da concorrncia

    acirrada, as empresas ficam impossibilitadas de buscar melhores resultados atravs de

    aumentos de preos, pois isso levaria boa parte de seus clientes para a concorrncia.

    Portanto, para obter melhor lucratividade e vantagens competitivas, resta s empresas

    melhorar sua gesto, reduzir suas despesas operacionais, financeiras e administrativas. E o

    BSC uma ferramenta eficaz para se alcanar xito nessa busca de melhoria contnua.

    O crescente nvel de competio tem levado as organizaes a desenvolverem

    estratgias que tem por objetivo torn-las menos vulnerveis s mudanas que vm

    ocorrendo nos ambientes externo (que incontrolvel, porm previsvel) e interno

    (controlvel). O processo de globalizao (financeiro, produtivo e comercial), a introduo de

    novas tecnologias e a implantao de novos processos organizacionais levam alguns

    segmentos a um cenrio de fuses, incorporaes e reestruturao, com o objetivo de

    manter a competitividade. Para minimizar os efeitos negativos deste ambiente turbulento,

    deve-se estimular a elaborao de um planejamento estratgico. Este planejamento precisa

    ser desenvolvido levando-se em considerao os cenrios poltico, econmico e cultural nos

    quais a empresa pretende atuar.

    Em conjunto com o plano de ao, deve-se estimular a formao de competncias

    do indivduo e da organizao, pois estas so importantes para que a empresa tenha

    condies de se manter competitiva. Essas competncias devem ser desenvolvidas no

    interior da organizao, garantindo aos clientes da empresa uma agregao de valor. No

    segmento de supermercados, encontramos um cenrio de mudanas com a entrada de

    novos atores, concentrao e elevada competio. Estes fatores levam as organizaes a

    se reestruturarem atravs de fuses, incorporaes, profissionalizao do corpo gerencial e

    na montagem de um plano de ao estratgico. Para este segmento o enfoque do

    planejamento tem sido o de adotar uma estratgia orientada para servios, pois a melhora

    no seu nvel e a fidelizao do cliente visam ao aumento da competitividade. Contudo, o

    setor no pode se afastar da busca por uma excelncia operacional. Diversas aes

    estratgicas esto sendo adotadas pelas empresas do setor de supermercados, como:

    lanamentos de marca prpria, adoo de novas tecnologias, introduo de novos

    processos organizacionais, enfoque logstico, comrcio eletrnico, ECR (Resposta Eficiente

    ao Consumidor), CRM (Gerenciamento de Relacionamento com o Consumidor), novos

    formatos de lojas, segmentao de mercado, profissionalizao do corpo gerencial e

  • 35

    responsabilidades social e ambiental. Todas estas aes tm como objetivo final aumentar a

    competitividade e rentabilidade da organizao.

    4.2. INVESTIMENTO EM NOVAS TECNOLOGIAS O cenrio de acirrada competio no segmento tem obrigado as principais redes a

    investir de maneira mais intensa em novas tecnologias. Nesse sentido, foram iniciados

    processos de automao, introduo de novos instrumentos, como o EDI (Intercmbio

    Eletrnico de Dados), e gerenciamento por categorias, por exemplo. Normalmente,

    considera-se uma loja automatizada quando tem check-out (caixa) informatizado, porm,

    alm do check-out, a informatizao deve abarcar outras reas, como: recepo,

    departamento financeiro (contabilidade, tesouraria, pedidos), estoque, recebimento de

    mercadorias, etc.

    Alm da automao, que crescente, outro processo que vem sendo implementado

    no Brasil o Efficient Consumer Response (ECR, resposta eficiente ao cliente). O ECR

    nada mais do que a busca constante pela maior eficincia em todas as etapas da cadeia

    de produo e distribuio, que envolvem o fabricante, o varejista e o consumidor. O ECR

    abrange o EDI, gerenciamento por categoria e logstica. A logstica est associada,

    fundamentalmente, centralizao ou no das operaes (implica a construo de grandes

    centrais de distribuio) e tecnologia da informao.

    O CRM (Customer Relationship Management, ou gerenciamento do relacionamento

    com o cliente) um sistema integrado de gesto com foco no cliente, constitudo por um

    conjunto de procedimentos/processos organizados e integrados num modelo de gesto de

    negcios. O software que auxilia e apia esta gesto normalmente denominado sistema

    de CRM. Para trabalhar com qualidade necessrio observar a viso e a percepo do

    cliente em relao ao produto ou servio que est sendo oferecido, da a importncia de ser

    trabalhado o CRM, pois atravs dessa ferramenta que os clientes mostram para as

    empresas o caminho que os levam aos resultados mais efetivos e que atendam ambas

    partes. Esta ferramenta detm os controles e se prope a trabalhar com os clientes num

    ambiente de aprendizado de compartilhamento e colaborao.

    4.3. INVESTIMENTO EM RECURSOS HUMANOS O setor supermercadista tem enfrentado nos ltimos anos profundas transformaes,

    exigindo de seus executivos a capacidade para adaptar suas organizaes s oscilaes do

    ambiente organizacional. Neste sentido, as atividades desempenhadas por gestores e

    funcionrios do setor tm-se modificado completamente, exigindo novos conhecimentos,

    habilidades e atitudes, para atender com qualidade as exigncias dos clientes.

  • 36

    Por outro lado, os avanos tecnolgicos tm se revelado poupadores de mo-de-

    obra, fazendo com que se eleve, ainda mais, a concorrncia no mercado de trabalho.

    Portanto, faz-se necessria a busca contnua por melhorias na qualificao profissional. Os

    supermercados precisam estar atentos aos novos paradigmas e tecnologias que surgem a

    cada momento no sentido de propiciar facilidade, convenincia e comodidade para o cliente.

    Com isso, torna-se imperioso, que a cada dia, o supermercadista entenda de forma clara e

    objetiva os padres de comportamento do consumidor. Nesse sentido, o treinamento e o

    aperfeioamento da mo-de-obra dever ser uma preocupao essencial das organizaes.

    O setor supermercadista amadureceu, profissionalizou-se e passou a demandar mo-de-

    obra mais qualificada e multifuncional.

    Esse novo cenrio do segmento supermercadista est criando um modelo de

    competitividade que tem implicado novos padres de gesto. A introduo da gesto

    profissionalizada e, em larga medida, os padres trazidos pelas multinacionais que aqui se

    instalaram colocam a necessidade, para muitas empresas, de rever alguns conceitos e

    prticas por elas adotadas.

    Por exemplo, comea a ganhar corpo a questo relacionada a maiores investimentos

    e valorizao das polticas de recursos humanos, no sentido de uma maior preocupao

    com os aspectos associados ao treinamento e qualificao/re-qualificao da fora de

    trabalho do segmento. Obviamente, as exigncias e os requisitos de maior escolaridade e

    de melhor qualificao no significam necessariamente requerimentos de habilidades e

    competncias para funes/postos de trabalho que se abrem no mercado, mas derivam

    muito mais de contingncias conjunturais. Ou seja, um contingente elevado de

    desempregados faz com que a oferta de trabalhadores seja n vezes maior do que a

    demanda.

    Sendo o varejo e, em particular, os supermercados caracterizados por um trabalho

    intenso em horrio amplo e que envolve muitos detalhes, onde o contato com o consumidor

    permanente e direto, a questo do treinamento tem relevncia. Isso exige uma poltica de

    recursos humanos mais adequada e que abranja os vrios aspectos envolvidos na relao

    empregado/empregador, e no s um ou outro aspecto dessa relao.

    4.4. TENDNCIAS ATUAIS As estratgias das grandes redes supermercadistas podem variar sobre vrios

    aspectos, no entanto, uma comum a todas: ganhar mercado ou pelo menos manter a sua

    posio no mercado. As estratgias das multinacionais, por exemplo, dependem em larga

    medida da cultura que desenvolveram nos seus pases de origem. A francesa Carrefour d

    muita nfase na estratgia de comercializao, j a americana Wal-Mart tem na logstica e

    na tecnologia de informaes armas importantes para enfrentar a concorrncia.

  • 37

    Em resumo, as transformaes no setor industrial vm ocorrendo e sendo destaque

    desde o incio da dcada de 90, porm o comrcio (e em particular os supermercados) se

    depara atualmente com grandes mudanas que tm culminado em processos de

    reestruturao em termos de empresas e setorialmente. Em face desse quadro, podem-se

    verificar algumas tendncias no setor, decorrentes desse processo de reestruturao em

    curso, tais como:

    Maiores investimentos em automao comercial;

    Avano da tecnologia da informao;

    Reduo dos postos de trabalho;

    Mudanas nos modelos de gesto, atravs da modernizao dos mtodos de

    gesto, profissionalizao, gerncia por categoria de produtos;

    Ampliao das formas de crdito: aceitao de cartes de crdito prprio ou de

    administradoras, cheques pr-datados, tquete-alimentao;

    Otimizao da rea de vendas;

    Estreitamento das margens de lucro;

    Melhoria na qualidade do atendimento ao consumidor (mais exigente), atravs do

    conforto, facilidade de acesso, higiene e limpeza mais valorizados;

    nfase e uma melhor gesto em treinamento de recursos humanos;

    Vendas por meio da Internet (pouco representativas, embora crescentes);

    Melhoria da qualidade dos produtos;

    Aumento do nmero de itens ofertados (mix mais variado, sem perder a qualidade).

  • 38

    Captulo V ESTRUTURA DE INDICADORES

    O desempenho dos diversos segmentos do comrcio varejista encontra-se entre os

    primeiros e mais importantes sinais de aumento ou reduo das atividades econmicas de

    um pas. Assim, os indicadores desse desempenho so de grande importncia como

    termmetro da atividade econmica, tornando-se um parmetro fundamental para a tomada

    de decises estratgicas pelas entidades governamentais, industriais, e, tambm, pelo

    prprio comrcio.

    KAPLAN e NORTON (2000) dizem que em geral um Balanced Scorecard tem de 20

    a 25 indicadores assim distribudos: 5 indicadores para a perspectiva financeira (22%), 5

    indicadores para a perspectiva dos clientes (22%), 8 indicadores para a perspectiva interna

    (34%) e 5 indicadores para a perspectiva do aprendizado e crescimento (22%). Alm disso,

    observam tambm a importncia de que cerca de 80% dos indicadores sejam no-

    financeiros.

    ROCHA (2002), ao elaborar o Balanced Scorecard para uma indstria de confeco

    de mdio porte, selecionou 20 indicadores assim distribudos: 6 indicadores para a

    perspectiva financeira (30%), 4 indicadores para a perspectiva dos clientes (20%), 6

    indicadores para a perspectiva interna (30%) e 4 indicadores para a perspectiva do

    aprendizado e crescimento (20%), sendo 70% dos indicadores no-financeiros.

    KINAL (2002), ao formar o Balanced Scorecard para uma operadora de sade de

    autogesto, selecionou 45 indicadores assim distribudos: 11 indicadores para a perspectiva

    financeira (24%), 9 indicadores para a perspectiva dos clientes (20%), 13 indicadores para a

    perspectiva interna (29%) e 12 indicadores para a perspectiva do aprendizado e crescimento

    (27%), sendo 75% dos indicadores no-financeiros.

    O Balanced Scorecard de um supermercado no deve fugir a essa distribuio de

    indicadores comumente usada, selecionando cerca de 20 a 25 indicadores que no podem

    ser escolhidos ao acaso, mas sim selecionados por sua importncia e relacionamento direto

    com a estratgia da empresa. Segundo KAPLAN e NORTON (1997), toda medida escolhida

    para um Balanced Scorecard, deve ser um elemento de uma cadeia de relaes de causa e

    efeito, que comunique o significado da estratgia da empresa a todos os seus nveis

    (estratgico, ttico e operacional). As relaes devem ser expressas por uma seqncia de

    afirmativas do tipo se-ento, de forma a explicar as relaes entre os objetivos nas

    perspectivas, para que possam ser gerenciadas e validadas. A interligao das relaes de

    causas e efeitos nas quatro perspectivas fundamental para manter-se o foco na estratgia

    da organizao, e a garantia na avaliao de desempenho de estar se medindo o que de

    fato interessa.

  • 39

    Os indicadores aqui apresentados no constituem, de maneira alguma, uma anlise

    exaustiva da ampla gama de indicadores existentes no setor, mas de uma maneira geral,

    so os de maior participao e importncia dentro da estratgia supermercadista.

    Obviamente, a realidade de cada empresa ir determinar indicadores a serem

    acrescentados ou suprimidos, no sendo este estudo uma regra fixa para a implantao de

    um BSC. De modo semelhante, as metas devem ser estudadas e propostas por cada

    empresa de acordo com sua situao atual e seus planos estratgicos, no cabendo aqui

    nenhuma proposio de valores especficos para as mesmas. Todavia, algumas

    consideraes podem ser feitas, por parte dos estrategistas das empresas, com base nos

    indicadores mdios apresentados pelo setor como um todo, de modo que elas, ao

    formularem suas metas, podem ter uma referncia sobre como as demais empresas do pas

    se saem, e partirem do princpio de que, no mnimo, elas precisam alcanar o desempenho

    mdio das demais empresas.

    5.1. PERSPECTIVA FINANCEIRA

    Apesar de recomendar que cerca de 80% dos indicadores sejam no-financeiros, o

    Balanced Scorecard no os despreza, sempre evidenciando que os objetivos estabelecidos

    nas outras perspectivas devem ser o caminho para se alcanar os objetivos financeiros, ou

    seja, aumentar o financeiro sem olhar totalmente para ele.

    Para aumentar a margem de venda dos produtos necessrio que se aumente e

    reforce o valor da empresa, pois a imagem da empresa perante os clientes no deve ser

    simplesmente de preos baixos, uma vez que com margens muito baixas torna-se difcil a

    sobrevivncia no setor. preciso conciliar a necessidade de uma margem que cubra os

    custos, com um reconhecimento por parte dos clientes de que a empresa pratica preos

    baixos. Nessa perspectiva, a estratgia deve ser direcionada para eficincia e crescimento,

    com reduo de custos operacionais e administrativos, melhores negociaes e parcerias

    com fornecedores, melhor utilizao dos ativos, para que se possam melhorar as margens

    sem elevar de maneira significativa, aos olhos do cliente, os preos de venda. Para

    promover o crescimento das receitas, importante aumentar as vendas dos produtos de

    maior valor agregado, e tambm as vendas por cliente. As perdas tambm tm um impacto

    significativo, e precisam ser reduzidas. PARENTE (2000, p.383) diz que como o

    desperdcio uma caracterstica presente em todas as empresas, o custo pago pelos

    varejistas por suas mercadorias est, conseqentemente, onerado pelos desperdcios

    presentes em todos os elos da cadeia de suprimentos, incluindo os fornecedores dos

    fornecedores. Alm de impactar diretamente nos resultados financeiros, as perdas esto

    muito relacionadas tambm com a perspectiva dos processos internos, uma vez que

    melhores processos diminuem as perdas.

  • 40

    A tabela 06 sintetiza os objetivos estratgicos, os indicadores da perspectiva

    financeira, e suas formas de clculo.

    Tabela 06 Perspectiva financeira.

    Objetivos estratgicos Indicadores Forma de clculo ou obteno Melhorar utilizao dos ativos Rentabilidade do Ativo

    Lucro Lquido / Ativo total

    Reduo dos custos Margem de lucro operacional

    Lucro Operacional / Vendas

    Reduo do ndice de perdas ndice de perdas Valor das perdas / Vendas

    Aumentar vendas com maior valor agregado

    Giro do ativo Vendas lquidas / Ativo total

    Aumentar vendas por cliente Venda mdia por cliente Total da venda lquida / n mdio de clientes

    5.2. PERSPECTIVA DOS CLIENTES

    De acordo com Kaplan e Norton,

    as propostas de valor apresentadas aos clientes so os atributos que os fornecedores oferecem, atravs de seus produtos/servios, para gerar fidelidade e satisfao em segmentos-alvo. Proposta de valor o conceito fundamental para o entendimento dos vetores das medidas essenciais de satisfao, captao, reteno e participao de mercado e de conta. (KAPLAN; NORTON, 1997, p.77).

    Nessa perspectiva, uma proposio de valor de grande impacto a de melhor custo

    total para o cliente. Com essa proposio pretende-se atrair e reter o maior nmero de

    clientes, aumentando o seu nvel de satisfao. Dentre os fatores que mais influenciam os

    clientes em sua avaliao da empresa, esto os preos competitivos, variedade de

    produtos, agilidade no atendimento, colaboradores atenciosos e bem informados, aliados a

    uma loja com boa apresentao, comunicao visual adequada, e de fcil acesso.

    Um supermercado precisa ser lembrado no somente por ter preos baixos, mas sim

    um melhor custo total, o que significa oferecer produtos e servios consistentes, de

    qualidade e com variedade, no momento certo e com preo justo. Deve facilitar a vida dos

    clientes, tornando fcil e prazeroso o processo de compras.

    Ter preos competitivos significa estar no mesmo nvel de seus concorrentes, de

    forma que os clientes no vejam a empresa como praticante de preos altos. Para isso,

    uma estratgia largamente utilizada no setor o acompanhamento direto das promoes e

    preos praticados pela concorrncia, principalmente nos produtos mais vendidos.

    Tambm gera grande valor para o cliente o fato de sempre encontrar o que procura

    ao fazer suas compras. No jargo do setor, o mix das lojas deve ser bem gerenciado, de

    forma a suprir a demanda dos consumidores, sem deixar faltar determinado produto.

  • 41

    Segundo PARENTE (2000, p.183), obter mercadorias que satisfaam suas necessidades

    a motivao principal dos consumidores quando compram produtos nas lojas.

    A apresentao e localizao da loja tambm so fatores que levam satisfao e

    reteno de clientes. Consideram-se como aspectos de apresentao da loja: a limpeza, a

    sinalizao adequada dos ambientes que facilite ao consumidor encontrar os produtos

    desejados (boa comunicao visual), as gndolas devidamente abastecidas, os corredores

    livres, os carrinhos limpos e sem defeitos. Com relao localizao da loja, deve-se

    facilitar o acesso do cliente ao estacionamento, evitando-se transtornos, tais como entrada e

    sada de veculos pelo mesmo espao fsico, provocando congestionamento e espera

    indesejada, prejudicando uma nova visita do cliente a loja.

    Colaboradores atenciosos e bem informados impressionam e cativam os clientes.

    Eles devem estar preparados para solucionar, ou ao menos direcionar os clientes soluo

    de seus problemas. PARENTE (2000, p.19) afirma que os consumidores esto tambm

    desejosos de receber respostas mais eficientes dos varejistas, e mostram-se receptivos a

    estabelecer relaes mais contnuas, apoiadas na confiana e na qualidade dos servios.

    O atendimento do conjunto de objetivos apresentados na tabela 07 provoca a

    satisfao do cliente, tornando possveis a captao e reteno dos mesmos.

    Tabela 07 Perspectiva dos clientes.

    Ob