G&O Maio 2009

11
ISSN-1983–3512 BOLETIM INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - MAIO/JUNHO - 2009 SGORJ na luta pelo parto seguro

description

G&O Maio 2009

Transcript of G&O Maio 2009

Page 1: G&O Maio 2009

ISSN-1983–3512

BOLETIM INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - MAIO/JUNHO - 2009

SGORJ na lutapelo parto seguro

Page 2: G&O Maio 2009

Maio/Junho - 2009 • 3G O RIO&

ASSOCIAÇÃO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Largo do Machado, 54/1206 - Catete – Rio de Janeiro – RJ - CEP 22221-020

Tel.: (21) 2285-0892 - www.sgorj.org.br - [email protected]

PRESIDENTEVera Lucia Mota da Fonseca

1º VICE-PRESIDENTEMauro Romero Leal Passos

VICE-PRESIDENTESHugo MiyahiraRicardo Oliveira e SilvaPaulo Maurício Soares Pereira

SECRETÁRIO-GERALMarcelo Burlá

SECRETÁRIOS ADJUNTOSDeyse BarrocasMario Vicente GiordanoKaren Soto Perez PanissetSilvio Silva FernandesMarcelo Trindade Alves de Menezes

TESOUREIRO-GERALJosé Carlos de Jesus Conceição

TESOUREIROS ADJUNTOSClaudia da Silva Lunardi

Flávia Maria de Souza Clímaco

EDITOR DE HONRAManoel Baliú Monteiro (in-memorian)

CONSELHO EDITORIALHugo MiyahiraVera Lúcia Mota da FonsecaMario Vicente Giordano

PROJETO GRÁFICOJoão Ferreira

PRODUÇÃOFoco Notícias

JORNALISTA RESPONSÁVELNicia Maria – MT 16.826/76/198

FOTOLITO E IMPRESSÃOEditora Teatral Ltda.

FOTOGRAFIAJosé Renato

TIRAGEM3.000 exemplares

DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

Nosso Congresso foi um sucesso e superou nossasexpectativas. Graças à contribuição de nossa Direto-ria, com a sugestão de vários temas, e aos nossoscolegas congressistas que permitiram a realização deintensos momentos de educação médica e, porque nãodizer, de congraçamento entre nós. Apesar da criseinstalada neste ano, principalmente com as normas daANVISA, conseguimos ainda uma boa parceria com aindústria farmacêutica.

A abertura do Congresso, além de festiva, foi marca-da por um fato importantíssimo: o fechamento da “Casade Parto” em Realengo pela ANVISA, que infelizmente foireaberta por uma liminar.

A SGORJ, em conjunto com os Conselhos Federal eRegional de Medicina e a Federação Brasileira das Associ-ações de Ginecologia e Obstetrícia repudiaram a reabertura da “Casa de Parto”, através de manifestos ereuniões com os membros do Ministério da Saúde e da ANVISA.

Acreditamos que a presença de enfermeiros pode ser considerada na assistência ao trabalhode parto, desde que este seja realizado em ambiente hospitalar, próximo, bem próximo deprofissional treinado e formado para identificar possíveis desvios da normalidade, o mais preco-cemente possível: o obstetra.

Não seremos coniventes, tampouco aceitaremos, com passividade e apatia, a exigência deoutros profissionais de assumir, sem supervisão médica, o controle na assistência ao nascimentode um ser humano.

Quantos de nós, obstetras, já não passamos por situações de estresse durante o acompanha-mento do parto, em que a operação cesariana, bem indicada, foi a responsável pela integridadematerno-fetal? Estaria o feto seguro em uma “casa de parto”? Do diagnóstico (se for feito) aotransporte até a maternidade mais próxima, quanto tempo? Será que este mesmo tempo será oencarregado de mostrar que a “casa de parto” não pode funcionar fora de um hospital?

Reiteramos que a assistência ao parto deva ser multiprofissional, em que cada especialista tenhaseu papel, e de preferência em ambiente propício à assistência, tanto materna quanto fetal, ou seja, nohospital. A medicina demorou anos, décadas, séculos, para tornar o parto um momento festejado,seguro e de grande alegria para a família. Não será agora que retrocederemos!

Por isso, convoco os colegas que participem dessa luta, manifestando sua posição contráriaà “casa de parto” e exigindo, de nossas entidades governamentais e da medicina suplementar,melhores condições de assistência obstétrica.

Um grande abraço!Um grande abraço!Um grande abraço!Um grande abraço!Um grande abraço!VVVVVererererera Fa Fa Fa Fa Fonsecaonsecaonsecaonsecaonseca

Editorial

4 SAÚDE PÚBLICA

ENTIDADES SE MANIFESTAMCONTRA REABERTURA DECASA DE PARTO

SAÚDE PÚBLICA

6 COMISSÃO DE PARTONORMAL APRESENTAPROJETO DE MELHORIA ÀASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA

INFORMES

ARTIGO/OPINIÃO

TRATAMENTOFARMACOLÓGICO DAINCONTINÊNCIA URINÁRIA

ARTIGO

CONGRESSO BATE RECORDE DEPARTICIPANTES

EVENTOS

REUNIÃO DE PRECEPTORES DARESIDÊNCIA MÉDICA

EMC RESIDÊNCIA MÉDICA

ENDOCRINOLOGIAGINECOLÓGICA

Sumário

6

7

10

12

14

G&O Rio é o órgão informativo oficial da Associação deGinecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:263

Page 3: G&O Maio 2009

4 • Maio/Junho - 2009 G O RIO&

Saúde Pública

A SGORJ, o Conselho FA SGORJ, o Conselho FA SGORJ, o Conselho FA SGORJ, o Conselho FA SGORJ, o Conselho Federederederederederal de Medicina, aal de Medicina, aal de Medicina, aal de Medicina, aal de Medicina, a

FEBRASGO e o CREMERJ divulgaram notas naFEBRASGO e o CREMERJ divulgaram notas naFEBRASGO e o CREMERJ divulgaram notas naFEBRASGO e o CREMERJ divulgaram notas naFEBRASGO e o CREMERJ divulgaram notas na

ImprImprImprImprImprensa contrensa contrensa contrensa contrensa contra a ra a ra a ra a ra a reabertureabertureabertureabertureabertura da Casa de Pa da Casa de Pa da Casa de Pa da Casa de Pa da Casa de Partoartoartoartoarto

em Realengo, que havia sido desativada, no diaem Realengo, que havia sido desativada, no diaem Realengo, que havia sido desativada, no diaem Realengo, que havia sido desativada, no diaem Realengo, que havia sido desativada, no dia

4 de junho, pela Vigilância Sanitária do Estado4 de junho, pela Vigilância Sanitária do Estado4 de junho, pela Vigilância Sanitária do Estado4 de junho, pela Vigilância Sanitária do Estado4 de junho, pela Vigilância Sanitária do Estado

do Rio de Janeiro, e reaberta por força dado Rio de Janeiro, e reaberta por força dado Rio de Janeiro, e reaberta por força dado Rio de Janeiro, e reaberta por força dado Rio de Janeiro, e reaberta por força da

liminar do desembargador Guaraci Vianna, aliminar do desembargador Guaraci Vianna, aliminar do desembargador Guaraci Vianna, aliminar do desembargador Guaraci Vianna, aliminar do desembargador Guaraci Vianna, a

pedido do Sindicato dos Enfermeiros.pedido do Sindicato dos Enfermeiros.pedido do Sindicato dos Enfermeiros.pedido do Sindicato dos Enfermeiros.pedido do Sindicato dos Enfermeiros.

PPPPPararararara a Pra a Pra a Pra a Pra a Presidente da SGORJ, Vesidente da SGORJ, Vesidente da SGORJ, Vesidente da SGORJ, Vesidente da SGORJ, Vererererera Fa Fa Fa Fa Fonseca, aonseca, aonseca, aonseca, aonseca, a

tão propagada humanização do parto, alegadatão propagada humanização do parto, alegadatão propagada humanização do parto, alegadatão propagada humanização do parto, alegadatão propagada humanização do parto, alegada

para a criação de tais estabelecimentos, é muitopara a criação de tais estabelecimentos, é muitopara a criação de tais estabelecimentos, é muitopara a criação de tais estabelecimentos, é muitopara a criação de tais estabelecimentos, é muito

melhor exercida pelas maternidades, quemelhor exercida pelas maternidades, quemelhor exercida pelas maternidades, quemelhor exercida pelas maternidades, quemelhor exercida pelas maternidades, que

dispõem de todos os recursos para garantir adispõem de todos os recursos para garantir adispõem de todos os recursos para garantir adispõem de todos os recursos para garantir adispõem de todos os recursos para garantir a

integridade das pacientes, além de permitiremintegridade das pacientes, além de permitiremintegridade das pacientes, além de permitiremintegridade das pacientes, além de permitiremintegridade das pacientes, além de permitirem

que a família participe de todo o processo doque a família participe de todo o processo doque a família participe de todo o processo doque a família participe de todo o processo doque a família participe de todo o processo do

trabalho de parto até o nascimento do bebê.trabalho de parto até o nascimento do bebê.trabalho de parto até o nascimento do bebê.trabalho de parto até o nascimento do bebê.trabalho de parto até o nascimento do bebê.

- É importante avaliar o impacto da casa de parto- É importante avaliar o impacto da casa de parto- É importante avaliar o impacto da casa de parto- É importante avaliar o impacto da casa de parto- É importante avaliar o impacto da casa de parto

na dinâmica do atendimento na cidade do Rio dena dinâmica do atendimento na cidade do Rio dena dinâmica do atendimento na cidade do Rio dena dinâmica do atendimento na cidade do Rio dena dinâmica do atendimento na cidade do Rio de

Janeiro. Em cinco anos, afirma ter feito 820Janeiro. Em cinco anos, afirma ter feito 820Janeiro. Em cinco anos, afirma ter feito 820Janeiro. Em cinco anos, afirma ter feito 820Janeiro. Em cinco anos, afirma ter feito 820

consultas pré-natais, mas realizado apenas 22consultas pré-natais, mas realizado apenas 22consultas pré-natais, mas realizado apenas 22consultas pré-natais, mas realizado apenas 22consultas pré-natais, mas realizado apenas 22

partos por mês, menos de um por dia. Essa evasãopartos por mês, menos de um por dia. Essa evasãopartos por mês, menos de um por dia. Essa evasãopartos por mês, menos de um por dia. Essa evasãopartos por mês, menos de um por dia. Essa evasão

de gestantes indica um grande descontentamentode gestantes indica um grande descontentamentode gestantes indica um grande descontentamentode gestantes indica um grande descontentamentode gestantes indica um grande descontentamento

com o atendimento. Será que é um custo válidocom o atendimento. Será que é um custo válidocom o atendimento. Será que é um custo válidocom o atendimento. Será que é um custo válidocom o atendimento. Será que é um custo válido

para os cofres públicos, considerando essa pífiapara os cofres públicos, considerando essa pífiapara os cofres públicos, considerando essa pífiapara os cofres públicos, considerando essa pífiapara os cofres públicos, considerando essa pífia

quantidade de partos? As maternidades públicasquantidade de partos? As maternidades públicasquantidade de partos? As maternidades públicasquantidade de partos? As maternidades públicasquantidade de partos? As maternidades públicas

fazfazfazfazfazem até 7em até 7em até 7em até 7em até 700 partos por mês e ainda mantêm o00 partos por mês e ainda mantêm o00 partos por mês e ainda mantêm o00 partos por mês e ainda mantêm o00 partos por mês e ainda mantêm o

padrão de qualidade – ressalta.padrão de qualidade – ressalta.padrão de qualidade – ressalta.padrão de qualidade – ressalta.padrão de qualidade – ressalta.

A Assembléia Geral das Federadas da Federação Brasileiradas Associações de Ginecologia e Obstetrícia de 26 Estados eDistrito Federal, reunida em Brasília, reitera sua posição contrá-ria à implantação e funcionamento das chamadas “Casas deParto”.

Esta Federação jamais se opôs à participação de outros pro-fissionais, legalmente habilitados, como parte integrante dasequipes de saúde que assistem ao parto.

A FEBRASGO reitera serem inadmissíveis, além de seremtemerárias sob o ponto de vista materno-fetal, as tentativasinsistentes e freqüentes de afastar o médico obstetra, profissio-nal que detem os maiores conhecimentos e habilidades do pro-cesso do atendimento ao parto.

A FEBRASGO, jamais manifestou ser desfavorável quanto aoexercício profissional de enfermeiros alocados em maternidadespúblicas onde exercem e executam dignamente seu trabalho,mas entende que a presença do enfermeiro não prescinde dapresença de uma equipe médica completa, pronta a atender asintercorrências.

A FEBRASGO, associação que representa os obstetras do país,mais uma vez rechaça todas e quaisquer atitudes que venham adepreciar o exercício da especialidade.

Esta manifestação da FEBRASGO, reunida em Assembléia,cumpre o dever de lutar pela qualificação e segurança da assis-tência à mulher brasileira.

Nilson Roberto de Melo - PresidentePresidentePresidentePresidentePresidenteFrancisco Eduardo Prota – Secretário ExecutivoSecretário ExecutivoSecretário ExecutivoSecretário ExecutivoSecretário ExecutivoVera Lucia Mota da Fonseca – Secr Secr Secr Secr Secretária Exetária Exetária Exetária Exetária Executivecutivecutivecutivecutiva Aa Aa Aa Aa AdjuntadjuntadjuntadjuntadjuntaRicardo Oliveira e Silva – TTTTTesouresouresouresouresoureireireireireiroooooMariângela Badalloti – TTTTTesouresouresouresouresoureireireireireira Aa Aa Aa Aa AdjuntadjuntadjuntadjuntadjuntaFrancisco Edson Lucena – Vice-Pres. Região NordesteVice-Pres. Região NordesteVice-Pres. Região NordesteVice-Pres. Região NordesteVice-Pres. Região NordestePedro Noleto – Vice-Pres. Região NorteVice-Pres. Região NorteVice-Pres. Região NorteVice-Pres. Região NorteVice-Pres. Região NorteClaudia Navarro – Vice-Pres. Região SudesteVice-Pres. Região SudesteVice-Pres. Região SudesteVice-Pres. Região SudesteVice-Pres. Região SudesteAlmir Urbanetz – Vice-Pres. Região SulVice-Pres. Região SulVice-Pres. Região SulVice-Pres. Região SulVice-Pres. Região Sul

ENTIDADES SE MANIFESTAM CONTRAREABERTURA DE CASA DE PARTO

Nota divulgada pela FEBRASGO em 12 de junho

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:264

Page 4: G&O Maio 2009

Maio/Junho - 2009 • 5G O RIO&

EM DEFESA DO PARTO SEGUROA equivocada reabertura da “casa de parto”, localizada em Realengo, é mais uma prova do descaso das autoridades com a saúde dos moradores da

Zona Oeste do Rio de Janeiro. A “casa de parto” fere a legislação federal e nega o acesso ao atendimento especializado, realizado por obstetras, pediatrase anestesistas, que é direito adquirido tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.

Como se não bastasse a carência de uma política de saúde eficiente, a população tem sido enganada com a falsa idéia de que a “casa de parto” é umaunidade de saúde. Por isso, é importante esclarecermos que a “casa de parto” funciona SEM MÉDICOSSEM MÉDICOSSEM MÉDICOSSEM MÉDICOSSEM MÉDICOS e sem a infraestrutura mínima para atendimentode qualquer eventualidade, que pode ocorrer em até 20% dos partos. Além disso, seu impacto no atendimento materno-infantil da cidade é insignificante.A “casa de parto” realiza apenas 22 partos por mês, portanto sequer atinge a marca de um nascimento por dia.

Nossas maternidades municipais, estaduais e federais têm recursos essenciais para garantir a integridade das pacientes e que não estão disponíveisna “casa de parto”. Seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as maternidades incentivam o parto normal e o aleitamentomaterno, promovem o alojamento conjunto e estimulam a presença da família em todo o processo até o nascimento. Fato é que as maternidades oferecemuma estrutura mais completa e segura, sempre considerando as necessidades e os direitos da mãe e do recém-nascido.

O CREMERJ e todas as entidades médicas que assinam esta nota oficial lutam por um atendimento de qualidade à população. Continuaremos buscandoos instrumentos legais para impedir o funcionamento da “casa de parto”. Não aceitamos este retrocesso na assistência materno-infantil da cidade do Riode Janeiro. Os médicos prezam a humanização e a dignidade no atendimento à gestante e ao recém-nascido. É por isso que defendemos uma casa denascimento que há muito tempo já tem nome: MATERNIDADE.

Luis Fernando Soares MoraesPresidente do CREMERJPresidente do CREMERJPresidente do CREMERJPresidente do CREMERJPresidente do CREMERJ

Marcos de Oliveira Moraes José Luiz Gomes do AmaralPres. da Academia Nacional de Medicina Pres. da Associação Médica BrasileiraPres. da Academia Nacional de Medicina Pres. da Associação Médica BrasileiraPres. da Academia Nacional de Medicina Pres. da Associação Médica BrasileiraPres. da Academia Nacional de Medicina Pres. da Associação Médica BrasileiraPres. da Academia Nacional de Medicina Pres. da Associação Médica Brasileira

Carlindo de S. Machado e Silva FilhoPres. da Sociedade Médica do Estado do RJ Pres. da Sociedade Médica do Estado do RJ Pres. da Sociedade Médica do Estado do RJ Pres. da Sociedade Médica do Estado do RJ Pres. da Sociedade Médica do Estado do RJ

Dioclécio Campos JúniorPres. da Sociedade Brasileira de PediatriaPres. da Sociedade Brasileira de PediatriaPres. da Sociedade Brasileira de PediatriaPres. da Sociedade Brasileira de PediatriaPres. da Sociedade Brasileira de Pediatria

Nilson Roberto de Melo PrPrPrPrPreseseseses. da F. da F. da F. da F. da Federederederederederação Bração Bração Bração Bração Brasileirasileirasileirasileirasileira das Associações de Ginecologia e Obstetríciaa das Associações de Ginecologia e Obstetríciaa das Associações de Ginecologia e Obstetríciaa das Associações de Ginecologia e Obstetríciaa das Associações de Ginecologia e Obstetrícia

Vera Lúcia Mota da FonsecaPres. da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia / RJPres. da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia / RJPres. da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia / RJPres. da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia / RJPres. da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia / RJ

Nota publicada pelo CREMERJ, em 24 de junho, no jornal O Globo

AS MULHERES TÊM DIREITO AO PARTO SEGURO O Conselho Federal de Medicina e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro voltam a denunciar mais um desrespeito à saúde da

população, especialmente da Zona Oeste. Alertamos as autoridades para o equívoco da reabertura da “Casa de Parto” em Realengo, que viola a legislaçãobrasileira e normas éticas, técnicas e bioéticas de atendimento à mulher e à criança.

A “Casa de Parto’; que funciona SEM MÉDICOS, nega o acesso ao atendimento por obstetras, pediatras e anestesistas, dando uma clara demons-tração de descaso com a gestante e com o recém-nascido. É um desrespeito à cidadania submeter mãe e filho a uma condição de risco pela banalizaçãoque sequer imputarão ato de nascer.

Evidências científicas mostram que os partos em “Casas de Parto” dobram a morbi-mortalidade perinatal, lacerações vaginais e perineais.A Organização Mundial de Saúde recomenda na atenção ao parto, eventualmente, o uso de medicações que somente os médicos podem prescrever,

conforme a legislação do país, recursos fundamentais para diminuir a mortalidade materna e o sangramento pós-parto. Além disso, o Estatuto da Criançae do Adolescente, que é uma lei federal, determina que é direito de toda criança o atendimento pediátrico ao nascer.

Já a FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia - reitera serem inadmissíveis, além de temerárias sob o ponto devista materno-fetal, as tentativas frequentes de afastar o médico obstetra, profissional que detém os maiores conhecimentos e habilidades do processode atendimento ao parto.

Defendemos o correio: uma maternidade bem equipada com a presença de uma equipe multiprofissional, com número adequado de médicos e outrosprofissionais, que seja bem treinada e apta a enfrentar qualquer situação de risco.

O Conselho Federal de Medicina e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro reafirmam que continuarão buscando os instrumentoslegais para impedir o absurdo funcionamento da “Casa de Parto’, que caracteriza um retrocesso inaceitável para a assistência materno-infantil na cidadedo Rio de Janeiro em pleno século 21.

Edson Oliveira de AndradePresidente do CFMPresidente do CFMPresidente do CFMPresidente do CFMPresidente do CFMLuis Fernando Soares MoraesPresidente do CremerjPresidente do CremerjPresidente do CremerjPresidente do CremerjPresidente do Cremerj

Nota publicada pelo CREMERJ em conjunto com o CFM, em 19 de junho, no jornal O Globo

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:265

Page 5: G&O Maio 2009

6 • Maio/Junho - 2009 G O RIO&

Saúde Pública

“Modelar formas alternativas de organização e remuneração do traba-lho médico que favoreçam a realização de partos normais, sensibilizando asoperadoras de planos privados de assistência à saúde e os serviços priva-dos de atenção obstétrica e neonatal a aderirem a tais práticas para aestruturação e gestão da atenção obstétrica, incentivando a remuneraçãodo período ativo do trabalho de parto, do parto propriamente dito, dopuerpério patológico até a alta da paciente”, é um dos objetivos traçadospela Comissão do Parto Normal no projeto que visa melhorar a assistênciaobstétrica e ao incentivo do parto normal. O projeto foi apresentado aoConselho Federal de Medicina, no dia 18 de junho, pela sua relatora, VeraFonseca, Presidente da SGORJ.

A Comissão do Parto Normal, formada por representantes do ConselhoFederal de Medicina (CFM), da Federação Brasileira de Ginecologia e Obste-trícia (FEBRASGO), da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da AgênciaNacional de Saúde Suplementar (ANS), sugeriu, como atividades, elaborar,em parceria com membros da comunidade científica, de operadoras e hospi-tais privados, modelos de atenção ao parto e nascimento que favoreçam oacompanhamento do trabalho de parto; e pactuar com os gestores das dezmaiores operadoras de planos privados de assistência à saúde em númerode beneficiárias em idade fértil, em plano com obstetrícia, a adoção de talmodelo de atenção.

Segundo Vera Fonseca, também representante do CREMERJ na Comis-são, um dos motivos que leva, muitas vezes, o médico a não realizar o partonormal é o tempo de acompanhamento deste, que pode levar 10 horas oumais e o médico não ser remunerado. Ela observou que nenhuma operadorade saúde paga pelo período ativo de trabalho de parto, que segundo ela, éinjusto com os profissionais.

- A falta de leitos nos hospitais para a gestante que está em trabalho departo leva também o médico à indicação prévia de cesária eletiva, garantin-do assim a vaga no hospital da sua preferência - disse Vera Fonseca.

A Comissão considera importante também instrumentalizar as operadorasde planos de saúde com medidas regulatórias de incentivo à qualificação daassistência obstétrica, através do reforço e da divulgação de normas sobre ouso obrigatório do cartão da gestante e do partograma para acompanhamento

COMISSÃO DE PARTO NORMAL APROJETO DE MELHORIA À ASSISTÊ

da gestante e do trabalho de parto no setor suplementar, além da elaboração denormas que tenham impacto na redução do número de cesarianas eletivas.

Outro objetivo da Comissão de Parto Normal é elaborar processoseducativos em saúde e cursos de atualização, destinados aos médicos,estudantes de medicina, demais profissionais de saúde e população em geralsobre o manejo do pré-natal, parto, nascimento e puerpério, divulgandoperiodicamente para a comunidade médica boas práticas em obstetrícia easpectos éticos relacionados à atenção perinatal, assim como incentivar asassociações de ensino médico e as universidades a discutirem temas relaci-onados às causas de morbimortalidade materna e neonatal.

Para a Comissão, é necessário ainda conjugar esforços, com os Con-selhos Regionais de Medicina e outras entidades governamentais e dasociedade civil para a redução da morbimortalidade materna e neonatal nosetor suplementar de saúde.

Vera Fonseca, na oportunidade, apresentou dados que reforçaram sua posição diante do assunto

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:266

Page 6: G&O Maio 2009

Maio/Junho - 2009 • 7G O RIO&

Informes

XIV Congresso Brasileirode Neoplasia TrofoblásticaGestacional (NTG)

O XIV Congresso Brasileiro de NeoplasiaTrofoblástica Gestacional (NTG) está marcadopara os dias 19 a 22 de agosto, no Auditórioda Amil, na Avenida das Américas 4200.

Além do Curso Pré-Congresso - Curso deCapacitação e Treinamento de Médicos das Ma-ternidades Estaduais e Municipais e da AtençãoBásica do Rio de Janeiro – a programação cien-tífica prevê conferências, mesas redondas, ses-sões interativas, temas livres e exposição detrabalhos em pôsteres. Inscrições: na SGORJ eno Centro de Referência de NTG da Santa Casade Misericórdia do Rio de Janeiro, 33ª Enferma-ria, com as secretárias Márcia, Lúcia e Simone,pelos telefones: (21) 2220-1028 e 2220-0600,ou pelo e-mail: [email protected].

X Congresso deGinecologia EndócrinaA SGORJ promove nos dias 11 e 12 de setembrode 2009 o X Congresso de Ginecologia Endócri-na. O evento acontecerá no Windsor Barra Hotellocalizado na Av. Lucio Costa, 2630 (antiga Av.Sernambetiba) - Barra da Tijuca e terá comotemas principais os seguintes assuntos:• AMENORRÉIA• ANTICONCEPÇÃO• CLIMATÉRIO• ESTERILIDADE DE CAUSA ENDÓCRINA• FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL• FITOHORMÔNIOS• HEMORRAGIA UTERINA DISFUNCIONAL• HIPERPROLACTINEMIA• HIRSUTISMO• INDUÇÃO DA OVULAÇÃO• OBESIDADE• TIREÓIDE• OS HORMÔNIOS E A MAMA• OSTEOPOROSE• OVÁRIOS POLICISTICOS• PUBERDADE• ENTRE OUTROSMais informações podem ser obtidas, das 9h às17h, no departamento de eventos da SGORJ, noLargo do Machado, nº 54 – Sala 1206 - Catete,pelos telefones: (21) 2285-0892, 2265-1525 ou2225-6061 ou pelo e-mail: [email protected]

ErrataNo Boletim G&O Rio de março-abril 2009,No Boletim G&O Rio de março-abril 2009,No Boletim G&O Rio de março-abril 2009,No Boletim G&O Rio de março-abril 2009,No Boletim G&O Rio de março-abril 2009,

o nome correto de um dos colaboradores doo nome correto de um dos colaboradores doo nome correto de um dos colaboradores doo nome correto de um dos colaboradores doo nome correto de um dos colaboradores doartigo “Uso de Anticoagulantes na Gestação”artigo “Uso de Anticoagulantes na Gestação”artigo “Uso de Anticoagulantes na Gestação”artigo “Uso de Anticoagulantes na Gestação”artigo “Uso de Anticoagulantes na Gestação”é Gláucio de Moraes Paula, Mestre em Saúdeé Gláucio de Moraes Paula, Mestre em Saúdeé Gláucio de Moraes Paula, Mestre em Saúdeé Gláucio de Moraes Paula, Mestre em Saúdeé Gláucio de Moraes Paula, Mestre em Saúdeda Criança e da Mulher (IFF/FIOCRUZ).da Criança e da Mulher (IFF/FIOCRUZ).da Criança e da Mulher (IFF/FIOCRUZ).da Criança e da Mulher (IFF/FIOCRUZ).da Criança e da Mulher (IFF/FIOCRUZ).

AL APRESENTASISTÊNCIA OBSTÉTRICA

Os 13 pontos fundamentais queincentivaram a elaboração do projeto• O sistema de atenção ao parto deixa, hoje, insatisfeitos os obstetras, as operadoras, as autoridades de

saúde e muitas mulheres;• O caminho é a qualificação da assistência, garantindo o acolhimento e a assistência médica necessária;• São inúmeros os fatores que levam ao aumento das taxas de cesarianas; em cada local, em cada

instituição, para cada população;• Não se pode afirmar que a cesariana em si implique aumento de risco obstétrico;• Entendemos que é preciso modificar o sistema de assistência ao parto na Saúde Suplementar para que

as gestantes tenham a certeza de que a qualquer hora terão, à sua disposição, assistência médica ehospital de qualidade;

• Criadas essas condições poderão, a mulher e a equipe de assistência, optar pela via de parto comtranquilidade;

• As informações divulgadas pelas autoridades não conseguem convencer médicos, porque equivocadas,nem fazem com que pacientes sintam-se seguras para discutir a melhor via;

• O passo inicial deve ser a obrigatoriedade das operadoras que vendem o “produto obstetrícia” oferece-rem serviços de referência, maternidades com equipes de 24 horas (obstetras, pediatras, anestesistas)e número de vagas suficiente para internação, conforme sua carteira;

• Esse sistema tem o foco na paciente e, quanto mais qualificada a equipe, melhor;• A paciente pode recorrer ao seu médico ou ao serviço institucional, que oferece assistência a todo ciclo

grávido-puerperal, incluindo ações de prevenção e promoção de saúde;• Quanto ao cronograma, não devemos iniciar com campanhas publicitárias e programas de educação

médica, etc., pois tal iniciativa poderá passar para opinião pública que o problema seja, exclusivamente,dos profissionais médicos;

• Concomitantemente à criação das condições materiais de assistência, poderão ser desencadeadas asações que envolvam os profissionais médicos;

• A atenção obstétrica deverá ser remunerada conforme o período ativo do trabalho de parto, o parto eo período do puerpério patológico até a alta da paciente.

Resultados esperados pelaComissão de Parto Normal• Atenção ao parto e nascimento estruturada e remodelada, nas redes assistenciais das operadoras de

planos privados de assistência à saúde;• Atenção à maternidade segura no setor suplementar de saúde;• Redução progressiva de cesarianas;• Redução de cesarianas agendadas antes do trabalho de parto;• Médicos engajados com a melhor assistência obstétrica;• Definição de indicações de interrupção da gestação fora do trabalho de parto.

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:267

Page 7: G&O Maio 2009

10 • Maio/Junho - 2009 G O RIO&

Artigo/Opinião

A Incontinência Urinária (IU) é definida pelaInternacional Continence Society (ICS) como qual-quer perda involuntária de urina. Compromete sig-nificativamente a qualidade de vida das pacientes,com impacto negativo sobre a vida social, profis-sional e sexual.

Do ponto de vista clínico, pode se apresentarcomo incontinência urinária de esforço (IUE), aforma mais comum, seguida pela incontinênciaurinária mista e pela urge-incontinência.

A IUE é a perda sincrônica aos esforços, quan-do há aumento da pressão abdominal, na ausên-cia de atividade do detrusor demonstrada peloestudo urodinâmico. Pode ocorrer aos pequenosesforços e com níveis de pressão abdominal mui-to baixa; neste caso, é chamada de IUE por defei-to esfincteriano.

A bexiga hiperativa é uma síndrome caracteri-zada por urgência urinária, com ou sem inconti-nência, geralmente associada à frequência e noc-túria. A hiperatividade do detrusor pode ou nãoestar presente durante a avaliação urodinâmica.

A incontinência mista é o resultado da combi-nação de IUE e urge-incontinência

Por várias décadas, o estrogênio tem sido umdos tratamentos para incontinência urinária emmulheres. O trato urinário baixo possui origem em-briológica comum com o trato genital, e receptoresde estrogênio e progesterona estão presentes tam-bém na bexiga e na uretra. A queda dos níveis deestrogênio após a menopausa pode causar atrofiagenital e sintoma urinários, tais como frequência,urgência, incontinência urinária e infecções recor-rentes. Como o estrogênio melhora os sintomas devaginite atrófica, pensava-se também que pudesseatuar na melhora dos sintomas urinários.

Embora uma revisão sistemática de 2003 te-nha concluído que o tratamento com estrogêniopode curar ou melhorar a IU, os estudos HeartEstrogen and Progestin Replacement Study(HERS) e Women’s Health Initiative (WHI) nãoobservaram o mesmo resultado.

De acordo com o estudo HERS, a associaçãode estrogênios conjugados equinos (ECE) comacetato de medroxiprogesterona (AMP) aumen-tou a incidência de IU nas pacientes cardiopatas.Já o estudo WHI mostrou que tanto o uso de ECEisolado quanto em associação com o AMP nãoprevine e não melhora a IUE, podendo aumentar orisco desta condição e de urge-incontinência.

Sendo assim, de acordo com as evidências

mais recentes, o estrogênio com ou sem proges-terona não possui lugar no tratamento da IU.

TRATRATRATRATRATTTTTAMENTAMENTAMENTAMENTAMENTO FARMAO FARMAO FARMAO FARMAO FARMACOLÓGICOCOLÓGICOCOLÓGICOCOLÓGICOCOLÓGICODA INCONTINÊNCIA URINÁRIADA INCONTINÊNCIA URINÁRIADA INCONTINÊNCIA URINÁRIADA INCONTINÊNCIA URINÁRIADA INCONTINÊNCIA URINÁRIA

Teoricamente, o tratamento com fenilpropano-lamina (agonista dos receptores á-adrenérgicos)estimularia a contração da musculatura uretral, au-mentando a pressão de fechamento da uretra.

As evidências existentes da sua eficácia sãomuito fracas, além de apresentarem efeitos adver-sos severos como AVC, hipertensão, palpitação earritmia cardíaca.

A imipramina (antidepressivo tricíclico) inibea recaptação de noradrenalina, intensificando osefeitos adrenérgicos no músculo da uretra proxi-mal e base da bexiga, determinando diminuição dacontração vesical e aumento da resistência ure-tral. Não existem estudos prospectivos e rando-mizados de boa qualidade para avaliar a eficáciadesse agente.

A duloxetina (inibidor da recaptação de sero-tonina e norepinefrina) foi a primeira droga a sertestada para tratamento da IUE em um amploestudo randomizado, sendo mais eficaz que o pla-cebo em termos de cura subjetiva e melhora daincontinência, diminuindo os episódios de perda.

Estudos têm evidenciado que os agonistasserotoninérgicos geralmente inibem a atividadeparassimpática e intensificam a atividade simpáti-ca e somática no trato urinário baixo, promoven-do armazenamento de urina.

A droga foi aprovada para o uso em pacientescom IUE na Europa, mas não nos EUA. No Brasil, aformulação disponível no mercado está indicadaapenas para o tratamento de depressão. Apresen-ta como efeitos colaterais mais importantes a into-lerância gástrica, e pode haver aumento de risco desuicídio em pacientes predispostos.

TRATRATRATRATRATTTTTAMENTAMENTAMENTAMENTAMENTO FARMAO FARMAO FARMAO FARMAO FARMACOLÓGICOCOLÓGICOCOLÓGICOCOLÓGICOCOLÓGICODDDDDA BEXIGA BEXIGA BEXIGA BEXIGA BEXIGA HIPERAA HIPERAA HIPERAA HIPERAA HIPERATIVTIVTIVTIVTIVAAAAA

Os antagonistas dos receptores muscaríni-cos constituem o tratamento de primeira linhapara bexiga hiperativa com ou sem hiperatividadedo detrusor.

No trato urinário, tais drogas agem na muscu-latura vesical levando à diminuição da contraçãovesical, ao aumento do volume de urina residual e àdiminuição da pressão do músculo detrusor.

Os receptores do tipo M2 predominam nabexiga. Entretanto, a contração do detrusor émediada principalmente pelos receptores M3, osquais também estão envolvidos na contração da

TRATAMENTO FARMACOLÓGICODA INCONTINÊNCIA URINÁRIA

CARLCARLCARLCARLCARLOS AUGUSTOS AUGUSTOS AUGUSTOS AUGUSTOS AUGUSTO FARIAO FARIAO FARIAO FARIAO FARIADoutor em Ginecologia e Responsável pelo Ambu-latório de Uroginecologia do HUCFF-UFRJ

CAMILLE GIEHL MARTINSCAMILLE GIEHL MARTINSCAMILLE GIEHL MARTINSCAMILLE GIEHL MARTINSCAMILLE GIEHL MARTINSResidente do Serviço de Ginecologia do HUCFF-UFRJ

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:2610

Page 8: G&O Maio 2009

Maio/Junho - 2009 • 11G O RIO&

musculatura gastrointestinal, na produção de sa-liva e no funcionamento do esfíncter da íris. Porisso, os efeitos colaterais mais comuns dos anti-muscarínicos são xerostomia (boca seca), consti-pação intestinal e intolerância gástrica, e as medi-cações estão contra-indicadas em pacientes comglaucoma de ângulo fechado, doença inflamatóriaintestinal, obstrução gástrica, miastenia gravis,idosos com atonia intestinal etc.

Os antimuscarínicos podem ser aminas terci-árias ou quaternárias, o que lhes confere diferen-tes características de efetividade e de efeitos co-laterais. As aminas terciárias são mais lipofílicasque as aminas quaternárias e, por isso, podematravessar mais facilmente a barreira hematoen-cefálica (BHE). As aminas terciárias também sãomais facilmente absorvidas pelo trato gastrintes-tinal (TGI). Aminas terciárias são metabolizadaspela via do citocromo P450, enquanto aminasquaternárias possuem mínimo metabolismo poresta via, interagindo menos com outras drogas.

A oxibutinina possui alta afinidade pelos recep-tores M1 e M3, e menor afinidade por M2. É umaamina terciária, sendo assim bem absorvida peloTGI e possui um intenso metabolismo de primeirapassagem. Atravessa a BHE, podendo provocaralterações cognitivas. A dose recomendada é de 5a 15 mg por dia. Existe também a formulação de 10mg, de liberação prolongada, para uso único diário.Apresenta a maior incidência de efeitos colaterais.

A tolterodina apresenta rápida absorção peloTGI, e é pouco lipofílica, o que contribui para a peque-na capacidade de atravessar a BHE e de levar adistúrbios cognitivos principalmente nos idosos.Possui um grau similar de seletividade para todos os

receptores muscarínicos, com alta afinidade para estesreceptores. Estudos sugerem que a tolterodina pos-sui maior seletividade para os receptores da bexigaem comparação aos das glândulas salivares.

A dose recomendada é de 2 a 4 mg por dia. Aformulação de liberação prolongada possui 4 mg.

A darifenacina é também uma amina terciária,moderadamente lipofílica, que tem alta afinidade eseletividade relativa pelos receptores M3. A doserecomendada é de 7,5 a 15 mg em tomada únicadiária. Tem como grande desvantagem ser o com-posto de maior custo.

Uma vez que possui maior seletividade pelosreceptores M3, tem menor chance de provocaralterações cognitivas, já que a maioria dos recep-tores do SNC é do tipo M1.

A dose deve ser ajustada no uso concomi-tante com cetoconazol, itraconazol, clarotromici-na e alguns antiretrovirais.

As medicações a seguir podem ser utilizadaspara o tratamento da bexiga hiperativa, mas nãoestão disponíveis para comercialização no Brasil.

A busca de substâncias com menos efeitoscolaterais levou ao desenvolvimento da solifenaci-na, que é utilizada na dose de 5 a 10 mg/dia. Nãoexistem estudos que demonstrem maior efetivida-de e/ou menor frequência de efeitos indesejáveisquando é comparada com outros antimuscaríni-cos. Possui moderada seletividade para os recep-tores M3 em relação aos M2 e maior seletividadepara os receptores da bexiga.

O trospium é uma amina quaternária com efi-cácia semelhante à de outros anticolinérgicos. Suaprincipal vantagem reside no fato de não atraves-sar a barreira hematoencefálica por não ser lipofí-

lico. Com isso, são menores as possibilidades deefeitos sobre o SNC, principalmente em idosos.

Ainda podemos citar a propiverina, que temmaior segurança para uso em crianças, e a oxibutini-na transdérmica que, ao evitar a primeira passagemhepática e a produção do metabólito responsávelpelos efeitos colaterais, reduz a sua frequência.

A desmopressina é eficaz principalmente notratamento da noctúria e da enurese, com poucosefeitos colaterais em pacientes saudáveis. O usodeve ser cuidadoso em idosos com cardiopatiasou em uso de diuréticos.

CONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOA elevada prevalência da IUE justifica a busca

por um tratamento farmacológico que venha be-neficiar as mulheres com defeito anatômico míni-mo, aquelas com elevado risco cirúrgico e mesmoas que desejam postergar a cirurgia. As medica-ções com ação no SNC constituem um novo epromissor caminho a ser explorado.

A tolterodina, a oxibutinina e a darifenacina pa-recem ser igualmente efetivas em diminuir os sinto-mas da bexiga hiperativa, embora a taxa de sucessoem alguns estudos não ultrapassem 60% e o índicede abandono do tratamento devido aos efeitos co-laterais seja alto. A oxibutinina tem menor custo,mas apresenta maior índice de efeitos indesejáveis.

A utilização de quaisquer dessas medicaçõesdeve ser precedido de criteriosa avaliação clínica eoftalmológica para identificar as pacientes porta-doras de contra-indicações. Ainda não está esta-belecido o tempo ideal de tratamento. Muitas pa-cientes necessitam de uso contínuo, uma vez quevoltam a ter sintomas após a sua interrupção.

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:2611

Page 9: G&O Maio 2009

12 • Maio/Junho - 2009 G O RIO&

Artigo

O XXXIII Congresso de Ginecologia e Obstetrí-cia, realizado nos dias 4, 5 e 6 de junho, no HotelSofitel, superou as expectativas com mais de mil ins-critos. Cerca de 250 renomados professores, inclu-sive oito de outros Estados, contribuíram para abri-lhantar o evento.

A Presidente da SGORJ, Vera Fonseca, disse estarplenamente satisfeita com o interesse dos congressis-tas pela programação científica, que contou com 4 cur-sos pré-congresso, 34 mesas redondas, 27 conferênci-as, 14 debates, 4 cursos intra-congresso sobre “Emer-gências na sala de parto” promovidos pelo Centro deTreinamento Berkeley e 4 simpósios patrocinados.

- O êxito da Comissão Científica ao organizar oprograma deste ano, formada por professores maisjovens, mostrou a renovação da nossa Sociedade– ressaltou.

Na abertura do Congresso, que contou com umcoquetel de confraternização e a palestra da professo-ra Talita Franco, Chefe do Serviço de Cirurgia Plásticada UFRJ, sobre “A mulher: evolução de um conceito”, aPresidente da SGORJ, Vera Fonseca, também Vice-Pre-sidente do CREMERJ, enfatizou a importância da uniãoentre as entidades representativas de classe, em prolda melhoria na qualidade do atendimento prestado àpopulação, ressaltando que os cursos de educaçãomédica continuada e as ações de defesa profissionalsão fundamentais para atingir esse objetivo.

- Num trabalho em conjunto com os ConselhosRegional e Federal de Medicina, Febrasgo e Anvisa, co-meçamos a discutir a relevância da diminuição do nú-mero de cesarianas. Mas, muito mais importante doque isso é melhorarmos a nossa assistência obstétrica,independentemente do tipo de parto, para que possa-mos diminuir os índices absurdos de mortalidade ma-terna. Isso passa pela melhor qualidade no pré-natal,pela melhor assistência, pela certeza da referência econtra-referência, pela certeza de termos uma vaga noCTI quando necessário, pela existência de banco desangue etc.– afirmou.

O Presidente do CREMERJ, Luis Fernando Moraes,citou atividades conjuntas entre o Conselho e as Soci-edades de Especialidades, como a SGORJ, ressaltandoos cursos de Educação Médica Continuada e o movi-mento de convênio, entre outras.

Ainda na solenidade de abertura, os médicosJaime Moysés Burlá e Paulo Maurício Soares Pereiraforam homenageados com as medalhas Fernando Ma-galhães e Arnaldo de Moraes, respectivamente. Jai-me Burlá foi saudado pelo filho; o também médicoMarcelo Burlá; e Paulo Maurício Pereira por HugoMiyahira. A SGORJ ainda homenageou Aristauziro F.Oliveira pela frequência nos cursos e participaçãonas atividades da Sociedade.

CONGRESSO BATE RECOR

Aristauziro F. Oliveira, Luis Fernando Moraes, Cláudia Navarro, Ve

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:2612

Page 10: G&O Maio 2009

Maio/Junho - 2009 • 13G O RIO&

ORDE DE PARTICIPANTES

Preocupação também comtemas não científicos, masdo interesse dos médicos

Ainda segundo VAinda segundo VAinda segundo VAinda segundo VAinda segundo Vererererera Fa Fa Fa Fa Fonseca, o Congronseca, o Congronseca, o Congronseca, o Congronseca, o Congresso, emesso, emesso, emesso, emesso, emsua programação, mostrou a preocupação da enti-sua programação, mostrou a preocupação da enti-sua programação, mostrou a preocupação da enti-sua programação, mostrou a preocupação da enti-sua programação, mostrou a preocupação da enti-dade com as escolas médicas e com a residência nadade com as escolas médicas e com a residência nadade com as escolas médicas e com a residência nadade com as escolas médicas e com a residência nadade com as escolas médicas e com a residência naformação dos futuros médicos, ao promover a mesa-formação dos futuros médicos, ao promover a mesa-formação dos futuros médicos, ao promover a mesa-formação dos futuros médicos, ao promover a mesa-formação dos futuros médicos, ao promover a mesa-redonda sobre “Residência Médica” e o debate so-redonda sobre “Residência Médica” e o debate so-redonda sobre “Residência Médica” e o debate so-redonda sobre “Residência Médica” e o debate so-redonda sobre “Residência Médica” e o debate so-brbrbrbrbre “Desafios do Hospital Unive “Desafios do Hospital Unive “Desafios do Hospital Unive “Desafios do Hospital Unive “Desafios do Hospital Univererererersitário”sitário”sitário”sitário”sitário”.....

- A defesa profissional de seus associados tam-- A defesa profissional de seus associados tam-- A defesa profissional de seus associados tam-- A defesa profissional de seus associados tam-- A defesa profissional de seus associados tam-bém foi rbém foi rbém foi rbém foi rbém foi ressaltada na mesa ressaltada na mesa ressaltada na mesa ressaltada na mesa ressaltada na mesa redonda “edonda “edonda “edonda “edonda “A históriaA históriaA históriaA históriaA históriapregressa do processo ético judicial. Da relaçãopregressa do processo ético judicial. Da relaçãopregressa do processo ético judicial. Da relaçãopregressa do processo ético judicial. Da relaçãopregressa do processo ético judicial. Da relaçãomédico-paciente ao preenchimento do prontuá-médico-paciente ao preenchimento do prontuá-médico-paciente ao preenchimento do prontuá-médico-paciente ao preenchimento do prontuá-médico-paciente ao preenchimento do prontuá-rio”, que contou com sete Conselheiros do CRE-rio”, que contou com sete Conselheiros do CRE-rio”, que contou com sete Conselheiros do CRE-rio”, que contou com sete Conselheiros do CRE-rio”, que contou com sete Conselheiros do CRE-MERJ. E, como no ano anteriorMERJ. E, como no ano anteriorMERJ. E, como no ano anteriorMERJ. E, como no ano anteriorMERJ. E, como no ano anterior, além dos temas, além dos temas, além dos temas, além dos temas, além dos temaséticos e científicos, a programação incluiu as-éticos e científicos, a programação incluiu as-éticos e científicos, a programação incluiu as-éticos e científicos, a programação incluiu as-éticos e científicos, a programação incluiu as-suntos não médicos, mas de interesse profissio-suntos não médicos, mas de interesse profissio-suntos não médicos, mas de interesse profissio-suntos não médicos, mas de interesse profissio-suntos não médicos, mas de interesse profissio-nal, como “Custos do consultório”, “Marketing emnal, como “Custos do consultório”, “Marketing emnal, como “Custos do consultório”, “Marketing emnal, como “Custos do consultório”, “Marketing emnal, como “Custos do consultório”, “Marketing emmedicina” e “Como o médico deve declarar Im-medicina” e “Como o médico deve declarar Im-medicina” e “Como o médico deve declarar Im-medicina” e “Como o médico deve declarar Im-medicina” e “Como o médico deve declarar Im-posto de Renda” – analisou.posto de Renda” – analisou.posto de Renda” – analisou.posto de Renda” – analisou.posto de Renda” – analisou.

O sucesso do evento também pode ser percebi-O sucesso do evento também pode ser percebi-O sucesso do evento também pode ser percebi-O sucesso do evento também pode ser percebi-O sucesso do evento também pode ser percebi-do pela participação dos congressistas nos diversosdo pela participação dos congressistas nos diversosdo pela participação dos congressistas nos diversosdo pela participação dos congressistas nos diversosdo pela participação dos congressistas nos diversosestandes armados com as novidades da indústriaestandes armados com as novidades da indústriaestandes armados com as novidades da indústriaestandes armados com as novidades da indústriaestandes armados com as novidades da indústriafarmacêutica, livros e produtos de interesse dos gi-farmacêutica, livros e produtos de interesse dos gi-farmacêutica, livros e produtos de interesse dos gi-farmacêutica, livros e produtos de interesse dos gi-farmacêutica, livros e produtos de interesse dos gi-necologistas e obstetras. O Congresso contou com anecologistas e obstetras. O Congresso contou com anecologistas e obstetras. O Congresso contou com anecologistas e obstetras. O Congresso contou com anecologistas e obstetras. O Congresso contou com aparceria de vários expositores, como Bayer Sche-parceria de vários expositores, como Bayer Sche-parceria de vários expositores, como Bayer Sche-parceria de vários expositores, como Bayer Sche-parceria de vários expositores, como Bayer Sche-ring, Biolabring, Biolabring, Biolabring, Biolabring, Biolab, Nikkho, Cifarma, Officilab, Nikkho, Cifarma, Officilab, Nikkho, Cifarma, Officilab, Nikkho, Cifarma, Officilab, Nikkho, Cifarma, Officilab, DF V, DF V, DF V, DF V, DF Vascon-ascon-ascon-ascon-ascon-celloscelloscelloscelloscellos, F, F, F, F, Farmoquímica, Janssen-Cilag, Libbsarmoquímica, Janssen-Cilag, Libbsarmoquímica, Janssen-Cilag, Libbsarmoquímica, Janssen-Cilag, Libbsarmoquímica, Janssen-Cilag, Libbs, Marjan,, Marjan,, Marjan,, Marjan,, Marjan,Merck Sharp Dohme e Organon.Merck Sharp Dohme e Organon.Merck Sharp Dohme e Organon.Merck Sharp Dohme e Organon.Merck Sharp Dohme e Organon.

Ao final do Congresso, uma festa indiana come-Ao final do Congresso, uma festa indiana come-Ao final do Congresso, uma festa indiana come-Ao final do Congresso, uma festa indiana come-Ao final do Congresso, uma festa indiana come-morou o sucesso do evento.morou o sucesso do evento.morou o sucesso do evento.morou o sucesso do evento.morou o sucesso do evento.

Vera Fonseca, Presidente do Congresso

o Moraes, Cláudia Navarro, Vera Fonseca, Carlindo Machado e Silva, Ricardo Cristiano Leal Rocha e Agostinho Seródio, durante abertura do evento

Salas e corredores lotadosforam uma constantedurante todo o XXXIIICongresso.Os trabalhos em pôsterestambém foram bastanteconcorridos.

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:2613

Page 11: G&O Maio 2009

14 • Maio/Junho - 2009 G O RIO&

Eventos

A SGORJ promoveu, no dia 05 de maio, o IEncontro dos Coordenadores de Residência Mé-dica do Estado para discutir o programa da resi-dência em ginecologia e obstetrícia, atualmentecom duração de três anos.

O professor Guttemberg Almeida, único re-presentante do Estado na Comissão Nacional doTEGO, explorou de forma prática o site da Febras-go, informando aos presentes as alterações naProva do Título de Especialista a partir deste ano,priorizando questionamentos teórico-práticos,que repercutirão no programa de residência.

Durante o Encontro, os participantes discu-tiram também a forma de avaliação dos residen-tes, nem sempre implementada pelas instituições.No final da reunião foi distribuído um questionárioaos coordenadores sobre o funcionamento daresidência em sua instituição, para que a SGORJ ea Febrasgo possam identificar e auxiliar na forma-ção do tocoginecologista no país.

REUNIÃO DE PRECEPTORES DA RESIDÊNCIA MÉDICA

Vera Fonseca e Mario Giordano com os preceptores

EMC RESIDÊNCIA MÉDICAENDOCRINOLOGIA GINECOLÓGICA

O primeiro curso da Educação Médica Con-tinuada para residentes, promovido pela SGORJ,no dia 09 de maio, despertou grande interessedos participantes na atualização sobre endo-crinologia ginecológica.

Os temas foram abordados de forma obje-tiva, incentivando as discussões sobre condu-tas médicas.

Os professores Luiz Felipe Bittencourt deAraújo, Ivan Penna e Cristos Pritsivelis, coor-denados pelo professor Paulo Vieira da CostaLopes, abriram o evento, com a mesa redonda“Atualização em Amenorréias”.

Após o coffee break, o professor RenatoFerrari coordenou a mesa sobre “SangramentoUterino Disfuncional”. Os professores CristosPritsivelis, Mario Vicente Giordano e Luiz Au-gusto Giordano tiraram as dúvidas dos presen-tes sobre as condutas hormonais e não hormo-nais no manejo do sangramento disfuncional.

Coube ao professor Hugo Miyahira en-cerrar o evento com a palestra sobre “Atua-lização em Terapia Hormonal”, explicandocomo, para quem e até quando usar hormôni-os no climatério.

Após o evento, a SGORJ sorteou duas ins-crições para o EMC de Uroginecologia e Cirur-gia Vaginal, que será realizado em julho. Os feli-zardos foram Alberto Tavares de Araujo Freitase Ana Teresa Muri Oliveira.

Acima, o auditóriolotado comprovou osucesso do curso.À esquerda, MárioVicente Giordano,Diretor da SGORJ,Alberto Tavares deAraujo Freitas e AnaTeresa Muri Oliveira,ganhadores do sorteio.

G&Ojun09.pmd 24/7/2009, 11:2614