Getúlio vargas
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Getúlio Vargas
A Ditadura do Estado Novo
Sindicato dos Padeiros
de São Paulo
Presidente: Francisco Pereira de Sousa Filho (Chiquinho Pereira) Coordenador: Aparecido Alves Tenório (Cidão)
Curador: Claudio Blanc
Sindicato dos Padeiros de São Paulo - Projeto Memória
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Getúlio Vargas
m 1930, durante o golpe que depôs o presidente Washing-
ton Luis, Getúlio Vargas parou na cidade de Ponta Grossa,
Paraná, em sua viagem de Porto Alegre ao Rio de Janeiro,
onde seria empossado como novo líder da nação. Localizada numa
posição estratégica, Ponta Grossa era parada obrigatória para quem
ia do Rio Grande do Sul a São Paulo ou ao Rio de Janeiro. E no pouco
tempo em que ficou na cidade, enquanto esperava notícia dos líde-
res rebeldes, Getúlio não perdeu tempo em firmar alianças com a
liderança local. Ao receber o convite para um encontro com Getúlio,
Gregório Vargas, uma dos principais cabeças políticas locais e primo
distante do futuro ditador, duvidou que seu parente tivesse cacife
para se manter como presidente durante muito tempo. Embora não
negasse apoio ao líder do golpe, o velho coronel, que havia migrado
do Rio Grande ao Paraná depois que seu partido perdeu a revolução
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de 1893, não deixou de expressar sua descrença em Getúlio. “Du-
rante a ventania, qualquer cisco voa”, disse aos seus correligioná-
rios. Mas apesar de seu tirocínio político e experiência de vida, Gre-
gório Vargas estava redondamente enganado em seu julgamento.
Seu primo Getúlio não só se manteve na liderança do Brasil durante
quase duas décadas, como mudou profundamente as feições do
país, promovendo a industrialização e reformas que aumentaram o
bem estar social como nunca havia sido feito antes.
Getúlio graduando-se em Direito, 1907
Getulio Dornelles Vargas
(1883 - 1954) estudou Direito depois
de ter sido expulso da Escola Militar
por tomar parte num motim. Ativo
como político desde 1909, ocupou, a
partir de 1923, uma cadeira de de-
putado federal, tornando-se líder da
bancada gaúcha. Em 1926, durante o
governo de Washington Luís, foi
ministro da Fazenda, mas deixou o
cargo no ano seguinte para assumir
o governo do estado do Rio Grande
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do Sul. Em 1930, foi um dos líderes do movimento armado
que acabou com a política do café com leite, onde mineiros e paulis-
tas se revezavam na presidência da república. Descontes, os líderes
revolucionários depuseram Washington Luís e empossaram Getúlio
como chefe do governo provisório.
O governo que Getúlio
instaurou acabou por desagra-
dar setores poderosos da socie-
dade brasileira, mas conquistou
o inestimável apoio dos traba-
lhadores, promovendo impor-
tantes medidas sociais protela-
das pelos governos da Nova
República.
Getúlio tomou posse promo-
vendo a anistia dos rebeldes das
Revoluções de 1922 e 24, modi-
ficando o sistema eleitoral, in-
centivando a policultura e cri-
ando o Ministério do Trabalho.
Washington Luís
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Em novembro, Getúlio suspendeu a Constituição e nomeou
interventores em todos os Estados, menos Minas, que havia aban-
donado seu antigo parceiro, São Paulo, e apoiado os estados rebel-
des durante o golpe. Getúlio também dissolveu o Congresso, as
assembléias estaduais e as câmaras municipais. O presidente tor-
nou-se, dessa forma, a única fonte de poder.
Além das medidas de centralização política, o ditador pro-
mulgou outras que visavam colocar a economia sob controle do
governo central. Os Estados foram proibidos de contratar emprés-
timos externos sem autorização federal, e o governo federal passou
a controlar o câmbio, por meio da monopolização, pelo Banco do
Brasil, de compra e venda de moeda estrangeira, passando assim a
ter controle absoluto sobre o comércio exterior. Como medida adi-
cional, o governo começou a controlar os sindicatos e as relações
trabalhistas. Getúlio também organizou instituições para intervir no
setor agrícola de todo o Brasil, uma forma de enfraquecer o poder
dos estados, até então autônomos, e dos fazendeiros – então, po-
derosa força econômica e política.
Os barões do café de São Paulo sentiram-se particularmente
insatisfeitos com as medidas de Getúlio. Além de perder a prerroga-
tiva de eleger presidentes paulistas, o estado estava sendo gover-
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nado por um interventor imposto por Getúlio, o pernambucano
João Alberto, considerado “forasteiro”. Como resultado, em 1932
Getúlio enfrentou o levante de São Paulo, que exigia a promulgação
de uma nova Constituição. Apesar de ter derrotado os rebeldes, o
ditador não pôde deixar de realizar as eleições para a Constituinte.
Combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932
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Um ano antes, a nova lei eleitoral instituída por Vargas trazia
importantes novidades como o voto secreto. Getúlio também criou
a Justiça Eleitoral, a extensão do direito de votar e de serem votadas
para as mulheres e a participação, na Assembléia Constituinte, de
certo número de representantes de sindicatos de trabalhadores e
de patrões, dos profissionais liberais e dos funcionários públicos. As
eleições foram marcadas para maio de 1933. Entre os 254 parla-
mentares eleitos, estava a primeira mulher a ocupar uma cadeira no
Parlamento, a paulista Carolina Pereira de Queiroz. A Constituinte
mudou as feições do Brasil.
Garantindo o controle sobre os meios de comunicação e por
conta das reformas sociais, Getúlio conquistou o povo e, agradando
os militares, garantiu apoio das Forças Armadas. Foi eleito pelo
Congresso em 1934 e se tornou presidente de direito. Mas o ambi-
cioso ditador não tencionava abrir mão do poder. Fazendo bom uso
da propaganda política, Getúlio manobrou com o golpe de Estado
que os comunistas tentaram dar em 1935. Obtendo poderes adicio-
nais do Congresso, Getúlio conseguiu aprovação do estado de sítio e
promoveu uma violenta repressão. Em 1937, foi divulgado um plano
falso de golpe tramado pelos comunistas. Foi a desculpa que Vargas
usou para dar ele próprio o golpe. Em 10 de novembro de 1937, a
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polícia de Vargas fechou o congresso consumando o golpe e instau-
rando o Estado Novo
Material de propaganda do Estado Novo: a mensagem era “ordem e bem-estar”.
Estado Novo
Getúlio governou com poderes ditatoriais até ser deposto em
1945. “Com a ditadura vieram a censura à imprensa, o culto à per-
sonalidade de Getúlio, o controle dos sindicatos operários, as pri-
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sões arbitrárias”, escreve Jorge Caldeira em seu Viagem pela histó-
ria do Brasil. A Constituição outorgada pelo presidente garantia
quase tudo ao governo e praticamente nada aos cidadãos. O leniti-
vo à insatisfação provocada pela ditadura era o plano de rápida
industrialização do país. De fato, durante o Estado Novo, a indústria
cresceu e aumentou sua participação na economia do país. Mas
buscando o desenvolvimento industrial, Getúlio se aliou aos ameri-
canos e acabou envolvendo o Brasil na Segunda Guerra Mundial, em
troca, entre outras coisas, da siderúrgica de Volta Redonda.
Vargas e Roosevelt, 1944
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A entrada do país na guerra acabou, porém, aumentando o
descontentamento com relação ao Estado Novo. Com a vitória dos
aliados, em maio de 1945, as manifestações contra a ditadura cres-
ceram. Sob pressão, em outubro daquele ano Getulio renunciou
depois de 15 anos no poder.
Mesmo destituído do comando da nação, Getúlio continuou a
influir na vida política e partidária do pais, colocando-se na oposição
ao presidente eleito em 1946, Eurico Gaspar Dutra. O modelo do
Estado Novo, em que o Estado era responsável pelo desenvolvimen-
to, permitiu que Getúlio voltasse à cena política. Candidato à presi-
dência em 1950, elegeu-se com 48,7% dos votos. Mas o aumento da
interferência do governo na economia provocou uma forte oposição
a Vargas. Em 1954, seu chefe de polícia tramou, sem o conhecimen-
to de Getúlio, um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, um
dos maiores detratores do presidente. A oposição exigiu a renúncia.
Vargas, porém, resolveu o impasse político suicidando-se com um
tiro no coração, no Palácio do Catete, em 24 de agosto de 1954. Saía
da vida para entrar na História.
Sob Vargas, o Brasil se modernizou. Deixou de ter uma eco-
nomia exclusivamente agrária e baseada na monocultura e estabe-
leceu as bases da industrialização. Os avanços sociais, como as ga-
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rantias aos trabalhadores, incluíram uma parte da população antes
desconsiderada pelas elites governantes. Apesar do paternalismo e
da supressão de liberdade, Getulio deixou uma base industrial esta-
tal sobre a qual o presidente seguinte, Juscelino Kubitschek, pode
instituir um novo modelo de desenvolvimento.
Sindicato dos Padeiros
de São Paulo
Direito reservados: Sindicato dos Padeiros de São Paulo, 2014 Este artigo pode ser reproduzido para fins educativos