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 UTILIZAÇÃO DA SUCATA DE ISOLADORES CERÂMICOS PARA PREENCHIMENTO DE GABIÕES Use of Scrap for Completion of Ceramic Insulators Gabions  Ferreira, M.G.  1 ; Sá, H.D.  1 ; Guarizzo, V.T. 1 ; Ribeiro Filho, B.G. 2 ; Zanin, C.I.C.B. 3 1- Discentes do 4 o  semestre do Curso de Tecnólogo em Gestão Ambiental do Centro Universitário Amparense    UNIFIA. 2- Biólogo, Mestre em Educação, Administração e Comunicação em Educação Ambiental, docente do Centro Universitário Amparense    UNIFIA, coordenador do curso de Gestão Ambiental. 3- Química, Mestre em Engenharia Química, docente do Centro Universitário Amparense    UNIFIA, responsável pela orientação Metodológica. RESUMO Isoladores cerâmicos são materiais destinados a isolar eletricamente e suportar mecanicamente os esforços gerados em um corpo condutor. Para tanto são dotados de grande resistência elétrica e mecânica. A cidade de Pedreira- SP ficou conhecida como “Flor da Porcelana” por abrigar um pólo industrial voltado para a fabricação de produtos cerâmicos  para uso doméstico e elétrico. Após uma crise ocorrida nas i ndústrias de cerâmica doméstica na década de 80, restaram apenas 03 empresas fabricantes de isoladores cerâmicos, divididas em 04 unidades fabris. A produç ão anual é de aproximadamen te 30.000 tonelada s. Dez por cento desse montante é refugado no processo de fabricação e descartado em aterros industriais. Uma parte deste material após a moagem retorna ao processo de fabricação, como “areia”. Durante muitos anos, o refugo de processo foi descartado em terrenos vazios. Os rios também receberam parte destes materiais. Os isoladores cerâmicos, após a sua vida útil,  perdem suas funções isolantes e são substituídos por novas unidades. As concessionárias de energia, por sua vez, geram anualmente dezenas de unidades destes isoladores. As concessionárias de energia vêm mostrando grande preocupação quanto ao descarte destes materiais. Algumas já desenvolveram alguns trabalhos como a utilização em argamassas, confecção de bancos e mesas para jardins, como carga para fabricação de piso cerâmico, etc. Contudo, um inconveniente nestes processos é o alto custo de moagem, uma vez que os isoladores cerâmicos são muito duros e provocam o desgaste rápido do equipamento. A crescente preocupação com as questões ambientais vem exigindo cada vez mais um  posicionamento das indústrias quando à redução da geração, reutilização e reciclagem dos resíduos gerado s no processo de fabricaçã o. A aplicação desses is oladores como carga pa ra  preenchimen to de gabiões dispensa o processo de moagem e traz a tona uma nova concepção de reaproveitamento. Palavras Chave:  isoladores cerâmicos, usos alternativos, reutilização, gabiões.

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UTILIZAÇÃO DA SUCATA DE ISOLADORES CERÂMICOS PARAPREENCHIMENTO DE GABIÕES

Use of Scrap for Completion of Ceramic Insulators Gabions 

Ferreira, M.G. 1

; Sá, H.D. 1

; Guarizzo, V.T.1

; Ribeiro Filho, B.G.2

; Zanin, C.I.C.B.3

1- Discentes do 4o  semestre do Curso de Tecnólogo em Gestão Ambiental do Centro Universitário

Amparense –  UNIFIA.

2- Biólogo, Mestre em Educação, Administração e Comunicação em Educação Ambiental, docente do

Centro Universitário Amparense –  UNIFIA, coordenador do curso de Gestão Ambiental.

3- Química, Mestre em Engenharia Química, docente do Centro Universitário Amparense –  UNIFIA,

responsável pela orientação Metodológica.

RESUMO

Isoladores cerâmicos são materiais destinados a isolar eletricamente e suportarmecanicamente os esforços gerados em um corpo condutor. Para tanto são dotados de granderesistência elétrica e mecânica. A cidade de Pedreira-SP ficou conhecida como “Flor da

Porcelana” por abrigar um pólo industrial voltado para a fabricação de produtos cerâmicos

 para uso doméstico e elétrico. Após uma crise ocorrida nas indústrias de cerâmica domésticana década de 80, restaram apenas 03 empresas fabricantes de isoladores cerâmicos, divididasem 04 unidades fabris. A produção anual é de aproximadamente 30.000 toneladas. Dez porcento desse montante é refugado no processo de fabricação e descartado em aterrosindustriais. Uma parte deste material após a moagem retorna ao processo de fabricação, como“areia”. Durante muitos anos, o refugo de processo foi descartado em terrenos vazios. Os riostambém receberam parte destes materiais. Os isoladores cerâmicos, após a sua vida útil,

 perdem suas funções isolantes e são substituídos por novas unidades. As concessionárias deenergia, por sua vez, geram anualmente dezenas de unidades destes isoladores. Asconcessionárias de energia vêm mostrando grande preocupação quanto ao descarte destesmateriais. Algumas já desenvolveram alguns trabalhos como a utilização em argamassas,confecção de bancos e mesas para jardins, como carga para fabricação de piso cerâmico, etc.Contudo, um inconveniente nestes processos é o alto custo de moagem, uma vez que osisoladores cerâmicos são muito duros e provocam o desgaste rápido do equipamento. A

crescente preocupação com as questões ambientais vem exigindo cada vez mais um posicionamento das indústrias quando à redução da geração, reutilização e reciclagem dosresíduos gerados no processo de fabricação. A aplicação desses isoladores como carga para

 preenchimento de gabiões dispensa o processo de moagem e traz a tona uma nova concepçãode reaproveitamento.

Palavras Chave: isoladores cerâmicos, usos alternativos, reutilização, gabiões.

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ABSTRACT

Ceramic insulators are materials designed to isolate electrically and mechanically

support the efforts generated in a conductive body. For both are endowed with high strengthand electrical mechanics. The city of Pedreira-SP was known as "Flower of Porcelain" forhaving an industrial center devoted to the manufacturing of ceramic products for householdand electrical. After a crisis occurred in the domestic ceramic industry in the 80s, there wereonly 03 manufacturers of ceramic insulators, divided into 04 industrial units. Annual

 production is approximately 30,000 tons. Ten percent of that amount and wasted in themanufacturing process and disposed of in landfills. A part of this material after grindingreturns to the manufacturing process, such as "sand." For many years the process of waste has

 been dumped in empty lots. Rivers also received some of this material.The ceramic insulators, after their useful life, they lose their insulating and functions arereplaced by new units. The utility, in turn, generate tens of units annually of these insulators.

The energy utilities are showing great concern regarding the disposal of these materials. Somehave already developed some work as the use of mortar, making tables and benches forgardens, as filler for manufacturing ceramic floor, etc ... However, a drawback in these

 processes is the high cost of grinding, since the ceramic insulators are too hard and causerapid wear of the equipment. Growing concern over environmental issues is increasinglydemanding a position of the industries where the reduction of generation, reuse and recyclingof waste generated in the manufacturing process. The application of these insulators as fillerfor filling gabions relieve the crushing process and brings out a new concept reuse.

Keywords: ceramic insulators, alternative uses, reuse, gabions. 

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1. INTRODUÇÃO

O aumento do poder aquisitivo e o acesso às comodidades da vida moderna estão

motivando o homem do campo a migrar para as zonas urbanas. O emprego gera ao homem a

 possibilidade de satisfazer suas necessidades fisiológicas e emocionais através do “poder de

compra”. Os preços acessíveis e as facilidades de pagamento estão proporcionando ao homem

a oportunidade de consumir além do necessário para sua subsistência. O impacto desta nova

forma de vida pode ser notado nas cidades.

A grande quantidade de lixo gerado pelas indústrias, pelo comércio e pela população

está chamando a atenção dos nossos governantes para um caos que está por vir.

Recentemente foi aprovada a Lei 12.305  –  Política Nacional de Resíduos Sólidos, a

qual prevê grandes mudanças na conduta dos vários atores desta cadeia.

O descarte incorreto de resíduos em locais impróprios pode causar danos irreversíveis

ao meio ambiente. Sabe-se que grande parte dos materiais descartados nos aterros poderia

estar sendo reutilizada, reaproveitada ou reciclada. A redução do consumo exagerado

também é uma opção.

A produção anual de isoladores na cidade de Pedreira é da ordem de 35.000 toneladas

ano. Deste montante, dez por cento são descartados no processo por apresentarem defeitos de

fabricação.

Uma opção de baixo custo para este material, a qual terá sua viabilidade apresentada

neste trabalho é a utilização desta sucata para preenchimento de “gabiões”.

Gabião é uma palavra de origem italiana (gabione) que significa “gaiola”. Os gabiões

são estruturas armadas (gaiolas) flexíveis, drenantes e de grande resistência mecânica. São

utilizados para calçamento de encostas, obras hidráulicas e viárias. A gaiola é produzida em

fios de aço recozido doce e galvanizado.

1.1. O Descarte de Isoladores Cerâmicos

Durante muitos anos, materiais cerâmicos inservíveis foram descartados em terrenos

 baldios, nos rios e em locais inapropriados. Principalmente na cidade de Pedreira  –   SP,

conhecida como “Flor da Porcelana”, muitos  bairros foram construídos sobre áreas aterradas

 por esses materiais.

A ausência de legislação para descarte permitiu que uma quantidade incomensurável

de materiais cerâmicos tanto de uso elétrico como doméstico fossem descartados deinapropriadamente.

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Os isoladores cerâmicos possuem em seu corpo um selo de identificação com o nome

do fabricante e a data de fabricação. Durante o processo de fabricação passam por um

rigoroso controle de qualidade, onde são submetidos à inspeção visual e posteriormente a

ensaios elétricos, mecânicos, térmicos e outros, conforme características do isolador. Os

isoladores que não atendem a estes padrões são considerados “inservíveis” e descartados. 

Os isoladores inservíveis jogados a céu aberto durante muitos anos foram alvo de

furto. Esses materiais eram montados e colocados em serviço. Causaram falhas no sistema

elétrico (geração, transmissão e distribuição de energia elétrica) e trouxe inúmeros transtornos

aos fabricantes. Após uma mobilização dos fabricantes, os isoladores inservíveis passaram a

ser descartados em áreas particulares, garantindo a proteção contra furto, porém ainda sendo

descartados a céu aberto. Na década de 2000, os isoladores inservíveis passaram a serdescartados em aterro industrial. Essa prática minimiza os impactos, mas ainda precisa ser

reavaliada. As quantidades descartadas ocupam um volume muito grande e representam um

 problema ambiental em médio prazo.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Materiais Cerâmicos2.1.1. A Fabricação de Cerâmica

Muitas empresas do tipo olarias ainda produzem seus produtos de forma arcaica, com

mão de obra desqualificada e excluídas do mercado de trabalho. Como na maioria das vezes

os produtos produzidos são de baixo valor agregado é natural encontrar olarias de tijolos e

 blocos cerâmicos em quase todo o Brasil, com produtos fabricados sem nenhum controle de

qualidade (SOUZA e ARICA, 2006).

Pedreira passou a ser conhecida como “Flor da Porcelana” devido ao grande número

de empresas localizadas na cidade. Na década de 80, muitas dessas empresas foram extintas,

sobrevivendo quase que unicamente as fabricantes de isoladores de porcelana e algumas

cerâmicas de linha doméstica. No Brasil existem 04 fabricantes de isoladores cerâmicos

significativos, dos quais 03 estão localizados na cidade de Pedreira –  SP.

A mão-de-obra utilizada para produção de porcelana elétrica é mais qualificada que a

da produção de cerâmica doméstica. Observa-se que nas cerâmicas produtoras de isoladores

 boa parte da produção é automatizada, tendo grandes fornos para queima dos materiais e umcontrole de qualidade do produto acabado muito rigoroso (SOUZA, 2003).

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Alguns dados setoriais da produção de isoladores elétricos de porcelana do ano de

2003, conforme levantamento da ABCERAM  –   Associação Brasileira de Cerâmica

(ABCERAM, 2010) é apresentada na Tabela 2.1.

Tabela 1 - Dados Setoriais –  Isoladores de Porcelana (ABCERAM, 2007)

ISOLADORES ELÉTRICOS DE PORCELANA

 Número de Empresas 6

 Número de Fábricas 9

Capacidade Instalada (t/ano) 44.000

Produção (t/ano) 28.000Faturamento (US$ milhões) 39

Exportação (US$ milhões) 13

Importação (US$ milhões) 1,2

Empregos Diretos 1.700

Considerando uma produção média anual de 35.000 ton/ano de isoladores de

 porcelana, com um descarte em torno de 8%, sendo que 75% do total produzido serve comomaterial de substituição das instalações já existentes, tem-se um descarte da ordem de 30.000

ton/ano de porcelana. Portanto, estamos diante de um passivo ambiental e medidas devem ser

tomadas, antes que problemas sérios venham a ocorrer.

2.2. Isoladores Elétricos de Cerâmica

2.2.1. Definições

Os isoladores de porcelana são materiais cerâmicos classificados como cerâmica

 branca, pois possuem um corpo de massa recoberto por uma camada vítrea de esmalte. Esta

 porcelana elétrica é constituída basicamente de argila, porém deve ter baixo teor de ferro para

não comprometer as funções isoladoras do produto, além de feldspato responsável pela

geração de “massa vítrea”. Possuem também elevado ponto de fusão, sendo manufaturados a

frio na forma plástica e sofrendo processo de queima na temperatura de 2000 ºC (SCHMIT,

1979; ABCERAM, 2007).

Segundo Mamede Filho (1994), os isoladores são elementos sólidos com propriedades

mecânicas capazes de suportar os esforços produzidos pelos condutores. Eletricamente estes

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 possuem a função de isolar os condutores que estão submetidos a uma diferença de potencial

em relação à estrutura de suporte ou em relação a outro condutor. Estes isoladores são

divididos em dois grupos conforme a sua função de isolamento: Isolamento não regenerativo

e isolamento auto regenerativo.

2.2.2. Composição Química

Os isoladores são compostos basicamente de 30% de caulim associados à argila, 30%

feldspato e 40% quartzo. Ao passo que os isoladores especiais, isto é, isoladores para

subestações elétricas, recebem adição de alumina, em substituição parcial ao quartzo,

recebendo o nome de isoladores de alumina. São misturadas também outras substâncias em

 porcentagens bem reduzidas que influenciam na qualidade dielétrica e mecânica do isolador,sendo as principais substâncias o hidróxido de ferro, o silicato de cálcio, o silicato de

magnésio e outros ácidos, aumentando as quantidades de matérias primas dos isoladores

obtêm algumas melhorias (MAMEDE FILHO, 1994)

2.2.3. Processo de Fabricação

O processo de fabricação é dividido em três etapas (VAN VLACK, 1973; MAMEDE

FILHO, 1994; CST-ISOLADORES, 2010): Fabricação de porcelana crua; extrusão,calibração e torneação e vitrificação e sinterização.

2.2.3.1. Fabricação de porcelana crua

A fabricação de porcelana crua é feita da seguinte maneira: as matérias primas são

misturadas com água e mantidas por aproximadamente 30 horas num moinho de bolas para

homogeneização da massa. A próxima etapa é a filtro prensagem onde o excesso de água é

retirado, formando “tortas de massa” a serem utilizadas na etapa de extrusão. As marombasou extrusoras retiram ar existente na massa através de uma câmara de vácuo proporcionando o

formato ideal para moldagem ou torneação. Após a determinação do formato, os isoladores

são submetidos à vitrificação, onde a peça de porcelana recebe por imersão a aplicação de

somente e apenas uma camada de esmalte nas cores cinza ou marrrom. Este esmalte tem uma

espessura que varia de 0,3 a 0,07 mm e tem por finalidade, após a sinterização, dar ao isolador

a propriedade de repelir a sujeira e a água, facilitando a sua limpeza.

Por fim tem-se a sinterização, onde as peças são dispostas em fornos de alta

temperatura por volta de 1.200 ºC por um período determinado de acordo com o tipo de

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isolador, processando as reações químicas da porcelana. Após a sinterização, os isoladores são

submetidos a ensaios de rotina para verificação da conformidade.

2.2.4. Classificação dos Isoladores Cerâmicos

De acordo com a NBR 10004  –  Resíduos Sólidos, os resíduos industriais podem ser

classificados como:

Resíduos classe I - Perigosos;

Resíduos classe II –  Não perigosos;

  Resíduos classe II A –  Não inertes

  Resíduos classe IIB - Inertes

Os isoladores cerâmicos, rejeitados no processo de fabricação após a queima ou

 provenientes de desmantelamento de redes, são classificados de acordo com a NBR 10004

como “Classe IIB - Inertes”. 

...Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a

ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou

desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de

seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade deágua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

2.3. Muros de Contenção ou Arrimo

2.3.1. Definições de Estruturas de Contenção

Estruturas de contenção ou de arrimo são obras civis construídas com a finalidade de

 prover estabilidade contra a ruptura de maciços de terra ou rocha. São estruturas que fornecem

suporte a estes maciços e evitam o escorregamento causado pelo seu peso próprio ou por

carregamentos externos. Exemplos típicos de estruturas de contenção são os muros de arrimo,

as cortinas de estacas prancha e as paredes diafragma.

Embora a geometria, o processo construtivo e os materiais utilizados nas estruturas

citadas sejam muito diferentes entre si, todas elas são construídas para conter a possível

ruptura do maciço, suportando as pressões laterais exercidas por ele (MCCAFERRI –  Manual

Técnico).

Para construção de um muro de contenção é necessário que seja realizada uma análisedo equilíbrio formado pelo solo e a estrutura. Algumas características como deformidade,

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 permeabilidade e resistência e pelo próprio peso destes dois elementos, bem como da

interação entre eles.

Para cada caso deve ser realizada uma análise de viabilidade que torne a obra posível

de ser executada utilizando-se dos diversos modelos disponíveis e deve levar em conta as

características dos materiais, a geometria e as condições locais.

Os muros de contenção devem ser dotados de sistemas de drenagem a fim de o esforço

de empuxo da construção.

2.3.2. Estruturas de Contenção à Gravidade

A construção de muros de contenção à gravidade é uma prática atrativa, pois além de

não requerer mão de obra especializada são relativamente simples de construir.Este tipo de estrutura é formado por um corpo maciço que pode ser construído de

vários materiais agregados por argamassa, gabiões ou até uma combinação de vários

materiais. Nessa condição a estrutura é submetida a um esforço de empuxo e a sua

estabilidade é dada pelo solo e pelo seu próprio peso. Os principais elementos que compõem

este tipo de estrutura são: base, corpo, topo, reaterro, solo natural e filtro.

A compactação do solo durante a construção do muro é uma das características mais

importantes no caso das estruturas em gabiões formando ou reconstituindo um novo maciço.Muitas vezes é necessário que seja feita uma escavação no terreno natural, ficando quase

sempre uma parte de aterro e outra de solo natural o que confere ao bloco de solo uma

heterogeneidade inevitável e a superfície entre o solo e o aterro poderá constituir uma

 possível superfície de deslizamento.

2.3.3. Tipos de Estruturas

 Nos locais onde os desníveis são elevados, o consumo de material é muito grande,fator esse que limita a sua utilização em obras de pequeno e médio porte.

Em função do topo de material as estruturas podem ser subdivididas em:

• Estruturas rígidas: Aquelas construídas com materiais que não aceitam qualquer

tipo de deformação (ex.: concreto ciclópico, pedras argamassadas). São muito utilizadas,

entretanto apresentam algumas limitações técnicas e de aplicação como: exigem bom terreno

de fundação (não aceitam recalques ou assentamentos); necessitam de um eficiente sistema de

drenagem e em geral o aterro não pode ser feito antes da total conclusão da estrutura.

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• Estruturas flexíveis: Aquelas formadas por materiais deformáveis e que podem,

dentro de limites aceitáveis, adaptarem-se a acomodações e movimentos do terreno, sem

 perder sua estabilidade e eficiência (ex.: gabiões, blocos articulados).

A atual velocidade do desenvolvimento urbano e viário exige da engenharia, com

freqüência, soluções modernas e eficientes para a contenção de taludes e encostas.

Estas soluções devem aliar alta performance de trabalho à simplicidade construtiva e

custo atraente, pois, caso contrário, transformam-se em fator complicador para a viabilização

de projetos (MCCAFERRI –  Manual Técnico).

Fatores físicos, geotécnicos e econômicos são os que determinam o tipo de contenção

que atenda com qualidade e eficácia as exigências de cada tipo de obra.

As contenções construídas com materiais flexíveis, como os gabiões, atendem com propriedade de construção, comportamento e custos e representam uma alternativa vantajosa

 para várias aplicações.

Obras que agregam as necessidades mecânicas à estética da construção já são

observadas em diversos locais. Os gabiões já estão sendo utilizados para construção de

fachadas, muros de divisa de propriedade e outros fins que agregam um valor visual à obra,

sem necessariamente terem finalidades de contenção. A Figura 1 ilustra um muro de

contenção formado a partir de gabiões.

Figura 1 –  Muro de Contenção

2.3.4. Estuturas de Contenção em Gabiões

Os gabiões foram utilizados pelos militares por volta do século 16 e foram substituídos

no século 20 pelo sistema de sacos de areia, mais simples de se utilizar. O gabião era

originalmente um sistema defensivo utilizado para proteger rapidamente uma posição do fogode artilharia ou de balas.

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Hoje os gabiões são estruturas armadas, flexíveis, drenantes e de grande durabilidade e

resistência. São produzidos com malha de fios de aço doce recozido e galvanizado, em dupla

torção, amarradas nas extremidades e vértices por fios de diâmetro maior. São preenchidos

com seixos ou pedras britadas, como mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Muro de Contenção a gravidade em gabiões

São utilizados em estabilização de taludes, obras hidráulicas e viárias, etc. e podem ser

encontrados em três formatos: caixas, colchões, sacos; em diferentes tamanhos.

A utilização de gabiões para construção de muros de contenção tem algumas

características economicamente viáveis, entre as quais podemos citar que não necessitam defundações; adaptação do terreno; fácil desenho; mão de obra especializada; trabalham por

gravidade; flexíveis; drenantes; montagem rápida; durabilidade; são econômicos quando

comparados aos muros de arrimo.

2.3.4.1. Gabião tipo Caixa

Os gabiões tipo caixa são construídos a partir de uma malha hexagonal, produzida em

arames de aço de baixo carbono, revestidos com uma liga de zinco e alumínio (5%) e terrasraras. Para conferir propriedades mecânicas os arames são duplamente retorcidos. Após a

montagem, a rede de malha hexagonal deve ser preenchida com material resistente com

diâmetro nunca inferior a menor dimensão da malha hexagonal. Os gabiões são fornecidos

dobrados e agrupados em fardos. Devem ser armazenados sempre que possível perto ou no

local da obra, a fim de facilitar o trabalho. O piso deve ser firme e plano, além de um espaço

em torno de 20 m2 com inclinação máxima de 5%.

O conjunto é composto por uma malha (pano) e arames para amarração. Essesmateriais são transportados em fardos e após a montagem são amarrados ainda vazios,

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tomando a forma de uma “caixa”. Os gabiões podem ser preenchidos manualmente ou com

auxílio de equipamentos mecânicos e devem ser preenchidos até que a altura ultrapasse

levemente a altura da malha. A Figura 3 ilustra os materiais para composição do gabião.

Figura 3 –  Materiais para composição do gabião.

Após completado o processo de preenchimento das células, a tampa deve ser

 posicionada e amarrada com arame apropriado ao longo de seu perímetro. Após a finalização

 podem ser transportadas até o local de uso. A Figura 4 mostra detalhadamente os elementos

que compõem um gabião tipo caixa.

Figura 4 –  Elementos que compõem um gabião tipo “Caixa” 

2.3.5. Enchimento

O material utiizado para preenchimento dos gabiões deve atender as exigências

técnicas, funcionais e de durabilidade exigida pelo tipo de obra de contenção. Podem ser

utilizados quaisquer materiais pétreos, tais como seixos rolados e pedras britadas. O material

deve ser acomodadas de forma a reduzir o máximo possível os espaços vazios. Nas obras

onde estes materiais não estejam disponíveis a um custo acessível, podem ser utilizados

materiais alternativos como, sacos de areia e cimento, escória de alto forno, blocos de

cimento, porém estes podem reduzir algumas características do muro como permeabilidade e

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flexibilidade. Como o peso é fator preponderante para determinação da estabilidade do muro

deve ser dada preferência aos materiais de maior peso específico. Deve- se evitar pedras

solúveis, friáveis e de pouca dureza, pois estas comprometem a estabilidade do muro. Devem

ser evitadas também, pedras que não suportam temperaturas extremas e possam sofrer

fraturas.

Diversas rochas como basalto, diorito, gabro, gnaisse, granito, calcário, mármore,

quartzito, arenito, argilito podem ser utilizadas apresentam resultados satisfatórios para a

montagem de gabiões. Contudo, em função da facilidade e do custo, o basalto tem sido

 preferencialmente utilizado.

3. OBJETIVO

Estudar os tipos de isoladores e os modelos de gabiões que viabilizam o emprego de

sucata de isoladores elétricos de porcelana em substituição as pedras empregadas para

 preenchimento dos gabiões, analisando o comportamento de acordo com os seguintes itens:

irregularidade inerente aos tipos de isoladores; resistência mecânica a compressão;

 permeabilidade.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Montagem do Gabião

Os isoladores cerâmicos a fim de constituir propriedades elétricas e mecânicas são

fabricados com geometrias diversas que lhe atribuem distância de escoamento e resistência

mecânica a Flexão, tração, torção e compressão exigidas durante o seu uso.

Para realização deste trabalho foram utilizados isoladores cerâmicos tipo Pilar, classes15 e 25 KV e isoladores de pino classe 15 KV, refugados no processo de fabricação.

A fim de garantir um visual agradável, após a montagem, o gabião foi preenchido

manualmente e os isoladores foram colocados invertidos entre si.

 No núcleo do gabião, onde não há a necessidade estética, foram utilizados isoladores

de Pino, classe 15 KV e isoladores tipo Pilar, classe 15 KV.

O solo foi preparado através de nivelamento e aplicação de pedras britadas. Não foram

aplicados cálculos de resistência ao empuxo, bem como cálculos de resistência do solo por se

tratar de uma única camada de gabião.

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O local escolhido foi à beira de uma canaleta de águas pluviais onde as bordas

estavam desmoronando e provocando assoreamento.

A aplicação do gabião foi realizada por mão de obra de formação civil. A Figura 5

ilustra as etapas de construção do gabião.

Figura 5 –  Montagem de gabião tipo caixa com sucata de isoladores

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho de pesquisa foi realizado com gabiões tipo caixa.

Durante o preenchimento do gabião verificou-se a dificuldade de encontrar entre os

tipos disponíveis de isoladores quais seriam os mais adequados para preenchimento dos

mesmos, atendendo aos padrões mecânicos e estéticos.

As laterais foram montadas com isoladores tipo Pilar, classes l5 e 25 Kv. Foram

acondicionados de forma intercalada (ao contrário um do outro) por conta da geometria destes

isoladores. Foi observado que a geometria deste tipo de isolador permite que os mesmos

sejam encaixados de forma a garantir resistência mecânica.

 Na parte interna do gabião onde a necessidade estética pode ser desprezada, foramutilizados diversos tipos de isoladores tais como Roldana, castanha e Pino.

Após a montagem, contatou-se que esta é uma prática viável, desde que respeitadas as

limitações geométricas do isolador e a complexidade da obra.

6. CONCLUSÃO

 Nas últimas décadas, a preocupação acerca de problemas ambientais tem seintensificado, principalmente relacionados ao descarte correto de resíduos, como aqueles

 provenientes de indústrias cerâmicas e a não exploração do meio ambiente. Sendo assim, o

 preenchimento de “Gabiões” a partir da utilização da sucata de isoladores de cerâmica em

substituição às pedras comumente utilizadas para este fim é uma alternativa viável. Embora

algumas dificuldades tenham sido encontradas, como a escolha do tipo de isolador para

garantir as características desejadas pode-se concluir que tal estudo permite reduzir a extração

de pedras da natureza e da quantidade de isoladores depositados nos aterros industriais.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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isoladoes e Dados de Mercado de Isoladores Elétricos de Porcelana.   Disponível:

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