Gestao Estrategica de Pessoas Versao Final
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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância
Gestão de Pessoas
Gestão Estratégica de
Pessoas
Autor: Willian Maachar
EAD – Educação a Distância Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação
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Sumário
UNIDADE 1 – GESTÃO DE PESSOAS .................................................................. 04
1.1 Conceito de Gestão de Pessoas ...................................................................... 04
1.2 Percurso Histórico da Gestão de Pessoas no Brasil e no Mundo ..................... 04
1.3 Fatores que determinam ou impõem adoção de determinado modelo de gestão de pessoas ............................................................................................ 07
UNIDADE 2 – ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ............................. 16
2.1 Tendências Administrativas em Recursos Humanos ........................................ 16
UNIDADE 3 – ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DA GESTÃO DE PESSOAS ...... 23
3.1 Elementos de um Modelo de Gestão de Pessoas e Respectivas Responsabilidades. ................................................................................................ 23
3.2 Modelos de Gestão de Pessoas ........................................................................ 24
3.3 Gestão de pessoas e vantagem competitiva ..................................................... 37
UNIDADE 4 – ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DA GESTÃO DE PESSOAS ...... 39
4.1 Reengenharia .................................................................................................... 39
4.2 Gestão de Pessoas e Competências ................................................................ 40
4.3 Qual o significado de competência no mundo do trabalho? .............................. 42
4.4 Recursos e Competências Organizacionais ...................................................... 43
4.5 Competência Gerencial ..................................................................................... 44
4.6 Perfil do Profissional que atua na Área de Gestão Empresarial ........................ 45
UNIDADE 5 – GESTÃO DE PESSOAS HOJE – AS MELHORES PRÁTICAS ....... 48
5.1 Atribuições da Área de Gestão de Pessoas Hoje .............................................. 48
5.2 Tensões que atuam na Área de Gestão de Pessoas ........................................ 48
5.3 Cenários – Sociedade ...................................................................................... 49
5.4 Cenários – Organizações .................................................................................. 49
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5.5 Tendências ........................................................................................................ 50
5.6 Teoria do Capital Humano ................................................................................. 51
5.7 Gestão por Competência ................................................................................... 51
5.8 Subsistemas de Pessoas .................................................................................. 51
5.9 Agregação de Pessoas (recrutamento, seleção de pessoas) ........................... 52
5.10 Outros Aspectos da Gestão de Pessoas Hoje ................................................ 59
UNIDADE 6 – REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA ................................................... 62
6.1 Remuneração e produtividade .......................................................................... 64
6.2 Remuneração variável....................................................................................... 70
UNIDADE 7 - TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ........................................ 74
7.1 O Processo de Treinamento e suas diversas abordagens ................................ 79
7.2 Utilizando o PDCA como ferramenta de treinamento ........................................ 83
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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PESSOAS
1.1 Conceito de Gestão de Pessoas
Conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização, para orientar o
comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho.
No Brasil, as práticas na gestão de recursos humanos vigentes nas empresas
brasileiras ainda continuam bastante heterogêneas.
Historicamente, no entanto, podem ser constatadas alterações nas
características gerais dessas práticas. Essas ocorreram, principalmente, em função
de alterações na legislação trabalhista e nos modelos de gestão e de produção.
1.2 Percurso Histórico da Gestão de Pessoas no Brasil e no Mundo
A Gestão de Pessoas, também chamada Gestão de Talentos, antes
Administração e Gestão de Recursos Humanos, tem um percurso evolutivo que
molda, desde as primeiras fases da constituição de empresas e organizações, à
busca dos atuais sistemas de gerenciamento do capital humano, hoje alinhados com
o Planejamento Estratégico das Organizações.
Temos na verdade, várias denominações, para um objetivo.
Qual, afinal, é esse objetivo? Buscar sempre a otimização dos recursos
tecnológicos e humanos. No ambiente inicialmente existente nas organizações de
modo geral, o que se via era a cada dia crescerem regras e procedimentos, o
controle rígido, a escravização das pessoas.
Hoje, qualquer pessoa, por menor que seja sua escolaridade, sabe que não é
pela imposição, pelo controle e punição, que se obtém o melhor de cada um. Os
empregados e funcionários passaram a ser vistos como colaboradores.
Com o avanço da tecnologia, no final do século XX e início deste século, a
produção de bens e serviços a serem oferecidos aos clientes passou a ter maior
exigência de conhecimentos e de recursos tecnológicos. Estas características estão
presentes na chamada Economia do Conhecimento (STEWART, 2002, p. 49) e têm
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alterado as relações de trabalho entre funcionários e empresas. O trabalhador, que
por ocasião da chamada Era Industrial era considerado como um fator de produção
(FISCHER, 2002, p.172) passou a ser entendido como o Trabalhador do
Conhecimento (DRUCKER, 2002, p. 68).
Em tempos em que copiar é o mais fácil e ágil, todos os produtos e serviços
seriam iguais, se não fossem as pessoas, que constituem o verdadeiro diferencial de
cada organização. Motivação e reconhecimento são fatores essenciais, que a par da
formação técnica, vão construir o patrimônio de habilidades de qualquer instituição.
Pela análise das várias épocas, em que um ou outro sistema de gestão de
pessoas predominou, podemos facilmente relacionar o padrão vigente, com a fase
de desenvolvimento social e político, e também da estruturação da economia, vivida
por um país ou continente, e hoje, cada vez mais, pelo mundo globalizado.
No Brasil, conforme Wood, Jr. & Brisola (1995), podemos verificar a seguinte
evolução em fases que caracterizam períodos diretamente relacionados com o
quadro político e social em que acontecem.
Exercício 1 1. Podemos definir Gestão de Pessoas, como:
a) Conjunto de pessoas dentro de uma organização, que trabalham mediante uma pressão planejada, de forma a ter melhor desenvoltura.
b) Conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização, para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho.
c) Conjunto de práticas de uma organização, para orientar o comportamento das atividades e as relações com o cliente no ambiente de trabalho.
d) Conjunto de políticas de uma organização, para orientar o comportamento humano e as relações com o consumidor, mesmo que seja fora do ambiente de trabalho.
O quadro a seguir ilustra de forma bastante clara essa relação, abrangendo
períodos relativos às décadas de 30 até 90:
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Quadro 1 - Histórico da Evolução da Prática de Gestão de Pessoas no Brasil –
entre as décadas de 30 e 90
Período Fase Características
Antes de 1930 Pré-jurídico trabalhista
Inexistência de legislação trabalhista e de departamento de pessoal;
Descentralização das funções.
Décadas de 30 a 50 Burocrática Advento da legislação trabalhista;
Surgimento do departamento de pessoal para atender as exigências legais.
Décadas de 50 a 70 Tecnicista
Implantação da indústria automobilística;
Implementação dos subsistemas de RH;
Preocupação com a eficiência e desempenho.
Décadas de 80 e 90 Sistêmica
Surgimento da gerência de RH;
Integração dos enfoques administrativo, estruturalista e comportamental;
Reformas industriais profundas;
Migração das funções de RH para as áreas operacionais;
Surgimento do movimento da qualidade.
Fonte: Wood Jr. (coord - p. 233, 1995).
Da década de 90 em diante, assistimos a profundas alterações, tanto no olhar
para administração empresarial em geral, quanto para a área de Gestão de
Recursos Humanos. Esse novo olhar traz não só mudanças constantes, compatíveis
com o mundo das tecnologias de comunicação e informação em permanente
evolução, como uma valorização cada vez mais presente das possibilidades
individuais, aliada ao desempenho coletivo.
Neste contexto, o modelo de gestão de pessoas nas organizações vem se
transformando e adquirindo importância. Resumidos por Fischer (2002, p. 173), os
modelos originaram-se com uma administração burocrática e controladora, realizada
pelos Departamentos de Pessoal. Mais adiante, a psicologia e o estudo do
comportamento humano foram incorporados nas práticas de gestão, visando
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melhorar a produtividade dos trabalhadores através da liderança e da motivação.
O planejamento da alocação de pessoas, o treinamento, os processos de
recrutamento e seleção, metodologias de avaliação dos empregados e políticas de
remuneração e benefícios, passaram a ser as principais funções dos Departamentos
de Recursos Humanos. Atualmente, com a corrente de estudos voltados para o
conhecimento e a competitividade, presente nas obras de autores como Prahalad,
Hamel, Davenport e Nonaka entre outros, princípios de gestão voltados para a
aprendizagem organizacional, visão sistêmica e valorização das pessoas estão
sendo referenciados e discutidos, fazendo com que a gestão das pessoas nas
organizações passasse a ter um caráter estratégico, onde o emocional, o intelecto e
as competências dos funcionários são orientações presentes das Vice-Presidências
de Recursos Humanos.
Exercício 2
Na Evolução da Prática de Gestão de Pessoas no Brasil as décadas de 80 e 90 apresentam características de:
a) Integração dos enfoques administrativo, estruturalista e comportamental.
b) Implementação dos subsistemas de RH.
c) Advento da legislação trabalhista.
d) Descentralização das funções.
1.3 Fatores que determinam ou impõem a adoção de determinado
modelo de gestão de pessoas
Esses fatores evidenciam-se nas relações entre as fases indicadas no quadro
de Wood e aspectos de evolução econômica e estruturação social dos ambientes
organizacionais, no Brasil e no mundo.
Busca-se, a partir deste ponto, estabelecer relações entre momentos sociais,
econômicos, evolutivos, enfim, das sociedades, e os períodos acima identificados
por Wood.
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Um simples olhar para o quadro anterior, ilustra claramente o fato de que a
administração de pessoas na chamada Era Clássica da Administração, que se
estende até a década de 30, fase que Wood identifica, no Brasil, como fase pré-
jurídico trabalhista, as pessoas eram vistas como meros instrumentos de produção,
controladas como máquinas ou peças, ferramentas a serviço do sistema produtivo.
É somente na década de 30, fase burocrática, ainda segundo Wood, que,
com o surgimento da legislação trabalhista, surge o então Departamento de Pessoal.
Embora ainda se continuasse a exercer apenas um controle nos aspectos de
assiduidade e pontualidade, sem o devido cuidado com os indivíduos em si, que
mais tarde se provaria essencial para os resultados da produtividade, essa fase já
prenuncia o surgimento de um olhar sobre e para as pessoas, que levaria à
concepção sobre elas como diferenciadas de meros componentes do sistema
produtivo, que deveriam ser apenas conduzidos e disciplinados.
Surgem, nessa época, as primeiras teorias gerais da administração, com
estudos de Smith e Owen.
A seguir, foram desenvolvidas pesquisas por Fayol, Weber e Taylor, que
buscavam essencialmente a racionalização dos tempos e métodos. Diminuição de
custos e de desperdícios foi o resultado direto dessas novas teorias.
Os recursos humanos, porém, eram ainda vistos como peças de engenharia,
elementos do processo produtivo, mas ainda sem a visão do valor humano que cada
um poderia agregar ao produto final. Essa visão é reconfirmada na perspectiva de
que os funcionários eram vistos como “peças de uma máquina” (Wood & Piccarelli,
1999).
A afirmativa acima, trazida por Wood e Picarelli, fica claramente justificada
pelas próprias características da teoria de Taylor, que passa a ser identificada como
taylorismo. Em sua primeira obra, “Shop Management” (Gerência de Fábrica), em
1903, Taylor lança sua teoria sobre a necessidade do estrito controle sobre os
procedimentos e as pessoas, para que sejam alcançados resultados satisfatórios de
produção e economia.
Embora não seja uma teoria dirigida à administração de pessoal, na época
pouco estruturada e reconhecida, torna-se muito importante a correlação com as
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práticas específicas que surgiriam a seguir. Dela resultam outros desdobramentos
teóricos, mas a ela se vincula, principalmente, o surgimento do Fordismo, como sua
consequência.
O Taylorismo, como dito, resultado da teoria desenvolvida pelo engenheiro
americano Frederick W. Taylor (1856-1915), com base na observação dos
trabalhadores nas indústrias, preconizava essencialmente a sistematização das
atividades específicas, com especialização cada vez mais acurada de cada
trabalhador, reduzindo na verdade o campo de ação de cada um, o que seria
contrabalançado pelo resultado na produtividade quantitativa, consequência da
repetição sistemática das tarefas. Assim, a estrutura deveria seguir uma hierarquia
rígida, quase estanque, com monitoramento constante dos tempos de produção do
trabalhador. Seriam então premiados os considerados mais produtivos, o que fez
surgir uma exploração dos operários, com jornadas extensas e pressão constante.
Henry Ford (1863-1947), pioneiro da indústria automobilística, amparando-se
no taylorismo, desenvolveu um procedimento industrial inédito, baseado na linha de
montagem, buscando a chamada produção em massa, dando origem ao já
mencionado aspecto da administração reconhecido como fordismo.
Esse sistema encontrou grande adesão no mercado produtivo americano,
contribuindo para a expansão das indústrias americanas no século XX, que
alcançaram posição privilegiada nos mercados mundiais. Os países já em vantagem
no aspecto de desenvolvimento aderiram amplamente ao novo processo de
produção industrial. O mesmo, porém, não aconteceu com os países em
desenvolvimento, uma vez que produção em massa requeria consumo em massa, o
que não era característica dos mercados mais pobres.
Toda essa conjuntura iria então provocar, como decorrência direta, o
surgimento de um olhar mais acurado sobre as condições dos trabalhadores, seus
ganhos, sua busca pelo bem-estar, que precisaria ser estimulada, desenvolvendo
necessidades de consumo, único caminho na busca de garantir o destino de
aumento da produção pelo aumento do consumo dos bens produzidos.
Surgem então, a partir da década de 30, que Wood denomina de Fase
Burocrática, estudos e pesquisas sobre as pessoas e as interações humanas na
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organização. Esses estudos são liderados principalmente por Mary Follett, Chester
Barnard e Mayo.
George Elton Mayo, cientista social australiano, chefiou uma experiência em
uma fábrica da Western Electric Company, situada em Chicago, no bairro de
Hawthorne. Foi um movimento de resposta contrária à Abordagem Clássica da
Administração, considerada pelos trabalhadores e sindicatos como uma forma
elegante de explorar o trabalho dos operários para benefício do patronato. Essa alta
necessidade de se humanizar e democratizar a administração nas frentes de
trabalho das indústrias, aliada ao desenvolvimento das ciências humanas –
psicologia e sociologia, dentre outros – e às conclusões da Experiência de
Hawthorne, fez brotar a Teoria das Relações Humanas.
A partir de então, as atividades de Administração de Pessoal, que
essencialmente compreendiam além da função de controle, apenas treinamentos
rápidos e mecânicos, o que significava “aprendizagem para executar corretamente
as tarefas demandadas” (Fleury, 2002), passaram a ter um enfoque diverso. Passou-
se a vislumbrar a necessidade de integrar treinamento, desenvolvimento e satisfação
das pessoas na organização.
Deixou-se de adotar na condução das pessoas, os conceitos da chamada
Escola Behaviorista (comportamentalista), na psicologia, para passar-se a
credibilizar os conceitos do que se constituiria como a nova corrente da psicologia, a
Escola Humanista.
Para o surgimento dessa nova fase, foram também decisivas as abordagens
de Maslow (mais divulgadas através do conceito da pirâmide das necessidades
humanas), e de McGregor (com as conhecidas Teorias X e Y), ambos demonstrando
forte relação entre alcance de objetivos produtivos e motivação dos empregados.
Maslow, com sua teoria da motivação baseada na hierarquização das
necessidades humanas, as dispôs em níveis de acordo com seu grau de
importância:
Na base da pirâmide estariam as necessidades básicas para garantir a
sobrevivência (necessidades fisiológicas).
No segundo nível, estariam necessidades de segurança, (saúde, teto).
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No terceiro nível, necessidades sociais (pertencimento, integração de
grupos). A satisfação dessas necessidades produz sentimentos de
auto-confiança, prestígio, favorecendo as relações interpessoais.
No quarto nível as necessidades de auto-estima, autovalorização,
decorrentes da forma como o indivíduo se vê, necessidades cuja
satisfação gera força e prestígio.
No quinto nível, portanto no topo da pirêmide, as necessidades mais
elevadas (de realização), cuja satisfação confere a possibilidade de
realização de todo o potencial do indivíduo, mais relacionado com a
competência para atingir a autorrealização.
Na visão e fundamentação de Maslow, o indivíduo só progride do nível básico
para cada um dos níveis superiores da pirâmide, quando as necessidades do nível
anterior estão satisfeitas. Por isso a configuração na forma desse desenho
geométrico: porque ao longo da vida, é maior o número de pessoas que ficam nos
níveis mais baixos da pirâmide, ou porque se satisfazem com o alcance desses
níveis, ou porque não têm oportunidade para galgar mais em sua caminhada de
desenvolvimento.
Essa perspectiva gera, sem dúvida, um grande motivo de reflexão a todos os
que se preocupam com a gestão de talentos humanos e sua repercussão nos
resultados alcançados pelas organizações.
Já na década de 50, que no quadro de Wood, que estamos seguindo,
corresponde à fase tecnicista, Douglas McGregor apresenta duas teorias,
conhecidas como teorias X e Y, teorias essas que refletem fenômenos históricos,
culturais, econômicos, tecnológicos e sociais. Essas teorias são ainda largamente
consideradas no corpo de orientação da administração de pessoas em muitas
organizações.
Para estabelecer essas duas teorias, McGregor tomou por foco o que chamou
de Teoria X, cuja base eram as premissas de Taylor, e a visão que chamou de
Teoria Y, consubstanciada pela visão de Mayo. Os principais aspectos dessas duas
teorias são:
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Teoria X
Os indivíduos não gostam de trabalhar e evitarão o trabalho sempre que
possível;
Os empregados precisam ser coagidos, ameaçados, manipulados,
dirigidos e controlados;
A pessoa normal deseja segurança, tem pouca ambição e evitará
assumir responsabiliddes;
Trabalhadores precisam ser direcionados e preferem que se diga o que
deve ser feito;
São poucas as pessoas realmente criativas.
Teoria Y
Baseada nos conceitos trazidos por Mayo, coloca em destaque a
possibilidade de desenvolvimento dos recursos humanos, trazendo o conceito de
que, em ambiente favorável:
Os trabalhadores nao têm um desconforto inerente ao trabalho e, sim,
reagirão positivamente a boas condições e atitudes no trabalho;
O trabalho pode ser algo natural e que promova o prazer;
As pessoas são automotivadas;
As pessoas normalmente podem aceitar responsabilidades;
A maioria das pessoas é capaz de ser criativa, engenhosa e imaginativa;
O indivíduo, movido pela auto-orientação e pelo autocontrole, passa a ser
um protagonista do processo, responsável pelos resultados, alinhando seu
comportamento com os objetivos da organização.
Nessa perspectiva, sempre que houver possibilidade de obter alguma
recompensa (nem sempre financeira), o funcionário se empenhará mais na
satisfatória realização de seu trabalho. Importante destacar que essa nova visão na
administração não significa ausência de controles, mas sim a admissão de um novo
conceito, em que a motivação exerce papel importante na administração dos
recursos humanos nas organizações.
Para McGregor, se uma empresa segue em sua administração de pessoas
as concepções da teoria X, os funcionários apresentam-se desmotivados e com
atitudes e comportamentos correspondentes a essa desmotivação, ao passo que a
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opção pela teoria Y gera comportamentos de interação e busca de objetivos
coletivos, para, por meio deles, atingir objetivos individuais.
McGregor clarifica, ainda, que desmotivação, acomodação, subutilização,
inadaptação e desorientação, provocam nos gestores a fuga às próprias
responsabilidades pelos resultados, tendendo a atribuir essa responsabilidade a
seus subordinados.
Ambas as teorias são largamente empregadas nas organizações, em
combinação muitas vezes com vertentes mais recentes. No entanto, é evidente que
nas empresas que seguem a teoria X, verifica-se baixo índice de satisfação dos seus
colaboradores, enquanto naquelas em que prevalece a teoria Y, são registrados
maiores níveis de produção, desenvolvimento, e geração de resultados positivos. Os
objetivos finais do trabalho desses empregados estarão mais próximos aos objetivos
finais da empresa.
Existem, evidentemente, muitas outras teorias sobre motivação humana,
sobre as quais não aprofundaremos neste momento, uma vez que o objetivo aqui é
o alcance da visão à época, sobre a importância da motivação nos resultados
organizacionais. Entre essas demais teorias, destacamos aqui Herzberg e
McClelland, também já tradicionais nesse campo.
Herzberg afirmou que o ser humano depende, para sua satisfação pessoal,
de duas categorias de fatores: fatores higiênicos e fatores motivacionais.
Caracterizou os higiênicos como não asseguradores de satisfação.
Considerou-os como fatores de contexto, que envolvem:
-salário
-benefícios
-tipo de chefia
-condições físicas e ambientais de trabalho
-políticas de empresa
-clima e relação com os colegas.
A esses todos, Herzbeg considera como fatores que, se melhorados, apenas
evitam a insatisfação, mas não são potenciais criadores de satisfação dos
empregados.
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Esses eram os fatores até então considerados como os únicos a serem
tomados em consideração quando o assunto era a motivação dos funcionários.
Herzberg, no entanto, considera outros como reais fatores motivacionais,
capazes de assegurar satisfação ao trabalhador. Eles envolvem:
-sentimentos de crescimento individual
-reconhecimento profissional.
Interessante notar que esses fatores motivacionais podem ser os
correspondentes à fase de autorrealização na Pirâmide de Maslow. Essa
constatação pode ser um importante reforçador para que se constate o potencial
produtivo da motivação.
McClelland também estabelece forte correlação entre fatores motivacionais e
produtividade. Considera que o motivo de realização é proveniente da necessidade
de conseguir a excelência, de atingir metas elevadas e de ter sucesso em tarefas
difíceis. O motivo de realização permite a satisfação das potencialidades pessoais e,
por isso, pode ser considerado um motivo de crescimento. Concluindo, afirma que
quanto mais sucessos e êxitos nas tarefas a pessoa obtiver, mais tendência terá
para confiar em suas capacidades e, consequentemente, para obter novos
sucessos.
Também contribuiu para a maior preocupação com o reconhecimento e
valorização das pessoas na organização, o novo ambiente estruturado no pós-
guerra, em que, até mesmo pelas alternativas criadas e concebidas durante o
conflito, desenvolveu-se um novo cenário, com maior concorrência e variedade de
produtos.
Surgiu então, quase como decorrência do novo ambiente social em que vive a
humanidade, o conceito de Qualidade Total.
Desenvolvido com base nos controles exercidos no gerenciamento militar
durante a guerra, o conceito de Qualidade Total estendeu-se logo de imediato ao
controle da indústria e seus produtos, buscando maior competitividade nos
mercados. Deming e Juran, especialistas na área de controles, foram de forma
encadeada, um logo após o outro, convidados a colaborar na reestruturação das
arcaicas estruturas administrativas japonesas, sendo hoje considerados os
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responsáveis pelo grande salto da indústria naquele país, que chegou mesmo a
suplantar os padrões americanos de eficácia e produtividade.
Esse novo cenário, gerando a necessidade de um índice de qualificação mais
abrangente, em relação ao desempenho dos funcionários, contribuiu para a
valorização do profissional da área de pessoal, que passou a um patamar de maior
destaque nas organizações, caminhando do chefe de pessoal, à testa de um
departamento de pessoal, na fase identificada por Wood como fase burocrática, para
alcançar, já na fase denominada tecnicista, nessa mesma classificação, o status de
responsável por sistemas dentro do departamento de pessoal. Esse profissional
galgou assim, cada vez maior protagonismo, na busca de resultados pelas
empresas, até atingir, já em meados da década de 60, a condição de Gerente de
Recursos Humanos, à frente de uma área que já justificava seu destaque e relativa
independência em relação à gerência ou diretoria administrativa.
Apesar da evolução, a área de Gestão de Pessoas ainda tinha como principal
função o “desenvolvimento de habilidades, e não de competências sociais, que
agregassem valor à organização” (Fleury, 2002). Segundo Limongi-França et al
(2002), a atuação da área de Gestão de Pessoas era muitas vezes paliativa ou
reativa às exigências de responsabilidade civil e criminal.
A considerada moderna liderança, no entanto, embora possa tomar por base
as teorias de Maslow e McGregor, se preocupa muito mais em neutralizar os
aspectos de manipulação delas decorrentes, uma vez que podem ser adotadas
como base de um processo estritamente comportamentalista, de estímulo-
recompensa. Nesse caso, o indivíduo pode, tomando consciência dos objetivos
implícitos, passar a aparentemente se alinhar com os objetivos da organização,
porém adotar práticas de sabotagem, reflexo da insatisfação por se ver como mero
objeto de exploração, e não como parte valorizada do processo produtivo.
Em que pese a visão humanista de Maslow, que se integra a essa nova linha
da psicologia, a denominada Psicologia Humanista, e a clara identificação do
necessário reconhecimento do trabalho positivo desempenhado pelas pessoas,
houve ainda, na prática, um forte viés de manipulação na aplicação dessas teorias.
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UNIDADE 2 - ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
2.1 Tendências Administrativas em Recursos Humanos
Acompanhando as rápidas mudanças no mundo, tanto nos aspectos de
valorização do ser humano muito mais em função de seu potencial, que leva à
aquisição de habilidades e conhecimentos, promovendo então muito maior
possibilidade de transição entre as camadas sociais, que se constitui um fator de
motivação pessoal para a busca de perspectivas, de aquisição de bens cada vez
mais necessária para a continuidade do crescimento das empresas, apareceram
sucessivas e constantes novas perspectivas na administração dos recursos
humanos.
Surgiu então a visão sistêmica, que abarca muitos aspectos da organização
social, como composta por faces e interfaces que se influem e modificam a todo
instante. Como decorrência direta desse novo panorama, a visão sistêmica passou a
abranger também a disciplina da administração de recursos humanos, verificando-se
a tentativa de integração dos enfoques administrativo, estruturalista e
comportamental, que compõem esse conjunto de práticas administrativas.
Temos em continuidade, na evolução da área de gestão de pessoas, já nas
décadas de 80 e 90, com as consequentes e profundas reformas industriais,
associadas à própria visão mais democrática da gestão empresarial, o surgimento
do conceito de gestão estratégica.
Surgem, assim, as diretorias de recursos humanos, depois diretorias de
gestão de pessoas, gestão de talentos. Também ao longo dessa fase, as empresas
vivem o grande movimento da gestão da qualidade, configurado nos famosos
programas de Qualidade Total.
Todos esses fatores levam a uma alteração dos parâmetros orientadores da
gestão de pessoas, muito bem configurados no quadro apresentado por Wood
(2000), indicando, já no início dos anos 2000, importantes mudanças nas tendências
orientadoras da administração dos recursos humanos.
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Essas tendências podem ser visualizadas no quadro a seguir:
Quadro 2 - Tendências Administrativas de Recursos Humanos
TENDÊNCIAS
Declinantes Ascendentes
Característica do Trabalho
Reprodutividade
Rigidez
Divisão de tarefas
Formação prévia
Taylorismo
Liderança autoritária
Criatividade
Flexibilidade
Interfaces nebulosas, redundâncias e multiespecialização
Aprendizado contínuo
Multiplicidade de modelos
Liderança representativa
Estruturas Organizacionais
Hierarquia vertical, rede
matricial
Centralização
Perenidade
Aglutinação de funções
Redução de níveis, grupos em redes
Descentralização e autonomia
Instabilidade como fator de evolução
Terceirização
Características da
Administração
Foco no capital
Teorias quantitativas
Distâncias capital-trabalho
Foco nos recursos humanos e informação
Visão comum, identidade e valores compartilhados
Colaboração, participação nos lucros
Fonte: Thomaz Wood Junior (2000, p. 242).
Essa nova perspectiva faz com que se constate a necessidade de alinhar as
funções da área de recursos humanos, com o pensamento estratégico e as práticas
adotadas pela alta administração. Nesse período, segundo Albuquerque (2002), as
novas políticas de Gestão de Pessoas deveriam estar voltadas para a obtenção de
resultados, principalmente na questão da produtividade. O foco na produtividade
conduz, como decorrência, à necessidade de destacar o tema da qualidade também
na gestão de pessoas nas organizações.
A competição exacerbada, a disputa que acaba por resultar na conquista de
trabalhadores mais bem preparados, provoca uma reviravolta também no mercado
de gestão de pessoas, obrigando ao cuidado com assuntos até então não olhados
com tanta atenção.
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Surgem então as ações de:
Conscientização social
Preservação do ambiente
Qualidade de Vida.
Este último item se desdobra em necessidade de aprimoramento dos
programas voltados à Segurança, Saúde, Gestão do Stress e Fidelização do
trabalhador.
O que pode parecer uma contradição, diante da questão de programas de
Fidelização do Trabalhador, é a questão da instabilidade que também aparece como
uma sombra atemorizante que ameaça os trabalhadores.
Esse fator é consequência da busca da economia pelo aumento de
competitividade e produtividade, que vão se materializar nos programas de
Reengenharia, com os consequentes processos de:
Downsizing
Privatizações
Fusões
Terceirizações
Demissões.
Esses fatores, entre outros, criam um sentimento de insegurança que interfere
de forma extremamente negativa nos ambientes das organizações.
O incentivo à competição entre as pessoas, seja na busca de status, de
melhores salários, ou na corrida pela simples manutenção de suas posições e seus
empregos, incentiva o individualismo. As pessoas diminuem seu grau de
compromisso em relação à empresa, sua afinidade ou afiliação com o ambiente
profissional, o que ocorre até mesmo com os executivos em posições-chave nas
organizações.
Nessa época, que o grande guru da administração Drucker (2000), identifica
como a era do conhecimento, continuava a ampliação e expansão do conhecimento
em todos os sentidos e, cada vez mais, esse aspecto passou a ser valorizado, sendo
que Stewart (2002), já o havia identificado como o ativo mais valioso de qualquer
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empresa. Sendo assim, qualquer empresa se preocupará em investir em seus
talentos, para não só desenvolvê-los, mas principalmente retê-los na organização.
Nesta fase já se tomou consciência de que pessoas felizes trabalham melhor,
que a competitividade é importante, mas há que ser ajustada, para que não se torne
predatória. Competitividade excessiva leva, sem dúvida, à perda daqueles que,
mesmo talentosos, não suportam uma pressão demasiada.
Numa época em que os índices de stress superam qualquer situação anterior,
os programas de qualidade de vida passam a desempenhar um papel essencial na
retenção de talentos e na produtividade.
Diante desse quadro, Limongi-França et al (2002) aponta a necessidade de
esforços no sentido de melhorar a qualidade de vida dos empregados, ou
colaboradores, na busca de assegurar a produtividade, a satisfação no trabalho e o
alto índice de motivação, como fatores que promoverão o comprometimento
colaborador-empresa.
Também Dutra (1996) aponta ser o maior desafio da gestão de pessoas,
“envolver, comprometer, atrair pessoas talentosas, mantendo a competitividade da
empresa”. Esse conjunto de observações deixa clara a necessidade de que a gestão
de pessoas se recrie a todo instante, uma vez que lida com condições extremamente
flexíveis e em mutação, não só quanto a técnicas e produtos, ferramentas
tecnológicas, conhecimentos, mas também quanto a pessoas que se transformam a
cada hora, como consequência das mudanças no ambiente circundante.
Muito importante é a observação de Fischer (2001), no resultado de pesquisa
por ele conduzida: “A Constituição do Modelo Competitivo de Gestão de Pessoas no
Brasil”, que revelou mudanças radicais na gestão de pessoas. Fischer assinala que
nas empresas brasileiras as novas políticas de Recursos Humanos estão focadas no
desenvolvimento e nos resultados do negócio. A área de Recursos Humanos conta
com um número menor de funcionários, o trabalho está mais distribuído nos clientes
internos e se adota um conceito de consultoria interna.
Esse conceito prenuncia já a migração da função de Recursos Humanos, que
continua a ter seu núcleo na área respectiva, mas como função passa a, cada vez
mais, se disseminar por todas as áreas da organização. É necessário que todos
20 www.eunapos.com.br
tenham em seu perfil profissional e funcional, uma parcela de administrador e
coordenador de Recursos Humanos, para que bem sejam geridos os talentos e bem
disseminadas as práticas, filosofia e objetivos alinhados com o plano estratégico da
organização.
Segundo Fischer (2002), "durante algum tempo, houve uma tendência a se
considerar o novo como bom. Entretanto, hoje, começamos a notar um resgate da
identidade organizacional e de valores como solidariedade, cooperação e lealdade".
As empresas são, assim, forçadas a abandonar as antigas táticas de
condução muitas vezes manipulatória das pessoas, para adotar padrões mais em
consonância com os avanços na forma de administrar recursos e pessoas.
As características do mercado mundial provocam necessidade de reduções
de custos e cada vez maior aumento dos níveis de qualidade e produtividade.
Surgem então, em um fluxo constante, novos conceitos e novas orientações
para a administração de pessoas, evoluindo-se para o gerenciamento participativo,
em que se proporciona ao empregado uma condição e um reconhecimento de sua
importância, nunca vistos anteriormente.
Trazemos, aqui, uma nova observação sobre a grande influência na
administração, das teorias de Peter Drucker (1909/2005), considerado o papa da
administração atual, que imprimiram um caráter criativo e inovador às relações de
trabalho. Essas mudanças, então propostas, evoluem num crescente em direção à
valorização dos aspectos humanos e sociais da vida do trabalhador, da necessidade
inevitavelmente presente de proporcionar a ele condições de crescimento e
conhecimento, como os únicos caminhos possíveis para que as organizações, como
um todo, constelem novas formas para absorverem os paradigmas da Sociedade da
Informação e do Conhecimento.
Mais recentemente, em O Monge e o Executivo, Hunter (2004, p. 47 e 50),
embora não seja considerado um teórico da área, nos traz, através de uma narrativa
em forma de fábula, um caminho que clarifica de forma bastante objetiva essa
mudança do paradigma na gestão de pessoas. Esse assunto é ilustrado pela
construção de duas pirâmides comparativas, em que fica evidente a mudança do
foco do patrão para o cliente em consequência, na busca da satisfação deste último,
se altera todo o panorama relacional dentro das empresas:
21 www.eunapos.com.br
Figura 1 – Situação do cliente no velho e no novo paradigma, segundo Hunter
Fonte: Albuquerque, 2002.
Essa nova visão, aqui representada, dá bem a dimensão da rápida e
constante mudança verificada na relação empresa-cliente, sem esquecer que já vige
nessa época o conceito de cliente interno e cliente externo. Essa mudança se reflete
direta e contundentemente no padrão de atuação da área de gestão de pessoas. Por
quê? Porque reflete a mudança emergente na forma de encarar o outro, de encarar
o ser humano, de não contar com o empregado como simples acessório, mas sim,
de que, cada vez mais, todos tomarão consciência da interdependência, do valor de
cada um no todo.
Assim como a física quântica vem provando, experiência após experiência, a
interdependência e interinfluência do todo nas partes e das partes no todo, torna-se
imprescindível percebermos que o sucesso de qualquer organização está atrelado
ao desenvolvimento e ao sucesso de todos os seus colaboradores, sejam os donos
do capital, seja o governo, sejam os empregados em qualquer nível da hierarquia.
Como imagem, poderíamos representar essa nova conjuntura como o holograma do
sucesso.
Cliente
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A crescente competitividade, interna e externa, somada à instabilidade
inerente ao quadro de mudanças permanentes trazidas pela tecnologia, impõe um
novo comportamento, uma nova qualidade nas relações de trabalho.
Esse novo e surpreendente contexto requer novas atitudes, novas políticas de
gestão de pessoas, só possíveis pelo fortalecimento da cultura organizacional, pela
integração, valorização e melhores condições para apoiar o fator humano, único
diferencial em qualquer instituição, que pode torná-la capaz de responder aos
surpreendentes desafios da Era da Informação e do Conhecimento.
Exercício 3 Quais dos itens a seguir são processos de programas de reengenharia?
I. Downsizing, Privatizações
II. Sistema de Segurança
III. Fusões, Terceirizações
IV. Demissões
a) Apenas I, III e IV estão corretos.
b) Apenas II e IV estão corretos.
c) Apenas II, III e Iv estão corretos.
d) Apenas III está correto.
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UNIDADE 3 – ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DA GESTÃO DE
PESSOAS
3.1 Elementos de um Modelo de Gestão de Pessoas e Respectivas
Responsabilidades
Os elementos que compõem a área de gestão de pessoas deixam clara a
evolução do setor. Quando olhamos para as atribuições e responsabilidades que
afetam à gestão de pessoas, observamos claramente o percurso desenhado ao
longo do tempo.
Com o alargamento dos conceitos, o aprimoramento da função deixou patente
um crescimento, uma abrangência cada vez mais estendida de suas atividades.
Esse dado fica bem claro no quadro a seguir:
Quadro 3 - Evolução da Abrangência de Responsabilidades da Função de
Pessoal até o surgimento da visão do RH como Estratégico
Chefe de Pessoal Gerente de RH Gerente/Diretor de RH
Até 1950 De 1950 a 1970 De 1970 em diante
Controles de Frequência Controles de Frequência Controles de Frequência
Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho
Pagamentos Pagamentos Pagamentos
Admissões e Demissões Admissões e Demissões Admissões e Demissões
Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT
Serviços Gerais Serviços Gerais
Medicina e Higiene Medicina e Higiene
Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial
Contencioso Trabalhista Contencioso Trabalhista
Cargos e Salários Cargos e Salários
Benefícios Benefícios
Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção
Treinamento Treinamento/Capacitação
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Avaliação de Desempenho
Qualidade de Vida
Desenvolvimento Gerencial
Relações Trabalhistas
Sindicalismo
Desenvolvimento Organizacional
Estrutura Organizacional
Integração ao Planejamento Estratégico
3.2 Modelos de Gestão de Pessoas
Devido a que as fases se sucedem, em processo evolutivo influenciado e
mesmo conduzido por fatores sócio-políticos, econômicos, ambientais (no sentido de
ambiente e cultura organizacional), que nem sempre caracterizam uma ou outra
instituição como partícipe do processo mais atual, mais “na moda”, ou mais eficaz,
definido por estudos e avanços tecnológicos, muitas vezes podemos encontrar
organizações que embora atuando no século XXI, adotam, ainda, parâmetros de
administração do século XIX.
É muito importante, até para que uma instituição busque atualização de seus
métodos e aperfeiçoamento de seus quadros na busca de uma atuação mais em
consonância com os novos paradigmas, que se reconheça e avalie alguns Modelos
de Gestão de Pessoas.
Assim é que, nesta unidade, serão apresentados os mais significativos
modelos, configurados pelas quatro principais correntes de pensamento atuantes em
suas formulações. Cada um, como é esperado, pode trazer características de outro
modelo, ou uma determinada instituição pode ser considerada como atuando dentro
de um modelo, mas ao mesmo tempo trazer alguns procedimentos e características
próprias de outro padrão de administração. Esse fato não deve causar estranheza,
pois cada vez mais vemos e temos a certeza de que o mundo está em constante
mudança, num intercâmbio saudável e favorável ao crescimento e à evolução.
25 www.eunapos.com.br
Podem se distinguir quatro grandes correntes da Gestão de Pessoas:
• Modelo de Gestão de Pessoas como Departamento Pessoal.
• Modelo de Gestão de Pessoas como Gestão do Comportamento.
• Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas.
• Modelo de Gestão de Pessoas Articulado por Competências.
Também se pode dizer Modelo de Gestão de Pessoas articulado como
Departamento Pessoal, articulado como Gestão do Comportamento, articulado como
modelo estratégico de gestão de pessoas, ou articulado por competências.
Isso porque ao levarmos nosso olhar para cada um dos modelos,
percebemos que todos, na verdade, se articulam, se estruturam, em torno de algum
conceito que lhes dá base e orienta seu desenvolvimento.
Essa estrutura de apresentação dos modelos não é a única forma de estudar
o assunto. Por uma questão de objetividade e por apresentar a matéria de maneira
clara sem torná-la excessivamente extensa, foi aqui escolhida a apresentada por
Fischer (2002), no primeiro capítulo do livro As Pessoas na Organização, em que
reúne textos de vários autores, dos mais expressivos e conceituados na área de
Gestão de Pessoas no Brasil.
Exercício 4
Assinale qual alternativa não é uma das quatro grandes correntes da gestão de pessoas:
a) Modelo de Gestão de Pessoas como Departamento Pessoal.
b) Modelo de Gestão de Pessoas Regularizado.
c) Modelo de Gestão de Pessoas como Gestão do Comportamento.
d) Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas.
e) Modelo de Gestão de Pessoas Articulado por Competências.
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3.2.1 Modelo de Gestão de Pessoas como Departamento Pessoal
Esse modelo de gestão de pessoas surgiu nos Estados Unidos, como
resultado da evolução da teoria organizacional naquele país. Sucedeu o
Departamento Pessoal como mero controlador de listagens de nomes, frequência,
folhas de pagamento. Articulou-se, porém, como modelo, mas em torno dos mesmos
conceitos, integrando a partir de então, a noção de que os empregados
representavam também um fator de produção, cujos custos deveriam ser
administrados tão racionalmente quanto os custos dos outros fatores de produção.
O desenvolvimento desse Modelo de Gestão de Pessoas como
Departamento Pessoal surgiu, portanto, da necessidade da grande corporação de
gerenciar os funcionários como custos, o elemento diferenciador de competitividade
na época.
A constatação anterior reforça a premissa de que os recursos humanos
resultam de um conjunto de necessidades empresariais, delimitadas pelas
características sociais e culturais da época – uma função organizacional que surge
como consequência, e não causa, dos processos de mudança que ocorriam na
empresa e fora dela.
No caso de grandes empresas americanas do início do séc. XX, o modelo de
gestão deveria preocupar-se com as transações, os procedimentos e os processos
que fizessem o homem trabalhar da maneira mais efetiva possível.
Nos Estados Unidos se considerou 1890, como ano do nascimento do
modelo de administração de recursos humanos. O primeiro centenário do
surgimento da ARH (HRM, Human Resources Management, em inglês), foi
comemorado por Beverly Springer, autora que identificou o surgimento da ARH
como tendo sua origem na data em que a NCR Corporation criou seu personnel
office. Selecionar melhor para identificar quais futuros trabalhadores, entre a imensa
massa de candidatos, iriam corresponder à expectativa de tornarem-se eficientes ao
melhor custo possível, era a principal tarefa e objetivo da função dos departamentos
de pessoal nas organizações.
Beverly Springer destaca como fatores de ordem cultural, econômica e
organizacional que determinaram o surgimento da função de gestão de pessoal
27 www.eunapos.com.br
nessa época:
A NCR havia assumido porte e especialização que recomendavam uma
função específica voltada para a administração de pessoal;
A livre empresa e o individualismo tornaram-se valores sedimentados na
cultura americana, o que permitia às empresas escolherem livremente com
quem e como trabalhar;
A força de trabalho do país ganhara maior mobilidade e era grande o
contingente de migrantes que deveriam ser adaptados ao trabalho;
Os sindicatos não se haviam disseminado dentro do novo tipo de
corporação que surgia como modelo empresarial.
Esses fatores desencadearam a iniciativa tomada pela NCR no sentido de
investir em uma área especificamente voltada para se alcançar a finalidade na
época, de gerir as pessoas como ativos, como fatores de produção a serem
rentabilizados ao máximo, com o menor custo possível.
O conjunto de fatores em jogo nessa estrutura para administrar as pessoas,
reforça a constatação de que os recursos humanos são administrados de forma a se
adequarem a um conjunto de necessidades empresariais delimitadas pelas
características sociais e culturais de cada época.
No caso das grandes empresas americanas do início do Século XX, o
modelo de gestão tinha seu foco nos procedimentos e processos que
concretizassem:
Produtividade;
Recompensa;
Eficiência de Custos com o Trabalho.
A inesgotável busca pelo padrão excelente leva inevitavelmente ao choque
entre o prescrito como modelo e o modelo praticado no dia-a-dia.
À ideologia organizacional baseada na administração científica, se adequava
muito bem o modelo de gestão articulado como departamento pessoal. Porém, em
torno dos anos 20, quando eram ainda os pressupostos tayloristas que regiam a
28 www.eunapos.com.br
administração das empresas e das pessoas, iniciou-se um descompasso entre a
teoria e a prática.
No caso da administração das empresas, esse distanciamento entre teoria e
prática começou a ser sentido quando se tornaram influentes os conceitos trazidos
por Elton Mayo e seus seguidores, que passaram a promover um contato maior
entre a administração e a psicologia, que resultou numa nova fase na história da
administração de recursos humanos.
Começou então a se delinear a predominância de um novo modelo na
gestão de pessoas.
3.2.2 Modelo de Gestão de Pessoas como Gestão do Comportamento Humano
A aproximação da psicologia e da administração empresarial provocou uma
nova visão sobre as possibilidades da psicologia no sentido de intervir e apoiar a
administração de pessoas.
A administração passou, então, a ter o foco em relação às pessoas, não
apenas no custo, na tarefa e nos resultados, mas também buscando atuar sobre o
comportamento dos empregados.
Essa influência da psicologia na administração deu-se pela atuação de duas
escolas, que se sucederam no tempo e na forma de atuação - escola behaviorista e
escola humanista:
Escola behaviorista: predominante nas décadas de 30 e 40, cujos
maiores expoentes estavam ligados à Universidade de Yale, integrou aos
processos de administração de pessoas os métodos e instrumentos de
avaliação; trouxe para o mercado os chamados testes de psicometria e
outros instrumentos, que formariam o conjunto de meios para aplicação da
psicologia no mundo empresarial;
Escola humanista: não privilegia o comportamento apenas como
resultado do controle behaviorista (comportamental) consubstanciado no
conceito de recompensa ou punição dele resultante; já nos anos 30, houve
o rompimento configurado pelas teorias de Abraham Maslow, que ao romper
com a escola comportamentalista (ou behaviorista), inaugurou a nova fase
na psicologia, a escola humanista.
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A utilização da expressão “gerenciamento de recursos humanos” e o foco
prioritário no comportamento humano podem ser considerados os principais
resultados da afirmação definitiva da psicologia humanista na teoria organizacional
(Fischer, 2002).
Nos anos 60 e 70, a escola de relações humanas, nome pelo qual ficou
conhecida essa linha de pensamento, predominou como matriz de conhecimento em
gestão de pessoas.
Reconhecer a importância e levar o gerente de linha a exercer
adequadamente seu papel, constituiu a principal preocupação da gestão de recursos
humanos nessa fase.
O foco de atuação se concentraria no treinamento gerencial, nas relações
interpessoais, nos processos de avaliação de desempenho e de estímulo ao
desenvolvimento de perfis gerenciais desejados pela empresa. Motivação e
liderança passariam a constituir os conceitos-chave do modelo humanista.
O objetivo básico era inverter a visão anterior de gestão de recursos
humanos centrada na otimização dos custos, para uma perspectiva de valorização
de ativos. Daí surgiu o jargão - hoje já bastante desgastado - de que “o trabalho
humano constitui o principal ativo de uma organização”.
De tudo o que se viu até aqui, pode-se constatar que este modelo se articula
em torno de três binômios:
• Envolvimento-motivação;
• Fidelidade-estabilidade;
• Assistência-submissão.
“Vestir a camisa da empresa” era o slogan para empregar e manter as
pessoas nas empresas. Para aumentar a produtividade, nessa fase foi incentivado o
engajamento das pessoas nos processos, buscando-se para tanto reconhecer as
expectativas dos funcionários, manifestando o fato de que são úteis e importantes
naquilo que fazem.
Há ainda, nitidamente, um caráter de conduzir as pessoas à obtenção dos
fins desejados pela alta cúpula, mas ao mesmo tempo se reconhece a importância
30 www.eunapos.com.br
da motivação, no desempenho do trabalhador.
Embora o conceito de motivação seja desenvolvido lentamente, até que
todos cheguem à compreensão de seu real significado e valor, é sem dúvida, um
prenúncio de mudanças na maneira de encarar esse trabalhador. Tal compreensão
do que vem a ser a motivação partiu inicialmente de um conceito em que se dizia
que a organização, ou as gerências, poderiam motivar os trabalhadores. Daí até o
conceito atual, de que motivação é algo intrínseco ao indivíduo, dependente de
múltiplos fatores, influências e experiências de cada um, a administração de pessoas
percorreu um razoável caminho. Hoje já não mais se diz que a organização ou a
gerência podem motivar as pessoas. O que se sabe hoje, é que o que é possível
fazer, é buscar e tornar disponíveis, condições para que cada um se sinta motivado,
mas a motivação difere de indivíduo para indivíduo, mesmo que aparentemente
tenha iguais condições de status social, salário, nível de conhecimentos.
Esse percurso, porém, no desenvolvimento do significado e das implicações
dos fatores motivacionais, trouxe um alargamento de visão muito importante para o
desenvolvimento da administração de recursos humanos, porque acabou por deixar
patente o valor das diferenças entre as pessoas, o entendimento pelos superiores de
que o que eles considerariam como fatores de motivação, muitas vezes poderiam
não ter qualquer efeito em alguns de seus subordinados.
Essa constatação acabou por gerar alterações até mesmo nas políticas
salariais, quando estatisticamente se verificou, por exemplo, que aumentos de
salário, antes vistos como único fator para resolver as insatisfações entre os
funcionários, revelavam-se como elemento de solução apenas nos primeiros dias.
Passado seu impacto, as verdadeiras causas de insatisfação voltavam a atuar,
prejudicando o ambiente e o desempenho.
Pode hoje parecer óbvio, mas esses aspectos de comprovação quanto às
diferenças individuais, representaram um importante impulsionador para que novas
alternativas surgissem na gestão de pessoas.
Assim é que, em contraposição à fase anterior, da gestão como
departamento pessoal, com ênfase burocrática e processual, a gestão com caráter
humanista buscou voltar-se para a promoção de integração, comprometimento,
flexibilidade, adaptabilidade, qualidade.
31 www.eunapos.com.br
Nesse sentido, Mahoney e Deckop (apud Fischer, 2002), estabelecem seis
aspectos que diferenciam a gestão meramente burocrática (Departamento Pessoal)
da Administração de Recursos Humanos - ARH com foco na gestão do
comportamento:
Planejamento da alocação das pessoas no trabalho: uso de técnicas
que estabeleçam um elo entre a estratégia de negócios da empresa e as
pessoas;
Comunicação com os empregados: adota como focos de atuação a
comunicação direta e a negociação permanente com os empregados;
Sentimentos dos funcionários: a gestão deveria concentrar-se na
satisfação das pessoas e em tudo aquilo que pudesse interferir na cultura
organizacional da empresa;
Gestão dos empregados: ocorreria por meio dos mecanismos
tradicionais de recursos humanos, na seleção, no treinamento e na
compensação dos funcionários;
Gestão de custos e benefícios: contemplaria os esforços orientados
para a redução dos custos com mão-de-obra, tais como redução da
rotatividade, do absenteísmo e outros fatores que interferem na efetividade
organizacional;
Gestão do desenvolvimento: corresponderia à preocupação com a
criação de competências necessárias para o futuro da empresa.
Dessa constatação verifica-se que a partir desse novo olhar sobre as
pessoas e as implicações que favorecem seu desempenho, começaram a surgir
concepções mais atuais sobre o que é mais eficaz na administração de recursos
humanos. Passou-se a perceber essa gestão como um conjunto de ações que
buscam de forma coordenada, proporcionar o alcance dos objetivos da empresa ou
organização, voltada para um alinhamento com os seus interesses, que podem ser
resumidos em três eixos, todos relacionados à efetividade: efetividade econômica,
técnica e comportamental.
32 www.eunapos.com.br
Efetividade econômica é, obviamente, o resultado alcançado por uma
administração que gere o máximo de lucros, com o mínimo de custos – o que
evidencia uma relação direta com o modelo anterior.
Efetividade técnica é representada por um desempenho humano que
construa qualidade para os bens e serviços produzidos.
Efetividade comportamental é o alcance de condições que satisfaçam
motivação e interesses dos funcionários, para que, tendo eles atendidas
necessidades, anseios, expectativas, produzam com maior empenho, favorecendo
assim a produtividade.
Este modelo de gestão de pessoas é considerado o mais influente e
conhecido modelo de gestão de pessoas da história da teoria organizacional.
3.2.3 Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas
Nas décadas de 70 e 80 um novo critério – o caráter estratégico – passou a
ser considerado como critério para avaliar a efetividade dos modelos de gestão de
recursos humanos.
Com o advento da administração geral baseada no Planejamento
Estratégico, portador de uma visão de médio e longo prazo, a busca da
concretização eficaz dessa nova administração passou a necessitar, com maior
intensidade, de uma eficaz gestão dos recursos humanos, para adequar da melhor e
mais conveniente forma, o desempenho das pessoas aos objetivos da empresa.
Assim, uma das funções mais cruciais da gestão de recursos humanos
passou a ser a busca da melhor adequação possível de sua população de
colaboradores aos objetivos estratégicos, trabalhando para alinhar as políticas
empresariais e os fatores ambientais a esses objetivos. Passaram a ser
desenvolvidos planos estratégicos dos processos de gestão de recursos humanos
derivados das próprias estratégias corporativas das organizações. Essa visão fazia
parte da postura recomendada por pesquisadores da Universidade de Michigan.
Dentre esses se destacam as atuações no setor, de Tichy, Fombrum e Devanna.
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Nesse modelo existe já um indício de ruptura com as escolas
comportamentais. Não é mais a motivação genérica que o modelo deve buscar.
Como diz Fischer (2002):
Indivíduos motivados, satisfeitos e bem atendidos em suas necessidades, estão prontos para atuar, mas isso pode não significar absolutamente nada para as diretrizes estratégicas da empresa. É preciso adequar, fazer corresponder os objetivos pessoais aos objetivos empresariais.
Porém, esse modelo via, a princípio, como incumbência da ARH, apenas o
objetivo de se adaptar à estratégia do negócio, implementando a partir daí, suas
diretrizes específicas. Não era levada em consideração a possibilidade de a ARH
intervir na estratégia corporativa, introduzindo, nas decisões tomadas, uma visão
estratégica das pessoas e sua contribuição para a empresa.
A expectativa em relação à área de Administração de Recursos Humanos
era a de que ela se mostrasse capaz de fazer a adaptação e integração do
planejamento estratégico da organização, implementando medidas adaptativas e de
adequação, como mera executora e até certo ponto como capaz de simplesmente
fazer a alquimia dessa adequação, sem que fosse ouvida ou se integrasse na
elaboração daquele plano.
Só nos anos 80, a Harvard Business School veio com uma nova perspectiva
da gestão estratégica de pessoas, introduzindo no curso de ARH no MBA, uma
abordagem mais ampla e integradora do que as anteriores. Lançado em 1981, o
curso estava estruturado nas seguintes quatro áreas de políticas de recursos
humanos:
• Influência sobre os funcionários (filosofia de participação);
• Processos de recursos humanos (recrutamento, desenvolvimento e
demissão);
• Sistemas de recompensa (incentivos, compensação e participação);
• Sistemas de trabalho (organização do trabalho).
Essa nova abordagem indica a necessidade de que o modelo de gestão de
pessoas considere fatores internos e externos à organização. As áreas responsáveis
pela elaboração das políticas seriam então afetadas, por um lado, pelos interesses
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dos acionistas, gerentes, grupos de empregados, sindicatos, comunidade e governo,
e, por outro lado, pelas pressões situacionais, que como já largamente
mencionamos, influenciaram sempre os modelos de gestão de pessoas – as
condições sociais, econômicas e oriundas do ambiente político-administrativo do
momento.
No Brasil, a partir da década de 80, as organizações com maiores avanços
na administração, consequentemente também com uma capacidade de olhar mais
atentamente para as novas condições do mercado, passam a adotar uma postura
mais alargada no sentido de integrar a área de recursos humanos como partícipe do
processo de planejamento estratégico.
Já na segunda metade da década, configurava-se nessas empresas uma
tendência de aceitação, por parte da alta administração, do planejamento estratégico
de recursos humanos.
Fischer (1998) demonstrou que os formadores de opinião do setor
percebiam que as organizações brasileiras enfrentavam grandes dificuldades para
adotar uma perspectiva estratégica de gestão de pessoas, embora a pesquisa
também tenha constatado que praticamente todas se orientavam por esse ideal.
Assim, essa linha de pensamento trouxe novo conceito articulador do
modelo de gestão: a busca de orientação estratégica para as políticas e práticas de
RH.
Essa linha de pensamento mostra o quanto são insuficientes soluções
padronizadas, uma vez que as verdades sobre a questão do comportamento
humano deixaram de ser gerais, para tornarem-se um problema do negócio e de sua
estratégia.
A nova perspectiva sobre a gestão de pessoas traz consigo como marca
predominante, algo que caracteriza também o planejamento estratégico: o fato de
que deve ser olhado como um processo, nunca como um plano estanque. Numa
época em que a tônica está na capacidade de flexibilização e mudança, a
transformação torna-se, inevitavelmente, o identificador dos processos estratégicos,
que são o norte orientador, mas um norte que já não é fixo, varia de acordo com as
inovações e mutações constantes de todos os cenários.
35 www.eunapos.com.br
O sucesso da nova visão vai depender diretamente de duas estratégias
básicas adotadas nos modelos de gestão de recursos humanos. Ambas se
contrapõem e ditam o sucesso da administração de recursos humanos. Conforme
apontado por Albuquerque (2002), são elas as estratégias de controle e as de
comprometimento:
Na estratégia de controle, os empregados são vistos como números, custos e fator de produção, que, para desempenhar bem as funções, devem ser mandados e controlados. Na estratégia de comprometimento, as pessoas são consideradas parceiros no trabalho, nos quais a empresa deve investir para conseguir melhores resultados. Essa estratégia baseia-se no pressuposto de que o comprometimento dos colaboradores está intimamente relacionado com o aumento do desempenho (ALBUQUERQUE, 2002).
Na primeira estratégia (controle), fica evidente a permanência dos conceitos
tayloristas, enquanto na segunda (comprometimento), já se torna patente a
influência da psicologia humanista, inclusive com a adoção do termo colaborador, ao
invés de empregado. Esses dois modelos de estratégia são os extremos, havendo,
portanto, estratégias intermediárias entre ambas, o que até pode ser avaliado como
fator usual em fases de transição, quando se busca implantar um novo modelo, mas
se luta com as dificuldades de quebrar os paradigmas do modelo anterior.
O quadro a seguir apresenta as características desses modelos extremos,
que respaldam as respectivas estratégias:
Quadro 4 - Concepções organizacionais comparadas
Características Distintivas
Modelo
Estratégia de controle
Modelo
Estratégia de Comprometimento
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Altamente hierarquizada, separação: “quem pensa” e “quem faz”.
Redução de níveis hierárquicos e de chefias intermediárias, junção do fazer e do pensar – empowerment.
Organização do Trabalho Trabalho muito especializado, gerando monotonia e frustrações.
Trabalho enriquecido, gerando desafios.
Realização do Trabalho Individual. Em grupo.
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Sistema de controle Ênfase em controle explícitos do trabalho.
Ênfase no controle implícito, pelo grupo.
RELAÇÕES DE TRABALHO
Política de emprego Foco no cargo, emprego a curto prazo.
Foco no encarreiramento flexível, emprego a longo prazo.
Nível de educação e formação requerido
Baixo, trabalho automatizado e especializado.
Alta, decisões tomadas em grupo.
Relações empregador-empregado
Independência. Interdependência, confiança mútua.
Relações com sindicatos Confronto baseado na divergência de interesses
Diálogo, busca da convergência de interesses.
Participação dos Empregados nas Decisões
Baixa, decisões tomadas de cima para baixo.
Alta, decisões tomadas em grupo.
POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS
Contratação
Contrata para um cargo ou para um conjunto especializado de cargos.
Contrata para uma carreira longa na empresa.
Treinamento Visão voltada ao aumento do desempenho na função atual.
Visão voltada a preparar o empregado para futuras funções.
Carreira
Carreiras rígidas e especializadas, de pequeno horizonte e amarradas na estrutura de cargos.
Carreiras flexíveis, de longo alcance, com permeabilidade entre diferentes carreiras.
Salarial Focada na estrutura de cargos, com alto grau de diferenciação salarial entre eles.
Focada na posição da carreira e no desempenho, com baixa diferenciação entre níveis.
Incentivos Uso de incentivos individuais. Foco nos incentivos grupais vinculados a resultados empresariais.
Fonte: Albuquerque, 1999.
Tudo isso traz, como consequência, uma maior valorização do profissional
da área, que passa a integrar de forma mais concreta e visível, o quadro de decisões
da alta cúpula da administração empresarial e organizacional.
Dentro da perspectiva do Modelo de Gestão Estratégica de Pessoas, com o
advento da competitividade como fator de base para o sucesso das organizações,
surge um novo modelo, na verdade decorrente de um aprimoramento da visão
estratégica, mas que por suas características próprias e desenvolvimentos
decorrentes, se destaca como o modelo mais adequado para enfrentar os desafios
37 www.eunapos.com.br
da sociedade da informação e do conhecimento. Trata-se da Gestão de
Competências.
3.2.4 Modelo de Gestão de Pessoas Articulado por Competências
Para este item, nos apoiamos em Fischer (2002), Albuquerque (2002),
Gramigna (2007), Dutra (2002), autoridades reconhecidas no assunto no Brasil.
Com o advento da competitividade, ficaram cada vez mais estreitos os
vínculos entre o desempenho humano e os resultados do negócio da empresa.
A ênfase na competição direciona, de forma decisiva, toda a teoria
organizacional e cria as bases do surgimento do modelo de gestão de pessoas
baseado em competências.
A era da competitividade trouxe consigo a exigência de um novo papel da
gestão de recursos humanos.
A chamada ofensiva japonesa, a partir da década de 80, passou a exigir das
empresas americanas uma profunda busca por competitividade. Nessa busca
passam a predominar temas como:
• Estratégia competitiva e vantagem competitiva;
• Reengenharia e reestruturação;
• Competências essenciais e reinvenção do setor.
Para entender a emergência deste novo modelo, é preciso compreender a
influência de tal visão de gestão de negócios na ARH.
3.3 Gestão de pessoas e vantagem competitiva
A noção de vantagem competitiva aparece com Porter (1989), que em seu
segundo livro sobre o tema, analisa o problema da incapacidade de as empresas
traduzirem suas estratégias em ações práticas: “A vantagem competitiva surge do
valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o
custo de fabricação pela empresa”.
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A partir de então se tornaria muito difícil falar de gestão de recursos
humanos sem fazer referência à questão da competitividade e da agregação de
valor para o negócio e os clientes.
Algumas práticas apresentadas e recomendadas então, na busca dessa
vantagem competitiva, foram: rotação de cargos, reuniões e fóruns cruzados,
iniciativas de promoção interna.
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UNIDADE 4 – GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS E
REENGENHARIA
4.1 Reengenharia
Famosa por ser considerada a principal responsável pelas consequências
perversas das reestruturações empresariais nas décadas de 80 e 90, a reengenharia
propõe a mudança radical de todos os princípios que orientaram a administração de
empresas nos últimos dois séculos.
Ao contrário das demais propostas, a reengenharia não utiliza os conceitos
de estratégia, vantagem competitiva e competitividade. Tais conceitos estão
implícitos, e o foco de atenção dessa linha teórica fica circunscrito à reformulação
dos processos empresariais.
A introdução da reengenharia nas organizações provocou, sem dúvida,
impactos fundamentais na gestão de recursos humanos e foi uma das principais
motivadoras para a emergência do modelo competitivo de gestão.
Síntese das mudanças introduzidas pela reengenharia:
• As unidades de trabalho mudam de departamentos funcionais para equipes de processo;
• Os serviços mudam de tarefas simples para trabalhos multidimensionais;
• Os papéis das pessoas mudam de controlados para autorizados;
• A preparação para os serviços muda de treinamento para educação;
• O enfoque das medidas de desempenho e remuneração altera-se da atividade para os resultados;
• Os critérios de promoções mudam do desempenho para a habilidade;
• Os fatores mudam de protetores para produtivos;
• Os gerentes mudam de supervisores para instrutores;
• As estruturas organizacionais mudam de hierárquicas para niveladas;
Os executivos mudam de controladores do resultado para líderes.
A Reengenharia trouxe, sem dúvida, um grande movimento à gestão de
pessoas. Todavia, foi aplicada de maneiras nem sempre positivas, transformando-se
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muitas vezes, apenas em um processo de downsizing (diminuição nos quadros de
colaboradores), provocando, ao invés de sucesso, uma reação de rejeição, medo,
não alinhamento das pessoas.
Sua grande contribuição foi alertar os diretores e executivos para a
necessidade de focar os resultados no processo. Entretanto, quando o objetivo
permaneceu exclusivamente na redução de custos, trouxe para as empresas apenas
resultados de sobrevivência de curtíssimo prazo.
Exercício 5 Assinale a alternativa que não se tornou uma das mudanças introduzidas pela reengenharia:
a) A preparação para os serviços muda de treinamento para educação.
b) Os critérios de promoções mudam do desempenho para a habilidade.
c) Os fatores mudam de protetores para produtivos.
d) As unidades de trabalho permanecem como departamentos funcionais.
4.2 Gestão de Pessoas e Competências
Surgiram conceitos como o de que a empresa competitiva seria aquela que,
além da reengenharia e da simples reestruturação operacional, tivesse condições de
criar um novo espaço competitivo, em vez de esforçar-se por se posicionar melhor
no espaço competitivo atual.
A competitividade empresarial está condicionada à possibilidade de a
empresa transformar não só a si própria, mas também seu setor, estabelecendo,
com isso, uma referência nova para todos os que nele atuam.
Trata-se agora de adequar competências a lugares, desenvolvendo
potenciais para que se manifestem as competências necessárias a cada setor.
Essa posição reitera o caráter sistêmico dos diferentes níveis de
manifestação da competitividade, demonstrando que os vínculos de dependência
entre os diferentes níveis e estruturas se estreitam no mundo moderno.
Vimos até aqui, como as empresas de vanguarda chegaram à opção pela
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Gestão de Pessoas com base em um Modelo Articulado por Competências.
O modelo é qualificado como competitivo por dois motivos principais: Porque
deve ser condizente com o ambiente de competitividade que caracteriza as
organizações contemporâneas e oorque privilegia e se articula em torno de
competências.
Essa nova fase traz o surgimento de conceitos como:
Evento: aquilo que ocorre de forma imprevista, e interfere no desenrolar
normal do sistema de produção exigindo a contínua mobilização de
recursos para resolver novas situações de trabalho;
Comunicação: significa entrar em acordo com objetivos organizacionais,
partilhar normas sobre sua gestão. Exige estruturas e fronteiras mais
flexíveis;
Serviços: presente em todas as áreas e situações focalizando clientes
internos e externos.
4.2.1 Competência
Palavra do senso comum utilizada para designar uma pessoa qualificada
para realizar alguma coisa.
Segundo o Dicionário Webster (1981), trata-se da “qualidade ou estado de ser
funcionalmente adequado ou de ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidade
ou força para determinada tarefa”. Dois pontos importantes: conhecimento e tarefa.
Segundo o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2004), trata-se da capacidade para
resolver qualquer assunto, aptidão, idoneidade; capacidade legal para julgar pleito.
Definição de Competência
“Saber agir responsável é reconhecido que implica mobilizar, integrar,
transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à
organização e valor social ao indivíduo” (FLEURY, 2002)
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O conceito muito apropriadamente colocado por Dutra (2004), de que o
“importante é fazermos a diferença entre - o que o indivíduo faz / o que o indivíduo
entrega”.
Esse conceito explicita que:
As pessoas possuem determinado conjunto de competências, sendo cada competência definida como um conjunto, os “CHAs” (Conhecimentos, Habilidades, Atitudes) o que não garante que a organização se beneficie diretamente deles. Para compreender melhor o conceito de competência, é preciso incorporar a noção de entrega, o seja, aquilo que a pessoa realmente quer entregar à organização. O termo “entrega” refere-se ao indivíduo que sabe agir de forma responsável e é reconhecido por isso. (DUTRA, 2004)
4.3 Qual o significado de Competência no mundo do trabalho?
Segundo Zarifan (1999):
O trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente
ao cargo, mas ao prolongamento direto das competências que o indivíduo
mobiliza em face de uma situação profissional cada vez mais mutável e
complexa.
Não é um talento natural, que pode vir a ser aprimorado (aptidão);
Não é demonstração de um talento particular na prática (habilidades);
Não é o que a pessoas precisam saber para desempenhar uma tarefa
(conhecimentos).
Inteligência prática de situações, que se apóia nos conhecimentos
adquiridos e os transformam com tanto mais força quanto maior for a
complexidade das situações;
Capacidade de assumir iniciativas;
Ir além das atividades prescritivas, ser capaz de compreender e dominar
novas situações no trabalho, ser responsável e reconhecido por isso.
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4.4 Recursos e Competências Organizacionais
Figura 2 - Competências Organizacionais Fonte: Gramigna, 2007
Para autores como Mills et al. (2002) e Javidan (1998), os recursos
articulados entre si, formam as competências organizacionais. Para os mesmos
autores existem ainda recursos e competências importantes para a organização, por
serem fontes para sustentarem atuais ou potenciais vantagens competitivas.
Mills et al. (2002) dizem, também, que todas as competências individuais
são recursos e competências da organização, daí a importância de criar categorias
distintivas.
Esses autores propõem as seguintes competências:
Competências essenciais: É um conjunto de habilidades e
tecnologias que aportam um diferencial fundamental à
competitividade organizacional. São fundamentais para a
sobrevivência da organização e centrais em sua estratégia.
Competências distintivas: São as reconhecidas pelos clientes como
diferenciais em relação aos competidores; conferem à organização,
vantagens competitivas.
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Competências de suporte: Estão nas atividades que servem de
alicerce para outras atividades da organização. Por exemplo, a
construção e o trabalho eficiente das equipes, podem ter grande
influência na velocidade e qualidade de muitas atividades dentro da
organização.
4.5 Competência Gerencial
Mobilização, integração e transferência de conhecimentos, recursos e
habilidades num contexto profissional determinado. A gestão de sucesso de equipes
é fonte de valor para Indivíduos e Organizações.
A gestão de sucesso supõe:
Saber agir;
Mobilizar recursos;
Integrar saberes múltiplos e complexos;
Saber aprender, se engajar, assumir responsabilidades.
4.5.1 Papel da competência gerencial na organização
Figura 3 – Papel da competência gerencial na organização Fonte: GRAMIGNA, 2007
Missão Visão
Estratégia
Atribuições dos Gerentes e
Coordenadores Competências Gerenciais
Resultados/Performance
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Exemplificando o modelo:
4.6 Perfil do Profissional que atua na Área de Gestão Empresarial
Competências e capacidades a serem desenvolvidas:
Competências de Gestão: Reconhecer e definir problemas, equacionar
soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações nos processos
de trabalho, atuar preventivamente, transferir conhecimentos e exercer o
processo de tomada de decisão.
Envolvem capacidade para:
contextualizar/analisar ambiente interno e externo;
Visão sistêmica;
Sistematizar tomada de decisão;
Prontidão à mudança – flexibilidade;
Visão do Negócio;
Negociação.
Competências Sociais: Desenvolver expressão e comunicação
compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de
negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais.
Envolvem capacidade para:
Relacionamento interpessoal;
Estratégia
Aprendizagem
Competência
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Comunicação;
Gestão de pessoas;
Trabalhar em grupo;
Desenvolver equipes.
Competências Técnicas: Conhecer especificamente o trabalho a ser
realizado, as ferramentas necessárias e também os processos de trabalho.
Envolvem capacidade para:
Conhecer processos e atividades de trabalho;
Conhecer e saber como e quando aplicar ferramentas;
Integrar conhecimentos específicos e gerais em sua área de atuação;
Rever conceitos e estabelecer raciocínio crítico e analítico sobre os
mesmos.
Competências de Aprendizagem: Ser capaz de relacionar
informações, aprender com a experiência, sua e dos outros, estar aberto
para absorver o novo. Principalmente nos tempos de hoje, em que tudo se
renova a cada instante, essa competência se torna essencial nos papéis
gerenciais, em que a capacidade de autoaprendizagem é inclusive a tônica
de todos os processos atuais de desenvolvimento de pessoas. Espírito
crítico, investigativo, pró-atividade também são indispensáveis para que as
competências de aprendizagem se manifestem.
Envolvem capacidade de:
Reflexão;
Visão crítica – emancipatória;
Estabelecer um conhecimento reflexivo;
Autodesenvolvimento;
Lançar mão dos conhecimentos na ação – AGIR.
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Exercício 6
Correlacione as duas colunas:
Competências de Gestão Resolução de problemas com soluções e processo de tomada de decisão.
Competências Sociais Expressão e comunicações interpessoais ou intergrupais.
Competências Técnicas Conhecimento do trabalho e das ferramentas.
Competências de AprendizagemCapacidade de relacionar informações e aprender com experiências.
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UNIDADE 5 - GESTÃO DE PESSOAS HOJE - AS MELHORES
PRÁTICAS
Pretende-se aqui explicitar com mais profundidade os processos de
Agregação de Pessoas. Os demais componentes da Gestão de Pessoas Hoje serão
mencionados, porém não descritos em profundidade, uma vez que são todos
importantíssimos para agregar e manter os melhores e mais competitivos
profissionais, contudo têm características de definição, desenho, instalação dentro
dos sistemas de gestão de pessoas, estreitamente dependentes da cultura e do
estilo gerencial de cada organização. Sendo assim, dependem de um estudo muito
mais caso a caso, para sua correta discussão, recomendação, priorização e modos
de implantação de cada subprojeto.
Importante também destacar que os componentes aqui considerados
formam a Área de Gestão de Pessoas Hoje, considerando-se o Modelo Estratégico,
dentro do qual está como o mais difundido e visto como mais eficaz, o Modelo de
Gestão de Competências (ou Gestão por Competências).
5.1 Atribuições da Área de Gestão de Pessoas Hoje
Podem-se destacar como atribuições desta área as seguintes:
• Assessorar o desenvolvimento de diretrizes na solução de problemas
específicos de gestão do desempenho humano nas organizações;
• Administrar os recursos humanos como um processo – ciclo com
subsistemas integrados;
• Basear-se na teoria de sistemas – todo integrado com partes
interdependentes.
5.2 Tensões que atuam na Área de Gestão de Pessoas
Em todo setor há tensões e conflitos, os mais comuns na área de Gestão de
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Pessoas são os seguintes:
• Tendências conservadoras da maioria do empresariado, dos executivos,
dirigentes e dos próprios profissionais da área de Gestão de Pessoas;
• As práticas de Gestão de Pessoas apresentam evolução em ritmo mais
lento em relação às práticas que agitam os ambientes sociais e
organizacionais;
• Práticas burocratizadas com pouco impacto nas diretrizes
organizacionais;
• Atuação heterogênea – níveis diferenciados de preocupação das
organizações com suas políticas de Gestão de Pessoas;
• Tradicional foco em práticas que auxiliam a organização a atingir seus
objetivos.
5.3 Cenários – Sociedade
O cenário da Gestão de Pessoas compreende tais evoluções do ambiente
sócio-econômico:
• Mudanças profundas que não apresentam uma direção única;
• Globalização da economia;
• Revolução da comunicação e da informação;
• Ampliação do setor de serviços;
• Diversificação da força de trabalho;
• Alteração da jornada de trabalho;
• Ampliação do nível de exigência do mercado.
5.4 Cenários – Organizações
A seguir, podemos destacar os impactos da Gestão de Pessoas no cenário
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organizacional:
• Necessidade de agilidade, competitividade e maior qualidade e
produtividade dos produtos e serviços;
• Produção flexível, demanda por profissionais polivalentes e
multifuncionais;
• Trabalho organizado em grupos autogerenciados;
• Avanços tecnológicos e administração virtual;
• As capacidades dinâmicas requerem que as organizações estabeleçam
processos que as habilitem a mudar e adaptar constantemente, suas rotinas,
serviços, produtos e mercados;
• Terceirização, descentralização, atendimento a interesses múltiplos;
• Design organizacional com fronteiras mais permeáveis entre unidades,
papéis e organizações;
• Responsabilidade social;
• Argumento de que as organizações com ambientes complexos e
dinâmicos requerem flexibilidade para se adaptarem às mudanças.
5.5 Tendências
A Gestão de Recursos Humanos moderna tem as seguintes características no
atual cenário econômico:
• Pensamento estratégico – angariar informações de vários subsistemas de
recursos humanos e orientá-las segundo uma visão sobre o rumo da
organização;
• Para ser realmente estratégica, a área de gestão de pessoas precisa
formular a estratégia e não se alinhar a uma estratégia formulada
externamente;
• A interdependência entre as várias práticas;
• Atenção convergida para recursos humanos porque o futuro de uma
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organização é uma coleção de habilidades e capacidades;
• Processo de planejamento estratégico envolvendo todos, criando
continuamente novos rumos e reportando oportunidades.
5.6 Teoria do Capital Humano
Parte do pressuposto de que a força de trabalho altamente habilidosa e
altamente motivada é fonte de vantagem competitiva.
Uma força interna é crítica quando ela é: valorizável, rara, não-substituível,
difícil e cara para se imitar.
Vantagem competitiva de pessoas refere-se ao potencial da organização em
capturar um “estoque de talento humano excepcional – gerenciar a mutualidade
(alinhar os interesses), ou seja, criar uma talentosa e comprometida força de
trabalho” (FISCHER, 2002). Desenvolver indivíduos e equipes para criar uma
organização capaz de aprender com suas experiências.
5.7 Gestão por Competência
Tudo isso requer que as pessoas se engajem em comportamentos que
reflitam a competência e a natureza de suporte dos sistemas de gerenciamento de
pessoas para desenvolvimento e manutenção da competência. As competências
dos indivíduos são as competências da organização.
5.8 Subsistemas de Pessoas
A seguir apresentamos os subsistemas utilizados na área de Recursos
Humanos. Sistemas considerados estratégicos para a evolução da Gestão de
Pessoas participativa:
Agregação de Pessoas (recrutamento, seleção de pessoas);
Quem irá trabalhar na organização? Qual o profissional que queremos?
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O que as pessoas farão na organização? Como saber o que farão?
Aplicação (cargos e salários, avaliação de desempenho);
Desenvolvimento de Pessoas (capacitação e desenvolvimento de
pessoas);
Como manter as pessoas trabalhando na organização? Como manter seu
desempenho?;
Manutenção de Pessoas (Remuneração, Recompensas, Benefícios,
Segurança e Saúde no trabalho, Higiene Mental);
Como saber o que são, o que fazem, como estão as pessoas?
Monitoramento de Pessoas (sistemas de informações sobre as
pessoas que atuam na organização);
5.9 Agregação de Pessoas (recrutamento, seleção de pessoas)
a) Etapas Preliminares – planejamento e recrutamento:
• Identificação das Políticas de Gestão de Pessoas da organização;
• Definição da análise de cargos;
• Classificação das atribuições dos cargos em termos de importância;
• Análise dos requisitos essenciais e desejáveis para os cargos;
• Elaboração do Perfil Profissiográfico.
b) Análise de Cargos:
Procedimento pelo qual se determinam as obrigações dos cargos existentes
na organização, bem como as características das pessoas que devem ser
contratadas para eles. Gera informações sobre os requisitos do cargo.
Produtos Gerados:
Descrição de cargos (em que se constitui cada trabalho);
Especificações dos cargos (tipos de pessoas a serem
contratadas);
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Questão a ser respondida pela área de GP e gerência: Que
conhecimentos a pessoa deve ter?
Métodos de Coleta de Dados para Análise de Cargos:
Entrevistas: individuais, ou em grupo, com ocupantes do cargo
e com supervisores que conheçam detalhadamente o cargo a ser
analisado. Perguntas:
- Qual a função desempenhada?
- Quais as principais atividades e responsabilidades?
- O que você faz exatamente?
Questionário: instrumento por meio do qual o profissional é
solicitado a descrever as principais responsabilidades e atribuições do
trabalho. Lista de Verificação estruturada, contendo várias atribuições
ou tarefas específicas.
Observação: é útil quando o trabalho consiste principalmente de
atividade física observável. Em cargos tais como: Porteiro, Operário
de linha de montagem e Balconista; Não é recomendável para
atividades mentais não mensuráveis (advogado, engenheiro, etc.)
Registro do Participante: cada atividade realizada pelo
funcionário é registrada detalhadamente por ele em um diário, bem
como o tempo empregado. Complementa os dados das entrevistas
realizadas com funcionário e gerente;
Descrições de Cargo: é o estabelecimento escrito sobre o que
o funcionário faz, como faz e em que condições o trabalho é
desempenhado. Serve de base para definir a especificação do cargo-
apresenta o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
(CHAs) necessários para o desempenho satisfatório do trabalho.
c) Recrutamento de Pessoas:
Trata-se de um processo que visa atrair candidatos potencialmente
qualificados e capazes para ocupar cargos dentro da organização.
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A escolha dos meios de recrutamento a serem utilizados deve levar em
consideração dados relativos à natureza do trabalho e a análise de custo/benefícios.
Recrutamento Interno
Vantagens Desvantagens
Familiaridade dos profissionais com a organização.
Demonstra interesse da organização em promover seus colaboradores.
Pode criar dificuldades de relacionamento entre as áreas de gestão de pessoas e a de lotação do profissional e entre a área de gestão de pessoas e o próprio candidato.
Cartazes
Vantagens Desvantagens
Baixo custo.
Captação de candidatos nas proximidades da organização.
Utilizado preferencialmente para cargos mais simples - Nível Básico.
Colocado em geral na portaria da organização.
Recomendação
Vantagens Desvantagens
Baixo custo.
Aumenta probabilidade de captação de candidatos com predisposição ao ambiente de trabalho.
Eventuais constrangimentos da área de gestão de pessoas, em relação à fonte de recomendação, em caso de não aproveitamento do candidato.
Necessidade de avaliação objetiva do candidato, que muitas vezes é difícil de ocorrer, pois pela influência exercida pelo indicador, ou pelas informações de vida pessoal trazidas, pode ocorrer um julgamento subjetivo.
Agências
Vantagens: Evita gastos de tempo e dinheiro no processo de
recrutamento e na realização da entrevista; mantém sigilo; oferece
candidatos qualificados; é um meio de recrutamento utilizado,
preferencialmente, para captação de candidatos a empregos
temporários que não necessitem de contratação efetiva.
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Anúncios: Por que anunciar? Para atrair leitores certos para
responder ao anúncio e eliminar candidatos que não convenham e
para melhorar a reputação da organização através da imagem
projetada pelo anúncio.
Onde anunciar? Critérios de avaliação: Tiragem do jornal ou revista;
custo do anúncio; quantidade de anúncios semelhantes na publicação;
frequência e data da publicação.
Como anunciar? Fatores a serem considerados: Orçamento da
organização para publicidade de seleção; prestígio da organização no
mercado; nível de escassez de pessoal qualificado para o cargo em
questão.
Outras formas de divulgação, através de anúncio falado ou impresso:
Panfletos distribuídos em escolas ou faculdades; visitas a diretórios
acadêmicos, buscando parcerias para divulgação; breves
apresentações em salas de aula – muito eficaz para cargos de melhor
posição hierárquica e junto às escolas profissionalizantes; rádios locais
e comunitárias, centros de emprego.
Headhunters: meio de recrutamento utilizado preferencialmente para
captação de executivos de alto nível no mercado de trabalho. A maior
vantagem, nesse caso, é a possibilidade de contratação de
profissionais qualificados, muitas vezes em período de tempo
significativamente menor do que mediante outros procedimentos.
Banco de Talentos interno: Pode ser alimentado pelo próprio setor de
gestão de pessoas e também ter um campo onde se anuncia as novas
disponibilidades e as pessoas podem se inscrever.
d) Seleção de Pessoas
Importância da Seleção de Pessoas: profissionais com ”CHAs"’ necessários
farão um trabalho melhor para a organização. É oneroso recrutar e contratar
pessoas.
Existem implicações legais envolvidas em processos seletivos inadequados:
discriminação de grupos minoritários e antecedentes criminais são aspectos
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importantes a serem considerados.
Exercício 7 Dentre as alternativas abaixo, qual define corretamente o CHA?
a) C= capacidade; H= habilidade; A = ação.
b) C= concentração; H = honestidade; A = atitude.
c) C= conhecimento; H = habilidade; A = ação.
d) C = capacidade; H = honestidade; A = atitude.
e) C = conhecimento; H = habilidade; A = atitude.
Métodos de Seleção: são procedimentos capazes de comparar os
diferentes candidatos, com a finalidade de selecionar os potencialmente mais
capazes. Permitem o conhecimento das habilidades dos candidatos e ainda, a
previsão de seu comportamento no cargo a ser ocupado.
Devem ser válidos e confiáveis:
Validade: refere-se a evidenciar que o teste é relacionado ao trabalho
em questão. O desempenho no teste permite um prognóstico válido
do subsequente desempenho no cargo ou função.
Confiabilidade: refere-se à consistência do teste. É a consistência
entre as pontuações obtidas pela mesma pessoa quando novamente
submetida a um teste idêntico ou equivalente.
Podem se distinguir os seguintes Métodos de Seleção:
Análise dos Currículos: levantamento de dados relacionados à:
competência profissional, ao desejo de permanência no emprego e de
seguir carreira, experiência prática, adequação ao grupo, vontade de
trabalhar e de aceitar novos desafios.
Testes Escritos: utilizados para cargos que requerem conhecimentos
e habilidades específicos: dissertações, testes com perguntas abertas
e/ou fechadas, etc.
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Testes Práticos: importantes para cargos de natureza operacional ou
relacionados à produção onde se confere ênfase especial aos
aspectos psicomotores.
Testes Psicológicos: identificam as aptidões do potencial intelectual,
das habilidades específicas (raciocínio verbal, abstrato, mecânico),
bem como traços de personalidade do candidato.
Entrevista:
Vantagens Limitações
Contato direto com o candidato;
Identificação de sua capacitação para o cargo;
Obtém dados em profundidade;
Pode ser utilizada de maneira exclusiva ou complementar aos outros procedimentos.
Muito tempo para aplicação;
Dispendiosa;
Alto grau de subjetividade;
Dificulta registro das informações.
Etapas da entrevista
Elaboração do roteiro da entrevista;
Definição do local e participantes;
Preparação do material;
Quebra-gelo;
Formulação de perguntas;
Registro das informações;
Pré-seleção dos candidatos;
Análise dos comportamentos não verbais;
Conclusão e sumarização da entrevista.
Técnicas Vivenciais:
Nas provas situacionais: são apresentados, para solução, de
problemas relacionados ao cargo ao qual a pessoa se candidata:
operar uma empilhadeira, redigir um documento, negociar uma
venda, etc.
No psicodrama: o foco está em proporcionar a vivência de
situação em que a pessoa expresse sua personalidade através de
um papel social atribuído, em que ela se expressa de acordo com a
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linguagem e dimensões desse papel. Por se tratar de uma
representação, o candidato se sente livre para expressar
sentimentos, valores, emoções.
Nas dinâmicas de grupo: consiste em colocar os candidatos
reunidos em grupo diante de situações em que terão de demonstrar
suas reações. É uma técnica adequada para avaliar as
características dos candidatos: iniciativa, liderança, tomada de
decisão, comunicação, habilidade para lidar com situações de
conflito. Recomenda-se a elaboração e uso de planilhas de
avaliação em que estejam especificados os fatores a serem
avaliados.
Observação: O nome dinâmica de grupo, dado às atividades que buscam analisar as dinâmicas que se desenvolvem durante sua realização, resulta na verdade de uma impropriedade, uma vez que em todos os grupos e interações entre pessoas verifica-se uma dinâmica própria – como a atividade destina-se a analisar e a avaliar os comportamentos que imprimem essa dinâmica e ao mesmo tempo dela resultam, estendeu-se a palavra para identificar a atividade – essa denominação passou então a ser aceita como um nome para a atividade.
e) Avaliação dos Candidatos:
Análise e interpretação dos dados para definição das vantagens e
desvantagens da contratação do candidato.
Passos envolvidos na interpretação:
Separação do material;
Aceitação ou rejeição das informações;
Organização dos traços do candidato.
Tomada de Decisão:
Foco nas realizações mais do que nas credenciais do candidato;
Exclusão de preconceitos de raça, idade e religião;
Candidatos fortes ameaçam gerentes fracos;
Superqualificação costuma gerar desmotivação;
Finalistas não devem ser dispensados até que o escolhido aceite
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definitivamente o cargo.
f) Combinação de técnicas de seleção:
Constituem os chamados assesment centres, em que, através da análise de
resultados de várias atividades, proporciona-se melhor qualidade ao processo.
É considerado um processo com mais garantia de neutralizar os aspectos da
subjetividade, uma vez que vários selecionadores encarregam-se das diferentes
etapas – mesmo no caso de utilização de entrevistas, estas são preferencialmente
semiestruturadas, realizadas em duas ou três etapas, por diferentes entrevistadores,
com algumas questões comuns aos respectivos questionários.
O esquema a seguir ilustra o processo em todas as suas etapas.
Figura 4 – Recrutamento o Seleção
Fonte: Elaboração própria
5.10 Outros Aspectos da Gestão de Pessoas Hoje
Alguns dos principais processos que serão implementados, até como
decorrência da nova visão nas relações empregador-empregado, serão:
Sistemas de recompensa: pode ser estabelecido atendendo a outras
variáveis, que não somente a remuneração. Neste momento veremos os aspectos
ligados à remuneração, para depois discutir outros meios de recompensa.
Captação: Internet, networking, indicação, anúncios, agências.
Avaliação Dinâmicas Simulações Entrevistas Testes Projetos
Triagem: currículo, ficha cadastral, Questionários, testes, entrevistas de pré-seleção.
60 www.eunapos.com.br
No primeiro momento, em que o sistema foi baseado em cargos, foi mais
linear o estabelecimento de valores de remuneração, uma vez que, num sistema
mais simplificado e mais fechado, em que a tal cargo corresponde determinada
agregação de valor, a tarefa de determinar esses valores se restringe à adequação
do ocupante do cargo à sua descrição e desempenho já desenhado.
Com as mudanças no conceito de administração de pessoas, abrindo-se
oportunidades para valorização de outros aspectos, como competências agregadas
com o próprio desempenho da função, contribuições espontâneas, gerenciamento
participativo, condições de mobilidade na função e no organograma, novos
componentes tiveram de ser trazidos à arquitetura dos planos de remuneração.
Temos, como decorrência, uma sofisticação do sistema, exemplificada no
quadro a seguir:
Quadro 5 – Técnicas de Remuneração
Remuneração
variável
Remuneração
fixa
Outras
Fonte: Wood e Picarelli, 1999.
Sistemas de recompensa devem buscar formas mais alinhadas à filosofia de
gestão da empresa e neles o salário representa a forma fixa da remuneração,
enquanto os demais aspectos compõem a remuneração flexível.
Sistemas de capacitação: Os sistemas de capacitação também serão
Co
nju
nto
de
Rec
om
pen
sas
Longo prazo (ex: participação acionária).
Curto prazo (participação nos lucros e resultados, comissionamento de vendas, etc.
Benefícios (assistência médica, seguro de vida, auxílio-transporte/alimentação, clube, etc.). Salário (definido conforme o “valor dos profissionais para a organização”, considerando-se política salarial, mercado de trabalho, legislação, condições financeiras da organização/setor de atividade, etc.).
Recompensas alternativas (promoções, acesso a programas de desenvolvimento, participação em congressos e eventos, etc.
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desenhados de acordo com o Planejamento Estratégico e a Filosofia de
Administração da Empresa, privilegiando ainda, na visão mais atual sobre o assunto,
áreas de interesse e estilos de aprendizagem dos envolvidos.
Essas ações de capacitação buscam não só aperfeiçoar o indivíduo na
função atual, mas capacitá-lo para novos desafios, tanto na área em que se
encontra como em futuras mudanças, ou realocação de setor.
Exercício 8
Marque a opção que NÃO pode ser considerada como uma prática do Modelo de Gestão de Pessoas:
a) Banco de Talentos
b) Educação Corporativa
c) Projetos Culturais
d) Gestão do Salário fixo
e) Stock Option
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UNIDADE 6 - REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA
As variáveis do mercado de trabalho é que determinam o ambiente interno e a
tomada de decisões de como, quem e onde alocar as pessoas no âmbito da gestão
da empresa. Ainda que o mercado de trabalho seja influenciado pela dinâmica
econômica mais ampla e possa ser analisado nesse nível macroeconômico, adota-
se no estudo a perspectiva microeconômica, ou seja, no âmbito da empresa que
demanda mão-de-obra.
É nesse contexto que se insere o mercado interno de trabalho que
corresponde à forma de exercício que organiza todo o funcionamento dentro das
empresas. São regras e procedimentos que englobam a cultura e a filosofia, que
guiam e restringem as relações e comportamentos dentro do espaço em que estão
instituídas. O recorte microeconômico corresponde às condições determinadas pela
empresa em termos das relações de trabalho que serão empregadas e permite
determinar o posicionamento estratégico que a empresa assume quanto a sua
estrutura organizacional.
Figura 5 – Variáveis do Mercado de Trabalho
Fonte: Wood e Picarelli, 1999.
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Para realizar uma análise das condições do mercado de trabalho, é
importante considerar os seus componentes: a demanda (empregadores) e a oferta
de mão-de-obra (empregados). A demanda por trabalho, ou seja, o comportamento
da empresa em relação ao número de funcionários, às taxas salariais e aos
benefícios a adotar depende, por sua vez, das condições dos mercados de capitais
e de bens e serviços. De acordo com esta análise, quanto maior for a oferta de
pessoas, ou de trabalho, menor será a taxa salarial que equilibrará o mercado
(passagem da oferta de L1 para L2, e a consequente alteração da taxa salarial de
w1 para w2, sendo w2<w1), como pode ser visualizado na figura anterior. As
empresas terão uma sinalização, nesse caso, para a possibilidade de oferecerem
uma taxa salarial menor para seus funcionários.
O mercado de trabalho, portanto, serve como uma referência para os níveis
de salário estabelecidos dentro das empresas. Assim, para poder atrair mão-de-
obra, a empresa tenderá a propor salários que sejam compatíveis com os praticados
pelo mercado de trabalho da região na qual se encontra.
Tendo como referência as análises do mercado de trabalho mais amplo, uma
empresa poderá recrutar mais pessoas e selecionar melhores candidatos, caso seu
salário esteja no nível ou acima do estabelecido pelo mercado de trabalho regional.
Esse fator poderá torná-la mais produtiva e competitiva frente ao mercado que se
apresenta cada vez mais exigente. Dentre os motivos que justificariam a opção por
salários mais altos está a possibilidade de a empresa atrair candidatos melhores em
função da maior oferta de trabalhadores, o que permite que a empresa seja mais
seletiva no momento da contratação. “Os salários mais altos permitem selecionar
funcionários mais experientes, confiáveis e altamente motivados”. (EHRENBERG e
SMITH, 2000, p. 436)
Projetar uma remuneração superior àquela oferecida pela concorrência é uma
decisão que a empresa pode tomar desde que suas estratégias administrativas
estejam alinhadas ao contexto organizacional e ao planejamento. Essa escolha pode
beneficiar a empresa em diversos fatores que auxiliarão a melhorar o
comportamento das pessoas, seu desempenho e, consequentemente, os resultados.
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Exercício 9 As variáveis do mercado de trabalho influenciam o ambiente interno e a tomada de decisões no âmbito de gestão da empresa. As condições do mercado de trabalho devem ser analisadas segundo seus componentes: a demanda e oferta de mão-de-obra. Analise os enunciados e escolha a alternativa correta: I. Quanto maior for a oferta de pessoas ou de trabalho, maior será a taxa salarial que equilibrará o mercado. II. Os benefícios e a taxa salarial adotados pela empresa dependem diretamente das condições dos mercados de capitais e de bens e serviços. III. Se a empresa opta por salários mais altos ela atrai melhores candidatos, o que permite ser mais seletiva no momento da contratação. IV. Para oferecer uma remuneração superior à média de mercado, suas estratégias administrativas devem estar alinhadas ao contexto organizacional e ao planejamento. V. Uma empresa poderá recrutar mais pessoas e selecionar melhores candidatos, caso seu salário esteja no nível ou abaixo do estabelecido pelo mercado de trabalho regional. a) V / V / F / F / F b) F / V / V / V / F c) F / V / V / F / F d) V / F / F / V / F e) F / F / V / V / V
6.1 Remuneração e produtividade
Atualmente, as empresas estão sendo incentivadas a seguir algumas linhas
de gestão com práticas administrativas que favorecem a emergência do capital
humano como fator principal para o sucesso do negócio. De acordo com Flannery
(1997), essas transformações geram mudança de valores, de cultura e reconfiguram
as estruturas organizacionais. Estas, por sua vez, criam novas formas de administrar
as pessoas por meio de políticas de recursos humanos que integram todos os
setores da empresa e dimensionam suas estratégias para um único foco, isto é, o da
valorização das pessoas como condição para obter comprometimento de todos e
atingir os objetivos determinados.
Mas como é possível motivar os funcionários, melhorar e manter seu
desempenho, “melhorar a qualidade dos produtos e dos serviços, aumentar a
produtividade e a margem de lucros e, ao mesmo tempo, ficar à frente da
concorrência?” (FLANNERY, 1997, p.17). Essas questões sugerem que as
organizações devem sustentar suas atividades influenciadas pelo mercado, porém
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observando o comportamento gerado pela cultura e pelos valores que existem no
âmbito interno. As mudanças necessárias precisam ser efetuadas por meio de um
processo dinâmico e flexível, que englobe a capacitação das pessoas e das
estratégias organizacionais para promover eficiência na produtividade e na
qualidade, tanto dos produtos quanto das pessoas envolvidas no processo e, assim,
produzir, na medida do possível, a satisfação das pessoas frente ao trabalho que
realizam.
Existem vários fatores que influenciam fortemente o posicionamento das
empresas com relação às estratégias destinadas à gestão de pessoas. Entre estes
fatores, Flannery (1997, p. 24) destaca seis mudanças que influenciam quase todas
as empresas: a expansão da tecnologia, a concorrência global, a demanda
crescente por competências e capacidades individuais e empresariais, a maior
expectativa dos clientes, os ciclos cada vez mais curtos e mudanças nos requisitos
pessoais. Esta influência produz uma mudança nos paradigmas e crenças da
organização, e os gestores, junto, devem realizar um redirecionamento das
propostas, e alinhar as estratégias à necessidade e às metas estipuladas pela
empresa. Nesse sentido, eleger uma abordagem administrativa que vise vincular a
remuneração ao desempenho pode levar a empresa a focalizar também o seu
cliente interno, isto é, o empregado.
As políticas de cargos e salários são responsáveis pelas movimentações
salariais, e os planos de carreira, que envolvem uma hierarquia e que possibilitam ao
empregado almejar uma escala vertical, esta perdendo espaço dentro do ambiente
organizacional. Há uma tendência na gestão de pessoas em contratar trabalhadores
com múltiplas tarefas e numa organização mais horizontal do trabalho
Com isso, faz-se cada vez mais necessário estudar alternativas de gestão
que gerem um sentimento de crescimento pessoal, que estimulem o
desenvolvimento dentro das organizações (não vertical como no esquema de
hierarquias de cargos, mas horizontal no sentido de manter-se no mesmo cargo,
mas com possibilidade de melhorar a remuneração), políticas que possam construir
planos de remuneração vinculados ao desenvolvimento pessoal, ao
comprometimento com os resultados, ao interesse em inovar e trabalho com
qualidade (FLANNERY, 1997, p.13 a 21).
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Partindo desses pressupostos, estabelecer uma gestão baseada na
remuneração vinculada à produtividade e ao desenvolvimento das pessoas seria
uma estratégia possível para atingir o comprometimento dos funcionários, o
interesse em praticar a criatividade e os níveis de produtividade e qualidade,
indispensáveis para o sucesso da empresa.
As empresas estão começando a compreender que o salário não deve mais ser considerado apenas em termos de cargos específicos e resultados financeiros correntes. A remuneração deve estar ligada às pessoas, ao desempenho individual e em equipe e à visão e aos valores organizacionais mantidos por esse desempenho [...] Uma estratégia de remuneração eficientemente projetada e cuidadosamente alinhada com certeza não tornará todos os funcionários felizes e satisfeitos, nem eliminará todos os problemas comportamentais de uma empresa. Essa estratégia, no entanto, auxiliará muito na melhora do desempenho e dos resultados. (FLANNERY, 1997, p. 20 e 21)
Remuneração, segundo Willian Werther (apud COPELLI, 2005, p.1), é o que
os empregados recebem em troca do seu trabalho. Constitui-se como uma espécie
de recompensa externa ao indivíduo, que estimula comportamentos e motiva ao
trabalho. Quando estruturado com a participação e de acordo com as expectativas
dos funcionários, um sistema de remuneração pode gerar, entre outras
consequências, motivação, comprometimento, espírito de equipe e o alcance de
metas e resultados. Estes modelos de gestão possibilitam um direcionamento do
trabalho em grupo e uma distribuição das responsabilidades, deixando de ser
hierarquizado, burocrático e inibidor da criatividade para tornar-se mais flexível
menos hierarquizado, gerador de oportunidades e motivador na busca de melhorias
e constante competitividade.
Sistema de remuneração é um conjunto de programas e de práticas que visa encorajar e reforçar empenhos, comportamentos e ações necessárias para o sucesso corporativo. Seu objetivo prioritário é o de gerar um padrão de conseqüências positivas para o esforço de trabalho, onde, na terminologia da psicologia, conseqüência é tudo aquilo que acontece ao indivíduo em decorrência de determinada ação ou conduta. Segundo o que se denominou de “teoria da expectância”, a motivação individual é função de duas expectativas: i) o esforço produz performace; ii) performace resulta em algum tipo de recompensa. (DYNAMO 40, 2006, p.1, grifos do autor)
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É importante salientar que existem algumas orientações que são
indispensáveis para o bom desenvolvimento de um sistema de remuneração, tais
como: transparência do processo (desde o contrato de admissão, do esclarecimento
da função e das políticas internas da empresa), objetividade e equilíbrio. Se estes
fatores são bem planejados e executados, a política adotada poderá despertar nas
pessoas um sentimento de segurança, reconhecimento, autoestima positiva e
autorrealização.
A remuneração estratégica, quando estruturada de acordo com o ambiente da
organização, pode ser uma ferramenta para agregar o comprometimento dos
funcionários. Este fator desencadeia um sentimento de reciprocidade gerando
confiança e melhorando progressivamente o desempenho de cada funcionário.
Como consequência, a produtividade do indivíduo acaba sendo influenciada em
razão da sua satisfação e do seu bem-estar. A melhor qualidade no trabalho gera
melhor qualidade de vida, o que qualifica os produtos e serviços.
De acordo com Ehrenberg e Smith (2000, p. 413-414), existem algumas
realidades práticas que precisam ser consideradas ao relacionar a remuneração à
produtividade:
Os trabalhadores diferem entre si em hábitos de trabalho que afetam
consideravelmente a produtividade, mas que são frequentemente
difíceis (onerosos) de observar antes da contratação e, às vezes,
mesmo depois que esta tenha ocorrido;
A produtividade de um trabalhador, como um certo nível de capital
humano, pode variar consideravelmente com o passar do tempo ou em
ambientes diferentes, dependendo de seu nível de motivação;
A produtividade do trabalhador por um dado período de tempo é função
da capacidade inata, do nível de esforço e do meio ambiente (o tempo,
as condições econômicas gerais ou as ações de outros funcionários);
Ser altamente produtivo normalmente não é apenas uma questão de
seguir ordens servilmente, mas antes, de tomar iniciativas para ajudar
a atingir os objetivos do empregador.
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Ao levantar a questão da produtividade, é fundamental considerar a relação
do trabalhador com o ambiente e sua motivação para desenvolver suas funções.
Nesse sentido, estabelecer políticas que possam aguçar a vontade e a satisfação
pelo trabalho são importantes fatores motivacionais e que mantêm o interesse do
funcionário.
Parafraseando Ehrenberg e Smith (2000), os trabalhadores podem ser vistos
como maximizadores de utilidade. Eles são motivados principalmente pelo interesse
próprio e valorizam o lazer e os bens. Com isso, podem realizar tarefas mesmo que
não desejem, desde que os motivos sejam compensatórios. Os trabalhadores
podem ser motivados a produzir mais quando a empresa delimita modelos
adequados de “medidas de compensação que efetivamente o motivem”
(EHRENBERG e SMITH, 2000, p. 422) e para isso é importante considerar a
influência do grupo sobre o indivíduo e sobre a produção. Então, trabalhar o grupo
passa a ser um dos focos para se obter um bom desempenho das pessoas dentro
da organização. O trabalho em grupo passa a ser uma ferramenta positiva na
questão da motivação para a produtividade, desde que desperte nas pessoas
envolvidas o sentimento de justiça e de lealdade em grupo.
Os trabalhadores que se sentem tratados injustamente podem sair, reduzir seu nível de esforço, roubar do empregador ou até sabotar a produção a fim de “acertar contas” [....] A generalizada tendência humana de identificar-se com o grupo pode ser assim um importante fator de motivação para uma dada produtividade. As políticas destinadas a alinhar os interesses dos empregados com os de seus empregadores provavelmente serão seriamente falhas se existirem em um meio ambiente que ignora questões de lealdade em grupo. (EHRENBERG e SMITH, 2000, p.423 e 424)
A remuneração baseada na produtividade deve ser um complemento ao
salário-base, principalmente pelo motivo que o empregado não deve assumir o risco
do negócio e precisa ter uma renda fixa mensal para poder arcar com suas
despesas. É preciso vincular este pagamento a indicadores de produtividade que
possam estabelecer metas a serem cumpridas e que forneçam aos trabalhadores
referências que justifiquem seus esforços. Estabelecer um planejamento de
remuneração é um importante fator de motivação para tornar a força de trabalho
produtiva e lucrativa, especialmente porque “os esforços dos trabalhadores
aumentam com seu nível de pagamento”. (EHRENBERG e SMITH, 2000, p. 436).
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Quando idealizada e articulada como complemento à remuneração baseada
na produtividade, essa prática pode ser um incentivo. Porém, existem algumas
questões que a tornam insatisfatória e que afetam negativamente o indivíduo e o
grupo. A oscilação do pagamento da remuneração que complementa o salário é um
dos grandes responsáveis pelo fator negativo; por ser proporcional à produtividade,
aos lucros ou às vendas, nem sempre é contínua ou crescente, pode haver
momentos em que pode ser nula e não representar ganhos.
Exercício 10 1. Assinale a alternativa INCORRETA: a) Atualmente as empresas assumem práticas administrativas que favorecem a emergência do capital humano como fator principal para o sucesso do negócio. b) As mudanças nas práticas administrativas solidificam os antigos valores, a cultura e as estruturas organizacionais. c) O reconhecimento do capital humano como valor da empresa cria novas formas de administrar as pessoas por meio de políticas de recursos humanos que integram todos os setores da empresa. d) A valorização das pessoas nas organizações é tida como condição para obter o comprometimento de todos e atingir os objetivos determinados. e) O comportamento gerado pela cultura e pelos valores que existem no âmbito interno são fatores que influenciam na motivação dos funcionários. 2. Existem vários fatores que influenciam fortemente no posicionamento das empresas com relação às estratégias destinadas à gestão de pessoas. Entre estes fatores estão: a) A demanda crescente por competências e capacidades individuais e empresariais, a maior expectativa dos clientes, os ciclos cada vez mais curtos, mudanças nos requisitos pessoais, a expansão do mercado global e a concorrência desleal. b) Aperfeiçoamento da espionagem empresarial, mudanças nos mercados emergentes, globalizações, acesso imediato às informações, fortalecimento dos sindicatos e das relações trabalhistas. c) A globalização, o crescimento de mercados em economias subdesenvolvidas, fidelização dos clientes, mudanças nos requisitos pessoais, acesso às informações pessoais através de sites de relacionamento e o assédio constante da concorrência.d) Democratização da tecnologia, crescimento da concorrência, crescimento na demanda por desenvolvimento pessoal, maior expectativa de vida, mudanças de valores e costumes dos clientes e valorização do talento individual em detrimento da equipe. e) A expansão da tecnologia, a concorrência global, a demanda crescente por competências e capacidades individuais e empresariais, a maior expectativa dos clientes, os ciclos cada vez mais curtos e mudanças nos requisitos pessoais.
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3. As políticas de cargos e salários, que são as grandes responsáveis pelas promoções e aumentos de salários e os planos de carreira, que envolvem uma hierarquia e que possibilitam ao funcionário almejar uma escala vertical estão perdendo espaço dentro do ambiente organizacional. Isto se deve a que: a) As competências e habilidades estão distribuídas de forma igualitária entre a equipe, o que dificulta a ascensão profissional. b) Há uma tendência na gestão de pessoas em contratar trabalhadores com múltiplas tarefas e numa organização mais horizontal do trabalho. c) As empresas têm baseado sua estratégia na divisão igualitária de tarefas, dificultando o desenvolvimento e crescimento dos funcionários. d) Tendência na gestão de pessoas em contratar trabalhadores que não almejam por cargos de chefia, diminuindo atritos e prejuízos ao clima organizacional na empresa. e) Alterações nas políticas, visão e cultura organizacionais que buscam o tratamento horizontalizado e baseado na política de igualdade de seus funcionários. 4. Assinale a alternativa correta: a) Os investimentos em treinamento e desenvolvimento constituem-se como uma espécie de recompensa externa ao indivíduo que estimula comportamentos e motiva ao trabalho. b) Aumentar os investimentos em treinamentos corporativos e benefícios, de forma a fidelizar os funcionários e estimular a criatividade, produtividade e qualidade nos produtos e serviços. c) Estabelecer uma gestão baseada na remuneração vinculada à produtividade e ao desenvolvimento das pessoas seria uma estratégia possível para atingir o comprometimento dos funcionários, o interesse em praticar a criatividade e os níveis de produtividade e qualidade, indispensáveis para o sucesso da empresa. d) Quando estruturado com a participação e de acordo com as expectativas dos funcionários, a participação nos lucros, entre outras consequências, gera motivação, comprometimento, espírito de equipe e o alcance de metas e resultados.e) O modelo de gestão participativa possibilita um direcionamento do trabalho em grupo e uma distribuição das responsabilidades, deixando-o hierarquizado, burocrático e inibidor da criatividade.
6.2 Remuneração variável
A remuneração baseada na produtividade, ou em algum outro indicador de
desenvolvimento ou de desempenho, é chamada de remuneração variável,
principalmente pelo fato de não ser contínua, permanente e sim ser estabelecida em
períodos mais longos e de acordo com o percentual de metas e objetivos
previamente estipulados que foram atingidos.
Uma gestão baseada em um planejamento de remuneração variável,
elaborado a partir da identificação, definição dos problemas e análise das
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oportunidades/possibilidades poderia gerar atividades mais criativas, orientações
estratégicas, objetivos e metas com maior possibilidade de serem atingidos e maior
comprometimento dos funcionários. Trata-se de um sistema integrado onde haja
trabalho em equipe e uma proposta de recompensa coordenados.
As profundas transformações que as empresas vêm sofrendo exigem novos
sistemas de remuneração. Em ambientes caracterizados por formas modernas de
organização do trabalho – como celularização, multifuncionalidade e poucos níveis
hierárquicos –, não faz sentido recompensar a contribuição individual ou coletiva
apenas com base em descrições de atividades e definição de responsabilidades.
Então, a questão central é transformar a visão da remuneração como fator de custo
para uma visão da remuneração como fator de aperfeiçoamento da organização,
como impulsionador de processos de melhoria e aumento da competitividade
(COOPERS e LYBRAND, 1996, p. 39).
Na construção de um sistema de remuneração estratégica, em primeiro lugar,
é essencial realizar um diagnóstico da realidade da organização, considerando suas
formas de remuneração, sua aplicabilidade e adequação. Em seguida, é necessário
construir um sistema próprio que resulte em melhora e benefícios, um sistema que
seja transparente e funcional e que gere uma aceitação de todos os indivíduos
envolvidos com a organização. “A remuneração estratégica derruba o mito do
sistema universal de gestão de salários. O sistema de remuneração passa a ser
parte do sistema gerencial da organização e, se bem balanceado, fonte autêntica de
diferenciação e vantagem competitiva”. (COOPERS e LYBRAND, 1996, p. 43)
A remuneração estratégica ou variável é composta por três fatores (COPELLI,
2005, p.2): o salário-base; os benefícios e a remuneração variável. O salário-base é
uma forma fixa de recompensar a contribuição que cada funcionário dá à empresa. É
um pagamento pelo trabalho de acordo com a função que cada um desempenha.
Em nível de competitividade e de enquadramento dentro das normas estabelecidas
pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), é necessário que o salário-base seja
fixado de acordo com a função, tempo de serviço e com uma média dos salários do
mercado regional.
Os benefícios correspondem aos complementos que são concedidos aos
funcionários.
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Exemplos comuns de benefícios são: plano de saúde, auxílio educação,
assistência odontológica, dentre outros.
A característica distinta da maioria dos benefícios é que eles compensam os trabalhadores numa forma que não é em dinheiro que se possa gastar de imediato. Em geral, há duas amplas categorias [...] pagamentos em bens, isto é, compensação na forma de algum produto [...] e compensação adiada, que é ganha agora, mas que será paga na forma de dinheiro mais tarde. (EHRENBERG e SMITH, 2000, p. 301 e 302)
A remuneração variável é qualquer modalidade de pagamento recebida pelo
trabalhador que se adiciona à remuneração fixa e indireta e está normalmente
associada ao desempenho do indivíduo, equipe e/ou de toda organização. Assim,
constatam-se flutuações em seus valores podendo até ser nula (por exemplo,
prejuízo da empresa, não atingimento de metas, dentre outros). É considerada um
incentivo concedido periodicamente aos funcionários de acordo com o alcance de
metas pré-estabelecidas e atua de forma a não permitir o crescimento descontrolado
da folha de pagamento. Alguns exemplos de remuneração variável são: Participação
nos Lucros ou Resultados (PLR), comissão por vendas, pagamento por produção e
participação acionária.
Segundo Álvares (1999), a participação nos lucros ou resultados é uma das
formas de remuneração variável mais conhecida pelas empresas no Brasil. Teve
grande aceitação por parte dos empresários porque impulsiona os funcionários a
participarem mais do negócio, a buscar qualidade, maior produtividade e incentiva a
redução de custos. Além disso, não incide sobre os encargos trabalhistas.
A PLR: deve ser um instrumento de integração entre capital e trabalho; deve
servir como incentivo à produtividade; deve ter regras claras e objetivas, podendo
ser considerados como critérios e condições: os índices de produtividade, qualidade
ou lucratividade; os programas de metas, resultados e prazos pactuados; a não-
constituição de base para qualquer encargo trabalhista ou previdenciário; a
periodicidade do pagamento não poderá ser inferior a um semestre (ALVARES,
1999, p.172).
É necessário, como salienta Flannery (1997), antes de propor qualquer
programa de remuneração variável, realizar uma análise da situação por meio de um
diagnóstico detalhado da empresa, da sua cultura e política de atuação. É
indispensável, também, ter o envolvimento daqueles que fazem parte da empresa,
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devendo o programa ser claro, objetivo e bem assimilado por todas as partes
envolvidas no processo, pois certamente uma proposta embasada na remuneração
como estratégia acarretará mudanças tanto organizacionais como de
comportamento das pessoas. Assim, será possível obter benefícios por meio da
implantação de um novo sistema de remuneração.
Exercício 11
Assinale a definição correta de remuneração variável:
a) É um pagamento pelo trabalho de acordo com a função que cada um desempenha.
b) Qualquer modalidade de pagamento recebida pelo trabalhador que se adiciona à remuneração fixa e indireta e está normalmente associada ao desempenho do indivíduo, equipe e/ou de toda organização.
c) Soma do salário-base com os benefícios oferecidos pela empresa.
d) Constitui-se como uma espécie de recompensa externa ao indivíduo que estimula comportamentos e motiva ao trabalho.
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UNIDADE 7 - TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO
Os processos e/ou ações para preparar e desenvolver talentos através do uso
de ferramentas de treinamento devem simplesmente tentar orientar as experiências
de aprendizagem em sentido positivo e benéfico e suplementá-las com atividades
planejadas, a fim de que estes profissionais em todos os níveis desejados possam
rapidamente desenvolver os conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas que
propiciarão a todos os resultados desejados. Precisa ser um processo contínuo de
eventos e ações, não adianta acreditar ou afirmar que somente uma ação é capaz
de promover mudanças, não é verdade!
Um ciclo de ações corretas, com diagnósticos bem elaborados, com bases
sustentáveis, objetivos claramente identificados e palpáveis, indicadores a serem
acompanhados e medidos dentro de um período acordado é que poderão propiciar
mudanças, e não um passe de mágica, como muitos ainda acreditam ser possível.
O processo assemelha-se a um sistema aberto, com entradas (inputs)
considerados os treinandos e/ou os recursos organizacionais; processamento ou
operação (throughputs) considerando os processos de aprendizagem individual
e/ou os programas propriamente ditos; saídas (outputs) considerando o alcance
dos resultados delineados e esperados, o sucesso, a eficácia da organização e
finalmente, a retroação (feedback), ou seja, a avaliação dos procedimentos e
resultados do treinamento através das diversas formas disponíveis (avaliações de
aprendizagem, acompanhamento de indicadores, avaliações de desempenho), etc.
Observe a figura abaixo:
Figura 6 - Ciclo do Processo de Treinamento e Desenvolvimento
Fonte: Chiavenato, 1999
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A organização como um sistema aberto recebe inputs, planeja estes inputs
em bases sustentáveis, processa-os por meio de adequadas metodologias de
ensino-aprendizagem, acompanha e verifica os resultados e finalmente mede os
mesmos através de indicadores pré-acordados, procurando torná-los mais
adequados aos objetivos.
Figura 7 – Fluxo de Treinamento – Elaboração de uma Ação
Fonte: Chiavenatto, 1999
Analisando o fluxo acima, temos um exemplo de quais etapas devem ser
pensadas, analisadas, discutidas e seguidas para a obtenção de um adequado
programa ou ação de Treinamento para a obtenção de resultados eficazes.
Vamos entendê-las uma a uma:
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1. Programa e/ou Ação: trata-se do desenho inicial referente ao “o que”,
“como”, “como” e “quando” o programa ou ação será aplicado, levam-se
em conta todos os aspectos já explicitados até o momento;
2. Levantamento de Necessidades: trata-se da elaboração adequada e
sustentada de um correto diagnóstico das causas e necessidades a
serem aperfeiçoadas, melhoradas, alteradas ou desenvolvidas, conforme
a complexidade, o público alvo e os objetivos a serem obtidos;
3. Estabelecimento de Objetivos: trata-se do momento em que após o
levantamento de necessidades acordam-se quais objetivos devem ser
alcançados ao término da ação/programa;
4. Obtenção de Consenso: área desenvolvedora da ação em conjunto
com a área requisitante (fornecedor e cliente) avalia se até o momento o
entendimento e as diretrizes estão atendendo as expectativas
levantadas; em caso negativo, passa-se para a fase de ajuste. Em caso
positivo, começa-se a elaboração do programa/ação propriamente dito;
5. Ajuste: nesta etapa, cliente e fornecedor revisam as solicitações de
ajustes no desenho inicial. Em caso de consenso, seguem com a
elaboração do programa; em caso negativo, continuam efetuando
ajustes até que o consenso seja obtido. Esta etapa, muitas vezes é
deixada de lado, ou pouco explorada, o que pode acabar invalidando
todo um investimento realizado;
6. Elaboração do Programa: após todos os ajustes e obtenção de
consensos, revisões e acertos, é o momento de elaborar o programa que
finalmente será testado;
7. Definição de Métricas: após a elaboração do programa, devem ser
acordados os indicadores, que devem servir de métrica para avaliar e
validar o alcance dos objetivos estabelecidos;
8. Obtenção de Consenso: com relação ao estabelecimento das
métricas a serem mensuradas;
9. Aplicação do Piloto da ação: caso o consenso tenha sido obtido até
esta etapa, estabelece-se uma data e uma amostra do público alvo para
aplicar o que se chama turma piloto. Esta turma é uma turma
experimental que pode contribuir com sugestões de melhoria e
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adequação do programa/ação objetivando maior eficiência e eficácia;
10. Avaliação dos Resultados: ao término da turma piloto, todos os
envolvidos se reúnem novamente (cliente, fornecedor e participantes) e
avaliam se a ação está adequada ao alcance dos objetivos
estabelecidos;
11. Verificação da Adequação: nesta etapa, verifica-se a adequação do
programa, caso seja validado, parte-se para a aplicação do mesmo,
conforme cronogramas, prazos, público, investimento e objetivos
delineados até a etapa 6. Caso o programa não seja validado, é
necessário a realização de novos ajustes e realização de nova turma
piloto até que o mesmo seja finalizado como adequado;
12. Aplicação do Programa: é a aplicação do programa finalizado a
todo o público alvo delineado até a fase 6;
13. Avaliação dos Resultados: após e durante a aplicação do
programa, os resultados devem ir sendo avaliados e, caso seja
necessário, ainda podem ser realizados ajustes mínimos de forma a
melhorar ainda mais os resultados;
14. Consolidação e Relatórios: através do acompanhamento e da
geração de números e indicadores previamente acordados demonstram-
se os resultados obtidos com a ação/programa; em sendo positivos,
geram receitas de médio a longo prazos; em sendo negativos, fica
caracterizado que, apesar de todos os esforços, pode ter acontecido
alguma falha de interpretação, tomada de decisão, entendimento ou
diagnóstico inadequados, ou, até mesmo, que não era a ação/programa
de treinamento que resolveria a solução levantada. Muitas vezes trata-se
de situações de caráter cultural ou organizacional que não são
resolvidas no âmbito de ações de treinamento;
15. Fim do Processo: os resultados sendo apurados, os indicadores
mensurados, os relatórios gerados e, o principal, os objetivos alcançados
e percebidos pela organização, o trabalho está concluído.
Para ilustramos que o fluxo pode ser desenhado de diferentes formas, usando
criatividade e inovação e sendo aplicado conforme a necessidade de cada
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organização observe a figura a seguir e compare-a com as etapas que acabamos de
apresentar. Você irá perceber que ambos possuem as mesmas etapas em seus
devidos lugares, no entanto diferenciam-se, apenas na forma de apresentação, um
mais tradicional e outro um pouco mais atraente e moderno dentro do cenário
atual.
Figura 8 - Implantação do Processo de Treinamento e Desenvolvimento
Fonte: Chiavenato, 1999
Levantamento das Necessidades
Específicas (O QUE / POR QUE)
Manutenção da Aprendizagem
(DIAGNÓSTICO)
Escolha das Técnicas
Adequadas (ESCOPO)
Pesquisa de Conteúdo
Elaboração do Conteúdo
Preparação Instrutores
Execução do Treinamento
Definição de Métricas
Avaliação e Controle dos Resultados
Relatório de Treinamento
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10
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7.1 O Processo de Treinamento e suas diversas abordagens
Durante todo o processo de construção e incentivo de nossa aprendizagem,
temos realizado reflexões e sugerido interligações nos mais diferentes saberes e
conhecimentos que fazem com que possamos utilizar a ferramenta treinamento para
de fato preparar e desenvolver talentos e que cada participante possa por seus
próprios caminhos e descobertas encontrar alternativas criativas e inovadoras para
as mais diferentes situações e/ou desafios que nos são apresentados nesta área de
atuação.
Importante ressaltar, mais uma vez, que não existe verdade absoluta, nem
saber ou processo que não possa ser redesenhado, alterado, ajustado, melhorado,
tudo é mutável a todo o momento. O fato é que não existe uma receita de bolo,
pronta que seja aplicável a todas as organizações e a todos os indivíduos, visto que
já concluímos que não existe um igual ao outro, diferindo em suas individualidades,
saberes, conhecimentos e necessidades.
Abaixo apresentamos, com forma de conhecimento básico, quadro referente
ao resumo de um processo/ação de treinamento, extraído de Chiavenato (1999).
Este quadro é interessante, porque define de forma resumida, no ponto de vista do
autor, as situações e fases referentes ao fluxo de uma ação/processo de
treinamento:
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Quadro 6 - Etapas do processo de T&D
Fonte: Chiavenato (1999, p. 28)
As abordagens acerca do treinamento variam desde uma centralização em
uma determinada área até a necessidade de uma ação corporativa, ou seja,
abrangendo todas as áreas da organização.
Os gestores e/ou clientes que solicitam uma ação/processo de treinamento
podem utilizar diversos caminhos para identificar as necessidades da solicitação em
sua área ou de forma corporativa, vejamos alguns exemplos:
Avaliação de Desempenho: é uma importante ferramenta que pode
ajudar: ao gestor, ao profissional, à área de educação
corporativa/treinamento, a identificar a necessidade de uma ação de
capacitação, reforço, melhoria ou desenvolvimento, comparando
padrões, competências, objetivos e resultados obtidos versus os
desejados ou acordados;
Análise da Descrição de Cargos/Função: onde devem estar
descritos os conhecimentos e habilidades necessários ao bom
desempenho, bem como o nível de complexidade desejado para cada
um destes conhecimentos e habilidades;
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Análise Organizacional: através de aplicação de uma pesquisa de
clima onde podem ser facilmente identificadas oportunidades de
melhoria e desenvolvimento, tanto organizacionais de forma
corporativa, como departamentais ou individuais. Neste item também
pode ser avaliado o histórico de resultados obtidos em anos anteriores
versus os atuais e assim agir de forma a alterar os próximos
resultados;
Levantamento de Necessidades de Treinamento: onde os próprios
gestores, utilizando formulários especialmente desenvolvidos para este
fim, cruzando com os desafios estabelecidos para sua área de
responsabilidade e os objetivos propostos a serem alcançados, propõe
ações específicas, para seu time;
Planejamento Estratégico: através do estabelecido e acordado pela
cúpula da organização, com base em sua missão, visão e valores, bem
como nas competências estratégicas e organizacionais a ser
desenvolvidas, identificar oportunidades e necessidade de preparar e
desenvolver profissionais para os novos desafios e adversidades.
No quadro anterior podemos observar as diversas abordagens possíveis que
podem ser categorizadas às ações/processos de treinamento em uma organização
tendo por base a relação fornecedor/cliente/fornecedor.
Diante do exposto, podemos ainda encontrar uma forma de estabelecermos
os passos a serem seguidos, sem deixar de lado nenhuma etapa importante e ainda
contribuir com o gestor/requisitante da ação na correta identificação e elaboração do
passo a passo para melhoria de seus processos e resultados.
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Observe o Passo a Passo a seguir, é bem fácil!
FASE 1
FASE 2
Definir Escopo Identificar metodologia adequada ao
processo de ensino-aprendizagem
Pesquisar Conteúdo Pesquisar, literatura, procedimentos,
exercícios, cases... processos material
Transmissão Conhecimento
Permitir a troca de idéias, a construção do saber e do conhecimento entre todos
Estabelecer Indicadores Identificar padrões de
medição em parceira com a área cliente
Verificar resultados e gerar relatórios
O que O que é necessário que alguém aprenda
Por que Qual o motivo que gerou a necessidade?
Diagnóstico
O que se deseja como resultado final? Objetivo
Qual a real necessidade de aprendizado?
Conhecer o público Quem é o público alvo a ser treinado?
Acompanhar
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Exercício 12 O Modelo de Kirkpatrick contempla: a) 02 níveis de avaliação: Reação e Aprendizagem. b) 01 nível de avaliação: Reação. c) 03 níveis de avaliação: Reação, Aprendizagem e Resultados. d) 04 níveis de avaliação: Reação, Aprendizagem, Mudança de Comportamento e Resultados. e) Não são contemplados níveis de aprendizagem, mas sim avaliações entre o participante e sua gestão.
7.2 Utilizando o PDCA como ferramenta de treinamento
Para entendermos o que significa o modelo de gestão PDCA (Planejar,
Desenvolver, Controlar e Agir) e sua aplicação em treinamento, precisaremos fazer
uma rápida passadinha pelos conceitos que permeiam as ferramentas, conceitos e
processos de Qualidade.
É preciso que tenhamos bem definido em nossa aprendizagem que as
organizações são constituídas por seu capital intelectual (pessoas); por seu
patrimônio (máquinas, computadores, móveis...) com o objetivo de gerar bens ou
serviços que atendam de forma mais do que satisfatória as necessidades de seus
clientes. Que estas necessidades sejam amplamente satisfeitas e mais ainda, que
os clientes se sintam encantados e/ou surpreendidos com os resultados.
Os conceitos de Qualidade baseiam-se exatamente na garantia do alcance
desta satisfação, no estabelecimento de um padrão que propicie um custo adequado
com um valor agregado sempre em tendência crescente. Vamos entender por valor
agregado o conjunto de melhorias que cada área ou profissional pode acrescentar
em um processo para torná-lo mais viável, proporcionando o máximo de satisfação e
o mínimo de investimento.
Os processos de Qualidade fundamentam-se em princípios muito similares ao
que temos discutido ao longo de nossa aprendizagem, veja só:
Foco no cliente: ser capaz de ouvir e interpretar o que o cliente deseja
diagnóstico do processo/ação de treinamento;
Abrangência: princípios e métodos que conduzem ao alcance dos
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objetivos devendo ser consensados e seguidos por todos
elaboração do programa/ação de treinamento, definição das etapas,
estabelecimento dos objetivos;
Participação: desenvolvimento das atividades de forma harmoniosa
com a participação de todos, buscando crescimento e melhores
resultados validação das ações e desenhos propostos para o
treinamento, busca do consenso;
Fatos e Dados: o que gerou a real necessidade da ação baseado
em que instrumentos ou ferramentas foram identificadas as
necessidades de treinamento;
Visão Sistêmica: conhecimento do todo, visão global turma piloto
do processo/ação do treinamento proposto;
Melhoria Contínua: ter em mente que sempre há algo a melhorar;
verificar os resultados da turma piloto, fazer ajustes caso necessário;
Liderança: garantir a participação e harmonia no processo, bem como
a tomada de decisões correta; validação final do processo de
treinamento, incentivo a participação, acompanhamento e avaliação.
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