Fundamentos e Conceitos da QualidadeAula 02

Os gurus da qualidade

Objetivos Específicos• Reconhecer os principais gurus da qualidade e seus legados

Temas

Introdução

1 William Edwards Deming

2 Joseph M. Juran

3 Armand V. Feigenbaum

4 Kaoru Ishikawa

5 Outros gurus

Considerações finais

Referências

ProfessorJulio Takeshi Ueno

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Introdução

Nesta aula, serão apresentados os chamados gurus da qualidade, estudiosos e especialistas que contribuíram de maneira fundamental com a evolução da abordagem da qualidade, no meio corporativo. Dos diversos estudiosos que contribuíram ao longo do tempo para a evolução do conceito da qualidade e sua aplicação nas organizações, vamos apresentar alguns dos mais famosos, cujos exemplos de suas contribuições podem ser encontrados no cotidiano das empresas.

Esse texto mostra de forma resumida algumas das principais contribuições dos chamados “gurus da qualidade”.

Para entender um pouco mais sobre a importância dos principais gurus da qualidade, acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem e leia as páginas 14 a 24 do referido livro:

Pearson Education do Brasil. Gestão da Qualidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011..

1 William Edwards Deming

Físico americano, aluno de Shewhart, conhecido por seus trabalhos junto a JUSE (União Japonesa de Cientistas e Engenheiros). Já famoso por seus estudos de aplicação estatística e aprimoramento dos conceitos de Controle Estatístico de Processo (CEP), Deming é considerado um dos maiores responsáveis pela sensibilização dos empresários da indústria japonesa durante o pós-guerra, para a qualidade, como fator estratégico para o aumento da produtividade e redução e perdas no processo.

Uma das formas de representação criadas por Deming mais reconhecidas na gestão da qualidade é o conceito de corrente de clientes: em cada estágio do processo, existe a relação entre cliente interno e fornecedor interno, até chegar ao cliente final. Suas contribuições tornaram-se famosas nos Estados Unidos, na década de 70, junto com o sucesso alcançado pela indústria japonesa. Na década de 80, já com mais de 80 anos, publicou o livro “Out of the Crisis” (em português, “Qualidade: a revolução da administração”) em que popularizou os 14 pontos gerenciais do método Deming, que inclui, dentre outros aspectos, estabelecer a constância do propósito de melhorar produtos e serviços, como forma de manter a empresa competitiva; acabar com a dependência da inspeção em massa; eliminar barreiras entre departamentos e instituir um sólido programa de treinamentos.

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Para ler sobre os 14 pontos gerenciais do método Deming, acesse a Midiateca e leia as páginas 14 a 16 do referido livro:

Pearson Education do Brasil. Gestão da Qualidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011.

Muitos autores, como Maximiliano (2000), atribuem a Deming a popularização do ciclo P-D-C-A, criado por Shewhart.

A figura ilustra o Ciclo P-D-C-A, indicando 4 fases:

Plan (estudar um processo e planejar seu aprimoramento);

Do (implementar a mudança);

Check (observar os efeitos);

Act (estudar os resultados).

Finalizado o 4º passo (Act), o ciclo se reinicia, desta vez, com o conhecimento acumulado e desempenho superior.

Apesar de não ter sido o criador do termo qualidade total, suas ideias contribuíram muito com os conceitos divulgados por outros gurus da qualidade.

2 Joseph M. Juran

Engenheiro romeno, formado nos EUA, conhecido inicialmente por seus trabalhos em controle estatístico de processo. Responsável pelo conceito de qualidade de “adequação ao uso”, Juran publicou “Juran’s Quality Handbook”, em 1951. Assim como Deming, suas ideias tiveram aplicação prática, principalmente no Japão, durante o pós-guerra.

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Apesar da formação técnica, Juran se notabilizou, diferentemente de Deming e Shewhart, por aplicar uma abordagem menos focada em estatística e mais próxima de aspectos gerenciais, enfatizando a importância do planejamento para a qualidade e analogias com o planejamento financeiro, assim como entre o controle de qualidade e o controle financeiro. Outro fator de destaque são seus estudos sobre os custos da qualidade, em que poderiam ser classificados como custos da qualidade evitáveis e não evitáveis.

3 Armand V. Feigenbaum

Americano, foi diretor mundial de produção na General Eletric e presidente da ASQC (Sociedade Americana para Controle de Qualidade). Em 1961, Feigenbaum apresentou uma série de conceitos referentes à qualidade, ao qual denominou Controle de Qualidade Total (TQC, em inglês).

Para Feigenbaum, a qualidade deveria ser estabelecida pelo cliente – e não por engenheiros ou projetistas – e deveria ser abordada como um conjunto total de elementos, sejam de marketing, custo, engenharia, manufatura, serviços, entre outros aspectos. Feigenbaum considerava que, ao tratar a qualidade sob a abordagem da inspeção, a organização se limitava a avaliar o atendimento à especificação do produto, em detrimento de todas as demais operações e recursos envolvidos na organização, e que deveriam ser considerados para uma abordagem adequada da qualidade. Assim, Feigenbaum foi responsável também pela criação do termo Sistema da Qualidade, em que todos os aspectos necessários à qualidade total necessitavam ser compreendidos como partes integrantes de um sistema, administradas uma coordenação da qualidade, responsável por assegurar a satisfação do cliente final.

4 Kaoru Ishikawa

Engenheiro japonês, para muitos autores, foi um dos principais responsáveis pela aplicação de conceitos da qualidade, no Japão, apresentados principalmente por Feigenbaum e Deming.

Para Ishikawa, o desenvolvimento de técnicas e princípios da qualidade, no Japão, teve origem no próprio país, em que posteriormente coincidiram com diversos conceitos apresentados principalmente por Feigenbaum, nos Estados Unidos.

Ishikawa, além de criador da ferramenta da qualidade diagrama de Ishikawa (também chamado de diagrama de espinha de peixe ou diagrama de causa e efeito), destacou-se pela implantação dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ) no Japão. Os círculos de controle de qualidade, na concepção original de Ishikawa, são equipes multifuncionais que se reúnem sistematicamente, para implantar trabalhos de melhorias, seja para eliminar problemas ou aumentar a produtividade na manufatura. Suas ideias e contribuições de forma geral, aplicam-se ao mesmo conceito de qualidade total, o qual Ishikawa denominava de company wide quality control.

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5 Outros gurus

Deming, Juran, Feigenbaum e Ishikawa são reconhecidamente estudiosos fundamentais, para o estabelecimento do conceito da qualidade e de ideias que compõem a qualidade total, seja a versão americana ou a versão japonesa de qualidade total. Coincidentemente, todos esses gurus apresentaram trabalhos nas mesmas décadas, com positivos impactos no desempenho das indústrias, principalmente, nas décadas após a segunda guerra mundial.

Obviamente, diversos outros especialistas contribuíram para a evolução da qualidade, na mesma época. Nesta seção, vamos apresentar resumidamente alguns outros estudiosos famosos, frequentemente citados nos estudos referentes à qualidade.

Walter A. Shewhart: estatístico americano, pesquisador da Bell Telephone. Shewhart viveu no período em que a indústria já era caracterizada pela produção em massa. Pioneiro nos estudos de variabilidade de processo, na década de 20, já publicava estudos associados à qualidade com o uso de conceitos de estatística. O alto volume de produção não permitia a inspeção de 100% dos produtos de cada lote produzido pelas empresas. Shewhart foi responsável pela difusão da aplicação estatística para aplicação de inspeção e análise de resultados e é considerado o criador da carta de controle, em 1924. Seus métodos estatísticos foram amplamente adotados, para inspeção na indústria bélica, pelas forças armadas americanas, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi desenvolvedor de sistemas de mensuração denominados CEP (controle estatístico de processo) e aprimorados posteriormente por um de seus alunos, William Edwards Deming, considerado outro dos gurus da qualidade. Outra contribuição relevante e presente nas organizações, até hoje, foi a criação do ciclo P-D-C-A (“Plan-Do-Check-Act” ou ciclo de Shewhart), constante em diversas aplicações na gestão da qualidade e em outros sistemas, como na gestão ambiental e gestão de segurança e saúde ocupacional.

Genichi Taguchi: engenheiro têxtil japonês, reconhecido por ideias bastante inovadoras e pelo foco de seus estudos sobre qualidade em projeto do produto, responsável pelo conceito de qualidade relacionada à perda que um produto causa para sociedade. Segundo Taguchi, a qualidade deve ser incorporada ao produto desde seu projeto. Reconhecido por seus conceitos de Projeto Robusto, conforme Taguchi, o produto deve ser projetado de forma a prevenir contra fatores ambientais não controláveis. Os custos da qualidade devem ser medidos em função de desvios de desempenho do produto, ou seja, custos de retrabalho, inspeções, devoluções e garantias pagas.

Philip Crosby: americano, responsável pelas ideias de qualidade “Fazer certo pela primeira vez” e de que o desempenho aceitável para a qualidade é o zero defeito. Responsável pela compreensão de qualidade como “conformidade a requisitos”. Crosby fundou, em 1979, o Quality College, organização responsável por ampla divulgação e realização de seminários e palestras sobre gestão da qualidade em diversos países.

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Vicente Falconi: engenheiro brasileiro, consultor fundador da INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial), difundiu TQC japonês no Brasil, em conjunto com engenheiros da JUSE. Falconi, como é conhecido, é considerado o principal nome da qualidade no Brasil, fez parte da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (2001) do Governo Federal e reconhecido pela American Society for Quality como “Uma das 21 vozes do Século 21”.

Dentre diversos trabalhos de consultoria no Brasil, estão incluídos serviços para organizações como CSN, Gerdau, AmBev e parceria com o governo de Minas Gerais, em 2003, dentre outras parcerias.

Para saber como o consultor Vicente Falconi ajudou a forjar a cultura de eficiência de empresas como AmBev e Gerdau, acesse o link disponível na Midiateca e leia a matéria “O guru do Brasil”.

Considerações finais

Deming, Juran, Ishikawa e Feigenbaum são reconhecidamente os principais gurus da qualidade, em que suas ideias e práticas são influentes até hoje, no que se refere à qualidade e gestão da qualidade, denominada por Feigenbaum e Ishikawa como qualidade total.

Historicamente, os principais conceitos e ideias sobre qualidade foram estabelecidos em períodos próximos da Segunda Guerra Mundial, por especialistas americanos, e a aplicação dessas ideias foram notadamente bem-sucedidas principalmente no Japão, durante o pós-guerra.

Referências

PEARSON EDUCATIONAL DO BRASIL. Gestão da Qualidade. Pearson Education do Brasil, 2011.

LONGO, R. M. J. A Revolução da qualidade total histórico e modelo gerencial. Relatório Interno IPEA 31/94, 1994.