GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência...

57
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO EDGARD MACÊDO DA SILVA NETO GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES: O DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO PARA CONTROLE DE CUSTOS DAS SOBREESTADIAS RODOVIÁRIAS. Salvador 2018

Transcript of GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência...

Page 1: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA

BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

EDGARD MACÊDO DA SILVA NETO

GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES:

O DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO PARA CONTROLE DE

CUSTOS DAS SOBREESTADIAS RODOVIÁRIAS.

Salvador

2018

Page 2: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

EDGARD MACÊDO DA SILVA NETO

GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES:

O DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO PARA CONTROLE DE

CUSTOS DAS SOBREESTADIAS RODOVIÁRIAS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

graduação em Administração do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, como requisito

para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Seixas

Salvador

2018

Page 3: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

AGRADECIMENTOS

Cursar administração foi uma decisão muito difícil em minha vida, embora sempre tivesse

o desejo de fazê-lo algum dia. Manter-se firme sobre esse caminho foi uma tarefa ainda mais

complicada devido aos grandes problemas com os quais me deparei, contudo eu tive muita sorte

de encontrar boas pessoas pelo caminho, que me auxiliaram enormemente a seguir em frente.

Agradeço a Renata Soares, por ter me selecionado para fazer parte da equipe de supply

chain da Deten Química, ter sido uma ótima tutora no meu período de estágio e ser uma

profissional que tenho como referência na área pela sua postura e conhecimento. Estendo meus

agradecimentos a toda equipe de supply chain e comercial, pela grande parceria e aprendizado

constante.

Sou muito grato aos meus professores do curso de administração por compartilharem

comigo parte dos seus conhecimentos. Alguns destes foram capazes de ministrar disciplinas

com tamanha excelência, que colherei para sempre os resultados dos estudos, sob a forma de

um pensamento muito mais crítico e profundo sobre o mundo ao meu redor.

Sou grato aos colegas que conheci no Instituto Federal, especialmente àqueles que mais

se uniram a mim em ótimos grupos de trabalho e estiveram mais presentes nas atividades

extraclasse: Amanda Almeida, Amanda Lima, Diego Guimarães, Doriane Vasconcelos,

Everson Lisboa, Isabel Sales, Leonardo Argolo, Luana Lisboa, Luciana Lisboa e Maiara

Suedde. Sei que posso contar com vocês.

Sou eternamente grato a uma garota que conheci a seis anos atrás, que esteve ao meu lado

nos momentos mais difíceis da minha vida e sempre teve a maturidade, o carinho e a inteligência

para me ajudar por toda essa jornada. Essa garota se tornou tão importante na minha vida, que

posso afirmar com convicção que encontrá-la foi a melhor coisa que me aconteceu no IFBA.

Te amo Ana Flávia.

Chego ao final desse ciclo sabendo que fiz o melhor que pude, porque sempre me

empenhei em fazer tudo com muita dedicação e paixão.

Page 4: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu pai Edgard

Macêdo da Silva Filho (in memorian), por ter

sido um grande educador e também o meu

melhor amigo.

Page 5: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que

não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”

William Edwards Deming

Page 6: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

RESUMO

Em um mundo cada vez mais informatizado, o uso de softwares que auxiliam nas análises e

tomadas de decisões têm se tornado mais frequentes para a otimização dos resultados

organizacionais. Desta forma, este estudo visa desenvolver um modelo de processo de controle,

a fim de contribuir para que os profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos possam

compreender melhor os cenários no âmbito das operações de transporte, auxiliando-os nas

tomadas de decisões, visando reduzir os custos de sobreestadias no modal rodoviário. Para isso,

foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental, por meio da análise das faturas

comerciais, emitidas por transportadoras que prestaram serviço para a Empresa XYZ no período

de 01/01/2017 à 31/12/2017, subsidiando a composição de painéis interativos dinâmicos

(dashboards). Os resultados apontaram que em 705 operações da Empresa XYZ incidiram

cobranças de sobreestadias, gerando um passivo total de R$ 241.209,33 no ano de 2017.

Concluiu-se que a metodologia desenvolvida nesse processo apresenta vantagens quando

comparada aos modelos tradicionais, principalmente nos itens: custo, usabilidade, versatilidade,

compartilhamento e agilidade.

Palavras-chave: Logística de transportes. Gestão da cadeia de suprimentos. Custos logísticos.

Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos.

Page 7: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

ABSTRACT

In an increasingly computerized world, the use of softwares that assists analysis and decision-

making has become more frequent for optimizing organizational results. In this way, this study

aims to develop a control process model, in order to contribute to the better understand of

Supply Chain Management professionals in the scenarios in transportation operations, assisting

them in decision making, in order to reduce the costs of overstays in the modal road. For this,

a bibliographical and documentary research was carried out, through the analysis of commercial

invoices, issued by carriers that rendered service to the Company XYZ from 01/01/2017 to

31/12/2017, subsidizing the composition of dashboards. The results indicated that in 705

operations of the Company XYZ, they incurred demurrage charges, generating a total liability

of R$ 241,209.33 in 2017. It was concluded that the methodology developed in this process

presents advantages when compared to traditional models, especially in items: cost, usability,

versatility, sharing and agility.

Keywords: Transport logistics. Supply chain management. Logistic costs. Demurrages.

Business intelligence. Dashboards.

Page 8: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Evolução da logística para a cadeia de suprimento .............................................. 19

Figura 02 - Representatividade dos custos logísticos do Brasil em relação ao PIB ................ 22

Figura 03 - Backbones no Brasil ............................................................................................. 25

Figura 04 - Malha rodoviária brasileira ................................................................................... 26

Figura 05 - Ciclo administrativo e ajustamentos corretivos .................................................... 31

Figura 06 - Esquema geral para o processo de controle .......................................................... 32

Figura 07 - Modelo de relacionamento dimensional proposto ................................................ 36

Figura 08 - Fluxo do novo modelo de processo de gestão das sobreestadias rodoviárias....... 41

Figura 09 - Visão dimensional por mês ................................................................................... 45

Figura 10 - Visão dimensional por cliente .............................................................................. 45

Figura 11 - Visão dimensional por transportador .................................................................... 46

Figura 12 - Visão dimensional por produto ............................................................................. 46

Figura 13 - Visão dimensional por etapa ................................................................................. 47

Page 9: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Matriz de transporte do Brasil em 2016 ............................................................... 23

Tabela 02 - Número de itens distintos encontrados em cada dimensão .................................. 47

Page 10: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Formatos de um sistema de controle ................................................................... 31

Quadro 02 - Banco de dados do modelo proposto .................................................................. 38

Quadro 03 - Comparação entre modelos de gestão das sobreestadias .................................... 50

Page 11: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

LISTA DE ABREVIATURAS

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

BI Business Intelligence

CNT Confederação Nacional do Transporte

CRM Customer Relationship Management

CSCMP Council of Supply Chain Management Professionals

CTe Conhecimento de Transporte Eletrônico

EIS Enterprise Information System

ERP Enterprise Resource Planning

GCS Gestão da Cadeia de Suprimentos

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

KPI Key Performance Indicator

MRP Material Requirement Planning

SIG Sistema de Informações Gerenciais

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

Page 12: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14

1.1 Problema da pesquisa ............................................................................................................................... 16

1.2 Objetivo geral........................................................................................................................................... 16 1.2.1 Objetivos Específicos .................................................................................................................... 16

1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................................................................ 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 18

2.1 A Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management) ............................................................ 18

2.2 A Matriz Logística Brasileira ................................................................................................................... 22 2.2.1 Modal Rodoviário ......................................................................................................................... 25

2.3 Estadias e Sobreestadias ........................................................................................................................... 27

2.4 Inteligência Empresarial (Business Intelligence) ....................................................................................... 28

2.5 Função Controle na Administração ........................................................................................................... 29

3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 34

3.1 Caracterização da Pesquisa ....................................................................................................................... 34

3.2 Recursos Materiais ................................................................................................................................... 35 3.2.1 Softwares ........................................................................................................................................ 35

3.3 Modelo de Dados ..................................................................................................................................... 36

3.4 Coleta de Dados ....................................................................................................................................... 37

3.5 Análise de Dados ..................................................................................................................................... 38

3.6 Limitações da Pesquisa............................................................................................................................. 38

4 ANÁLISE DA PESQUISA ............................................................................................. 40

4.1 Processos de Sobreestadias ....................................................................................................................... 40 4.1.1 Modelo Tradicional ....................................................................................................................... 40 4.1.2 Modelo Alternativo ....................................................................................................................... 40

4.2 Painéis Interativos Dinâmicos (Dashboards) ............................................................................................ 43

4.3 Diagnóstico da Empresa XYZ .................................................................................................................. 47

4.4 Limites da Metodologia ............................................................................................................................ 49

4.5 Vantagens do Modelo ............................................................................................................................... 50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 51

Page 13: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 52

ANEXO A – REQUISITOS MÍNIMOS DE HARDWARE PARA O MICROSOFT®

POWER BI® DESKTOP ........................................................................................................ 56

ANEXO B – REQUISITOS MÍNIMOS DE HARDWARE PARA O MICROSOFT®

EXCEL® 2016 ......................................................................................................................... 57

Page 14: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

14

1 Introdução

Com o avanço do processo de globalização houveram melhorias significativas na

infraestrutura nas cidades, principalmente no transporte e no armazenamento, que são

aprimorados constantemente para serem capazes de suportar o aumento das demandas de

produtos e serviços, a superação das distâncias promovida pela organização produtiva das

firmas multinacionais e a redução dos prazos de entregas, afetando fortemente a dinâmica do

comércio mundial.

Acompanhando todas essas mudanças econômico-sociais, desenvolveu-se uma área de

conhecimento denominada “logística”, que busca, em princípio, realizar a distribuição

adequada de produtos desde local de fabricação ao cliente final de forma eficiente e eficaz. Com

o avançar do tempo, a logística passou a integrar outras atividades dentro das organizações,

combinando-se com as áreas de marketing e produção, que a conferiu um leque de atividades

muito mais abrangente, resultando na Gestão da Cadeia de Suprimento (GCS). A GCS é um

conjunto de atividades extremamente complexo e que demanda frequentemente tomadas de

decisões que afetam toda a estrutura produtiva da rede de empresas na qual a organização se

relaciona. Tais decisões precisam garantir o equilíbrio entre interesses diversos dos

stakeholders1, contemplando as variáveis macroambientais (legal, cultural, demográfica,

natural, política e econômica) e microambientais (empresa, clientes, fornecedores,

concorrentes, entre outras).

Numa sociedade marcada pelo crescimento exponencial do volume de dados, se destaca

um paradigma gerencial denominada inteligência empresarial, ou em inglês business

intelligence2, que no sentido de processo organizacional, equivale a um tipo de aprendizagem

empresarial obtida por meio da análise constante desses dados. Nesse contexto, as melhores

práticas de gestão, no campo da GCS, caminham para uma intensiva informatização dos dados,

possibilitada pela redução de custo dos microprocessadores ao longo dos anos e o

1 A definição mais empregada na literatura do termo stakeholder é a de Freeman (1984), segundo a qual

stakeholder é qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a obtenção dos objetivos organizacionais ou que é

afetado pelo processo de busca destes objetivos. Freeman acrescenta que stakeholders são grupos que têm direito

legitimado sobre a organização (BOAVENTURA et al., 2008, p. 03) 2 O termo business intelligence (BI) tem diversas traduções: 1) inteligência empresarial; 2) inteligência de

negócios; 3) inteligência organizacional. A expressão pode significar tanto um processo organizacional como se

referir às ferramentas de tecnologias da informação para coleta e tratamento de dados.

Page 15: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

15

desenvolvimento dos sistemas de informação empresariais, tais como os MRP’s3, ERP’s4,

CRM’s5 e etc (FLEURY et al., 2000 e BOWERSOX et al., 2009). Este fator torna-se um

caminho de mão dupla, pois na medida em que são reduzidos os preços de aquisição das

tecnologias, estas são implementadas nos processos e diminuem os custos operacionais. Os

desafios contemporâneos para a melhor utilização desses softwares na tomada de decisões

gerenciais, estão na captação de uma grande quantidade de dados dispostas em ambientes

multiplataformas, na organização desses dados em informações estruturadas e numa análise

assertiva e veloz, capaz de subsidiar boas decisões empresariais e fomentar o aprendizado

organizacional (FLEURY et al., 2000).

Atualmente as empresas brasileiras apresentam dificuldades para elaborar e pôr em

prática suas estratégias de distribuição de produtos e serviços, isto se deve, em grande parte, a

ausência de uma infraestrutura que possibilite a diversificação da matriz de transportes no país.

No período desenvolvimentista brasileiro, houve uma concentração de esforços para a expansão

das rodovias, que propiciou uma alavancagem do transporte rodoviário, porém os outros tipos

de transportes não receberam a mesma atenção, reduzindo, ao longo do tempo, suas

participações dentro da matriz de transporte do país. O que chama a atenção é a inviabilidade

econômica da utilização isolada do transporte rodoviário em grandes distâncias, como é o caso

do Brasil, país com vasta dimensão territorial. Contudo, muitas vezes não há outra alternativa

de transporte disponível, restando aos profissionais de GCS, ao menos extraírem o máximo

possível de eficiência dentro das opções que lhes são possíveis.

Os gastos com logística, em 2016, representaram cerca de 12% do PIB no país, deste

percentual, o transporte representa a maior fatia, cerca de 6,6% (ILOS, 2017). Os custos com

transportes representam aproximadamente 1/3 de todo o custo logístico da empresa

(BOWERSOX et al., 2009, p. 20), dentre esses custos, fazem parte as sobreestadias, que

significa o pagamento indenizatório aos proprietários dos veículos, que são contratados para

realizar transporte, quando se extrapola a franquia de horas pactuada em contrato. Contudo não

se observa muitos estudos que abordem o tema de maneira aprofundada, deixando grandes

3 Sistema de informações computadorizado, desenvolvido especificamente para auxiliar as empresas na

administração de estoques com base em sua demanda dependente e programar pedidos de reposição (HEIDRICH,

2005, p. 972). 4 Sistema integrado e possui uma arquitetura aberta, viabilizando a operação com diversos sistemas operacionais,

banco de dados e plataformas de hardware. Desta forma, é possível a visualização completa das transações

efetuadas por uma empresa (JESUS e OLIVEIRA, 2007, p. 318). 5 Integração de tecnologia e processos de negócios, usada para satisfazer às necessidades dos clientes durante

qualquer interação. Especificamente, CRM envolve aquisição, análise e uso do conhecimento de clientes para

venda mais eficiente de produtos e serviços (CASTRO, 2015, p. 11).

Page 16: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

16

lacunas para os profissionais da área de GCS acerca das proporções destes custos sobre o custo

total logístico e sobre alternativas metodológicas para o gerenciamento dessa adversidade na

eficiência dos transportes. Atuar na redução desse valor pode significar um aumento da

competitividade das organizações, seja em comparações de mercado interno ou externo.

Portanto, se faz necessário desenvolver metodologias com fins práticos, utilizando as

ferramentas das tecnologias da informação e comunicação para construir um ambiente propício

ao BI, que permita identificar os desvios na eficiência do processo de transporte relacionados

às sobreestadias no modal rodoviário, auxiliando, assim, os profissionais de GCS nas tomadas

de decisões gerenciais a fim de aprimorar o processo de controle dentro da administração.

1.1 Problema da pesquisa

Como um modelo de processo alternativo pode auxiliar no controle dos custos com

sobreestadias rodoviárias, contribuindo para uma melhor compreensão dos cenários no âmbito

das operações de transporte, auxiliando os profissionais de GCS nas tomadas de decisões e

visando reduzir os custos logísticos?

1.2 Objetivo geral

Desenvolver um modelo de processo para controle, a fim de contribuir para que os

profissionais de GCS possam compreender melhor os cenários no âmbito das operações de

transporte, auxiliando-os nas tomadas de decisões, visando reduzir os custos de sobreestadias

no modal rodoviário.

1.2.1 Objetivos Específicos

• Analisar os processos de controle de gastos com sobreestadias da Empresa XYZ

identificando os gargalos;

• Desenvolver um novo modelo de gestão das sobreestadias rodoviárias;

• Comparar o modelo tradicional de gestão das sobreestadias rodoviárias e o novo modelo

proposto, identificando as vantagens de sua aplicação;

• Desenvolver painéis gráficos interativos (dashboards), que sejam capazes de exibir

informações acerca do custo total de sobreestadias sob diferentes perspectivas;

• Discutir a aplicabilidade e os limites do modelo.

Page 17: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

17

1.3 Estrutura do trabalho

A estrutura deste trabalho está dividida em cinco capítulos. O capítulo 1 é destinado à

uma abordagem introdutória do tema, contemplando a contextualização, a justificativa, o

problema de pesquisa, a estrutura do trabalho e os objetivos: geral e específicos. No capítulo 2

é realizado uma revisão bibliográfica, onde está presente a abordagem teórica sobre a gestão da

cadeia de suprimentos, a matriz logística brasileira, as estadias e sobreestadias, inteligência

empresarial (BI) e a função controle na administração. No capítulo 3 é descrita a metodologia

da pesquisa, por meio da apresentação da caracterização da mesma, dos recursos materiais, da

coleta de dados, da análise de dados e das limitações da pesquisa. No capítulo 4 é feita a análise

da pesquisa, que consiste no processo de sobreestadias, nos painéis interativos dinâmicos

(dashboards), no diagnóstico da Empresa XYZ, nas limitações da metodologia e nas vantagens

do modelo. O capítulo 5 traz as considerações finais do estudo.

Page 18: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

18

2 Referencial Teórico

O referencial teórico deste estudo foi desenvolvido de forma com que os assuntos

relacionados ao tema sejam contextualizados e seus principais conceitos sejam definidos.

2.1 A Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management)

No final do século XX, era comum ser encontrada uma definição de logística associada

às operações militares, devido a importância que se deu aos estudos desta pela indústria bélica,

no período da segunda guerra mundial. Uma definição criada por Ballou (2010, p. 27) no

Websner’s New Enciclopedyc (1993), ajuda a entender como a área era descrita: “O ramo da

ciência militar que lida com a obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e

instalações”. Esta definição conceituava a logística de uma forma estritamente operacional e

associava sua finalidade diretamente ao atendimento dos objetivos militares.

Fleury (2000, p. 27), em sintonia com Bowersox et al. (2009, p. 19), tece um comentário

intrigante a respeito da natureza da logística: “a logística é um verdadeiro paradoxo. É, ao

mesmo tempo, umas das atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais

mais modernos”.

Até a década de 60, as atividades inerentes à logística eram altamente

departamentalizadas, formando estruturas funcionais rígidas com pouca ou nenhuma integração

entre elas. Nesse contexto, a otimização dos processos logísticos dava-se de forma

individualizada, ou seja, cada departamento era responsável por uma fração dos resultados

finais da operação, que por muitas vezes poderiam ser conflitantes com as de outros setores.

No início dos anos 80, começava-se a repensar o modelo de logística praticado pelas

empresas. A visão das escolas da administração estratégica corroborou fortemente para um

direcionamento da abordagem logística nesse sentido. A logística passou a ser entendida como

um processo estratégico dentro da organização e a constatar que uma integração das suas

principais funções produzia resultados superiores. Um tipo de visão holística, quando

comparadas às atividades exercidas separadamente.

O Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), apresenta uma

definição de logística que está de acordo com a visão descrita acima:

A administração logística é a parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja,

implementa e controla a eficiência e efetividade dos fluxos de envio e reversos, dos

estoques de produtos, dos serviços e das informações relativas entre o ponto de origem

e o ponto de consumo, com o objetivo de atender às exigências dos clientes (CSCMP,

2018).

Page 19: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

19

Esta definição se mantém inalterada desde 1991, quando houve uma atualização da versão

de 1976, adotando-se o próprio termo logística, que antes recebia o nome de administração da

distribuição física (BOWERSOX et al., 2009, p.20).

Começou-se a desenvolver a logística empresarial, um campo da logística que se

posicionava numa interseção das áreas de finanças, marketing e produção. Algumas empresas

buscavam proporcionar uma “gestão coordenada das atividades inter-relacionadas, em

substituição à prática histórica de administrá-las separadamente”. Além disso, passou-se a

perceber as possibilidades de agregação de valor que essas atividades poderiam proporcionar,

contribuindo para a satisfação do consumidor e aumento das vendas (BALLOU, 2010, p. 26).

A figura 01 demonstra a fragmentação das atividades logísticas e o processo de integração

ao longo dos anos.

Figura 01 - Evolução da logística para a cadeia de suprimento

Fonte: Yuva, (2002, p. 50) apud Ballou, (2010, p. 30)

Para Bowersox et al. (2009, p. 20), o objetivo central da logística é “atingir um nível

desejado de serviço ao cliente pelo menor custo total possível”, e, segundo os mesmos autores,

as categorias desses serviços são divididas em três dimensões:

Disponibilidade (grifo nosso) – Estoque para atender às necessidades de materiais e

produtos dos clientes.

Desempenho operacional (grifo nosso) – Velocidade e consistência da entrega.

Confiabilidade do serviço (grifo nosso) – Avaliação constante da disponibilidade e

desempenho operacional no atingimento das metas estabelecidas.

Page 20: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

20

Contudo, há um importante trade-off6 entre o aumento dos serviços prestados e os custos

logísticos envolvidos nas operações. Muitas vezes é necessário fazer uma segmentação dos

clientes para manter um equilíbrio entre: os custos, o atendimento das necessidades e a retenção

dos clientes-chave.

Segundo Bowersox et al. (2009, p. 20), “os gastos com logística variam normalmente de

5% a 35% do valor das vendas, dependendo do tipo de atividade, da área geográfica de operação

e da relação peso/valor dos produtos e materiais”. Os custos logísticos, segundo os mesmos

autores, em geral, representam “uma das maiores parcelas do custo final do produto, sendo

superada apenas pelos materiais consumidos na produção ou pelo custo dos produtos vendidos

no atacado ou no varejo”.

Durante a década de 90, a expansão da internet transformou os relacionamentos sociais e

empresariais. Historiadores apontam que aquela foi o início da era da informação ou era digital,

na qual ainda é possível observar seus reflexos. Uma das características mais marcantes deste

período é a intensa conectividade entre empresas, clientes e fornecedores. Essa nova concepção

só foi possível devido aos avanços significativos das TICs, que possibilitaram o acesso

instantâneo à informação em vários locais dentro dos arranjos das redes de empresas. Esse

fenômeno foi descrito por Milton Santos (2001, p. 27-29) como “Convergência dos

Momentos”, onde, segundo o autor, há uma tendência provocada pela globalização para uma

unicidade do tempo, reduzindo os descompassos nos fluxos informacionais.

Por conta deste cenário, é possível estabelecer interações profundas, e com um dinamismo

sem precedentes, entre as empresas que compõem a rede de firmas do processo produtivo de

um produto ou serviço: a Cadeia de Suprimentos (Supply Chain), permitindo uma coordenação

mais eficiente das ações inter-organizacionais.

Para Ballou (2010, p. 28), a cadeia de suprimentos engloba as atividades que têm relação

com o fluxo e transformação de mercadorias, desde a matéria-prima até o usuário final, assim

como os respectivos fluxos informacionais; as informações e materiais devem fluir tanto para

baixo quanto para cima da cadeia de suprimentos. O CSCMP (2018), também apresenta uma

definição semelhante: “a gestão da cadeia de suprimentos aborda o planejamento e a

administração de todas as atividades envolvidas em abastecimento e aquisição, conversão de

informações e todas as atividades da administração logística”.

6 É o termo econômico para uma situação de escolha conflitante. Em que se conquista o uso de um recurso escasso,

mas se perde outro (MANKIW, 2005).

Page 21: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

21

Para Bowersox et al. (2014, p. 04), a Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) “consiste

na colaboração entre empresas para impulsionar o posicionamento estratégico e melhorar a

eficiência operacional”. Desta forma, é possível perceber que a lógica da coordenação da

Cadeia de Suprimentos ultrapassa o conceito de logística, ademais o engloba, tornando-a um

dos seus subconjuntos de atividades.

Atualmente, por haver um processo de evolução tecnológica exponencial, alguns autores

parecem entender que estamos numa fase de transição para o que chamam de 4ª revolução

industrial ou indústria 4.0 (COSTA, 2017; SCHAB, 2016; FRAGA et al., 2016). Segundo

Dreher (2016) apud Costa (2017, p. 06), o termo Indústria 4.0 teria sido apresentado pela

primeira vez durante a Feira Industrial de Hannover, na Alemanha, em 2011.

Para FRAGA et al. (2016, p. 112), a Indústria 4.0 é um sistema complexo, que vai além

de conectar máquinas: ele cria um network entre máquinas, ativos, propriedades e sistemas de

informações por todo o ciclo de vida do produto e cadeia de valor.

Existem três características inseridas na 4ª revolução industrial:

Velocidade: ao contrário das revoluções industriais anteriores, esta evolui num ritmo

exponencial e não linear. Esse é o resultado de um mundo multifacetado e

profundamente interconectado em que vivemos; além disso, as novas tecnologias

geram outras mais novas e cada vez mais qualificadas.

Amplitude e profundidade: ela tem a revolução digital como base e combina várias

tecnologias, levando a mudanças de paradigmas sem precedente da economia, dos

negócios, da sociedade e dos indivíduos. A revolução não está modificando apenas “o

que” e o “como” fazemos as coisas, mas também “quem” somos.

Impacto sistêmico: ela envolve a transformação de sistemas inteiros entre países e

dentro deles, em empresas, indústrias e em toda a sociedade (SCHWAB, 2016, p.13).

Segundo Schwab (2016, p. 23-32), haverá quatro alterações significativas no decorrer da

4ª revolução industrial: alteração nas expectativas dos clientes; produtos mais inteligentes e

mais produtivos; novas formas de colaboração e parcerias; e transformação do modelo

operacional e conversão em modelo digital. De acordo com o mesmo autor, pode-se classificar

as inovações provenientes da quarta revolução industrial em três categorias: física, digital e

biológica.

Categoria física (grifo nosso): são aquelas de natureza tangível e não biológicas.

Envolvem, sobretudo, a criação de novos materiais para aumentar o desempenho ou reduzir o

custo dos produtos. Alguns de seus principais expoentes são: a robótica avançada, impressão

em 3d e os veículos autônomos.

Categoria digital (grifo nosso): são aquelas de natureza virtual, principalmente

produzidas por meio de softwares e disponibilizadas em ambientes multiplataforma. Alguns

Page 22: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

22

dos seus principais expoentes são: a internet das coisas, big data, inteligência artificial e o

blockchain.

Categoria biológica (grifo nosso): são aquelas de natureza biológicas, que lidam, em

particular com a genética. Alguns dos seus principais expoentes são: o projeto genoma e a

biologia sintética.

No setor da logística, a combinação de elementos dessas três categorias será capaz de

gerar soluções logísticas inteligentes e inovadoras. Para Fraga et al. (2016, p. 115), “a indústria

inteligente exigirá a integração on-line de fornecedores, máquinas e clientes”. Para os autores,

o trabalho manual será substituído pela programação e monitoramento de máquinas,

ocasionando uma demanda de qualificação da mão de obra alinhada com os novos padrões.

2.2 A Matriz Logística Brasileira

Escolher o tipo de transporte que será utilizado para escoar as mercadorias das empresas

é uma decisão de extrema importância para se ter um bom funcionamento da cadeia logística.

Para Santana (2006, p. 61), no momento de escolher o modal7 que servirá para transportar

materiais, precisa-se levar em conta a capacidade, agilidade, segurança, custo e flexibilidade, a

fim de satisfazer as demandas do cliente. Segundo Fleury (2002), o principal componente

logístico é o transporte, representando, em média, 60% dos custos logísticos e 3,5% do

faturamento, além de ser fundamental para os serviços logísticos, já que impacta diretamente

no tempo de entrega, segurança e confiabilidade dos produtos.

Figura 02 - Representatividade dos custos logísticos do Brasil em relação ao PIB

Fonte: ILOS (2017)

7 Termo utilizado para denominar o tipo/meio de transporte existente.

Page 23: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

23

Na figura 02 pode-se perceber a importância que o transporte tem nos custos logísticos

do país, por isso se faz necessária a análise de cada modal, a fim de escolher de forma estratégica

qual melhor se encaixa na proposta de entrega da empresa e do cliente.

No Brasil, o modal mais utilizado é o rodoviário, correspondendo a uma participação nos

transportes de 62,8%, sendo seguido pelo ferroviário (21%), aquaviário (12,6%), dutoviário

(3,6%) e o aeroviário, que não apresentou nessa pesquisa um porcentual relevante (0%). A

predominância do modal rodoviário acima de todos os outros fica em bastante evidência, fato

este que leva a uma série de problemas acarretadas pelo uso desenfreado do modal no Brasil,

como, por exemplo, a elevação dos custos de transporte para trajetos de longa distância.

Tabela 01 - Matriz de transporte do Brasil em 2016

MODAL PARTICIPAÇÃO

Rodoviário 62,80%

Ferroviário 21,00%

Aquaviário 12,60%

Dutoviário 3,60%

Aeroviário 0,00%

Total 100,00%

Fonte: adaptado de ILOS (2018)

O transporte ferroviário é indicado para grandes distâncias e quando se tem grande

quantidade de produtos, se tornando mais econômico que o rodoviário, por ter maior eficiência

energética e ser mais seguro. As principais desvantagens do modal são: o tempo longo de

percurso, por conta da baixa velocidade dos vagões; e o investimento inicial alto (BALLOU,

2006, p. 154). No Brasil, segundo Ribeira e Ferreira (2002, p. 02), o modal ferroviário é usado

no deslocamento de grandes toneladas, em distâncias relativamente longas, como no transporte

de minérios, carvões minerais e granéis. A malha ferroviária brasileira tem 29.165 km (CNT,

2017), mostrando a inflexibilidade do modal, que por ter uma malha tão pequena, não consegue

escoar de forma eficaz os produtos que transporta e sempre ficar escravo do modal rodoviário

para completar os percursos.

O Brasil é um país essencialmente litorâneo, e que tem no seu interior lagos e rios que

cruzam estados. Por conta disso, o transporte aquaviário é de importância estratégica para

interligar melhor o país e conseguir escoar as mercadorias para o exterior, correspondendo a

mais de 90% do tráfego internacional (CAXITO, 2011, p. 43). Suas maiores vantagens são: a

grande quantidade de carga que pode transportar e o seu baixo custo.

Page 24: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

24

Este tipo de transporte pode ser dividido em três formas de navegação, são elas: a

cabotagem que é navegação realizada entre portos ou pontos do território brasileiro,

utilizando a via marítima ou entre esta e as vias navegáveis interiores (até,

aproximadamente, 12 milhas da costa); a navegação interior que é realizada em

hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional e por fim, a navegação de

longo curso, realizada entre portos brasileiros e estrangeiros (RIBEIRA e FERREIRA,

2002, p. 03).

Segundo a CNT (2017), 997,4 milhões de toneladas foram movimentadas em 2016 nos

portos brasileiros, uma queda de 1,1% se comparado ao ano de 2015, mostrando que, mesmo

sendo de grande importância, o modal aquaviário ainda está sendo subutilizado no país. Suas

maiores desvantagens são os elevados custos de implementação (construção de portos e navios),

a burocracia portuária que acaba por atrasar entregas, e a lentidão das viagens por navio

(BALLOU, 2006, p. 157).

O modal aeroviário, mesmo sendo pouco utilizado por conta das altas taxas (mais de duas

vezes superiores ao rodoviário e 16 vezes mais caras que o ferroviário), é o mais indicado para

transportar mercadorias com alto valor agregado (produtos eletrônicos, por exemplo), urgentes

e com pequenos volumes. As suas maiores vantagens são: a agilidade nas entregas, mesmo a

longas distâncias, e a maior segurança no transporte (BALLOU, 2006, p. 155).

O transporte por dutovias é feito através de tubos. Segundo a ANTT (2018), as dutovias

do Brasil transportam: oleodutos (petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP,

etc), minerodutos (sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático), e gasodutos (gás

natural). A sua maior vantagem está no fato de estar transportando 24 horas por dia, todos os

dias da semana, fato que compensa a desvantagem de ser um transporte lento, não passando de

três a quatro milhas por hora. Além disso, é o transporte mais confiável, por serem “quase nulas

as interrupções causadoras de variabilidade desse tempo” (BALLOU, 2006, p. 157).

As desvantagens são por conta do alto investimento inicial, e por ser um modal muito

rígido de transporte, havendo uma limitação nos produtos petrolíferos que podem seguir por

esse transporte, fora isso a sua capacidade só pode ser acrescida com a instalação de

equipamento adicional de bombeamento (MANNERS, 1967 apud SOUSA, 2005, p. 08).

Atualmente o conceito de infovias vem ganhando importância no cenário mundial por

conta dos avanços nas telecomunicações, em especial da internet que interliga cada vez mais

os países, sendo essencial para o desenvolvimento das nações. Para Netto (2008, p. 53), as

infovias são “redes de banda larga que utilizam modems digitais via linha telefônica, ou

modems via cabo, ou conexões ‘wireless’ via rádio, via celular, via satélite ou quaisquer outras

modalidades”.

Page 25: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

25

Os backbones são um exemplo claro de infovias. Segundo Martins (2009), backbone é o

“termo utilizado para identificar a rede principal pela qual os dados de todos os clientes da

Internet passam”, sendo “a responsável por enviar e receber dados entre as cidades brasileiras

ou para países de fora”.

Figura 03 - Backbones no Brasil

Fonte: RNP (2014)

Com a figura 03, pode-se notar a dificuldade que o Brasil encontra para levar informações

a certos pontos do país, como a região norte, que tem pouca interligação com as outras regiões

e a menor velocidade. Fazer essas infovias funcionarem, abarcando toda a extensão nacional, é

um desafio, pois a estrutura necessária para tal feito requer um alto investimento, além disso se

faz necessário investimentos públicos e privados para desenvolver essas estruturas e ampliar

seus benefícios no país como um todo (NETTO, 2008, p. 55-56).

2.2.1 Modal Rodoviário

A primeira rodovia a ser construída no Brasil foi a Rio – São Paulo, no ano de 1926,

porém somente na década de 50, durante o governo de Juscelino Kubitschek, as rodovias

conseguiram se tornar o principal meio de transporte do Brasil. No seu governo, os automóveis

tornaram-se sinônimo de modernidade e avanço, em detrimento das ferrovias, vistas como

ultrapassadas (RODRIGUES, 2011, p. 47).

Com o advento das rodovias, o início da produção de veículos rodoviários, o

fechamento da economia brasileira em si mesma e o processo de substituição de

importações, havia a necessidade de consolidar o mercado interno. Este papel foi

Page 26: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

26

exercido pela acelerada expansão do sistema rodoviário, de implantação mais rápida

e barata. (RODRIGUES, 2011, p. 57)

Por ser um modal de fácil implementação, se torna importante para interligar regiões e

ser utilizado, idealmente, como transporte de apoio, interligando os diversos modais

(OLIVEIRA e SILVA, 2008, p. 09). Na década de 70 houve a conclusão das conexões regionais

rodoviárias brasileiras, o setor estava tão forte que foram ignorados os estudos sobre transporte

de cargas, resultando na adoção das rodovias como principal meio de escoamento de produtos,

mesmo com cargas pesadas em longas distâncias.

Inúmeros estudos internacionais, inclusive alguns deles ratificados pela Associação

Brasileira de Logística, comprovam matematicamente que, em distâncias superiores

a um raio máximo de 500 km, o transporte rodoviário torna-se antieconômico pelo

elevado custo de consumo enérgico. Por sua elevada flexibilidade, este modal é

indicado para a distribuição urbana, cujas transferências são de pequenas distâncias,

além das inevitáveis conexões com os demais modais (RODRIGUES, 2011, p. 49).

Essa decisão resulta em constantes manutenções por conta do desgaste asfáltico que

ocorrem nas rodovias do país, sendo alocados anualmente cerca de R$ 530 milhões a fim de

sanar o problema (RODRIGUES, 2011, p. 48-49). Fora isso, 78,7% das estradas brasileiras não

são pavimentadas (figura 04), dificultando ainda mais o escoamento de mercadorias no país.

Figura 04 - Malha rodoviária brasileira

Fonte: CNT (2017)

Segundo pesquisa feita pela CNT (2017) acerca dos transportes de cargas, foram

registrados em 2017: 111.743 empresas (com 1.088.358 veículos), 274 cooperativas (22.865

Page 27: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

27

veículos) e 374.029 caminhoneiros autônomos (553.643 veículos). Esses dados mostram que

“a competitividade entre as empresas do ramo é acirrada, tornando-se necessário um ótimo

gerenciamento de frota e consequentemente dos custos operacionais para que a empresa

sobreviva no mercado” (GONÇALVES et al., 2012, p. 02).

Muitas empresas estão terceirizando o setor logístico (completamente ou parcialmente),

a fim de diminuir custos, focar mais nas operações do próprio negócio, e obter uma maior

vantagem competitiva na área, pois contratam uma empresa que tem um maior know how sobre

a área: os operadores logísticos, que, segundo Borges e Ferreira (2018), fornecem serviços

logísticos para as empresas, podendo executar e gerenciar parte ou todas as atividades logísticas

da organização.

Além disso, tornou-se essencial o investimento nas TICs, a fim de auxiliar na percepção

dos problemas que estejam onerando os transportes, como é o caso das sobreestadias no modal

rodoviário, que muitas vezes pode ser minimizada com uma melhor organização da frota de

caminhões.

2.3 Estadias e Sobreestadias

Esses dois termos são bastante conhecidos entre os profissionais de logística que

trabalham com programações de transportes rodoviários, contudo a literatura utiliza diversos

sinônimos para a classificação dessa anomalia de processo. Ballou (2006, p. 181) utiliza o termo

demurrage, que na tradução em português dividem-se em: demora e retenção. Para o autor,

demurrages são “compensações impostas ao embarcador ou consignatário em casos nos quais

um destes retém o equipamento do transportador por tempo extra superior àquele previamente

combinado”.

Nesse caso, foi utilizado o termo “estadia” para designar o período máximo (comumente

em horas ou dias) de franquia para a utilização de veículos, cedidos por um consignatário em

contrato de serviço, na realização de uma operação de transporte. As “sobreestadias”,

apresentam-se quando há uma transgressão do período pactuado de estadias, gerando, portanto,

uma indenização, previamente estabelecida, em favor do consignatário dos veículos.

Há duas maneiras de realizar a compensação dos custos com sobreestadias:

Uma delas é o plano direto, em que cada parte do equipamento é tratada

separadamente na determinação das taxas de compensação. Cada parte do

equipamento paga uma taxa com base no respectivo tempo de retenção. Já o plano

médio representa um acordo entre o transportador e o embarcador a fim de estabelecer

um desempenho médio mensal do embarcador em termos de retenção e determinar

cobrança da taxa correspondente. Se o balanço de débitos e créditos no final do mês

Page 28: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

28

resultar em débitos, a taxa de compensação será aplicada de acordo com uma escala

crescente. (BALLOU, 2006, p. 181).

Por conta das complexidades existentes na análise, as empresas estão recorrendo às

plataformas digitais para auxilia-las no armazenamento, tratamento e análise dos dados de

sobreestadia, a fim de sanar o problema.

2.4 Inteligência Empresarial (Business Intelligence)

O termo business intelligence, popularmente conhecido como BI, foi cunhado pelo

Gartner Group em meados da década de 1990 (TURBAN et al., 2009, p.27). Para Leme Filho

(2014, p. 02), o BI é um modelo que atende àqueles que ocupam cargos estratégicos e que têm

poder de decisão/influência na organização de forma interna (gerenciamento, processos, entre

outros) e/ou externa (concorrentes, clientes, fornecedores, entre outros).

O BI tende a seguir dois caminhos diferentes de compreensão. Primeiramente, podemos

entendê-lo de forma conceitual, como um modelo pautado na gestão estratégica da informação

e conhecimento. Nesse contexto, também são observados os termos sinônimos: inteligência

empresarial e inteligência de negócios. O segundo viés retrata sua utilização como uma

categoria de ferramentas, bastante exploradas nas áreas de tecnologias da informação, cujo uso

se dá por meio da conversão de grandes massas de dados, disponíveis em ambientes internos e

externos, em informações gerenciais úteis para a tomada de decisão.

[...] é a reunião de diversos recursos usados para extrair, transformar e analisar grandes

volumes de dados, produzindo conhecimento capaz de auxiliar a empresa a tomar

decisões de negócios com mais garantia de sucesso (LEME FILHO, 2014, p. 03).

As raízes desses sistemas tiveram início na década de 1970 com os sistemas de geração

de relatórios (SIG), cujos relatórios produzidos eram inteiramente estáticos, bidimensionais e

não possuíam recursos de análise. Em 1980 surgiu o conceito de sistemas de informações

executivas (EIS), onde introduziu-se os recursos de relatórios dinâmicos multidimensionais,

prognósticos e previsões, análise de tendências e fatores críticos de sucesso. Na década de 1990,

esses recursos foram aprimorados e incorporados nos melhores softwares empresariais do

mercado, alternando o nome de sistemas de funções executivas para business intelligence, que

atualmente sofrem modificações constantes com especialização de recursos como a utilização

da inteligência artificial para análise de dados (TURBAN et al., 2009, p. 28).

Segundo Turban et al. (2009, p. 27), “business intelligence é um termo ‘guarda-chuva’

que inclui arquiteturas, ferramentas, banco de dados, aplicações e metodologias. É uma

Page 29: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

29

expressão livre de conteúdo, portanto significa coisas diferentes para pessoas diferentes”. Para

o autor, os principais objetivos do BI são “permitir o acesso interativo aos dados (às vezes em

tempo real), proporcionar a manipulação desses dados e fornecer aos gerentes e analistas de

negócios a capacidade de realizar a análise adequada”. Lago e Alves (2018, p. 10), explicam

que o principal objetivo do BI “é dar suporte informacional à tomada de decisão e proporcionar

um acompanhamento cíclico dos fatores que influenciam a organização”. Essas técnicas podem

ser utilizadas em todos os setores da economia e em todas as empresas.

Uma das formas de facilitar o processo de business intelligence é adotando um

software de BI que processe tecnologicamente as informações geradas. Muitas delas,

provenientes de sistemas (ERP, MRP, CRM etc.) e da internet. Essas informações são

disponibilizadas por meio de banco de dados e publicações. Um software de BI é

capaz de ler e processar essas informações para distribuí-las posteriormente (LAGO

e ALVES, 2018, p. 18).

Portanto, o processo do BI baseia-se na transformação de dados8 em informações9, depois

em conhecimento10, para assim serem tomadas decisões e, finalmente, virarem ações

(TURBAN et al., 2009, p.30).

Embora os benefícios do uso de BI sejam evidentes, muitas empresas ainda não o

utilizam. As principais barreiras para tal podem ser a falta de conhecimento sobre o assunto, o

custo de implementação de algumas ferramentas de BI e uma cultura organizacional tradicional

forte.

No sentido de inteligência empresarial, permeiam-se na literatura as discussões sobre a

gestão do conhecimento11 dentro das organizações e a importância do capital intelectual.

2.5 Função Controle na Administração

Para Chiavenato (2003, p. 173), podemos entender a administração sob dois pontos de

vista diferentes: o primeiro retrata a administração como entidade social, “[...] a organização

social dirigida para objetivos específicos e deliberadamente estruturada. Nesse sentido, a

8 São elementos brutos, sem significado, desvinculados da realidade. São símbolos e imagens que não dissipam

nossas incertezas. Eles constituem a matéria-prima da informação (ANGELONI, 2003, p. 18). 9 São dados com significado, sendo o resultado do encontro de uma situação de decisão com um conjunto de dados,

ou seja, são dados contextualizados que visam a fornecer uma solução para determinada situação (ANGELONI,

2003, p. 18). 10 É a informação processada pelos indivíduos, contendo interpretações, significados e contextos (ANGELONI,

2003, p. 18). 11 É a capacidade de gerenciar, descobrir, mapear, classificar, captar, distribuir, criar, multiplicar e reter

conhecimento com eficiência, eficácia e efetividade para que uma organização se coloque em posição de vantagem

competitiva em relação às outras para gerar lucro e garantir sua sobrevivência e expansão no mercado (DRUCKER,

1990).

Page 30: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

30

palavra organização significa um empreendimento humano moldado intencionalmente para

atingir determinados objetivos”. No segundo, a administração pode ser vista como um processo,

cujo sentido significaria “o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos

incumbidos de sua administração e estabelecer suas atribuições e as relações entre eles”.

Levando em consideração o sentido de processo administrativo, parece haver um

entendimento por parte da literatura de que as funções básicas do administrador apontadas por

Henri Fayol (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar), sob adaptação dos autores

neoclássicos (planejamento, organização, direção e controle), ainda conseguem definir bem as

atividades fundamentais da administração moderna. Desse modo, podemos resumir as funções

administrativas, segundo Chiavenato (2003, p. 166-178), desta forma:

Planejamento (grifo nosso): figura como a primeira função administrativa, por ser aquela

que serve de base para as demais funções. O planejamento é a função administrativa que

determina antecipadamente quais são os objetivos a serem atingidos e como se deve fazer para

alcançá-los.

Organização (grifo nosso): consiste em determinar as atividades específicas necessárias

ao alcance dos objetivos planejados (especialização), agrupar as atividades em uma estrutura

lógica (departamentalização) e designar as atividades às específicas posições e pessoas (cargos

e tarefas).

Direção (grifo nosso): incorre em interpretar os planos para os outros e dar as instruções

sobre como executá-los em direção aos objetivos a atingir.

Controle (grifo nosso): revela-se em assegurar que os resultados do que foi planejado,

organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos.

Há uma inter-relação importante entre as quatro funções administrativas, que resulta na

formação do ciclo administrativo (figura 05), contudo nenhuma dessas funções está tão

intimamente presente nas demais quanto a controle. De acordo com Jacobsen (2014, p. 59),

“dentro de todo sistema, deve haver um outro sistema, o de controle, ou seja, o sistema deve

proporcionar essa estrutura para que se possa verificar a sua eficácia”. Nota-se com isso, que

esta função é uma condição sine qua non para o ato de gerenciar.

Page 31: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

31

Figura 05 - Ciclo administrativo e ajustamentos corretivos

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2003, p. 167)

Os sistemas de controle são tão variados quanto o número de organizações existentes,

pois cada organização é dotada de um conjunto de características particulares, que influenciarão

a forma com que serão executados os controles internos. Desta forma, o quadro 01 procura

identificar formatos de sistemas de controle que tendem a surgir de acordo com características

dos tipos de organizações.

Quadro 01 - Formatos de um sistema de controle

Variáveis Tipo de Organização Formato dos Sistemas

Tamanho da

organização

Pequeno porte Pessoal e informal

Observação e informação verbal

Grande porte Formal complexo

Automatizado

Nível hierárquico

Alta administração Critérios múltiplos de avaliação

Visão de conjunto

Base operacional Critérios simples e diretos

Mensuraçáo mais objetiva

Grau de

centralização

Organização centralizada Menor número de controles e de

critérios de avaliaçáo

Organização descentralizada Maior necessidade de informação e

feedback

Controles mais diversificados

Cultura

organizacional

Participativa; democrática Informal

Autocontrole

Autoritária; coercitiva Formal

Ameaçador

Importância da

atividade

Muito importante Sofisticado e abrangente

Pouco importante Informal e simples

Fonte: Adaptado de Maximiliano (2000, p. 470) apud Jacobsen (2014, p. 64)

Jacobsen (2014, p. 60), apresenta na figura 06 um esquema genérico para o processo de

controle. Nesse esquema podemos observar que o primeiro passo para manter o controle sobre

Page 32: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

32

uma atividade é a definição dos parâmetros de desempenho, que podem ser relacionados às

condições necessárias para o atingimento de determinado objetivo. Estabelecidos esses

parâmetros, busca-se a melhor forma de mensurá-los, muitas vezes criando indicadores de

desempenho. Após a mensuração dos parâmetros, faz-se uma comparação constante para

identificar as lacunas entre o que foi planejado e o estado atual. Uma lacuna muito acentuada

pode ser considerada um desvio no processo, ou seja, um caminho alternativo que o leva a um

estado diferente do determinado. Na postulação dos indicadores, é comum considerar um limite

de desvio tolerável. Caso os desvios se apresentem fora da margem, são necessárias ações

corretivas para que os parâmetros sejam salvaguardados.

Figura 06 - Esquema geral para o processo de controle

Fonte: Bateman e Snell (1998, p. 431) apud Jacobsen (2014, p. 60)

Cada sistema poderá ser constituído por uma quantidade variável de indicadores, ou seja,

quantos forem suficientes para que seja possível atestar o atingimento dos parâmetros.

Frequentemente se utiliza a sigla em inglês KPI12 (Key Performance Indicators) para nomear

os indicadores de desempenho, que são medidas que visam capturar uma fração da realidade

organizacional por meio do estabelecimento de variáveis quantitativas e/ou qualitativas,

permitindo uma análise simplificada de determinado aspecto.

Para Barbosa et al. (2006, p. 06), indicadores são “um meio de suporte e ajuda à gestão,

pois são úteis a ela no que concerne ao controle e identificação das necessidades e melhora de

seu desempenho, olhando para a satisfação das necessidades de todos os stakeholders ou grupos

de influência da empresa”. De acordo com os autores, os indicadores “criam a possibilidade de

12 Representam a quantificação dos processos e podem ser definidos como números que descrevem a realidade de

uma organização (FERNANDES, 2004 apud RIBEIRO FILHO, 2017, p. 15).

Page 33: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

33

identificação de medidas de desempenho, sendo uma espécie de sinal vital da organização, pois

informam aos funcionários como eles estão em relação ao que fazem e se estão agindo como

parte integrante de um todo (sistema)”.

Bowersox e Closs (2001, p. 60), identificam três características básicas que devem estar

presentes nos sistemas de avaliação de desempenho a fim de oferecer subsídios para o

gerenciamento logístico:

a) trade off entre custo e serviço;

b) geração de relatórios dinâmicos baseados em exceção;

c) informações obtidas em tempo real.

Segundo Fischmann e Zilber, o sistema de indicadores de desempenho

[...] deve ser construído de forma a permitir à Administração, a nível de sua gestão

estratégica, tomar decisões que exerçam no tempo a função de resolver problemas,

readequar procedimentos, perceber problemas e, em último caso, redefinir o processo,

seja de planejamento ou do seu controle (FISCHMANN e ZILBER, 2015, p. 05).

Um dos maiores desafios para uma empresa efetivar o sistema de indicadores de

desempenho é conseguir as informações necessárias para prosseguir com os KPIs. Assim,

“sistemas de planejamento e de gestão estratégica e, particularmente, de indicadores de

desempenho, presumem anteriormente a existência de uma rede de informações confiáveis e

contínuas” (FISCHMANN e ZILBER, 2015, p. 06), ou seja: antes mesmo de determinar os

indicadores que serão utilizados, tem-se que sistematizar os dados que serão coletados para

haver eficiência na implementação dos indicadores.

Page 34: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

34

3 Metodologia

Nesse capítulo está descrita a metodologia da pesquisa, que descreve o tipo de pesquisa

e como ela será aplicada.

3.1 Caracterização da Pesquisa

A caracterização da pesquisa foi realizada levando em consideração quatro aspectos para

classificação de pesquisas científicas observados em Gil (2012). São eles: natureza, objetivos,

abordagem e procedimentos.

1. Quanto à natureza: Pesquisa Aplicada

Esta classificação se justifica por conta do empirismo observado na pesquisa, comum às

pesquisas científicas aplicadas. Observa-se o desenvolvimento do estudo ultrapassar os limites

da abordagem teórica quando busca aplicar conceitos num ambiente empresarial.

A pesquisa aplicada

[...] apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende de suas

descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento; todavia, tem como

característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências

práticas dos conhecimentos. Sua preocupação está menos voltada para o

desenvolvimento de teorias de valor universal que para a aplicação imediata numa

realidade circunstancial (GIL, 2012, p. 27).

2. Quanto aos objetivos: Pesquisa Exploratória

O estudo tem o objetivo de demonstrar um fato pouco evidenciado na literatura, portanto

pouco discutido. O foco é compreender melhor o fenômeno, observando-o, registrando-o e

analisando-o de forma que seja possível identificar suas principais variáveis e correlacioná-las.

As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade, esclarecer e modificar

conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou

hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas

são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem

levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de

caso (GIL, 2012, p. 27).

3. Quanto à abordagem: Pesquisa Quantitativa

A pesquisa se propõe a desenvolver um modelo de processo pautado na análise de dados,

em sua maioria numéricos, com uma abordagem estatística. Os dados obtidos no estudo em

questão são provenientes das faturas de cobranças de sobreestadias emitidas pelas

transportadoras que prestam serviços a uma empresa. Estão presentes a quantificação dos dados

e a análise dos mesmos.

Page 35: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

35

4. Quanto aos procedimentos: Pesquisa bibliográfica e documental

A pesquisa apresenta características de duas formas procedimentais científicas.

Primeiramente é uma pesquisa bibliográfica, pois desenvolve-se com base em material já

elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.

Segundamente é uma pesquisa documental, onde “[...] a fonte de coleta de dados está

restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias.

Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois” (MARCONI

e LAKATOS, 2013, p. 62). Nesse caso, trata-se das faturas de sobreestadias, que são

documentos administrativos emitidos como obrigações comerciais da Empresa XYZ.

Gil (2012, p. 51), afirma que

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única

diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica

se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado

assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um

tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos

da pesquisa.

3.2 Recursos Materiais

Os recursos materiais descritos abaixo contemplam as necessidades mínimas de softwares

recomendadas para a construção e execução do modelo de processo apresentado nesta pesquisa.

3.2.1 Softwares

Para a realização da pesquisa foram utilizados softwares comuns à realidade dos

escritórios administrativos de empresas de médio e grande porte em nível internacional. Dentre

estes, dois destacam-se como principais:

Microsoft Excel 2016® - Este software, do tipo editor de planilhas eletrônicas, foi

escolhido por ser o líder de mercado em seu segmento, sendo de fácil manuseio e grande

versatilidade nas soluções de problemas empresariais no que tange a organização, análise e

compartilhamento de dados. Resumidamente, o Excel 2016 foi utilizado na construção e gestão

do banco de dados (modelo relacional) do sistema apresentado.

Microsoft Power BI Desktop® (versão: 2.62.5222.601) - Este software foi escolhido

por apresentar-se numa versão gratuita, integrar-se perfeitamente com o Microsoft Excel 2016®,

além de obter a mais alta avaliação entre as ferramentas de business intelligence pela empresa

Gartner Group Inc. Resumidamente, o Power BI foi utilizado na construção dos painéis

gráficos interativos (dashboards) do sistema apresentado.

Page 36: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

36

3.3 Modelo de Dados

Para o início da pesquisa foi necessário a definição de um modelo de dados, ou seja, uma

diretriz conceitual que apresenta a lógica de desenvolvimento e organização do banco de dados.

Este passo é imprescindível para a definição das tabelas e os campos correspondentes.

O modelo de dados proposto foi organizado em um fato13: custo de sobreestadias,

segmentado em cinco dimensões14: período, produto, transportador, cliente e etapa da operação.

A figura 07 apresenta a concepção acima mencionada. Este tipo de representação é

conhecido pelo nome star schema15 (esquema em forma de estrela), pois nota-se um arranjo

análogo ao formato de uma estrela com as dimensões ao redor de um fato e conectadas a ele.

Fonte: Autor

Os elementos da figura 07 são descritos mais detalhadamente abaixo:

• Fato:

o Custo de Sobreestadias – Refere-se ao produto entre a quantidade de horas

extras e o preço da sobreestadia estabelecida em contrato com o transportador.

13 Termo utilizado em banco de dados que representa um acontecimento passível de mensuração (dados

quantitativos). 14 Termo utilizado em banco de dados que representa uma informação descritiva sobre um fato (dados qualitativos). 15 Nome dado a representação gráfica de uma estrutura de relacionamento entre fato e dimensões em forma de

estrela.

Custos de Sobreestadias

Produto

Cliente

PeríodoTransportador

Etapa da Operação

Figura 07 - Modelo de relacionamento dimensional proposto

Page 37: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

37

• Dimensões:

o Por período – Refere-se à data de ocorrência da operação. As datas são

registradas no sistema, no formato “dd/mm/aaaa”, contudo podem ser exibidas

em outros formatos, como: ano, trimestre, mês, semana e dia.

o Por produto – Refere-se ao nome do produto envolvido na operação.

o Por transportador – Refere-se ao nome do transportador envolvido na

operação.

o Por cliente – Refere-se ao nome do cliente envolvido na operação.

o Por etapa da operação – Refere-se à etapa da operação em que ocorreram os

fatos. Esse modelo dividiu a operação em duas etapas: carregamento e

descarregamento de produtos.

3.4 Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada por meio da análise documental das faturas comerciais de

sobreestadias rodoviárias, emitidas por transportadoras que prestaram serviço para uma

empresa real, a qual foi denominada de: Empresa XYZ, no período de 01/01/2017 à 31/12/2017.

A realização desta etapa foi feita por meio da conversão dos dados físicos para o meio

digital, onde houve uma imputação manual em planilha eletrônica do Microsoft Excel 2016®,

armazenando-os sob a forma de tabela com o propósito de subsidiar a composição dos

dashboards em etapa posterior.

Dois campos foram padronizados a fim de simplificar a realidade dos dados coletados: a

franquia de horas e o preço da hora de sobreestadia. Para a franquia foi estabelecido um valor

padrão de 08 horas com a possibilidade de ter seu saldo acumulado entre as duas etapas. Para o

preço da hora de sobreestadia foi adotado um valor único de R$40.

O quadro 02 apresenta a descrição dos quinze campos utilizados na construção do banco de

dados do modelo proposto. Esses campos foram estabelecidos pelo autor com base na leitura e

análise das faturas de sobreestadias, de onde puderam ser extraídos todos os dados para

alimentar os campos deste quadro.

Page 38: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

38

Quadro 02 - Banco de dados do modelo proposto

Sessão Campo Descrição

Informações

Gerais

CTe Número correspondente ao conhecimento de transporte

Data Data de início da operação

Produto Nome do produto

Cliente Nome do cliente

Transportador Nome da transportadora

Etapa:

Carregamento

Início Data e hora do início do carregamento

Término Data e hora do término do carregamento

Etapa:

Descarregamento

Início Data e hora do início do descarregamento

Término Data e hora do término do descarregamento

Horas Extras

Saldo do Carregamento [Término do carreg. - Início do carreg.]

Saldo do

Descarregamento [Término do descarreg. - Início do descarreg.]

Franquia Franquia de horas definida em contrato

Horas Extras [Saldo do carreg. + Saldo do descarreg. - Franquia]

Custo da

Sobreestadia

Preço da Sobreestadia Preço da sobreestadia definido em contrato

Custo Total [Horas extras * Preço da sobreestadia]

Fonte: Autor

Obs. Os elementos entre colchetes representam as fórmulas dos campos calculados.

Dois campos foram padronizados a fim de simplificar a realidade dos dados coletados: a

franquia de horas e o preço da hora de sobreestadia. Para a franquia foi estabelecido um valor

padrão de 08 horas com a possibilidade de ter seu saldo acumulado entre as duas etapas. Para o

preço da hora de sobreestadia foi adotado um valor único de R$40.

3.5 Análise de Dados

A análise de dados foi realizada por meio do software Microsoft Power BI Desktop®

(versão: 2.62.5222.601). Os dados obtidos durante a coleta foram analisados utilizando

estatística descritiva com medidas de tendência central (mediana e média aritmética) e medida

de dispersão (desvio padrão). Além disso foram apresentados os valores correspondentes às

somas dos custos de sobreestadias para cada dimensão abordada.

3.6 Limitações da Pesquisa

Nessa pesquisa há de se comentar algumas limitações importantes:

O período analisado (um ano) pode ter sido curto para uma verificação mais consistente

das sazonalidades e distinção entre os desvios frequentes e os extraordinários. Um período

mínimo de cinco anos poderia ser considerado, a fim de auxiliar na redução desse risco de

análise.

Page 39: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

39

O estudo buscou quantificar os resultados de uma anomalia (sobreestadia) em suas várias

dimensões, porém o aspecto qualitativo poderia ser utilizado para a investigação das causas

geradoras, sobretudo, dos eventos que apresentam desvios regulares e acentuados.

Um fator que não foi contemplado pela pesquisa trata-se do número total de viagens

realizadas para cada um dos clientes. Essa informação poderia conferir uma análise de

eficiência do processo, visto que um determinado cliente pode ter um número menor de

ocorrências de sobreestadias, todavia percentualmente representar uma ineficiência operacional

muito maior que os demais.

Page 40: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

40

4 Análise da Pesquisa

Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa, correlacionando-os aos

objetivos propostos.

4.1 Processos de Sobreestadias

Nesta sessão é realizada uma comparação entre o modelo tradicional, adotada pela

Empresa XYZ para gestão das sobreestadias rodoviárias e um modelo alternativo, cujo

desenvolvimento aconteceu por meio da presente pesquisa e visa trazer benefícios ao processo.

4.1.1 Modelo Tradicional

Tradicionalmente, o processo para gestão dos custos com sobreestadias é marcado pela

lentidão no tratamento das requisições dos transportadores, excesso de papelório, dificuldade

para realizar análises gerenciais e um consumo excessivo de horas de trabalho para se conseguir

averiguar corretamente as cobranças realizadas.

O processo se inicia com a requisição de indenização por sobreestadias, enviada por e-

mail pelos transportadores à empresa, contendo um relatório de todos os eventos que ocorreram

no mês anterior. Após o reconhecimento das despesas pelo profissional de logística é sinalizado

para que sejam enviados, via malote, os documentos físicos que comprovassem as posições dos

veículos no momento de entrada e saída em cada operação e das faturas, cujo documento

corresponde a um conhecimento de transporte eletrônico complementar (CTe complementar)

com o valor atualizado das horas extras. Após essa etapa, o analista de logística faz a

programação dos pagamentos no sistema ERP da empresa, registra numa planilha eletrônica

todos os custos que foram gerados no momento de descarregamento no cliente e encaminha

esses valores para cada cliente, fazendo um rateio proporcional dos custos nas duas etapas:

carregamento, pagos pela empresa; e descarregamento, pagos pelos clientes.

4.1.2 Modelo Alternativo

Este estudo desenvolveu um modelo alternativo para a gestão das sobreestadias

rodoviárias, consonante com os conceitos de supply chain management, com a logística 4.0 e o

business intelligence, onde foram utilizadas tecnologias digitais disponíveis no mercado para

auxiliar a operacionalização das atividades desenvolvidas pelo profissional de logística, ao

passo que este processo, também seja capaz de gerar um aprendizado organizacional, por meio

Page 41: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

41

da conversão dos dados em informações, e posteriormente, em conhecimento. Neste novo

modelo, pode-se organizar todo o processo de gerenciamento em seis etapas sequenciais como

mostra a figura 08.

Figura 08 - Fluxo do novo modelo de processo de gestão das sobreestadias rodoviárias

Fonte: Autor

Recebimento das requisições de indenização por sobreestadias: esta é a primeira etapa

do processo, ela surge quando é comunicado ao profissional de logística que em determinada

operação houve uma transgressão do acordo de franquia pactuada em contrato, e, por tanto,

deve ser aplicada a multa também estabelecida em contrato. Esse pleito cabe ao transportador

contratado, por ser o proprietário do veículo e a parte a ser ressarcida pelo prejuízo financeiro

causado com a indisponibilidade do seu ativo. O profissional de logística deverá receber a

requisição, acusando o seu recebimento e mantendo salvos os registros de data e hora de

recebimento.

Um fator importante a se destacar diz respeito a periodicidade do envio das requisições

de sobreestadias. A empresa deverá avaliar qual a melhor forma de manter o controle sob o

processo, estabelecendo-se aqui um trade-off entre uma atualização em tempo real com um

consumo maior de horas para a integração dos dados e análise dos cenários ou uma atualização

mais espaçada (mensal, por exemplo) com menor dispêndio de horas para integração dos dados

e análise dos cenários.

Avaliar os resultados

Tomar as decisões

Analisar o cenário

Integrar dados ao sistema de BI

Apurar a veracidade das informações

Receber requisições de indenização por sobreestadias

Page 42: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

42

Apuração da veracidade das informações: após o recebimento das requisições é

preciso investigar, de fato, se houveram tais eventos e se os cálculos realizados pelo

transportador estão corretos. Nessa etapa é preciso observar, com muita cautela, todas as

condições previamente acordadas a respeito dos transportes, como exemplos: as restrições de

recebimento de veículos por parte da empresa e dos clientes da mesma; as janelas de horário,

nos casos onde se precisem realizar agendamentos para operações; o cumprimento das

especificações de segurança, como a utilização dos EPI’s (equipamentos de proteção

individual) pelos motoristas e integridade dos veículos; entre outros.

A apuração das informações é dividida em duas etapas, por conta da disponibilidade das

informações para confirmação: fatos que ocorreram na empresa, ou seja, durante o

carregamento e fatos que ocorreram nos clientes, ou seja, durante o descarregamento. Os

eventos que ocorreram durante o carregamento podem ser conferidos por meio da extração de

relatórios do sistema ERP da empresa e de documentos de controles internos, todavia os eventos

que ocorreram nos domínios dos clientes estão sob controle destes, portanto devem ser enviados

para que sejam investigados por eles, estabelecendo um prazo determinado.

Integração dos dados ao sistema de BI: confirmada a veracidade das informações é

necessário fazer o lançamento dos registros no banco de dados que foi proposto nessa pesquisa.

Essas informações subsidiam a construção de todos os indicadores e gráficos exibidos nos

dashboards. Convém, nesse momento, que estejam definidas alguns procedimentos para a

segurança da informação, como exemplo, a criação de backups (cópias de segurança) dos

registros e o armazenamento em local seguro.

Análise dos cenários: a análise dos cenários possui dois vieses: no primeiro trata-se de

uma análise objetiva, onde procura-se evidenciar os prejuízos financeiros causados pela

sobreestadia ao longo de um período, ou seja, busca-se mostrar os efeitos da sobreestadia sob

diversas perspectivas (dimensões); no segundo tem o sentido de encontrar explicações para os

desvios apontados pelo primeiro, ou seja, busca-se identificar quais são as causas dos efeitos

produzidos. No modelo proposto, comtempla-se apenas a abordagem do primeiro viés, pois não

seria viável, tecnicamente, apontar as causas desses eventos, visto que não há um controle mais

amplo da informação dentro da cadeia de suprimentos, contudo a utilização deste modelo

permite que se volte as atenções para os locais onde se originam os maiores impactos

financeiros, conduzindo o analista a uma investigação que gerará um impacto positivo maior

para a empresa.

Page 43: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

43

Algumas perguntas são fundamentais para a melhor compreensão dos cenários exibidos

pelos dashboards. Abaixo são colocados exemplos de perguntas que podem auxiliar o

profissional de logística nessa etapa:

1. Qual o montante gerado pelas sobreestadias?

2. Esse montante é expressivo dentro dos custos logísticos?

3. Os custos estão distribuídos uniformemente dentro das dimensões (produto,

transportador, etapa, mês ou cliente)?

Tomada de decisões: esta é uma etapa que depende, em grande parte, da subjetividade

do profissional que detém o poder de tomar as decisões. Todo o esforço do processo

desenvolvido até o momento se justifica nessa etapa, que pode ser considerada como a mais

importante, pois a partir dela, podem ocorrer alterações nos rumos dos custos logísticos com

sobreestadias rodoviárias. O que se espera é que essas alterações ocorram de fato, e que elas

sejam positivas para a saúde financeira da empresa. Uma grande mudança em comparação ao

modelo tradicional está na possibilidade de uma análise mais lógica e coerente sobre os fatos,

de maneira que o tomador de decisão agora possa contar com uma oferta maior de informações

e tenha uma síntese de argumentação enriquecida.

Avaliação dos resultados: a última etapa corresponde a uma avaliação contínua do

processo, onde os cenários são reanalisados periodicamente com o intuito de perceber os efeitos

oriundos das decisões tomadas. Espera-se que decisões eficazes produzam efeitos significativos

nos desvios encontrados dentro dos cenários ao longo do tempo. Nessa etapa cabe também a

comparação dos resultados com metas organizacionais que podem ser estabelecidas para

determinar qual o desempenho esperado.

4.2 Painéis Interativos Dinâmicos (Dashboards)

Os painéis foram desenvolvidos para proporcionar uma boa experiência visual, com um

design claro, objetivo e simples, facilitando a utilização da ferramenta sem que fossem

necessários treinamentos de longa duração.

Os painéis podem ser divididos em: parte superior e quadros inferiores.

Na parte superior:

• À esquerda, encontra-se o nome da empresa com o logotipo respectivo.

• Ao centro, encontram-se botões de ação por onde pode-se navegar pelas diferentes

perspectivas (dimensões) dos dados. Cada botão direciona o usuário para os

gráficos respectivos da dimensão escolhida.

Page 44: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

44

• À direita, encontra-se o total de operações realizadas até a última atualização do

banco de dados. Cada operação consiste num transporte completo do produto da

empresa aos seus clientes, englobando por tanto as etapas de carregamento e

descarregamento.

No quadro inferior:

• Análise monetária: está plotado um gráfico de barras verticais, onde se calcula o

somatório do custo de sobreestadias, segmentada pela dimensão escolhida pelo

usuário.

• Análise percentual: está demonstrado um gráfico do tipo treemap (mapa de

hierarquias), onde é possível a visualização da proporção em percentual da

amostra de acordo com a segmentação presente na dimensão escolhida pelo

usuário.

• Análise estatística: está presente uma tabela que exibe informações quanto as

medidas de tendência central e de dispersão da amostra. Nela está contida a

quantidade de operações, a mediana, a média e o desvio padrão da amostra,

segmentada pela dimensão escolhida pelo usuário.

Além das visualizações descritas acima, os quadros inferiores permitem que o usuário

faça filtragens cruzadas em seus dados, bastando apenas selecionar qualquer segmentação

dentro deles. Esse recurso possibilita um isolamento de alguma informação que se deseje

observar destacadamente.

A figura 09 apresenta o painel que corresponde a primeira dimensão (mês) do modelo de

dados.

Page 45: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

45

Figura 09 - Visão dimensional por mês

Fonte: Autor

A figura 10 apresenta o painel que corresponde a segunda dimensão (cliente) do modelo

de dados.

Figura 10 - Visão dimensional por cliente

Fonte: Autor

Page 46: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

46

A figura 11 apresenta o painel que corresponde a terceira dimensão (transportador) do

modelo de dados.

Figura 11 - Visão dimensional por transportador

Fonte: Autor

A figura 12 apresenta o painel que corresponde a quarta dimensão (produto) do modelo

de dados.

Figura 12 - Visão dimensional por produto

Fonte: Autor

Page 47: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

47

A figura 13 apresenta o painel que corresponde a quinta dimensão (etapa) do modelo de

dados.

Figura 13 - Visão dimensional por etapa

Fonte: Autor

4.3 Diagnóstico da Empresa XYZ

Após a tabulação dos dados foram encontradas 705 operações completas de transporte,

que incluem a etapa de carregamento na fábrica e descarregamento nos clientes. Nessa amostra

é possível perceber o número de itens que são distintos dentro de cada uma das cinco dimensões

contempladas pela pesquisa (tabela 02). Essa informação é fundamental para a compreensão do

nível de detalhamento dos dados exibidos nos dashboards. Quanto maior o número de itens,

maiores são as combinações de resultados que podem ser obtidas e maior é a flexibilidade da

análise.

Tabela 02 - Número de itens distintos encontrados em cada dimensão

Dimensão Número de itens

Período (mês) 12

Produto 04

Transportador 01

Cliente 24

Etapa da operação 02

Fonte: Autor

Page 48: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

48

No ano de 2017 o custo total de sobreestadias geradas nas operações da empresa foi de

R$ 241.209,33. Esse valor pode ser melhor compreendido por meio de análises dimensionais e

interdimensionais.

Dimensão período (mês): o custo médio nos doze períodos do ano foi de

aproximadamente R$ 20.101, observando-se o valor mais alto no mês de abril (R$ 35.277) e o

menor valor em fevereiro (R$ 3.737). O mês de abril representou o maior valor percentual

(14,63%), seguido de agosto (13,65%) e julho (13,14%). Nota-se que há um comportamento

cíclico de crescimento e redução das sobreestadias dentro do ano, onde há elevações acentuadas

por trimestre, seguidas de reduções moderadas por bimestre, onde destaca-se a maior inclinação

para cima, no trimestre: fevereiro, março e abril com um aumento percentual de 844%.

Dimensão cliente: nas operações realizadas para o cliente S encontram-se 198 eventos

com um custo total de R$98.687, que representa 40,91% do custo total de sobreestadias. As

operações para o cliente C são ainda mais frequentes (249 eventos), contudo o custo médio é

menor (R$ 305) em relação ao cliente S (R$ 408). Esses dois clientes somados representam

72,43% de todo o custo com sobreestadias e 63,40% de todos os eventos.

Dimensão transportador: apenas um transportador requisitou as indenizações por

sobreestadias no ano de 2017, representando por tanto 100% do total.

Dimensão produto: o produto Beta foi o maior contribuidor para os custos de

sobreestadias representando R$ 112.941 (46,82%), seguido do produto Alpha R$ 99.190

(41,12%), produto Delta R$ 20.459 (8,48%) e produto Gama R$ 8.620 (3,57%). Nota-se que

existem clientes que representam uma proporção muito elevada dentro da categoria de produtos:

o cliente C representa 67,32% do produto Beta; o cliente S representa 86,94% do produto

Alpha; o cliente F representa 100% do produto Delta e o cliente M representa 48,41% do

produto Gama.

Dimensão etapa: há uma grande discrepância quando analisamos em que etapa são

geradas as sobreestadias. O carregamento representa R$ 36.431,33 (15,10%) do total, enquanto

que o descarregamento representa R$ 204.778,00 (84,90%).

A análise apresentada acima confere ao analista de logística uma melhor compreensão do

cenário das sobreestadias dentro da cadeia de suprimentos. Desta forma, uma das decisões que

podem ser tomadas para reduzir os custos totais dessa disfunção é a elaboração de um plano de

ação, visando o entendimento das suas causas e posteriormente o tratamento das mesmas.

Assim, os dashboards são capazes de direcionar a prioridade de atuação para os clusters mais

relevantes dentro da cadeia.

Page 49: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

49

Nesse caso, seria bastante oportuno focar as atenções em planos de ação, cujo práticas

busquem entender os motivos da ineficiência no descarregamento dos produtos nos clientes S

e C, visto que são eles os responsáveis pelo maior montante de horas extras geradas no ano de

2017. Também é preciso entender: porque tais custos são apresentados apenas pelo

transportador azul; e porque existe tamanha diferença nas operações de carga e descarga dos

produtos alpha, beta, delta e gama.

4.4 Limites da Metodologia

Alguns itens merecem uma atenção especial para que o modelo seja implementado

satisfatoriamente e mantenha um bom desempenho.

O primeiro item a ser analisado diz respeito ao nível de complexidade técnica para

implementação do modelo. Embora o sistema utilize apenas dois softwares para o

funcionamento (Microsoft Excel® e Microsoft Power BI Desktop®), se faz necessário, ao

menos, um nível de conhecimento intermediário em ambos os aplicativos para configurar os

parâmetros do sistema, criar as métricas, os indicadores e desenvolver um layout adequado para

a visualização dos dashboards. Após a implementação do modelo, diminui-se

consideravelmente a necessidade de conhecimentos técnicos mais aprofundados nos softwares

citados, pois sua usabilidade é simples e intuitiva.

O segundo item que carece de uma atenção especial, representa a dificuldade para apurar

a veracidade das informações acerca dos horários de entrada e saída dos veículos nas

empresas ou nas dependências dos clientes. Essas verificações devem ser realizadas por meio

das extrações de relatórios dos sistemas ERP’s das organizações, contudo quando abordamos

empresas menores ou mesmo aquelas que não possuem um sistema de tecnologia da informação

eficiente para obter e fazer a comparação das informações, pode-se gerar um certo transtorno

operacional para garantir que as informações estejam disponíveis nos prazos estabelecidos.

O terceiro item corresponde aos cuidados com a segurança da informação. Os dados

envolvidos no processo não são novos, portanto já sofrem influência das políticas de segurança

da informação das empresas, entretanto o fato de estarem concentrados num único local (banco

de dados) aumenta o nível de risco quanto ao vazamento indevido de informações. Outro tópico

dentro do mesmo item são as potenciais perdas de dados, cujo acontecimento poderá

desencadear um dispêndio grande de horas entre todos os envolvidos.

Page 50: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

50

4.5 Vantagens do Modelo

A adoção do novo modelo de controle dos custos de sobreeestadias podem proporcionar

diversos benefícios, tanto às empresas quanto aos profissionais de logística, quando comparado

a modelos tradicionais de gestão. Algumas das principais vantagens estão relacionadas a:

Custo: possui um baixo custo para implementação e operacionalização, podendo

impactar até mesmo na redução do dispêndio de horas utilizadas para as tratativas de

pagamentos das faturas.

Usabilidade: é de entendimento fácil, simples e intuitivo para os usuários.

Versatilidade: pode ser utilizado em diversos tipos de dispositivos fixos e móveis,

possibilitando a análise da informação em locais externos, oportuna para a tomada de decisões;

Compartilhamento: os painéis podem ser rapidamente convertidos em relatórios

gerenciais e disponibilizados.

Agilidade: se apresenta ágil nos cálculos e exibição dos dados, garantindo uma

velocidade adequado de resposta.

Abaixo, apresenta-se o quadro 03, onde é realizada uma comparação resumida entre o

modelo tradicional e o modelo alternativo de gestão das sobreestadias. Essa comparação foi

concebida por meio da análise crítica do autor sobre os dois processos.

Quadro 03 - Comparação entre modelos de gestão das sobreestadias

Variáveis Modelo de processo Características

Tempo de

execução do

processo

Modelo tradicional Alto consumo de horas de trabalho

Modelo alternativo Baixo consumo de horas de trabalho

Utilização de

impressões em

papel A4

Modelo tradicional Alto consumo de papel

Modelo alternativo Moderado consumo de papel

Nível de

dificuldade do

treinamento para

execução

completa do

processo

Modelo tradicional Difícil

Modelo alternativo Moderada

Custo de

implementação

Modelo tradicional Baixo

Modelo alternativo Baixo

Fonte: Autor

Page 51: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

51

5 Considerações Finais

O desenvolvimento desse estudo possibilitou a elaboração de um modelo alternativo de

gestão das sobreestadias rodoviárias, que está alinhado com o conceito de cadeia de suprimentos

e com as práticas de inteligência empresarial (business intelligence). Por meio desse novo

modelo de processo, os analistas de logística poderão compreender melhor os cenários em que

estão inseridos, de forma que consigam enriquecer suas análises e consequentemente sejam

mais assertivos nas decisões. No estudo foi realizada uma comparação entre o modelo

tradicional e o novo modelo proposto, evidenciando que o novo apresenta vantagens quando

diz respeito ao custo, a usabilidade, a versatilidade, ao compartilhamento e a agilidade. Foram

também apresentados painéis interativos dinâmicos (dashboards), que contribuíram para a

visualização do modelo, de modo que conferiu ao estudo uma abordagem que não se resumiu

a uma apresentação apenas conceitual. Além disso, foi discutido algumas das limitações da

metodologia, apontando os pontos de atenção para a aplicação do modelo.

Para garantir a aplicação desse modelo nas organizações, sugere-se alinhar tais práticas

da gestão com a alta gerência, pois esta pode transformar-se num forte aliado na implementação

do modelo ou oferecer barreiras para um cumprimento efetivo das atividades.

As sobreestadias rodoviárias ainda são um tema pouco explorado pela comunidade

científica brasileira. Uma das razões para isso pode estar no fato de grande parte das publicações

em língua portuguesa sobre logística serem traduções de autores estrangeiros, cuja realidade de

infraestrutura logística é muito diferente da realidade nacional. Essa constatação torna ainda

mais relevantes estudos que busquem aumentar a eficiência do transporte logístico do país,

sobretudo no transporte rodoviário, pois pode representar uma redução significativa dos custos

logísticos e, por consequência, um aumento da competitividade das empresas no Brasil. Serão

importantes para um melhor entendimento das disfunções logísticas no Brasil estudos que

abordem: os custos logísticos em empresas brasileiras, comparações entre esses custos e os

valores gastos em transportes, e a relação dos valores com as sobreestadias. Além desses,

pesquisas qualitativas visando entender as causas também seriam de grande utilidade para que

se possa elaborar planos de ações gerenciais.

Por fim, este estudo contribuiu enormemente para o desenvolvimento pessoal e

profissional do autor, ampliando os conhecimentos sobre a logística e a cadeia de suprimentos,

áreas estratégicas para o crescimento econômico do país.

Page 52: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

52

Referências

ALVES, E. E.; FIGUEIREDO, Y. G.; LOPES, D. E. S.; PEREIRA, R.; SILVA, D. M.

Transporte Rodoviário e Seus Impactos no Cenário Atual. In: XI Simpósio de Excelência

em Gestão e Tecnologia. Resende: Associação Educacional Dom Bosco, outubro de 2014.

ANDRADE, P. H.; CASTRO, P. H. P. S. Transporte Ferroviário: uma abordagem

preliminar da situação brasileira no contexto da gestão da cadeia de suprimentos.

Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013.

ANGELONI, M.T. Elementos intervenientes na tomada de decisão. Ci.Inf. Brasília, v. 32,

n. 1, p. 17-22, jan-fev 2003.

ANTT. Dutovias. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/textogeral/Dutovias.html>. Acesso

em: 08 de agosto de 2018.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos / Logística Empresarial.

Tradução Raul Rubenick. 5º ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

BARBOSA, D. H.; MUSETTI, M. A.; KURUMOTO, J. S. Sistema de medição de

desempenho e a definição de indicadores de desempenho para a área de logística.

Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/779.pdf>. Acesso

em: 10 de setembro de 2018.

BOAVENTURA, J. M. G.; CARDOSO, F. R.; DONAIRE, D.; SILVA, E. S.; SILVA, R. S.

Teoria dos Stakeholders e Teoria da Firma: um Estudo sobre a Hierarquização das Funções-

Objetivo em Empresas Brasileiras. Disponível em: < http://www.anpad.org.br/admin/pdf/FIN-

B1387.pdf>. Acesso em: 09 de setembro de 2018.

BORGES, F. J. M.; FERREIRA, J. F. Operadores Logísticos. Disponível em:

<http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/299>. Acesso em: 12 de

agosto de 2018.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística Empresarial: O Processo de Integração da

Cadeia de Suprimento. São Paulo: Editora Atlas, 2009.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. et al. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. Quarta

edição. São Paulo: Editora Bookman, 2014.

CASTRO, D. J. O. A importância do CRM – Customer Relationship Management – dentro

do universo empresarial para o desenvolvimento de estratégias de marketing de relacionamento

por parte das empresas. Disponível em: <http://revistapensar.com.br/administracao/pasta_upload/artigos/a119.pdf>. Acesso em:

21/10/2018.

CAXITO, F. Logística: Um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7ª edição. São Paulo:

Campus, 2004.

Page 53: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

53

Confederação Nacional do Transporte. Pesquisa CNT de Rodovias 2017: Relatório gerencial.

Brasília: CNT: SEST: SENAT, 2017.

COSTA, C. Indústria 4.0: O futuro da indústria nacional. Disponível em:

<http://seer.spo.ifsp.edu.br/index.php/posgere/article/view/82>. Acesso em: 08 de agosto de

2018.

CSCMP. Supply Chain Management Definitions and Glossary. Disponível em:

<https://cscmp.org/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms/CSCMP/Ed

ucate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms.aspx?hkey=60879588-f65f-4ab5-8c4b-

6878815ef921>. Acesso em: 08/07/2018.

DRUCKER, P. F. et al. Aprendizagem Organizacional. São Paulo: Campus, 1990.

FARAH, O. E.; GARRAFONI JÚNIOR, A.; PIZZINATTO, N. K.; SANTADE, H.O. CRM:

Conceiros e métodos de aplicação no marketing de relacionamento. Disponível em:

<https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/view/150/146>. Acesso em: 21 de outubro de

2018.

FISCHMANN, A. A.; ZILBER, M. A. Utilização de indicadores de desempenho como

instrumento de suporte à gestão estratégica. Disponível em:

<https://www.researchgate.net/publication/267559505_UTILIZACAO_DE_INDICADORES

_DE_DESEMPENHO_COMO_INSTRUMENTO_DE_SUPORTE_A_GESTAO_ESTRATE

GICA>. Acesso em: 10 de setembro de 2018.

FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística Empresarial: A Perspectiva

Brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.

FLEURY, P. F. Gestão estratégica do transporte. Disponível em:

<http://www.ilos.com.br/web/gestao-estrategica-do-transporte/>. Acesso em: 04 de agosto de

2018.

FRAGA, M. A. F.; FREITAS, M. M. B. C.; SOUZA, G. P. L. Logística 4.0: Conceitos e

aplicabilidade – uma pesquisa-ação em uma empresa de tecnologia para o mercado

automobilístico. Disponível em: <https://cadernopaic.fae.edu/cadernopaic/article/view/214>.

Acesso em: 08 de agosto de 2018.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2012.

GIL, R. L. Tipos de Pesquisa. Disponível em: <

http://wp.ufpel.edu.br/ecb/files/2009/09/Tipos-de-Pesquisa.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

GONÇALVES, I. G.; MAGANHA, J. G.; MORSOLETTO JR., S.; VICARI, R. M. Os

benefícios da implantação de um projeto de economia de combustível. Disponível em:

<http://www.fatecguaratingueta.edu.br/fateclog/artigos/Artigo_78.PDF>. Acesso em: 10 de

agosto de 2018.

HEIDRICH, P. H. L. Contribuição do MRP na gestão estratégica da manufatura. In:

Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT, 2., 2005. Rezende, RJ: AEDB.

2005. p. 969-977.

Page 54: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

54

ILOS. Custos logísticos no Brasil. Disponível em: < http://www.ilos.com.br/web/analise-de-

mercado/relatorios-de-pesquisa/custos-logisticos-no-brasil/>. Acesso em: 21 de outubro de

2018.

JACOBSEN, A. L. Introdução à Administração. 3ª edição. Santa Catarina: Universidade

Federal de Santa Catarina, 2014.

JESUS, R. G.; OLIVEIRA, M. O. F. Implantação de sistemas ERP: Tecnologia e pessoas na

implantação do SAP R/3. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação, v. 3, n.

3, p. 315-330, 2007.

LAGO, K. G. D.; ALVES, L. Dominando o Power BI. 1ª Edição. Belo Horizonte, 2018.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de

pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 7ª

ed. São Paulo: Atlas, 2008.

LEME FILHO, T. Business Intelligence no Microsoft® Excel. Rio de Janeiro: Axcel

Books do Brasil, 2004.

MANKIW, N. G. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

MARTINS, E. O que é Backbone. Disponível em: <

https://www.tecmundo.com.br/conexao/1713-o-que-e-backbone-.htm>. Acesso em: 20 de

setembro de 2018.

Microsoft. Obter o Power BI Desktop. Disponível em: <https://docs.microsoft.com/pt-

br/power-bi/desktop-get-the-desktop>. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

Microsoft. Requisitos de sistema do Office. Disponível em: <https://products.office.com/pt-

br/office-system-requirements>. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

NETTO, A. A. Infovias. In: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso

das tecnologias da informação e da comunicação, 2008. São Paulo, pág. 53-56.

OLIVEIRA, H. C. A infra-estrutura de transporte rodoviário na transferência da base de

produtos para exportação na região litoral sul da Bahia. In: Seminário Estudantil de

Produção Acadêmica da UNIFACS, Salvador, 2008.

RIBEIRO FILHO, José. Definição e implantação de KPIs para auxiliar a gestão de uma

empresa de softwares. 2017. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia

de Produção) – Universidade Federal de Uberlândia, Ituiutaba, 2017.

RNP. Mapa do Backbone. Disponível em: <http://memoria.rnp.br/backbone/index.php>.

Acesso em: 20 de setembro de 2018.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos Sistemas de Transporte no Brasil e à Logística

Internacional. 4ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011.

Page 55: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

55

SANTANA, D. A. Logística do Marketing. Soluções Gráficas Ltda., São Paulo: 2006.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 6ª

ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016.

SOUSA, M. T. R. Transporte dutoviário: a circulação de combustíveis em São Paulo (1990 –

2000). Caminhos de Geografia, Uberlândia, vol. 2, pág. 6-13, outubro de 2005.

TURBAN, E.; SHARDA, R.; ARONSON, J. E.; KING, D. Business Intelligence: Um enfoque

gerencial para a inteligência do negócio. Rio Grande do Sul: Editora Bookman, 2009.

Page 56: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

56

Anexo A – Requisitos Mínimos de Hardware para o Microsoft® Power

BI® Desktop

A lista a seguir fornece os requisitos mínimos para executar o Power BI Desktop:

• Windows 7 / Windows Server 2008 R2 ou posterior

• .NET 4.5

• Internet Explorer 9 ou posterior

• Memória (RAM): ao menos 1 GB disponível, 1,5 GB ou mais, recomendado.

• Tela: ao menos 1440 x 900 ou 1600 x 900 (16:9) recomendado. Resoluções mais

baixas, como 1024 x 768 ou 1280 x 800 não são recomendadas, pois determinados

controles (como fechar a tela de inicialização) são exibidos além destas resoluções.

• Configurações de vídeo do Windows: se as configurações de vídeo forem definidas

para alterar o tamanho do texto, dos aplicativos e de outros itens para mais de 100%,

talvez você não consiga ver algumas caixas de diálogo que devem ser fechadas ou

respondidas para continuar usando o Power BI Desktop. Caso tenha esse problema,

verifique as Configurações de vídeo acessando Configurações > Sistema > Vídeo no

Windows e use o controle deslizante para retornar as configurações de vídeo para

100%.

• CPU: processador de 1 gigahertz (GHz) ou mais rápido x86 - ou x64 bits recomendado.

Page 57: GESTÃO DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTES - IFBA · Custos logísticos. Sobreestadias. Inteligência empresarial. Painéis interativos. ABSTRACT In an increasingly computerized world,

57

Anexo B – Requisitos Mínimos de Hardware para o Microsoft® Excel®

2016

Os requisitos de sistema na tabela a seguir aplicam-se ao Office 365 Home, Office 365

Personal e Office 365 University.

• Computador e processador:

o PC: processador de 1 gigahertz (GHz) ou mais rápido, x86 bits ou x64 bits com

conjunto de instruções SSE2;

o Mac: processador Intel;

• Memória:

o PC: 2GB de RAM;

o Mac: 2GB de RAM;

• Disco Rígido:

o PC: 3 GB de espaço em disco disponível;

o Mac: 6 GB de espaço em disco disponível. Disco rígido em formato HFS+

(também conhecido como Mac OS Extended ou HFS Plus);

• Monitor:

o PC: 1.024 x 768 Resolução de tela de 1.024 por 768;

o Mac: 1.280 x 800;

• Placa Gráfica:

o PC: a aceleração de hardware gráfico requer uma placa gráfica DirectX 10;

• Sistema Operacional:

o PC: Windows 10, Windows 8.1, Windows 8, Windows 7 Service Pack 1,

Windows Server 2016, Windows Server 2012 R2, Windows Server 2012 ou

Windows Server 2008 R2;

o Mac: Mac OS X 10.10 ou posterior;

o Para uma melhor experiência, use a versão mais recente do sistema operacional.

• Navegador:

o Versão atual do Internet Explorer, Microsoft Edge, Safari, Chrome ou Firefox.

• Versão do .NET:

o PC: requer o .NET 3.5. Alguns recursos também podem requerer a instalação do

.NET 4.0, 4.5 ou 4.6 CLR;