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Gestão da Inovação: Uma análise dos indicadores de inovação da América Latina HUMBERTO MEDRADO GOMES FERREIRA Universidade Municipal de São Caetano do Sul - USCS [email protected] FERNANDO THIAGO Universidade Municipal de São Caetano do Sul [email protected] JOSE VALENTIN IGLESIAS PASCUAL Universidade Municipal de São Caetano do Sul [email protected] ISABEL CRISTINA DOS SANTOS UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL [email protected]

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Gestão da Inovação: Uma análise dos indicadores de inovaçãoda América Latina

 

 

HUMBERTO MEDRADO GOMES FERREIRAUniversidade Municipal de São Caetano do Sul - [email protected] FERNANDO THIAGOUniversidade Municipal de São Caetano do [email protected] JOSE VALENTIN IGLESIAS PASCUALUniversidade Municipal de São Caetano do [email protected] ISABEL CRISTINA DOS SANTOSUNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO [email protected] 

 

Gestão da Inovação: Uma análise dos indicadores de inovação da América Latina

Resumo

A gestão da inovação cumpre papel perene nas ações dos países latino-americanos na busca

pelo desenvolvimento e novos mercados, seja pela agilidade com que a informação se difunde

ao longo das fronteiras, sejam pela digitalização, que proporciona o aprimoramento dos

processos gerenciais e que se traduz, fielmente, na ratificação dos princípios de eficiência e

eficácia organizacional e, em maior grau pela globalização, que expande fronteiras e se reflete

no incremento de novas tecnologias para um novo mundo. Este trabalho, em sua introdução,

fará uma breve revisão histórica justificando os fatores limitantes ao incremento da inovação

nos países da América Latina, com ênfase nos conceitos de industrialização, progresso

tecnológico e sociopolítico, condições estruturantes para que um processo inovador possa ser

estimulado e implantado. Nas etapas subsequentes, será apresentada a metodologia e, um

cruzamento de dados, trará a realidade dos países da América Latina no que tange a inovação,

na qual empreendedores criativos estão no centro, pois atuam de forma dinâmica e

contribuem para o desenvolvimento econômico propondo inovações e melhorando as

condições econômicas de seus países. Ao final do trabalho, o tratamento dos indicadores

apresentará os condicionantes para a gestão da inovação na América Latina.

Palavras-chave: Inovação. Fatores limitantes. Gestão da Inovação. Indicadores de Inovação.

Innovation Management: An analysis of innovation indicators in Latin America

Abstract

Innovation management meets perennial role in the actions of Latin American countries in the

quest for development and new markets, either by the agility with which information spreads

along the borders, whether by scanning, which facilitates the improvement of management

processes and that translates faithfully the ratification of the principles of organizational

efficiency and effectiveness, and greater degree of globalization, expanding boundaries and is

reflected in the increase of new technologies to a new world. This work, in its introduction,

will give a brief historical review justifying limiting the increase of innovation in Latin

America, with emphasis on the concepts of industrialization, technological and socio-political

progress, structural factors conditions for an innovative process can be stimulated and

implanted . In subsequent steps, the methodology, and an intersection of data will be

presented, will bring the reality of Latin America when it comes to innovation, in which

creative entrepreneurs are at the center because they act dynamically and contribute to

economic development by proposing innovations and improving the economic conditions of

their countries. At the end of the work, the treatment of indicators present the conditions for

innovation management in Latin America.

Key Words: Innovation. Limiting factors. Innovation Management. Indicators of Innovation.

1 – Introdução

A expansão comercial liderada pelos países europeus entre os séculos XIV e XIX levou-os à

descoberta e ocupação do Novo Mundo, que, de acordo com o capitalismo comercial, passou

a ser colonizado para promover a acumulação de capital na Europa (HILÁRIO JUNIOR e

CHACON, 1991).

A colonização dos países latino-americanos pelos europeus a partir do século XV transformou

as terras recém-descobertas em meras colônias de exploração, dada a necessidade de

acumulação, prática mercantilista, que os principais países da Europa difundiram por conta da

exploração de novas fontes de riqueza.

As colônias ricas em metais preciosos satisfariam de maneira direta a cobiça dos países

colonizadores, por mercadorias para trocas comerciais com outras nações desenvolvidas.

Caso não houvesse metais preciosos, outros recursos de igual importância comercial seriam

explorados também com finalidade de estabelecer laços políticos e alianças comerciais entre

as metrópoles.

As regiões coloniais mais ricas foram ocupadas por países estruturalmente mais fracos,

favorecidos pela conjuntura econômica européia, á época ainda em processo de centralização

política (HILÁRIO JUNIOR e CHACON, 1991).

A Figura 1 ilustra o modelo de trocas à época:

Figura 1: Modelos de trocas comerciais – América Latina X Mundo

Fonte: Adaptado de Hilário Junior e Chacon, 1991)

A discrepância que justifica a distância abissal entre as colônias anglo-saxônicas e as colônias

do “Novo Mundo” sob o domínio dos países ibéricos, pode ser explicada, em parte pelo

próprio processo colonizador: A expansão anglo-saxônica colonizou as terras como forma de

preparação para a efetiva conquista, ao passo que, a colonização ibérica privilegiava a

conquista em detrimento da criação de condições favoráveis à colonização.

Como o passar dos anos, o crescimento econômico polarizado na América do Norte e Europa,

faz recrudescer o abismo econômico que separa as economias industrializadas americana e

européias, das economias centro-periféricas mundiais, como as da América Latina,

comumente chamadas de economias subdesenvolvidas, de desenvolvimento tardio ou em

eterno desenvolvimento. A ruptura com o modelo econômico herdado do modelo de

exploração de recursos naturais, que caracterizou a colonização especialmente sul americana,

tem como plataforma a inovação industrial, com foco na tecnologia e nos processos.

AMÉRICA

LATINA

Índias Ocidentais

Contrabando

Inglaterra/França

Serviços e Manufatura

Espanha

Manufatura

África

Escravos

Ainda que haja uma concentração de esforços de inovação nas economias desenvolvidas

como Estados Unidos da América, Japão e Alemanha, o processo de inovação é visto como

uma mola propulsora do desenvolvimento, sobretudo industrial e comercial, para toda e

qualquer nação. Ao estimular e incentivar atividades inovadoras, os governos e empresários

colocam-se um passo a frente na tentativa de reduzir custos de produção, aumentar a

produtividade, incrementar a economicidade de seus produtos e também conquistar novos

mercados.

Não sendo novo, Schumpeter (1982) já tratava do tema inovação. Em seus escritos “teoria do

desenvolvimento econômico”, o autor salienta que “não se entende o desenvolvimento

somente pelas mudanças da vida econômica, mas sim, das que surjam por dentro, por sua

própria iniciativa”.

Faz-se crer, pelo autor, que a inovação era a chave do processo de desenvolvimento e

crescimento econômico dada a necessidade de criação de novos mercados e produtos que

atendessem, não somente aos clientes, mas as novas demandas do mercado e, em especial,

gerasse riqueza, na qual a exigência por um novo produto ou mesmo a solução de um

problema, vinda do mercado, envolvesse tecnologia para resolver essas demandas iniciais.

Estudo do Banco Mundial (2010) reforça que as atividades empreendedoras são fundamentais

para a sustentação do crescimento econômico e para o desenvolvimento econômico, tendo

como estratégia a inovação. Esse movimento empreendedor na América Latina é retratado na

Figura 2.

Figura 2: Extremos de inovação entre médias e grande firmas na América Latina e Caribe

Fonte: Banco Mundial. Relatório Many firms little innovation: 2010

Estas atividades são, em sua maioria, conduzidas por médios e grandes empresários que,

motivados pelo seu dinamismo são mais propensos a ações inovadoras (Banco Mundial,

2010).

A literatura de Stern (1989) apud Magalhães (1996, pág.97) acerca do desenvolvimento

econômico, esclarece que a contribuição entre os governos e as empresas, para estimular a

inovação, deve fundamentar-se em quatro questões:

a) Como os mercados e os indivíduos se ajustam a uma nova ordem global?

b) Como a informação é disseminada para fins de inovação?

c) Como o governo atua na gestão de políticas inovadoras?

d) Quais os incentivos que os governos dão para a pesquisa?

2 – Revisão Bibliográfica

2.1 – Fatores limitantes à Inovação na América Latina: Industrialização

Somente a partir dos anos 30 do século XX se tem início um processo de industrialização,

ainda incipiente, mas que já retratava o caminho para que as economias subdesenvolvidas

pudessem emergir em um cenário mundial de competitividade mais acirrada, impulsionado

pela segunda guerra mundial, nos anos 40, em especial, Brasil e Argentina tomaram frente

neste processo que, dentre outras características, previa negociar melhores condições

comerciais com os países industrializados que, por sua força e pujança econômica

contribuíam ainda mais para o elevado grau de endividamento destes países sul-americanos.

Os países latino-americanos caracterizaram suas economias nos estágios iniciais de

desenvolvimento baseando-as na economia produtiva de bens de consumo, em especial até a

Segunda Guerra Mundial, em parte fomentado pelo crescimento de mercado consumidor e

também pelo excedente produtivo cafeeiro na economia brasileira e agropastoril, na Argentina

(GONÇALVES, LEMOS e DE NEGRI, 2007).

Os autores determinam uma linha temporal para ilustrar o desenvolvimento industrial nos

países da América Latina, representando, essencialmente a estrutura que segue:

1 – Década de 50 até início da década de 70: a capacidade de produção de bens de consumo

duráveis e o complexo industrial vinculado à metalurgia e os produtos de metal.

2 – Meados da década de 60 até fins dos anos 70: inserção e fortalecimento da indústria de

química de base, metalurgia e outros bens intermediários, como papel e celulose, tanto quanto

maiores e mais complexos bens de capital.

Esse sistema é retratado por Rodriguez (2009) seguindo a seguinte lógica: O atraso da

estrutura produtiva dos países centro-periféricos, mesmo com elevada oferta de mão-de-obra,

acarreta severa desvantagem na geração e incorporação do progresso técnico, que, por sua

vez, leva a um menor crescimento da produtividade do trabalho. Esse menor crescimento,

associado a um excedente de oferta de mão-de-obra, não permite aos países periféricos maior

poder de barganha, visto que a baixa produtividade leva à restrições na economia e

conseqüente desequilíbrio externo.

2.2 – Fatores Condicionantes à Inovação: Progresso Técnico e Tecnologia

Para Rodriguez (2009), a evolução econômica serve de justificativa para o crescente estímulo

às inovações tecnológicas “destinadas a substituir mão-de-obra por capital”. De certa forma, a

produção com maior base tecnológica acarretaria em desemprego estrutural, mas, para o

autor, ela poderia contribuir para a alocação deste mesmo pessoal, por conta de investimentos

adicionais que poderiam surgir destas inovações.

Ao longo da evolução dos processos produtivos, o advento da tecnologia incorporou o

aumento da economia de escala, bem como o aumento e melhoria da produtividade. Para cada

trabalhador desempregado pela adoção de tecnologias, surgem 12 novas ocupações

relacionadas à mesma tecnologia (Fundação Peter Drucker, 1995).

Percebe-se que a interação entre progresso técnico, acumulação, emprego e salários, impacta

gradativamente no aumento da mobilidade do capital porquanto desenvolve grandes centros

industriais (RODRIGUEZ, 2009).

Tal proposição também é reforçada por Brum (2012) ao afirmar que “a dependência

tecnológica, aparece, ao lado da dependência financeira, como o meio mais eficaz de

conservar o controle sobre o processo de acumulação de capital”. Afirmando ainda que a

dependência tecnológica pode ser considerada como o novo colonialismo do séc. XXI.

Por outro lado, países em desenvolvimento são aqueles que mais produzem commodities

primárias, retroalimentando o ciclo vicioso da dependência.

Atualmente, é indissociável a tecnologia como elemento da competitividade, criando novos

modelos competitivos norteados pela capacidade dos países e empresas de inovarem

(FELDMANN, 2009).

Um dos estudos mais consistentes trata-se do modelo de “ondas” de Nicolai Kondratieff,

economista russo que foi o responsável pelo conceito de que o crescimento econômico ocorre

em ondas, e cada uma delas tendo duração aproximada em até 60 anos (FELDMANN, 2009).

O estudo de Kondratieff foi revisitado pela economista neo-schumpteriana Carlota Perez

(1985) que atribuiu a estas ondas o fato do mercado ter necessidade de se ajustar não só

economicamente, mas também sócio institucional, fazendo com que os novos paradigmas

sejam criados, em especial por conta de momentos de crise.

Como ilustra a tabela 1, há forte presença de fatores incrementais que contribuíram para este

processo evolutivo:

Tabela 1: O modelo das ondas de Kondratieff

Ondas Período Fatores Incrementais

Primeira 1789 a 1849 Revolução Industrial

Segunda 1849 a 1896 Transporte

Terceira 1896 a 1920 aço

Fonte: Kondratieff: 1935; Feldmann:2009

Feldmann (2009) lista as demais ondas que se sucederam ao longo do tempo, trazendo novos

fatores incrementais para o processo de desenvolvimento e inovação.

No período entre 1920 e 1970 o aço tornou-se a principal matéria-prima. O petróleo e seus

derivados tornaram-se as principais commoditites; sendo sucedidas, para o autor, por nova

onda que inicia-se em 1970 e perdura até os dias atuais, com o advento da tecnologia.

2.3 – A gestão da inovação na América Latina

Em seu trabalho intitulado Managing Innovation under Constraints: A Glimpse on the

Brazilian Conditions for Innovation, Santos et al (2004), salientam que somente o Brasil é

responsável por 52% da riqueza produzida na América do Sul, e possui metade do território,

reforçando que “somente há duas décadas no Brasil, a inovação tornou-se questão estratégica

para incremento da competitividade”.

A comparação com países que estão mais bem posicionados em termos de inovação se faz

relevante para realçar o compromisso dos países latino-americanos em investimentos que

justifiquem seu desenvolvimento tecnológico.

O Relatório do World Economic Fórum (WEF), de 2013, reforça esta distinção, mostrando as

economias latino-americanas em diversos estágios de desenvolvimento, representado pela

tabela 2.

Tabela 2: Inovação e fatores de sofisticação

País

Business

Sophistication Innovation

Rank Score Rank Score

Argentina 95 3.71 104 2.99

Bolívia 103 3.61 75 3.15

Brasil 39 4.42 55 3.42

Chile 54 4.25 43 3.60

Colômbia 63 4.06 74 3.16

Costa Rica 31 4.54 35 3.74

Republica Dominicana 71 3.96 115 2.83

Equador 69 3.97 58 3.40

Guatemala 50 4.27 90 3.05

Guiana 59 4.12 57 3.41

Haiti 145 2.87 144 2.22

Honduras 90 3.76 123 2.76

Jamaica 72 3.95 83 3.11

México 55 4.24 61 3.35

Nicarágua 115 3.50 99 3.00

Panama 52 4.26 36 3.72

Paraguai 119 3.49 136 2.45

Peru 74 3.95 122 2.76

Puerto Rico 19 5.03 24 4.39

Suriname 118 3.49 125 2.70

Uruguai 91 3.75 82 3.11

Venezuela 134 3.21 137 2.45

Fonte: Os autores, adaptado de WEF

Dados do World Economic Fórum, 2013, indicam que há economias latino-americanas em

estágio de subsistência, como a Nicarágua, país que vivenciou momentos políticos delicados

que comprometeram seu processo de desenvolvimento.

Outros países estão em nível um pouco superior a economia de subdesenvolvimento, no qual

se busca a eficiência produtiva. Neste segmento destacam-se, entre 20 economias, os países:

Bolívia, Honduras e Venezuela. Na Bolívia e na Venezuela, existe um socialismo populista,

fortemente dependente da presença estatal. Honduras, possui sua economia extremamente

dependente da agricultura.

No estado iniciante de inovação, tendendo ainda a eficiência produtiva, estão os seguintes

países: Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana,

Jamaica, Paraguai, Peru e Suriname.

As economias caribenhas, como República Dominicana e Jamaica, voltaram-se para um

modelo agro-exportador, em especial para os Estados Unidos da América.

No estágio no qual as economias buscam um modelo maior de inovação, encontram-se a

Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, México, Panamá e Uruguai. Estes países consolidaram

seus processos político-econômicos e, fruto da estabilidade, conseguem despender esforços no

sentido de fomentar o processo inovador.

Atualmente a América Latina está num processo que tenta minimizar a pobreza, melhorar os

seus padrões de vida e promover um crescimento econômico sustentável. (OLAVARRIETA e

VILLENA, 2014).

Os indicadores do Banco Mundial demonstram a realidade da gestão da inovação e

competitividade dos países da América Latina conforme figura 3 em um ranking composto

por 148 países.

Atualmente a América Latina está num processo que tenta minimizar a pobreza, melhorar os

seus padrões de vida e promover um crescimento econômico sustentável. (OLAVARRIETA e

VILLENA, 2014).

Padilla-Pérez e Gaudin (2014) indicam a existência de diversas barreiras para o

desenvolvimento de políticas e planos nacionais de desenvolvimento científico, tecnológico e

de inovação na América Latina:

- Falta de apoio político de alto nível para as políticas de CTI.

- Falta de planejamento de longo prazo e da contínua implementação para as políticas de CTI.

- Ausência de recursos financeiros e a cultura institucional para monitorar e avaliar programas

e políticas.

- Fraco o compromisso nacional para CTI como uma fonte para o desenvolvimento social e

econômico.

- Grau dissonante de desenvolvimento institucional entre os países da América Central varia,

mas a maioria deles criou um conjunto básico de instituições e organizações para promover

atividades de CTI.

- Fraca coordenação entre as organizações públicas na elaboração e implementação de

políticas de CTI.

- Sistema educacional que não gera recursos humanos suficientes em quantidade e qualidade.

- Sistemas financeiros da América Central não são padronizados para oferecer o adequado

apoio à inovação.

Os indicadores do Banco Mundial demonstram a realidade da gestão da inovação e

competitividade dos países da América Latina conforme gráfico 1:

Gráfico 1: Gastos com pesquisa e desenvolvimento em % do PIB - Mundo

Fonte: Olavarrieta eVillena, 2014 adaptado de World Development Indicators data and from United Nations

Educational, Scientific, and Cultural Organization (UNESCO) Institute for Statistics, 2013.

Esta figura analisa os indicadores de Gastos do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento de vários

países da Europa, Ásia e Pacífico e alguns da América Latina, a qual mostra o hiato que

separa os países desenvolvidos dos países menos desenvolvidos: Menos de 1% dos países da

América Latina e Caribe contra média superior à 2% dos países Europeus, da Àsia e Pacífico.

O gráfico 2, analisa os indicadores de Gastos do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento de

vários países da América Latina. Ressalte-se o Brasil como o país que mais investe em

pesquisa e desenvolvimento, ainda assim com somente 1,1% do seu PIB, em comparação com

Argentina, Costa Rica, Uruguai, México e Chile com valores entre 0,4 a 0,6 % do PIB.

Gráfico 2: Gastos com pesquisa e desenvolvimento em % do PIB – América Latina

Fonte: Olavarrieta eVillena, 2014 adaptado de World Development Indicators data and from United Nations

Educational, Scientific, and Cultural Organization (UNESCO) Institute for Statistics, 2013.

Os dois gráficos anteriores comprovam que os países da América Latina somente terão

melhores condições de inovação se destinarem maiores investimentos para pesquisa e

desenvolvimento.

3 – Metodologia

Para efeito deste estudo, foram realizadas pesquisas exploratórias, bibliográficas e

documentais que refletissem o estado-da-arte no tema inovação associado a gestão de seus

fatores em relação aos países latino-americanos.

Segundo Gil (2010) a pesquisa bibliográfica é elaborada com material já publicado,

permitindo ao pesquisador cobrir um extrato maior de fenômenos sobre o tema estudado. A

pesquisa documental, por sua vez, tem característica distinta da bibliográfica, pois utiliza

material interno à organização, como relatórios, em especial, dados estatísticos. A pesquisa

exploratória abarca a familiaridade com o tema, buscando deixá-lo flexível e consistente sobre

o tema que se quer estudar.

4 – Apresentação e Análise dos resultados

Segundo Tigre (2006) A difusão da inovação tecnológica depende de três fatores

condicionantes: condicionantes técnicos, condicionantes econômicos e condicionantes

institucionais.

Os condicionantes técnicos podem ser entendidos pelo maior o grau de complexidade da

tecnologia e sua relação com maior necessidade de suporte técnico para a resolução de

problemas tendo como elementos críticos para a difusão tecnológica são a flexibilidade

organizacional e a capacidade cognitiva de absorver novos conhecimentos.

Os condicionantes econômicos são relacionados aos fatores custos de aquisição e implantação

de novas tecnologias. Neste contexto, as expectativas de retorno de investimento em conjunto

com custos para implantação de novas tecnologias podem ter uma aplicação restrita ou uma

difusão abrangente.

Os condicionantes institucionais são aqueles diretamente ligados a capacidade financeira, tais

como a disponibilidade de financiamentos e incentivos fiscais à inovação que gerem um clima

favorável ao investimento no país que, associado aos acordos internacionais de comércio e

investimento servem de alicerce para a construção da difusão inovadora.

Um indicador importante para analisar o grau de inovação dos países é o número de pedidos

de pedidos de patentes, conforme gráficos 3 e 4.

Gráfico 3 – Número de registros de patentes - Mundo

Fonte: Olavarrieta e Villena, 2014 adaptado de World Intellectual Property Organization (WIPO), 2013.

O gráfico 3, analisa a quantidade de pedidos de patentes de vários países da Europa, Ásia e

Pacífico e alguns da América Latina. Os países do Leste da Ásia têm aproximadamente

800.000 pedidos de patentes. Os países da América Latina e Caribe têm menos de 10.000

pedidos de patentes, em dados de 2013.

O gráfico 4, analisa a quantidade de pedidos de Patentes de países da América Latina,

colocando o Brasil, com aproximadamente 2.000 pedidos de patentes como referência

geográfica e o México com aproximadamente 1.000 pedidos de patentes, representando 50%

menos do total de registros praticados pelo Brasil.

Gráfico 4 – Número de registros de patentes – América Latina

Fonte: Olavarrieta e Villena, 2014 adaptado de World Intellectual Property Organization

(WIPO), 2013.

Esse indicador sobre patentes indica que os países com maiores taxas de inovação tem os

maiores números de pedidos de patentes. Os países da América Latina possuem números

muito inferiores. Essa diferença colabora com os problemas de gestão da inovação na

América Latina.

Outro indicador importante para a gestão de inovação se refere ao número de exportações de

produtos de alto padrão tecnológico, conforme gráfico 5.

Gráfico 5 – exportações de produtos de alto padrão tecnológico - Mundo

Fonte: Olavarrieta eVillena, 2014 adaptado de World Development Indicators data and from United Nations,

Comtrade database,2013.

O gráfico 5 registra os indicadores de exportações de produtos de alto nível tecnológico de

vários países da Europa, Ásia e Pacífico e alguns da América Latina. Pelo gráfico reforça-se

ainda mais a distância dos níveis de produção entre os países dado que somente 10% das

exportações com produtos de alto nível tecnológico parte dos países da América Latina e

Caribe contra aproximadamente 25% dos países do leste Ásia e Pacífico.

O gráfico 6, registra os indicadores de exportações de produtos de alto nível tecnológico de

vários países da América Latina, salientando a Costa Rica com 40% de exportações de

produtos com alto nível tecnológico, com a sua subsidiária da Intel. México com

aproximadamente 16%. Brasil com 10%.

Gráfico 6 – exportações de produtos de alto padrão tecnológico – América Latina

Fonte: Olavarrieta eVillena, 2014 adaptado de National Science Foundation, Science and Engineering

Indicators, 2013.

5 – Considerações Finais

O presente trabalho demonstrou que a gestão da inovação, via difusão tecnológica, nos países

latino-americanos, são diferenciados tanto pela organização e estrutura interna quanto pela

gestão política de um país.

Na América Latina, a inovação deveria ocorrer em maior intensidade. Mas existem fatores

condicionantes à difusão da inovação tecnológica na América Latina, principalmente nos

países inseridos dentro do mesmo acordo comercial como o Mercosul.

Os países da América Central possuem pequenas economias abertas, cujo vértice inovador é a

criação de políticas e planos nacionais de desenvolvimento científico, tecnológico e de

inovação (CTI) com objetivos claros e períodos de tempo bem determinado (Padilla-Pérez e

Gaudin, 2014).

As diversas barreiras para o desenvolvimento de políticas e planos nacionais de

desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação na América Central compreendem:

1) Ausência ou quase nulidade de recursos financeiros;

2) Planejamento estratégico e apoio governamental incipiente para as políticas de CTI;

3) Dificuldade para monitorar e avaliar programas e políticas de incentivo à inovação e o

quantum de retorno deste investimento;

4) Elevada heterogeneidade entre os países latinoamericanos, que, mesmo com graus

diferenciados de desenvolvimento da inovação nos países da América Central,

buscaram implantar um conjunto de estruturas adequadas para promover atividades de

CTI;

5) Sistema educacional incapaz da geração adequada de recursos humanos em

quantidade e qualidade;

6) Sistemas financeiros dos países latinoamericanos, América Central em especial, não

padronizado, o que dificulta oferecer o adequado apoio à inovação, o mesmo

ocorrendo em menor escala nos países

Tigre (2006) apresenta os condicionantes para a inovação que são relevantes na busca de

maior competitividade internacional pelo escoamento da produção, abertura de novos

mercados e consolidação da imagem dos países no contexto global.

A figura 3 representado esta estrutura.

Figura 3 – Fatores condicionantes da Inovação

Fonte: Tigre (2006)

Os dados apresentados neste trabalho indicam que a América Latina apresenta poucos fatores

favoráveis à difusão da inovação:

a) Reduzida exportação de produtos de alta tecnologia;

b) Reduzido investimento em P&D;

c) Reduzidos esforços para a promoção do desenvolvimento de atividades de CTI;

d) Reduzida capacitação técnica de recursos humanos em quantidade e qualidade

desejados.

Como sugestão de pesquisas futuras, analisar a evolução dos polos tecnológicos na América

Latina e o seu papel na gestão e desenvolvimento da inovação na região como condição

fundamental do alicerce inovador é relevante.

6 - REFERÊNCIAS

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