Gestão da Assistência FarmacêuticaTEXTO CONTRACAPA UnA-SUS Módulo 6: Tópicos Especiais Gestão...

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Gestão da Assistência Farmacêutica Eixo 3: Estudos Complementares Módulo 7: Tópicos especiais em ética, avaliação de tecnologias em saúde e aspectos técnicos e legais relacionados aos medicamentos alopáticos UnA-SUS EaD

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TEXTO CONTRACAPA

UnA-SUSM

ódulo 6: Tópicos Especiais

Gestão da AssistênciaFarmacêutica

Eixo 3: Estudos ComplementaresMódulo 7: Tópicos especiais em ética,avaliação de tecnologias em saúde e

aspectos técnicos e legais relacionadosaos medicamentos alopáticos

UnA-SUS

EaD

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AvAliAção econômicA de tecnologiAs em sAúde

Módulo 7

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GOVERNO FEDERALPresidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos PadilhaSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Mozart Júlio Tabosa SalesDiretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES/SGTES) Felipe Proenço de OliveiraSecretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) Carlos Augusto Grabois Gadelha Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE) José Miguel do Nascimento JúniorResponsável Técnico pelo Projeto UnA-SUS Francisco Eduardo de Campos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor Roselane Neckel Vice-Reitor Lúcia Helena PachecoPró-Reitora de Pós-Graduação Joana Maria PedroPró-Reitora de Pesquisa e Extensão Edison da Rosa

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora Sérgio Fernando Torres de Freitas Vice-Diretor Isabela de Carlos Back Giuliano

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASChefe do Departamento Míriam de Barcellos FalkenbergSubchefe do Departamento Maique Weber BiavattiCoordenadora do Curso Eliana Elisabeth Diehl

COMISSÃO GESTORACoordenadora do Curso Eliana Elisabeth DiehlCoordenadora Pedagógica Mareni Rocha FariasCoordenadora de Tutoria Rosana Isabel dos SantosCoordenadora de Regionalização Silvana Nair LeiteCoordenador do Trabalho de Conclusão de Curso Luciano Soares

Coordenação Técnica Alessandra Fontana, Bernd Heinrich Storb, Fernanda Manzini, Kaite Cristiane Peres, Guilherme Daniel Pupo, Marcelo Campese, Samara Jamile Mendes

AUTORESAntônio Carlos Estima MarasciuloBenedito Carlos CordeiroBernd Heinrich StorbCarine Raquel BlattMareni Rocha Farias

AUTORES (2ª EDIÇÃO)Antônio Carlos Estima MarasciuloBenedito Carlos CordeiroBernd Heinrich StorbCarine Raquel BlattMareni Rocha Farias

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© 2013. Todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina. Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.

Edição, distribuição e informações:Universidade Federal de Santa CatarinaCampus Universitário 88040-900 Trindade – Florianópolis - SCDisponível em: www.unasus.ufsc.br

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIALCoordenação Geral da Equipe Eleonora Milano Falcão Vieira e Marialice de MoraesCoordenação de Design Instrucional Andreia Mara FialaDesign Instrucional Equipe Necont Revisão Textual Judith Terezinha Muller LohnCoordenadora de Produção Giovana SchuelterDesign Gráfico Felipe Augusto Franke Ilustrações Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann PaschoalDesign de Capa André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Projeto Editorial André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann PaschoalIlustração Capa Ivan Jerônimo Iguti da Silva

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL (2ª EDIÇÃO)Coordenação Geral da Equipe Eleonora Milano Falcão Vieira e Marialice de MoraesCoordenação de Produção de Material Andreia Mara FialaRevisão Textual Judith Terezinha Muller LohnDesign Gráfico Taís Massaro

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SUMÁRIO

unidade 2 – avaliação econôMica de tecnologias eM saúde ............. 7Lição 1 – Economia da saúde: o que é e qual sua importância

para o SUS? ................................................................................... 9Lição 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde:

o que é e qual sua importância para a área farmacêutica? ........... 11Lição 3 – Identificação de custos ....................................................... 16Lição 4 – Identificação dos desfechos em saúde ................................ 20Lição 5 – Tipos de avaliação econômica ............................................. 26Lição 6 – Modelagem em avaliação econômica em saúde ................. 29Lição 7 – Passos básicos de uma avaliação econômica...................... 34Lição 8 – Utilização da avaliação econômica na gestão da

assistência farmacêutica ............................................................. 40

glossário ........................................................................... 46

referências ......................................................................... 52

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Unidade 2

Módulo 7

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 7

UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE

Ementa da unidade

• PrincípiosgeraisdaeconomiadasaúdeesuaimportânciaparaoSUS.

• Avaliaçãoeconômicadetecnologiasemsaúde.

• Principais elementosque compõemas avaliações econômicasdetecnologiasemsaúde.

• Principaistiposdeavaliaçãodetecnologiasemsaúde.

Carga horária da unidade: 15 horas.

Objetivos de Aprendizagem:

• ConhecerasdefiniçõeseaimportânciadaeconomiadasaúdeparaoSUS.

• Caracterizar a avaliação econômica de tecnologias em saúde,conhecerquaiselementossãonecessáriosparasuarealizaçãoedemonstrarasuaimportânciaparaaáreafarmacêuticaeparaogestordoSUS.

• Identificareconheceroscustosemsaúde,alémdeconheceraperspectivadoestudoeoscustosquedevemser incluídosdeacordocomessaperspectiva.

• Identificareconhecerosdesfechosemsaúde,diferenciareficácia,efetividadeeeficiência,bemcomoconhecerosquestionáriosdeavaliaçãodequalidadedevidaemsaúde.

• Conhecer e distinguir as diferentes formas de avaliaçãoeconômicaemsaúde.

• Identificare interpretarosmodeloseconômicoseconhecerosprincipaistiposdemodelagem:árvoresdedecisãoemodelodeMarkov.

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• Reconhecer os passos para a realização de uma análiseeconômica, capacitando para a realização da leitura crítica deumaanáliseeconômica.

• Reconheceraaplicaçãodeanáliseseconômicasnagestãodaassistênciafarmacêutica.

Apresentação

Caroestudante,

você optou por estudar o conteúdo de Avaliação econômica detecnologiasemsaúde,eficamosmuitosatisfeitoscomisso.

Aoelaboraresteconteúdo, imaginamososseguintesmotivosparaessaescolha:

• Curiosidadepeloassunto.

• Você é gestor e precisa entender melhor este assunto paraorientar/discutircomaequipetécnicaetomardecisões.

• VocêfazpartedaComissãodeFarmáciaeTerapêuticaeprecisaentendermelhorosestudosdestaárea.

Nessesentido,asavaliaçõeseconômicasdetecnologiasemsaúdesão importantes ferramentas, auxiliando nas tomadas de decisãodentrodosprincípiosdaeconomiadasaúde.

Conteudistas responsáveis:

AntônioCarlosEstimaMarasciuloBeneditoCarlosCordeiro

BerndHeinrichStorbCarineRaquelBlattMareniRochaFarias

Conteudista de referência:

AntônioCarlosEstimaMarasciulo

Conteudistas de gestão:

SilvanaNairLeiteMariadoCarmoLessaGuimarães

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 9

ENTRANDO NO ASSUNTO

Lição 1 – Economia da saúde: o que é e qual sua importância para o SUS?

EstaliçãotemcomoobjetivoconhecerasdefiniçõeseaimportânciadaeconomiadasaúdeparaoSUS.Acompanhe.

O que é economia da saúde?

Paraalgunsprofissionaisdaáreadasaúde,nemsempreéfácilaceitardiscussõeseconômicasdetemasdasaúde.SegundoDelNero(1995),tradicionalmente,paraessesprofissionais,asaúdenãotempreçoeumavidasalvajustificaqualqueresforço.Poroutrolado,aeconomiaévoltadaparaoestudodassituaçõesdeescassezenfrentadaspelasociedadecomoumtodo.Assim,separaosprofissionaisdesaúde,acostumados a pensar prioritariamente no cuidar das pessoas,é difícil pensar em conceitos sobre custo, eficácia, viabilidadeeconômico-financeira,entreoutros;paraoseconomistas, treinadosparaoestudodaescassezenãohabituadosalidarcomassituaçõesqueenvolvemosindivíduosesuasfamíliasfragilizadospeloprocessosaúde/doença,tambémédifícilpensarnaalocaçãoderecursossemadevidaobservaçãoaosprincípiosde justiçadistributiva.Dauniãoentreestesopostos,asaúdequenãotempreçoeosrecursosquesãoescassos,nasceumanovaáreadoconhecimento,aeconomia da saúde,quepodeserdefinidacomoa:

Disciplina que integra as teorias econômicas, sociais, clínicas e epidemiológicas, a fim de estudar os mecanismos e os fatores que determinam e condicionam a produção, a distribuição, o consumo e o financiamento dos bens e dos serviços de saúde (BRASIL, Ministério da Saúde, Glossário Temático – Economia da Saúde, 2005, p. 27).

Podemos dizer que o estudo da economia da saúde emergiu emdecorrência de um conjunto de fenômenos sociais, econômicos,demográficoseepidemiológicosqueseintensificaramapósaSegundaGrandeGuerra.CitamosaampliaçãodopapeldoEstadonapromoçãodo bem-estar social e o consequente desenvolvimento de sistemasdesaúdedaformacomoconhecemosatualmente,ouseja,sistemasorganizacionais com estruturas públicas e privadas de atenção àsaúde, legislação estabelecida, mecanismos de financiamento,gestãoecontrolesocial.Tambémcontribuiuofenômenodatransiçãodemográfica, alémdasmudançasdepadrõesalimentares (transiçãonutricional) e de atividade física que conduziram à emergência dadenominada transição epidemiológica: elevação da incidência dedoenças crônicas não transmissíveis, ainda associada, no Brasil, àmanutenção da incidência elevada de doenças infecto-contagiosas.

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Somam-se,ainda,outrosfenômenos,comoaaceleraçãodoprocessode inovação tecnológica, que determina aumento nos custosrelacionados à saúde (NITA et al., 2010). A economia da saúde ébastantedesenvolvidaeimportanteferramentadeapoioàdecisãonagestãoderecursosdosetorsaúde,naEuropa,Canadá,Austrália,entreoutros.NoBrasil,partedeseuconteúdo, inicialmente,desdobrou-seemtópicosdoPlanejamentoemSaúde(DELNERO,1995).Segundooautor,economiaesaúdeestãointerligadasdeváriasformas.Oestudo,apesquisasistemáticaeaaplicaçãode instrumentoseconômicosaquestõestantoestratégicascomooperacionaisdosetorsaúdederamorigemàeconomiadasaúde.

Nestabreveapresentação,percebemosqueaeconomiadasaúdeéumcampodoconhecimentorelativamentenovo,emfasedefrancocrescimento e, desde já, muito amplo. Na tentativa de facilitar aintroduçãoaestanovaáreadeconhecimento,apresentamos,aofinaldoconteúdo,umglossáriocomasdefiniçõesmaisfrequentementeutilizadas. Aos estudantes que tiverem interesse em aprofundar oconhecimento, sugerimos a leitura dos materiais produzidos peloMinistério da Saúde, juntamente com o livro-texto Avaliação de Tecnologias de Saúde: evidência clínica, análise econômica e análise de decisão,deNitaecolaboradores.

Acesse os materiais recomendados, produzidos pelo Ministério da

Saúde, na Biblioteca:

•  Avaliação econômica em saúde: desafios para gestão no Sistema Único de Saúde•  Avaliação de tecnologias em saúde: ferramentas para a gestão do SUS•  Diretrizes Metodológicas: estudos de avaliação econômica de tecnologias em saúde•  Glossário temático: economia da saúde - 3ª edição

Ambiente Virtual

Como você viu no Módulo de Políticas de saúde e acesso aosmedicamentos, o Movimento da Reforma Sanitária possibilitoua criação do Sistema Único de Saúde, o SUS, cujas bases sãofundamentadas nos princípios da universalidade, equidade eintegralidade.Saúdeéumdireitoe,comoescreveSilva(2004),nãotempreço,mastemcusto.

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Reflexão

Nesse sentido, quem deve arcar com esses custos? Quais custos estão

relacionados à saúde? Como calcular os custos da saúde?

Também,nomesmoMódulo,vocêviuasformasdefinanciamentodasaúdenoBrasil,provenienteda tributaçãoepactuaçãoentreaUnião,osEstados,oDistritoFederaleosMunicípios.Contudo,aoconsiderarmos o conceito ampliado de saúde, pode-se dizer queas demandas em saúde são ilimitadas. Por outro lado, conformepontuadoporDrummondecolaboradores (2005),os recursossãoescassosefinitos,sejaemtermoshumanos,detempo,financeiros,físicos ou estruturais. Portanto, escolhas devem ser (e são!) feitastodososdias,oquetornanecessáriopriorizardeterminadasaçõesemdetrimentodeoutras.

O objetivo da economia da saúde é a obtenção dos mesmosbenefícios a umcustomaisbaixoou aumentar osbenefícios semaumentar os custos. Esse objetivo tem suas bases no princípioeconômico da eficiência alocativa, que trata da utilização dosrecursosnolimitemáximodeaproveitamento.Achamada“eficiênciaalocativa”éatingidaquandonenhumrecursoéperdidoouquandoépossívelmelhorarasituaçãodeumindivíduosemdegradarasituaçãodequalqueroutro.Finalmente,podemosdizerque,combasenesseprincípio,emergeumconceitocentraldaeconomiadasaúdequeéodecustodeoportunidadeoucustosocial:

Custo em que a sociedade incorre ao disponibilizar uma tecnologia sanitária à população, à medida que os recursos empregados para tal ficam indisponíveis para outros fins (BRASIL, 2005).

A seguir destacaremos um capítulo especial dessa área doconhecimento,tratandodaavaliaçãoeconômicadetecnologiasemsaúde.

Lição 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde: o que é e qual sua importância para a área farmacêutica?

Nestalição,vamoscaracterizaraavaliaçãoeconômicadetecnologiasem saúde, conhecer quais elementos são necessários para queesta avaliação seja realizada e demonstrar a importância que elarepresentaparaaáreafarmacêuticaeparaogestordoSUS.

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Sevocêaindanãotemfamiliaridadecomesteassunto,paraauxiliá-lo, antes de iniciar o conteúdo propriamente dito, vamos fazer aseguinteanalogiacomumasituaçãodocotidiano.

Vocêestáplanejandoassuasfériasdeverão.VocêgostariadepassaralgunsdiasemFlorianópoliseoutrosemFernandodeNoronha.Masvocêverificouoseuorçamentoeconstatouquesótemdinheiroparaumaviagem.Você,então,teráqueescolherqualviagemrealizar.Paratomar tal decisão, você pode levar em consideração somente oscustosdaviagemouoscustoseosbenefícios.Vocêpodeavaliaroscustosemtermosfinanceiroseosbenefíciosemtermosdediasquevocêpodeficaremcadalocal,atividadesquepoderealizar,lugaresquepodeconhecerouamigosquepodeencontrar.Adependerdarelaçãocusto-benefício,vocêvaidecidirsevaiparaFlorianópolisouparaFernandodeNoronha(Figura1).

Figura 1 - Florianópolis e Fernando de Noronha.

Agora,enquantovocêpensasobreassuasférias,vamosfazeromesmoraciocínioparaaavaliaçãoeconômicadetecnologiasemsaúde.

No Módulo de Introdução ao Curso, mostrou-se que os gastoscom medicamentos são crescentes, como também é crescenteopercentualqueestes representamemrelaçãoaogasto totalemsaúde. O Módulo de Seleção de medicamentos orientou que épreciso selecionar os medicamentos para as doenças prioritáriasemsaúdedeacordocomoperfilepidemiológicodapopulação.Edepois, noMódulo de Logística demedicamentos, você verificou,no conteúdo de aquisição, que o orçamento para a aquisição demedicamentos, por exemplo, na atenção básica, é per capita, deacordocomapopulaçãodomunicípio.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 13

Você poderá ver os conteúdos mencionados em:

•Evolução dos gastos com medicamentos – Módulo 1

•Seleção de medicamentos – Módulo 3 – Unidade 2

•Aquisição de medicamentos – Módulo 4 – Unidade 2

Ambiente Virtual

Ok!Mas,aondequeremoschegarao relembraressesconteúdos?Queremos lembrar a você que o seu orçamento é finito e quevocê deve trabalhar com os recursos disponíveis para garantir adisponibilidade dos medicamentos previamente selecionados e aoferta dos serviços farmacêuticos. As avaliações econômicas dastecnologiasemsaúdepodemauxiliá-lonessetrabalho.

O que é avaliação econômica de tecnologias em saúde?

Analisandoo termoemsi, podemosdeduzir que se tratadeumaavaliação,segundoprincípioseconômicos,detecnologiasemsaúde.Em primeiro lugar, vamos definir tecnologia em saúde. De acordocomoGlossárioTemáticodeEconomiadaSaúdedoMinistériodaSaúde(2005),tecnologiaemsaúdeédefinidacomo:

Conjunto de equipamentos, de medicamentos, de insumos e de procedimentos utilizados na prestação de serviços de saúde, bem como nas técnicas de infraestrutura desses serviços e de sua organização. As tecnologias em saúde podem ser divididas em dois tipos: I) de proteção, de promoção e de prevenção da saúde da comunidade e II) de assistência e de apoio à saúde individual (BRASIL, Ministério da Saúde, 2005, p. 49).

Dessamaneira,vocêpodeseutilizardeavaliaçõeseconômicasparamediroscustoseosbenefíciosdeumnovotratamento,bemcomodaincorporaçãodeumnovoserviço.

Avaliação econômica é um processo pelo qual os custos sãocomparados comsuas consequências, em termosdemelhoradasaúdeoudeeconomiaderecursos.Assim,ocustodeoportunidade,apresentadonalição1,constituiumdosfundamentosdastécnicasde avaliação econômica. Por meio desse conceito fica clara aimportânciadeevitardesperdíciosemáalocaçãoderecursos.

Outroconceitobasedaavaliaçãoeconômicaemsaúdetratadousoeficientedos recursosoudaeficiência,cujosprincipaiselementos,resumidamente,são:

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1) nãodesperdiçarrecursos;

2) produzir cada produto/intervenção de saúde ao seu menorcusto;e

3) produzir tiposequantidadesdeproduto/intervençãodesaúdeque apontemmais valor (no sentido de necessidade) para aspessoas.

Uma alocação eficiente de recursos seria aquela que preenche,simultaneamente, esses três critérios. Enquanto os dois primeirosrelacionam-seàproduçãodeumbemouatividade,oterceirointroduzconsumo,considerandoofertaedemanda(GOLDet al.,1996).

Eficiência representa a relação entre os recursos financeiros e asconsequênciasdedeterminada intervenção.Édescrita,poralgunsautores, como a obtenção máxima de benefício com o recursofinanceiroempregado.Porela,busca-seobterosmesmosbenefícios,a umcustomaisbaixo, ou aumentar osbenefícios semaumentaroscustos.Porisso,aavaliaçãoeconômicaemsaúdeponderanãosomenteoscustos,mastambémosbenefícios,quechamamosdedesfechos(eminglêsoutcomes).

Portanto, a tarefa básica de qualquer avaliação econômica éidentificar,medir,valorarecompararoscustoseasconsequênciasdasalternativas(CORDEIRO,2008a).

Elementos necessários para uma avaliação econômica de tecnolo-gias em saúde

Aavaliaçãoeconômicacompreende, frequentemente, umasínteseda informação entre a medicina baseada em evidência (MBE) eeconomia. Por isso, as avaliações econômicas de tecnologias emsaúdenecessitamde:

• informaçõescientíficas,

• informaçõesclínicascomparativas,

• avaliaçãodedesfechosrelevantesemsaúde(outcomes),e

• avaliaçãodoscustosassociados.

Paralereentenderumestudodeavaliaçãoeconômicadetecnologiasemsaúde,énecessárioquevocêtenhaalgumconhecimentopréviosobreMBE.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 15

Você já viu alguns tópicos sobre o assunto na unidade de Seleção de

medicamentos, mas, se quiser ler mais sobre o tema, recomendamos a

leitura dos artigos a seguir:

•  Conceitos básicos de epidemiologia e estatística para a leitura de ensaios clínicos controlados, de Coutinho e Cunha.

•  Conduta terapêutica embasada em evidências, de Wannmacher

e Fuchs.

•  Tópicos Metodológicos e Estatísticos em Ensaios Clínicos Controlados Randomizados, de Escosteguy.

O material está disponível na Biblioteca. Confira!

Ambiente Virtual

Naspróximaslições,vamosestudarquaiscustoseresultadospodemserempregadosnasavaliaçõeseconômicasemsaúde.

Importância da avaliação econômica de tecnologias em saúde para a área farmacêutica e para o gestor do SUS

Otermoavaliaçãoeconômicadetecnologiaemsaúderefere-seaoexercício complexo de pesquisa e de produção de informações,baseadoemcritériodeefetividade,decusto,deriscooudeimpactodo seu uso, de segurança e critérios éticos que visam à seleção,à aquisição, à distribuição ou ao uso apropriado de tecnologias,incluindoaavaliaçãodesuanecessidade.Masvocêtambémpoderáencontrarapalavrafarmacoeconomiadefinidacomo:

Conjunto de atividades dedicadas, de modo geral, à análise econômica no campo da Assistência Farmacêutica, como a gestão de serviços farmacêuticos, a avaliação da prática profissional e a avaliação econômica de medicamento e, de modo específico, à descrição e à análise dos custos e das consequências da farmacoterapia para o paciente, o sistema de saúde e a sociedade (BRASIL, 2005; CORDEIRO, 2005).

Essasanálisessão importantesnoplanejamentoenagerênciadadifusãoeincorporaçãodetecnologiasdesaúde.Alémdisso,auxiliamna elaboração de diretrizes clínicas, baseadas nas evidênciascientíficas, importantes na melhoria da qualidade e eficiência daatenção(VIANNA;CAETANO,2005).

Frequentemente,noserviço,nosdeparamoscomproblemascomo:

• ousodastecnologiasquenãodispõemdeeficáciaconstatada;

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Marasciulo e colaboradores16

• outras sem efeito, ou com resultados deletérios, mas quecontinuamsendoutilizadas;e

• aseficazesqueapresentambaixautilização(BRASIL,2009a).

Somadosaessesproblemas,novosprocedimentosenovastécnicasde tratamento são incorporados pelos diversos profissionais, deforma,muitasvezes,acelerada,ouatémesmoantesdeevidênciassuficientes que comprovem sua segurança, eficácia e efetividade.E,commuitafrequência,astecnologiasnaáreadasaúdenãosãosubstitutas; pelo contrário, tendem a ser cumulativas. A utilizaçãodaressonânciamagnética,porexemplo,namaioriadasvezesnãoexcluiousodatomografiacomputadorizadanostestesdiagnósticos(BRASIL,2009b).

OBrasil,naúltimadécada,temempreendidoesforçosparaaadoçãodecritériosdecusto-efetividade,tantonaentradademedicamentosno mercado privado, com a alteração da lei de registro e com acriação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos(CMED),quantocomoestabelecimentodeumaComissãoNacionalde IncorporaçãodeTecnologiasnoSUS (CONITEC).ACONITECévinculadaàSecretariadeCiência,TecnologiaeInsumosEstratégicos(SCTIE)doMinistériodaSaúde,aqualéresponsávelpelaincorporaçãode tecnologiasnoSUSeassistidapeloDepartamentodeGestãoeIncorporaçãodeTecnologiasemSaúde(DGITS).ALein.12.401,de28deabrilde2011,alterouaLein.8.080/1990,paradisporsobreaassistência terapêuticaea incorporaçãode tecnologiaemsaúde,noâmbitodoSistemaÚnicodeSaúde–SUS.EssaLeiestabelece,no art. 19-Q, que a incorporação, a exclusão ou a alteração peloSUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bemcomoaconstituiçãoouaalteraçãodeprotocoloclínicooudediretrizterapêutica,sãoatribuiçõesdoMinistériodaSaúde,assessoradopelaCONITEC.Mesmoassimeapesardosavançosdescritos,oproblemada judicialização enfentado pela assistência farmacêutica persistecomo ameaça à consolidação doSUS, pois impõe ao sistema umperigosopotencialfalimentar.

Lição 3 – Identificação de custos

Aoconcluiresta lição,vocêestaráaptoa identificareconheceroscustosemsaúde,alémdeconheceraperspectivadoestudoeoscustos,quedevemser incluídosdeacordocomaperspectivadoestudo.Acompanhe!

Agora que você viu que as avaliações econômicas combinam oscustos e as consequências de uma tecnologia, vamos conhecer

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 17

os diferentes tipos de custos que podem ser incorporados numaavaliaçãoeconômica.

Aestimativadoscustosimplicatrêsetapas:

1) identificaçãodoscustosrelevantesàavaliação;

2) mensuraçãodosrecursosutilizados;

3) valoraçãodosrecursos(DRUMMONDet al.,2005).

ComoescreveSilva(2004):“Saúdenãotempreço,mastemcusto”e,mesmonospaísesdesenvolvidos,nãoépossívelatendertodasasnecessidadesedesejosdasociedadeemrelaçãoàsaúde.Veja,porexemplo,atraduçãolivre,baseadanumtextodoProf.MartinKnapp,diretordaUnidadedePesquisasemServiçosSociaisedoCentrodePesquisaemSaúdeeAtençãoSocialdaLondon School of Economics:

De quem é a culpa pela escassez de recursos? Poderíamos culpar os governos por não aplicarem recursos suficientes na área da saúde? Ou culparíamos os planos de saúde que negam acesso aos tratamentos de seus pacientes ou encurtam os períodos de internação quando necessária? Ou os culpados são os médicos que solicitam muitos exames complementares e prescrevem novas drogas que ou não possuem eficácia comprovada ou são caríssimas? Ou a população em geral, que mantém expectativas irreais em relação à atenção médica? Ou, finalmente, dos pacientes e seus familiares que são excessivamente exigentes em suas demandas? Provavelmente a melhor resposta para cada uma das questões acima seja um bom e sonoro ‘sim’. Então, se é para culpar alguém, cada um de nós contribui para a escassez de recursos.

Contudo,somenteareduçãodocustodosserviçosdesaúdenãoé, em si, um objetivo válido. O objetivo da economia da saúde éa obtenção dos mesmos benefícios a um custo mais baixo, ouaumentarosbenefíciossemaumentaroscustos.

Nocasodasavaliaçõeseconômicasdetecnologiasemsaúde,sãoconsiderados custos os valores de todos os insumos (trabalho,materiais,pessoalentreoutros)utilizadosnaproduçãoedistribuiçãodebenseserviços.Oscustoscostumamserdivididosemdiretoseindiretos,conformeapresentadonaFigura2.Noentanto,éimportanteressaltarqueaeconomiadasaúdelidacomoutrostiposdecustos(porexemplo,customarginal,custofinanceiro,custovariávelentreoutros),nãomenosimportantes,cujodetalhamento,porém,fogedoescopodenossoCurso.

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Marasciulo e colaboradores18

Categoria de custos

Custos indiretosCustos diretos

Custos médicos Custos não médicos

Custos intangíveis

Figura 2 - Classificação dos custos em avaliações de tecnologias em saúde.

• Custos diretos: são os recursos consumidos diretamente notratamento ou na intervenção. Podem ser médicos (tambémchamadossanitários)ounãomédicos.

• Custos diretos médicos ou sanitários: englobam produtose serviços para prevenir, detectar ou tratar uma doença. Porexemplo: medicamentos, exames complementares, honoráriosprofissionais,hospitalizações,cirurgias.

• Custos diretos não médicos ou não sanitários:sãodecorrentesdadoença,masnãoenvolvemserviçosmédicosousanitários.Por exemplo: custos de alimentação, transporte de usuários,residênciatemporária.

• Custos indiretos:estãorelacionadosàperdaparaasociedade,resultante do tratamento ou da doença. Por exemplo: diasde trabalho perdidos, incapacidade de realizar as atividadesprofissionais(quepodeserquantificadapormeiodaconcessãodebenefíciosdaPrevidênciaSocial), tempogastoemviagens,necessidade de cuidadores/acompanhantes (ou, por exemplo,amãequedeixoudetrabalharparacuidardofilhoportadordedeficiência)emorteprematuradecorrentedadoença.

• Custos intangíveis: avalia o custo do sofrimento, da dor, datristezaedareduçãodaqualidadedevida.Porsuacaracterísticasubjetiva, são de difícil mensuraçãomonetária e, por isso, namaioriadasvezes,nãosãoincluídosemestudoseconômicos.

No entanto, é importante ressaltar que a economia da saúde lidacom outros tipos de custos (por exemplo, custo marginal, custofinanceiro,custovariávelentreoutros),nãomenosimportantes,cujodetalhamento,porém,fogedoescopodenossoCurso.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 19

Perspectiva do estudo e dos custos

Os custos incluídos em uma análise econômica dependem daperspectivadoestudo,quepodeseradousuário,adohospital,dosistemadesaúde,oudasociedadecomoumtodo(perspectivamaisampla).

SobaperspectivadoSUS,aanálisepoderáserfeitaconsiderando-se o SUS como um comprador de serviços de saúde ou comoumaoumaisunidadesprestadorasdeserviçosdesaúde.Quandoaperspectivaadotada foraprimeira,deverãoserutilizados,comomedidadevaloraçãodoscustos,osvaloresdereembolsopagospeloSUSparaosdiferentes itens.Nosegundocaso,os itensdecustoenvolvidos deverão ser identificados e valorados, e ametodologiadeveserdetalhadanorelatóriodaavaliação(LINDNERet al.,2008).

Quandoéadotadaaperspectivadasociedade,sãocomputadososcustosadicionais incorridospelosusuárioseseusfamiliares,assimcomoaquelesassociadosàdiminuiçãodaprodutividadepelaperdade tempoemorteprematura, adotando-se,para sua valoração, arendaper capitanacional.

Confira,naTabelaaseguir,oscustosquedevemser incluídosemumaavaliaçãoeconômica,deacordocomaperspectiva.

Tabela 1 - Tipologia de custos, de acordo com a perspectiva de análise da avaliação de tecnologia em saúde

exeMplos de custos

inclusão na dependência da perspectiva (a)paciente

(b)Hospitais

sisteMa de saúde (c)

sociedade (d)

Diretos médicosMédicos N/S S S SOutros profissionais de saúde N/S S S SMedicamentos S S S SEquipamentos e material médico N S S SExames laboratoriais N/S S S SDiretos não médicosAdministrativos (e) N S S SHotelaria N S S SUtilidades (telefone, eletricidade etc.) N S S SDeslocamento dos pacientes e familiares (f) S N N SOrganização e operação do sistema de cuidados de saúde (g) N N S SIndiretosAbsenteísmo no trabalho decorrente das consultas e exames N N N SAbsenteísmo no trabalho decorrente do adoecimento N N N SAbsenteísmo temporário do trabalho dos familiares (h) N N N S

Legenda: S – incluído; N – não incluído; N/S – não pelo sistema público e sim pelo sistema privado de saúde.

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Observações: a) inclusão do item de custo dependerá da escolha da perspectiva, sendo que a perspectiva da sociedade corresponde à soma das demais; b) assume-se que o paciente está coberto por um seguro público/privado, incluindo ou não co-pagamento; c) o pagamento dos profissionais e serviços médicos é coberto pelo seguro público/privado; d) soma de todas as perspectivas; e) inclui todos os custos de administração do cuidado de saúde; f) gastos de transporte e tempo dos pacientes e familiares para a obtenção da assistência; g) inclui todos os custos relativos ao planejamento, funcionamento e dispensação do cuidado pelo setor público ou privado de saúde; h) gastos de tempo das famílias com o cuidado ao paciente durante o período de adoecimento.

Fonte: Adaptado de MELTZER, 2001.

Lição 4 – Identificação dos desfechos em saúde

Nesta lição,vamosaprendersobrecomo identificareconhecerosdesfechosemsaúde,diferenciareficáciaeefetividadeeconhecerosquestionáriosdeavaliaçãodequalidadedevidaemsaúde.

Desfechos

Desfecho (do termo em inglês outcome) é um termo que traduzresultados, impactosouconsequênciasde intervençõesdasaúde,podendoserexpressosemunidadesmonetárias,desfechosclínicosequalidadedevida.

Naavaliaçãoeconômicadastecnologiasemsaúde,aescolhadosdesfechos é um passo essencial. Por exemplo, ao selecionar ummedicamentoparaadislipidemiapodemsercomparadososcustosdeduasestatinas.Comodesfechosepodeconsideraraeficácia,aqual podeestar expressacomo reduçãodonível de colesterol oureduçãodamortalidade.

A reduçãodo nível de colesterol é umdesfecho intermediário e aredução da mortalidade é um desfecho primordial. O desfechoprimordialéorientadoaousuárioetemumaimportânciamaiornasavaliações econômicas. A redução do colesterol é importante epossuicorrelaçãocom,masnãogaranteareduçãodemortes.

Desfechos primordiais/duros

Os desfechos ou as condições que ameaçam os usuárioscompreendemdesenlace (morte), doença, desconforto, deficiênciafuncional, descontentamento e despesa (custo) (WANNMACHER;FUCHS,2000).

Desfechos intermediários/substitutos

Variáveislaboratoriaisouclínicas,maisfáceisdemedir,sãodesfechossubstitutosouintermediáriosqueapresentammenorvalor,jáquenão

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 21

medemdiretamentebenefíciooumalefícioclínico(WANNMACHER;FUCHS,2000).

Muitas vezes, é difícil mensurar os desfechos primordiais comomortalidade,por issograndepartedosestudosutilizamdesfechosintermediários. Ao ler uma avaliação econômica, é importanteidentificarqualodesfechoqueestásendoavaliado,bemcomoseestetemrelevânciaclínicaeapresentaimpactonasaúdedoindivíduo.

A eficácia diz respeito aos desfechos de uma intervenção quando

realizada em condições ideais como, por exemplo, aquelas adotadas

nos ensaios clínicos.

Já a efetividade é entendida como a medida dos desfechos, quando a

intervenção é utilizada na prática clínica diária, nas condições habituais reais.

Geralmente,aefetividadeémenorqueaeficácia,pois,narealidade,existe a influência de vários fatores que, nos ensaios clínicos, sãocontrolados,taiscomocomorbidades,nãoadesão,faltadequalidadedos produtos, perda de eficácia por inadequado armazenamento,ausênciadeserviçoeacompanhamento.

Para se obter a eficiência econômica, é necessário atingir aefetividade clínica máxima, ou seja, melhorar os desfechos semaumentar a quantia de recursos investidos. (TONONet al., 2008).Por isso,épreferívelqueosestudoseconômicossejamrealizadoscomdadosdeefetividade(BRASIL,2009b).Alémdisso,aavaliaçãodetecnologiasemsaúdetambémbuscaidentificaremquegrupooucondiçãoaintervençãoproduzmaiorbenefício.

EFICÁCIA(Será que funciona em

ensaios clínicos?)

EFICIÊNCIA(Será que contribui para

uma utilização mais eficiente dos recursos?)

EFETIVIDADE(Será que funciona na

vida real?)

Figura 3 - Inter-relação entre os conceitos de eficácia, efetividade e eficiência.

Fonte: KIELHORN & GRAF VON DER SCHULEMBERG, 2000

Atualmente,existegrandepreocupaçãonaavaliaçãodedesfechosimportantes para os usuários, derivados dos fatos em vez da“autoridade” ou de impressões da experiência clínica. Por issoveremos,aseguir,aqualidadedevidacomoumdesfechoprimordial

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paraaavaliaçãoeomonitoramentodeintervenções,comotambémparaoacompanhamentodeefeitosadversosdostratamentos.

Medidas de qualidade de vida

Vocêdeveselembrar(ou,pelomenos,játerlidoalgo)doiníciodosanos 1980, quando a AIDS passou a ser conhecida no mundo.Naquele momento, em que não havia uma causa definida dadoença e,muitomenos, um tratamento, a expectativade vidadeum paciente que fosse diagnosticado com essa patologia era de13 meses, sendo grande parte deste tempo gasto em cuidadosintensivosehospitalizações(HARDYet al.,1986).Nessascondições,o mais importante era conseguir algum novo medicamento queaumentasseasobrevidadospacientes.Comopassardotempoeosnovosmedicamentos,pode-sefalarhojenaAIDScomoumadoençacrônica. Nesse cenário, a introdução de um novo medicamentodeverá,alémdeprolongaravida,fazercomqueestatenhamelhorqualidade.Seissoforextrapoladoparaoutraspatologias,podemosdizer que, hoje, a qualidade de vida dos pacientes é um objetivoimportanteaseralcançadopelosserviçosdesaúde.

Reflexão

Mas o que é qualidade de vida?

Essa pergunta, feita para diferentes pessoas, terá diferentesrespostas.Otermoqualidadedevidapodeincluirefazerassociaçãocomolocalemquevivemos,nossascondiçõesdetrabalhoelazer,emuitasoutrascoisas.Porestemomento,vocêdeveestarpensando:“Ok,masconsiderandoatéadificuldadeemseconceituar saúde,comoépossívelmediraqualidadedevidadeumusuário?”.

Osentidodequalidadedevidaestádiretamenteligadoaoconceitoeconômicodeutilidade(verglossário).Combasenisso,pesquisadoresda área se dedicaram a produzir questionários que pudessemresponderapergunta.Nojargãocientífico,essesquestionáriossãochamadosde instrumentos (CORDEIRO,2008b).Aseguir,confiramaissobreessesinstrumentos:

• Instrumentos genéricos: São, normalmente, instrumentosmultidimensionais(funçãosocial,emocional,psicológica,mentalefísica)quepodemserutilizadosnapopulaçãoemgeralouemgruposde indivíduos.Elespermitemcomparar aqualidadedevidade indivíduos sadios comade indivíduosdoentes, oude

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 23

portadoresdamesmadoençavivendoemdiferentescontextossociaiseculturais.Exemplos:WHOQol,Euroqol,Sickness Impact Profile,Short Form Health Survey(SF-36).

• Instrumentos específicos: São empregados para analisara qualidade de vida relacionada com a saúde em distintasenfermidadesouemgruposdeusuários,emqueseincluemapenasosaspectosimportantesdedeterminadaenfermidade,objetivandovalorizar certas funções ou sintomas clínicos. Sua vantagem,em relaçãoaos instrumentosgenéricos, éaalta sensibilidadeea especificidade. A principal desvantagem está relacionada àimpossibilidade de utilizá-los para comparar diferentes doenças(DRUMMONDet al.,2005).Exemplos:doençashepáticas,Chronic Liver Disease Questionaire(CLDQ),oLiver Disease Quality of Life(LDQOL), Hepatitis Quality of Life Questionnaire (HQLQ); AIDS,Medical Outcomes Study–HIV(MOS-HIV),HIV/AIDS-Targeted Quality of Life Instrument, (HAT-QoL), AIDS Health Assessment Questionnaire(AIDS-HAQ),HIV-QOL Questionnaire(HIV-QL31).

Comopodemosver,háumaprofusãodeinstrumentosparamensuraçãodeutilidade.Porsuavez,nãoépossívelquefaçamos,simplesmente,uma tradução do instrumento e o apliquemos empesquisas locais.Cadaperguntado instrumentoé testada várias vezeseadaptadaàrealidadeculturaldapopulaçãoaseravaliada.Emoutraspalavras,essesinstrumentosnãopodemseraplicadosuniversalmente.Énecessáriaumachamada“adaptaçãotranscultural”emcadainstrumentoparaquepossamosaplicá-los.Aboanotíciaéquealgunsdessesinstrumentosjáforamadaptadosparaarealidadebrasileira.

Medidas de utilidade

Oconceitodeutilidadederivada teoria econômicade tomadadedecisãosobincerteza,publicadaem1944,porJohnVonNeumanneOscarMorgenstern. A utilidade reflete as preferências diante daincerteza,oque,nocasodasaúde,vemaseraspreferênciaspordeterminadosestadosdesaúde(CAMPOLINA;CICONELLI,2006).

AmedidadevalorutilidademaiscomumenteempregadaéadeanosdevidaajustadospelaqualidadeAVAQouQALYsdo inglêsquality adjusted life-years. Temos tambémamensuraçãodautilidadepormeiodosanosdevidaajustadoscomincapacidadeAVAIouDALYouDALYsdoinglêsdisability adjusted life-years.AVAQouAVAInadamais são do que diferentes formas de ajustar expectativa de vidaparaaqualidadedevidaaolongodosanos.

OsAVAQrepresentamumaponderaçãodosanosdevidaporumvalor obtido a partir de opiniões subjetivas de usuários sobre seu

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estadodesaúde,comoresultadodeumaintervençãoedenominadapeloseconomistasdeutilidade.AconstruçãodeumAVAQenvolveumestadodesaúdevalorizadopelousuário,avaliadoporintermédiodeinstrumentosdemedidadequalidadedevidarelacionadacomasaúdedaspessoas.Essesinstrumentosgeramumvalor,numaescalaquepossuidoispontosextremos:0(morte)e1(saúdeperfeita).Essevalor émultiplicadopelo tempoqueo indivíduopermanece nessasituaçãode saúde (DRUMMONDet al., 2005;UGÁ,2002;MOTA;FERNANDEZ;COELHO,2003).

A utilidade pode ser mensurada através de medidas diretas eindiretas,comoveremosaseguir:

• Medidas diretas: Existem, basicamente, três técnicas bemestabelecidas para a medida direta (ou seja, que questiona oindivíduo, diretamente, sobre sua preferência) de utilidades: aescolhapela chance (standard gamble), a escolhapelo tempo(time trade-off) e a escala visual analógica (CAMPOLINA;CICONELLI,2006).

• Medidas indiretas: Utilizam sistemas multiatributos por meiodequestionáriosquepermitemdescreverecalcularpreferênciaspara diversos estados de saúde. De acordo com o nível deresposta em cada atributo, é feita a descrição do estado desaúde,sendo,emseguida,aplicadaumafunção-utilidade,quepermitedeterminarautilidadeparaoestadodesaúdedescrito.Entre os instrumentos mais conhecidos estão: o EuroQol-5D,oQuality of Well-Being Scale, oHealth Utilities Index e, maisrecentemente,oSF-6D(CAMPOLINA;CICONELLI,2006).

Outro método de medida é a valorização monetária do estadode saúde: disposição a pagar, ou propensão a pagar, do inglêsWillingness to Pay(WTP).Porexemplo,alguémpoderialheperguntarquantovocêestariadispostoapagarparaterumaunidadedesaúdenoseubairro,ouperguntar “quantovocêestariadispostoapagarparaaumentarsuaexpectativadevidaemseismeses”?(HIDALGOVEGA, 2000; AURAY et al., 1996). Em termos práticos, vocêraramenteveráumaavaliaçãodetecnologiaemsaúdecujodesfechoserámedidoempropensãoapagar.Ométodoépassíveldecríticas,poisamedidadedesfechoemsiérestritaariquezadecadaum.

Satisfação dos pacientes

Amedidada satisfaçãodospacientes avalia, segundoa visãodopaciente, a estrutura de cuidados à qual ele recorreu e como sedesenrolouesseprocesso.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 25

Reflexão

Mas como se pode definir satisfação?

Asatisfaçãoéumconceitocomplexo,quedependedenumerososfatores, como o estilo de vida, as experiências passadas, asexpectativaseossistemasdevaloresdoindivíduoedasociedadeàqualelepertence.Demodogeral,háumconsensoqueasatisfaçãoestá,diretamente,relacionadacomaexpectativadousuárioecomoqueeleestimaterrecebido.

Alguns exemplos de questionários utilizados para mensurar asatisfaçãosão:

• PJHP(Patient Judgement of Hospital Quality),

• EQS(Echelle de Qualité des Soins),

• CSQ(Consultation Satisfaction Questionnaire),

• PSQ(Patient Satisfaction Questionnaire).

Esses questionários dimensionam diferentes componentes dasatisfação(POUCHOT,2001):

• Asrelaçõesinterpessoaisentreusuárioseprofissionaisdasaúde,cobrindodiversosaspectoscomoaatenção,aatitudedeescuta,empatia, o respeito ao usuário e à sua intimidade e, ainda, àconfidencialidade.

• Atransferênciadeconhecimentoseinformação,oqueaumentaaautonomiadousuárioefavoreceaaquisiçãodecomportamentosdeprevençãoedeadesãoaostratamentospropostos,melhorandoaspossibilidadesdeadaptaçãoàsdoenças.

• Os aspectos técnicos dos cuidados. Ainda que faltemconhecimentosmédicosaosusuáriosparajulgaraqualidadedoscuidadosqueelesrecebem,háevidênciasquepermitemdeduzirqueosusuáriossãocapazesdeum julgamentopertinenteemumbomnúmerodesituações,emespecialemcertasdoençascrônicas.

• Asprestaçõesnãomédicas,comoprocedimentosadministrativosdeadmissãoedesaídadoserviço.Aquise tratadequestões

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como o acolhimento, o tempo de espera e, em hospitais, asprestaçõeshoteleiras.

• A satisfação global, que pode ser obtida, por exemplo,perguntando-seaousuárioseeledesejariasercuidadonomesmoestabelecimento,ouseeleorecomendariaaoutraspessoas.

Pode-se afirmar que, se existe uma correlação entre a satisfaçãodospacienteseaqualidadedoscuidadosqueelerecebeu,elanãoimplica,necessariamente,equivalência.Orealobjetivodaavaliaçãoda satisfação dos pacientes, sob uma perspectiva formativa, émelhorar a qualidade dos cuidados e, em definitivo, o estado desaúdedaspessoasquesesubmetemaossistemasdesaúde.

Lição 5 – Tipos de avaliação econômica

Ao concluir esta lição, vamos conhecer e distinguir as diferentesformasdeavaliaçãoeconômicaemsaúde.Vejaaseguir.

Agora que você já sabe que a avaliação econômica pondera os custos

e os benefícios de uma tecnologia em saúde, bem como os custos e

os possíveis desfechos a serem considerados, vamos conhecer os

diferentes tipos de estudos.

Existem diferentes formas de avaliação econômica em saúde. Aopçãoporumaououtradependerádosvínculosestabelecidosentreas entradas (os custos) e os desfechos ou resultados obtidos emcada opção de estratégia terapêutica, tecnologia ou programa desaúdeemquestão.

As avaliações econômicas de saúde se subdividem em 3 tiposprincipaisdeestudos:(1)custo-efetividade(ACE);(2)custo-utilidade(ACU); e (3) custo-benefício (ACB), sinteticamente discutidasa seguir (DRUMMOND et al., 2005; GOLD et al., 1996). Elassão, particularmente, úteis quando se pretende ter um quadrocomparativo do impacto de uma ou mais intervenções. Essasavaliaçõestêmalgunselementosemcomum,masdiferememduascaracterísticasprincipais:medemosdesfechosdeformadiferente,e,consequentemente,dirigem-seaquestõespráticas(sejadegestãooudepolíticade saúde) tambémde formadiferente.Confira tudoissonaquadroaseguir:

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 27

Custo-efetividade

TIPO DEANÁLISE

MEDIDA DECUSTOS

MEDIDA DEEFEITOS

Custo-benefício

Custo-utilidade

Figura 4 - Quadro ilustrativo das três principais formas de avaliação econômia de tecnologias em saúde

Quadro 1 - Principais tipos de avaliação econômica em saúde

tipos de avaliação econôMica

Medida de custo

tipos de consequências identificadas para todas

alternativas

Métodos para Medir e avaliar consequências

contexto da decisão

análise de custo-benefício

Dinheiro Efeitos únicos ou múltiplos, não

necessariamente comuns a ambas alternativas

Dinheiro

Outros investimentos no setor público (não

necessariamente no setor saúde)

análise de custo-efetividade

DinheiroUm único efeito clínico ou de saúde de interesse a ambas

alternativas

Número de crianças com vacinação completa, casos

evitados, anos de vida ganhos

Vacinas alternativas para uma mesma doença ou outras intervenções para controle da doença em

questão

análise de custo-utilidade

DinheiroEfeitos únicos ou múltiplos, não

necessariamente comuns a ambas alternativas

“Anos de Vida Ajustados por Incapacidade” (“DALY”

ou “AVAI”) evitados ou “Anos de Vida Ajustados

por Qualidade” (“QALY” ou “AVAQ”) ganhos

Outras intervenções no setor saúde

análise de MiniMização de

custos Dinheiro

Efeitos clínicos ou sobre a saúde devem ser idênticos entre as

opções Nenhum

Vacinas alternativas para uma mesma doença ou outras estratégias de

prevenção à doença em questão

Fonte: FOX-RUSHBY; CAIRNS, 2005.

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Marasciulo e colaboradores28

Análise de custo-benefício (ACB)

Éummétodousadoparacompararovalormonetáriodetodososrecursosconsumidos(custos)paraproveraintervençãocomovalormonetáriododesfecho(benefício)proporcionadopelaintervenção.NaACB,oscustoseosdesfechossãomensuradosemvalormonetário.Estaanálisepermitecompararintervençõescomdiferentesdesfechos.Nemsempreépossívelconduzirumaanálisedecusto-benefícionosetorsaúde,devidoàdificuldadeprópriadaáreaemdefinirbenefício.Asformasdecalcularosbenefíciosnessesestudossãomotivosdemuitadiscussãoecontrovérsia,inclusiveética.

Análise de custo-efetividade (ACE)

Nestaanálise,aefetividadeéexpressaemunidadesnãomonetárias,como, por exemplo: vidas salvas (anos de vida ganho), dias deincapacidade evitada, casos curados, casos controlados (p.ex.,hipertensão, diabetes), mortes evitadas. A ACE é utilizada paraauxiliarosgestoresarealizarescolhasentrealternativasdisponíveisdeintervenções/tratamentos/tecnologiasouentregruposespecíficosdeusuários.Porexemplo,seduasopçõesdetratamentopossuemcustosdiferentes,qualopçãooferecemaior efetividade?Seráquepagarmaisporumatecnologiatrarámelhoresresultados?UmadaslimitaçõeséqueaACEsomentefocaumúnicodesfecho.Portanto,estaanálisenãopodeserutilizadaparacompararintervençõescomdiferentes desfechos e não pode ser utilizada para comparaçõesentreprogramasqueresultamemdiferentesdesfechos.

Análise de custo-utilidade (ACU)

Emtermosdeconcepção,ésemelhanteàACE,comaimportantediferença de que elamensura e depois valora o impacto de umaintervenção sobre a qualidade de vida relacionada à saúde dousuário,bemcomoocustodealcançaressamelhora.Ovalordemelhoraemsaúde,apartirdeumtratamento,émedidoemunidadesde“utilidade”,comovimosanteriormente.Essasmedidasaumentam,significativamente, a aplicação prática das avaliações econômicasporquediferentes intervençõespodemsercomparadasemúltiplosefeitos sobre qualidade de vida também podem ser incluídos.Por essa razão, a ACU pode comparar uma faixamais ampla deprogramasdesaúdedoqueaACE.

Análise de custo-minimização

Estudosdecusto-minimizaçãopodemserconsideradosumsubtipodaanálisedecusto-efetividade.Essetipodeanáliseépoucoutilizada,poisexigequediferentesintervençõesproduzamiguaisconsequências,

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 29

demodoqueapenasos custos sãocomparados.Por exemplo, nacomparaçãodedoismedicamentosparaotratamentodeumadoença,estes devem ser igualmente eficazes na capacidade de cura e naproduçãodeefeitosindesejados,comparando-seapenasoscustos.

Análise de custo da doença

Consistenadeterminaçãodoimpactoeconômicodeumadoençaoudeumaatitude,porexemplo:fumar,incluindoocustodotratamentoassociado (BRASIL,2009b).Asanálisesdecustodedoençassãoconsideradasavaliaçõeseconômicasincompletas,umavezqueosdesfechosnãosão,simultaneamente,avaliados.Entretanto,apesardeincompletas,adquiremimportâncianaexploraçãodaalocaçãoderecursos.

Agora que você já aprendeu um pouco sobre as diferentes formas de

avaliação econômica em saúde, assista ao vídeo sobre o tema. Nele,

são apresentados relatos sobre estudos na área, como o da professora

Hillegonda Maria Dutilh Novaes, da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (FMUSP), sobre estudo de custo-efetividade

da incorporação de novas vacinas à rotina do programa nacional

de imunizações. O vídeo apresenta, também, o estudo da professora

Adriana Falangola Benjamin Bezerra, da Universidade Federal de

Pernambuco, sobre a investigação do gasto direto do usuário da

Estratégia Saúde da Família com seu cuidado em diabetes mellitus e

o investimento governamental per capita em saúde nos municípios do

Estado de Pernambuco. O vídeo está disponível na Biblioteca, no AVEA.

Ambiente Virtual

Lição 6 – Modelagem em avaliação econômica em saúde

Ao efetuar os estudos desta etapa, vamos saber identificar einterpretarosmodeloseconômicoseconhecerosprincipaistiposdemodelagem:árvoresdedecisãoemodelodeMarkov.

Vocêjáestudouaimportânciadosestudosdeavaliaçãoeconômicaeconheceuosprincipaistiposdeestudo.Talvezvocêaindaestejaseperguntando,comosão realizadosessesestudos?Nesta lição,vamos apresentar a utilização de modelos econômicos comoalternativametodológicaparaarealizaçãodeestudosdeavaliaçãoeconômicaemsaúde.

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Reflexão

O que são modelos econômicos?

Osmodelos são representações simplificadas de um cenário real,ondeapenasoscomponentesconsideradosmais importantessãoavaliados,utilizandodadosclínicoseepidemiológicosparaprojetaresimular futuros resultadospormeiodeprobabilidadesecálculosmatemáticos(BRENNAN;AKEHURST,2000).

É importante conhecer como e em que momento a avaliaçãoeconômica está ligada à obtenção de dados clínicos. Se umaavaliação econômica é realizada retrospectivamente em relaçãoà coleta de dados clínicos, então a avaliação é conduzida comdadosclínicos,previamentereunidosdeensaiosclínicosanteriores,revisãodeliteratura/meta-análiseoudeumabasededados.Sãooschamadosestudosretrospectivos.

Diz-se que a avaliação é conduzida prospectivamente quando osdadossobrecustoseconsequênciassãoobtidosaomesmotempoeconectadosàcoletadedadosclínicos.

Essasavaliaçõestêmavantagemdepermitiraseleçãodoselementosqueserãoúteisparaaanálise,eumaligaçãopacienteespecíficaentreosinsumos(usoderecursos),produtos(intervenção)eresultados(porexemplo, efetividade). Nos estudos realizados retrospectivamente,essa ligação é apenas presumida. Entre as principais vantagensdesse tipo de desenho estão ummaior planejamento,a priori, dacoletadedadoseumafontecomumparagrandepartedosdadosnecessáriosparaoestudo.Já,entreasprincipaisdesvantagens,estáofatodeosensaiosclínicos,normalmente,nãorefletiremocuidadousualcomosusuáriosno“mundoreal”,bemcomodeohorizontetemporalserlimitadoaotempodeacompanhamentodosusuáriosnoestudo.Nessescasos,osmodelosmatemáticospodemserusadosdeformacomplementarparaestimarosefeitosalongoprazo.

Modelos matemáticos

Porpermitirestimarosefeitosnolongoprazo,osmodelosmatemáticos,queutilizamdadosdaliteraturaedosbancosdedados,disponíveissão comumente utilizados nos estudos econômicos. Os modelosmatemáticospermitemintegrardadosdediferentesfontesecomparardiferentes cenários. Devem representar os eventos relevantes dahistórianaturaldeumadoença,bemcomoosefeitosdasintervenções.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 31

Reflexão

Como são construídos esses modelos?

O pesquisador determina o impacto das intervenções na saúde,conhecendo os estados de saúde que possam ocorrer comoconsequênciadaintervenção,aprobabilidadecomaqualcadaestadodesaúde(porexemplo,cura,compensaçãodasintomatologia,recidiva)podeocorrer,aprobabilidadecomaqualcadaindivíduotransitaentreessesestadosdesaúdeeporquantotempocadaindivíduoficanumdeterminadoestadodesaúde(GOLDet al.,1996).Asprobabilidadesdos eventos, para cadapopulação ou grupode indivíduos, podemser estimadas pormeio de ensaios clínicos randomizados, estudosepidemiológicos de coorte, opiniões de especialistas ou umacompilaçãodediversosestudosparasimularoqueocorrecomumusuário se tal intervenção for realizada. Existemmuitas técnicas demodelagem.AsmaisfrequentementeutilizadasnaáreadaavaliaçãoeconômicadizemrespeitoaousodemodelosdeárvoresdedecisãoedemodelosdeMarkov(BRIGGS;SCULPHER,1998).

Árvores de decisão

Asárvoresdedecisãosãoumtipodemodelodesimplesconstrução.São utilizadas para relacionar custos e consequências por meioda evidência disponível. As opções de tratamento, os resultadosassociadosaessasopçõeseasprobabilidadescomqueosresultadossãoproduzidossãorepresentadosgraficamente.Aárvorededecisãoécompostapornóseramos (ouarcos)edeveser interpretadadaesquerdaparaadireita.Asramificaçõesdessasárvoresmostramaevolução prevista para os usuários, de acordo com a adoção dasdiferentes intervençõesemavaliação.Existem três tiposdenósnaárvore dedecisão: os nósdedecisão, que são representadosporquadrados;osnósdechance,porcírculos;eosnósfinais,geralmenterepresentadosportriângulos(VANNIet al.,2009).

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Marasciulo e colaboradores32

Doença

Tratamento A

Tratamento B

Cura

Morte

Cura

Morte

Figura 5 - Modelo básico de uma árvore de decisão

Veja o exemplo a seguir para o tratamento da esquizofrenia comhaloperidol. No primeiro nódulo de chance, o usuário pode aderiraotratamentoounão.Seeleadere,elepodeficarestávelounão.Quando o usuário não está estável (recaída), ele pode cometersuicídio,necessitardehospitalizaçãooudecuidadosambulatoriais.Agora que a árvore de decisão está pronta, adiciona-se, a cadabraço,aprobabilidadedeocorrercadaevento,ovaloreautilidadeparaaocorrênciadoevento.

Haloperidol

Adere

Não adere

Estável

Recaída

Estável

Recaída

Suicídio

Hospitalização

Ambulatorial

Suicídio

Hospitalização

Ambulatorial

Figura 6 - Modelo de uma árvore de decisão simulando alternativas e desfechos relacionados ao uso de haloperidol

O conhecimento das características clínicas da doença e dasintervenções avaliadas é fundamental para que se estruture um

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 33

modelo que capture todos os desfechos importantes na histórianatural da doença. Para as infecções agudas, cujos desfechosde importância, normalmente, acontecem em um curto períodode tempo, os modelos de análise de decisão simples (ou árvorede decisão) têm sido amplamente utilizados. Entretanto, essesmodelosnãosãoadequadosparaaavaliaçãodeintervençõesquedeterminemconsequênciasobservadasalongoprazo.Porexemplo,aavaliaçãodetratamentosparapacientes infectadospelovírusdaimunodeficiênciahumana(HIV)necessitaincorporarconsequênciasalongoprazo.Asoluçãomaisusadaparaaresoluçãodesseproblemaéacriaçãodeummodelodetransiçãodeestadosdesaúde,sendoomodelodeMarkovomaisutilizado.

Modelo de Markov

Este método é, particularmente, utilizado para modelar a evoluçãodedoençascrônicas.Omodeloestimaautilizaçãode recursoseasconsequênciasdosdesfechosemsaúdeassociadosacadaintervençãopormeiodeumasimulação,emqueumacoortehipotéticadeusuáriosatravessaomodelo,deacordocomasprobabilidadesdetransiçãoentreosestadoseonúmerototaldeciclosutilizados,gerandoosresultadosacumuladosduranteesseprocesso(BRIGGS;SCHULPHER,1998).

Essesmodelosprocuramrefletirsistemasreaispormeiodaidentificaçãode estados em que podem estar e das possíveis transições entreestados.Sãoconhecidoscomomodelosdinâmicos,poisatransiçãoentreestadoséumprocessotemporal.AcaracterizaçãobásicadeprocessosdinâmicoscomoprocessosdeMarkovsedápelachamada“regradeMarkov”,quesupõequeumatransiçãodeumestadoatualparaumestadofuturonãodependedahistóriapregressadosistema,somentedoestadoatual(BRASIL,2009b).

AmodelagemdesistemasviaprocessosdeMarkovfavoreceestudosdecusto-efetividade.Acontabilizaçãodoscustosedasutilidadeséfeitatendoemvistaapermanênciaemcadaestado.Acadaciclodepermanênciaseatribuemcustoseutilidadesincrementais,obtendo-seostotaispelasomadeles(BRASIL,2009b).

Veja,aseguir,arepresentaçãosimplificadadeummodelodeMarkovpara um usuário portador de esquizofrenia. Ele pode permanecerestável, ouevoluir para recaídaoumorte.Damesmamaneira, elepodepermanecerinstável(recaída)eevoluirparaestávelourecaída.

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Marasciulo e colaboradores34

Estável Recaída

Morte

Figura 7 - Modelo de Markov de três estados, adaptado para usuários portadores de esquizofrenia

Lição 7 – Passos básicos de uma avaliação econômica

Aoconcluirestaetapa,vocêestaráaptoareconhecerospassosparaarealizaçãodeumaanáliseeconômica.Tambémestarácapacitadoparaarealizaçãodaleituracríticadeumaanáliseeconômica.Confira.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre as análiseseconômicas,vamossistematizarquaissãoospassosquetodasasanálisesdeveriampercorrerparaseremreconhecidascomoestudoscomqualidade.Alémdisso,mesmoquevocênuncavá fazerumaanáliseeconômica,provavelmentevocêteráquelerumae,paraisso,conhecer os requisitos necessários para realização de um estudocomqualidadefacilitaráasuautilizaçãocomoferramentadagestão.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 35

Um dos grandes nós identificados na administração pública da saúde

hoje é, como já vimos, a tomada de decisões sobre o que o SUS deve

financiar, e o que não deve – ou não deveria! Pressões de todos os

lados acometem os gestores que precisam, mais do que nunca, de

instrumentos adequados, válidos, respaldados, para tomar essas

decisões e, com muita segurança e argumentos suficientes, justificar

tais decisões. Por isso, a importância de conhecermos os estudos de

análise econômica – por mais complexos e difíceis de realizar que

possam parecer num primeiro momento!

Saber utilizar, ou saber da possibilidade de lançar mão desta ferramenta,

pode fazer a diferença na operacionalização da gestão da assistência

farmacêutica e na busca por alguma luz para os caminhos dos custos

sempre crescentes no setor e quando da interferência do poder judiciário

sobre o processo de gestão.

Então, vamos lá! Vamos ver como é a sistematização de um estudo que

pode nos auxiliar no dia a dia da gestão.

Os principais passos para a realização de uma análise econômica são

descritos a seguir. Acompanhe.

Definição do objetivo e do contexto do estudo

O primeiro passo é definir a que se propõe o estudo. O objetivodo estudo deve ser claro, conciso, bem definido e mensurável(SANCHES, 2002). É importante definir se a análise está sendomotivada pela necessidade de tomar uma decisão concreta, oupretendeoferecerinformaçãoaumdebatedecarátergeral.Oestudodeveestarcontextualizadoeapopulaçãoaquemsedestinadeveserbemdefinida(PINTO-PRADES;BADÍA,2002).

Seleção e definição das alternativas a serem avaliadas

Toda avaliação econômica faz uma comparação, seja entre doismedicamentos; entre um medicamento e outra alternativa nãofarmacológica; ou, ainda, entre medicamento e a opção de nãotratamento.Aoavaliarumatecnologiaemsaúde,como,porexemplo,umnovomedicamento,éprecisocompará-lacomtodasasações

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Marasciulo e colaboradores36

tecnicamentepossíveis,oucomalternativasquesejam relevantes.Dessaforma,garante-sequeaopçãoasereleitasejaamaiseficienteemtermosabsolutos.Avaliarqualoparâmetrocomparativoadotadoéumcuidadoimportantequandoseutilizaumestudodeavaliaçãoeconômicanaseleçãodemedicamentos(DRUMMONDet al.,2005;BOOTMAM;TOWSED;MCGHAN,1996;VILLAR,1995).

Definição da perspectiva do estudo

Umadasprincipaisdecisões,no iníciodeumestudodeavaliaçãoeconômica,éestabelecersobqualperspectivaeleserárealizado,ouseja,opontodevistaadotado.Aperspectivadefinequaisostiposdecustosedesfechosserãoincluídosnoestudo,sendo,portanto,deimportânciafundamentalnoplanejamentodoestudo,cominfluênciadireta nos resultados obtidos. Pode-se adotar a perspectiva dainstituiçãoprovedora,dosusuáriosesuasfamíliasoudasociedadeemseuconjunto.Estaúltima,chamadadeperspectivasocial, éamais ampla, pois todos os custos e os resultados são avaliados,independentementeaquem incorra.Aperspectivasocialéamaisrecomendadapelaliteratura(MOTA;FERNANDEZ;COELHO,2003;DRUMMONDet al.,2005).

Escolha do método de avaliação

Como foi visto na lição5desta unidade, os estudosde avaliaçãoeconômicasãoclassificadosdeacordocomamedidaderesultadoutilizada,esedividememquatro tipos:análisedeminimizaçãodecustos, análise de custo-efetividade, análise de custo-utilidade eanálisedecusto-benefício.Emumartigo,otipodeestudotemqueestarexplicitado(DRUMMONDet al.,2005;FOX-RUSHBY;CAIRNS,2005;UGÁ,2002;VILLAR,1995).

Estimativa dos custos

Todos os custos têm de ser identificados e valorados. Observa-seque, em muitas análises, são utilizados apenas os custos diretos,principalmentedevidoàdificuldadedequantificaroscustos indiretos.Isso não as torna sem validade, apenas deve-se reconhecê-lascomoanálises incompletas.Aoanalisarumaavaliaçãoeconômicademedicamentos,éimportanteverificar,emrelaçãoaoscustos,setodososrecursosconsumidosforamidentificados,seessesrecursosforammensuradosequantificadoscorretamente,ecomoelesforamvalorados(DRUMMONDet al.,2005;GORSKYet al.,1996).

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 37

Estimativa dos desfechos

Os efeitos terapêuticos das opções avaliadas (desfechos clínicos)devem ser identificados e quantificados para a realização de umestudodeavaliaçãoeconômica.Essa informaçãopode ser obtidade ensaios clínicos randomizados ou provenientes de estudosepidemiológicos,basesdedadosouregistroshospitalares.Acorretamedidadosresultadose,portanto,aqualidadedosestudosclínicosebasesdedadosédeextremaimportância,poisdeladependeráaqualidadedoestudo(DRUMMONDet al.,2005).

Ajuste temporal (desconto)

Imagine que alguém lhe ofereça R$ 100.000,00 e que você podeescolher receber esse dinheiro agora ou daqui a dez anos. Você,provavelmente, escolherá receber esse dinheiro agora. Por quê? Arespostaésimples:damosmaisvaloraodinheironopresentequenofuturo,atéporque,setivermosodinheironopresente,podemosaplicá-loeelevalerámaisemdezanos.Assim,quandooscustosedesfechossão produzidos em um período superior a um ano, necessitamostransformá-losemunidadesequivalentesàsdoanozero,ouseja,nomomento em que se realiza a avaliação. Para essa transformação,necessitamosajustarasquantidadesfuturasporumfatordedesconto.AsDiretrizesMetodológicasparaEstudosdeAvaliaçãoEconômicadeTecnologias em Saúde do Brasil recomendam padronizar as taxasdedescontodecustose resultadosemsaúdeem5%aoano.Naanálisedesensibilidade,érecomendadoousodediferentestaxasdedesconto(0%e10%),parasedeterminaremqueextensãoaseleçãoarbitráriadataxaafetouaconclusãodoestudo(BRASIL,2009b).

Análise de sensibilidade

Aanálise de sensibilidade visa testar até queponto as oscilaçõesnasvariáveis relevantesdoestudopodemafetarasconclusões.Éum procedimento analítico que avalia a solidez dos resultados deumestudo,medianteocálculodemudançasnosresultadosenasconclusõesqueseproduzemquandovariáveischavesdoproblemamudamemumintervaloespecíficodevalores(BRASIL,2005).

Arealizaçãodeumaanálisedesensibilidadeimplicatrêspassos:

• Identificar os parâmetros sobre os quais existe incerteza comrelaçãoaovalorreal.

• Identificarointervalodevaloresquepodetomaresseparâmetro.

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Marasciulo e colaboradores38

• Recalcular os resultados do estudo com os diferentes valoresdessesparâmetros.

Existem,basicamente,trêstiposprincipaisdeanálisedesensibilidade:univariada,multivariadaeanálisedeMonteCarlo.Noprimeirocaso,varia-sesomenteumparâmetroporvez;já,nosegundo,avariaçãode mais de um parâmetro é feita simultaneamente. A análise deMonteCarlovariatodososparâmetrosaomesmotempo,realizandocentenasdesimulaçõescomaspossíveiscombinaçõesdevalores.Enquantoasprimeirasanálisescitadasnosmostramasensibilidadedomodeloaparâmetrosespecíficos,aúltimanosmostraarobustezglobaldomodelo(BRASIL,2009b).

Conclusões

Setodasasetapasanterioresforamseguidas,oestudotemtodosospré-requisitosparaserreconhecidocomoumestudodequalidade.Entretanto, as conclusões apresentadasdevemser coerentes comos resultados encontrados na análise. Questões como a validadeinterna (considerandoascaracterísticasdapopulaçãoemestudoeseucontexto),validadeexterna(extrapolaçãodosdadosparaoutrasrealidades) e a aplicabilidade (factibilidade e relevância do estudo)devemserdiscutidas.Aindaqueumestudoestejaperfeito,autilizaçãodeleforadocontextoemquefoifeitodeveserfeitacomcautela.

Análise crítica de uma avaliação econômica

Existemváriosaspectosaquedevemosestaratentosaoobservarmososresultadosdeumaavaliaçãoeconômicaemsaúde.Emprimeirolugar,éimportanteconsideraraperspectivatomadapeloanalista.Seaavaliaçãoérealizadaapartirdopontodevistadofornecedordoserviçooudeumgrupodeinteresseemparticular,aavaliaçãodeveserinterpretadanessecontexto.Segundo,éimportanteavaliarsetodaaamplitudedeopçõesplausíveisfoiincluída.Seopçõesimportantesforamexcluídas,entãoamelhoropçãopodetersidoperdida.Terceiro,foramutilizadastécnicasapropriadasparamensuraroscustoseosbenefícios?Osestimadoresde custos tendem a refletir o custo de oportunidade? Foi realizadaumaanálisedesensibilidadeparaavaliarosbenefícios?Finalmente,oscustosebenefíciosforamatualizadosemvalorespresentes,eataxadedescontoutilizadaéreconhecidamenteapropriada?

Reflexão

Reflita sobre essas questões para efetuar uma análise crítica sobre a

avaliação econômica.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 39

Roteiro de leitura crítica

UmroteirodeleituraeanálisecríticadeestudosdeanáliseeconômicaemsaúdefoielaboradopeloMinistériodaSaúdeeseráapresentadoa seguir. Nele, são listados alguns aspectos importantes a seremconsideradosafimdepermitiraadequadaavaliação,interpretação,generalização e aplicabilidade de seus resultados em contextosdiferentesdeondeelesforamrealizados(BRASIL,2008).

Quadro 2 - Roteiro de leitura crítica de uma análise econômica em saúde

INDAGAÇÃO CIENTÍFICA

1) Examine: título, autores, instituição (país de origem), revista e data da publicação.2) Qual o objetivo do estudo?3) Qual o tipo de análise econômica realizado?4) Quais as alternativas que estão sendo comparadas?5) Qual a hipótese do estudo?6) Qual a perspectiva da análise?

VALIDADE INTERNA

7) Analise criticamente os seguintes aspectos:a) as características da população em estudo;b) as evidências da efetividade das intervenções;c) os aspectos dos custos das alternativas e suas consequências;d) as unidades utilizadas para medir efetividade e custo;e) a utilização de custo real versus valor de mercado; a utilização de dólares

internacionais;f) a aplicação de controle para diferenças no tempo, na taxa de desconto.

8) Quais dessas variáveis poderiam interferir nos resultados, caso fossem alteradas?

INFERÊNCIA ESTATÍSTICA

9) Foram feitas análises de sensibilidade? Houve mudanças significativas nos resultados principais, com pressupostos diferentes para as variáveis do estudo?

VALIDADE EXTERNA

10) As estimativas da efetividade e dos custos das intervenções são semelhantes às observadas em outras populações? É esperado que a proporção relativa do custo e da efetividade entre as alternativas avaliadas seja mantida em outras circunstâncias?

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Marasciulo e colaboradores40

APLICABILIDADE11) As intervenções estudadas são relevantes para outras realidades? Existem alternativas em vigência ou em consideração no nosso meio que não

foram consideradas?12) Quem são os principais usuários dos resultados?

Fonte: BRASIL, 2008.

Lição 8 – Utilização da avaliação econômica na gestão da assis-tência farmacêutica

Nestaetapa,vamosreconheceraaplicaçãodeanáliseseconômicasnagestãodaassistênciafarmacêutica.

Comoressaltamosaolongodestaunidade,passamosboapartedenossavidatomandodecisões.

Será que me caso?

Ou compro uma bicicleta?

Figura 8 - Questionamentos para tomada de decisões

Nãomenoscomplexo,ogestor lida, rotineiramente,com tomadasdedecisão.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 41

Investimos nossos recursos na compra dos insumos “A”?

Ou insumos “B”?Como é que eu faço?

Para piorar, se optarmos por “A” ou “B” perderemos a oportunidade de optar por “C”!

Figura 9 - Gestor tomando decisões

Nestaliçãodeencerramentodaunidade,faremosumareflexãosobreopotencialdautilizaçãodestaferramentaparaoapoioàtomadadedecisões.

Nas últimas décadas, os gastos crescentes no setor saúde vêmpreocupando diversos países, em especial aqueles cuja atençãoà saúde é garantida pelo setor público. A grande pressão pelaincorporação de tecnologias com altos custos de produção eaquisiçãocara,alémdeimpactarnoorçamentodospaíses,produzrestriçãoaoacessodosserviçosdesaúde,vistoquenãoépossívelgarantir todas as intervenções a todos. Diante dessa situação,técnicas para a racionalização dos gastos, tais como as análiseseconômicas em saúde, são utilizadas na tentativa demaximizar asaúde, mas resguardando a viabilidade financeira dos sistemaspúblicosdesaúde.Paísescomfortefinanciamentopúblicodosetorsaúde, como,por exemplo,Austrália,CanadáeReinoUnido, têmempregadoessasferramentasparaatomadadedecisãoacercadaincorporaçãodenovastecnologias.

Avaliaçãoeconômicaemsaúdeserveparaajudarogestorainterpretarinformaçõesdiversas (ouatémesmodivergentes)aooferecerumaformaestruturadaderaciocínio,baseadaemfundamentosdateoriaeconômica,voltadaparaoapoioàtomadadedecisões.

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Marasciulo e colaboradores42

Reflexão

Mas, quando uma análise econômica é factível, necessária e apropriada?

É impossível imaginar que todas as novas tecnologias devem sersubmetidas a uma análise econômica. Existem circunstâncias emque a aplicação destes estudos é, particularmente, benéfica, taiscomo:

1) quandoobjetivoseestratégiasprecisamseresclarecidos;

2) quandoalternativasdiferemsignificativamenteentresi;

3) quandoosrecursosemquestãosãoexpressivos.

Existemsituaçõesquepreenchemumdoscritériosanteriores,masosbenefícioseasinformações,queporventurasurgiremdasanáliseseconômicas,sãotãopequenosquenãocompensamoscustosderealizá-la.

O tempo também é um limitante. Quando os dados são necessários para

ontem, talvez não valha a pena formular uma análise econômica, mas

apenas uma apreciação de custos (BRASIL, 2008).

Quando existem duas ou mais estratégias possíveis para umadeterminadaintervençãoemsaúde,hátrêspossibilidades:

1) a intervenção nova é mais barata e mais efetiva do que a antiga: nãoénecessárioqualquerestudo,anovaestratégiadeveserimplantada;

2) a intervenção nova é mais cara e menos efetiva que a atual:anovaestratégiadeveserdescartadademodosumário;

3) a intervenção nova é mais cara e, supostamente, mais efetiva que a atual:érecomendadaautilizaçãodeestudosdeavaliaçãoeconômica,contribuindoparaadecisãosobreaimplantaçãoounãodanovatecnologiaemsaúde.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 43

Concluímosqueoprincipalargumentopara realizarmosavaliaçõeseconômicas em saúde (ou utilizarmos as realizadas) é que elasnosajudama interpretarasdiferentespossibilidadesemdiferentescenários. É também importante que entendamos as limitaçõesdas avaliações econômicas em saúde, tanto em termos defundamentaçõesteóricasquantoemtermospráticosderealizá-las.Poroutrolado,tambéméimportantequeentendamosquedecisõesfeitassemaajudadetaisavaliaçõestendemaseraspiores.

Pensar claramente, mensurar cuidadosamente e interpretar com

sensibilidade pode aumentar os ganhos em saúde, melhorar a

expectativa e a qualidade de vida de nossas populações.

Os estudos farmacoeconômicos podem ser úteis na seleção demedicamentos. Porém, um limitante para uma ampla utilizaçãodessesestudosnoapoioàdecisãopassapordifíciltransposiçãoderesultadosentrediferentessociedadesoupaíses.Aindaquesejamfeitasanálisesdesensibilidadebemconduzidas,asdiferençasentrevaloresmonetários,prevalênciaseprobabilidadesentrepaíses,emespecial na comparação entre países em desenvolvimento comdesenvolvidos,limitamaaplicaçãodessesestudossemqueantessefaçaumaadaptação transcultural.Porfim,essasanálises tambémpressupõemaexistênciadeumbomsistemadeinformaçõesparaaapuraçãodosdados,comriscodecomprometimentodosresultados,casoessesnãosejamfidedignos(SECOLIet al.,2005).

Assim, fica clara a importância de análises realizadas no Brasil, com

dados que refletem a realidade do país (RIBEIRO; POLANCZYK, 2005).

Aelaboração/solicitaçãodeestudossobreavaliaçãoeconômicadosmedicamentos, aos quais são incorporados critérios de efetividadee eficiência, deve fazer parte da rotina de revisão das listas demedicamentos emnível federal, estadual emunicipal. A valorizaçãoda eficiência na etapa de seleção de medicamentos obriga osresponsáveisa tornaremclarasasconsequênciasderivadasdesuautilizaçãoequantificá-las,oquefavoreceatransparêncianatomadadedecisão,permitereavaliarosmedicamentoseotimizararacionalizaçãodosrecursosaseremempregados.Alémdisso,oprocessodeseleçãodemedicamentoscontribuinareduçãodocustodeoportunidadeparaosistemadesaúde(MOTA;FERNANDES;COELHO,2003).

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Marasciulo e colaboradores44

Vale lembrar que os resultados das avaliações tecnológicas não devem

servir como único ou principal determinante nas decisões em saúde e

no difícil processo de planejar serviços e sistemas de saúde.

Técnicas que contemplem outros aspectos, invariavelmenteenvolvidosnaprogramaçãodaassistênciaàsaúde,sãoigualmenteúteis,namedidaemqueplanejamento,alocaçãoderecursos,tomadade decisões e gerência são partes de um processo interligado eeminentementepolítico.

Em nível macrorregulatório, estudos de avaliação econômica demedicamentos podem ser solicitados pela Agência Nacional deVigilânciaSanitária(Anvisa)comopré-requisitoaopedidoderegistrode um medicamento, estabelecimento do seu preço máximo edelimitação do tempo de duração da patente, quando for o caso(MOTA;FERNANDES;COELHO,2003).

Na área farmacêutica, podem também ser realizados estudossobre a implantação de serviços farmacêuticos. Por exemplo, aanálise custo-efetividade da atenção farmacêutica utilizando comoefetividade unidades demedida dos problemas relacionados commedicamentos; número de internações hospitalares evitadas emdecorrênciadaadesãodousuárioaotratamentofarmacológico;anosde vida ganhos em função de reações adversas amedicamentospreveníveis e resistências bacterianas evitadas devido a umaantibioticoterapiaadequada(MOTA,2003).

Resumindo, as avaliações econômicas podem ser aplicadas nosseguintesâmbitosdaassistênciafarmacêutica:

a) análiseorganizativadosserviçosfarmacêuticos;

b) priorização de atividades e intervenções na gestão clínica domedicamento;

c) análise de custos e produtividade dos serviços de atençãofarmacêutica;

d) análise de custos derivados dos problemas relacionados commedicamentos;

e) avaliaçãoeconômicadeintervençõesdeatençãofarmacêutica;

f) avaliação econômica de medicamentos nos processos deseleção.

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 45

Concluímos os estudos desta unidade. Acesse o AVEA e confira as

atividades propostas.

Ambiente Virtual

Análise crítica

Emconsonânciacomosaspectosdeestadoecidadaniadiscutidosno Módulo Políticas de saúde e acesso aos medicamentos, aconsolidaçãodoSUSdependeigualmentedaeficiênciaeconômicanaalocaçãodosrecursospúblicos.Entretanto,osestudosdeavaliaçãoeconômicaoudeavaliaçãode tecnologiaemsaúdeaindanãosãoefetivamente aplicados, não somente em nossa realidade comotambémnassociedadesondeseussistemasdesaúdepúblicajáseencontrammaisestruturados,comonoReinoUnido,noCanadáounaAustrália.Mesmonessassociedades,osproblemasnaanáliseenaapresentaçãodeavaliaçõeseconômicasimpõemdificuldadesemtransformarosresultadosdessesestudosemações.

Seporumlado,asavaliaçõeseconômicasdetecnologiasemsaúdepodem facilitar as difíceis escolhas enfrentadas pelos gestores eassegurar que os recursos estão sendo alocados de umamaneiraeficiente,poroutro,oimpactodessasavaliaçõesnasdecisõesemtodosníveisdeatençãoàsaúdetemsidomuitolimitado.Eumarazãoparaissopodeserporqueosgestoresnãorecebeminformaçõesdeformaacessível,defácilentendimentoerelevantesparaascircunstânciasporelesenfrentadas.Outrarazãoseriaapoucaclarezadeseusresultadosemcomparaçãocomestudosclínicosestatisticamentemaisrobustos.Sãoproblemasedesafiosdeumanovaáreadoconhecimentoqueseencontraemplenafasededesenvolvimento,compoucomaisdetrintaanosdeexperiênciainternacional.

Mas,apesardaslimitaçõesdescritasaolongodestabreveexistência,aaplicaçãodosmétodosdeavaliaçõeseconômicasaossistemaseemtecnologiasdesaúdetemsidomuitobemsucedida.Osestudosdeavaliaçãoeconômica,disponíveisnaliteratura,sãocadavezmaisnumerososecadavezmaisosdiferentessistemasdesaúderequeremque estudos de custo-efetividade, principalmente em fármacos,sejamconsideradosemprocessosdetomadasdedecisão.

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Marasciulo e colaboradores46

GLOSSÁRIO

Ajuste temporal (desconto)

Éummétododecálculopeloqualcustosebenefíciosdeprocessosmédicos,queocorrememdiferentestempos,podemsercomparados.Ométodo aplica o processo de desconto e converte o valor doscustosebenefíciosfuturosemseuvalorpresente.

Análise de custo-benefício

Análise econômica naqual todos os desfechos são valorados emunidades monetárias. Raramente é utilizada devido a problemasmetodológicosemvalorartodososdesfechosemtermosmonetários(KERNICK,2002).

Análise de custo-efetividade

Análise econômica para comparar intervenções que tenham emcomummesmo desfecho em saúde (redução da pressão arterial,anosdevidaadicionados)(KERNICK,2002).

Análise de custo-minimização

Análiseeconômicaparacompararoscustosdeformasalternativasde tratamento que apresentam efeitos médicos equivalentes. Oobjetivo é identificar amaneiramais barata de alcançar omesmodesfecho(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Análise de custo-utilidade

Formaespecialdeanálisedecusto-efetividade,naqualsãocalculadososcustosporunidadedeutilidade(unidadesqueexpressamobem-estar de uma pessoa). A unidade de utilidademais usada é a deAnosdeVidaAjustadoscomQualidade(AVAC).Oscustosadicionaisdeumtratamentosãocomparadosemrelaçãoàsutilidadesganhascomoresultadodotratamento(p.ex.,custoporAVAC)(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Análise de sensibilidade

Técnicautilizadaemanáliseeconômica,quepermitequeumdesfechopossasertestadosobreumasériedesituaçõesplausíveisdeseremencontradas na prática, para determinar a robustez da análise amudançaspotenciaisemvariáveischaves(KERNICK,2002).

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 47

Anos de Vida Ajustados com Incapacidade (AVAI/DALY)

Trata-sedeumindicadordesenvolvidoparaquantificaracargaglobaldedoença.Refletealimitaçãofuncionalemortalidadeprematura,eéajustadoporidade,sexoetempodeduraçãodadoença(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (AVAC/QALY)

Medida de desfecho que abarca, conjuntamente, qualidade equantidadede vida.Possui a vantagemdepermitir quediferentesintervençõesemsaúdepossamsercomparadas(KERNICK,2002).Nota: o valor da unidade de medida está compreendido entre 0(zero),queéamorte;e1ou100,queéasaúdeperfeita.

Árvore de decisão

Estrutura analítica que representa as escolhas disponíveis, osdesfechos de tais escolhas e as probabilidades de alcançar taisdesfechos.Árvoresdedecisãosãousadasparaoauxílioàtomadadedecisão(KERNICK,2002).

Avaliação de tecnologias em saúde

Exercício complexo de pesquisa e de produção de informações,baseadoemcritériosdeefetividade,decusto,deriscoouimpactodo seu uso, de segurança e critérios éticos que visam à seleção,à aquisição, à distribuição ou ao uso apropriado de tecnologias,incluindoaavaliaçãodesuanecessidade(BRASIL,2005).

Avaliação econômica em saúde

Análisecomparativadediferentestecnologias,noâmbitodasaúde,referenteaosseuscustoseaosefeitossobreoestadodesaúde.Asprincipais técnicasdeavaliaçãoeconômicacompletasãoaanálisede custo-efetividade, custo-utilidade, custo-minimização e custo-benefício(BRASIL,2005).

Custos

Uma oportunidade econômica passada. Em avaliações detecnologiasemsaúde,oscustossão,classicamente,divididosemcustos diretos, na forma que são associados diretamente com aintervenção(custoscommedicamentos,salários);ecustosindiretos,associadosàreduçãodeprodutividadedevidoadoença,deficiênciaoumorte(KERNICK,2002).

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Marasciulo e colaboradores48

Custo de oportunidade

Sinônimodecustoeconômico.Custoemqueasociedade incorreao disponibilizar um programa ou uma tecnologia em saúde àpopulação, àmedida que os recursos empregados para tal ficamindisponíveisparaoutrosfins (BRASIL,2005).Ocustoéentendidomaiscomoumsacrifício–umbenefícioperdido-doqueumgastofinanceiro(KERNICK,2002).

Custo em saúde

Valordosrecursosempregadosnousodeumaalternativaterapêutica,deumprogramaoudeumserviçodesaúdeduranteumperíododetempo(BRASIL,2005).

Disposição a pagar (willingness to pay)

Trata-sedeummétododeavaliaçãoutilizadoparadeterminarovalormonetáriomáximoqueumindivíduodispõe-seapagar,comvistasareceberumbenefícioemparticular (p.ex.,umserviçomédico).Ométodoéutilizadoemanálisesdecusto-benefícioparaquantificarumbenefícioem termosmonetários (KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Economia da saúde

Disciplina que integra as teorias econômicas, sociais, clínicas eepidemiológicasa fimdeestudarosmecanismoseos fatoresquedeterminamecondicionamaprodução,adistribuição,oconsumoeofinanciamentodosbensedosserviçosdesaúde(BRASIL,2005).

Efetividade

Amedidaouaextensãopelaqualas intervençõesemsaúde(sejammédicasoudeimplantaçãodeserviços,programasoupolíticas)atingemmelhorasnasaúdequandoutilizadasemsituaçõesreaisouhabituaisdeuso(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Eficácia

Medidadosresultadosouconsequênciasdecorrentesdaimplantaçãodeumatecnologiaemsaúde,quandoutilizadaemsituaçõesideaisou experimentais (p. ex. ensaio clínico randomizado) (KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 49

Eficiência

Nateoriaeconômica,quetratadaescassezderecursos,eficiênciaédescritacomoacondiçãonaqualnenhumrecursoprodutivoéperdidonamanufaturadecertoproduto.Esteéocasoquandoodesfechoéproduzidoaocustomínimoouoníveldedesfechoémáximoaumdadocusto(i.e.,nãopodemaisseraumentado)(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Eficiência alocativa

Ocorrequandoosdesfechosobtidoscomos recursosdisponíveisestão de acordo com as prioridades da sociedade (KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Equidade em saúde

Princípio segundo o qual a distribuição de recursos é feita emfunçãodasnecessidadesdesaúdedeumadeterminadapopulação(BRASIL,2005).

Ensaios clínicos randomizados

Verrandomização.

Escassez

Caráter limitado dos recursos da sociedade. A escassez introduzdois conceitos básicos em economia, o processo de escolha e ocustodeoportunidade(BRASIL,2005).

Escolha pela chance (standard gamble)

Um método para calcular a utilidade de uma intervenção queconsisteemperguntaraosindivíduos,levando-osaescolherementreviverorestodesuasvidasemseusestadosdesaúdecorrentesouapostarem numa cura, em que, se ganharem a aposta, significasaúdeperfeita;eseperderem,significaamorte(KERNICK,2002).

Escolha pelo tempo (time trade-off)

Métodoparadeterminarautilidadedeumaintervençãoqueperguntaaosindivíduos,demodoadecidiremquantosanosdevidarestanteelesdariamemtrocadesaúdecompleta(KERNICK,2002).

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Marasciulo e colaboradores50

Estudos de coorte

Em epidemiologia é definida como uma forma de pesquisa,observacional, longitudinal e analítica, cujo objetivo é estabelecerassociaçãocausalentreoseventosaqueogrupofoiexpostoeodesfechoemsaúdedessaspessoas.

Justiça distributiva

Justiça distributiva diz respeito ao que é considerado socialmentejusto em relaçãoà alocaçãodebens e serviços numa sociedade.Uma formade JustiçaDistributiva defendida por correntes liberaisdaeconomiasegueoCritério de Alocação de Rawlsqueconsistenadistribuiçãoderecursos,visandomelhorarobem-estardeindivíduos,por meio da prática de oferecer maiores benefícios para os maisdesfavorecidosemumasociedade(BRASIL,2005).

Modelagem

Métodoanalítico utilizadoparadescrever eventosqueocorremaolongo do tempo.Modelagem envolve simplificar a realidade a umnívelquedescreveasconsequênciasessenciaiseascomplicaçõesde diferentes opções para análise de decisão (KIELHORN; GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Modelos de Markov

Técnica de modelagem particularmente adaptada para simulareventos repetitivos (p. ex., cefaleia) ou progressão de doençascrônicas(p.ex.,hepatiteC).NumModelodeMarkov,adoençaemquestãoédivididadentrodeumasériefinitadeestadosdesaúde(p.ex.,saúdeperfeita,doença,morte).Osindivíduosmovem-seentreessesestadosdesaúdeao longodotempo(p.ex.,1mês,1ano),conhecido como “ciclo deMarkov”, de acordo comuma série deprobabilidadesdetransição.Probabilidadesdetransiçãodescrevema probabilidade de mover de um estado de saúde (p.ex., câncerhepático)paraoutro(p.ex.,morte).Aoassociarestimativasdeusosderecursoseconsequênciasdedesfechosemsaúdeaosestadosetransiçõesnomodeloe,então,simularomodeloaolongodeumgrandenúmerodeciclos,épossívelestimarcustosdelongoprazoe desfechos para grupos hipotéticos de usuários que possuem adoençaesãosubmetidosaumaintervençãodesaúdeemparticular(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

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Ótimo de Pareto

Tratadasituaçãoeconômicaemquenãoépossívelmelhorarasituaçãodemaisdeumindivíduosempiorarasituaçãodeoutroindivíduo.

Qualidade de vida relacionada à saúde

Condiçãoemqueépossívelidentificar,deformaobjetivaeglobal,asatisfaçãodeumindivíduoemrelaçãoaoseuestadodesaúde,combase em critérios fundamentais, estipulados no âmbito da saúde(BRASIL,2005).

Randomização (aleatorização) (em “ensaios clínicos randomizados”)

Processo em que os usuários são alocados para tratamento ougruposdecontrole,poracaso,nosensaiosclínicos.Oobjetivodarandomizaçãoéobservarosgruposdeusuáriossemelhanteaoiníciodeuma investigaçãoeassegurarquenenhum julgamentopessoaldo(s)investigador(es)influencieaalocaçãodosusuários(KIELHORN;GRAFVONDERSCHULEMBERG,2000).

Utilidade

Éumamedidadepreferênciaporumespecíficoníveldestatusdesaúde ou específico desfecho em saúde (KIELHORN;GRAF VONDER SCHULEMBERG, 2000). Em teoria econômica, utilidadesignificaobenefícioqueumapessoaesperaganharpeloconsumode bens e serviços – um indicador da força de preferência doconsumidor.Utilidadeéumatributoquenosmotivaaescolherumaaçãosobreoutra, istoé,uma funçãocomplexadeumnúmerodeelementosqueincluemcomponentesfísicos,psicológicosemoraisquenósintegramosemnossasmentesparaformarpreferências.Emeconomiadasaúde,utilidadeévistacomoovalorqueumindivíduodá a um determinado estado de saúde. Idealmente, este valor éobtidoaoidentificaroqueoindivíduoestápreparadoparasacrificaremvistasdeobterumestadodesaúde(KERNICK,2002).

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Marasciulo e colaboradores52

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Marasciulo e colaboradores56

Autores

Antônio Carlos Estima Marasciulo

NaturaldeRioGrande,RS,égraduadoemMedicinapelaFundaçãoUniversidadeFederaldoRioGrande(1983),MestreemSaúdePúblicapela Fundação Oswaldo Cruz (1992), Doutor em Ciências pelaUniversidadedeSãoPaulo(2004)eVisiting Research Fellow(BolsaCAPES)daLSE Health & Social Care da London School of Economics(2002-2003).ÉservidortécnicoespecializadodaUniversidadeFederaldeSantaCatarina,SupervisorMédicoPericialdoInstitutoNacionaldoSeguroSocialeProfessordoMestradoProfissionalizanteemSaúdedaFamíliaeGestãodoTrabalhodaUNIVALI,Itajaí,SC.Atuanaáreade Saúde Coletiva, com ênfase em Epidemiologia, principalmentenosseguintestemas:avaliaçãodeprogramaseserviçosdesaúde,eavaliaçãodeprogramasdosegurosocial.Atualmente,desenvolvepesquisa na área de farmacoeconomia e coordena os grupos detrabalhoparaodesenvolvimentodasdiretrizesdeapoioàdecisãomédico-pericialdoInstitutoNacionaldoSeguroSocial.

http://lattes.cnpq.br/2089432159063031

Benedito Carlos Cordeiro

PossuigraduaçãoemFarmáciapelaUniversidadeFederaldeSantaCatarina(1984),graduaçãoemDireitopelaUniversidadedoValedoItajaí(1993)emestrado(2001)edoutorado(2008)emSaúdePública,pelaUniversidadedeSãoPaulo.Atualmente,éprofessoradjuntodaUniversidadeFederalFluminense.TemexperiêncianaáreadeSaúdeColetiva,comênfaseemSaúdePública,atuando,principalmente,nosseguintes temas: aids, economiada saúde, atenção farmacêutica,assistênciafarmacêuticaeantirretrovirais.FoipresidentedoConselhoMunicipaldeSaúdedeItajaí(SC)noperíodo2008-2009.

http://lattes.cnpq.br/9505562733069677

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Unidade 2 – Avaliação econômica de tecnologias em saúde 57

Bernd Heinrich Storb

Possui graduação em Ciências da Computação (1995), mestradoem Engenharia de Produção (1997) e doutorado em Engenhariade Produção (2004), ambos pela Universidade Federal de SantaCatarina(UFSC).ÉespecialistaemAvaliaçãodeTecnologiaemSaúdepelo Programa de Pós-Graduação em Economia da UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(2008).Deste2010,éSenior Scientistda UMIT - University for Health Sciences, Medical Informatics and TechnologyemHallinTirol,Austria.AtualmenteexecutaafunçãodecoordenadordeAVEAdocursodeEspecializaçãosobreGestãodaAssistência Farmacêutica – educação a distância (UNASUS-UFSC).Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfaseemSoftwareBásico,atuando,principalmente,nosseguintes temas:informáticaemsaúde,processamentodelinguagemnatural,sistemasmulti-agenteserealidadevirtual.ÉpesquisadornoGrupodePesquisa“Políticas e Serviços Farmacêuticos”, junto ao Departamento deCiênciasFarmacêuticasdaUFSC.

http://lattes.cnpq.br/0263299556026658

Carine Raquel Blatt

Possui graduação em Farmácia (2002), EspecializaçãoMultiprofissionalemSaúdedaFamília(2003),MestradoemFarmáciapelaUniversidadeFederaldeSantaCatarina(2005),Especializaçãoem Avaliação de Novas Tecnologias em Saúde pela UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul (2007), Doutorado pelo ProgramadePós-graduaçãoemFarmáciadaUniversidadeFederaldeSantaCatarina(2011),tendorealizadoestágiodedoutoradosanduíchenaUniversity for Health Sciences, Medical Informatics and TechnologynaAustria(UMIT-AT).AtualmenteéprofessoraefetivadaUniversidadeFederal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Tem experiênciana área de Farmácia, com ênfase em Assistência Farmacêutica,atuandoprincipalmentenosseguintestemas:GestãodaAssistênciaFarmacêutica,AtençãoFarmacêutica,AvaliaçãodeTecnologiasemSaúde,SaúdePúblicaeEstudosdeUtilizaçãodeMedicamentos.

http://lattes.cnpq.br/4746842392238066

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Mareni Rocha Farias

Possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal do RioGrande do Sul (1982), mestrado emCiências Farmacêuticas pelaUniversidadeFederal doRioGrandedoSul (1986), doutoradoemCiênciasNaturaispeloPharmazeutisches Institut - Universitat Bonn,Alemanha(1991)ePós-DoutoradonaHealth & Life Sciences University(UMIT) emHall in Tirol naÁustria (2011). Atualmente é professoraAssociado IIdaUniversidadeFederaldeSantaCatarina.É liderdoGrupodePesquisaPolíticaseServiçosFarmacêuticos.Atua juntoaoProgramadePós-GraduaçãoemFarmácia,comorientaçõesdemestradoedoutoradona linhadepesquisaGarantiadaqualidadede insumos,produtoseserviçosfarmacêuticos;enoProgramadePós-GraduaçãoemAssistênciaFarmacêutica,comorientaçõesdemestrado.DesenvolvetrabalhosdepesquisaeextensãonaáreadeAssistênciaFarmacêuticanoServiçoPúblicodeSaúde;atuajuntoàFarmáciaEscolaUFSC/PMF,comopreceptoraoProgramaIntegradodeResidênciaMultiprofissionalemSaúdedaFamília;ecoordenoua 1ª edição do Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica -Especializaçãoadistância.

http://lattes.cnpq.br/1955003761488344