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1 GESTÃO FINANCEIRA NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RAMO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO EM CUIABÁ E VÁRZEA GRANDE MT Walter Luiz Martins Almeida Acadêmico do curso de graduação de Ciências Contábeis UFMT 2015/2018 Prof.ª Dr.ª Lucia Fernanda de Carvalho Professora Orientadora e Presidente da Banca TCC/2018 Prof. Dr. Benedito Albuquerque da Silva Professor membro da Banca TCC/2018 Prof. Ms. Adão Ferreira da Silva Professor membro da Banca TCC/2018 RESUMO Este artigo é um estudo de caso sobre a Gestão Financeira nas Micro e Pequenas Empresas do Ramo da Educação Infantil, realizado em Cuiabá e Várzea Grande MT. Diante das dificuldades enfrentadas pelos gestores no que concerne ao controle financeiro de suas respectivas empresas, observou-se a necessidade deste estudo. A partir disso, fez-se necessário conhecer a estrutura organizacional e os processos financeiros da empresa, mediante questionário aplicado aos gestores. Posteriormente, após a coleta de dados, apontar os pontos positivos e negativos relativos às finanças das empresas, apresentar os resultados e apresentar como uma boa gestão financeira pode trazer benefícios para a empresa. Ao final foi possível concluir que a percepção dos sócios quanto a saúde financeira da empresa nem sempre condiz com a sua realidade, necessitando da ajuda de um profissional para orientar e mostrar de fato a situação em que a entidade se encontra. Palavras-chave: Gerenciamento financeiro; Planejamento financeiro; Empreendedorismo; Escolas. ABSTRACT This article is a case study on Financial Management in Micro and Small Enterprises in the field of early Childhood Education, held in Cuiabá and Várzea Grande MT. The face of the difficulties faced by managers in relation to financial control of their respective companies, it was noted the need for this study. From this, it became necessary to know the organizational structure and the financial processes of the company, by means of a questionnaire applied to the managers. Later, after the data collection, pointing out the positive and negative points relating to the finances of the companies, present the results and present you as a good financial management can bring benefits to the company. At the end it was possible to conclude that the perception of the partners about the financial health of the company not always agree with their reality, needing the help of a professional to guide and to show the fact that the situation in which the entity is located. Keywords: Financial management; Financial planning; Entrepreneurship; Schools

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GESTÃO FINANCEIRA NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RAMO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO EM CUIABÁ E VÁRZEA

GRANDE – MT

Walter Luiz Martins Almeida

Acadêmico do curso de graduação de Ciências Contábeis – UFMT 2015/2018

Prof.ª Dr.ª Lucia Fernanda de Carvalho

Professora Orientadora e Presidente da Banca TCC/2018

Prof. Dr. Benedito Albuquerque da Silva

Professor membro da Banca TCC/2018

Prof. Ms. Adão Ferreira da Silva

Professor membro da Banca TCC/2018

RESUMO

Este artigo é um estudo de caso sobre a Gestão Financeira nas Micro e Pequenas Empresas do

Ramo da Educação Infantil, realizado em Cuiabá e Várzea Grande – MT. Diante das

dificuldades enfrentadas pelos gestores no que concerne ao controle financeiro de suas

respectivas empresas, observou-se a necessidade deste estudo. A partir disso, fez-se

necessário conhecer a estrutura organizacional e os processos financeiros da empresa,

mediante questionário aplicado aos gestores. Posteriormente, após a coleta de dados, apontar

os pontos positivos e negativos relativos às finanças das empresas, apresentar os resultados e

apresentar como uma boa gestão financeira pode trazer benefícios para a empresa. Ao final foi

possível concluir que a percepção dos sócios quanto a saúde financeira da empresa nem

sempre condiz com a sua realidade, necessitando da ajuda de um profissional para orientar e

mostrar de fato a situação em que a entidade se encontra.

Palavras-chave: Gerenciamento financeiro; Planejamento financeiro; Empreendedorismo;

Escolas.

ABSTRACT

This article is a case study on Financial Management in Micro and Small Enterprises in the

field of early Childhood Education, held in Cuiabá and Várzea Grande – MT. The face of the

difficulties faced by managers in relation to financial control of their respective companies, it

was noted the need for this study. From this, it became necessary to know the organizational

structure and the financial processes of the company, by means of a questionnaire applied to

the managers. Later, after the data collection, pointing out the positive and negative points

relating to the finances of the companies, present the results and present you as a good

financial management can bring benefits to the company. At the end it was possible to

conclude that the perception of the partners about the financial health of the company not

always agree with their reality, needing the help of a professional to guide and to show the

fact that the situation in which the entity is located.

Keywords: Financial management; Financial planning; Entrepreneurship; Schools

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1. INTRODUÇÃO

Considerando que as Microempresas (MEs) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs) são

partes extremamente relevantes para a economia do Brasil, representando 27% do PIB, além

de empregar mais da metade da mão-de-obra formal brasileira, de acordo com pesquisa

realizada pelo SEBRAE (2014), a importância deste artigo no âmbito socioeconômico se

mostra evidente ao analisar esses dados, de forma que possa auxiliar na continuidade destas

entidades.

Apesar de importantes para a economia, as Mês e EPPs sofrem com a gestão

empresarial, diferentemente do que acontece com as grandes empresas, que possuem sistemas

de informações organizacionais contábeis e financeiros, tendo em sua maioria setores

responsáveis por estes controles internos. As MEs e EPPs, em boa parte, não possuem uma

gestão eficiente. A falta de educação financeira por parte dos micro e pequenos empresários é

a causa da interrupção da continuidade das atividades de suas empresas. Em média, grande

parte delas encerram suas atividades em dois anos, devido ao mau gerenciamento (SEBRAE,

2014).

A saúde financeira de uma entidade é de suma importância para seu funcionamento

contínuo e, o empresário, não conhecendo o atual momento da empresa pode levá-lo a tomar

decisões errôneas. Assim, esta pesquisa tem como relevância fazer com que o gestor

entrevistado faça uma autoanálise da gestão financeira da sua empresa, refletindo sobre o

cenário em que ela se encontra.

De acordo com a pesquisa feita neste artigo, foi apontado que as MEs e EPPs

presentes no ramo da educação em Cuiabá e Várzea Grande – MT tem sua grande parte gerida

por pedagogas, onde o conhecimento sobre gestão financeira é básico, utilizando-se de

ferramentas antigas e nem sempre adequadas à necessidade da empresa.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Moreira (2011), o processo de gestão é composto pelas etapas do

planejamento, execução e controle. Através delas, os gestores planejam suas ações,

implementam os planos e avaliam o resultado do que foi idealizado e orçado. Como suporte,

os Sistemas de Informações servem como auxílio nas tomadas de decisões, pois apresentam

os dados processados.

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Mesmo sendo fundamental para as empresas, o planejamento financeiro, por muitas

vezes acaba sendo subestimado, afetando significativamente o desempenho e a continuidade

da empresa. A partir dessas projeções é possível traçar um caminho a ser seguido, observando

os possíveis problemas que possam surgir e evitá-los.

2.1. EMPREENDEDORISMO

De acordo com Dolabela (1999, p.68):

empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução de entrepreneurship

e utilizado para determinar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas

origens, seu sistema de atividade, seu campo de atuação e é antes de tudo, aquele

que se empenha à geração de riquezas em diferentes níveis de conhecimento, inovando e transformando conhecimento em produtos ou serviços em diferentes

áreas.

O conceito de empreendedorismo é muito variado, cada pessoa possui determinado

conhecimento, ou área de atuação para definir esta palavra de uma maneira diferente. O

importante a ser ressaltado é que o processo empreendedor sofre significativa ascensão no

Brasil e no mundo, daí vem a grande importância desta prática se difundir cada vez mais,

consequentemente irão ajudar o país no seu crescimento gerando possibilidades de trabalho,

renda e maiores investimentos (DORNELAS, 2008). “A ênfase do empreendedorismo surge

muito mais com a consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez e não é apenas um

modismo. A competição na economia também força o novo empresário a adotar diferentes

paradigmas” (BESSONE, 2000, p.43).

É necessário que o empresário, além da força de vontade de empreender, possua um

entendimento técnico, uma assistência e mecanismos que possam auxiliar nas suas tomadas de

decisões. Para criar um negócio forte e saudável, é preciso que o empresário tenha um bom

planejamento (DORNELAS, 2008).

2.2. MICROEMPRESAS (MEs) E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

(EPPs)

As Micro e Pequenas Empresas no Brasil são classificadas tanto pelo rendimento bruto

anual, de acordo com a Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas (Lei complementar

155/2016), como pela quantidade de funcionários, de acordo com o SEBRAE (2006).

São utilizados neste trabalho ambos os critérios, conforme ilustração a seguir:

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Ilustração 1 - Critérios para classificação de Empresas.

CLASSIFICAÇÃO FATURAMENTO

BRUTO ANUAL RAMO EMPREGADOS

Microempresa Até R$ 900 mil. Comércio e Serviços Até 9 empregados

Empresa de Pequeno

Porte

Acima de R$ 900 mil

até R$ 4,8 milhões

Comércio e Serviços

De 10 – 49

empregados

Fonte: Adaptada pelo autor, com dados da Lei Complementar 155/2016 e também com informações do

SEBRAE (2006).

As MPEs são fundamentais para o país no tocante ao crescimento econômico. Elas

fomentam a geração de emprego e renda, ajudam na redução da desigualdade social e são

parte de extrema relevância no PIB. De acordo com o SEBRAE (2014) as mesmas

representam 27% do PIB do país e empregam cerca de 52% da mão-de-obra formal no Brasil.

As Micro e Pequenas Empresas têm algumas características que reforçam esses dados,

como sua grande abrangência em escala nacional e descentralização geográfica. Apesar de

também estarem em grandes metrópoles, elas apresentam o diferencial de surgirem em

regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos, contribuindo assim para o

desenvolvimento regional fora dos eixos metropolitanos. Por este motivo também, as mesmas

conseguem integrar a mão-de-obra com pouca ou nenhuma experiência, iniciantes no

mercado de trabalho ou àqueles com mais de 40 anos, que o mercado muitas vezes acaba por

rejeitar sua realocação devido à idade (SEBRAE 2016).

As micro e pequenas empresas enfrentam diversos problemas, observando que a maior

parte delas acaba por encerrar suas atividades em pouco tempo de existência. Há uma certa

dificuldade para se adequar ao mercado e exercer as atividades, de forma que sejam

respeitados os recursos financeiros da empresa, as projeções e análises (KRUGLIANSKAS,

1996).

De acordo com o SEBRAE Nacional (2016), os principais problemas apontados pelas

empresas incluem a alta carga tributária e o excesso de burocracia enfrentados pelos gestores,

dificultando assim a existência da mesma. Outro problema encontrado é a dificuldade para se

conseguir empréstimos e financiamentos, uma vez que as instituições financeiras, após altos

números de inadimplência em períodos de crise, dificultam a liberação de crédito para as

empresas.

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Além disso, Kruglianskas (1996) afirma que existem também os problemas gerenciais

e administrativos que também prejudicam as empresas. Entre eles estão a falta de

conhecimento, planejamento e organização do próprio gestor em relação à empresa,

dificuldades no planejamento financeiro e orçamentário, falta de equilíbrio nos recursos e

controle de entradas e saídas. Há também, em muitos casos, confusão patrimonial, onde o

gestor acaba por misturar seu patrimônio pessoal ao da empresa.

2.3. GESTÃO FINANCEIRA NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Para que seja alcançado o objetivo da empresa, e que sua atividade-fim seja realizada

com êxito, o responsável pela gestão financeira deve se atentar a atividades básicas, como

realização de um planejamento financeiro e acompanhamento do orçamento, entradas e saídas

de dinheiro, projetar e analisar as finanças da empresa, entre outras funções necessárias para

um bom funcionamento da gestão (MOREIRA,2011).

O Planejamento financeiro é de enorme importância para o gestor de uma empresa. A

partir do plano é possível traçar metas e atingir objetivos, tomar decisões e driblar possíveis

dificuldades que surjam no caminho. É um roteiro para estruturar, controlar, gerenciar e

coordenar as atividades realizadas pela empresa (MOREIRA, 2011).

De acordo com Moreira (2011), um dos maiores desafios encontrados pela direção de

micro e pequenas empresas é fazer um planejamento financeiro adequado. O controle dos

dados contábeis do seu empreendimento, com o auxílio de profissionais de contabilidade,

garante o fluxo de caixa e o balanço comercial da empresa.

O SEBRAE Minas Gerais (2017) apresenta as principais falhas cometidas por

gestores, que devem ser evitadas: a) Não ter um registro adequado das transações realizadas

pela empresa; b) Não saber se a empresa está tendo lucro ou prejuízo durante suas atividades;

c) Desconhecer os custos e despesas e com isso não calcular o preço de venda devido; d) Os

sócios e/ou proprietários não terem uma remuneração fixa (pró-labore); e) Desrespeitar o

Princípio da Entidade, pois as despesas dos sócios e/ou proprietários se misturaram com as da

entidade; f) A não existência de um Sistema de Informação Gerencial.

Um bom controle financeiro garante a estabilidade de uma empresa. Mantendo a

liquidez, os compromissos assumidos com fornecedores são cumpridos em dia e ampliam-se

os lucros sobre investimentos.

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2.4. A ESCOLA COMO EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO

A escola é uma ferramenta de transformação da sociedade. Sua importância é nítida.

Não se trata apenas de ensinar o aluno, mas sim formar cidadãos conscientes (LÜCK, 2009).

Considerando a atual situação da Educação pública no país, muitos pais optam por

instituições privadas, de forma que estas acabam, na maior parte dos casos, se tornando a

melhor opção. Entretanto, Pestana (2003) salienta que a falta de preparo administrativo dos

gestores destas instituições atrapalha a empresa, afetando diretamente a sua continuidade ao

deixar em segundo plano as questões financeiras e administrativas.

Pestana (2003) ainda argumenta que, como instituição empresarial prestadora de

serviço, a escola muitas vezes adota postura um tanto antiquada devido ao próprio modelo

educacional existente, preocupada apenas com a parte social. Há uma divisão clara entre

corpo administrativo e pedagógico e, aos olhos da maior parte dos administradores dessas

instituições, a escola não é vista como uma empresa.

Isso acarreta algumas dificuldades, até mesmo no processo de modernização do

ensino, que é essencial para manter e angariar clientes, os alunos. Uma vez que, baseando-se

nas transformações que a sociedade atual vive, a escola como empresa e como ferramenta de

transformação, também precisa se adequar (LÜCK, 2009).

Por conta da divisão que ocorre nestas instituições, onde o foco principal fica apenas

na área pedagógica, a empresa-escola acaba sendo deixada de lado. A parte administrativa

fica em segundo plano. Lück (2009) esclarece que por ser mais próxima da finalidade da

educação, a direção se dedica especialmente à gestão pedagógica, entretanto a relevância de

suas competências para o apoio administrativo e logístico não reduz. “O que se destaca é que

sem a execução desse apoio de forma zelosa e no tempo certo, perde qualidade a dimensão

fim, mais diretamente voltada para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos”.

(LÜCK, 2009, p.113).

Como os gestores dessas instituições se posicionam completamente voltados à área

pedagógica, muito se perde no âmbito administrativo. A instituição escolar, assim como

qualquer outra empresa, precisa ser gerenciada de forma que atinja seu objetivo, que consiga

atrair seu público-alvo e que cumpra sua função no meio onde está inserida.

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3. MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA

Foi realizado um estudo de caso que propiciou observar a situação financeira das

empresas e se havia um planejamento estratégico adotado pelos administradores para manter

sua continuidade.

A pesquisa é caracterizada como qualitativa, pois corresponde às necessidades deste

estudo: envolve pequenas amostras, as quais não necessariamente precisam ser representativas

de várias empresas; utilizou uma variedade de técnicas de coleta de dados; considerou o

correto entendimento e definição do problema e dos objetivos da pesquisa.

O objeto selecionado foi composto por um grupo de empresas enquadradas como ME

ou EPP no ramo da educação, situadas nas cidades de Cuiabá/MT e Várzea Grande/MT.

Como instrumento de coleta de dados, foi elaborado um questionário composto por

quatro questões abertas e 20 fechadas, formando um total de 24 questões, que foram divididas

em sete grupos de acordo com o tipo de informação obtida: a) Perfil do Gestor; b) Separação

do Dinheiro; c) Controles Financeiros; d) Segurança Financeira; e) Autoanálise; f) Finanças

Estratégicas; g) Demonstrativos.

A coleta de dados foi realizada durante o período de 29 de outubro a 21 de novembro

do ano de 2018, sendo realizadas pesquisas presenciais, ou enviando o questionário para o e-

mail do responsável pela gestão financeira da empresa. Foram obtidos 12 questionários

respondidos de 12 escolas diferentes.

4. RESULTADO E ANÁLISE

Nesta seção são apresentados os resultados referentes à pesquisa de campo, bem como

a análise destes dados.

4.1. RESULTADO

No quesito “Perfil do Gestor”, as perguntas revelam o cargo ocupado na entidade, sua

idade, sua formação e também o período de atividade da empresa.

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Ilustração 2 - Quem está respondendo a pergunta?

Pergunta 1 - Quem está respondendo a pergunta?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Na Ilustração 2 temos o cargo ocupado pelos gestores entrevistados, em sua totalidade

12 pessoas, apresentando 75% sócios e/ou proprietários da empresa e 25% funcionários que

participam da gestão.

Foi identificado pela pesquisa que 50% dos entrevistados têm entre 25 e 30 anos,

seguindo de 33% entre 31 a 35 anos e o menor de todos, representando a faixa etária mais

alta, entre 36 a 40 anos, com 17%.

Ilustração 3 - Formação do entrevistado.

Pergunta 2 - Qual sua formação?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

De acordo com a ilustração 3, o perfil de formação dos entrevistados concentra-se a

maioria, 75% dos entrevistados, graduados em Pedagogia, e a menor porcentagem, com 25%,

possui graduação em administração.

75%

25% Sócio e/ou proprietário

Funcionário que participada gestão

75%

25%

Pedagogia

Administração

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Ilustração 4 - Tempo de atividade da empresa.

Pergunta 3 - Quanto tempo a empresa está em atividade?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Na leitura da Ilustração 4 verifica-se que 50% das empresas estão em atividade entre 1

e 5 anos, seguido por 42% entre 6 e 10 anos e o menor percentual, total de 8%, representando

as empresas com mais tempo no mercado, com mais de 10 anos de atividade.

No grupo Separação do dinheiro, os questionamentos feitos têm como objetivo saber

se os gestores têm pró-labores, se os sócios e/ou proprietários respeitam o valor estabelecido

e, consequentemente, se os mesmos respeitam o Princípio da Entidade.

Ilustração 5 - Existência de pró-labore para os sócios e/ou proprietários.

Pergunta 4 - Os sócios e/ou proprietários da escola tem uma remuneração fixa referente ao trabalho

prestado na empresa como todos os demais funcionários?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A Ilustração 5 trata-se da remuneração fixa referente ao trabalho prestado na empresa

pelos sócios e/ou proprietários. Ficou evidenciado que quase todos possuem pró-labore, em

50%

42%

8%

1 - 5

6 - 10

+10

92%

8%

Sim

Não

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um percentual de 92% do total da amostra e apenas 8% dos entrevistados não possuem esta

remuneração.

Ilustração 6 – Teste sobre o cumprimento do Princípio da Entidade.

Pergunta 5 - Imagine que as contas pessoais do sócio e/ou proprietário chegaram. O que provavelmente

será feito?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Nessa Ilustração 6 foi questionado sobre o Princípio da Entidade, a separação das

contas pessoais com as contas da empresa, e ficou evidente que um total de 58% dos

entrevistados desempenha a ação de retirar o dinheiro do caixa/banco da empresa para

pagarem suas despesas pessoais. Já 42% dos entrevistados afirmaram que as contas pessoais

serão pagas com o valor de sua remuneração fixa.

Ilustração 7 – Respeito dos sócios e/ou proprietários aos seus Pró-labores.

Pergunta 6 - Os sócios e/ou proprietários respeitam o limite estabelecido referente às suas

remunerações, ou seja, não retiram dinheiro do caixa da empresa além deste limite?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

42%

58%

Serão pagas com o valorda remuneração fixadeles

Serão pagas com odinheiro do caixa/bancoda empresa

42%

58%

Sim

Não

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Foi apresentado na Ilustração 7 a porcentagem dos sócios e/ou proprietários que de

fato respeitam o limite estabelecido correspondente a sua remuneração, evidenciando um total

de 42% dos entrevistados respeitando este limite e 58% negligenciando este limite.

Na seção “Controles financeiros”, as perguntas foram realizadas com o intuito de

avaliar o desempenho da entidade junto aos registros de entrada e saída da empresa. Saber se

há uma verdadeira preocupação com esses dados, curtos ou em longo prazo.

Ilustração 8 - Ferramenta de controle utilizada pela empresa.

Pergunta 7 - A empresa tem algum tipo de controle/cadastro das entradas e saídas de dinheiro

(planilhas em excel, software, caderno, etc.)?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Na Ilustração 8 observa-se uma totalidade quanto ao uso de um mecanismo de

controle, em que 100% das empresas utilizam-se do Excel para o controle/cadastro das

entradas e saídas de dinheiro das empresas.

Ilustração 9 - Conhecimento da empresa sobre suas entradas.

Pergunta 8 - A empresa conhece o valor exato das mensalidades a receber em cada mês?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

100%

Sim - Excel

Não

42%

50%

8% Sabemos o valor exato

Sabemos o valoraproximado

Não sabemos o valor

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A Ilustração 9 se refere ao conhecimento que a empresa possui em relação às

mensalidades recebidas em cada mês, em que 50% dos gestores sabem o valor aproximado

das mensalidades, seguido por 42% que sabem o valor exato e apenas 8% dos gestores não

sabem o valor exato.

Ilustração 10 - Frequência dos registros do fluxo de caixa.

Pergunta 9 - Com que frequência são feitos os lançamentos de entrada e saídas de dinheiro?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A ilustração acima apresenta que 50% dos entrevistados responderam não conseguir

manter um padrão de lançamentos de entradas e saídas de dinheiro, 25% responderam que

lançam esses valores semanalmente e os outros 25% mensalmente.

Ilustração 11 - Controle em longo prazo realizado pela empresa.

Pergunta 10 - A empresa possui um controle de suas contas a receber (recebimentos futuros) e suas

contas a pagar (obrigações já adquiridas a serem pagas no futuro)?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

25%

25%

50%

Diariamente

Semanalmente

Mensalmente

Não realizamos esse controle

Não conseguimos manter um padrão

33%

67%

Temos pleno controle

Temos algum controle

Não temos controle

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Na Ilustração 11 é apresentado que 67% dos entrevistados possuem algum controle de

suas contas a receber e a pagar. Já o percentual dos que possuem pleno controle é em torno de

33%.

No grupo Segurança financeira, são apresentados os dados da pesquisa cujo objetivo é

identificar a dependência da empresa com terceiros e também a situação da saúde financeira.

Ilustração 12 - Dependência de terceiros para cumprir com suas obrigações.

Pergunta 11 - A empresa tem o costume de utilizar dinheiro de terceiros (crédito bancário, agiotas,

familiares, amigos) para quitar dívidas?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Na Ilustração 12 é apresentada a situação das empresas em relação ao uso de dinheiro

de terceiros, total de 42% dos gestores relatam utilizar raramente, 25% nunca utilizaram e

33% disseram que às vezes utilizam dinheiro de terceiros.

Ilustração 13 - Dependência da receita para funcionamento da empresa.

Pergunta 12 - Se a empresa parasse de faturar, ou seja, se não entrasse absolutamente nenhum dinheiro a

partir de hoje, quanto tempo ela conseguiria pagar seus gastos fixos sem recorrer a crédito? (Aproximadamente)

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Nessa ilustração obtêm-se uma totalidade quanto a suposição de quanto tempo seria

necessário para a empresa pagar seus gastos fixos se não entrasse mais nenhum dinheiro no

25%

42%

33% Nunca

Raramente

Às vezes

100%

Menos que 2 meses

Mais que 4 meses

Entre 2 e 3 meses

Nem uma semana

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caixa/banco da empresa e também sem recorrer a credito, evidenciando que todas as empresas

analisadas conseguiriam manter continuidade em menos de dois meses, de acordo com os

entrevistados.

Ilustração 14 - Situação atual da empresa.

Pergunta 13 - Qual a situação atual da empresa?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Quanto à situação financeira das empresas estudadas, o percentual em condições

positivas é bem significativo, total de 83% possuem valor positivo em caixa/bancos. Já 17%

das entrevistadas possuem condição negativa em caixa/bancos.

Ilustração 15 - Empréstimos obtidos pela empresa.

Pergunta 14 - A empresa possui empréstimos?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Na Ilustração 15 existe uma equivalência entre os resultados relatados frente a

empréstimos, em que 50% das empresas entrevistadas possuem empréstimos com valor

menor que dois meses de faturamento e 50% não tem empréstimos.

83%

17%

Estamos com valor emcaixa/bancos positivo

Estamos com saldonegativo em caixa/banco

50% 50%

Não temos empréstimo

Temos empréstimos comvalor menor que 2 mesesde faturamento

Temos empréstimo comvalor maior que 2 mesesde faturamento bruto

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As perguntas do segmento “Autoanálise”, foram elaboradas com a intenção de fazer

com que os gestores entrevistados refletissem sobre a situação da saúde financeira de suas

empresas.

Ilustração 16 - Autoanálise sobre a área financeira da empresa.

Pergunta 15 - Depois de responder essas perguntas, você considera a área financeira de sua empresa

estruturada?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Em relação a Ilustração 16, há uma igualdade, em que 50% dos entrevistados

avaliaram sua empresa bem estruturada financeiramente e 50% não.

Ilustração 17 - Autoanálise sobre como melhorar a Gestão Financeira da Empresa.

Pergunta 16 - O que você acha que seja necessário em sua empresa para ter um controle financeiro mais

eficiente?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

50% 50%

Sim

Não

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A pergunta 17 foi elaborada de forma aberta com a finalidade de entender, na visão

dos entrevistados, quais mudanças ou iniciativas a empresa precisaria tomar para que o seu

controle financeiro fosse mais eficaz.

Foi evidenciado que em grande maioria das respostas, os gestores se veem

necessitados da ajuda de um profissional da área financeira e também ficou exposto que

muitos esperam cursos de aperfeiçoamento com um valor mais acessível, para que possam

aprimorar seus conhecimentos na área financeira.

Alguns se auto avaliaram com a necessidade de um software ou uma planilha, que

possam auxiliar de forma simples na parte de planejamento e futuramente nas tomadas de

decisões. Outras que se sentiram com a necessidade de mudar sua forma de planejar, ou até

mesmo, estabelecer uma cultura de planejamento na entidade.

Ilustração 18 - Autoanálise sobre a Continuidade da empresa.

Pergunta 17 - Você acredita que sua empresa conseguirá se manter financeiramente a longo prazo?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Na Ilustração 18 ficou perceptível que uma boa porcentagem dos gestores

consideraram que sua empresa se manterá financeiramente em longo prazo, correspondendo a

67% da amostra. E 33% relataram que a continuidade da empresa está ameaçada pela falta do

controle financeiro.

Após o grupo de “Autoanálise”, foram criadas as seções “Finanças estratégicas” e

“Demonstrativos”, para aqueles que sentiram o seu gerenciamento financeiro bem

estruturado. Dos 12 entrevistados incialmente, apenas seis seguiram em frente com o

questionário.

Tendo uma amostra de seis dos entrevistados, a seção “Finanças estratégicas” tem uma

abordagem com a finalidade de evidenciar os conhecimentos técnicos dos gestores na área

67%

33% Sim

Não

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financeira, e a execução de determinadas atividades, tais como o Planejamento Financeiro,

Análise de resultados, Ponto de Equilíbrio e Margem de contribuição.

Ilustração 19 - Planejamento financeiro das empresas.

Pergunta 18 - A empresa tem um planejamento financeiro? (Planejamento financeiro = previsão de

receitas baseado nas metas, e previsão de gastos).

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A Ilustração 19 revela se a empresa possui um planejamento financeiro. A

porcentagem mais significativa se dá em relação ao planejamento semestral, tendo um total de

67% dos gestores assinalando essa alternativa. Já 33% declaram que realizam o planejamento

trimestral.

Ilustração 20 - Verificação dos resultados pela empresa.

Pergunta 20 - Sua empresa faz, no início de cada mês, uma análise detalhada dos resultados financeiros

do mês anterior?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

33%

67%

Temos um planejamentotrimestral

Temos um planejamentosemestral

Temos um planejamentoanual

Não temos umplanejamento financeiro

33%

67%

Fazemos ocasionalmente

Fazemos todos os meses

Não temos esta análise

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De acordo com a Ilustração 20, os gestores se posicionaram em um mesmo percentual,

cerca de 67% faz uma análise detalhada todos os meses e 33% faz essa analise

ocasionalmente.

Foi identificado na pesquisa que há uma totalidade, em que 100% dos gestores fazem

o conhecimento de quantas mensalidades são necessárias para pagar todos os gastos da

empresa.

O percentual de gestores que tem a consciência do quanto cada mensalidade contribui

para o lucro da empresa é de cerca de 67% da amostra, apenas 33% não tem essa

compreensão. Salienta-se que dessa nova amostra, 67% vêm se apresentando bem familiar

com os termos técnicos, evidenciando que esta porcentagem corresponde às empresas que

mantêm funcionários formados em Administração para gerenciar a parte financeira da

entidade.

Evidencia uma totalidade, em que o percentual de que a empresa possui um

demonstrativo de fluxo de caixa é de 100% dos gestores entrevistados. Foi analisado também

que todas as empresas utilizam-se destes demonstrativos como auxiliar para tomadas de

decisões.

Ilustração 21 - Informações apresentadas de forma automática nos demonstrativos.

Pergunta 24 - Nos demonstrativos, são disponibilizados de forma automática informações como "custos

variáveis", "custos fixos" e "Margem de Contribuição"?

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A Ilustração 21 trata a respeito da disponibilização de informações a respeito de

"custos variáveis", "custos fixos" e "Margem de Contribuição”. Para 50% dos entrevistados

não são apresentadas essas informações, 33% não conhecem o termo, e apenas para 17%

essas informações são apresentadas.

17%

33%

50%

São apresentadas

Não sei se sãoapresentadasNão apresentam

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4.2. ANÁLISE

No “Perfil do Gestor”, avaliando individualmente as respostas, nota-se que todos os

sócios e/ou proprietários que responderam o questionário tem formação em Pedagogia,

apresentando-se como público interessado em abrir este tipo de negócio. Foi identificado

também, que as três empresas com mais tempo no mercado foram respondidas por

funcionários que auxiliam na gestão, revelando a preocupação dos empresários mais

experientes com a gestão financeira da sua empresa, de modo que a mesma seja mais eficiente

sendo administrada por profissionais da área financeira, no caso deste estudo, profissionais

formados em Administração.

Pode-se avaliar que no grupo “Separação do dinheiro”, por mais que a grande maioria

possua uma remuneração fixa, apenas um pequeno grupo respeita este limite, retirando

dinheiro do caixa/banco da empresa para cumprir com obrigações pessoais, dificultando para

os próprios gestores na hora de fazer um planejamento financeiro, pois os valores

patrimoniais da empresa poderão estar corrompidos. Foi analisado também que os sócios e/ou

proprietários do porcentual das empresas que não possuem pró-labore, correspondem as

empresas mais novas das entrevistadas, apresentando a carência de um profissional que

oriente estes empresários no início de suas atividades.

É evidente o contraste da realidade financeira das empresas com a percepção dos

gestores entrevistados. Apesar das respostas demonstrarem que todas as empresas possuem

um sistema de controle pelo excel, a grande maioria não consegue manter um padrão de

lançamentos. Percebe-se também que poucos entrevistados conseguem estimar o valor a

receber no mês, demonstrando a deficiência do sistema utilizado ou a ausência de uma pessoa

responsável para realizar estes lançamentos sistematicamente. Este hábito pode causar

prejuízos para a empresa quando necessitarem de tomar decisões, pois as informações

poderão não estar de forma tempestiva e fidedigna.

Percebe-se no grupo “Segurança Financeira” que os empresários não possuem

investimentos ou fundos emergenciais capazes de sustentar a empresa por mais de 2 meses, ao

afirmarem que suas empresas conseguirão se manter estruturadas por até 2 meses sem

depender de suas receitas e algumas dizerem que recorrem a recursos de terceiros para fazer

face as suas obrigações.

Algumas perguntas foram elaboradas exatamente para testar a veracidade das

respostas e a confirmação da situação financeira das empresas. Alguns gestores se

contradisseram ao afirmarem que a empresa não possui nenhum controle financeiro, que

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dependem de capitais de terceiros, mas na autoanalise responderem que acreditam que sua

empresa tem uma área financeira bem estruturada e que sua empresa conseguirá se manter

financeiramente a longo prazo. É evidente que os empresários não tem a percepção

condizente com a realidade, necessitando da ajuda de um profissional especializado como

conselheiro e auxiliar da gestão.

Das empresas que quiseram continuar com o questionário, é importante ressaltar que

todas são as mais velhas do grupo das entrevistadas e que ambas concordaram que sua

empresa está bem equipada financeiramente.

No grupo “Finanças estratégicas” nota-se que estes respondentes possuem um senso

maior sobre gestão financeira, conseguindo fazer um planejamento, ainda que seja

semestralmente. Sabem quantas mensalidades são necessárias para cumprir com os gastos da

empresa (ponto de equilíbrio) e, mais da metade deste grupo, o valor quanto cada mensalidade

contribui para o lucro da empresa (margem de contribuição). Vale ressaltar que este grupo de

respondentes representam apenas 50% do grupo inicial.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo evidenciar se os gestores de escolas infantis utilizam

algum método para gerenciamento financeiro na sua empresa e também se há uma eficiência e

controle na gestão. A partir do referencial teórico estudado foi elaborada a hipótese de que as

empresas no ramo da educação estão preocupadas mais com a parte social do que com a

gestão financeira.

O objetivo foi alcançado, apresentando como resultado o descaso da maior parte dos

entrevistados com a gestão financeira da empresa, e confirmando também uma parte do

pressuposto, onde se diz que não há prioridade com a área financeira da empresa por parte dos

gestores.

Vale ressaltar como limitação o número de entrevistas realizadas, tendo em vista que

foram enviados e-mails e contatados vários empresários do ramo, entretanto, obteve-se

somente 12 positivos. Uma amostra maior deixaria mais claro a realidade vivenciada pelos

empresários do ramo da educação e não somente a realidade dos entrevistados.

Recomenda-se para futuras pesquisas um questionário que explore melhor para onde

está voltada a preocupação destes empresários e também a localidade da empresa, pois

facilitará na hora das análises e no levantamento de argumentos.

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Como sugestões para os gestores entrevistados e também para aqueles que se

encontram na mesma situação, recomenda-se a procura de um consultor financeiro/contábil,

para possibilitar que o responsável pela gestão enxergue de fato a realidade vivenciada pela

empresa. O consultor será capaz de fazer uma análise, utilizando-se de indicadores que

proporcionarão aos empresários informações quanto a rentabilidade do seu negócio, se

apresentam tendências para falência, se há outra possibilidade de levantar recursos, entre

outros serviços auxiliares de competência de um consultor.

Recomenda-se também a implantação de um software que tenha vinculado em seu

sistema um comprovante de recebimento, assim, sempre que realizada qualquer

movimentação em sua empresa o gestor será forçado a fazer lançamentos no sistema,

registrando a entrada ou saída de dinheiro. Reduz erros, fraudes e até mesmo assegura os

empresários quanto ao disponível e sobre as obrigações adquiridas.

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