GIDA

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  e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 81-91. (2011). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/r evistas/exacta/ ISSN: 1984-3151 SIMULAÇÃO DO GERADOR EÓLICO DUPLAMENTE ALIMENTADO QUANDO SUBMETIDO À VARIAÇÃO DA VELOCIDADE DO VENTO SIMULATION OF DOUBLY FED INDUCTION GENERATOR WHEN SUBMITTED TO CHANGE IN WIND SPEED Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos 1 ; Arlete Vieira da Silva 2  Recebido em: 30/10/2011 - Aprovado em: 13/11/2011 - Disponibilizado em: 30/12/2011 R ESUMO: A demanda de energia elétrica no mundo é crescente. A eletricidade é fundamentalmente importante  para o desenvolvimento social e econômico de nações, tornando investimentos em energia altamente necessários. Com o aumento das turbinas eólicas ligadas à rede de energia e com o aumento de produtores independentes de energia renovável, estudos relacionados à melhor estratégia de controle se tornam indispensáveis. Este trabalho apresenta o comportamento do gerador de indução duplamente alimentado (GIDA) exposto à variação da velocidade do vento incidente em sua hélice. O trabalho é apresentado através de simulações utilizando MatLab/Simulink. O controle exemplificado no trabalho atua na angulação das pás do gerador. P  ALAVRAS-CHAVE : Gerador de indução duplamente alimentado (GIDA). Gerador Eólico.Energia Limpa.  ABSTRACT : The demand of electrical energy has been growing worldwide. The electricity is very important to the social and economic development of nations, which needs investments on energy sources. With the increase of wind turbines connected to the power grid and the rise of independent producers of renewable energy, studies related to best control strategy are necessary. This paper presents the behavior of the doubly fed induction generator (GIDA), explaining the variation of wind speed incident on the propeller. This work is presented through simulations using Matlab/Simulink. The exemplified control acts as on the angle of the blades of the generator. K EYWORDS: doubly fed induction generator (GIDA), wind generator. 1 INTRODUÇÃO Com problemas cada vez mais nítidos nos âmbitos ambientais, questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável visando a preservação ambiental estão em ascensão. Os pesquisadores atualmente discutem formas de aproveitar a energia eólica e a solar, mas no Brasil os investimentos ainda são incipientes, porém incentivos do governo que prevê futuras instalações renováveis, entre elas, a energia eólica se mostra atraente para empresários do setor energético. Nesse trabalho foram abordadas tecnologias de geração eólica enfatizando o modelo GIDA, através da observação do comportamento do gerador eólico perante as variações do vento incidido em suas hélices. Foram apresentados métodos de controle para a melhor utilização do gerador eólico diante das falhas simuladas, onde se pode notar que em cada caso 1 Engenheiro Eletricista. Centro universitário de Belo Horizonte, 2011. Professor CETEL - SENAI. Belo Horizonte, MG. [email protected]. 2 Mestre em Geografia e Analise Ambien tal – IGC/UFMG, 2002. Professora do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Belo Horizonte, MG. [email protected] .

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GERADORES DE INDUÇÃO DUPLAMENTE ALIMENTADOS

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  • e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 81-91. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    ISSN: 1984-3151

    SIMULAO DO GERADOR ELICO DUPLAMENTE ALIMENTADO QUANDO SUBMETIDO VARIAO DA

    VELOCIDADE DO VENTO

    SIMULATION OF DOUBLY FED INDUCTION GENERATOR WHEN SUBMITTED TO CHANGE IN WIND SPEED

    Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos1; Arlete Vieira da Silva2

    Recebido em: 30/10/2011 - Aprovado em: 13/11/2011 - Disponibilizado em: 30/12/2011

    RESUMO: A demanda de energia eltrica no mundo crescente. A eletricidade fundamentalmente importante para o desenvolvimento social e econmico de naes, tornando investimentos em energia altamente necessrios. Com o aumento das turbinas elicas ligadas rede de energia e com o aumento de produtores independentes de energia renovvel, estudos relacionados melhor estratgia de controle se tornam indispensveis. Este trabalho apresenta o comportamento do gerador de induo duplamente alimentado (GIDA) exposto variao da velocidade do vento incidente em sua hlice. O trabalho apresentado atravs de simulaes utilizando MatLab/Simulink. O controle exemplificado no trabalho atua na angulao das ps do gerador. PALAVRAS-CHAVE: Gerador de induo duplamente alimentado (GIDA). Gerador Elico.Energia Limpa. ABSTRACT: The demand of electrical energy has been growing worldwide. The electricity is very important to the social and economic development of nations, which needs investments on energy sources. With the increase of wind turbines connected to the power grid and the rise of independent producers of renewable energy, studies related to best control strategy are necessary. This paper presents the behavior of the doubly fed induction generator (GIDA), explaining the variation of wind speed incident on the propeller. This work is presented through simulations using Matlab/Simulink. The exemplified control acts as on the angle of the blades of the generator. KEYWORDS: doubly fed induction generator (GIDA), wind generator.

    1 INTRODUO

    Com problemas cada vez mais ntidos nos mbitos

    ambientais, questes relacionadas ao

    desenvolvimento sustentvel visando a preservao

    ambiental esto em ascenso.

    Os pesquisadores atualmente discutem formas de

    aproveitar a energia elica e a solar, mas no Brasil os

    investimentos ainda so incipientes, porm h

    incentivos do governo que prev futuras instalaes

    renovveis, entre elas, a energia elica se mostra

    atraente para empresrios do setor energtico.

    Nesse trabalho foram abordadas tecnologias de

    gerao elica enfatizando o modelo GIDA, atravs da

    observao do comportamento do gerador elico

    perante as variaes do vento incidido em suas

    hlices.

    Foram apresentados mtodos de controle para a

    melhor utilizao do gerador elico diante das falhas

    simuladas, onde se pode notar que em cada caso

    1 Engenheiro Eletricista. Centro universitrio de Belo Horizonte, 2011. Professor CETEL - SENAI. Belo Horizonte, MG. [email protected].

    2 Mestre em Geografia e Analise Ambiental IGC/UFMG, 2002. Professora do Centro Universitrio de Belo Horizonte - UniBH. Belo Horizonte, MG. [email protected].

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    simulado um mtodo de controle indicado para

    melhor desempenho e proteo do sistema.

    Os resultados das simulaes desenvolvidas foram

    apresentados no decorrer do trabalho e as

    concluses, detalhadas ao final de todo o estudo.

    2 REGIME DE VENTO BRASILEIRO

    De acordo com a SOARES (2010), o Brasil

    favorecido quando se analisa a quantidade de ventos

    gerados no pas. O cenrio brasileiro caracterizado

    por uma presena duas vezes superior mdia

    mundial e pela volatilidade de apenas 5% (oscilao

    da velocidade), o que permite prever o volume de

    vento a ser produzido.

    A mesma autora afirma ainda que outra varivel que

    contribui para a operao das usinas elicas que a

    velocidade do vento costuma ser maior em perodos

    de estiagem, possibilitando a operao de forma a

    complementar a gerao por usinas hidreltricas. Sua

    operao permitiria, portanto a estocagem da

    energia eltrica. A FIG. 1 mostra o potencial elico

    brasileiro por regies geogrficas (SOARES, 2010).

    O balano do Plano Decenal de Expanso de Energia,

    divulgado pela Empresa de Pesquisa Energtica

    EPE -, prev que o pas manter at 2019 o mesmo

    percentual de 48% de participao de energia

    renovvel na sua matriz energtica (EPE, 2007).

    Figura 1 - Potencial elico brasileiro. Fonte - EPE, 2007 apud Atlas de Energia Eltrica do

    Brasil, p.81.

    O crescente incentivo na produo da energia elica

    est mudando paradigmas quanto ao custo elevado

    de sua produo. Ainda mais cara que a gerao

    predominantemente hidreltrica, o preo da gerao

    elica, considerando impostos embutidos, pode-se

    chegar a R$ 230,00 por MWh, enquanto que o custo

    da energia hidreltrica gira em torno de R$100,00 por

    MWh. (ANEEL, 2009). O grfico 1 um comparativo

    de preos de energia.

    Grfico 1

    Comparao de preo da energia segundo PSR para o ano de 2008

    Fonte - MENDONA, 2009, p. 4.

    De acordo com os dados do Atlas de Energia Eltrica

    do Brasil publicado pela ANEEL, estima-se que o

    potencial elico no Brasil de 143.000 MW, sendo

    que 7.694,05 MW j est autorizado para ser

    instalado. A regio nordeste a que possui maior

    potencial elico. (ANEEL, 2009).

    3 TECNOLOGIAS DE USINAS ELICAS

    A tecnologia de usinas elicas pode se dividir em

    usinas que trabalham com velocidade varivel e com

    velocidade constante.

    Os geradores elicos podem ser divididos em

    geradores ligados diretamente rede eltrica de

    energia e geradores que utilizam a eletrnica de

    potncia.

    3.1 USINAS DE VELOCIDADE CONSTANTE

    Segundo PINHEIRO (2004), a principal caracterstica

    de uma usina com velocidade constante que,

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    independente da variao do vento local, a velocidade

    do gerador permanece constante. Dentre as

    tecnologias existentes no mercado, a grande maioria

    em operao que utiliza geradores com velocidade

    constante conectada diretamente rede eltrica.

    3.2 USINAS DE VELOCIDADE VARIVEIS

    Conforme afirma PINHEIRO (2004) as usinas com

    velocidade varivel, em um futuro prximo, dominaro

    o mercado.

    De acordo com estudos desenvolvidos por (NUNES,

    2003), os principais impulsionadores de tal tendncia

    so as caractersticas de capacidade de reduo de

    estresse mecnico; reduo de rudo; melhor

    aproveitamento de energia gerada; e extrao de

    potncia em uma faixa maior de aproveitamento do

    vento.

    Essa configurao de usina em velocidade varivel

    desacopla a velocidade de operao do gerador da

    frequncia de operao do sistema eltrico ao qual a

    usina est conectada. O gerador pode ser controlado

    para adaptar a velocidade rotacional na situao de

    melhor aproveitamento s vrias velocidades de vento

    instantneas (ALDAB, 2007).

    4 GERADOR DE INDUO DUPLAMENTE

    ALIMENTADO (GIDA)

    Segundo MENDES et al. (2008), uma configurao

    bsica dessa tecnologia consiste em um gerador de

    induo rotor bobinado com alimentao atravs de

    anis deslizantes, onde o estator est conectado

    direto rede eltrica por meio de um transformador. E

    o rotor alimentado por um conversor CA/CC/CA

    construdo por duas pontes conversoras trifsicas

    PWM e conectadas entre si atravs de um circuito

    intermedirio em corrente contnua (barramento c.c.).

    A FIG. 2 ilustra o diagrama dessa tecnologia.

    Figura 2 Esquema de um GIDA aplicado numa turbina elica ligada rede.

    Fonte - FERREIRA, 2009, p.16.

    4.1 SENTIDOS DA POTNCIA

    Segundo FERREIRA (2009), o conversor de

    frequncia mencionado constitudo por dois

    conversores back-to-back controlados por tenso e

    unidos por meio de uma ligao c.c.

    O autor ressalta que nestes conversores, os

    dispositivos comutveis usados so IGBTs, sendo

    possvel o trnsito de energia em ambos os sentidos,

    pois tanto o circuito estator, quanto o circuito do rotor,

    podem fornecer energia para o sistema.

    O mesmo autor ainda afirma que quando o gerador

    est abaixo da velocidade nominal, denominada

    funcionamento sub-sncrono, o rotor absorve energia

    da rede e o estator entrega energia para a rede, onde

    a potncia Pr retirada do barramento e tende a

    diminuir a tenso c.c.

    Porm, quando o gerador est acima da velocidade

    nominal, no denominado funcionamento hiper-

    sncrono, o rotor e o estator entregam energia rede,

    onde a potncia Pr transmitida para o capacitor do

    barramento c.c. e sua tenso tende a aumentar.

    Enquanto que o conversor da rede usado para gerar

    ou absorver potncia, a fim de manter a tenso c.c.

    constante (FERREIRA, 2009). Este fluxo das

    potncias pode ser observado na FIG. 3.

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    Figura 3 Fluxo das potncias Fonte - FERREIRA, 2009, p. 17.

    Uma notvel vantagem dessa tecnologia o menor

    custo dos equipamentos de eletrnica de potncia. Em

    seus estudos FERREIRA (2009) afirma que a

    tecnologia GIDA permite que os conversores utilizados

    tenham uma potncia correspondente a 30% da

    potncia nominal da mquina.

    4.2 MODELO MATEMTICO DA MQUINA DE

    INDUO DO TIPO ROTOR BOBINADO EM REGIME

    ESTCIONARIO

    Para se ter maior domnio do sistema de gerao

    usando a tecnologia GIDA, deve-se conhecer o

    modelo matemtico da mquina de induo

    duplamente alimentada em regime estacionrio.

    Segundo SILVA (2005), esse modelo apresenta boa

    relao custo benefcio, pois fornece informaes para

    o projeto da estratgia de controle, alm de permitir a

    especificao de alguns componentes do circuito de

    potncia do GIDA.

    NOVOTNY e LIPO (1996) ilustram este modelo

    atravs das equaes que explicam o comportamento

    dos circuitos de estator e rotor da mquina de induo

    com rotor bobinado (Eq. 1 e 2).

    Os autores ressaltam que o estator est interligado

    diretamente rede de energia, que possui frequncia

    e fixa. As equaes so baseadas em vetores

    espaciais descritos em um sistema de coordenadas dq

    que gira velocidade sncrona e.

    (1)

    (2)

    onde: e = velocidade sncrona, r = velocidade no

    rotor, rr = resistncia do enrolamento de rotor, rs =

    resistncia do enrolamento de estator, M = indutncia

    mtua, Ls = indutncia de estator, Lr = indutncia de

    rotor, is = corrente de estator, ir = corrente de rotor, vs

    = tenso nos terminais de estator, vr = tenso nos

    terminais de rotor, J = momento de inrcia do

    conjunto constitudo por rotor, redutora e turbina

    elica.

    Segundo NOVOTNY e LIPO (1996), as grandezas de

    rotor e estator so representadas em um nico

    circuito, para isso necessrio descrever essas

    grandezas em um referencial comum, ou seja, as

    tenses correntes e impedncias devem ser descritas

    com relao a um dos lados da mquina constitudas

    por rotor e estator.

    A Eq 3 descreve a tenso do rotor referida ao estator,

    para tanto multiplica-se a Eq 2 pela razo de

    transformao de estator para rotor, denominada a

    (NOVOTNY e LIPO, 1996).

    (3)

    NOVOTNY e LIPO (1996) afirmam que necessrio

    referir tambm s correntes e indutncias de rotor ao

    estator de forma que a corrente fique dividida por a e

    as impedncias multiplicadas por a resultando,

    ento, a Eq. 4.

    (4)

    Ainda de acordo com os autores, para que as

    reatncias do circuito de rotor sejam referidas ao lado

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    do estator, as indutncias devem ser multiplicadas

    pela frequncia de estator e. Aps efetuar essa

    manipulao obtida a Eq. 5, onde o parmetro s

    pode ser descrito pela equao s = (e - r)/ e.

    (5)

    NOVOTNY e LIPO (1996) afirmam que com a tenso,

    corrente e indutncias de rotor referidas ao estator,

    pode-se combinar a Eq. 5 com a Eq. 1 para

    apresentar o circuito equivalente da mquina de

    induo em regime estacionrio (FIG. 4).

    Os mesmos autores afirmam que o circuito

    apresentado na FIG. 4 demonstra que as potncias

    nos terminais de rotor e estator independem da razo

    de transformao a, onde tambm o conjugado

    eletromagntico independe da mesma razo a.

    Figura 4 - Circuito equivalente da mquina de induo em regime estacionrio

    Fonte - SILVA, 2005, p.37.

    De acordo com NOVOTNY e LIPO (1996), usa-se

    essa razo de transformao, para facilitar o estudo e

    controle da mquina.

    No entanto, os mesmos autores ressaltam que, o

    efeito da indutncia de disperso de estator no

    anulado, mas o sistema de controle pode analisar o

    gerador atravs do circuito da FIG. 5, onde a = Ls/M

    fazendo com que a mquina real opere prximo da

    mquina apresentada na mesma figura.

    Figura 5 - Circuito equivalente da mquina de

    induo em regime estacionrio com a razo de transformao de rotor para estator dada por a=Ls/M

    Fonte: SILVA, 2005, p.38.

    Para isso o controlador deve ser projetado em funo

    das grandezas do modelo apresentado.

    4.3 CONTROLES EXISTENTES

    Os principais controles existentes na configurao de

    usina elica, pela tecnologia GIDA, so divididos em:

    controle situado no lado do rotor; controle situado no

    lado da rede; e controle do ngulo das ps do gerador.

    Segundo FERREIRA (2009), o Controle do Conversor

    Aplicado ao Lado do Rotor, denominado Crotor,

    permite que as variaes de potncia geradas,

    causadas pelas vrias velocidades do vento, sejam

    convertidas em energia cintica do rotor e na energia

    eltrica que fornecida rede por meio das bobinas

    de alisamento. Isso implica em um melhor rendimento

    da potncia de sada da turbina elica, alm de menor

    oscilao da corrente injetada na rede.

    O mesmo autor afirma que outra caracterstica do

    Crotor a capacidade de regular separadamente as

    potncias reativas e ativas transacionadas com a

    rede. A FIG. 6 ilustra a malha do Crotor.

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    Figura 6 Malha de controle do conversor no lado do rotor

    Fonte: MATLAB, 2009.

    Ainda por FERREIRA (2009), a potncia de sada

    medida nos terminais da rede da turbina. Essa medida

    adicionada s perdas de energia total (mecnica e

    eltrica) do sistema, e esta comparada com a

    potncia de referncia obtida atravs das

    caractersticas construtivas do gerador, ditas

    caractersticas de rastreamento.

    Enquanto que o regulador Proporcional-Integral (PI)

    usado para reduzir o erro de potncia para zero.

    Ressaltando tambm que a sada deste regulador a

    corrente de referncia Iqr_ref que deve ser injetada no

    rotor. A corrente Iqr medida comparada com a

    corrente de referncia Iqr_ref e o erro reduzido a

    zero pelo regulador de corrente (PI). A sada desse

    controlador uma tenso gerada Vqr no conversor

    Crotor.

    J o Conversor do Lado Da Rede, denominado Cgrid,

    usado para regular a tenso no capacitor do

    barramento CC. Essa tecnologia permite que o

    conversor Cgrid fornea ou absorva potncia reativa

    (FERREIRA, 2009).

    Para o mesmo autor, o sistema de controle

    apresentado na FIG. 7 consiste em medies das

    componentes d e q do sinal c.a. de sequncia positiva

    das correntes a serem controladas, alm da medio

    da tenso Vdc no barramento c.c., onde a sada do

    regulador de tenso CC uma corrente em fase com

    a tenso de rede que controla a o fluxo de potncia

    ativa denominada Idgc_ref. Enquanto que o regulador

    de corrente controla a magnitude e a fase da tenso

    gerada pelo conversor Cgrid; e monitorado pela

    alimentao, que prev a tenso de sada Cgrid.

    FERREIRA (2009) ainda afirma que o valor mximo

    da corrente Igc_ref limitado a um valor definido pela

    potncia mxima do conversor com tenso nominal.

    Quando Idgc_ref e Iq_ref so tais que a magnitude

    maior do que esse valor mximo da componente,

    Iq_ref reduzida a fim de trazer de volta a magnitude

    de seu valor mximo.

    Figura 7 - Controle do conversor no lado da rede

    Fonte: MATLAB, 2009.

    O Controle do ngulo de Inclinao das Ps mantido

    constante a zero grau at que a velocidade atinja o

    ponto de operao crtica estipulada pela

    caracterstica de rastreamento descrita por princpios

    construtivos do gerador (FERREIRA, 2009).

    O mesmo autor afirma que aps o ponto crtico o

    ngulo de inclinao proporcional velocidade de

    desvio (FIG. 8).

    Figura 8 Malha de controle do ngulo de inclinao das ps

    Fonte - MATLAB, 2009.

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    5 METODOLOGIA

    A metodologia do trabalho inicia-se com o estudo das

    estratgias e os mtodos de para garantir: demanda,

    eficincia energtica e qualidade de energia entregue

    a consumidores finais.

    Para melhor domnio da pesquisa, o levantamento dos

    tipos de geradores elicos foi estudado para definir o

    gerador a ser utilizado no trabalho, o modelo adotado

    para foi o gerador de induo duplamente alimentado

    (GIDA).

    Finalizando a etapa de estudo, inicia-se o processo de

    simulaes computacionais baseando-se em

    softwares especficos: Simulink/MATLAB.

    A simulao possui o objetivo de analisar o mtodo de

    controle para a estabilidade e dinmicas do GIDA,

    quando submetido a variaes do vento.

    Terminando as simulaes, grficos analticos foram

    gerados com intuito de obter concluses significativas

    para responder os problemas propostos na pesquisa.

    6 RESULTADOS E DISCUSSO

    6.1 DESCRIO DO MODELO SIMULADO

    A FIG. 9 traz o modelo do parque elico simulado, que

    possui uma potncia de 9MW, constitudo por seis

    turbinas elicas de 1,5MW, conectados a um sistema

    de distribuio de energia de 25 kV. O parque elico

    interligado com um sistema de potncia de 120 kV por

    uma linha de transmisso de 30 km e um

    transformador de 47 MVA.

    As tenses, correntes da turbina e cargas so

    monitoradas constantemente para a proteo do

    sistema. A velocidade da mquina e tenso c.c. do

    GIDA tambm so monitoradas com o mesmo intuito.

    O sistema simulado observado durante 70

    segundos.

    9 MW Wind Farm(6 x 1.5 MW)

    Wind Farm (DFIG Phasor Model)Phasors

    pow ergui

    V1_B575

    I1_B575

    P_mean

    Q_mean

    Wind turbineData acquisition

    Trip

    Trip Time

    WindTurbine

    Protection

    Wind (m/s)

    Trip

    mA

    B

    C

    mA

    B

    C

    Wind (m/s)

    Trip

    Wind TurbineDoubly-Fed Induction Generator

    (Phasor Type)1

    Wind Turbine

    Wind Speed(m/s)

    0

    0

    Scope9

    Scope8

    Scope7 Scope6 Scope5

    Scope4

    Scope3

    Scope2

    Scope15

    Scope14Scope13

    Scope12

    Scope11 Scope10

    Scope1

    Scope

    A

    B

    C

    Plant2 MVA

    ?

    More info

    A B C

    Load500 kW

    ABCN

    a

    b

    c

    GroundingTransformer

    X0=4.7 Ohms

    Vabc_B120

    Vabc_B25

    Vabc_B575

    P_B25

    Q_B25

    V1_Plant

    I1_Plant

    Motor_Speed

    GridData acquisition Grid

    [Trip_WT]

    pitch

    wr

    Vdc

    wind

    wr

    Vdc

    pitch

    [Trip_WT]

    wind

    A

    B

    C

    A

    B

    C

    Fault

    A

    B

    C

    a

    b

    c

    B575(575 V)

    A

    B

    C

    a

    b

    c

    B25(25 kV)

    A

    B

    C

    a

    b

    c

    B120(120 kV)

    3.3ohms

    A

    B

    C

    A

    B

    C

    2500 MVAX0/X1=3

    A

    B

    C

    a

    b

    c

    25 kV/ 575 V6*2 MVA

    A

    B

    C

    A

    B

    C

    20 km l ine

    A

    B

    C

    a

    b

    c

    120 kV/25 kV47 MVA

    N

    A

    B

    C

    120 kV

    A

    B

    C

    A

    B

    C

    10 km line

    Generated P(MW)

    Vabc_B120 (pu)

    Vabc_B120 (pu)Vabc_B25 (pu)

    Vabc_B25 (pu)Vabc_B575 (pu)

    Vabc_B575 (pu)P_B25 (MW)

    P_B25 (MW)Q_B25 (Mvar)

    Q_B25 (Mv ar) Vdc (V)

    Vdc (V)Speed (pu)

    Speed (pu)

    Pos. seq. V1_B575 (pu)

    Pos. seq. I1_B575 (pu)

    Generated Q(Mv ar)

    Motor Speed (pu)

    I Plant pos. seq. (pu/2 MVA)

    V_Plant 2.3kV pos. seq. (pu)

    Wind speed (m/s)

    pitch angle (deg)

    Figura 9Simulao implementada no Simulink/Matlab

    Fonte - MATLAB, 2009.

    O parque elico simulado em um nico bloco

    denominado como Wind turbine, multiplicando por

    trs, os parmetros abaixo: A sada da turbina de

    vento nominal mecnica: 6 x 1.5MW; O gerador de

    potncia nominal: 6 x 1.5/0.9 MVA (6 x 1,5 MW a 0,9

    PF); O capacitor de barramento nominal DC: 6 x

    10000 microfarads.

    O transformador de 25 kVA/575V est conectado em

    estrela/tringulo diretamente sada do gerador que

    possui potncia nominal de 12 MVA. O gerador elico

    gera em uma tenso de 575 V, posteriormente essa

    tenso elevada para 25 kV, a fim de ser transmitida,

    por meio de uma linha de transmisso de 10 km.

    O transformador de potncia 47MVA, 120 KVA/25

    KVA faz o acoplamento entre o ponto de gerao de

    120 KVA. A tenso abaixada para ser transmitida

    em uma linha de transmisso de 25 km. O

    transformador de 100MVA um sistema de proteo

    contra desequilbrio nas fases da linha de

    transmisso.

    integrado ao sistema uma planta de 2 MVA,

    alimentada por uma tenso de 2,3 kV e uma carga

    resistiva de 500 kW, alimentada a uma tenso de 575

    V.

    No bloco da planta de 2 MVA, tem-se um

    transformador abaixador que reduz a tenso da linha

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 81-91. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    de transmisso de 25 kV para 2,3 kV, com potncia

    nominal de 2,5 MVA.

    A planta de 2 MVA constituda de duas cargas: um

    motor de 1,68 MVA com fator indutivo de 0,93

    alimentado a 2300V e uma carga resistiva de 200 kW,

    alimentada na mesma tenso de 2300 V. H ainda um

    sistema de correo de fator de potncia feito por um

    banco de capacitores com potncia reativa de 800

    kVAr.

    6.2 PARQUE ELICO PERANTE A VARIAO DO

    VENTO

    A simulao realizada observa o comportamento do

    parque elico perante a variao do vento nas ps do

    gerador, a observao ocorreu durante 70s.

    No processo de simulao a turbina elica foi

    submetida a uma variao de velocidade do vento

    entre 8m/s a 32m/s, seguindo uma rampa de

    acelerao regido pela equao f(y)=x. A velocidade

    do vento aumenta de 8m/s para 32m/s em

    aproximados 32s.

    A FIG. 10 ilustra a variao do vento no sistema. Entre

    o instante que vai de 0 a 10 segundos, o vento

    permanece inalterado em 8 m/s, a partir desse

    momento a velocidade do vento comea a subir

    chegando a atingir um valor de 32 m/s.

    A velocidade de trabalho da turbina orientada por

    caractersticas fsicas e construtivas do gerador,

    definida nessa simulao como sendo 12 m/s, devido

    a essa velocidade de trabalho a incidncia do vento

    nas ps do gerador deve ser controlada, para que o

    gerador trabalhe em sua velocidade nominal.

    A FIG. 11 apresenta a correo da p utilizando o

    mtodo de controle variando o ngulo de ataque da p

    em relao ao vento.

    Figura 10 Curva referente a velocidade do vento

    Fonte - MATLAB, 2009, s/p.

    O ngulo de correo das ps possui limitao

    construtiva, que neste sistema 45 graus.

    Nota-se que em t = 22 [s] o ngulo da p se ajusta

    para 37 graus para que ocorra a estabilizao do

    gerador.

    Figura 11 Curva referente variao do ngulo da p

    Fonte - MATLAB, 2009.

    A FIG. 12 apresenta a variao de velocidade do

    gerador dada em pu. A velocidade tem o pico mximo

    em torno de 2.1 pu em 32 s, e permanece acima de

    seu limiar natural de 1 pu.

    Figura 12 Curva referente velocidade do gerador

    Fonte - MATLAB, 2009, s/p.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 81-91. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Conclui-se que a tenso no barramento mesmo em

    situao adversa estabelece valores tolerveis de

    tenso. As FIG. 12, 13 e 14, respectivamente,

    mostram a tenso de rede no barramento de B575V,

    B25V e B120V, as tenses so dadas em pu.

    Um pequeno transitrio pode ser notado no momento

    de pior estabilidade do gerador. Quando o mesmo

    est submetido a rajadas de vento de altos valores.

    Figura 12 Tenso no barramento B575V

    Fonte - MATLAB, 2009.

    Figura 13 Tenso no barramento B25V

    Fonte - MATLAB, 2009.

    Figura 14 Tenso no barramento B120V

    Fonte - MATLAB, 2009.

    A FIG. 15 ilustra a tenso no barramento Vdc. Essa

    tenso mantida aproximadamente constante pelo

    controle do conversor Cgrid.

    Figura 15 Tenso no barramento CC

    Fonte - MATLAB, 2009.

    Finalmente, a potncia ativa e reativa do gerador

    apresentada pelas FIG. 16 e 17, vale salientar que

    essa potncia aumenta medida que a velocidade do

    gerador sobe, chegando a seu mximo prximo do

    nominal que 9 MW, entre 20 e 30 s o gerador est a

    uma velocidade de vento acima do aceitvel e o

    gerador passa por um transitrio.

    Nota-se, entretanto, que em 32 segundos a potncia

    abaixa bruscamente, chegando a zero. Isso se justifica

    devido ao fato do sistema simulado possuir proteo

    contra rajadas de vento acima do permitido. Quando

    esse valor alcanado o gerador, assim como seu

    sistema de controle, desligado.

    Figura 16 Potncia ativa no gerador

    Fonte: MATLAB, 2009.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 81-91. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Figura 17 Potncia reativa no gerador

    Fonte - MATLAB, 2009, s/p.

    7 CONSIDERAES FINAIS

    Em t = 10 s, a potncia gerada ativa comea a

    aumentar sem problemas (em conjunto com a

    velocidade da turbina) para atingir o seu valor nominal

    de 9 MW em cerca de 20 s. Durante esse perodo de

    tempo a velocidade da turbina ter aumentado entre

    0,8 pu a 2,1 pu. Inicialmente, o ngulo das ps da

    turbina zero grau. Em seguida, o ngulo de

    inclinao aumentado de 0 a 37 graus a fim de

    limitar a potncia mecnica e estabilizar o gerador.

    Observa-se tambm a tenso e a potncia reativa

    gerada. A potncia reativa controlada para manter

    uma tenso em 1 pu. A turbina elica em potncia

    nominal antes de ser desligada pelo sistema de

    proteo absorve 0,68 Mvar (gerando Q = -0,68 Mvar)

    para controlar a tenso em 1 pu. Conclui-se com as

    simulaes desenvolvidas nesse artigo que a

    eficincia do sistema de controle, bem como a

    atuao do sistema de proteo, estabelece a

    desconexo da turbina em situao de operao

    crtica.

    ____________________________________________________________________________

    REFERNCIAS

    ALDAB, R. Energia Elica. So Paulo/SP: Artliber, 2007. 160 p. ANEEL - Agncia Nacional de Energia Eltrica. Atlas de Energia Eltrica do Brasil. 3 ed. Braslia/DF: ANEEL, 2009. Disponvel em: HTTP://www.aneel.gov.br/aplicaes/Atlas/download.htm. Acesso e: 2 fev. 2011. EPE. Empresa de Pesquisa Energtica. Plano Nacional de Energia 2030. Braslia/DF: EPE, 2007. Vol. 12. 244p. Disponvel em: http://www.epe.gov.br. Acesso em: 18 ago. 2011. FERREIRA, J. F. S. B. Controle de geradores de induo duplamen.te alimentados em turbinas elicas. Lisboa/Portugal: Universidade Nova de Lisboa, 2009. 69 f. (Dissertao de Mestrado em Engenharia Eletrotcnica e de Computao). MATLAB. MATLAB for Windows Users Guide. E.U.A: The Math Works Inc., 2009. MENDES, V. F.; RABELO, B.; SOUSA, C. V. de; MATOS, F. F.; HOFMANN, W.; SILVA, S. R.. Comportamento de Aerogeradores de Dupla Excitao Frente a Afundamentos de Tenso. In: III Simpsio Brasileiro de Sistemas Eltricos, Belm/PA: UFPA, 2010. v. 1. p. 1-6. CD ROM do SBSE 2010.

    MENDONA, R. B. de. Modelagem de usinas elicas atravs de um processo de Markov e tcnicas de confiabilidade para a estimativa anual da energia produzida. Natal/RN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, 2009. 116 f. (Dissertao de Mestrado - Centro de Tecnologia Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica). NOVOTNY. D.W.; LIPO. T.A. Vector Control and Dynamics of AC Drives. Oxford/E.U.A: Clarendon Press, 1996. c. 2, 4 e 7. NUNES, M. V. A. Avaliao do Comportamento de Aerogeradores de Velocidade Fixa e Varivel Integrados em Redes Eltricas Fracas. Florianpolis/ SC: PPGEE/UFSC, 2003. (Tese de Doutorado). PINHEIRO, E. L. R. Anlise do Comportamento Dinmico de Usinas Elicas a Velocidade Varivel Utilizando ATPDraw. Belo Horizonte/MG: Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, 2004. (Dissertao de Mestrado em Engenharia Eltrica). SILVA, L. A. R. Controle do gerador de induo duplamente excitado para reduo do flicker proveniente de oscilaes de potncia da fonte primria. Belo Horizonte/MG: Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, 2005. 128 f. (Dissertao de Mestrado em Engenharia Eltrica.

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