GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

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GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA Luiza de Abreu Amante Rubens Correa Serafim Junior Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha Rio de Janeiro Fevereiro de 2021

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GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA:

ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA

Luiza de Abreu Amante

Rubens Correa Serafim Junior

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2021

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AGRADECIMENTOS - LUIZA

A felicidade de completar essa etapa não cabe em palavras. Alcançar o título de Engenheira

de Produção da UFRJ é uma enorme vitória, fruto de uma caminhada de muito esforço e desafios

superados.

Agradeço a todos aqueles que caminharam comigo, que compartilharam felicidades,

sorrisos, ombros amigos e também ajudaram a ultrapassar os obstáculos.

Em especial, agradeço ao Rubens, meu parceiro de curso e projeto de graduação, que foi

essencial nessa reta final e tornou a pesquisa ainda mais prazerosa.

Por fim, sou muito grata à Maria Alice, nossa orientadora, que nos ajudou a guiar este

trabalho, por ter me acompanhado durante a graduação e orientado também meus caminhos.

Somos capazes de tudo aquilo que nossos sonhos desejarem.

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AGRADECIMENTOS - RUBENS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais, Rosangela da Silva Gomes e

Rubens Corrêa Serafim, que são diretamente responsáveis por todas minhas conquistas e

felicidades, além de sempre dedicarem todos os esforços cabíveis para me fornecer uma educação

de qualidade, mesmo que isso gerasse alguns sacrifícios.

Agradeço também aos meus irmãos, Diego Gomes de Oliveira e Caroline Rodrigues

Serafim, que sempre me instruíram ao longo da minha carreira, me orientando sobre as melhores

experiências que poderia adquirir.

Agradeço a minha amada companheira Ana Luísa Viana Rodrigues, que sempre esteve ao

meu lado em todos os momentos, me incentivando, me apoiando e sempre acreditando em mim

muitas vezes mais do que eu mesmo.

Agradeço a todos os meus colegas de curso que sempre me ajudaram com trabalhos, provas

e apresentações ao longo dos anos. Dentre muitas amizades formadas, gostaria de destacar a Luiza

de Abreu Amante, que sempre foi solícita e uma ótima companheira ao longo da faculdade e da

elaboração do presente estudo, e a Mariana de Carvalho Mendonça, que compartilhou grande parte

dessa longa experiência comigo, dentro e fora do ambiente educacional e profissional, explorando

até mesmo outros países.

Agradeço a todos os professores do curso de Engenharia de Produção na UFRJ e também

a todos os autores dos livros estudados. Em especial, agradeço à professora Maria Alice Ferruccio

da Rocha, por toda atenção e suporte, tanto nas aulas quanto na elaboração deste trabalho, além de

sua dedicação completa à instituição UFRJ.

Gostaria de agradecer a alguns grupos que tornaram essa trajetória a melhor possível: A

Atlética de Administração da UFRJ, INSANA XXII, que me fez viver momentos inesquecíveis e

me conectou com pessoas incríveis, mesmo não fazendo parte do curso de Administração. A Liga

do Coreto, meus eternos amigos que sempre estiveram e estarão comigo. Aos Saquacrias, pessoas

que são a razão de todo meu esforço e me fazem querer conquistar o mundo para viver ao lado

deles.

Obrigado aos meus amigos, familiares, ao meu eterno lar Curicica e meu falecido cachorro

Beethoven, que sempre estiveram ao meu lado, contribuindo para minha vida ser mais proveitosa

e ajudando a formar a pessoa que sou hoje.

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Amante, Luiza de Abreu

Serafim Junior, Rubens Correa

Gestão da mudança através do método PDCA: estudo de caso

em uma indústria/ Luiza de Abreu Amante e Rubens Correa

Serafim Junior – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,

2021.

14, 59 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de

Produção, 2021.

Referências Bibliográficas: p. 70-73.

1. Gestão da Mudança. 2. PDCA. 3. Teoria da Qualidade Total.

4. Gestão da Qualidade. I. da Rocha, Maria Alice Ferruccio II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de

Engenharia de Produção. III. Gestão da mudança através do

método PDCA: estudo de caso em uma indústria.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS MÉTODO PDCA:

ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA

Luiza de Abreu Amante

Rubens Correa Serafim Junior

Fevereiro/2021

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Curso: Engenharia de Produção

Resumo:

O ambiente organizacional é marcado por competitividade e as empresas precisam ser

capazes de inovar e se destacar em curtos períodos de tempo para sobreviver nesse meio. No

entanto, realizar transformações que causem impacto e incorporá-las nas organizações é um desafio

e diversas companhias não conseguem concluir o processo do início ao fim, certas vezes gerando

mais prejuízos do que benefícios para a organização. Assim, o presente trabalho demonstra como

a gestão da mudança pode ser realizada por meio da aplicação do método Plan-Do-Check-Act

(PDCA) através de um estudo de caso em uma indústria brasileira. Para tal, são introduzidos

conceitos de gestão da mudança e resistência à transformação, além de princípios da Teoria da

Qualidade Total e suas ferramentas, com foco na metodologia PDCA. Por fim, concluiu-se que a

aplicação de tal recurso na gestão da mudança na indústria estudada solucionou o principal

problema encontrado na organização.

Palavras-chave: Gestão da Mudança, PDCA, Teoria da Qualidade Total, Gestão da Qualidade.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

CHANGE MANAGEMENT THROUGH PDCA METHOD:

CASE STUDY IN AN INDUSTRIAL COMPANY

Luiza de Abreu Amante

Rubens Correa Serafim Junior

February 2021

Advisor: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Course: Industrial Engineering

Abstract:

The current industry is affected by competition and companies need to be able to innovate

and stand out in short periods of time to survive in this environment. However, making significant

transformations and incorporating them into organizations is challenging, and several companies

are unable to complete the process, which might generate more losses than benefits for the

corporation. Thus, the present work demonstrates how a change in the management can be

implemented by applying the Plan-Do-Check-Act (PDCA) method throughout a case study carried

out in a Brazilian industry. To this end, concepts of management change and resistance to

transformation are introduced, in addition to the principles of Total Quality Control and its tools,

focusing on the PDCA methodology. Finally, the conclusion pointed out that the application of

such a resource in managing change in the studied industry solved the main problem of the

company.

Keywords: Change Management, PDCA, Total Quality Control, Quality Management.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de fluxograma ........................................................................................ 36

Figura 2: Framework PDCA ................................................................................................ 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Exemplo de histograma ...................................................................................... 37

Gráfico 2: Exemplo de diagrama de pareto .......................................................................... 38

Gráfico 3: Exemplo de carta de controle .............................................................................. 39

Gráfico 4: Exemplo de diagrama de dispersão .................................................................... 39

Gráfico 5: Exemplo de diagrama de Ishikawa ..................................................................... 40

Gráfico 6: Diagrama de Ishikawa do CDNP ........................................................................ 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Exemplo de folha de verificação .......................................................................... 37

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Forças e fraquezas das abordagens dos especialistas da qualidade .................... 34

Quadro 2: Exemplo do 5 porquês......................................................................................... 41

Quadro 3: 5 Porquês do CDNP ............................................................................................ 58

Quadro 4: 5 Síntese dos erros na gestão da mudança e causas ............................................ 59

Quadro 5: 5 Porquês do CDNP com soluções ..................................................................... 60

Quadro 6: Plano de ação com ferramenta 5W2H ................................................................. 61

Quadro 7: Acompanhamento semanal de indicadores da padronização com dados fictícios

....................................................................................................................................................... 64

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LISTA DE SIGLAS

CDNP - Centro de desenvolvimento de novos produtos

CTE - Centro de Tecnologia de Edificações

H – Hipótese

HH – Homem-hora

ISO - International Organization for Standardization

JMS - Juran Management System

P&L - Panhard e Levassor

PDCA - Plan/Do/Check/Act

PP - Portal de padronização

QLF - Quality loss function

RH - Recursos humanos

TI - Tecnologia da informação

TQC - Total Quality Control

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO ...................................................... 14

1.2 OBJETIVOS E HIPÓTESES ............................................................................... 16

1.3 METODOLOGIA DO TRABALHO .................................................................. 16

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 17

2 GESTÃO DA MUDANÇA ............................................................................................. 18

2.1 DEFINIÇÕES ............................................................................................................ 18

2.1.1 Mudança............................................................................................................. 18

2.1.2 Resistência .......................................................................................................... 19

2.1.3 Resistência à mudança ...................................................................................... 19

2.2 POR QUE EMPRESAS FRACASSAM .................................................................... 20

2.2.1 Permitir muita benevolência ............................................................................ 21

2.2.2 Não formar uma equipe condutora forte ........................................................ 22

2.2.3 Não dar importância ao poder da visão .......................................................... 22

2.2.4 Má comunicação da visão ................................................................................. 23

2.2.5 Permitir que obstáculos obstruam a nova visão ............................................. 24

2.2.6 Não comemorar pequenas conquistas ............................................................. 25

2.2.7 Declarar vitória antes da conclusão................................................................. 25

2.2.8 Não realizar mudanças na cultura corporativa .............................................. 26

3 TEORIA DA QUALIDADE TOTAL E PDCA ............................................................ 28

3.1 SURGIMENTO DA GESTÃO DA QUALIDADE ................................................... 28

3.2. ESPECIALISTAS DA QUALIDADE ...................................................................... 30

3.2.1 Armand Feigenbaum ........................................................................................ 30

3.2.2 W. E. Deming ..................................................................................................... 31

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3.2.3 J. M. Juran ......................................................................................................... 31

3.2.4 K. Ishikawa ........................................................................................................ 32

3.2.5 G. Taguchi .......................................................................................................... 32

3.2.6 P. B. Crosby ....................................................................................................... 33

3.2.7 Forças e fraquezas das abordagens ................................................................. 33

3.3. FERRAMENTAS DA QUALIDADE ...................................................................... 35

3.3.1 Fluxograma ........................................................................................................ 35

3.3.2 Folhas de verificação ......................................................................................... 36

3.3.3 Histograma......................................................................................................... 37

3.3.4 Diagrama de Pareto .......................................................................................... 38

3.3.5 Carta de controle ............................................................................................... 38

3.3.6 Diagrama de dispersão ..................................................................................... 39

3.3.7 Diagrama de Ishikawa ...................................................................................... 40

3.3.8 Ferramenta 5W2H ............................................................................................ 40

3.3.9 5 Porquês ............................................................................................................ 41

3.4 PDCA ......................................................................................................................... 42

3.4.1. Módulo PLAN ................................................................................................... 44

3.4.2 Módulo DO ......................................................................................................... 50

3.4.3 Módulo CHECK ................................................................................................. 51

3.4.4 Módulo ACT ....................................................................................................... 53

4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 55

4.1 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ........................................................................ 55

4.2 SITUAÇÃO INICIAL ................................................................................................ 55

4.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO PDCA ........................................................................ 56

4.3 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MÉTODO PDCA....................................... 66

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5 ANÁLISE CRÍTICA E PROPOSTAS PARA PESQUISAS FUTURAS ................... 67

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 70

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO

Ao observar a sociedade do século XXI, é possível perceber alterações cada vez mais

rápidas e relevantes, principalmente com o desenvolvimento de tecnologias digitais, o que mostra

a importância de organizações estarem preparadas para se adaptarem e se organizarem em um curto

espaço de tempo.

Logo, é importante que as empresas passem por um processo de transformação constante e

intenso, se tornando mais flexíveis e adaptativas para se tornarem resilientes no tempo.

Exemplos de companhias que não souberam se adaptar e interromperam suas operações são

comuns tanto no passado quanto no presente. A Blockbuster, criada em 1985, foi a maior rede de

locadoras de filmes e videogames do mundo, mas acabou decretando falência no final da primeira

década do século XXI. Isso ocorreu, entre outros motivos, porque não se adaptou à medida que

novos negócios, como a Netflix, ofertavam novas opções de aluguel de filmes. (DAVIS e

HIGGINS, 2013)

Na outra ponta, existem casos de organizações que ao longo do tempo se transformaram e

hoje são mais robustas do que antes. A Amazon iniciou suas operações em 1994 com a venda de

livros e hoje, após diversas transformações, atuando em diversos segmentos diferentes como venda

de diversos produtos online, serviço streaming, logística de empresas etc., tornando-se um dos

maiores empreendimentos do mundo, com um valor de mercado de 797 bilhões de dólares em

2019. (WELLS et al, 2019)

As transformações necessárias não se limitam apenas nos serviços ofertados, mas também

na forma como os processos ocorrem internamente. Com a pandemia do vírus COVID-19, o

distanciamento social foi uma das medidas usadas para evitar a propagação da doença, o que

impossibilitou uma grande quantidade de pessoas se reunirem em um só local.

Esse fato criou a necessidade de alteração nos processos internos. Algumas companhias

conseguiram manter suas operações usando a casa de seus colaboradores, mas outras não tiveram

tanto sucesso. A gestão da mudança e a rápida adaptação foram essenciais para as companhias que

obtiveram bons resultados.

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A realidade do cenário corporativo contemporâneo pode ser relacionada com a Teoria da

Evolução de Charles Darwin, que explica a evolução das espécies. Segundo o princípio darwinista,

os seres mais adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados

(DARWIN, 2003) e o mesmo pode ser aplicado no contexto empresarial: as organizações que

conseguirem ser mais adaptáveis e flexíveis serão as que conseguirão sobreviver e se destacar.

Tão importante quanto realizar o processo de mudança é a sua gestão. Ao gerenciar um

processo é possível alcançar resultados melhores, com um custo menor e mitigando os possíveis

riscos.

Os impactos de uma alteração feita sem planejamento e orientação vão além dos próprios

colaboradores. As consequências negativas podem afetar fornecedores, clientes, a marca, a própria

capacidade de mudança, além de poder gerar custos de produtividade, perda de qualidade e

desperdício de salário de funcionários qualificados.

As empresas que dão prioridade à resiliência à transformação e estabelecem um roteiro para

alcançar objetivos elevados em um ambiente corporativo conseguem criar vantagens competitivas

dentro do mercado. Os principais benefícios são a consciência e compreensão dos trabalhadores,

apoio geral a alterações, melhor adaptação às mudanças, resposta mais rápida às demandas dos

clientes, ampliação das possibilidades de inovar e melhor controle de custos.

A Teoria da Qualidade Total surgiu na metade século XX e consiste na melhoria contínua

por meio do controle dos processos de uma organização, envolvendo todos os stakeholders, ou

seja, todos aqueles envolvidos nos processos. Uma de suas ferramentas é o ciclo Plan-Do-Check-

Act (PDCA). Esse ciclo possui diversas áreas de aplicação, podendo ser usados em pequenos ou

grandes negócios. (DEMING, 1990)

A partir de 1950 os conceitos de qualidade e controle estatístico começaram a se tornar

mais difusos pelo mundo. Dessa forma, na década de 50, Armand Feigenbaum formulou o sistema

conhecido como Controle da Qualidade Total e, a partir dele, diversos outros estudiosos se

dedicaram ao tema. A qualidade deixou de ser apenas inspeção e passou a abordar o processo de

produção do inicío até a chegada no cliente, passando a ter uma importância maior dentro das

companhias e se relacionando diretamente com resultados e custos. No capítulo 2 do presente

trabalho serão apresentados especialistas que se dedicaram ao tema ao longo do tempo, assim como

suas contribuições. (MARTINELLI, 2019)

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1.2 OBJETIVOS E HIPÓTESES

Diante do contexto apresentado, o presente trabalho propõe o seguinte questionamento:

como realizar a gestão da mudança em uma empresa privada?

A partir disso, este projeto de graduação tem como objetivo principal demonstrar como a

gestão da mudança pode ser realizada utilizando a metodologia PDCA. Para alcançá-lo, foram

estabelecidos os objetivos específicos de discutir a teoria de gestão da mudança, discutir a teoria

de Teoria da Qualidade Total e PDCA e apresentar a aplicação do PDCA na gestão da mudança

em um caso real.

Ademais, o trabalho foi baseado nas seguintes hipóteses (H): (H1) fazer a gestão da

mudança minimiza os impactos negativos de uma transformação nas organizações, (H2) a

metodologia PDCA permite a identificação dos problemas reais e o tratamento correto dos mesmos,

(H3) a análise do estudo de caso evidenciará que o método do PDCA é um método eficaz para

realizar a gestão da mudança.

1.3 METODOLOGIA DO TRABALHO

Vergara (1998) propõe a categorização de pesquisas de acordo com os seus fins e com os

meios de investigação. Com isso, a metodologia do presente trabalho foi definida como

exploratória e explicativa, quanto seus objetivos, e, quanto aos meios, foi realizada a partir de

pesquisa bibliográfica e de estudo de caso.

O caráter exploratório foi baseado na necessidade de esclarecer os temas e o problema

propostos, enquanto a perspectiva explicativa esteve relacionada ao propósito de identificar e

explicar os fatores e suas relações nos fenômenos estudados. (GIL, 2007) Assim, uma das

ferramentas de investigação utilizada foi a pesquisa bibliográfica a partir de livros, artigos, teses e

dissertações disponíveis sobre os temas de Gestão da Mudança e Teoria da Qualidade Total, para

garantir o embasamento teórico sobre os conceitos que viriam a ser explorados em um exemplo

real.

O estudo de caso foi escolhido como estratégia de pesquisa com o objetivo de fornecer um

exemplo prático de que o método PDCA pôde ser usado por uma organização como ferramenta de

gestão da mudança e o modo que isso foi feito, apresentando uma discussão profunda da situação

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analisada, de forma a promover um conhecimento amplo e detalhado (GIL, 2007) e respondendo

questões apontadas como relevantes por Yin (2001), de “como” e “por que” realizar a gestão da

mudança nesse contexto contemporâneo.

O trabalho apresentado no estudo de caso foi realizado por um dos autores deste projeto de

graduação durante 8 meses de seu período de estágio na empresa analisada, logo o acesso aos dados

e à criação dos conteúdos foi direta.

Quanto às limitações, o estudo aborda diversas ferramentas da Teoria da Qualidade Total,

no entanto fluxograma, folhas de verificação, histograma, diagrama de Pareto, carta de controle e

diagrama de dispersão serão limitadas ao capítulo 2 de referencial teórico, não sendo aprofundadas

no estudo de caso. Além disso, a pesquisa bibliográfica não esgotou todas as fontes disponíveis

sobre os temas abordados neste trabalho, uma vez que desejou-se aprofundar as aplicações do

estudo de caso.

As contribuições científicas deste projeto de graduação constituem-se em evidenciar a

relevância da gestão da mudança para as empresas privadas no cenário contemporâneo,

principalmente no que tange às transformações tecnológicas, e demonstrar como as organizações

podem fazer para perdurar em ambientes mutáveis.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

A estrutura do trabalho é formada por uma introdução e três capítulos. No capítulo um é

realizada a revisão bibliográfica acerca do tema de Gestão da Mudança e resistência à

transformação, onde são abordados os principais conceitos de Kotter (2001) e Kotter (2012). No

capítulo dois são apresentados os princípios de Deming (1990), Ishikawa (1982) sobre a Teoria da

Qualidade Total com foco na metodologia PDCA, além de algumas ferramentas que podem ser

usadas dentro desse método. O capítulo três consiste em uma pesquisa de campo em uma indústria

brasileira que passou por processos de transformação e o método PDCA pôde ser aplicado como

ferramenta de gestão da mudança, de forma a analisar os resultados práticos das teorias

apresentadas nos capítulos anteriores. Por fim, são apresentadas as conclusões do projeto de

graduação e a validade das hipóteses levantadas.

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2 GESTÃO DA MUDANÇA

A competitividade no ambiente empresarial é uma grande motivação para a geração de novos

negócios e para a inovação, independente da dimensão da empresa. Dessa maneira, é importante

que organizações percebam e se adaptem às transformações que o ambiente exige, para assim ter

destaque e papel relevante no mercado.

A competitividade empresarial é, ao mesmo tempo, a grande motivadora para a geração de

negócios e para a inovação e também o grande desafio enfrentado diariamente pelas empresas de

todos os portes.

As alterações podem ocorrer tanto em um ambiente externo quanto interno à empresa,

podendo ter naturezas diferentes: aspectos legais, organizacionais, tecnológicos, qualidade do

serviço, concorrentes e outros. Dessa forma, tudo que é envolvido à organização deve ser adaptado,

o que inclui máquinas, processos, pessoas, estratégia, objetivos.

Em geral, a mudança organizacional compreende procedimentos e tecnologias

desconhecidas, diferentes daquilo que os indivíduos envolvidos rotineiramente estão habituados a

desempenhar em seu trabalho e que podem gerar diferentes emoções e reações. Tais reações variam

do otimismo ao medo, podendo incluir ansiedade, resistência, entusiasmo, incapacidade, motivação

e pessimismo. (BORTOLOTTI, 2010)

2.1 DEFINIÇÕES

2.1.1 Mudança

Processos de mudança ocorrem desde o início da humanidade e foi o que permitiu

chegarmos até os dias de hoje do modo como estamos. A regra natural para sobrevivência. Tudo

se modifica, cresce e evolui. Esta evolução, principalmente depois da primeira revolução industrial,

é a principal razão para organizações buscarem modificar seus processos e produtos cada vez mais.

Motta (1999) demonstra que se admite uma perspectiva evolutiva ou de progresso constante da

sociedade, uma ruptura à modernidade.

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A decisão de mudar significa acentuar deliberadamente a desarticulação natural da

organização. Assim como outras decisões: visa a objetivos, identifica alternativas, analisa

informações e enfrenta dúvidas, problemas e obstáculos. (MOTTA, 1999)

Pereira, Costa e Souza (2004) conceituam a mudança organizacional como um processo

multinível e interativo, tendo seus resultados moldados por interesses e compromissos, tanto ao

nível do indivíduo como ao nível dos grupos de dentro da organização, para tanto, as alterações

precisam ser gerenciadas.

2.1.2 Resistência

Lewin (1947) definiu mudança organizacional usando como base as ciências físicas.

Segundo ele, vive-se em um sistema de equilíbrio, no qual o objetivo é sempre a busca por

estabilidade. Caso não haja nenhuma alteração nas metas a serem alcançadas do sistema, a

estabilidade permanece, caso contrário, haverá frustação para realizar a transformação ou esforço

para manter a meta inicial.

2.1.3 Resistência à mudança

Resistência à mudança, definida por Alvin Zander (1950), é o indivíduo se comportar para

evitar as consequências de uma mudança, podendo ser real ou imaginária. Watson (1971, p. 745)

define a resistência como “todas as forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da

personalidade ou social”. Apesar de pode ser interpretada como inércia na natureza humana, essa

é uma maneira errada pois as pessoas buscam por alguma transformação em suas vidas, seja por

uma maior qualidade de vida, mais dinheiro e mais liberdade para satisfazerem suas vontades.

A resistência à mudança é algo natural e esperado dos seres humanos. Para acontecer, é

necessário abrir mão de algo conhecido para buscar algo que não é certo. Assim, é importante

planejar o processo de modificação para que as resistências sejam minimizadas. Dependendo da

forma e intensidade que forem manifestadas, podem ser prejudiciais ou até mesmo inviabilizar o

alcance do objetivo almejado.

Kotter (2001) afirma isso ressaltando que, nas últimas décadas, presenciou um aumento de

mudanças que tiveram mais resultados negativos do que positivos, gerando frustrações e traumas

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com empregos perdidos e recursos desperdiçados. Schein (1998) também concorda que fracassos

em programas de transformações se devem à resistência, mas também ressalta que a falta de

habilidade de organizações em se preparem antes que o processo se inicie é um fator importante.

Apesar de poder ser prejudicial, a resistência é importante dentro do processo e não deve ser

encarada como um problema a ser resolvido, mas sim uma oportunidade de identificar problemas

inerentes às situações particulares e, desse modo, atuar como aviso (JUDSON, 1980),

possibilitando fornecer informações aos agentes de transformação, tanto no conteúdo quanto no

processo de uma transformação, constituindo um convite para revisá-la. (COGHLAN, 1993)

A resistência tem a capacidade de dar destaque aos aspectos da mudança que podem não ter

sido considerados no planejamento. É melhor, da mesma forma que um sintoma, diagnosticar suas

causas raízes quando acontece, ao invés de inibi-la imediatamente (BARTLETT e KAISER, 1973).

Lawrence (1954) faz um importante destaque ao fazer uma analogia da importância da resistência

em uma organização à importância da dor para o corpo humano, sinalizando que algo não está em

conformidade. Assim surge a oportunidade de identificar a causa da enfermidade. Vale ressaltar

que sempre é melhor sanar a causa do que o próprio sintoma, pois, caso contrário, a resistência tem

uma grande probabilidade de acontecer novamente. (ALTORFER, 1992)

2.2 POR QUE EMPRESAS FRACASSAM

Grandes esforços de modificações ajudam organizações a se adaptarem e se destacarem no

mercado, tornando sua posição mais competitiva ou se posicionando melhor para um futuro

próximo. Todavia, muitos esforços foram aquém do esperado, com resultados pouco positivos para

as empresas. Recursos desperdiçados, funcionários malvistos, custos altíssimos e uma grande

decepção gerada.

Realizar a alteração nunca foi algo simples para o ser humano. Sempre que um grupo é

forçado a se adaptar ou se modificar, existe um processo que é dolorido. Alguns podem ser mais

do que outros. Porém ao analisar os motivos dessas dores nas organizações na última década,

podemos fazer uma análise encontrando erros comuns que podem ser mitigados ao longo do

processo se for realizado da maneira correta. Kotter (2012) discute 8 razões para o fracasso na

gestão da mudança.

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2.2.1 Permitir muita benevolência

Quando uma organização decide fazer uma transformação que seja relevante dentro do

ambiente interno, é importante deixar claro para todos os interessados e envolvidos a importância

e a necessidade de realizar a mudança. É necessário estabelecer esse senso de urgência porque caso

não seja, em grande parte dos casos, a organização não consegue alcançar os seus objetivos.

Em uma empresa sempre existem diversas oportunidades que podem ser aproveitadas e

problemas que precisam ser solucionados. O grande ponto é que nem todos conseguem ter essa

mesma visão no trabalho. A pior parte é que, no dia-a-dia, poucos são os que conseguem.

Quando nem todos os colaboradores estão alinhados, pode ser difícil se tornar competitivo

em um mercado que está cada vez mais concorrido. Quando nem todos almejam o mesmo objetivo

e dedicam esforços para alcançá-lo, pode se tornar muito mais custoso, trabalhoso e demorado para

que a empresa alcance suas metas. Quando isso acontece, duas são as possíveis consequências:

perda de uma vantagem competitiva, já que, se a empresa não busca melhorar, as concorrentes

sempre estão buscando novas alternativas e podem sair na frente; e também existe a possibilidade

de desmotivação ou perda de colaboradores. Pessoas que não conseguem realizar suas ações, ou

ficam desmotivadas ou procuram um novo local onde possam exercer seu potencial.

Ao iniciar uma alteração na organização, é preciso criar um senso de urgência no ambiente

de trabalho para tirar as pessoas da zona de conforto. Caso isso seja ignorado, as pessoas que não

conseguem visualizar a importância da mudança vão se manter em seu status quo e podem se tornar

tão defensivas a ponto de serem barreiras a serem vencidas na mudança. (KOTTER, 2012)

Se a realidade das organizações fosse uma complacência baixa, esse assunto não seria tão

estudado dentro do mercado. Baixo padrão de desempenho, falta de autocrítica, falta de problemas

visíveis e falta de ciclo de feedback contínuo acabam resultando em discursos em que os problemas

e oportunidades existem, mas que não são levados com suas devidas importâncias. Sem a criação

do senso de urgência, as pessoas dificilmente se dedicarão da forma que deveriam se dedicar para

alcançar grandes objetivos. (KOTTER, 2012)

Page 24: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

22

2.2.2 Não formar uma equipe condutora forte

Desconsiderando pequenas organizações, indivíduos sozinhos, por mais competentes e

eficientes que sejam, nunca possuem a capacidade de superar tradições e inércias da organização

como um todo. Sempre é preciso um grupo de pessoas que contribuam e estejam focadas no mesmo

objetivo.

Uma mudança que tenha um impacto significativo em uma empresa geralmente é

considerada impossível caso não tenha um líder da organização envolvido diretamente. O principal

ponto é que, somente um chefe, por mais eficiente que seja em entregar seus resultados, não é

suficiente para causar grandes impactos. Também é preciso um grupo de cinco, vinte ou cinquenta

pessoas dependendo do tamanho da organização, para se unir a esse líder com foco em entregar o

resultado.

As equipes que obtêm o melhor desempenho são, em grande parte, formadas por pessoas

poderosas e com alta capacidade de resolução de problemas. Os desafios do ambiente empresarial

são de esferas multidisciplinares, o que torna necessário essas equipes serem compostas por pessoas

com diferentes conhecimentos, de diferentes áreas, com experiências diversas e com informações

diferentes.

Também é importante ressaltar que, uma equipe formada de forma frágil, ou seja, equipes

formadas sem uma força de coalizão orientadora forte, podem parecer fazer progresso por um

tempo, mas o resultado no longo prazo não é alcançado. Os resultados da equipe são afetados pela

falta de vontade dos seus membros, os funcionários criam resistência e impossibilitam que grandes

alterações estruturais sejam realizadas.

Não importa se o líder da equipe é dedicado ou não, caso a formação seja feita sem uma

liderança de forte, não alcançam o poder necessário para superar o que muitas vezes são fontes

maciças de inércia. (KOTTER, 2012)

2.2.3 Não dar importância ao poder da visão

Além de criar um senso de urgência na organização e formar uma equipe com uma liderança

forte, alinhada e multifuncional, também é necessário ter uma boa visão de onde se quer chegar,

pois apenas os dois elementos não são suficientes.

Page 25: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

23

A visão desempenha um papel importante na produção, auxiliando no direcionamento,

alinhando e inspirando ações dentro de um ambiente organizacional. Sem uma visão, o esforço de

transformação pode acabar se dissipando e transformando em pequenos projetos sem convergência,

gerando resultados muito menores do que aqueles desejados. As iniciativas de uma organização

precisam ser feitas com uma visão sólida, caso contrário o esforço de transformação pode

facilmente se dissolver.

Não basta apenas ter uma visão. Muitas transformações mal sucedidas tiveram uma. O

grande ponto é a visão ser clara e não ser complicada demais a ponto de não conseguir passar a

mensagem. Uma visão complexa pode mais atrapalhar do que ajudar. Uma regra de ouro é ser

possível explicar onde se quer chegar em uma descrição de no máximo cinco minutos e obter uma

reação de interesse e compreensão. (KOTTER, 2012)

2.2.4 Má comunicação da visão

Mesmo quando colaboradores estão dispostos a realizar grandes mudanças dentro do

ambiente do trabalho, nem sempre é possível alcançar os objetivos almejados. Todavia, as pessoas

precisam de uma motivação para realizar tais modificações. Mesmo que estejam insatisfeitas com

a situação atual, caso não esteja claro os potenciais benefícios e que seja realmente possível realizar

uma modificação grande, elas não farão sacrifícios. É preciso ter uma comunicação clara para

passar a mensagem para todos.

Existem três padrões de comunicação ineficazes que são mais comuns dentro das

organizações:

1. O primeiro padrão é quando uma visão é estabelecida de forma correta e bem

determinada, porém a comunicação para empresa se dá apenas através de algumas reuniões ou

enviando algumas mensagens, usando apenas uma pequena parte da comunicação possível dentro

da organização.

2. O segundo padrão é quando o líder passa grande parte de seu tempo fazendo

discursos para grupos de funcionários, o que é positivo para passar a mensagem, mas se seus

gerentes são silenciosos e não estão alinhados com o líder, a mensagem não chega da forma que

deveria.

Page 26: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

24

3. O terceiro padrão é quando se gasta muito esforço em comunicação através de

diversas mensagens e discursos, mas algumas pessoas chaves dentro da organização agem de

maneira antiética à visão, de maneira contrária. O resultado é que apesar do esforço da palavra, as

ações opostas levam os colaboradores a acreditarem menos na visão.

A comunicação precisa ser feita em palavras e ações. Discursar ou enviar mensagens não

são suficientes para deixar claro o grande objetivo. É preciso agir. Nada é pior para uma

comunicação do que comportamentos opostos ao discurso dado. E isso é algo comum, que acontece

em grande parte das empresas.

2.2.5 Permitir que obstáculos obstruam a nova visão

Para realizar uma mudança significativa dentro de uma organização é necessário um grupo

com muitas pessoas para executar as ações. Novas iniciativas geralmente dão errado quando,

mesmo que entendam a visão da empresa, o grupo não se sente capacitado para enfrentar grandes

obstáculos em seus caminhos. Em alguns casos, esses obstáculos estão apenas dentro da cabeça

das pessoas, e é preciso realizar um trabalho de convencimento para mudar esse pensamento,

todavia, em outros casos, os obstáculos realmente existem.

Os obstáculos podem ser de diversas origens, como a própria estrutura organizacional da

empresa. Sistemas de compensação ou recompensa, por exemplo, podem forçar pessoas a

escolherem entre realizar ações em prol da nova visão ou de seu interesse pessoal. Até mesmo

supervisores que não aceitam se adaptar às novas circunstâncias e exigem de seus supervisionados

atitudes que são inconsistentes com a transformação. (KOTTER, 2012)

Um grande obstáculo dentro da empresa acontece quando pessoas inteligentes e bem

intencionadas evitam enfrentar os desafios e acabam desmotivando funcionários ao seu redor.

Executivos são peças importantes dentro de uma transformação. Caso essas pessoas não estejam

engajadas, ou seja, realizando ações que vão contra a visão a ser alcançada ou, por exemplo,

priorizando resultados operacionais do que melhorias, as chances de a transformação não ser

concluída são realmente grandes.

Page 27: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

25

2.2.6 Não comemorar pequenas conquistas

Quando uma empresa decide realizar uma mudança, dependendo da magnitude e da

quantidade de pessoas envolvidas, levará um tempo até tudo ser finalmente concretizado. Dessa

maneira, esforços complexos para mudar ou modificar as estratégias estabelecidas correm o risco

de perder o fôlego caso não tenham pequenas conquistas para serem comemoradas ao longo da

trajetória. É difícil que os colaboradores mantenham o mesmo ritmo caso não consigam vislumbrar

que estão no caminho correto e não tenham algo para celebrar. (KOTTER, 2012)

Existe uma diferença entre esperar por vitórias de curto prazo e criar vitórias de curto prazo.

O primeiro termo é uma busca mais passiva, o segundo termo é algo mais ativo. Os gestores devem

procurar ativamente formas de obter melhorias, instigar seus liderados, obter melhorias claras de

desempenho e, em contrapartida, oferecer bonificações. Esses prêmios podem ser desde valores

financeiros, até mesmo promoções de cargo, benefícios, presentes e outros. Nas iniciativas que

fracassam, os fatos não acontecem desse modo. A atuação dos gestores é diferente, esperando

apenas que o resultado final aconteça, ou simplesmente assumirem que o final será bom ou por

estarem tão focados no fim que não se preocupam com pequenos passos. (KOTTER, 2012)

Algumas pessoas não se sentem à vontade ao serem forçadas a produzir e entregar metas

de curto prazo. As vitórias podem causar ansiedade, insatisfação e impaciência, que são os sintomas

mais comuns gerados por estresse e pressão. Se, por um lado, existe um lado disfuncional, acima

de um nível mínimo de estresse, em que o emocional e o físico de uma pessoa pode ser prejudicado

se for exposto com frequência, existe um nível de estresse que gera no indivíduo energia para focar

e produzir mais resultados. Essa energia pode ajudar a produzir vitórias de curto prazo e revisar as

visões de longo prazo. (MAESTRALI, 2017)

2.2.7 Declarar vitória antes da conclusão

Após um longo tempo em um processo de transformação, a tendência é as pessoas

procurarem finalizar o trabalho o quanto antes, comemorando uma vitória em uma primeira grande

melhoria, mesmo que não seja o objetivo final. Quando isso ocorre, a sugestão de trabalhos

adicionais pode ser algo criticado e recusado, já que um grande processo de transformação com

Page 28: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

26

resultados acabou de ser finalizado. Isso não acontece em locais no qual a mudança está de forma

profunda na cultura dos colaboradores, o que pode levar anos para acontecer. (KOTTER, 2012)

No ano de 2019, uma empresa do setor bancário resolveu realizar a modificação de sua sede

para outro prédio, sendo assim, foi necessário realizar uma grande obra de adaptação das salas.

Como não era a área fim da empresa, contratou-se uma consultoria para fiscalizar a compra de

materiais das prestadoras de serviço. Ao final da listagem de compras inicial, a consultoria foi paga

e os consultores finalizaram os serviços, mas a obra ainda não havia sido entregue. Como resultado,

o banco precisou destinar alguns funcionários próprios para dar continuidade à fiscalização, já que

houve mais compras do que o previsto inicialmente até a entrega final da obra.

Esse problema acontece em situações com temas de reengenharia, projetos de qualidade,

esforços de desenvolvimento de organização etc. Com o passar do tempo, os efeitos das vitórias

comemoradas antes do final se perdem, o que acaba sendo algo frustrante, pois o esforço dedicado

não apresenta resultado no longo prazo.

Alguns dos motivos que podem levar à esse caso é a falta de tempo dentro das empresas

para estabelecer transformações significativas e que tenham durabilidade, pois o prazo estabelecido

dentro de grandes corporações é curto, e problemas no início do processo como: nível de urgência

não ser forte, visão à longo prazo não ser clara, equipe má formulada e etc.. A vitória prematura

interrompe os esforços da mudança e dificulta a retomada do processo. (KOTTER, 2012)

2.2.8 Não realizar mudanças na cultura corporativa

As transformações, depois de serem feitas, só permanecem caso se tornem a nova maneira

da empresa agir. Não basta executar todo o processo e não mudar a cultura corporativa. As

modificações só permanecerão quando novos comportamentos se tornarem enraizados em normas

e valores compartilhados pelos colaboradores. Caso isso não seja feito, os resultados estarão

sempre sujeitos a degradação a partir do primeiro momento que os esforços de mudança são

removidos.

Existem dois fatores que são importantes para colocar a transformação na cultura da

organização.

O primeiro fator é deixar claro, para todos os colaboradores, como a transformação, os

novos comportamentos e as novas atitudes transformam o ambiente em algo melhor. Quando as

Page 29: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

27

pessoas são deixadas para fazer as conclusões por si mesmas existem duas possibilidades que

devem ser evitadas: as pessoas não conseguirem estabelecer uma relação entre como era antes e o

atual momento, ou a pior delas, pensar de forma errada, criando conexões imprecisas,

possibilitando o pensamento de que a transformação acabou tornando o ambiente pior.

O segundo fator é passar a exigir de seus colaboradores os comportamentos de acordo com

a transformação. É preciso tempo suficiente para que os funcionários personifiquem a nova

abordagem. Se, por exemplo, os critérios de promoção ou de recompensa não forem formulados

de acordo com o novo padrão, os efeitos da transformação provavelmente irão sumir rapidamente.

Uma pessoa escolhida de forma errada para exercer uma posição de liderança dentro de uma

organização pode arruinar uma década de trabalho duro.

As más decisões de escolhas de sucessão acontecem quando o conselho de administração

não participa do processo de transformação. Pode existir um conflito caso, por exemplo, o conselho

de administração acredite que as transformações não possam ser desfeitas e continue usando a

mesma metodologia em suas ações do que antes da modificação.

Pessoas inteligentes acabam perdendo o controle da situação nesse momento quando não

dão importância para as questões culturais da empresa. Pessoas financeiras orientadas

economicamente e engenheiros orientados analiticamente podem acreditar que temas sociais não

são relevantes e acabam ignorando esse ponto em grandes transformações, e é justamente nesse

ponto que muito trabalho realizado é perdido.

Page 30: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

28

3 TEORIA DA QUALIDADE TOTAL E PDCA

3.1 SURGIMENTO DA GESTÃO DA QUALIDADE

A qualidade é um tema que, mesmo antes de sua definição, esteve presente na história da

humanidade há muito tempo. Ao compararmos os conceitos de qualidade que artesãos tinham

séculos atrás com os conceitos dos metalúrgicos da atualidade, algumas diferenças podem ser

observadas.

Os artesãos possuíam um foco na qualidade da customização do produto. Eles eram

responsáveis por todo ciclo produtivo, tendo o controle total sobre todas as etapas. A participação

começava em entender a necessidade do cliente, confeccionar o produto finalizando na realização

do pós-venda. Os critérios que eram utilizados variavam de consumidor para consumidor e quem

definia eram os próprios artesãos, ou seja, a inspeção e controle de qualidade eram feitas de uma

forma natural. Nesse período, o maior foco era o produto, não o processo e com apenas uma pessoa

responsável por tudo.

O foco na customização do produto para o cliente durou até o início do século XIX. Como

exemplo, a montadora de automóveis Panhard e Levassor (P & L) ainda produzia seus bens dessa

maneira, especificando as características de cada automóvel para cada um dos seus consumidores.

(CARVALHO e PALADINI, 2005)

Após a revolução industrial, o cenário mudou. O objetivo era produzir mais de uma forma

padronizada para atender mais clientes do que customizar o produto para cada um. Essa época ficou

marcada pelo novo modelo de administração de Frederick W. Taylor, a administração científica,

onde o trabalho passou a ser fragmentado em pequenos pedaços que eram feitos repetidas vezes ao

longo da jornada de trabalho.

Essa mudança foi essencial para dar mais importância à qualidade. Antes o produtor era

responsável por todo o processo e, nesse novo formato, passou a ser separado o papel de produzir

e o papel de inspecionar. Essa divisão atribuiu uma maior legitimidade à inspeção, sendo realizada,

nesse momento, por profissionais especializados. (TAYLOR, 1919)

“O controle da qualidade limitava-se à inspeção e às atividades restritas, como a contagem,

a classificação pela qualidade e os reparos. A solução de problemas era vista como fora das

responsabilidades do departamento de inspeção”. (MARSHALL et al, 2006, p.22)

Page 31: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

29

O passo seguinte na história da qualidade foi a criação da disciplina de controle estatístico da

qualidade usando como base o novo modelo de processos que foi estabelecido nas indústrias. Esse

método foi apresentado pela primeira vez como caráter científico pelo autor Walter Shewhart em

1931. Como os processos estavam estruturados em uma forma organizada, tornou-se mais fácil

controlar e analisar a cadeia produtiva. (MARTINELLI, 2019)

Após o período da segunda guerra mundial, os conceitos de controle estatístico se difundiram

pelo mundo e iniciou-se também um debate sobre a alienação do trabalho e a participação do

trabalhador de forma mais ativa nos processos. Nessa mesma época, muitos países ficaram

totalmente destruídos e tiveram que se reconstruir. No Japão, país conhecido por ter produtos

baratos e com baixa qualidade, começaram a surgir ótimas empresas com modelos elaborados por

nomes como W. Edwards Deming e Joseph Juran. (MARTINELLI, 2019)

Nesse contexto, na década de 50, Armand Feigenbaum formulou o sistema de Controle da

Qualidade Total (TQC – Total Quality Control). Esse sistema busca abordar a qualidade não só

como o ato de inspecionar os produtos ou processos, ele aborda desde o desenvolvimento do

produto até a relação com os diferentes atores como: funcionários em diversos níveis hierárquicos,

clientes, fornecedores, além de melhorar as técnicas já existentes de inspeção. (MARTINELLI,

2019)

O principal ponto a partir desta nova visão sobre a qualidade total é que, para realmente ter

resultados, atingindo o ponto de eficácia máxima, o controle precisa ter início no começo do projeto

do produto e ser finalizado quando o consumidor final ficar satisfeito após o recebimento. A

qualidade é um processo global, com responsabilidade em todas as etapas do processo produtivo.

(MARSHALL et al, 2006)

Com o grande sucesso mundial das empresas japonesas, que em 1970 se tornaram referências

mundiais ultrapassando os Estados Unidos em alguns setores industriais, as empresas do ocidente

começaram a implementar sistemas de gestão da qualidade, que acabaram se disseminando pelo

mundo na década de 80.

Com o modelo disseminado, em 1987 surge a International Organization for Standardization

(ISO) que criou uma normativa para padronizar o modelo de Sistema de Garantia de Qualidade, de

forma voluntária. Logo, a série ISO 9000 se tornou a maior referência em qualidade no mundo

atual.

Page 32: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

30

3.2. ESPECIALISTAS DA QUALIDADE

Ao longo da história, alguns nomes se destacaram por seus estudos, pensamentos, definições,

inovações e ideias novas em relação à temática de qualidade. Outros autores também poderiam ter

sido mencionados devido a contribuições para qualidade, mas optou-se por ressaltar os abordados

por Slack (1996).

3.2.1 Armand Feigenbaum

Apesar do primeiro país a ter disseminado e colocado o conceito amplamente em prática ter

sido o Japão, foi nos Estados Unidos que Armand Feigenbaum publicou seu primeiro livro de Total

Quality Control.

Armand tornou famoso o conceito de qualidade como a soma dos esforços de toda a

organização para satisfazer o consumidor final. Ele definiu qualidade como as expectativas do

cliente em relação ao produto. Com esse conceito, todos os setores da empresa passaram a ser

responsáveis por aumentar a qualidade do produto/serviço a melhor possível. (RAMOS, 2017)

No livro, Feigenbaum (1986) aborda o conceito como um sistema que tem a capacidade de

agregar as forças de desenvolvimento, manutenção e melhoria de qualidade de várias áreas distintas

dentro de uma mesma organização. Essa integração, possibilita que a produção e os serviços

tenham resultados mais econômicos de operação e garantam a plena satisfação dos clientes.

Feigenbaum teve um papel importante ao demonstrar, através de dados, números, contas e

finanças, que a qualidade estava diretamente ligada aos custos das organizações. Ele aprofundou o

conceito de Custo Econômico, desenvolvido por Shewhart em 1931, que antes considerava apenas

custos de retrabalho e desperdício de matéria prima.

Em sua definição de Custo de Qualidade, houve o acréscimo aos estudos de Shewhart de

todos os gastos diretos e indiretos causados por problemas com a satisfação dos clientes no processo

de compra. Através desse novo ponto de vista, custos de definição/planejamento, criação e controle

da qualidade, avaliação e realimentação da conformidade, custos associados às falhas e outros

foram incluídos. (RAMOS, 2017)

Page 33: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

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3.2.2 W. E. Deming

Deming é considerado o pai do controle da qualidade no Japão, sendo atribuído a ele grande

parte do sucesso que a indústria japonesa teve na década de 50. Ele definiu qualidade como uma

atividade estratégica que começava pela alta administração.

Essa definição adotada pelos empresários japoneses gerou um destaque mundial para as

empresas do Japão, tornando-as líderes em vários mercados dos quais participavam, dentre eles o

automobilístico e tecnológico. A implementação e implantação dessa nova visão da qualidade é

considerada por especialistas como o marco zero da história da qualidade no Japão. (RAMOS,

2019)

Deming (1990, p. 31-32) tinha um conceito claro de que a qualidade e a produtividade

aumentavam de acordo com a menor variabilidade do processo. Assim, ele definiu 14 pontos para

a melhoria da qualidade:

1. Criar constância de propósito;

2. Adotar nova filosofia;

3. Cessar a dependência de inspeção;

4. Evitar ganhar negócio baseando-se em preço;

5. Melhorar constantemente o sistema de produção e serviço;

6. Instituir treinamento no trabalho;

7. Instituir liderança;

8. Eliminar o medo;

9. Romper barreiras interdepartamentais;

10. Eliminar slogans e exortações;

11. Eliminar quotas ou padrões de trabalho;

12. Fazer com que as pessoas sintam orgulho pelo trabalho;

13. Instituir programas de educação e auto melhoria;

14. Colocar todos para trabalhar para alcançar metas.

3.2.3 J. M. Juran

Juran, assim como Deming, atribuía qualidade às atividades da alta administração, porém

também considerava o impacto da ação dos trabalhadores na qualidade do produto. Um dos seus

principais conceitos era que a qualidade não era apenas atendimento às especificações, mas sim

uma abordagem voltada para o consumidor. (JURAN, 1988, apud SLACK, 1996)

Usando técnicas e medidas de gestão, Juran desenvolveu estudos sobre a qualidade que ainda

são usados por empresas nos dias atuais. Ele definiu a qualidade em três modos: (LEITE, 2019)

Page 34: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

32

1. Qualidade do projeto: pesquisa do mercado, concepção do produto e especificações

do projeto;

2. Qualidade na conformidade: tecnologia, potencial humano, gerenciamento;

3. Serviço de campo: pontualidade, competência, integridade.

Outra grande contribuição de Juran para a qualidade foi a trilogia de Juran, conhecida como

Juran Management System (JMS), ou sistema de Juran, em português. Nesse sistema, o

gerenciamento é realizado a partir de três processos gerenciais: planejamento, controle e melhoria.

(MARSHALL, 2006)

3.2.4 K. Ishikawa

Ishikawa (1982) teve grandes contribuições de destaque para qualidade ao longo de sua vida.

Uma das primeiras com grande disseminação foi o Círculo da Qualidade. Esses círculos eram

reuniões feitas por grupos colaboradores de uma mesma área para debater soluções ou melhorias

em assuntos relacionados à qualidade.

Após um período em que houve excessiva ênfase em controle estatístico da qualidade,

Ishikawa (1982) percebeu que as ferramentas da época eram complexas e difíceis. Dessa forma,

ele elaborou novas ferramentas mais simples, de forma que qualquer um tivesse capacidade de usá-

las, como o diagrama de causa e efeito, uma das sete ferramentas de qualidade mais utilizadas.

Além das ferramentas complexas, Ishikawa (1982) acreditava que os padrões definidos eram

rígidos a ponto de dificultarem as empresas a adotá-los e, para as empresas que adotavam os

métodos, era algo que dificultava a mudança dentro da organização.

3.2.5 G. Taguchi

Genichi Taguchi foi diretor da academia japonesa de qualidade e desenvolveu uma

preocupação com o design do produto combinada com métodos estatísticos de controle da

qualidade. Ele incentivou reuniões entre equipes de diferentes áreas, operacionais e gerenciais, com

objetivo de criticar e desenvolver um produto melhor. Ele desenvolveu uma função de perda de

qualidade, quality loss function (QLF), incluindo fatores como reclamação dos consumidores,

custos de garantia e etc.. (TAGUCHI, 1990, apud SLACK, 1996)

Page 35: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

33

3.2.6 P. B. Crosby

O foco do trabalho de Philip B. Crosby foi nos custos que as organizações tinham com

qualidade. Assegurou que as empresas não tinham ideia do quanto era gasto e, por isso, acabam

gastando um grande percentual do valor do produto. Ele procurou destacar os custos e benefícios

da implementação de programas da qualidade através do seu livro Quality is Free. Suas máximas

da administração da qualidade podem ser resumidas em: (CROSBY, 1979, apud SLACK, 1996)

1. Qualidade é conformidade às exigências;

2. Prevenção, não inspeção;

3. O padrão de desempenho deve ser zero defeito;

4. Mensure o preço não conformidade;

5. Não existe essa figura chamada problema de qualidade.

3.2.7 Forças e fraquezas das abordagens

O quadro 1 reúne as principais características das abordagens de cada um dos autores

apresentados anteriormente, expondo as forças e fraquezas de cada um.

Page 36: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

34

Especialistas Forças da Abordagem Fraquezas da Abordagem

Feigenbaum - Fornece abordagem total ao controle da

qualidade;

- Enfatiza a importância da administração;

- Inclui ideias de sistemas sócio técnicos;

- Promove participação de todos os funcionários.

- Não faz discriminação entre diferentes

contextos da qualidade;

- Não reúne diferentes teorias da administração

de forma coerente.

Deming - Fornece lógica sistemática e funcional que

identifica o estágio da melhoria da qualidade;

- Enfatiza que a administração antecede a

tecnologia

- Liderança e motivação são reconhecidas como

importantes;

- Enfatiza o papel dos métodos estatísticos e

quantitativos;

- Reconhece os diferentes contextos do Japão e

da América do Norte.

- O plano metodológico e os princípios de ação

são, às vezes, vagos;

- A abordagem de liderança e motivação é visto

por alguns como sem uma definição clara;

- Não trata situações políticas ou coercitivas.

Juran - Enfatiza a necessidade de deixar de lado a

euforia exagerada e os slogans de qualidade;

- Destaca o papel do consumidor externo e do

consumidor interno;

- Destaca o envolvimento e o comprometimento

da administração.

- Não se relaciona a outros trabalhos sobre

liderança e motivação;

- Para alguns, desconsidera a contribuição do

trabalhador ao rejeitar iniciativas participativas;

- Visto como mais forte em sistemas de controle

do que nas dimensões humanas das organizações.

Ishikawa - Ênfase forte na importância da participação das

pessoas no processo de solução de problemas;

- Oferece um composto de técnicas estatísticas e

de orientação para pessoas;

- Introduz a ideia de círculos de controle da

qualidade.

- Parte de seu método de solução de problemas é

vista com simplista;

- Não lida adequadamente com a passagem das

idéias para ação nos círculos de qualidade.

Taguchi - Abordagem de qualidade desde o estágio de

design;

- Reconhece a qualidade como assunto da

sociedade, além do organizacional;

- Os métodos são desenvolvidos por engenheiros

práticas em vez de estatísticos teóricos;

- Forte em controle do processo;

- Difícil aplicação quando o desempenho é difícil

de medir (exemplo, setor de serviços);

- A qualidade é controlada principalmente por

especialistas, em vez de gerentes e operários;

- Considerado geralmente fraco para motivar e

administrar pessoas.

Crosby - Fornece métodos claros e fáceis de seguir;

- A participação do trabalhador é reconhecida

como importante;

- Forte ao explicar a realidade da qualidade e em

motivar as pessoas a iniciar o processo da

qualidade.

- Visto por alguns como colocando a culpa dos

problemas na qualidade nos trabalhadores;

- Visto por alguns como enfatizador de slogans e

lugares comuns, no lugar de reconhecer

dificuldades genuínas;

- O programa déficit zero é visto, às vezes, como

algo que evita o risco;

- Insuficiente ênfase em métodos estatísticos.

Quadro 1: Forças e fraquezas das abordagens dos especialistas da qualidade

Fonte: FLOOD, 1993, apud SLACK, 1996

Page 37: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

35

3.3. FERRAMENTAS DA QUALIDADE

Um dos princípios básicos da gestão da qualidade total é controlar o desempenho do

processo. Logo, é necessário um sistema que ajude a coletar dados e informações sobre as

atividades para auxiliar no entendimento e proposição de planos de ação na busca de melhoria nos

métodos utilizados. (MARTINELLI, 2009)

As ferramentas da qualidade têm como fim mensurar, analisar, definir e ajudar na proposição

de alternativas para os problemas que são identificados dentro do ambiente corporativo envolvendo

os processos da empresa.

As ferramentas começaram a ser estruturadas, principalmente, a partir de 1950, usando os

conceitos e técnicas da época. A partir desse momento, elas sofreram modificações visando

melhorar seu desempenho e contribuir para a melhoria de produtos, serviços e processos.

(MACHADO, 2012)

Entre as ferramentas mais utilizadas por empresas podemos destacar as sete ferramentas

básicas de Ishikawa, além de outras de apresentação e análises de dados e informações.

(MARTINELLI, 2009)

3.3.1 Fluxograma

O fluxograma tem como objetivo representar de forma real ou ideal como um determinado

processo deveria ocorrer a partir de uma sequência de atividades. Através de símbolos e uma

organização lógica, é possível identificar as diferentes operações que precisam ser feitas em

sequência para que um processo consiga entregar seu produto final. (CAMPOS, 1992)

Page 38: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

36

Figura 1: Exemplo de fluxograma

Fonte: Elaboração própria, 2020

Os fluxogramas podem ser facilmente utilizados e possuem uma notação de fácil

compreensão, como por ser visto no exemplo da figura 1. Existem programas complexos, com uma

grande variedade de símbolos para montar um fluxo mais específico, mas também há programas

simples, com símbolos populares que facilitam a compreensão, independente de quem está lendo.

3.3.2 Folhas de verificação

As folhas de verificação são tabelas ou planilhas que possuem o objetivo de coletar dados e

informações, como exemplo da tabela 1. Apesar de parecerem simples, é uma etapa importante

para o processo, pois quanto melhor forem as informações, maior será a contribuição para uma boa

investigação. Por mais que possa parecer livre, sua função é tornar mais simples os registros e

evitar perdas de tempo com desenhos, ilustrações ou números repetitivos na hora da coleta.

(CAMPOS, 1992)

Page 39: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

37

Tabela 1: Exemplo de folha de verificação

Fonte: Elaboração própria, 2021

3.3.3 Histograma

O histograma é representado por colunas onde cada uma representa a frequência com que

determinada variável ocorre, como exemplo do gráfico 1. É uma representação de uma série de

dados. Dessa maneira, é possível visualizar se um processo tem capacidade ou não de atender a

uma determinada especificação. (CAMPOS, 1992)

Gráfico 1: Exemplo de histograma

Fonte: Elaboração própria, 2021

Page 40: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

38

3.3.4 Diagrama de Pareto

O diagrama de Pareto é um gráfico onde é possível visualizar o desempenho do processo em

relação aos padrões estabelecidos, como no gráfico 2. Através de linhas e barras é possível

identificar as principais causas do problema, ajudando a identificar e atribuir prioridades.

Gráfico 2: Exemplo de diagrama de pareto

Fonte: Elaboração própria, 2021

3.3.5 Carta de controle

A carta de controle tem como objetivo representar os dados coletados e compará-los com os

limites de controle mínimo, máximo e médio. Então, é possível visualizar a performance do

processo em relação aos padrões exigidos. O gráfico 3 representa um exemplo de carta de controle.

(SELEME e STADLER, 2008)

Page 41: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

39

Gráfico 3: Exemplo de carta de controle

Fonte: Elaboração própria, 2021

3.3.6 Diagrama de dispersão

O diagrama de dispersão, como exemplificado no gráfico 4, tem a finalidade de identificar

se há ou não correlação entre duas variáveis em um determinado processo. Essa correlação pode

ser tanto positiva, quando os valores oscilam no mesmo sentido, negativa, quando os valores

oscilam em sentidos diferentes ou sem correlação, quando não possuem oscilações conjuntas.

(SELEME e STADLER, 2008)

Gráfico 4: Exemplo de diagrama de dispersão

Fonte: Elaboração própria, 2021

Page 42: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

40

3.3.7 Diagrama de Ishikawa

O diagrama de Ishikawa, exemplificado no gráfico 5, também conhecido como diagrama de

causa e efeito, é uma ferramenta usada para identificar e categorizar as possíveis causas de um

determinado problema. Elas podem ser classificadas em 6 grupos diferentes: método, mão de obra,

meio ambiente, máquina e medida. (CAMPOS, 1992)

Gráfico 5: Exemplo de diagrama de Ishikawa

Fonte: CAMPOS, 2004

3.3.8 Ferramenta 5W2H

A ferramenta 5W2H é usada a partir de uma metodologia para a construção de planos de

ação. A ferramenta é elaborada a partir das respostas a algumas perguntas específicas. Essas

perguntas, compostas no idioma inglês, são, de acordo com Melo (2001):

1. WHAT (O QUE) – define o que será executado, contendo a explicação da ação a ser

tomada;

2. WHEN (QUANDO) – define quando será executada a ação (prazo de início e

término da ação);

3. WHO (QUEM) – define o responsável pela ação (a pessoa que executará a ação);

Page 43: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

41

4. WHERE (ONDE) – define onde será executada a ação (pode ser uma área ou um

local);

5. WHY (POR QUE) – justifica a ação em questão (apresentação da finalidade da

ação);

6. HOW (COMO) – define, em detalhes, como a ação será executada (esse campo é

para detalhar a ação do campo WHAT).

Em alguns casos, a ferramenta pode ser elaborada respondendo apenas às perguntas

anteriores, adicionando mais perguntas ou até mesmo retirando algumas delas. Outra pergunta

muito usual nesse tipo de ferramenta é:

7. HOW MUCH (QUANTO CUSTA) – define o orçamento para os gastos necessários

com a execução da ação

Para cada ação ou iniciativa que deva ser executada, todas as perguntas devem ser

respondidas e reunidas em uma tabela ou planilha. Com a consolidação de toda as respostas, a

ferramenta está completa.

3.3.9 5 Porquês

Essa ferramenta tem o objetivo de realizar a análise do problema e identificar a causa raiz

principal. A ferramenta é simples, dado que é apenas a aplicação de uma mesma pergunta (por quê)

de forma sequencial em busca da verdadeira causa raiz do problema, procurando realizar uma

análise profunda. Apesar do nome, a quantidade de repetições da pergunta pode variar, dependendo

da complexidade do problema. (SELEME e STADLER, 2008)

Quadro 2: Exemplo do 5 porquês

Fonte: SELEME e STADLER, 2008

Page 44: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

42

A partir da análise do quadro 2, é possível identificar que a causa raiz da entrega não ter sido

efetuada foi o atraso no pagamento, mesmo havendo diversas causas secundárias como a falta de

matéria prima e a produção não ter realizado a entrega.

3.4 PDCA

O método PDCA foi desenvolvido na década de trinta nos Estados Unidos pelo americano

Walter A. Shewhart. Ele foi criado para ser um ciclo de controle estatístico do processo, que pode

ser repetido e aplicado para qualquer processo ou problema. (SOUZA, 1997)

Apesar de ter sido criado no início dos anos 30, o método apenas se tornou popular quando

o especialista em qualidade W. Edwards Deming passou a aplicá-lo em conceitos da qualidade em

seus trabalhos desenvolvidos no Japão nos anos 50, ficando mundialmente conhecido por isso.

Após o trabalho inicial, Deming aperfeiçoou o método e colocou o nome de Shewhart PDCA Cycle,

em honra ao mentor do método. (DEMING, 1990)

Para o método de melhorias PDCA ser eficaz, de acordo com Souza & Mekbekian (1993) e

CTE (1994), precisa ser elaborado com o conhecimento de todos os colaboradores da empresa,

sendo um importante método de melhoria de processos.

Para Suzuki (2000), o PDCA é um meio de melhorar a qualidade de um produto final, através

da execução das 4 etapas do método.

As letras que compõem o nome do método, PDCA, significam, traduzindo de seu idioma

original inglês para português: planejar (PLAN), executar (DO), verificar (CHECK) e agir (ACT).

Cada uma das etapas compõem o método elaborado originalmente por Shewhart e que foi

aprimorado posteriormente por Deming.

A ideia do ciclo PDCA é que ele seja aplicado de forma dinâmica. Seguindo o princípio de

qualidade contínua, o fim de uma análise serve como insumo para o início da seguinte. O processo

pode ser reavaliado e um novo processo de mudança pode se iniciar. Existem etapas que devem ser

feitas em sequência, mas há um marco de término definido.

Conforme Slack (1996), o ciclo PDCA é definido como uma sequência de atividades que são

executadas de forma contínua e cíclica para melhorar processos. A aplicação contínua do ciclo

Page 45: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

43

PDCA de acordo com CTE (1994), possibilita a otimização dos processos da empresa, podendo

gerar ganhos como redução de custos e aumento de produtividade.

Figura 2: Framework PDCA

Fonte: CARVALHO, 2020

A ideia de melhoria contínua pode ser observada na figura 2. A etapa final de um ciclo é uma

das mais importantes, já que é o início de uma nova tentativa logo em seguida. Essa tentativa, por

sua vez, pode trabalhar problemas diferentes ou mais complexos que a anterior, buscando gerar

resultados mais expressivos. Apenas desse jeito, aceitando o ciclo PDCA como uma filosofia de

melhoramento contínuo, é possível atingir o máximo potencial da ferramenta.

O método PDCA apresenta resultados em diversas situações, desde processos relacionados à

administração de empresas, ou também questões ligadas à parte operacional da atividade fim da

empresa. Importante destacar que cada programa de melhoria deve ser iniciado por um

planejamento cuidadoso sobre o que deve ser feito, resultando em ações efetivas com comprovação

dos resultados, para no final, obter os resultados de melhoria e insumos do processo, podendo

iniciar um novo ciclo buscando novos objetivos.

Page 46: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

44

3.4.1. Módulo PLAN

A primeira etapa do processo do ciclo PDCA é o P (Planejar, PLAN). Essa etapa é

considerada uma das mais importantes para o processo como um todo, por ser o início do ciclo e

desencadear todas as demais etapas, estruturando como será aplicado o método. A eficácia será

baseada em um planejamento bem elaborado ou não. O planejamento proverá dados e informações

para todas as demais etapas. (BADIRU, 1993)

Ahuja (1994) destaca a importância do planejamento: “Planejar é estipular objetivos e, então,

determinar programas e procedimentos para o alcance desses objetivos. É tomar decisões para o

futuro, olhar mais adiante”. (p. 10)

Nessa etapa são estabelecidas as metas a serem alcançadas e como será a forma que isso será

feito. Anteriormente a isso, é preciso observar o problema a ser resolvido, analisar o fenômeno e

descobrir suas causas. Isso significa que erros cometidos na identificação do problema e

desdobramentos das ações poderão dificultar o alcance dos resultados.

Para tornar a execução dessa etapa mais clara, Campos (1996) e Melo (2001) subdividiram

essa parte do ciclo PDCA em 5 etapas:

1. Localizar o problema

2. Estabelecer meta

3. Análise do Fenômeno

4. Análise do processo

5. Elaborar plano de ação

3.4.1.1 Localizar problema

A localização de um problema, segundo Campos (1996), deve ser realizada sempre que

algum efeito ou resultado não esperado for encontrado a partir de um processo.

Ao identificar de forma correta o problema, será possível encontrar a solução para corrigi-lo.

É essencial que o trabalho seja feito com calma e tempo adequado para que o resultado seja bem

definido e esclarecido, deixando todos os envolvidos cientes do assunto.

1. Algumas outras formas frequentes de identificar problemas são:

Page 47: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

45

2. Dimensão da qualidade não cumprida;

3. Reclamação de clientes;

4. Reclamação de prestadores de serviços;

5. Avaliação da concorrência.

É preciso definir de forma clara qual é o tamanho do problema para a empresa. Se existirem

questões tão essenciais quanto para serem resolvidas, é necessária a priorização, caso contrário, é

preciso deixar claro para a organização o quão vital é a questão a ser resolvida.

3.4.1.2 Estabelecer meta

Sempre deve existir uma meta para qualquer produto ou serviço dentro de uma organização.

Um problema ocorre, segundo Campos (1996), quando a meta não é alcançada. Quando o resultado

for abaixo do valor da meta, teremos um problema.

“Uma meta é um gol, um ponto a ser atingido no futuro” (CAMPOS, 1996, p. 45). As metas

devem sempre ser estabelecidas nos resultados finais do processo e não nos meios. Ao longo dos

processos não há metas, mas sim medidas e contramedidas para as causas dos problemas.

Para a construção de uma meta, 3 pilares devem ser usados como base a fim de se obter um

conceito completo do termo: objetivo gerencial, prazo e valor. (CAMPOS, 1996)

A primeira parte da meta deve ser composta pelo objetivo gerencial. Ele irá demonstrar a

proposta a ser abordada. Essa parte geralmente é feita com um verbo no infinitivo. A segunda parte

é relativa ao valor, que pode ser expressado de forma absoluta ou percentual. A terceira parte é o

prazo. É essencial para o cumprimento do objetivo definir quando isso ocorrerá. (CAMPOS, 1996)

Algumas premissas devem ser consideradas ao se estabelecer uma meta. Segundo Campos

(2001), uma meta precisa sempre ter um valor tangível, ou seja, independentemente de suas

características de objetivos gerenciais, valores ou prazos, a meta deve ser alcançável, considerando

que a meta foi estabelecida considerando as condições normais de operação. Não se deve elaborar

metas que não possam ser alcançadas ou que seja necessário que eventos externos à organização

ocorram.

Para ser eficaz na elaboração de uma meta, devem ser considerados fatores não previsíveis,

como fator climático, quebra de equipamento, falta de funcionário - para definir adequadamente a

meta é atender as necessidades de todos os envolvidos no projeto. A maneira mais adequada

Page 48: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

46

Outra premissa pertinente é o uso do histórico do empreendimento para estipular a meta.

Dessa maneira, é possível ter parâmetros definidos de acordo com características das equipes ou

processos. Caso o empreendimento seja de concepção ímpar e não possuir um histórico de trabalho,

deve-se considerar todos os aspectos citados anteriormente com uma maior relevância.

A última premissa aborda que todos os envolvidos no empreendimento e que tenham relação

com a meta estabelecida devem entrar em consenso. Caso isso não seja feito, os esforços

necessários não serão canalizados de forma correta comprometendo o alcance do resultado final.

Quando houver discordância, é preciso abordar o problema mais uma vez e rever os parâmetros

para se chegar a uma meta em comum acordo.

3.4.1.3 Análise do Fenômeno

Essa parte do módulo PLAN aborda a investigação detalhada do problema, desvendando

todas as caraterísticas em questão por meio de coleta de dados e suas respectivas investigações.

A análise começa com o levantamento histórico das ocorrências do problema. Pode ser feito

através de análise de relatos anteriores, formais ou não. É importante entender se é um problema

novo ou se é algo recorrente. Após essa busca inicial, é preciso empregar as ferramentas específicas

de análise e melhoria de processos, a fim de estratificá-la, facilitando a atuação no problema.

(SOUZA, 1997)

A análise começa com a coleta de dados a partir da observação do problema a partir de vários

pontos de vista diferentes (estratificação). Esses pontos são os seguintes: (MELO, 2001)

1. Tempo - analisar se os resultados são diferentes em determinados períodos de

tempo. Analisar se há diferença entre os dados da manhã, tarde, noite, em dias de semanas, feriados;

2. Local - analisar se há diferença entre os resultados em diferentes locais do produto.

Considerar a possibilidade de as regiões onde os serviços atuam possuírem resultados diferentes;

3. Tipo - analisar se os resultados são diferentes a partir de diferentes produtos ou

materiais utilizados;

4. Sintoma - analisar o motivo da parada do serviço, o motivo do absenteísmo, a razão

de apresentar resultados diferentes em diferentes situações;

Page 49: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

47

Essas são algumas análises que podem ser complementadas por outras caso a organização

ache necessário. A empresa deve saber definir quais são as melhores para conseguir alcançar uma

análise clara e minuciosa do problema.

A observação do problema deve ser realizada in loco, ou seja, no próprio local do acidente.

Há possibilidade de existir evidências que não são necessariamente numéricas e que só sejam

possíveis de serem constatadas pelo aspecto visual. O ideal é o uso de câmeras fotográficas e/ ou

filmadoras para realizar registros e complementar a análise do problema, de forma a apresentar de

maneira mais clara possível. (MELO, 2001)

Para analisar o problema, algumas ferramentas podem ser usadas, como as já apresentadas

neste presente trabalho. A estratificação, por exemplo, é o agrupamento de dados relativos ao

problema de diversas maneiras (MELO, 2001). A folha de verificação é outro exemplo que também

pode ser utilizada para coleta dos dados pertinentes a um determinado problema. Por último, e não

menos importante, o gráfico de Pareto, o qual serve para hierarquizar o ataque aos problemas.

Segundo o CTE (1994), o diagrama de Pareto permite determinar prioridades entre diversos

problemas.

A utilização conjunta de variadas ferramentas possibilita que a organização destrinchar o

problema detectado, podendo identificar suas principais causas e solucioná-lo de uma maneira

eficaz.

3.4.1.4 Análise do Processo

Após a análise do problema, a análise do processo é a etapa onde são identificadas e

priorizadas as causas raízes levantadas. Segundo Campos (1996), analisar o processo é buscar as

causas mais importantes que provocam o problema.

Para que essa etapa seja feita da melhor forma possível, é preciso contar com a participação

de diversos atores, da maneira mais democrática e participativa. Com a colaboração de mais

pessoas, de diferentes cargos e que estejam envolvidas diretamente com o problema, é possível ter

uma contribuição maior para a solução, dado os diferentes pontos de vista que cada um pode

acrescentar. (MELO, 2001)

As reuniões devem seguir algumas premissas para atingir o seu objetivo da melhor maneira,

transformando a informação das pessoas que participam da reunião em conhecimento, que será

Page 50: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

48

utilizado na tomada de decisão. Essas premissas se apresentam, nesse caso, através da metodologia

de análise de causas, denominada Análise de Causa e Efeito.

Segundo Godoy (2001), essa metodologia consiste em analisar as causas e expô-las através

de um meio claro para toda a equipe envolvida. Para isso, é preciso utilizar métodos participativos,

como o Brainstorming, e expor as causas para os participantes, utilizando um diagrama de causa e

efeito, conhecido pelo nome de seu criador, Diagrama de Ishikawa.

Uma definição para esse método é: “o brainstorming é uma dinâmica de grupo em que as

pessoas, organizadamente e com oportunidades iguais, fazem um grande esforço mental para

opinar sobre determinado assunto” (GODOY, 2001, p.9). Souza (1997) também cita o

brainstorming como uma técnica de reunião em grupo, baseada nos princípios da suspensão do

julgamento, que possibilita a geração de ideias sem julgamento ou críticas.

A justificativa para o uso das ferramentas nessa etapa é que existem diversos fatores

relacionados à problemas com qualidade dentro das organizações. Dessa maneira, o Diagrama de

Ishikawa é eficaz ao organizar as causas de dispersão e organizar as relações mútuas. (ISHIKAWA,

1982)

O diagrama permite expor, de maneira clara, a meta ou problema a ser discutido, e todas as

causas elencadas durante a reunião. (MESEGUER, 1991)

3.4.1.5 Elaborar o plano de ação

O plano de ação é o produto final de toda a etapa PLAN do ciclo PDCA. Ele é elaborado para

descrever, em detalhes, o que deve ser feito para atingir a meta proposta inicialmente. O plano é

responsável por dar a dinâmica ao gerenciamento. Através dessa ferramenta é possível realizar algo

concreto e atingir o objetivo, distribuindo tarefas e responsabilidades para todos os envolvidos.

(CAMPOS, 1996)

Segundo o CTE (1994), o plano de ação deve conter tudo que deve ser executado para sanar

os principais pontos identificados na fase anterior e estabelecer procedimentos de melhorias. De

forma resumida, “trata-se do documento que descreve as metas e os passos para tirar a empresa do

estágio atual em relação à qualidade e fazê-la migrar para o estágio desejado”. (p. 84)

Conforme Barros (2001), o objetivo do plano de ação é transformar as metas em

procedimentos operacionais a serem executados possibilitando que a chance de sucesso seja

Page 51: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

49

grande. Dessa forma, as empresas devem elaborar seus planos considerando os recursos disponíveis

e características organizacionais.

Para o plano de ação ter sucesso, deve ser elaborado para todos os pontos prioritários

identificados anteriormente, ou seja, existirão diferentes medidas a serem executadas, mas todas

com o mesmo objetivo, facilitando assim o atingimento do sucesso e o gerenciamento das

atividades.

Importante ressaltar que as ações devem ser elaboradas com base nas causas fundamentais e

não sobre os efeitos, garantindo assim sua eficácia. Tratar apenas os efeitos não irá corrigir o

problema definitivamente. Além disso, também é importante considerar os possíveis efeitos

colaterais que as ações possam vir a gerar. Por último, é importante sempre pensar em diferentes

alternativas, com diversas possibilidades a serem realizadas.

Segundo CTE (1994), o plano de ação deve conter algumas informações pertinentes:

cronograma de ações, responsabilidades, recursos, acompanhamento e delegação de tarefas.

A metodologia mais indicada para construção de planos de ação, segundo Campos (1996), é

a metodologia conhecida como 5W2H, já apresentada neste presente estudo. Através dessa

metodologia, o plano de ação é elaborado usando as 7 perguntas em inglês da ferramenta:

1. WHAT (o que);

2. WHEN (quando);

3. WHO (quem);

4. WHERE (onde);

5. WHY (por que);

6. HOW (como);

7. HOW MUCH (quanto custa).

Um aspecto relevante analisado pelo CTE (1994) é sobre a dinâmica do plano de ação. É

possível que, através de avaliações recorrentes, o plano possa sofrer revisões com o objetivo de se

adequar a novos cenários, ainda mais considerando a dinâmica variável de um ambiente

organizacional.

Após o plano de ação, a etapa PLAN do PDCA está finalizada. Após o término, é iniciada a

etapa DO, onde será colocado em prática as ações planejadas.

Page 52: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

50

3.4.2 Módulo DO

A etapa DO (executar, traduzido do inglês) é o momento onde é executado todo o

planejamento elaborado e devidamente formalizado na etapa PLAN, onde foi elaborado pensando

nas características organizacionais da empresa.

De acordo com Badiru (1993), a eficiência dessa etapa está diretamente relacionada à

construção e elaboração de um plano de ação bem estruturado. Essa etapa permite que o plano de

ação seja praticado e saia do papel, de maneira gradual e organizada, permitindo a maior eficácia

das medidas a serem tomadas.

Campos (2001) divide a etapa em 2 módulos: treinamento e execução da ação. O objetivo

dessa divisão é a busca de uma maior eficiência.

3.4.2.1 Treinamento

Nessa etapa a organização deve realizar a comunicação do plano de ação para todas as

pessoas envolvidas.

A melhor maneira de realizar a divulgação é através de reuniões participativas e

colaborativas, apresentando de forma clara e objetiva as tarefas e responsabilidades de cada um,

assim como as respectivas razões e lógicas por trás de cada decisão.

Ao finalizar a comunicação, é importante identificar se não há nenhuma dúvida em relação

ao plano e que todos compreenderam o que é preciso ser feito, além de identificar se todos

concordam com as medidas propostas.

Lembrando que pelo caráter dinâmico do plano de ação, é sempre bom analisar através de

diferentes pontos de vista caso alguma sugestão surja. Dessa maneira, a eficácia na divulgação e

transmissão para os executores é mais fácil.

Os treinamentos devem ser realizados em um primeiro plano, capacitando e preparando os

participantes para a execução do plano proposto. O participante que não tiver ciência ou

treinamento do que é preciso ser feito, dificilmente obterá eficácia na realização de alguma medida

contida no plano. (CAMPOS, 2001)

Page 53: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

51

3.4.2.2 Execução da ação

Após a realização da comunicação, é possível colocá-lo em prática. Ao longo da etapa, devem

ser realizadas verificações periódicas com o objetivo de manter o controle e gerenciamento, além

de identificar possíveis dúvidas ou desvios que possam ocorrer ao longo da execução. Todos os

resultados obtidos, bons ou ruins, devem ser registrados com os dados mais relevantes, onde serão

analisados na etapa seguinte do ciclo PDCA (CHECK). (ANDRADE, 2003)

Segundo Campos (1996), um item de controle pode ser definido como item de

gerenciamento. Ele pode ser mensurado quando uma meta for estipulada, definida na etapa anterior,

ou pode ser no gerenciamento da rotina do processo. O item atua no efeito do processo, ou seja, no

resultado final gerado. (ANDRADE, 2003)

Campos (2001) exemplifica os seguintes tipos de itens de controle.

1. Qualidade: destinados a medição da qualidade de produtos finais. Podem ser usados:

número de reclamações, índice de refugo, pesquisa de satisfação, número de atendimento aos

clientes, etc.;

2. Custo: destinados à mensuração do custo através de itens como: custo unitário do

produto, custo de matéria prima, custo de produção, etc.;

3. Entrega: destinados a medição da entrega através de itens como: índice de entregas

fora do prazo, índice de entrega em localização errada, índice de entrega em quantidade errada, etc.;

4. Moral: destinados à medição da moral dos funcionários através de itens como:

turnover dos funcionários, índice de absenteísmo, número de causas trabalhistas, número de

atendimentos no posto médico, número de sugestões dadas, etc.;

5. Segurança: destinados à medição da segurança dos funcionários através de itens:

número de acidentes, índice de gravidade dos acidentes, etc..

3.4.3 Módulo CHECK

O módulo CHECK (traduzido do inglês, verificar) do ciclo PDCA é a etapa onde é realizada

a verificação das ações executadas na etapa anterior (DO). Para sua realização, é fundamental o

registro dos resultados obtidos na fase anterior. Os resultados devem ser devidamente monitorados

e formalizados.

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52

De acordo com Clark (2001), em um estudo realizado com empresas norte-americanas que

usaram o método PDCA em seus sistemas de gestão, a fase CHECK tem suma importância para a

obtenção de um resultado satisfatório. "Em um ciclo PDCA forte, a etapa CHECK/STUDY é

enfatizada”. (p. 2)

Os indicadores elaborados na etapa PLAN e monitorados na etapa DO devem ser revisados e

estudados minuciosamente, identificando se as metas foram atingidas, quais ações obtiveram os

melhores resultados e quais ficaram abaixo do esperado.

De acordo com Badiru (1993), algumas questões devem ser levantadas nessa etapa, buscando

uma análise crítica das ações executadas na etapa anterior. As questões podem ser: eficácia das

ações frente aos objetivos iniciais, grau de desvios das ações estipuladas inicialmente e efetividade

das ações para atingir os objetivos, se o problema identificado pode ser superado, se as ações

tomadas foram eficazes o suficiente para estabelecer um padrão, entre outras.

Já Melo (2001), subdivide essa etapa em três fases para uma análise mais organizada:

comparação de resultados, listagem dos efeitos secundários e verificação da continuidade ou não

do problema.

1. Comparação de resultados: segundo Melo (2001), deve-se coletar dados antes e

depois da tomada de ações, efetuada na fase anterior, a fim de identificar a efetividade das ações e

o grau de redução dos resultados indesejáveis;

2. Listagem de efeitos secundários: conforme Melo (2001), as ações executadas na

etapa DO do ciclo PDCA podem gerar efeitos secundários positivos ou negativos dentro da

organização. O ideal seria identificar essas possibilidades na primeira etapa do ciclo, mas nem

sempre é possível. Assim, é responsabilidade da organização tomar as devidas providências com

relação aos efeitos.

3. Verificação da continuidade do problema: nesta fase, caso o resultado da ação

alcance a meta estabelecida na primeira etapa do ciclo PDCA, a organização deve certificar que

todas as ações ocorreram conforme planejada inicialmente.

Em casos onde a meta não tenha sido alcançada, mesmo considerando que as ações foram

executadas da forma planejada, total ou parcialmente, há uma indicação de que a solução proposta

inicialmente foi falha. Quando isso ocorre, o ciclo PDCA deve ser realizado novamente e novas

metas, problemas e ações devem ser elaboradas com o objetivo de sanar a origem dos problemas.

Page 55: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

53

Em caso positivo, ou seja, caso a meta esperada tenha sido atingida com a execução das ações

propostas, a organização pode iniciar a última etapa do ciclo PDCA: ACT (do inglês, atuar).

3.4.4 Módulo ACT

Essa é a etapa onde é feita a padronização das ações executadas na etapa anterior (DO), onde

as eficácias foram verificadas.

As ações selecionadas devem usar como critério de seleção os resultados positivos obtidos

na etapa CHECK, no intuito de padronizá-las para que possam ser utilizadas em ocasiões

semelhantes posteriormente. (BADIRU, 1993)

O processo, de acordo com Souza (1997) e Melo (2001), tem o objetivo de elaborar um novo

padrão ou alterar o padrão anterior. A organização deverá esclarecer no novo padrão os itens

fundamentais da estrutura, ou seja, o que fazer, quem irá fazer, quando irá fazer, onde irá fazer,

como irá fazer e, o principal, porque irá fazer.

Além dos itens citados anteriormente, Souza (1997) inclui outros aspectos que devem ser

respeitados pela empresa na elaboração de seus padrões.

1. O documento deve ser redigido de forma simples, fácil compreensão e fechado a

diferentes interpretações. Recomenda-se a utilização de tabelas, fluxogramas, figuras e outros

artifícios que possam facilitar o entendimento;

2. O padrão deve ser factível, de acordo com a realidade da empresa e dentro dos

limites tecnológicos da organização. Sendo assim, todo o conhecimento técnico e administrativo

deve fluir para os padrões de forma a ser utilizado por todos os envolvidos;

3. As datas de emissão e revisão devem ser expressas de forma clara, assim como a

validade e o responsável pela elaboração e revisão, possibilitando o controle do número de revisões

e manuseio;

4. Quando possível, mecanismos à prova de falhas devem ser incorporados, de forma

que qualquer colaborador possa realizar o trabalho sem erro;

5. O padrão, sendo a base do aperfeiçoamento, deve ser periodicamente revisto e

adaptado a novas inovações.

Page 56: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

54

De acordo com (MOURA, 1997), os padrões podem ser elaborados através de duas formas

diferentes: descritivo, textual, contendo os itens citados acima ou esquemático, sendo apresentado

por fluxograma ou figuras.

Depois da elaboração dos padrões, a comunicação deve ser realizada por meio de reuniões,

circulares, e-mails, publicações em sistemas e comunicados para toda a empresa, principalmente

para os diretamente envolvidos. Melo (2001) ainda ressalta que as datas de início das novas

sistemáticas e as áreas envolvidas que serão afetadas devem ser amplamente divulgadas. Dessa

forma, quando o novo padrão entrar em vigor, todos os locais necessários estarão cientes do

acontecimento.

Finalmente, os padrões devem ser acompanhados regularmente, de modo que a empresa

possa certificar-se periodicamente se estão sendo cumpridos. A empresa deve evitar que um

problema reapareça por degeneração no cumprimento dos padrões. (MELO, 2001)

Page 57: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

55

4 ESTUDO DE CASO

4.1 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

A organização a ser estudada corresponde a uma indústria do ramo de bens de consumo não

duráveis, produtora de bebidas alcóolicas e não alcóolicas, que será referida como empresa XPTO.

Para a realização de suas atividades, a instituição XPTO possui fábricas, centros de

distribuição e Centros de Desenvolvimento de Novos Produtos (CDNP), e o presente trabalho foi

realizado especificamente em um dos CDNP, na unidade que é responsável em atender as

operações no Brasil.

O CDNP estudado é organizado nas seguintes áreas: desenvolvimento de líquidos alcoólicos,

desenvolvimento de líquidos não alcoólicos, desenvolvimento de embalagens, planta piloto e

laboratórios - responsáveis por testar os protótipos das outras áreas - e áreas de suporte, como

gestão de projetos (project management office), recursos humanos (RH), recursos financeiros,

segurança, manutenção e logística.

O objetivo desse tipo de unidade é criar novas embalagens e fórmulas de bebidas. Desse

modo, as áreas de desenvolvimento também são responsáveis por elaborar manuais que orientam

toda a empresa acerca das receitas, da fabricação - desde a produção do líquido até o envase e

empacotamento - e das inovações nos processos.

4.2 SITUAÇÃO INICIAL

Os manuais da empresa XPTO eram armazenados de forma digital em um sistema

desenvolvido pela área central de tecnologia da informação da organização. No entanto, visando

proporcionar melhorias e facilitar o acesso aos materiais, o sistema foi substituído por um novo,

chamado de Portal da Padronização (PP), que funcionava de maneira completamente distinta do

portal antigo, tanto para a consulta quanto para o envio e atualização de arquivos.

Para realizar uma transição adequada entre sistemas, a administração central da empresa

criou um plano em nível nacional de gestão da mudança com duração de 1 ano, porém ele não foi

aplicado no CDNP. Esse plano incluiu um planejamento de treinamentos na nova plataforma,

espaço para dúvidas e sugestões e migração dos manuais.

Page 58: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

56

Com a modificação, os arquivos do sistema antigo foram migrados para o novo de forma

automática para facilitar a transição, porém isso não ocorreu como o esperado, resultando em

diversos erros no conteúdo dos padrões, que deveriam ser corrigidos pelos autores de cada manual,

isto é, funcionários do CDNP estudado.

Tal transformação afetou diretamente o trabalho dos colaboradores desta unidade, que

tiveram dificuldades em se adaptar à modificação da ferramenta e não conseguiram atender à

demanda das correções e envio de novos manuais ao portal. Com isso, após um ano da

implementação do sistema, 600 padrões encontravam-se indisponíveis ou desatualizados para as

fábricas.

Além disso, os funcionários do CDNP reportavam grande dificuldade em utilizar o novo

portal, principalmente devido às frequentes instabilidades e erros, o que proporcionava retrabalho

e desmotivava os colaboradores a realizar as correções.

Tal contexto representa um problema tradicional de gestão da mudança, em que um sistema

da organização foi modificado, mas a transformação não foi incorporada pelos colaboradores.

Assim sendo, foi necessário encontrar uma solução para a situação e realizar um trabalho de

gestão da mudança tardio. Para tal, a equipe de Recursos Humanos estruturou um projeto que teve

a duração de 8 meses em que foi aplicado o método PDCA para identificar as causas do problema,

criar um plano de ação, executá-lo e checar se a situação está sendo resolvida.

4.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO PDCA

4.3.1 Primeira Etapa: Plan

A primeira etapa do método PDCA, Plan, consiste em identificar os fatores que

proporcionaram o problema e elaborar um plano de ação.

Para tal, foram realizadas três atividades: visita à uma unidade fabril para determinar os

impactos da indisponibilidade dos manuais, elaboração de um Diagrama de Causa e Efeito,

aplicação do método dos 5 Porquês e, por fim, a elaboração de um plano de ação com a ferramenta

5W2H.

Durante a visita a uma das fábricas, foram entrevistados funcionários que trabalhavam em

diversas etapas da produção e supervisores. Eles foram questionados sobre como obtinham

Page 59: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

57

informações sobre os procedimentos que deveriam ser realizados e como faziam o

acompanhamento da qualidade do trabalho. As respostas obtidas foram de que tentavam acessar os

manuais pelo Portal da Padronização, porém, se não os encontrassem buscavam as versões

anteriores que existiam na rede da própria fábrica. Em último caso, os colaboradores recorriam a

funcionários mais antigos e experientes, em quem confiavam deter os conhecimentos.

Tal situação demonstra a inconsistência no processo produtivo que a indisponibilidade dos

manuais gerou, principalmente se for considerado que os produtos da organização XPTO são

fabricados em diversas unidades pelo Brasil, o que gerava potencial para grandes problemas na

garantia do padrão de qualidade.

Em seguida, foi elaborado o Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama

de Ishikawa, demonstrado no gráfico 6.

Gráfico 6: Diagrama de Ishikawa do CDNP

Fonte: Elaboração própria, 2021

Primeiramente, foi identificado o problema da instabilidade de 600 manuais do CDNP. Em

seguida, foram buscadas as possíveis causas para essa situação e foram encontrados pontos em

duas categorias. Na categoria de Máquina, identificou-se que o sistema de padronização ainda não

era confiável, enquanto na categoria de Mão-de-Obra, foi observado que os funcionários tinham

dificuldades em utilizar o portal e não priorizavam a correção dos manuais.

Page 60: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

58

No entanto, esses fatores poderiam não ser as causas raiz do problema encontrado na

organização, então para avançar na investigação foi utilizada a ferramenta dos 5 Porquês,

representada no quadro 3:

Causa do

Diagrama de

Ishikawa

1º Porquê 2º Porquê 3º Porquê 4º Porquê 5º Porquê

O novo sistema

permanecia instável

após 1 ano da

implementação

O portal ainda está

sendo ajustado

Não foram previstos

todos os erros que o

portal estava

apresentando e a

equipe responsável por

solucioná-los não

consegue atender à

demanda

Muitos erros são

descobertos à medida

que os funcionários da

empresa,

principalmente do

CDNP, utilizam o

portal e a equipe que

atende aos chamados

de erro é pequena e

precisa atender a todo

o Brasil

A quantidade de

solicitações é muito

grande e muitos dos

chamados gerados são

erros semelhantes, o

que gera retrabalho da

equipe de suporte em

ajudar/responder todos

Cada funcionário cria suas

próprias solicitações para

ajuda com o portal de

padronização, sem saber

como seus pares já

resolveram problemas

semelhantes

Os funcionários do

CDNP têm

dificuldades em usar o

novo portal

Os funcionários

acham o novo

portal muito

complicado

Os funcionários do

CDNP apresentam

resistência ao novo

portal

Os funcionários do

CDNP não sabem

usar o novo portal

Os funcionários do

CDNP não receberam

treinamento sobre

como usar o novo

portal

A etapa de treinamentos do

plano de implementação do

novo portal não foi

executada no CDNP pela

área de recursos humanos

Os funcionários do

CDNP não priorizam

a correção dos

manuais

Os funcionários

têm muitas outras

atividades para

cumprir e

resultados para

entregar

Outras atividades são

priorizadas, em

detrimento do ajuste

dos padrões

A priorização foi

definida pelos

gerentes das áreas

Há metas a serem

alcançadas pelas áreas

e a solução do

problema dos padrões

não é uma delas

As metas das áreas eram

definidas anualmente em

conjunto com o diretor do

CDNP, porém o problema

de padronização não foi

comunicado a ele e nenhum

acompanhamento dessa

questão estava sendo feito

Quadro 3: 5 Porquês do CDNP

Fonte: Elaboração própria, 2021

A partir dessa ferramenta, chegou-se à conclusão que as causas raiz eram as encontradas na

coluna do 5º Porquê, ou seja:

● Cada funcionário cria suas próprias solicitações para ajuda com o portal de padronização,

sem saber como seus pares já resolveram problemas semelhantes;

● A etapa de treinamentos do plano de implementação do novo portal não foi executada no

CDNP pela área de recursos humanos;

● As metas das áreas eram definidas anualmente em conjunto com o diretor do CDNP, porém

o problema de padronização não foi comunicado a ele e nenhum acompanhamento dessa

questão estava sendo feito.

Page 61: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

59

Dessa forma, com a aplicação das ferramentas de investigação de causas raiz, é possível

identificar as razões para a falha na gestão da mudança que são apontadas por Kotter (2012).

Primeiramente, fica evidente que não foi estabelecido um senso de urgência na organização para

realizar a transição entre os sistemas de padronização, o que demonstra um erro do tipo “Permitir

muita benevolência”. Além disso, não foi dada a devida importância à necessidade de realização

de uma transição, gestão da mudança e treinamento dos funcionários, não havendo visão dos

impactos negativos que isso poderia causar, o que caracteriza um erro de “Não dar importância ao

poder da visão”. Por fim, a falta de comunicação entre os funcionários do CDNP, que gerou

solicitações de ajuda repetidas e sobrecarregou o time de Tecnologia da Informação (TI), somada

à falta de alinhamento entre as áreas e o diretor da unidade para a definição de metas e informá-lo

sobre o problema da padronização indicam um erro de “Não formar uma equipe condutora forte”.

Com isso, é sintetizado no quadro 4 que a falta de gestão da mudança resultou nos seguintes

erros apontados por Kotter (2012):

Erro (KOTTER, 2012) Causa

Permitir muita benevolência

Falta de senso de urgência, devido a:

● A etapa de treinamentos do plano de implementação do novo

portal não foi executada no CDNP pela área de recursos humanos

● As metas das áreas eram definidas anualmente em conjunto

com o diretor do CDNP, porém o problema de padronização não

foi comunicado a ele e nenhum acompanhamento dessa questão

estava sendo feito

Não dar importância ao poder da visão ● A etapa de treinamentos do plano de implementação do novo

portal não foi executada no CDNP pela área de recursos humanos;

Não formar uma equipe condutora forte

● Cada funcionário cria suas próprias solicitações para ajuda com

o portal de padronização, sem saber como seus pares já

resolveram problemas semelhantes;

● As metas das áreas eram definidas anualmente em conjunto

com o diretor do CDNP, porém o problema de padronização não

foi comunicado a ele e nenhum acompanhamento dessa questão

estava sendo feito

Quadro 4: 5 Síntese dos erros na gestão da mudança e causas

Fonte: Elaboração própria, 2021

Page 62: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

60

Assim, com base nos problemas raiz, foi possível definir soluções, representadas no quadro

5, que tratassem cada um desses obstáculos:

5º Porquê Solução

Cada funcionário cria suas próprias solicitações para

ajuda com o portal de padronização, sem saber como

seus pares já resolveram problemas semelhantes

Definir uma pessoa para ser o ponto focal de centralização dos

problemas com o portal no CDNP para auxiliar a equipe de

suporte técnico do sistema a priorizar e acelerar as soluções para a

unidade

A etapa de treinamentos do plano de implementação

do novo portal não foi executada no CDNP pela área

de recursos humanos

Criar um plano de treinamento para apresentar a ferramenta,

capacitar os funcionários e desmitificar estigmas criados

As metas das áreas eram definidas anualmente em

conjunto com o diretor do CDNP, porém o problema

de padronização não foi comunicado a ele e nenhum

acompanhamento dessa questão estava sendo feito

1. Criar um fórum para discutir o problema da padronização nos

níveis mais altos da hierarquia da unidade (diretor e gerentes)

2. Criar planos de ação com as áreas para corrigir os padrões com

erro

3. Criar metas, indicadores e um acompanhamento periódico da

evolução das áreas na solução do problema da padronização

Quadro 5: 5 Porquês do CDNP com soluções

Fonte: Elaboração própria, 2021

Em seguida, foi possível realizar a próxima etapa do Plan do PDCA e criar um plano de ação

para a gestão da mudança. Para isso, foi utilizada a ferramenta 5W2H, representada no quadro 6:

Page 63: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

61

5W 2H

O quê? (What?) Porque? (Why?) Onde?

(Where?) Quem

(Who?) Quando

(When?) Como? (How?)

Quanto

custa?

(How

much?)

Definir ponto focal de

centralização dos

problemas com o

portal de padronização

no CDNP

É relevante para auxiliar

a equipe de suporte

técnico do sistema a

priorizar e acelerar as

soluções para a unidade

Área de

RH Gerente

de RH em 1 dia

Identificar quem detém

maior conhecimento da

ferramenta e estará

habilitado a filtrar,

organizar e consolidar as

demandas

HH

Criar um plano de

treinamento sobre o

portal de padronização

e executá-lo

É relevante para

apresentar a ferramenta,

capacitar os funcionários

e desmitificar estigmas

criados

Todas as

áreas do

CDNP

Gerente

de RH e

Estagiária

de RH

em 2

meses

O plano deve incluir:

- treinamentos

emergenciais, presenciais

e de forma remota (para

os funcionários que

estiverem viajando)

- treinamentos a serem

incluídos no processo de

integração dos novos

funcionários

HH

Criar um fórum para

discutir o problema da

padronização nos

níveis mais altos da

hierarquia da unidade

(diretor e gerentes)

É relevante para manter

a discussão atualizada e

o diretor informado

sobre a evolução da

solução dos problemas e

o surgimento de novos

Sala de

Reunião

Gerentes

e diretor

do CDNP

em 1

semana

Avaliar se a pauta será

incluída na reunião

semanal dos gerentes

com o diretor ou se uma

nova reunião será criada

somente para esse

assunto

HH

Criar planos de ação

com as áreas para

corrigir os padrões

com erro

É relevante para planejar

a solução dos problemas

com os padrões já

existentes no portal de

padronização

Sala de

Reunião

Gerente

de RH e

gerentes

das áreas

afetadas

em 2

semanas

A partir da realidade de

funcionamento de cada

área, a Gerente de RH

deve auxiliar o gerente de

cada área a criar um

cronograma para

solucionar os problemas

com padrões antes da

auditoria final do ano

HH

Criar metas,

indicadores e um

acompanhamento

periódico da evolução

das áreas na solução do

problema da

padronização

É relevante para

acompanhar o progresso

da solução das

pendências com padrões

e dar visibilidade do

trabalho para toda a

unidade

Área de

RH

Gerente

de RH e

Estagiária

de RH

em 1

semana

Criar um painel em excel

com os indicadores

semanais extraídos do

portal por área e enviar

os resultados por email

para toda a unidade

HH

Quadro 6: Plano de ação com ferramenta 5W2H

Fonte: Elaboração própria, 2021

Page 64: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

62

Um ponto importante a ser ressaltado é que os tempos de execução das tarefas, definidos na

coluna “Quando?” foram estabelecidos com base na experiência da equipe de Recursos Humanos

em elaboração de planos de ação e tendo o limite de que todos os problemas deveriam estar

solucionados antes da auditoria ao final do ano, que ocorria em dezembro, para avaliar se a unidade

teria alcançado as metas, inclusive em relação aos manuais pendentes.

Além disso, o custo de cada ação foi estabelecido como o de homem-hora (HH) para os

recursos determinados como responsáveis pela execução das tarefas.

A partir da elaboração do plano de ação, com o detalhamento das atividades, motivação,

responsáveis, prazo e custos, foi finalizada a etapa de Plan do PDCA.

4.3.2 Segunda Etapa: Do

A segunda etapa do método PDCA, Do, consiste em executar o plano de ação elaborado na

etapa anterior.

A primeira atividade listada no 5W2H, “definir ponto focal de centralização dos problemas

com o portal de padronização no CDNP”, foi executada pela gerente de RH dentro do prazo

estipulado. Foi identificado que a estagiária de RH detinha o maior conhecimento sobre o

funcionamento do Portal da Padronização e, portanto, ela foi escolhida para ser o ponto focal da

unidade.

Outra atividade presente no planejamento era “criar um plano de treinamento sobre o portal

de padronização e executá-lo”, que foi executada pela gerente e estagiária de RH dentro do prazo

definido. Para o cumprimento dessa etapa, foram elaborados escopos de treinamentos a partir do

que era relevante para cada área e nível de funcionário aprender sobre o Portal da Padronização e

a aplicação das capacitações foi dividida em 2 frentes: treinamentos emergenciais e treinamentos

para novos colaboradores. No que tange os treinamentos emergenciais, foi elaborado um

cronograma que envolveu sessões presenciais e virtuais, uma vez que muitos colaboradores

viajavam a trabalho e seria um desafio encontrar horários em que todos os funcionários de uma

mesma área e nível estivessem presentes. Em relação às capacitações para os novos colaboradores,

foi desenvolvido um escopo específico para o treinamento geral de integração pelo qual todos os

funcionários recém contratados passam na primeira semana na empresa, porém que antes desse

trabalho de gestão da mudança não abordava o sistema de padronização. Essa tarefa teve como

Page 65: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

63

objetivo capacitar os colaboradores a utilizar a ferramenta, mas principalmente romper a

preconcepção e resistência de que o novo sistema era difícil e inadequado, que surgiu com a falta

de conhecimento.

Além dessas atividades, também foi planejada a tarefa de “criar um fórum para discutir o

problema da padronização nos níveis mais altos da hierarquia da unidade (diretor e gerentes)”. Sua

motivação foi o fato de o diretor do CDNP só ter sido informado do problema de padronização

quando foi atingido um grau crítico, ao passo que nenhum esforço estava sendo dedicado para sua

solução. Assim, foi criada uma atividade que focasse em criar uma comunicação contínua entre os

líderes das áreas e da unidade como um todo para que todos se mantivessem alinhados sobre o

tema e acompanhassem sua evolução. Com isso, decidiu-se que a pauta sobre a padronização seria

inserida na reunião gerencial que ocorria uma vez por semana com todos os gerentes e o diretor. A

atividade também foi realizada dentro do prazo estipulado.

Outra ação definida no planejamento foi a de “criar planos de ação com as áreas para corrigir

os padrões com erro”, que foi realizada pela gerente de RH e gerentes das outras áreas afetadas e

cumpriu o prazo determinado. Essa tarefa consistiu em fazer um levantamento exato de todos os

padrões pendentes por área para dimensionar os esforços necessários e criar um planejamento para

atuar na correção dos manuais. Algumas áreas optaram por distribuir igualmente a quantidade de

arquivos a serem ajustados entre seus membros, enquanto outras decidiram delegar essa tarefa para

somente um colaborador que seria liberado de todas as outras funções. A partir da definição da

forma de trabalho, foi estipulado um cronograma para cada área, que era limitado pela previsão de

auditoria anual que ocorreria ao final do ano.

A última ação listada foi a de “criar metas, indicadores e um acompanhamento periódico da

evolução das áreas na solução do problema da padronização”, que foi atribuído à gerente e

estagiária de RH e foi realizado dentro do tempo previsto. Essa atividade estava alinhada com a

cultura de metas da organização e constitui-se em estabelecer os objetivos, métricas, meios de

comunicação da mudança no valor alcançado nas métricas e frequência dos informes. Assim, foi

definido que a meta era de 100% de todos os padrões ajustados e aprovados pelos gerentes no portal

da padronização antes da auditoria no final do ano e os indicadores, representados quadro 7, seriam

acompanhados pelo RH e comunicado para todas as áreas por email toda sexta-feira:

Page 66: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

64

Área Total de

Manuais Manuais

Pendentes % Manuais

Pendentes

Comparação de

Pendências com a

Semana Anterior

Desenvolvimento de Embalagens 10 2 20% -10%

Desenvolvimento de Líquidos

Alcoólicos 10 2 20% +10%

Desenvolvimento de Líquidos Não

Alcoólicos 10 2 20% 0%

Gestão de Projetos 10 2 20% -10%

Laboratórios 10 2 20% -10%

Logística 10 2 20% -10%

Manutenção 10 2 20% -10%

Planta Piloto 10 2 20% -10%

Recursos Financeiros 10 2 20% -10%

Recursos Humanos 10 2 20% -10%

Quadro 7: Acompanhamento semanal de indicadores da padronização com dados fictícios

Fonte: Elaboração própria, 2021

Além de permitir o acompanhamento da evolução da solução de problemas, essa ação

também proporcionou saber quando a questão da padronização estivesse sanada e permitir que as

áreas vislumbrassem quando estivessem no caminho correto, ou seja, promovia que mais dois erros

de gestão da mudança evidenciados por Kotter (2012) fossem evitados: “Declarar vitória antes da

conclusão” e “Não comemorar pequenas conquistas”.

Os dados apresentados acima são fictícios apenas para esclarecimento dos indicadores. A

cor vermelha indicava não adequação ao objetivo de solucionar os manuais pendentes e marcava

alterações diferentes de queda na coluna de comparação com o resultado anterior da área e

quantidade de manuais pendentes diferente de zero na coluna de pendências. Esta tarefa estava

diretamente relacionada à etapa de Check do PDCA, que será apresentada a seguir.

4.3.3 Terceira e Quarta Etapas: Check e Act

A terceira etapa do método PDCA consiste em verificar os resultados obtidos na fase Do e

analisar se o trabalho está sendo realizado da maneira esperada.

Page 67: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

65

Já a última etapa do método, Act, corresponde a, com base nas verificações realizadas na fase

de Check, realizar ajustes no planejamento (Plan) e realizar o ciclo PDCA novamente se necessário.

No estudo de caso em questão, o Check ocorreu de um jeito concomitante com a etapa

anterior, ou seja, a checagem foi feita ao longo da aplicação das atividades de mudança propostas

no plano de ação. Após, foi realizada a etapa de correções e adaptações no plano e, para efeitos de

esclarecimento, serão apresentadas nesta mesma seção.

No que tange as tarefas de definição de um ponto focal de centralização dos problemas com

o portal de padronização no CDNP e a inserção da pauta da padronização na reunião semanal com

os gerentes e o diretor, não houveram obstáculos, principalmente por esta última ser de grande

interesse do líder da unidade de ser atualizado constantemente sobre a evolução do problema da

padronização - houve a preocupação de corrigir a falha de “Não formar uma equipe condutora

forte”.

Por outro lado, a ação de treinamentos encontrou dificuldades em sua realização para a

aplicação às sessões de capacitação, que tiveram pouca aderência dos colaboradores em um

primeiro momento. Com isso, a fim de evitar a perpetuação do erro de “Não dar importância ao

poder da visão”, a situação foi levada para discussão na reunião com os gerentes e o diretor e os

treinamentos foram priorizados na unidade, garantindo o cumprimento da ação.

Já a ação de definição de metas, indicadores e comunicação dos mesmos para a unidade não

encontrou dificuldades e teve efeitos positivos, integrando todos na discussão da situação e

motivando as áreas a melhorarem seus resultados.

Em relação ao planejamento das áreas para correção dos manuais, foi identificado que

algumas áreas, apesar de terem definido um cronograma para realizar os ajustes nos arquivos, não

estavam apresentando nenhum avanço pelos indicadores que eram enviados semanalmente a todos

da unidade. A equipe do RH decidiu, então, se reunir com as pessoas que ficaram responsáveis

pelos trabalhos para entender a situação e foi observado que havia ainda um conflito e sobrecarga

de atividades, isto é, os funcionários ainda estavam designados às suas tarefas cotidianas e foram

designados à função adicional de solucionar as questões relacionadas aos manuais. Foi necessário,

assim, realizar um novo alinhamento com os líderes e colaboradores dessas áreas para alinhar as

expectativas, cargas de trabalho e esforço necessário para dedicar a cada um dos afazeres e

certificar que todos fossem concluídos sem prejudicar os funcionários. Com isso, foram elaborados

novos cronogramas para esses setores, mas ainda mantendo o prazo limite da auditoria.

Page 68: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

66

4.3 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MÉTODO PDCA

Ao final da aplicação do método PDCA foi possível identificar se as mudanças ocorreram e

se o problema foi solucionado.

Primeiramente, a unidade foi auditada ao final do ano fiscal em que o trabalho de gestão da

mudança foi realizado e conseguiu bater a meta de 100% dos manuais indisponíveis estarem

ajustados no novo portal, alcançando a nota máxima na auditoria de gestão.

Além disso, com a definição de um ponto focal para a centralização dos problemas no

sistema, foi possível identificar oportunidades de melhoria no mesmo, que possivelmente não

seriam notadas em meio a tantas solicitações que chegam para a equipe de TI, mas que com a

existência de um canal direto foi viável.

No que tange os treinamentos sobre a plataforma, a área de RH não obteve sucesso em treinar

100% dos colaboradores da unidade, treinando apenas 90% devido à dificuldade de conciliar

horários. Apesar disso, foi considerado um resultado positivo uma vez que a resistência dos

funcionários foi reduzida consideravelmente e passaram a ser capazes de utilizar o Portal da

Padronização sozinhos.

Em relação ao acompanhamento e envio semanal dos indicadores de performance de

padronização, não era mais necessário enviar por e-mail visto que isso foi feito com o objetivo de

engajar toda a unidade na discussão e evidenciar os avanços (ou falta de avanço) das áreas na

solução da questão. Assim, a área de RH continuou fazendo o acompanhamento desses indicadores

e publicando em uma rede interna, de forma que ficaria disponível para os setores consultarem os

seus status.

Assim como os indicadores ocorreu com a pauta de padronização na reunião com gerentes e

o diretor, não seria mais necessário abordá-la toda semana uma vez que o período de crise havia

passado. Assim, foi definido que o tópico seria abordado uma vez por mês para atualização.

Page 69: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

67

5 ANÁLISE CRÍTICA E PROPOSTAS PARA PESQUISAS FUTURAS

O caso estudado teve resultados positivos com a aplicação do método PDCA. No entanto,

durante sua realização foram encontradas algumas limitações.

Uma das barreiras encontradas foi o fato de a equipe de Recursos Humanos do CDNP,

responsável pela execução gestão da mudança, ser formada por apenas duas pessoas à época - uma

gerente e uma estagiária -, o que proporcionou a duração de 8 meses do projeto como um todo, mas

que poderia ter sido realizado em menos tempo se houvessem mais pessoas para dividir tarefas

tanto desse tema quanto de rotinas da área. Inclusive, nesse caso era recomendável que a correção

da gestão da mudança ocorresse em menos tempo devido à urgência de se manter a qualidade na

empresa.

Outra adversidade encontrada foi relacionada a dar importância ao poder da visão (KOTTER,

2012) durante o processo. Foi necessário discutir dificuldades na execução das ações com

representantes da alta hierarquia da unidade para assegurar a aderência nos treinamentos e

cumprimento dos cronogramas de correção dos manuais, o que gerou mal-estar entre os

funcionários, que se sentiram reportados para seus chefes. Apesar disso, essa comunicação com

gerentes e o diretor foi planejada pelo RH e já havia considerado os potenciais impactos no resto

da unidade. Com isso, as consequências negativas repercutiram menos do que as positivas do

cumprimento do plano de ação.

Assim, a partir da discussão do método, seus resultados e limitações, este trabalho convida à

realização de futuras pesquisas que utilizem a metodologia PDCA para a gestão da mudança em

outros cenários e mercados, para que ela possa ser testada em outros contextos.

Além disso, também seria válida a aplicação da ferramenta A3 no estudo de caso durante o

uso do PDCA. Essa técnica é um método de solução de problemas visual em que o ciclo PDCA de

um projeto é ilustrado em uma folha A3, o que facilita o entendimento dos problemas por todos os

envolvidos e, assim, estimula a comunicação entre eles. (BARBIERI et al., 2018)

Page 70: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

68

6 CONCLUSÃO

É possível depreender que realizar transformações é indispensável para que as empresas se

mantenham competitivas e, não somente transformar, mas saber orientar as mudanças para o

desenvolvimento das organizações e para que os impactos desses processos sejam positivos.

Por outro lado, adaptar-se às novas realidades são grandes desafios e os casos de insucesso

são frequentes. Resistência à mudança e os erros apresentados por Kotter (2012) são obstáculos

que gestores encontram, porém há meios e ferramentas de planejar as transformações e sobrepor

as adversidades.

A Teoria da Qualidade Total foi desenvolvida com o objetivo de promover a melhoria

contínua ao longo dos processos das organizações, ao contrário do que era feito tradicionalmente,

isto é, apenas inspecionar os produtos na fase final. Assim, todos os stakeholders e níveis

hierárquicos foram envolvidos e responsabilizados pela satisfação do consumidor. A qualidade

passou a ser entendida, dessa forma, como um processo global.

Com isso, foram desenvolvidas ferramentas para auxiliar o controle dos processos para

maior aderência às especificações e expectativas, entre elas o ciclo PDCA, que surge como um

método simples, cujo objetivo é identificar e implementar melhorias na qualidade de um produto

ou processo e deve ser executado envolvendo diferentes colaboradores.

Dessa forma, tornou-se possível utilizar o ciclo PDCA em diferentes contextos para a

promoção de melhorias e solução de problemas, como no contexto da gestão da mudança, assim

como se propôs neste trabalho.

O estudo apresentado teve o objetivo de apresentar como as transformações podem ser

geridas em uma empresa por meio da utilização do método PDCA. Para tal, foram introduzidos os

conceitos de gestão da mudança e Teoria da Qualidade Total para preparar o leitor para a discussão

abordada no estudo de caso.

Na situação real analisada, foi observado um cenário em que uma mudança na organização

não foi gerida de forma adequada, consequência de falhas tradicionais já discutidas por Kotter

(2012) e resistência às transformações que não foram endereçadas, que impactou a empresa de

forma negativa e, de forma a reverter essa condição e realizar a gestão da mudança de fato, foi

utilizado o método PDCA.

Page 71: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

69

O estudo obteve como resultado a realização da gestão da mudança de forma definitiva para

esse caso, uma vez que os erros de Kotter (2012) identificados na situação inicial foram

solucionados, assim como a resistência ao novo sistema foi superada. Portanto, validou-se a

hipótese H1: fazer a gestão da mudança minimiza os impactos negativos de uma transformação nas

organizações.

Além disso, devido às etapas do ciclo PDCA, foram aplicadas ferramentas para identificação

das causas raízes, ao invés de criar um plano de tratamento apenas para os problemas que a

organização estava enfrentando na rotina - que eram, na realidade, sintomas dos fatores raiz e se

fossem dedicados esforços a eles, a situação não mudaria permanentemente. Dessa maneira,

também foi validada a hipótese H2: a metodologia PDCA permite a identificação dos problemas

reais e o tratamento correto dos mesmos.

No que tange a terceira hipótese (H3) levantada pelo trabalho, de que a análise do estudo de

caso evidenciará que o método do PDCA é um método eficaz para realizar a gestão da mudança,

pode-se afirmar que também foi validada uma vez que a aplicação da metodologia promoveu a

solução do problema principal da organização, que foi a gestão da mudança e a inserção de 100%

dos manuais pendentes no Portal da Padronização.

Por fim, conclui-se que o projeto de graduação cumpriu com seu objetivo principal:

demonstrar como a gestão da mudança pode ser realizada utilizando a metodologia PDCA e seus

objetivos específicos por meio de cada capítulo.

Page 72: GESTÃO DA MUDANÇA ATRAVÉS DO MÉTODO PDCA: ESTUDO …

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