Gestao Financeira

57
UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO DISCIPLINA: GESTÃO FINANCEIRA – I PROF.: Sandra Magda Carvalho TURMA: OGE – CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS E ENQUADRAMENTO DA DISCIPLINA A FUNÇÃO FINANCEIRA A função financeira é o ponto de encontro entre as origens e aplicações de fundos na empresa. A função financeira faz parte do campo de acção de todas as decisões de ordem estrutural a nível de empresas. Ocupa um lugar importante entre as empresa no seu conjunto, através das várias técnicas: contabilidade, tesouraria, auditoria, fiscalidade, etc; que servem de base à informática, estatística, controlo de gestão, etc, e aos accionistas, credores fisco, etc. Definição : A função financeira é um subsistema do sistema organizacional (conjunto de pessoas e serviços), que numa organização, assumem a sua gestão financeira, através de preparação e execução das decisões financeiras. A função financeira varia de empresa para empresa, variando conforme a sua estrutura, hierarquia, etc. UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho 2

description

3 ano... curso de Gestao e Organizaçao de Empresas

Transcript of Gestao Financeira

Page 1: Gestao Financeira

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO

DISCIPLINA: GESTÃO FINANCEIRA – I

PROF.: Sandra Magda Carvalho

TURMA: OGE –

CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS E

ENQUADRAMENTO DA DISCIPLINA

A FUNÇÃO FINANCEIRA

A função financeira é o ponto de encontro entre as origens e aplicações de fundos

na empresa.

A função financeira faz parte do campo de acção de todas as decisões de ordem

estrutural a nível de empresas. Ocupa um lugar importante entre as empresa no

seu conjunto, através das várias técnicas: contabilidade, tesouraria, auditoria,

fiscalidade, etc; que servem de base à informática, estatística, controlo de

gestão, etc, e aos accionistas, credores fisco, etc.

Definição: A função financeira é um subsistema do sistema organizacional

(conjunto de pessoas e serviços), que numa organização, assumem a sua gestão

financeira, através de preparação e execução das decisões financeiras.

A função financeira varia de empresa para empresa, variando conforme a sua

estrutura, hierarquia, etc.

Assim, podemos identificar as principais diferenças entre as empresas são:

Dimensão da empresa;

Ramo de actividade;

Estrutura da empresa (centralizada ou descentralizada; etc)

Posição da função financeira: não existe qualquer regra que permita colocar a

função financeira no organigrama da empresa. Poderá fazer parte da função

administrativa e poderá tomar posição em organigrama ao lado da função

industrial, comercial e pessoal.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

2

Page 2: Gestao Financeira

O papel da função financeira: A função financeira prepara e executa as

decisões financeiras e o seu poder de decisão depende da dimensão e estrutura

da empresa.

O poder da função financeira está associado à orientação e metas a atingir, não

podendo pôr em causa a política financeira da empresa.

De forma geral, a função financeira ocupa um lugar importante junto da

administração, através da informação das acções previstas e realizadas por

outras funções, essencialmente a comercial e a industrial.

A função financeira está normalmente ligada à tomada de decisão. É através

desta função que é feita a síntese de todos os investimentos.

Atribuições da função financeira:

Salvaguardar a integridade do património e a autonomia financeira da

empresa;

Participar nas actividades de desenvolvimento no âmbito financeiro e

fazer uma gestão eficiente na aplicação de fundos.

A análise económica e financeira:

Consiste na colheita de informações e o seu estudo de forma a se poder obter um

julgamento sobre a situação económica e financeira da empresa.

Cabe-lhe determinar em que medidas são conseguidas os objectivos gerais e

particulares que correspondem ao conjunto das tarefas que integram a função

financeira.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

3

Administraçãoo

FunçãoPessoal

FunçãoIndustrial

FunçãoFinanceir

a

FunçãoComercial

Page 3: Gestao Financeira

O papel da análise económica e financeira na gestão:

A análise financeira é baseada em dados referentes à situação económica e

financeira da empresa as partir de documentos essencialmente contabilísticos.

Objectivo da análise financeira:

Os principais objectivos são:

Dar o tratamento dos dados de contabilidade e económicos,

referentes à empresa e sector;

Fazer com que a gestão recorra ao auxílio da função financeira (para

conhecimento da situação da empresa), através de uma análise

financeira que englobará o seguinte:

- Estudo da estrutura do activo;

- Financiamento;

- Auto financiamento, etc.

A gestão financeira:

Definição: A gestão financeira é um conjunto de acções e procedimentos

administrativos, envolvendo o planeamento, análise e o controle das actividades

financeiras as empresa, visando maximizar os resultados económico-financeiros

decorrentes de suas actividades operacionais.

A gestão financeira é considerada uma área síntese, que funciona com

elementos recolhidos de outras técnicas ou ciências.

Em esquema:

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

4

Page 4: Gestao Financeira

Portanto, a gestão financeira, caberá na administração das tarefas que integram

a função financeira e as suas actividades compreendem a previsão dos

acontecimentos a organização e coordenação dos meios materiais e humanos, a

tomada de decisão que impliquem actos executivos posteriores e o controle ou

verificação do cumprimento das tarefas predefinidas.

Os objectivos da função financeira:

A função financeira integra as tarefas ligadas à obtenção, utilização e controlo

dos recursos financeiros, especificamente os estudos e actuações relacionados

com:

A determinação das necessidades de recursos financeiros na empresa para

a realização dos seus programas operacionais com:

Planeamento das necessidades;

Inventariação dos recursos disponíveis;

Previsão dos recursos que poderão ser libertos pela própria actividade

normal;

Cálculo do montante dos recursos a obter fora da empresa;

Obtenção desses recursos, da forma mais vantajosa nomeadamente:

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

Gestão Financeira

EconomiaEconomia

ContabilidadeContabilidade

Técnicas de InvestigaçãoTécnicas de Investigação

Informática Informática

EstatísticaEstatística

DireitoDireito

MatemáticaMatemática

5

Page 5: Gestao Financeira

Custos e prazos;

Condições fiscais;

Condições contratuais;

Melhor relação entre os capitais próprios e capitais alheios.

Sua aplicação criteriosa por forma obter:

Uma estrutura financeira equilibrada;

Adequados níveis de eficiência e rendibilidade;

O controle das aplicações dos fundos obtidos:

Análise previsão/realização;

Estudo de desvios.

A rentabilidade dos investimentos efectuados numa perspectiva global ou

sectorial:

A empresa, no seu conjunto como projecto de investimento;

A rentabilidade dos diversos tipos de investimentos parcelares, dos diversos

tipos de capitais utilizados e da actividade em cada uma das fazes que a

compõem.

A função financeira e a contabilidade :

A função financeira e a contabilidade estão estreitamente relacionadas e em

geral se superpõem. Em grandes empresas muitos contabilistas estão

intimamente envolvidos em várias actividades financeiras.

A seguir são apresentadas as principais diferenças entre a função financeira e a contabilidade:

A função contabilista A função financeira

Avaliar a posição financeira da

empresa;

Desenvolver e fornecer dados

para medir o desempenho da

empresa;

Pagar impostos;

Preparar as demonstrações

financeiras;

Colecta apresentação dos

dados financeiros.

Enfatiza o fluxo de caixa

(entradas e saídas de caixa);

Manter a solvência da empresa;

Analisar e planejar o fluxo de

caixa para satisfazer as

obrigações;

Adquirir activos necessários ao

cumprimento dos caixas;

Analisa os demonstrativos

contabilísticos;

Desenvolve dados adicionais e

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

6

Page 6: Gestao Financeira

toma decisões.

Análise financeira e o valor:

Antigamente, a maioria das empresas eram avaliadas com base nos resultados

dos seus documentos contabilísticos. Muitas delas não conseguiam fazer face das

suas responsabilidades de médio e longo prazo, o que impulsionou o surgimento

da função do gestor financeiro, que através de suas técnicas de estudo, mantém

a solvência da empresa, analisando e planejando os fluxos de caixa para

satisfazer as obrigações e adquirir os activos necessários ao cumprimento dos

objectivos da empresa.

A análise financeira baseia-se num conjunto de técnicas com a finalidade de

avaliar e interpretar a situação económica e questões fundamentais para a

sobrevivência e desenvolvimento da empresa.

Este processo é fundamental para as diferentes partes interessantes na boa

gestão de empresas, nomeadamente:

Gestores: Com necessidade de acompanhar a evolução da situação e

controlar os planos, de forma a tomar decisões sobre o futuro.

Credores: Com necessidade de conhecer a situação actual e a evolução

provável, com a o fim de se assegurarem da possibilidade de reaverem os

seus créditos.

Os trabalhadores: Com interesse na segurança rendimento e dos

acréscimos de produtividade.

Investidores: Com interesse no conhecimento da situação actual e a

evolução futura, para que possam determinar o valor da empresa, para

investirem nela ou cederem a sua posição.

O Estado: Com interesse pela possibilidade que esta lhe dá de contribuir

para a resolução dos problemas que no momento, lhe são prioritários:

défice orçamental, desemprego, etc.

Clientes (e fornecedores): Interessados em conhecer o grau de

dependência e poder da empresa.

Ficha de trabalho:

1.1. Qual é a relação existente entre a função financeira, gestão financeira e

análise económica e financeira?

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

7

Page 7: Gestao Financeira

2.2. Comente sobre os principais objectivos da função financeira?

3.3. Quais as principais diferenças entre a função financeira e a contabilística?

4.4. Qual é a importância da análise financeira?

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO

DISCIPLINA: GESTÃO FINANCEIRA – I

Prof.: Sandra Magda Carvalho

TURMA: OGE - 31

CAPÍTULO II – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA

Para maior maximização dos resultados económicos - financeiros das actividades

operacionais da empresa, o Gestor financeiro deve adoptar procedimentos

administrativos que envolvem o planeamento, análise e controlo.

Os principais documentos que geralmente servem de base à análise económica –

financeira da empresa, são:

Os documentos de carácter contabilístico de síntese: Os balanços e Contas

de resultados;

Outros documentos contabilísticos: Orçamentos de tesouraria, orçamentos

financeiros e as demonstrações de origens e aplicações de fundos;

Informações extra contabilísticas: A empresa como entidade jurídica, o

produto e sua comercialização, as características do mercado e o

enquadramento sectorial da empresa, as condições de funcionamento

interno e a Situação conjuntural e institucional.

DOCUMENTOS CONTABILÍSTICOS:

O balanço e o mapa de Demonstração de Resultados são documentos síntese

mais importantes sobre a situação de uma empresa.

O balanço reflecte a situação patrimonial da empresa:

Qualitativamente, através da desagregação dos seus componentes em

bens, direitos e obrigações;

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

8

Page 8: Gestao Financeira

Qualitativamente, utilizando uma unidade de valor, a moeda para medir

cada um dos componentes ou grupos de componentes das massas

patrimoniais.

O Balanço :

O Balanço está dividido em três categorias fundamentais: activo, passivo e

capital próprio. O activo inclui tudo aquilo que a empresa possui e que é

susceptível de ser avaliado em dinheiro – disponibilidades (dinheiro em

numerário, depósitos bancários e títulos negociáveis), créditos sobre clientes,

stocks de mercadorias, equipamentos, instalações, etc. O passivo é o conjunto de

fundos obtidos externamente pela empresa, seja através de empréstimos, seja

através do diferimento de pagamentos (aos fornecedores, ao Estado, etc.).

Finalmente, temos o capital próprio, que corresponde ao capital pertencente aos

sócios. Ou seja, representa o valor do investimento realizado pelos proprietários

adicionado dos lucros (ou deduzido de eventuais prejuízos) obtidos ao longo dos

exercícios passados e do exercício corrente.

Existe uma relação fundamental que tem que verificar-se obrigatoriamente no

Balanço:

Activo = Passivo + Capital Próprio

Esta expressão constitui o princípio básico da contabilidade, segundo o qual a

aquisição do património da empresa (activo) tem que ser financiada por capitais

dos sócios (capital próprio) ou por capitais alheios (passivo). Um outro aspecto

fundamental é a relação entre activo circulante e passivo de curto prazo (ou

exigível num prazo inferior a um ano). Se o primeiro for superior ao segundo, a

empresa evidencia capacidade para satisfazer os seus compromissos de curto

prazo. Caso contrário, é provável que a empresa se veja forçada a recorrer a

empréstimos para saldar as suas dívidas mais imediatas. As principais rubricas do

activo são as seguintes:

Activo Fixo

Imobilizações corpóreas – activos tangíveis como terrenos, edifícios, equipamentos, mobiliário, veículos, etc.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

9

Page 9: Gestao Financeira

Imobilizações incorpóreas – activos intangíveis como despesas de

instalação, direitos de propriedade industrial, despesas de investigação e

trespasses.

Investimentos financeiros – participações de capital, empréstimos

concedidos e outros investimentos financeiros a médio e longo prazo.

Activo Circulante

Existências – inventários (stocks) de mercadorias ou matérias-primas

Clientes – dívidas dos clientes da empresa

Estado e Entes Públicos – dívidas de entidades públicas à empresa

Disponibilidades – dinheiro em numerário, depósitos à ordem e aplicações

financeiras negociáveis a curto prazo

Outros devedores – outros créditos que a empresa detém para com

terceiros

Já o passivo de uma empresa é constituído pelas seguintes rubricas

fundamentais:

Dívidas a Terceiros de médio e longo prazo – abrange todas aquelas dívidas

exigíveis num prazo superior a um ano ·

Dívidas a Terceiros de curto prazo – abrange todas aquelas dívidas exigíveis

num prazo inferior a um ano

O conjunto das dívidas (de curto ou de longo prazo) cuja natureza implica

uma remuneração ao credor (o juro) para além do pagamento do montante

devido, designa-se “ passivo financeiro ”. Inclui as dívidas a instituições

bancárias, empréstimos obrigacionistas, dívidas por contratos leasing, etc.

Tanto podem ser de curto como de médio/longo prazo.

O conjunto das dívidas que não têm uma natureza financeira designa-se “

passivo corrente ”, na medida em que decorrem da própria actividade da

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

10

Page 10: Gestao Financeira

empresa. Inclui os montantes devidos a fornecedores, ao Estado (impostos

e outros) e outros débitos decorrentes da actividade operacional da

empresa. Normalmente, o passivo corrente é de curto prazo (exigível a

menos de um ano).

O capital próprio é constituído pelas seguintes rubricas principais:

Capital social – representa o valor das entradas em dinheiro dos sócios

aquando da constituição da sociedade ou de um aumento de capital

Reservas – resultados acumulados ao longo de exercícios anteriores

Resultado líquido – resultado obtido no exercício a que reporta o balanço

A Demonstração de Resultados (DR):

A Demonstração de Resultados ou Contas de Resultados (Benefícios ou perdas),

contas de ganhos e perdas, é um documento contabilístico que informa o

resultado de uma empresa durante um período de tempo determinado.

Se os Ganhos > Gastos Obtivemos Benefícios

Se os Ganhos < Gastos Obtivemos Perdas

A DR reflecte os proveitos e os custos ocorridos ao longo de um determinado

período de tempo – trimestre, semestre ou ano. A diferença entre os proveitos e

custos constitui o lucro da empresa durante o período considerado. A estrutura da

DR compõe-se de quatro conceitos fundamentais.

Em primeiro lugar, temos o resultado operacional, ou seja, o resultado gerado

pela actividade principal da empresa. É obtido pela diferença entre as vendas da

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

11

Resultados = Ganhos –

Gastos

Page 11: Gestao Financeira

empresa e os custos operacionais (compra de mercadorias e matérias-primas,

salários e encargos, custos gerais de produção e amortização do imobilizado).

Em segundo, surge o resultado financeiro, que resulta da diferença entre

proveitos e custos de natureza essencialmente financeira (juros pagos e

recebidos, descontos de pronto pagamento obtidos e concedidos, rendimentos e

encargos de participações de capital, etc.).

Em terceiro, existe o resultado extraordinário, que abrange os custos e proveitos

com um carácter inesperado (sinistros, multas, dívidas incobráveis ou

recuperadas, etc.) ou meramente pontual (por exemplo, as mais ou menos valias

resultantes da alienação de componentes do activo imobilizado).

Finalmente, temos o resultado líquido (RL), que resulta da soma algébrica das

três componentes anteriores, deduzida do IRC. O Resultado Líquido faz a ligação

entre Demonstração de Resultados e Balanço, sendo também incluído nesse

último.

A Demonstração de Resultados é constituída pelos seguintes elementos:

(+) Vendas e/ou Prestações de Serviços (líquidas de IVA).

(-) Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas: inclui o custo de aquisição de mercadorias (produtos acabados), bem como de matérias-primas, subsidiárias e de consumo.

(-) Fornecimentos e Serviços Externos: custos de produção que, ou não são incorporados directamente no produto final (electricidade, água, combustíveis, comunicação e publicidade, transporte, higiene e limpeza, etc.) ou são realizados por agentes exteriores à empresa (subcontratos, honorários pagos, etc.).

(-) Custos com Pessoal: remunerações e encargos conexos (pensões, Segurança Social, seguros, etc.).

(-) Impostos: inclui impostos diversos, sejam indirectos (IVA, Imposto de Selo) ou directos

(-) Amortizações: valor correspondente ao desgaste do imobilizado, em consequência da simples passagem do tempo (desgaste “espontâneo”) ou da sua utilização (desgaste “funcional”).

(-) Provisões: parcelas do resultado destinados à cobertura de riscos latentes, tratando-se portanto de valores estimados e ainda não concretizados.

(=) Resultado Operacional: é o resultado gerado pela empresa antes de considerados outros custos e proveitos não relacionados com a actividade principal da empresa.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

12

Page 12: Gestao Financeira

(+) Proveitos Financeiros: inclui juros e outros rendimentos financeiros (de títulos de participação e participações de capital, descontos de pronto pagamento obtidos, etc.).

(-) Custos Financeiros: inclui juros e outros encargos financeiros (remuneração de títulos de participação, provisões para aplicações financeiras, descontos de pronto pagamento concedidos, etc.).

(=) Resultado Corrente: resulta da soma do Resultado Operacional com o Resultado Financeiro, ou seja, das actividades com um carácter não extraordinário.

(+) Resultado Extraordinário: custos e proveitos com um carácter inesperado (sinistros, sobras, multas, dívidas incobráveis ou recuperadas, etc.) ou meramente pontual (resultantes, por exemplo, de mais ou menos valias decorrentes da alienação de imobilizado afecto ou não à exploração).

(=) Resultado Antes de Impostos: resultado sobre o qual irá incidir a taxa de imposto a pagar (IRC).

(-) Imposto sobre o Rendimento do Exercício: valor que resulta da aplicação da taxa de imposto.

(=) Resultado Líquido.

OUTROS DOCUMENTOS CONTABILÍSTICOS:

Além dos balanços e das contas de resultados, outros documentos elaborados

pelas empresas assumem importante interesse muito especial na análise à

situação financeira. Trata-se dos Orçamentos de Tesouraria ou Demonstração dos

Fluxos de Caixa, Orçamentos Financeiros, e das Demonstrações de Origens e

Aplicações dos Fundos.

Tradicionalmente as contas publicadas pelas empresas incluíam o Balanço, a DR

e, eventualmente o Mapa de Origem e Aplicação de Fundos (MOAF). Hoje este

documento perdeu importância relativa face à Demonstração dos Fluxos de Caixa

(DFC) ou mapa de tesouraria. A grande diferença entre eles é que enquanto o

MOAF coloca-se na óptica dos fundos circulantes (activos de curto prazo), a DFC

foca-se exclusivamente nas disponibilidades (caixa, depósitos e títulos

negociáveis).

O Orçamentos de Tesouraria ou Demonstração dos Fluxos de Caixa :

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

13

Page 13: Gestao Financeira

A Demonstração dos Fluxos de Caixa completa a informação apresentada no

Balanço e Demonstração de Resultados, salientando o envolvimento dos

recebimentos previstos para a actividade (ou com a mesma relacionados) com os

pagamentos que a empresa deverá efectuar, reportados ao mesmo período de

tempo (mês, trimestre, ano ou numa outra perspectiva de muito curto prazo, dia,

semana, quinzena etc). Este documento não se encontra sujeito às políticas de

amortizações e provisões (o que o torna mais objectivo) e permite ao analista

externo detectar mais facilmente quer o potencial de negócio, quer as

necessidades graves de tesouraria e potencias falências.

A DFC apresenta três grandes categorias de fluxos: os provenientes de

actividades operacionais, de actividades de investimento e, por fim, de

actividades de financiamento. Conjuntamente, estes três fluxos permitem

explicar a variação de caixa e seus equivalentes.

Eis como o documento é construído:

Actividades operacionais

(+) Recebimentos de clientes

(-) Pagamentos a fornecedores

(-) Pagamentos ao pessoal

(=) Fluxo gerado pelas operações

(+/-) Pagamentos/recebimentos do IRC

(+/-) Outros recebimentos/pagamentos relativos à actividade operacional

(=) Fluxo gerado antes das rubricas extraordinárias

(+) Recebimentos relacionados com as rubricas extraordinárias

(-) Pagamentos relacionados com as rubricas extraordinárias

(=) Fluxo das actividades operacionais

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

14

Page 14: Gestao Financeira

Actividades de investimentos

(+) Recebimentos provenientes de (investimentos financeiro, imobilizações corpóreas e

incorpóreas, subsídios de investimento, juros e proveitos similares, dividendos, etc.)

(-) Pagamentos respeitantes a (investimentos financeiros, imobilizações corpóreas e incorpórea,

etc.)

(=) Fluxo das actividades de investimento

Actividades de financiamento

(+) Recebimentos provenientes de (empréstimos obtidos, aumentos de capital, prestações

suplementares e prémios de emissão, subsídios e doações, venda de acções ou quotas próprias,

cobertura de prejuízos)

(-) Pagamentos respeitantes a (empréstimos obtidos, amortizações de contratos de locação

financeira, juros e custos similares, dividendos, redução do capital e prestações suplementares,

aquisição de acções ou quotas próprias, etc.)

(=) Fluxo das actividades operacionais

Resumidamente temos:

Recebimentos: De clientes, de vendas etc.

Pagamentos: Mão-de-obra, encargos sociais. Outros encargos fixos, matérias-primas, comissões,

outras despesas de distribuição, despesas administrativas, investimento em capital fixo,

empréstimos bancários, etc.

Saldos: É a diferença entre os recebimentos e os pagamentos

Acumulados: Relativo aos somatórios dos saldos.

O Orçamento Financeiro :

O orçamento financeiro é um complemento necessário do orçamento de

tesouraria. Procura dar adequada utilização aos saldos positivos do orçamento de

tesouraria e planeia-se o esquema de cobertura dos défices que este apresente.

Não existem modelos normalizados de utilização corrente.

O orçamento financeiro contém os seguintes elementos:

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

15

Page 15: Gestao Financeira

Aplicações de fundos:

Cobertura de défice de tesouraria

Encargos financeiros (de curto prazo, médio e longo prazo)

Liquidação de empréstimos (de curto prazo, médio e longo prazo)

Disponibilidades médias pretendidas

Origem dos fundos:

Excedentes de tesouraria

Empréstimos (de curto prazo, médio prazo)

Suprimentos/aumentos de capital

Disponibilidades iniciais

Demonstração de Origens e Aplicações de fundos: (MOAF)

O MOAF- Mapa de Origens e Aplicações de Fundos ou Balanços de liquidez,

constituem um relevante elemento de apoio ao estudo da liquidez da empresa.

Actualmente, é publicado com o balanço e as demonstrações de resultados.

Os principais passos no processo de elaboração do MOAF são:

Calcular as variações no balanço patrimonial em activos, passivos e

património líquido, durante o período em questão.

Nota: No activo, a depreciação acumulada é tratada como uma dedução do activo imobilizado

bruto, um aumento nessa conta é classificado como uma origem; ao contrário, qualquer

diminuição é classificada como uma aplicação.

Usando o esquema abaixo, classifique cada variação calculada anteriormente como origem ou

aplicação.

Origens Aplicações

Diminuição em qualquer activo Aumento em qualquer activo

Aumento em qualquer passivo Diminuição em qualquer passivo

Lucro líquido após o imposto de renda Prejuízo líquido

Depreciação e outros itens não desembolsáveis Dividendos pagos

Venda de acções Recompra ou resgate de acções

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

16

Page 16: Gestao Financeira

Separadamente, some todas as origens e todas as aplicações encontradas,

o total das origens deve ser igual ao total das aplicações.

INFORMAÇÕES EXTRA CONTABILÍSTICAS:

As informações de carácter puramente contabilístico constituem o suporte

principal da análise à situação financeira da empresa, mas são regra geral,

insuficientes para um estudo em profundidade.

As informações extra contabilísticas podem ser sobre:

1. A empresa como entidade jurídica: é necessário conhecer bem a sua

actividade, natureza jurídica, composição do capital, distribuição

geográfica, as principais fases da sua evolução histórica e a moralidade e

capacidade de gestão doa seus dirigentes.

Sua Actividade : Cada tipo de actividade deverá corresponde uma estrutura

típica de capitais. Uma empresa comercial tem uma estrutura diferente da

de uma empresa industrial;

Natureza jurídica : sobretudo nas apreciações conduzidas pelos seus

parceiros comerciais, efectivos ou potenciais;

Composição do capital : quem são os principais accionistas e se detêm ou

não directamente, a gestão da empresa. Que ligação terão com outras

empresas do mesmo ramo ou sector de actividade. Que tipo de controlo ou

benefícios indirectos terá levado os principais detentores do capital a

participarem nesta.

Ligar à informação obtida as rubricas de suprimentos, acções por realizar,

empréstimos a sócios, débitos (ou créditos) a (ou de) empresas a quem os

mesmos estejam ligados e sua evolução.

Distribuição geográfica e localização dos diversos estabelecimentos :

acessibilidade às zonas de aprovisionamento e consumo.

Importância da localização ao nível da criação de serviços autónomos de

manutenção, transportes, tratamento de dados, assistência social e medica dos

trabalhadores. existência ou não, na área de serviços públicos, ou serviços de

apoio a que a empresa tenha necessidade de recorrer com frequência.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

17

Page 17: Gestao Financeira

Principais fases da sua evolução histórica : quando e como nasceu a

empresa. Sua vocação. Evolução no mercado e resultados financeiros.

Como venceu eventuais crises por que tenha passado.

Moralidade e capacidade de gestão e competência técnica dos seus

dirigentes: o que projectam fazer.

É importante não esquecer que a mais bela situação financeira pode deteriorar-se

rapidamente com gestores sem valor ou capacidade, e que uma empresa em

dificuldades, mas que esteja entregue em boas mãos, tem mais possibilidades de

recuperação e relançamento.

2. O produto e a sua comercialização: a verdadeira situação financeira da

empresa está muito ligada aos problemas que possa ter relativamente ao

que produz e como vende.

Tipo de produto. Quantidade (produtos diferenciados) e qualidade :

- Características do produto;

- Em termos de segurança: a existência de mais do que uma categoria de

produtos oferece em regra, menores riscos financeiros se os tipos de produtos

forem muito diversificados, podem levantar-se problemas de qualidade

(especialização e estandardização) e/ou de dispersão de esforços, que tornem

proporcionalmente mais oneroso o acompanhamento da produção, o

aprovisionamento, a armazenagem e a comercialização.

- Qualidade dos produtos a aceitação no mercado;

- Produtos vendidos sem transformação significativa ou após transformação:

- Concepção e lançamento de produtos novos (verificar se existe vivacidade e

dinamismos da empresa, ou tarefa de reconversão?);

- Existência ou não a complementaridade entre os produtos diversificados;

- Taxa de expansão das vendas por produtos;

- Percentagem de vendas por categorias de produtos;

- Produtos que dão prejuízo mão que é necessário vender por razões estratégicas,

ou por não ser possível abandonar, por outros motivos, designadamente de

carácter institucional;

- Existência no mercado de substitutos ou complementares;

- Ocorrência de situações sazonais na produção, no aprovisionamento ou nas

vendas;

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

18

Page 18: Gestao Financeira

- Bens para consumo interno ou exportação. Percentagem exportada;

- Clientela concentrada ou dispersa;

- Quantidades produzidas por produtos por produtos mais relevantes (3 a 5

últimos anos) e preço médio de custo e de venda;

- Política de preços na empresa. Condicionalismos externos a nível sectorial ou

nacional. Preços livres, tabelados ou declarados.

Posicionamento do produto no seu ciclo de vida: em geral o produto passa

por cinco fases:

- Investigação e descoberta: que vai até ao início da comercialização. Pode durar

a alguns meses ou vários anos e mesmo não se passar à fase seguinte.

- Lançamento: de descolagem e desenvolvimento rápido, prova de que o produto

conseguiu entrar nos hábitos dos consumidores e é possível produzi-lo em série.

- Desenvolvimento e industrialização: início das tendências para a concentração

da produção em menor nº de empresas, com benefícios inerentes às economias

da escala resultantes.

- Maturidade: Maior concorrência, menor rentabilidade. Procura de melhores

índices de produtividade.

- Declínio: A concorrência activa torna os preços menos compensadores. Algumas

empresas são forçadas a abandonar o mercado designadamente através da

reconversão. Esta fase também pode ocorrer imediatamente a seguir a qualquer

das fases anteriores.

A duração de cada uma das fases é muito variável. A vida de um produto, por seu

lado, pode durar apenas alguns meses ou muitas dezenas ou mesmo algumas

centenas de anos.

O fabrico e/ou venda de produtos diversificados com posicionamentos diferentes

nos respectivos ciclos de vida pode, por outro lado, representar para a empresa

um bom factor de estabilidade.

3. As características do mercado e o enquadramento sectorial da

empresa:

Posicionamento da empresa no jogo de forças dos diversos mercados em

que opera: A situação financeira de uma empresa depende muito das

características dos mercados em que se insere a sua actividade.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

19

Page 19: Gestao Financeira

Cada mercado corresponde o conjunto das ofertas e das procuras de produtos da

empresa, ou seja, ao conjunto dos agentes económicos que põem à venda um

bem ou serviço (oferta) e aqueles que têm a intenção de o comprar (procura).

Enquadramento sectorial : O conhecimento do sector empresarial a que a

empresa pertence é de relevante importância para a compreensão dos

constrangimentos que a envolvem e dos seus reflexos na evolução dos

resultados e da estrutura financeira.

Alguns aspectos a pesquisar:

- Nº de empresas que produzem o mesmo produto, escalonamento em termos de

dimensão e capacidade instalada;

- Efectivos de trabalhadores, processo tecnológico;

- Pontos fortes e fracos das empresas do sector globalmente consideradas;

- Enquadramento administrativo, associativo e jurídico.

4. As condições de financiamento interno: A análise nos seguintes

aspectos (estudo das consequências de carácter financeiro que as

anomalias detectadas originaram ou poderão vir a provocar):

Organigrama da empresa;

Nível de organização geral e dos diversos serviços e grau de eficiência dos

mesmos;

Organização fabril;

Processo tecnológico;

Qualidade dos equipamentos e das técnicas utilizadas;

Capacidade instalada e utilizada;

Estado de conservação de instalações e equipamentos;

Condições de aprovisionamento e armazenagem;

Organização comercial e qualidade dos circuitos de distribuição.

Ligação vendas Produção

Gestão de recursos humanos. Qualificação de pessoal. Políticas de salários.

Motivação e absentismo. Conflitos internos e relações sindicais. Formação

evolução dos efectivos e remunerações, por categorias e sectores da

actividade.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

20

Page 20: Gestao Financeira

5. Situação conjuntural e institucional: tendo em conta os seguintes

factores:

Inflação;

Desvalorização da moeda;

Condicionamentos às importações;

Selectividade e contracção do crédito;

Agravamento das taxas de juro;

Agravamento substancial no custo do crédito ao consumo;

Retracção da procura através de medidas de carácter fiscal sobre os

rendimentos pessoais;

Agravamento dos impostos indirectos;

Bonificação de juros;

Apoios através de medidas de saneamento financeiro;

Instabilidade social e sócio-profissional.

Principais Termos Contabilísticos:

AMORTIZAÇÃO: Representa a conta que registra a diminuição do valor dos bens

intangíveis registrados no activo permanente, é a perda de valor de capital

aplicado na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial e

quaisquer outros, com existência ou exercício de duração limitada.

ATIVO: São todos os bens, direitos e valores a receber de uma entidade. Contas

do activo têm saldos devedores.

ATIVO CIRCULANTE: Dinheiro em caixa ou em bancos; bens, direitos e valores a

receber no prazo máximo de um ano, ou seja realizável a curto prazo, (duplicatas,

stock de mercadorias produzidas, etc.); aplicações de recursos em despesas do

exercício seguinte.

BENS: Tudo que pode ser avaliado economicamente e que satisfaça

necessidades humanas.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

21

Page 21: Gestao Financeira

BENS DE CONSUMO: (não duráveis ou que são gastos ou consumidos no

processo produtivo); depois de consumidos, representam despesas: combustíveis

e lubrificantes, material de escritório, material de limpeza etc.

BENS DE RENDA: Não destinados aos objectivos da empresa (imóveis

destinados à renda ou aluguer).  

BENS FIXOS OU IMOBILIZADOS: (representam os bens duráveis, com vida útil

superior a 1 ano): imóveis, veículos, máquinas, instalações, equipamentos,

móveis e utensílios.  

BENS INTANGÍVEIS: Não possuem existência física, porém, representam uma

aplicação de capital indispensável aos objectivos, como marcas e patentes,

formulas ou processos de fabricação, direitos autorias, autorizações ou

concessões, ponto comercial, fundo de comércio, benfeitorias em prédios de

terceiros, pesquisa e desenvolvimento de produtos, custo de projectos técnicos,

despesas pré – operacionais, pré - industriais, de organização, reorganização,

reestruturação ou remodelação de empresas.

CAPITAL DE TERCEIROS: Representam recursos originários de terceiros

utilizados para a aquisição de activos de propriedade da entidade. Corresponde

ao passivo exigível.

CAPITAL PRÓPRIO: São os recursos originários dos sócios ou accionistas da

entidade ou decorrentes de suas operações sociais. Corresponde ao património

líquido.

CAPITAL SOCIAL: É o valor previsto em contrato ou estatuto, que forma a

participação (em dinheiro, bens ou direitos) dos sócios ou accionistas na

empresa.

CAPITAL TOTAL A DISPOSIÇÃO DA EMPRESA: corresponde à soma do capital

próprio com o capital de terceiros. É também igual ao total do activo da entidade.

CONTABILIDADE: É a ciência que estuda e controla o património, objectivando

representá-lo graficamente, evidenciar suas variações, estabelecer normas para

sua interpretação, análise e auditoria e servir como instrumento básico para a

tomada de decisões de todos os sectores directa ou indirectamente envolvidos

com a empresa.

CONTABILIDADE CIVIL: É exercida pelas pessoas que não têm como objectivo

final o lucro, mas sim o regime da sobrevivência ou bem-estar social.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

22

Page 22: Gestao Financeira

CONTABILIDADE PRIVADA: Ocupa-se do estudo e registro dos fatos

administrativos das pessoas de direito privado, tanto as físicas quanto as

jurídicas, além da representação gráfica de seus patrimónios, dividindo-se em

civil e comercial.

CONTABILIDADE PÚBLICA: Ocupa-se com o estudo e registro dos fatos

administrativos das pessoas de direito público e da representação gráfica de seus

patrimónios, visando três sistemas distintos: orçamentário, financeiro e

patrimonial, para alcançar os seus objectivos, ramificando-se conforme a sua área

de abrangência em federal, estadual, municipal e autarquias.

CONTAS DE RESULTADO: Registram as variações patrimoniais e demonstram o

resultado do exercício (receitas e despesas).

CONTAS PATRIMONIAIS: Representam os elementos activos e passivos (bens,

direitos, obrigações e situação líquida).

CONTAS RETIFICADORAS DO ATIVO: São classificadas no activo, tendo saldos

credores, por isso são demonstradas com o sinal (-).

DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA (DFC): Relaciona o conjunto de

ingressos e desembolsos financeiros de empresa em determinado período.

Procura-se analisar todo deslocamento de cada unidade monetária dentro da

empresa.  

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS/ PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA): Tem por

objectivo demonstrar a movimentação da conta de lucros ou prejuízos

acumulados, ainda não distribuídos aos sócios titular ou aos accionistas,

revelando os eventos que influenciaram a modificação do seu saldo. Essa

demonstração deve, também revelar o dividendo por acção do capital realizado.

DEMONSTRAÇÃO DE MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL):

Fornece a movimentação ocorrida durante os exercícios nas contas componentes

do Património Líquido, faz clara indicação do fluxo de uma conta para outra além

de indicar a origem de cada acréscimo ou diminuição no PL.

DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR): Tem

por objectivo a demonstração contável destinada a evidenciar num determinado

período as modificações que originaram as variações no capital circulante líquido

da Entidade. E apresentar informações relacionadas a financiamentos (origens de

recursos) e investimentos (aplicações de recursos) da empresa durante o

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

23

Page 23: Gestao Financeira

exercício, onde, estes recursos são os que afectam o capital circulante líquido

(CCL) da empresa.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE): Destina-se a

evidenciar a formação de resultado líquido do exercício, diante do confronto das

receitas, custos e despesas apuradas segundo o regime de competência.

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BÁSICAS: Balanço Patrimonial;

Demonstração de Resultado; Demonstrações dos lucros ou prejuízos acumulados;

Demonstrações das Mutações do PL; Demonstrações das Origens e Aplicações

dos recursos; Notas Explicativas.

DEPRECIAÇÃO ACUMULADA: Representa o desgaste de bens físicos registrados

no activo permanente, pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência.

DESPESAS ANTECIPADAS: Compreende as despesas pagas antecipadamente

que serão consideradas como custos ou despesas no decorrer do exercício

seguinte. Ex: seguros a vencer, alugueis a vencer e encargos a apropriar.

DESPESAS: São gastos incorridos para, directa ou indirectamente, gerar

receitas. As despesas podem diminuir o activo e/ou aumentar o passivo exigível,

mas sempre provocam diminuições na situação líquida.

DIFERIDO: Aplicações de recursos em despesas que contribuirão para lucro em

mais de um período; pesquisa e desenvolvimento.

DIREITOS: Valores a serem recebidos de terceiros, por vendas a prazo ou valores

de nossa propriedade que se encontram em posse de terceiros.

DISPONÍVEL: Composto pelas exigibilidades imediatas, representadas pelas

contas de caixa, bancos conta movimento, cheques para cobrança e aplicações

no mercado aberto.

DUPLICATA: Título de crédito cuja quitação prova o pagamento de obrigação

oriunda de compra de mercadorias ou de recebimentos de serviços. É emitida

pelo credor (vendedor da mercadoria) contra o devedor (comprador), pelo qual se

deve ser reemitida a este último para que a assine (ACEITE), reconhecendo seu

débito. Este procedimento é denominado aceite.

EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA CONTABILIDADE: Activo = Passivo Exigível +

Património Líquido.

STOCKS: Representam os bens destinados à venda e que variam de acordo com

a actividade da entidade. Ex: produtos acabados, produtos em elaboração,

matérias-primas e mercadorias.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

24

Page 24: Gestao Financeira

EXAUSTÃO: É o esgotamento dos recursos naturais não renováveis, em virtude

de sua utilização para fins económicos, registrados no activo permanente.  

EXERCÍCIO SOCIAL: É o espaço de tempo (12 meses), findo o qual as pessoas

jurídicas apuram seus resultados; ele pode coincidir, ou não, com o ano -

calendário, de acordo como que dispuser o estatuto ou o contrato social. Perante

a legislação do imposto de renda, é chamado de período - base (mensal ou anual)

de apuramento da base de cálculo do imposto devido.

EXIGÍVEL À LONGO PRAZO: Exigibilidades com vencimento após o

encerramento do exercício subsequente.

FACTOS ADMINISTRATIVOS: São os que provocam alterações nos elementos

do património ou do resultado. Por essa razão, também são denominados fatos

contabilísticos.

FACTOS MISTOS OU COMPOSTOS: São os que combinam fatos permutativos

com fatos modificativos, logo podem ser aumentativos (combinam fatos

permutativos com fatos modificativos aumentativos), ou diminutivos (combinam

fatos permutativos com fatos modificativos diminutivos).

FACTOS MODIFICATIVOS: São os que provocam alterações no valor do

património líquido (PL) ou situação líquida (SL), podem ser aumentativos (quando

provocam acréscimos no valor do património líquido) ou diminutivos (quando

provocam reduções no valor do património líquido).

FACTOS PERMUTATIVOS: São os que não provocam alterações no valor do

património líquido (PL) ou situação líquida (SL), mas podem modificar a

composição dos demais elementos patrimoniais.

FUNÇÕES DA CONTABILIDADE: Registrar, organizar, demonstrar, analisar e

acompanhar as modificações do património em virtude da actividade económica

ou social que a empresa exerce no contexto económico.

IMOBILIZADO: Bens e direitos destinados às actividades da empresa; terrenos,

edifícios, máquinas e equipamentos, veículos, móveis e utensílios, obras em

andamento para uso próprio, etc.

INVESTIMENTOS: Recursos aplicados em participações em outras sociedades e

em direitos de qualquer natureza que não se destinam à manutenção da

actividade da empresa. O conceito principal é que a empresa não deve usar os

bens nas suas actividades rotineiras; acções, patentes, obras de arte, imóveis

destinados ao arrendamento, imóveis não utilizados.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

25

Page 25: Gestao Financeira

LUCROS ACUMULADOS: Resultado positivo acumulado da entidade, legalmente

ficam em destaque mas, tecnicamente, enquanto não distribuídos ou

capitalizados, podem ser considerados como reservas de lucros.

NOTA PROMISSÓRIA: Título de dívida líquida e certa pelo qual a pessoa se

compromete a pagar a outra uma certa quantia em dinheiro num determinado

prazo. Por se tratar de título emitido pelo devedor a favor do credor, dispensa a

formalidade do aceite.

NOTAS EXPLICATIVAS (NE): Visam fornecer as informações necessárias para

esclarecimento da situação patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou

transacção, ou de valores relativos aos resultados do exercício, ou para menção

de fatos que podem alterar futuramente tal situação patrimonial, ou ainda,

poderá estar relacionada a qualquer outra das Demonstrações Financeiras, seja a

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, seja a Demonstração dos

Lucros ou Prejuízos Acumulados.

OBRIGAÇÕES: São dívidas ou compromissos de qualquer espécie ou natureza

assumidos perante terceiros, ou bens de terceiros que se encontram em nossa

posse.

PASSIVO A DESCOBERTO: Quando o total de activos ( bens e direitos ) da

entidade é menor do que o passivo exigível (obrigações).

PASSIVO CIRCULANTE: Obrigações ou exigibilidades que deverão ser pagas no

decorrer do exercício seguinte; duplicatas a pagar, contas a pagar, títulos a

pagar, empréstimos bancários, imposto de renda a pagar, salários a pagar.

PASSIVO EXIGÍVEL: São as obrigações financeiras para com terceiros. Contas do

passivo exigível têm saldos credores.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO: Valor que os proprietários têm aplicado. Contas do

património líquido têm saldos credores, divide-se em: Capital social; Reservas de

capital; Reservas de reavaliação, Reservas de lucros; e Lucros/Prejuízos

acumulados.

PERMANENTE: Relacionam-se com a inexistência de intenção da empresa em

convertê-los em dinheiro.

PREJUÍZOS ACUMULADOS: São as perdas acumuladas do exercício.

PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA: Existe em função do fato de que a

moeda – embora universalmente aceita como medida de valor – não representa

unidade constante de poder aquisitivo. Por consequência, sua expressão formal

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

26

Page 26: Gestao Financeira

deve ser ajustada, a fim de que permaneçam substantivamente correctos – isto é,

segundo as transacções originais – os valores dos componentes patrimoniais e,

via de decorrência, o Património Líquido.

PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA: É o Princípio que estabelece quando um

determinado componente deixa de integrar o património, para transformar-se em

elemento modificador do Património Líquido.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE: Afirma que o património da Entidade, na sua

composição qualitativa e quantitativa, depende das condições em que

provavelmente se desenvolverão as operações da Entidade. A suspensão das

suas actividades pode provocar efeitos na utilidade de determinados activos, com

a perda, até mesmo integral, de seu valor. A queda no nível de ocupação pode

também provocar efeitos semelhantes.

PRINCÍPIO DA ENTIDADE: Reconhece o Património como objecto da

Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação

de um Património particular no universo dos patrimónios existentes,

independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma

sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins

lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o património não se confunde com

aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE: Refere-se, simultaneamente, à tempestividade

e à integridade do registro do património e das suas mutações, determinando que

este seja feito de imediato e com a extensão correcta, independentemente das

causas que as originaram.

PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA: Determina a adopção do menor valor para os

componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se

apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações

patrimoniais que alterem o Património Líquido.

PRINCÍPIO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL: Determina que os

componentes do património devem ser registrados pelos valores originais das

transacções com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País,

que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive

quando configurarem agregações ou decomposições no interior da Entidade.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

27

Page 27: Gestao Financeira

PROVISÃO DEVEDORES DUVIDOSOS: Tendo por base as perdas verificadas

em períodos anteriores num determinado valor para cobertura das duplicatas que

venham a ser consideradas incobráveis.

REALIZÁVEL À LONGO PRAZO: Direitos realizáveis após o término do exercício

subsequente; direitos derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a

sociedades coligadas ou controladas, accionistas, directores ou participantes no

lucro (não constituem negócios usuais).

RECEITAS: São entradas de elementos para o activo da empresa, na forma de

bens ou direitos que sempre provocam um aumento da situação líquida.

REGIME DE CAIXA: Quando, na demonstração dos resultados do exercício são

considerados apenas os pagamentos e recebimentos efectuados no período. Só

pode ser utilizado em entidades sem fins lucrativos, onde os conceitos de

recebimentos e pagamentos muitas vezes identificam-se com os conceitos de

receitas e despesas.

REGIME DE COMPETÊNCIA: Quando, na demonstração dos resultados do

exercício, são considerados as receitas e despesas, independentemente de seus

recebimentos ou pagamentos. É obrigatório nas entidades com fins lucrativos.

RESERVAS DE CAPITAL: São contribuições recebidas por proprietários ou de

terceiros, que nada têm a ver com as receitas ou ganhos.

RESERVAS DE LUCROS: São obtidas pela apropriação de lucros da companhia

ou da empresa por vários motivos, por exigência legal, estatutária ou por outras

razões.

RESERVAS DE REAVALIAÇÃO: Indicam acréscimo de valor ao custo de

aquisição de Activos já corrigidos monetariamente, baseado no mercado.

RESULTADO DE EXERCÍCIO FUTURO: Compreende as receitas recebidas

antecipadamente (receita antecipada) que de acordo com o regime de

competência pertence a exercício futuro.

RESULTADO OPERACIONAL (lucro ou prejuízo operacional): É aquele que

representa o resultado das actividades, principais ou acessórias, que constituem

objecto da pessoa jurídica.

LIMITAÇÕES DOS DOCUMENTOS CONTABILÍSTICOS:

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

28

Page 28: Gestao Financeira

Embora os balanços (e as contas de resultados) constituam os elementos de base

para o estudo da situação financeira da empresa, um único balanço representa

apenas a fotografia desta em dado momento. Pouco ou nada nos diz sobre o

passado e muito dificilmente pode servir de base para o futuro.

As contas de resultados e os mapas de fluxos monetários já dão uma visão mais

dinâmica, mas apenas restrita ao ano a que se refere. Nos mapas de fluxos

monetários, a variação das disponibilidades é medida através das áreas do ciclo

financeiro significativas – exploração, investimento e financiamento.

O balanço reúne em si todas as consequências da gestão passada, boa ou má e

dos condicionalismos que afectaram à vida da empresa. Não evidencia a

trajectória percorrida (seu sentido e velocidade), mas apenas a situação em dado

momento.

Avaliação da empresa:

Notícias diárias dão conta de que organizações são compradas e vendidas por

valores absolutamente distintos daqueles existentes no seu património líquido. A

avaliação de empresas envolve não somente variáveis objectivas como preço de

acções e o próprio património das empresas, mas também variáveis subjectivas

como credibilidade no mercado, valor da marca da empresa ou de seus produtos

etc.

Avaliação da empresa consiste na avaliação da evolução financeira de uma

empresa. É medir os activos financeiros da empresa com base nos resultados

contabilísticos, desde os aspectos técnicos e tácticos aos económicos e

financeiros.

O valor de avaliação possibilita conhecer e determinar com exactidão qual o

estado actual do PATRIMÔNIO EMPRESARIAL, em termos de valores. É uma

importante tarefa, a nível externo, para todos os fornecedores de capital e

credores da empresa e, a nível interno, para a formulação da estratégia futura.

Em um momento histórico em que o futuro se assemelha cada vez menos ao

passado, faz-se

Necessário que os empreendedores tenham conhecimento das novas

ferramentas que podem ter ao seu dispor para avaliarem o valor das suas

empresas. O valor de uma empresa pode ser determinado através de um dos

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

29

Page 29: Gestao Financeira

modelos de avaliação de empresas, mas a aplicação de uma simples equação ou

metodologia não pode ser considerada suficiente pelos profissionais dessa área.

As avaliações de entidades ou negócios dependem, em grande parte, das

expectativas futuras de desempenho. Os métodos e medidas disponíveis para a

avaliação acabam por envolver determinado grau de julgamento. Os métodos

variam muito e frequentemente envolvem a realização de ajustes arbitrários

baseados em evidências empíricas limitadas e no instinto.

Os métodos ou técnicas de análise mais utilizado, podem ser agrupados da

seguinte forma:

Comparação de balanços e contas de resultados de exercícios sucessivos :

Consiste numa comparação (feita normalmente em valores absolutos, em

percentagens, em gráficos ou em números índices), que pressupõe a

normalização prévia das contas e respectivos documentos de síntese de

forma a poderem ser comparáveis.

Método dos indicadores ou rácios : Baseia-se na utilização de um conjunto

de rácios ou indicadores – informações sintéticas cuja interpretação

permite seguir a evolução da situação da empresa e extrair conclusões

sobre a sua gestão.

Análise rubrica a rubrica ou por leitura directa : Consiste em explicar as

anomalias, sobretudo no tocante às contas de resultados, mas não apenas

em relação a estas

Ficha de trabalho:

Capítulo – II Técnicas e Métodos de Análise Económica e Financeira

1. Comente sobre os principais documentos que geralmente servem de base à

análise Económica – Financeira da empresa (definição, estrutura e outras

informações pertinentes)?

2. Defina e exemplifique os seguintes termos contabilísticos:

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

30

Page 30: Gestao Financeira

a) Activos

b) Passivo

c) Capitais próprios

d) Capitais alheios

e) Imobilizações

f) Capitais permanentes

3. Com base nos resultados contabilísticos das empresas Sistec S.A. e Husa ltda

(exercícios de 2004 e 2005), desenvolva o mapa de origens e aplicações de

fundos em KZ.

a) No activo, que contas e em que percentagens os recursos da empresa

estão a financiar as aplicações?

b) No passivo, que contas e em que percentagens os recursos da empresa

estão a financiar as aplicações?

4. O orçamento de tesouraria ou demonstração de fluxos de caixa e o orçamento

financeiro são mapas de fluxos monetários que auxiliam o gestor financeiro

nas previsões dos recebimentos e pagamentos, na programação financeira dos

saldos positivos e cobertura de défices da empresa.

a) Estruture os mapas acima citados para os referidos períodos, de acordo

com o seguinte:

Para o Orçamento de

Tesouraria

Jan. Fev. Mar Total

Recebimentos de vendas

equipamento

300 - -  

Mão-de-obra 794 605 416  

 Encargos sociais 215 119 119  

Força motriz 119 183 183  

Recebimentos de vendas do ano - - -  

 Outros encargos fixos 12 13 12  

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

31

Page 31: Gestao Financeira

Matérias-primas de ano anterior 1050 - -  

Matérias-primas do ano - - -  

Outras despesas de distribuição 65 51 51  

 Comissões 64 32    

Recebimentos de clientes (ano

anterior)

2 500 500 -  

 Despesas administrativas 77 60 60  

 Investimentos em capital fixo - - 9 500  

 Empréstimos bancários 2 193 - -  

Para o Orçamento Financeiro Jan. Fev. Mar Total

Cobertura de défice de tesouraria 1789 563 1034

1

 

Liquidação de empréstimos c/p - - -  

Liquidação de empréstimos médio

e longo prazo

- - -  

Suprimentos /aumentos de capital     840  

Disponibilidades iniciais 604 1315 752  

Disponibilidades médias

prentedidas

1315 752 751  

Empréstimos de c/p 2775 - -  

Empréstimos de médio prazo - - 9500  

Encargos financeiros c/p 275      

Encargos financeiros médios e

longo prazo

- - -  

Excedentes de tesouraria - - -  

b) Calcule o valor do saldo acumulado no fim do trimestre?

c) Calcule o total mensal das Origens e Aplicação de Fundos?

5. Que informações de carácter puramente contabilístico constituem o suporte

principal da análise à situação financeira da empresa?

6. Comente sobre as principais limitações dos documentos contabilísticos?

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

32

Page 32: Gestao Financeira

7. De acordo com os resultados contabilísticos dos exercícios de 2004 de 2005 da

empresa Husa Ltda, desenvolva uma comparação em percentagens (hipóteses

são aceites)?

8. Comente sobre o processo de avaliação da empresa? (importância e métodos)

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO

DISCIPLINA: GESTÃO FINANCEIRA – I

Prof.: Sandra Magda Carvalho

TURMA: INFGEST - 31/ OGE - 32

CAPÍTULO III – MÉTODOS E TÉCNICAS NA NÁLISE FINANCEIRA

Análise Financeira - Método dos indicadores e dos rácios:

Existem inúmeros exemplos de empresas, com estruturas financeira muito

semelhantes que em dado momento poderão encontrar-se efectivamente, se se

tiver em conta a evolução passada e as perspectivas futuras em situações reais

muito diferentes.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

33

Page 33: Gestao Financeira

-3 -2 0 1 2

Tempo (anos)(Anos) (anos

Falência

Boa

SituaçãoFinanceira

Muito Boa

Passado Futuro

Presente

B

A

C

Consideremos as empresas A, B, e C cuja evolução se pode retratar da seguinte

forma:

No presente momento (ponto zero): Aparentam todas uma situação financeira

boa de idêntico nível:

A empresa A denota uma estabilidade;

A empresa C partiu numa situação difícil que se recuperou cabalmente.

Demonstra grande vitalidade e boas perspectivas de evolução favorável.

A empresa C pelo contrário, que a dois anos tinha uma situação que se

poderia considerar mesmo muito boa, tem vindo a degradar-se

sistematicamente e a ritmo elevado.

Se nadas se fizer para inflectir, irá caminhar inexoravelmente para a falência.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

34

Page 34: Gestao Financeira

O exemplo ilustra que geralmente a análise financeira a uma empresa nunca

deve assentar apenas no último balanço e respectivas contas de resultados, mas

em balanços e a análise financeira está associada à a utilização de uma série de

indicadores conhecidos por rácios (que expressem sobre a performance e

situação financeira, passada e presente, de uma determinada organização) os

quais foram criados para se poder comparar e analisar dados financeiros da

empresa.

Por exemplo: a análise entre as contas de activo circulante a passivo circulante

têm mais significados e utilidade do que simplesmente olharmos para cada uma

das rubricas sem fazer referência à outras. Isto porque os activos circulantes são

frequentemente considerados como sendo a maior reserva de fundos para fazer

face às obrigações de C/P, especialmente quando as perspectivas futuras da

empresa não se encontram muito favoráveis. Por outro lado, não faria muito

sentido comparar outros activos com as obrigações de c/p e esperara obter uma

relação significativa.

A análise financeira com base nos rácios das demonstrações financeiras, deve ser

entendida como um instrumento prático que bem utilizado tendo em conta as

suas limitações (de que falaremos mais tarde) nos ajudam a resumir uma grande

quantidade de informações financeiras e comparar o desempenho das empresas.

Os rácios raramente fornecem as repostas para os problemas, mas podem ajudar

de modo selectivo, a descobrir a razão de ser dos problemas das empresas. São

uma ferramenta de diagnóstico e não o medicamento curativo.

Rácio: É uma razão entre duas variáveis (qualquer quociente entre rubricas dos

elementos contabilísticos).

É um indicador de grande importância para a gestão e para a análise da situação

económica e financeira das empresas.

Indicadores: São índices apurados com os valores da empresa, com o objectivo

de auxiliar o gestor ou proprietário da empresa a fazer um acompanhamento da

situação económica e financeira num determinado momento.

Por meio do indicador o gestor ou proprietário da empresa, poderá tomar as

decisões gerências necessárias, visando corrigir os desvios que estão

prejudicando a performance dos negócios sob o ponto de vista financeiro.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

35

Page 35: Gestao Financeira

Técnicas de análise: Análise estática e dinâmica

Uma empresa ter 10% de rendibilidade dos capitais próprios é bom ou é mau?

A resposta é, depende. Dos vários factores entre eles do sector de actividade, da

economia onde a empresa está inserida, do risco envolvido no negócio, etc. isto

é, necessitamos sempre de ter um termo de referência ou comparação.

Existem dois tipos de comparações que podem ser efectuadas:

1. Análise estática: Com os dados de outras empresas ou médias do sector,

para um determinado momento de tempo.

Cuidados a ter neste tipo de análise:

Diferentes dimensões implicam estruturas diferentes;

A Média do sector pode não significar um desempenho razoável;

Empresas que actuam em vários sectores;

Falta de homogeneidade nos sistemas contabilísticos e de avaliação;

Credibilidade dos dados apresentados pelas empresas.

2. Análise dinâmica: com os dados históricos da empresa ou previsões

ajuizadas sobre a evolução favorável ou desfavorável.

Cuidados a ter neste tipo de análise:

Atende ao factor temporal e procura –se avaliar a evolução da

empresa ao longo de um determinado período. Para de poder

efectuar uma análise de tendência necessitamos de recolher

informações sobre um horizonte mínimo de 3 anos e idealmente de

cinco.

Tipos de rácios: existem muitos e variados tipos de rácios, mas os mais

vulgarmente calculados numa análise económica e financeira são:

Rácios financeiros: envolvem aspectos financeiros, tais como a estrutura

financeira, a capacidade de endividamento, a solvabilidade, etc. (são os

que se relacionam com o equilíbrio das diversas massas patrimoniais).

Rácios de liquidez:

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

36

Page 36: Gestao Financeira

Liquidez geral (avalia a situação financeira): relaciona os recursos (activo

circulante) que deverão ser gerados no c/p com passivo de c/p, ou seja, os

pagamentos a efectuara nos próximos meses.

LG = Activo circulante / Passivo circulante onde: LG>=1

Liquidez reduzida (ou rácio de tesouraria): calcula um indicador de

liquidez “mais apertado”.

Mede a capacidade da empresa cumprir os seus compromissos de c/p, não com a

totalidade do activo circulante mas só com a parte deste que não diz respeito as

existências. A lógica é a de que as existências não se transformam em meios

líquidos toa rapidamente como os restantes dos activos circulantes.

LR = (Activo circulante – existências) / Passivo circulante onde:

LG>=1

Liquidez imediata: Pretende medir a capacidade de fazer face ao passivo

de C/P, utilizando somente as disponibilidades da empresa.

LI = Disponibilidades / Passivo circulante onde: LG>=1

Cuidados a ter na interpretação dos rácios de qualquer liquidez:

- Natureza das rubricas analisadas: a sua constante mutação e variabilidade,

podem ficar desactualizadas;

- Montante significativo de existências obsoletas, vai reflectir num elevado rácio

de liquidez geral, quando na verdade estas existências não vão gerar caixa, e a

liquidez poderá ser bastante baixa;

- Os créditos incobráveis não provisionados aumentam os rácios de liquidez, sem

na realidade estarem a contribuir em nada para a geração de fundos de curto

prazo;

- Análise da liquidez deverá assentar no estudo dos fluxos de caixa;

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

37

Page 37: Gestao Financeira

- Valores elevados dos rácios de liquidez em caso que não são necessários só

demonstram uma má gestão de fundo de maneio, mantendo meios disponíveis

que poderiam ser rentabilizados de forma mais eficiente;

O fundo de maneio: É uma margem se segurança na empresa, que lhe permite

fazer face ao pagamento das dívidas de curto prazo.

Para uma boa situação financeira

F.M. = Activa circulante – exigível de c/p

Ou

F.M. = Disponível + realizável a c/p + existências - exigível de c/p

Para uma boa situação financeira, não é suficiente esta igualdade de valores. É

necessário que os capitais circulantes excedam bastante o exigível de c/p.

Isto porque os valores do exigível c/p são facilmente escalonados no tempo, ao

passo que os activos circulantes são de precisão mais difícil no prazo e na

realização.

Exemplo:

1992 1991

Capitais circulantes

Existências 5.398.281 5.451.973

Dívidas de terceiros a curto prazo 19.158.167 17.209.404

24.556.448 22.661.37

7

Dívidas a terceiros a curto prazo 43.584.101 45.123.689

Com base nestes elementos o fundo de maneio é negativo. Exige da empresa

cuidados na gestão financeira.

Neste caso, a empresa necessita de recorrer aos capitais permanentes (capitais

próprios e alheios).

Portanto, a liquidez da empresa será boa se o fundo de maneio for positivo.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

38

Page 38: Gestao Financeira

Rácios auxiliares na definição da liquidez: A analisa o comportamento dos

clientes no tocante às suas dívidas para com a empresa e do cumprimento, por

parte desta, das suas responsabilidades para com os fornecedores e outros

credores.

Se os clientes se têm atrasado nos seus pagamentos e/ou a empresa não tem

estado a cumprir os prazos que os fornecedores lhe concedem, alguma coisa

poderá estar mal do ponto de vista da liquidez.

As formas de controlo da variação da liquidez na empresa podem ser objecto de

controlo através dos seguintes rácios:

Prazo médio de recebimentos: Considera o saldo da conta clientes, o

saldo de letras a receber e as vendas anuais.

Prazo médio de recebimentos = [( saldo da conta clientes + saldo médio conta

letras a receber)/vendas anuais] x 12

Exemplo: Empresa X (situação a 31 de Dezembro) valores em usd

Saldo de clientes............................................8.000

Letras a receber em carteira ou à cobrança.....4.000

Letras a receber descontadas não vencidas.....4.000

Vendas anuais.............................................40.500

Hipótese simplificadora: As vendas processam-se linearmente ao longo do ano.

Vendas mensais = 40.500/12= 3.375

Solução:

(8.000+4.000+4.000)/40.500 * 365 = 144 dias

Ou

(8.000+4.000+4.000)/40.500 * 12 = 4.74 meses

Se a empresa concede um prazo de 3 meses, o atraso que se verifica é de 1.74

meses (52 dias), que afectará necessariamente a sua liquidez e que, no caso de

provocar desequilíbrio, terá que ser colmatado pela empresa, ou através da

obtenção de maior rotação noutros elementos do activo (designadamente nos

stocks) ou através dum reforço do fundo de maneio, ou ainda atrasando por sua

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

39

Indica o período das vendas

Page 39: Gestao Financeira

vez pagamentos aos seus credores (hipótese que poderá vir a criar-lhe

problemas).

Supondo que a empresa vende linearmente ao longo do ano (usd3.375 de vendas

mensais com as seguintes condições:

40% a dinheiro, pré pagamento

50% a 2 meses

10 % a 3 meses

Se os clientes cumprissem escrupulosamente os prazos acordados, o saldo

normal no fim do ano deveria corresponder a usd 4.388.

0.4*3.375*0+0.5*3.375*2+0.10*3375*3 =4.388

Este saldo representa relativamente às vendas a crédito (60% do total), um prazo

médio de recebimentos de 2.17 meses (66 dias)

(4.388/0.60 * 40.500) * 12 =2.17 meses (66 dias)

Prazo médio de pagamentos: quantifica o prazo médio de pagamentos a

fornecedores.

Prazo médio de pagamentos = [( saldo médio da conta fornecedores + saldo

médio de letras a pagar)/compras anuais] x 12

Exemplo:

Empresa y (situação em 31 de Dezembro)

Saldo de fornecedores............................................8.000

Letras a pagar.......................................................4.000

Compras anuais.....................................................36.000

Hipótese simplificadora – linearidade nas compras

Solução:

(8.000+4.000)/ * 12 = 4 meses

Se o mercado fornecedor concede, em regra, 3 meses de prazo, estamos perante

um atraso médio de 1 mês. A falta de liquidez há-de ser, muito provavelmente, a

responsável, por esta anomalia.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

40

Indica o período das compras

Page 40: Gestao Financeira

Podemos concluir o seguinte:

Descriçã

o

Prazo médio de recebimentos Prazo médio de pagamentos

Definição

É o rácio que mede a velocidade com que os clientes costumam pagar as suas dívidas

É o rácio que mede a velocidade com que a empresa costuma pagar as suas dívidas aos fornecedores.

Fórmula de

cálculo

Prazo médio de Recebimentos = [(saldo médio de clientes)/

Vds e prestação de serviços)] * 365

Onde:Clientes = contas a receber, letras a

receber, letras descontadas não vencidas e facturas com adiantamentos de factoring 1.

As vendas e prestação de serviços incluem os impostos sobre as vendas.

Prazo médio de Pagamentos = [(saldo médio de

fornecedores) / compras e fornecimentos)] * 365

Onde: As compras e fornecimentos incluem os impostos os impostos sobre as vendas.

Situação

Um rácio alto mostra por vezes ineficiência do departamento de cobrança ou falta do poder negocial da empresa perante os seus clientes, devendo para o efeito ser comparado com a concorrência.

- Quanto mais baixo o seu valor, menor o grau de financiamento por parte dos fornecedores, o que pode revelar falta de poder negocial da empresa perante os seus fornecedores. - Um valor muito elevado pode identificar dificuldades da empresa em satisfazer as suas obrigações.

Rotação das existências: Este rácio indica os efeitos da gestão ao nível

dos armazéns.

Rotação das existências = vendas anuais / existências médias do ano

Onde:

Um rácio elevado tanto é encarado como um indicador de eficiência como pode

rupturas frequentes de stocks.

Em vez de se analisar o rácio em rotação, é frequente a sua análise em dias e em

detalhe por rubricas:

Permanência média das matérias-primas = existências e médias de matérias-primas x 365 das matérias primas em armazém custos das matérias consumidas

Permanência média de produtos em curso = existências e média de produtos em curso x 3651 Factoring: É uma actividade que consiste na tomada de créditos a curto prazo por uma instituição (factor), que os fornecedores de bens ou serviços (aderentes) constituem sobre os seus clientes (devedores).

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

41

Page 41: Gestao Financeira

custos de produção

Permanência média dos produtos acabados = existências e médias de produtos acabados x 365 em armazém custos dos produtos acabados

Permanência média das mercadorias em = existências e médias de mercadorias x 365 armazém custos das mercadorias vendidas

Medidas drásticas de redução de stocks podem ser a razão de uma queda no

valor destes rácios. Estes rácios devem ser analisados com cautela e com

conhecimento das decisões correntes de gestão no período em análise.

Portanto, a liquidez de uma empresa, evolui de uma forma positiva quando

diminui o prazo médio de recebimentos, e/ou aumenta o prazo médio de

pagamento ou rotação das existências.

Indicadores de rotação de elementos do activo: Quantificam a

velocidade de transformação, em meios líquidos, desses mesmos

elementos. Quanto maior essa velocidade, maior o montante de meios

líquidos libertos em cada período para a liquidação de dívidas ou

implementação da actividade.

O nível de liquidez da empresa aumenta (ou diminui) de harmonia com o

aumento (ou diminuição) da rotação dos elementos do activo.

Quando se fala de rotação de um qualquer elemento do activo, pressupõe-se que

se pretende saber quantas vezes por ano foi reconstituído esse mesmo elemento

(quantas vezes foi recuperado através das vendas, quando a rotação se faz em

função das vendas). Parte-se do princípio de que esse elemento do activo de

mantém sensivelmente estável ao longo do ano.

São os seguintes rácios:

Rácio de rotação do activo = vendas anuais líquidas /activo líquido

Rácio de rotação do stock de matérias-primas = consumo anual de

matérias primas / stock médio de matérias primas

Rácio de rotação dos capitais circulantes = vendas anuais líquidas / capitais

circulantes

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

42

Page 42: Gestao Financeira

Se dividirmos 12 ou 365 pelos valores obtidos por cada um destes indicadores

obtemos, respectivamente, o número de meses ou dias necessário para efectuar

uma rotação. No tocante ao stock de produtos e de matérias-primas, por

exemplo, informa-nos sobre o número de meses (ou dias) para os quais em regra

se dispõe de produtos para venda, ou para cuja produção existem matérias-

primas.

Estes indicadores também reflectem a eficácia da gestão dos fundos colocados à

disposição da empresa (obter o máximo de rendimento com o mínimo de

investimento, por exemplo maiores vendas com o mesmo investimento médio em

stocks, manutenção do nível de vendas com redução do stock médio de produtos,

etc.). Entram, assim como componentes do estudo da rendibilidade.

Outros rácios: (indicadores de equilíbrio financeiro):

Indicador da imobilização dos capitais permanentes: Mede a taxa de

cobertura, por capitais permanentes, das aplicações em capital fixo.

Imobilização dos capitais permanentes = capitais permanentes / imobilizações

líquidas

Mede a cobertura das aplicações em capital fixo por capitais permanentes. Este

rácio deverá, em princípio, ser superior à unidade, o que refere a existência de fundo

de maneio positivo. Poderá assumir valores inferiores à unidade, denunciando a

existência de fundo de maneio negativo o que leva a reflectir sobre o equilíbrio

financeiro da empresa. A diferença entre os valores apresentados no numerador e

no denominador representa o fundo de maneio.

Autonomia Financeira: Este indicador traduz a capacidade de contrair

empréstimos a médio e longo prazos, suportada pelos capitais próprios. A

capacidade esgota-se quando o rácio é igual à unidade, ou seja quando o

passivo a médio e longo prazo iguala os capitais próprios.

Autonomia Financeira = Capitais Próprios / Capitais Alheios

Solvabilidade: é a capacidade da empresa para solver as suas obrigações

a médio e longo prazo.

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

43

Page 43: Gestao Financeira

Realça a parcela da actividade financeira pelos proprietários da empresa, pondo

assim em destaque o grau de independência desta perante credores.

Quanto mais elevado o seu valor, maiores possibilidades terão os credores de

reaver os seus empréstimos, e mais predispostos estarão para estudar novos

pedidos de crédito.

Solvabilidade = capitais próprios / passivo

Obs: Algumas referências bibliográficas apontam que este rácio não deve ser inferior a 0.5. caso

contrário a empresa estará numa situação difícil, pois dependerá dos seus credores (credores e

bancos).

Endividamento ou dependência: é uma outra forma de apresentação

deste tipo de rácio.

Endividamento = Passivo/ Activo

Quanto menor for o peso do passivo na estrutura de financiamento da empresa,

mais baixo será o grau de risco relacionado com a mesma e consequentemente

maior a capacidade de endividamento potencial.

Diagnóstico da situação:

O diagnóstico financeiro da empresa resultará do complexo de informações (e

explicações) que for possível obter através de uma criteriosa utilização

simultânea e interligada de mais do que um dos procedimentos referidos (método

de análise: indicadores ou rácios), completando os restantes esclarecendo-os,

designadamente nas conclusões divergentes que por ventura surjam.

É com os dados parcelares e fragmentados obtidos através de cada um dos

métodos utilizados (e complementados, integrados e esclarecidos com o recurso

também a outras informações que à empresa digam respeito) que se constituirá

uma imagem da situação da empresa do ponto de vista financeiro tão

aproximada quanto possível da realidade, e cujo grau de aproximação dependerá

sobretudo da qualidade e da quantidade dos elementos trabalhados, e ainda da

forma criteriosa como forem utilizados os métodos e técnicas de análise.

Após a utilização integrada dos diversos métodos permitirá desenvolver

esquemas de abordagem das questões fundamentais a que uma análise

financeira deve dar resposta (equilíbrio financeiro e rentabilidade).

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

44

Page 44: Gestao Financeira

Ficha de trabalho :

Capítulo – III Técnicas e Métodos de Análise Financeira

1. O que entende por rácios e indicadores?

2. O que são rácios financeiros?

3. A análise financeira com base nos rácios é um instrumento prático que bem

utilizado tendo em conta as suas limitações (de que falaremos mais tarde) nos

ajudam a resumir uma grande quantidade de informações financeiras e

comparar o desempenho das empresas.

a) Comente sobre os principais rácios financeiros?

4. Com base nos documentos contabilísticos da empresa Husa ltda, exercícios

2004 e 2005, calcule o seguinte:

a) Rácios de liquidez

b) Rácios auxiliares na definição da liquidez

c) Outros rácios

d) Solvabilidade

e) Fundo de maneio

f) Efectue uma a análise dos resultados obtidos.

5. Distinga:

a) Autonomia financeira e solvabilidade.

b) Liquidez e disponibilidade

UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO Disciplina: Gestão Financeira – I Ano Académico: 2009 Prof.: Sandra Magda Carvalho

45