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Comitê Responsável

Governo do Estado do Acre

Prefeitura de Rio Branco

Federação de Futebol do Estado do Acre

Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre

SumárioApresentação

Equipe

O Acre merece ser a sede verde da Copa do Mundo FIFA 2014

O gol do futuro na Amazônia de Chico Mendes

Rio Branco-Acre pode garantir gol verde da FIFA em 2014

Permita-nos uma nova revolução!

Copa do Mundo FIFA 2014, Rio Branco te espera com grande emoção!

Vamos levar ao mundo o legado de Chico Mendes!

Temos uma bela história e um ótimo estádio

O Acre tem tudo para sediar jogos da Copa 2014!

Queremos a Copa 2014 aqui!

A Copa na floresta

A pequena sede de todos

O mais sustentável estádio de futebol do mundo

Brevíssima História Acreana

Hino Acreano

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São muitos e consistentes os argumen-

tos para que Rio Branco, capital do Es-

tado do Acre, seja escolhida como uma

das cidades sede da Copa do Mundo

FIFA 2014 que acontecerá no Brasil.

O governador Binho Marques diz que

tecnicamente estamos preparados por-

que “construímos um estádio nas di-

mensões exigidas, a Arena da Floresta,

e estamos preparados para adaptá-lo

naquilo que for necessário para que o

espetáculo seja o mais agradável e o

mais confortável para os milhares de vi-

sitantes presentes e os bilhões de apai-

xonados pelo futebol que nos assistirão

via satélite em todo o mundo”.

O presidente do Fórum de Desenvolvi-

mento Sustentável do Acre e ex-gover-

nador Jorge Viana ressalta que “aqui

temos o que há de mais autêntico em

termos de projeto de desenvolvimento

sustentável de base florestal na Ama-

zônia, firmado nos movimentos sociais

dos povos da floresta e num conceito

original que é a florestania”. Ele diz tam-

bém que há uma singularidade da nossa

proposta que pode proporcionar à FIFA

um encontro definitivo com a agenda

sócio-ambiental do planeta.

A senadora e ex-ministra do Meio Am-

biente, Marina Silva, escreve sobre “o gol

do futuro na Amazônia de Chico Men-

des”, onde conclui que, “para nós, brasi-

leiros, a cultura da bola, tão democrática

e integradora, pode agora nos levar mais

longe. E nos nossos sonhos acreanos,

pode levar junto o mundo, para correr

atrás da bola que ajudará a fazer o gol su-

premo de um mundo melhor”.

Para o senador Tião Viana, vice-presi-

dente do Senado Federal do Brasil, o

Acre tem “uma rica história que começa

com a chegada dos primeiros desbra-

vadores a esta região, ainda no século

XVIII, passa por uma revolução e várias

lutas, e culmina com o exemplo de hoje,

de ser o único Estado da Amazônia com

um projeto de desenvolvimento susten-

tável efetivamente consolidado”.

O jornalista e historiador Antonio Alves

fala sobre “A Copa na Floresta” e arrisca a

profecia de que um dos possíveis legados

da Copa 2014 no Acre será “promover, na

prática, a tão falada integração da Amé-

rica Latina”, com a realização de “encon-

tros e jogos por todo o século 21”.

Fazendo as honras da casa, o prefeito de

Rio Branco, Raimundo Angelim, recém

empossado para um novo mandato que

vai até dezembro de 2012, expressa a ale-

gria de todos em poder receber a Copa

2014 entre nós. “Sediar jogos da Copa do

Mundo FIFA 2014 em nossa querida Rio

Branco será um grande prazer”.

Para o presidente da Federação de Fu-

tebol do Estado do Acre, Antonio Aqui-

no Lopes, “o Acre tem tudo para sediar

jogos da Copa 2014”... “temos tempo

suficiente para viabilizarmos tudo o que

está sendo exigido pelo Comitê Brasilei-

ro e pela FIFA”.

Eufram Amaral, que é secretário de Es-

tado de Meio Ambiente, defende que “o

campeonato mundial de futebol, a Copa

FIFA 2014, pode ter no Acre uma amos-

tra de integração de trabalho no nível

local com busca de sustentabilidade em

nível global”.

O secretário estadual de Esporte e Tu-

rismo, Cassiano Marques, contextualiza

os investimentos que estão sendo feitos

e alerta que “o Acre merece ser sede da

Copa FIFA 2014 porque aqui governo e

sociedade investem no desenvolvimen-

to do futebol”.

O jornalista e presidente da Associação

dos Cronistas Esportivos do Acre, Ramiro

Marcelo, também faz sua defesa falando

da hospitalidade e receptividade do povo

acreano, um povo que tem prazer em re-

ceber bem e com muita alegria aos seus vi-

sitantes. “O povo acreano vê com grande

expectativa a possibilidade de ser uma das

sedes para a Copa do Mundo FIFA 2014.

Toda vez que aqui sediamos algum even-

to, seus organizadores e o povo acreano

sempre deram a resposta para torná-lo

grandioso, como é o espírito do acreano”.

Por último, o historiador e presidente

da Fundação Municipal de Cultura Gari-

baldi Brasil, Marcos Vinícius Neves, tra-

duz numa brevíssima história do Acre, o

quanto o mundo tem a ganhar se a FIFA

optar por fazer de Rio Branco uma das

cidades sede da Copa 2014. “O acrea-

no é um povo que luta. Nas suas lutas,

afirma sua vontade de escolher livre-

mente seu caminho. Busca um modelo

de desenvolvimento verdadeiramente

justo e sustentável. E vai criando, em

seu caminho de lutas, uma profusão de

novos paradigmas, como o Governo da

Floresta e a florestania, que atualizam o

legado e os ideais de Chico Mendes, dos

Autonomistas e dos Revolucionários do

início do século XX. É com esse legado

que apresentamos nossa capital, Rio

Branco, para ser uma das cidades sedes

da Copa FIFA 2014 no Brasil. Será que

não fizemos por merecer?”

Há muito mais o que dizer. Mas, para o

objetivo a que nos propomos, os artigos

que se apresentam a seguir falam por

eles próprios e traduzem com eloqüência

o sentimento de todo o povo acreano.

É verdadeiramente com esse legado que

nos apresentamos à FIFA para sermos

uma das sedes da Copa 2014 no Brasil.

Aníbal Diniz, organizador.

Apresentação

EquipeAníbal DinizOrganizador

ARtiGOSBinho Marques

Governador

Marina SilvaSenadora da República

Jorge VianaFórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre

tião VianaSenador da República

Vice-Presidente do Senado

Raimundo AngelimPrefeito de Rio Branco

Eufram Amaral Secretário de Meio Ambiente

Cassiano MarquesSecretário de Esporte e turismo

Antônio Aquino LopesPresidente da Federação de Futebol do Acre

Ramiro Marcelo Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Acre

Antônio AlvesJornalista e Escritor

Gilberto BragaJornalista

Macos Vinicius NevesHistóriador

COORDENADORES tÉCNiCOS

Ana Serra - Christopher Lee - Luiz Volpato

tRADuçãOKruskaya Dijsselbloem

DiAGRAMAçãOMX Design

Leoney Lima - Maxtane Dias

iMPRESSãOKaco Gráfica

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operacionais e tudo quanto se fizer ne-

cessário que consta do nosso projeto

técnico. Já iniciamos a construção da

quarta ponte sobre o Rio Acre, que re-

duzirá ainda mais essa distância, permi-

tindo que as pessoas possam até fazer

a pé o percurso do estádio ao centro da

cidade.

Já provamos que o Acre merece ser sede

da Copa 2014 por uma série de motivos

tangíveis mas muito mais por razões

intangíveis que podem proporcionar à

FIFA um legado inimaginável perante

as bilhões de pessoas que vão estar nos

assistindo nas mais distantes regiões do

planeta. Ter Rio Branco como a sede ver-

de da Copa será a melhor contribuição

que a FIFA dará ao mundo em termos de

reflexão sobre a necessidade de um de-

senvolvimento sustentável que propor-

cione melhores condições de vida para

a geração atual sem comprometer a

sobrevivência e a qualidade de vida das

gerações futuras. O projeto de desen-

volvimento sustentável multidimensio-

nal de base florestal em curso no Estado

do Acre, o mais ocidental da Amazônia

brasileira, precisa ser mostrado ao mun-

do, e para isso não existe vitrine mais

visível que esta que será proporcionada

pela FIFA em 2014. É no Acre que flores-

ceu o vocábulo Florestania, a expressão

mais abrangente que encontramos para

contemplar as dimensões ambiental,

econômica, social, política, cultural e

ética da sustentabilidade, na busca de

um pacto intergeracional inadiável para

a vida saudável do planeta terra.

Fui o primeiro governador a se apresen-

tar ao presidente da CBF Ricardo Teixei-

ra para falar da disposição do Estado do

Acre e da cidade de Rio Branco de lutar

em conjunto com a CBF para transfor-

mar o Brasil em país anfitrião e para ser

O Acre merece ser a sede verde da Copa do Mundo FIFA 2014

Tecnicamente falando, o Acre e

Rio Branco merecem ser sede

da Copa do Mundo FIFA 2014

porque iniciamos nossa preparação para

isso muito antes do Brasil ser confirma-

do como país sede. Construímos um es-

tádio nas dimensões exigidas, a Arena

da Floresta, e estamos preparados para

adaptá-lo naquilo que for necessário

para que o espetáculo seja o mais agra-

dável e o mais confortável para os milha-

res de visitantes presentes e os bilhões

de apaixonados pelo futebol que nos

assistirão via satélite em todo o mundo.

Nossa Arena da Floresta fica a menos de

cinco quilômetros do centro da cidade e

dispõe de área superior a 430 mil metros

quadrados para os estacionamentos e

os equipamentos FIFA indispensáveis,

como hotel, ginásios, centros técnicos

Binho Marques

14 15

uma das sedes da Copa do Mundo FIFA

2014. A conversa inicial com o presiden-

te da entidade máxima do futebol brasi-

leiro desdobrou-se em dois momentos:

no primeiro, uma ligeira expressão de

surpresa por parte do anfitrião ao se de-

parar com tamanha ousadia de um Esta-

do pequeno, pouco conhecido e pratica-

mente inexpressivo quando o assunto é

futebol, anunciando-se candidato a sede

do maior evento esportivo do planeta.

No segundo, após o presidente Ricardo

Teixeira conhecer um pouco da história

e, principalmente, da verdadeira revo-

lução política e infra-estrutural que o

Acre vem experimentando nos últimos

dez anos, além do conteúdo da propos-

ta técnica apresentada, uma expressão

de respeito, interesse e atenção, porque

a aparente ousadia revelou-se proposta

séria a ser considerada, com argumen-

tos consistentes a serem apreciados. O

presidente se comprometeu em fazer

nosso projeto chegar ao conhecimento

da FIFA.

Estamos há exatos dez anos no governo

do Estado e o resultado do nosso tra-

balho não deixa margem para dúvidas

de que dispomos de todas as condições

técnicas, institucionais e políticas para

cumprir nos prazos determinados todas

as exigências contidas no caderno de

encargos apresentado pela FIFA às cida-

des candidatas. Vivemos num ambiente

de absoluta maturidade institucional,

com harmonia plena entre os poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário, que

também são signatários da nossa pro-

posta. Temos total sintonia de propó-

sitos entre a Prefeitura de Rio Branco

e o Governo do Estado, que estão com

suas equipes motivadas e mobilizadas

para contribuir no que for necessário

para que a Copa do Mundo no Acre seja

motivo de orgulho e exemplo para seus

organizadores. O Acre é hoje um Estado

economicamente saneado com concei-

to “A” junto ao Banco Central do Brasil e

com total capacidade de endividamen-

to junto aos organismos financiadores.

Tanto que ao término do ano 2008 fir-

mamos um contrato de U$ 150 milhões

com o Banco Mundial para investimen-

tos nos próximos seis anos nas áreas de

produção, saúde e educação, somando

com outros contratos já firmados com

o BNDES, Caixa Econômica Federal e

Banco Interamericano de Desenvolvi-

mento – BID.

Do ponto de vista histórico, o Acre e Rio

Branco protagonizaram vários momen-

tos que os fazem merecedores da condi-

ção de sede da Copa 2014 no Brasil. Pri-

meiro, porque o Acre é o único Estado

da Federação cujo povo lutou de armas

em punho para fazer parte do Brasil. Po-

demos dizer que somos brasileiros por

opção, porque as terras e as florestas do

Acre foram incorporadas ao Brasil pela

determinação, o esforço e até o sacrifí-

cio em sangue de nossos bravos pionei-

ros através da Revolução Acreana, na

virada do Século XIX para o Século XX.

Segundo, porque na década de 40, no

momento mais crucial das forças alia-

das frente ao inimigo comum, quando

os seringais asiáticos foram ocupados

pelas tropas japonesas, foi a borracha

do Acre, extraída pelos chamados sol-

dados da borracha, que deu o suporte

necessário à indústria aliada até o de-

senvolvimento da tecnologia da borra-

cha sintética. Podemos afirmar que a

borracha do Acre deu uma contribuição

importante para a vitória das forças alia-

das na Segunda Guerra Mundial. tercei-

ro, porque na década de 80, quando o

mundo ainda não havia despertado para

a causa ambiental, surgiu nas florestas

do Acre, mais precisamente em Xapu-

ri, o líder ambientalista Chico Mendes,

que pagou com a própria vida o preço

de defender a floresta e os povos que

nela habitam. Foi graças ao sacrifício de

Chico Mendes, que o Acre e a Amazônia

passaram a ser enxergados como a últi-

ma reserva de floresta tropical do plane-

ta, e que todos os esforços deveriam ser

empreendidos no sentido de impedir a

destruição da fantástica biodiversidade

nela existente.

Como se vê, o Estado do Acre e a cidade

de Rio Branco não estão se propondo a

fazer algo de importante para o planeta

caso venham a ser sede da Copa do Mun-

do FIFA 2014 no Brasil. O que estamos

propondo é que, pelo muito que já fez,

principalmente no que diz respeito à cau-

sa ambiental que unifica todos os povos

na atualidade, o Estado do Acre merece

ser sede da Copa para proporcionar à

FIFA um legado inimaginável no que diz

respeito à sua imagem frente a todos os

povos. Com uma das sedes da Copa 2014

sendo no Acre, a FIFA poderá dizer ao

mundo que também está dando sua con-

tribuição para a preservação ambiental

e para a sustentabilidade do planeta, na

medida em que proporcionará aos dife-

rentes povos a oportunidade de conhe-

cer um pouco da experiência desenvol-

vida no Acre, cujo governo atual trouxe

para o espaço institucional os ideais e o

legado da luta de Chico Mendes. Isso será

de grande contribuição para a atração de

investimentos sustentáveis em produtos

com certificação de origem, contrapon-

do-se às práticas predatórias inspiradas

pelo lucro imediato que continuam exer-

cendo forte pressão sobre a floresta. Em

síntese, afirmamos com veemência que

a preservação da floresta, a vitória da flo-

restania, está diretamente condicionada

a presença de investimentos sustentá-

veis que proporcionem melhores condi-

ções de vida e ascensão social aos povos

da floresta, a exemplo das indústrias de

preservativo de borracha natural, de be-

neficiamento de castanha e de produção

16 17

O Acre merece ser a sede verde da Copa do Mundo FIFA 2014!

Sejam todos bem-vindos a Rio Branco e ao Estado do Acre!

Binho MarquesGovernador do Acre

de taco a partir de madeira manejada e

certificada, construídas por nosso gover-

no com o objetivo de proteger a floresta

e melhorar as condições de vida dos po-

vos que nela habitam.

Do ponto de vista geográfico, se a FIFA

escolher o Acre e Rio Branco como uma

das sedes, estará dialogando positiva-

mente com outros países latino-ame-

ricanos, principalmente com o Peru e a

Bolívia, que terão oportunidade de as-

sistir aos jogos diretamente, vindo de

suas cidades de origem por via terrestre

através da Estrada do Pacífico, que em

2010 estará completamente asfaltada

de Rio Branco até os portos peruanos no

Oceano Pacífico. Ainda em termos geo-

gráficos e populacionais, Rio Branco é a

menor e a menos populosa entre as ci-

dades candidatas a sede da Copa 2014.

Sendo Rio Branco uma das sedes da

Copa, a FIFA estará contemplando indi-

retamente mais de 5 mil e 500 cidades

pequenas e de porte médio espalhadas

por todo Brasil, que não se sentiriam re-

presentadas pelas grandes cidades que

naturalmente serão sede.

O povo acreano está mobilizado, feliz

e vai estar de braços abertos para rece-

ber a família FIFA em 2014. Vamos dar

o melhor de nós para uma recepção e

uma hospitalidade a altura do maior

evento esportivo do planeta. Continua-

remos investindo o melhor dos nossos

esforços para proporcionar segurança,

bem-estar, opções agradáveis de lazer,

gastronomia e turismo, atendimento de

saúde e instalações apropriadas para to-

dos que nos visitarem durante os jogos.

Nossa cidade de Rio Branco, que já é

bonita, segura e agradável, estará ainda

melhor com todos os investimentos que

realizaremos nos próximos seis anos,

como fruto das parcerias já existentes

entre os governos municipal, estadual e

federal. A Copa 2014 no Acre será uma

festa inesquecível para a FIFA e para to-

dos que tiverem o prazer de nos visitar e

assistir aos jogos.

Marina Silva

O gol do futuro na Amazônia de Chico Mendes

18 19

pessoas em todo o mundo que mais

contribuiram para a defesa do meio

ambiente. Ainda em 87, Chico Mendes

esteve no Congresso americano falan-

do de sua luta. Causou tão funda im-

pressão que o então senador Al Gore,

liderando um grupo de parlamenta-

res, foi ao Acre quando assassinaram

Chico Mendes, aos 44 anos, no dia 22

de dezembro de 1988.

A partir de Chico Mendes ficou claro que

a defesa da floresta é também a defesa

da diversidade cultural e da sobrevivên-

cia econômica de milhares de pessoas

que dela dependem; que a idéia de de-

senvolvimento não pode ser confundi-

da com devastação ambiental; que a

floresta amazônica em pé é muito mais

importante e lucrativa para o Brasil e a

humanidade do que a sua destruição por

quaisquer interesses de curto prazo.

Joseph Campbell, estudioso da mitolo-

gia universal, diz em seu livro “O herói

de mil faces”, que “o herói é o homem da

submissão autoconquistada”. É aquele

que se obriga a poder quase nada, a re-

nunciar a quase tudo para alcançar um

único momento, mas que se faça eter-

no. Só ele saberá o quanto lhe custou.

Chico Mendes sabia o que lhe custava

estar além de seu tempo. Há vinte anos

liderava os empates, forma de mobiliza-

No começo de 1987, pela pri-

meira vez um seringueiro da

Amazônia participou de uma

conferência do Banco Interamericano

de Desenvolvimento, nos Estados Uni-

dos. Ele denunciou o efeito devastador

da abertura de estradas financiadas pelo

banco sem levar em conta o inestimável

valor da biodiversidade e a importância

da floresta na vida das comunidades tra-

dicionais e indígenas. Desde então hou-

ve uma inflexão histórica na política do

BID, que passou a incorporar o controle

dos impactos ambientais e sociais como

parte de suas exigências para projetos

na Amazônia.

No mesmo ano, este seringueiro –

Francisco Mendes Filho, o Chico Men-

des – recebeu o prêmio Global 500 da

ONU por ser considerado uma das 500

20 21

ção na qual homens, mulheres e crianças

colocavam-se pacificamente entre as

árvores e os tratores e motoserras, ten-

tando sensibilizar os peões para não der-

rubá-las. Agora, à FIFA está colocado o

chamado inequívoco para desempatar a

grande partida ambiental do nosso tem-

po. O Acre coloca-se à disposição para fa-

zer da Copa do Mundo de 2014 um even-

to também em defesa da floresta, parte

importante dos esforços planetários para

enfrentar a grave crise ambiental expres-

sa na mudança do clima.

O Acre é um estado sui-generis, em pri-

meiro lugar porque foi o único que lutou

para ser parte do Brasil. E, um século de-

pois, por ter-se transformado no berço

da luta socioambiental em favor da pre-

servação da Amazônia, pelas mãos de

Chico Mendes. Quando, em muitos paí-

ses, nos deparamos com parques, espa-

ços em Universidades, bibliotecas com

o nome de Chico Mendes, sabemos que

ali também está a força de suas idéias.

Sua mensagem atravessa culturas, fron-

teiras, línguas, etnias e atinge a sensibi-

lidade humana naquilo que ela tem de

universal: o desejo de um mundo mais

justo e em relação mais equilibrada com

a natureza.

Inevitável pensar na confluência dessa

história com a força universal do espor-

te, na sua capacidade de mobilizar men-

tes e corações em favor de causas cole-

tivas de grande relevância. Nós, do Acre,

vemos na Copa do Mundo de 2014 uma

imperdível oportunidade para motivar

homens e mulheres de todas as nações

a retomar a bandeira verde assumida

pela FIFA na Copa de 2006 e levá-la mais

adiante. Até porque o cenário será o

Brasil, país detentor dos maiores ativos

ambientais em biodiversidade e recur-

sos hídricos. Até porque será um feito

histórico sediar jogos na Amazônia, o

grande símbolo ambiental global.

Estaremos num momento estratégi-

co para divulgar a causa ambiental e o

esporte como elos que integram eco-

nomia, cultura, raças e credos, acima

dos conflitos e divergências, em nome

de algo superior em comum. Será de

enorme grandeza aliar, num só lugar,

dois grandes campeonatos do século

XXI: o maior torneio esportivo e o maior

desafio civilizatório, que é o de fazer a

transição para um modelo de desenvol-

vimento baseado em valores humanos e

respeito ao meio ambiente.

Vendo a qualidade de nosso estádio e a

capacidade organizacional que os go-

vernos estadual e municipal demonstra-

ram para justificar a candidatura de Rio

Branco, penso em nossa trajetória desde

o tempo dos empates e sinto que aí está

envolvido algo maior do que apenas o

interesse legítimo ostentado também

pelas demais cidades concorrentes. É

até difícil explicar, mas talvez fique mais

claro por meio de uma lembrança de in-

fância, dos dias de passagem de ano.

Minha família ficava acordada no ter-

reiro da casa até meia-noite. Era algo

muito especial, sair totalmente fora da

rotina de levantar às 4 da manhã para a

extração do látex e dormir, no máximo,

às sete da noite. Mas o bom mesmo era

quando fazia lua cheia. Meu pai organi-

zava dois times de futebol. Dos oito fi-

lhos, sete eram mulheres e o irmão ca-

çula era muito novo para jogar. Meu pai

e uma goleira formavam um time. No

outro, ficava o resto da mulherada. A

bola de látex puro, feita por ele mesmo,

quicava muito, e isso aumentava ainda

mais a correria e a diversão .

Imagino que, ao redor do mundo, milhares

de crianças de todos os tempos correram

e correm atrás da bola possível, nos locais

que a vida determinou. E em todos eles o

riso e a emoção são os mesmos. Para nós,

brasileiros, a cultura da bola, tão democrá-

tica e integradora, pode agora nos levar

mais longe. E nos nossos sonhos acreanos,

pode levar junto o mundo, para correr atrás

da bola que ajudará a fazer o gol supremo

de um mundo melhor.

Marina Silva, Senadora da República.

Jorge Viana

Rio Branco-Acre pode garantir gol verde da FIFA em 2014

“...O futebol é assim: desperta na pessoa um sentimento

virtuoso que transcende a amizade , que vai além do amor

e culmina no santo desvario da paixão. Tem de tudo um

pouco, porém, é mais que tudo. Torcer por uma camisa é

plena entrega. É mais que ser mãe, porque não desdobra

fibra por fibra o coração. Destroça-o de uma vez no deses-

pero de uma derrota. Em compensação, remoça-o no delírio

de uma vitória...”

Armando Nogueira, A Ginga e o Jogo-o Botafogo e eu...

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A FIFA só tem a ganhar com a es-

colha de Rio Branco como sede

verde da Copa 2014 no Brasil.

A decisão firme do governador Binho

Marques de instituir um Comitê Executi-

vo para coordenar as obras e um Comitê

do Legado para orientar os investimen-

tos na direção da sustentabilidade após

o evento confere uma singularidade à

nossa candidatura e faz um encontro

definitivo da FIFA com a agenda sócio-

ambiental do planeta. Aqui temos o que

há de mais autêntico em termos de pro-

jeto de desenvolvimento sustentável

de base florestal na Amazônia, firmado

nos movimentos sociais dos povos da

floresta e num conceito original que é a

florestania.

O Acre tem uma história única entre os

27 estados brasileiros. Tem uma popu-

lação próxima a 800 mil pessoas, com

a metade delas vivendo na capital, Rio

Branco, cujo nome é uma homenagem

ao mais importante diplomata brasilei-

ro. Daqui surgiram legendas como Plá-

cido de Castro, libertador do Acre e um

dos heróis da pátria;Luiz Galvez, presi-

dente do Estado Independente do Acre,

e Chico Mendes, o mais importante

ambientalista da história do Brasil. Mas

quando o assunto é futebol, vale ressal-

tar um outro acreano, o nosso craque

Armando Nogueira, o poeta do futebol,

de quem reproduzimos aqui o texto que

compõe a placa inaugural da Arena da

Floresta

“...O futebol é assim: desperta na pes-

soa um sentimento virtuoso que trans-

cende a amizade , que vai além do amor

e culmina no santo desvario da paixão.

Tem de tudo um pouco, porém, é mais

que tudo. Torcer por uma camisa é ple-

na entrega. É mais que ser mãe, porque

não desdobra fibra por fibra o coração.

Destroça-o de uma vez no desespero de

uma derrota. Em compensação, remo-

ça-o no delírio de uma vitória...”

Armando Nogueira, A Ginga e o Jogo-o

Botafogo e eu...

O Acre é assim, muito especial. Rio

Branco também é assim. É a menor,

mais segura, mais acolhedora e mais

hospitaleira entre as cidades candidatas

e é a única que pode representar os mais

de 5 mil pequenos e médios municípios

brasileiros.

Olhando o mapa das Américas, Rio

Branco está numa posição central. Num

raio de 1.000 quilômetros de distância,

temos uma população de mais de 30 mi-

lhões de pessoas, incluídas aí as popula-

ções de Bolívia, Peru, parte do Chile, Co-

lômbia e outros. Quando teremos uma

copa do mundo num desses países? Daí

não termos dúvida de que ocupamos

uma posição geográfica estratégica

para a FIFA no plano mundial, porque

essas nações irmãs se sentirão em casa

com a Copa 2014 acontecendo também

no Acre.

Nossas apresentações diante do Co-

mitê da FIFA causaram impacto positi-

vo porque trabalhamos com verdades

comprovadas pelas missões encarrega-

das de nos visitar. O governador Binho

Marques e o prefeito Raimundo Ange-

lim envolveram os poderes constituídos

e mobilizaram a sociedade para provar

ao Comitê Gestor da Copa no Brasil que

estamos preparados e dispostos a reali-

zar os investimentos que se fizerem ne-

cessários para que a FIFA se sinta segu-

ra em nos escolher como sede. A nossa

Arena da Floresta, um dos melhores es-

paços para a prática do futebol no país,

foi construída no padrão exigido pela

FIFA muito antes do Brasil ser confirma-

do como sede da Copa 2014.

A Arena da Floresta fica na região central

e estratégica da cidade de Rio Branco,

que já conta com uma excelente estru-

tura viária incluindo calçadas, ciclovias,

avenidas, parques e equipamentos pú-

blicos que estabelecem um novo con-

ceito urbano de cidade na Amazônia.

Tudo isso conta muito para sermos sede

da copa. Nosso projeto técnico mostra

que todas as instalações exigidas pela

FIFA serão construídas no entorno do

estádio. Estacionamento para 6 mil ve-

ículos, hotel padrão FIFA e Comitê Local

Organizador poderão ser instalados sem

qualquer problema na área de 430 mil

metros quadrados existente no entorno

do estádio. Outro aspecto importante

é que a Arena da Floresta é um estádio

construído com total prioridade para o

futebol, onde o torcedor chega a ficar

a menos de 7 metros dos protagonistas

do espetáculo. Isso é tudo o que a FIFA

quer numa Copa do Mundo.

A Arena da Floresta está projetada para

ser um prédio conceito do ponto de vis-

ta ambiental. Daí chamarmos de sede

verde. Tudo está sendo feito com os cui-

dados necessários para recebermos a

certificação de sustentabilidade. A FIFA

promove o maior espetáculo da terra.

Reúne a maior audiência da terra. Incor-

porando a agenda sócio-ambiental, A

FIFA fará o maior gol de todas as copas,

o gol verde.

Jorge Viana, Presidente do Fórum de

Desenvolvimento Sustentável do Es-

tado do Acre.

24 25

Se existe algo que torna o Acre

diferente é a obstinação do seu

povo em ser brasileiro. É uma

rica história que começa com a chega-

da dos primeiros desbravadores a esta

região, ainda no século XVIII, passa por

uma revolução e várias lutas, e culmina

com o exemplo de hoje, de ser o único

Estado da Amazônia com um projeto de

desenvolvimento sustentável efetiva-

mente consolidado.

E isso se deve a harmonia entre os go-

vernos federal e estadual na execução

de ações voltadas a integração andina

e, ao mesmo tempo, a preservação da

biodiversidade e da diversidade cultural

das comunidades tradicionais. Se elas

são essenciais para a vida do planeta,

são também o nosso maior patrimônio.

É daí que surge a importância do espor-

te como fonte de união dos povos e do

despertar para uma nova realidade.

Contando com o apoio do governo fe-

deral e amparado num planejamento

criterioso, o Acre vive, ao longo dos úl-

timos dez anos, uma nova era. Os inves-

timentos alcançam setores fundamen-

tais e chegam diretamente à população.

Estradas são abertas e pavimentadas, a

segurança é feita numa parceria com a

própria comunidade, a saúde é referên-

cia nacional e a preservação ambiental

vem da floresta para as cidades.

Permita-nos uma nova revolução!

Sediar jogos da Copa de 2014 será para o

Acre o momento de se mostrar ao mun-

do como é possível a convivência entre a

modernidade e o tradicional, entre cul-

turas e costumes de países irmãos, nes-

se universo verde da nossa floresta. São

pessoas que preservam as nascentes

dos nossos rios e igarapés e que podem

mostrar que isso é possível, que podem

dar respostas economicamente susten-

táveis aos desafios do futuro.

Essas respostas emergem do seio da

mata com a exploração certificada do

seu potencial madeireiro, do aprovei-

tamento das essências florestais na in-

dústria medicinal e de cosméticos, do

couro vegetal, da produção sustentável

de matéria prima extraída das árvores e

destinada à exportação, das frutas que

só o solo amazônico é capaz de germi-

nar e do colossal banco genético ainda

inexplorado.

A rodovia transoceânica, que parte de

Rio Branco rumo à fronteira peruana,

obra garantida com recursos do BNDES,

em 2014 já será um dos principais corre-

dores de exportação do país, estabele-

cendo uma comunicação marítima per-

manente da Amazônia ao Pacífico. Mais

de 30 milhões de brasileiros, peruanos e

bolivianos serão beneficiados com essa

obra, além dos milhares de turistas que

por ela passarão.

Tião Viana

27

Os mistérios do Acre, com suas trilhas,

paisagens, ambientes, costumes e cores

são um atrativo para quem nos visita. Os

jogos da Copa de 2014 no Acre abrirão

um portal sem precedentes para visi-

tantes do mundo inteiro. A beleza rús-

tica da floresta, os rituais dos povos que

a habitam, a facilidade de locomoção,

seja pelos rios e igarapés ou por estra-

das, tornarão a estadia dos turistas bem

mais agradável.

Investimentos no turismo são prioridade

do governo do Acre, governo federal e

iniciativa privada – começando por uma

rede hoteleira de qualidade, facilidade

de transporte, avanços tecnológicos na

comunicação, rotas seguras para o des-

locamento ao local das competições,

chegando até a acomodação dos torce-

dores na “Arena da Floresta”, um estádio

de futebol dos mais modernos do Brasil.

Lá o espetáculo principal será o jogo de

futebol. Mas a “Arena da Floresta” tam-

bém pode ser o palco, no intervalo de

cada jogo, das manifestações culturais

dos povos que habitam os Andes, dos

rituais e danças dos índios da Amazônia,

das lendas dos caboclos da mata, da

saga dos heróis que lutaram, mataram

e morreram para formar a identidade

desse canto abençoado do planeta.

Há um esforço permanente da banca-

da federal acreana em Brasília para que

o sonho de Rio Branco, capital do Acre,

de se tornar uma das sedes da Copa de

2014 se realize, pois se trata de algo mui-

to acima de qualquer orgulho próprio.

O mundo precisa conhecer o que aqui

se faz e como o conceito de floresta-

nia, que nasce nas madrugadas de cada

dia, com o cidadão da floresta, também

pode cruzar os oceanos.

A América andina é o berço de civiliza-

ções que deixaram suas marcas. É de-

positário de um acervo histórico da hu-

manidade de valor imensurável. Tudo

isso bem perto de um Estado que se or-

gulha de sua gente, de sua história, do

seu passado, do presente de realizações

e de um futuro promissor. E o esporte

é capaz de colocar todos num mesmo

mapa, com portas abertas para todos os

continentes.

Chegar à Bolívia, ao Peru e, a partir daí,

escolher que rumo tomar por nossa

América do Sul será possível e barato em

pouco tempo, muito antes da Copa de

2014. As obras que se realizam na tran-

soceânica, com o empenho pessoal do

presidente Lula, é um passo importante

nessa direção. No seu rastro nada será

como antes e muitas pequenas comuni-

dades, ao longo do trajeto, hoje margi-

nalizadas, viverão um novo tempo.

Uma Copa do Mundo que tenha como

foco – alem dos jogos entre as melhores

seleções de futebol do planeta – a cultu-

ra de um país com um povo tão especial,

fruto de uma mistura tão singular de ra-

ças, mas de uma solidariedade incomum,

como o Brasil, terá na capital do Acre, Rio

Branco, nessa parte tão bela da Amazô-

nia, algo mais especial ainda. Ela chega-

rá, enfim, aos primeiros habitantes dessa

terra – os povos da floresta.

A Amazônia tem muito com o que con-

tribuir para o Brasil realizar a melhor de

todas as copas em 2014. E o Acre pode

ser importante nesse processo. Uma cor-

rente se forma, envolvendo toda uma

sociedade – seringueiros, índios, traba-

lhadores urbanos, políticos e formadores

de opinião. O desafio está posto. Só que-

remos que nos permitam ter a chance de

realizarmos mais essa revolução.

tião Viana, Senador da República e

vice-presidente do Senado Federal do

Brasil.

26

28 29

Será sim uma honra, motivo de

orgulho, uma grande alegria!

Sediar jogos da Copa do Mundo FIFA

2014 em nossa querida Rio Branco será

um grande prazer.

Mas o sentimento que bate no peito

de cada acreano quando falamos des-

se assunto em nossas conversas corri-

queiras é muito maior. A gente daqui

sabe muito bem o papel importante

que tem diante dessa possibilidade.

Nós, guardiões da floresta, sabemos

que o mundo precisa ouvir nossa voz,

a voz de quem convive em paz com o

meio ambiente.

A Amazônia, a floresta natural, de fato

não é nossa. Não é patrimônio de nin-

guém. Nós, caboclos, índios, ribeirinhos

e toda a gente da cidade, sabemos que

não possuimos a floresta, na verdade,

somos todos nós que pertecemos a ela.

A floresta é a nossa mãe, não é filha de

ninguém.

Copa do Mundo FIFA 2014, Rio Branco te espera com grande emoção!

Raimundo Angelim

A cidade de Rio Branco é uma filha des-

sa floresta. Cercada, suprida e ampa-

rada pela “Mãe Verde”, essa filha, or-

gulhosa de sua origem, quer abrir seus

braços para o mundo e compartilhar as

lições que tanto tem aprendido. Lições

de convivência, de harmonia, de saúde

e educação, de modernidade e respon-

sabilidade.

Com as bênçãos da “Mãe Natureza”, Rio

Branco será a Sede Verde desse belíssi-

mo evento, a Copa do Mundo FIFA 2014,

também tão rico das mesmas lições:

Convivência, harmonia, saúde e educa-

ção, modernidade e responsabilidade.

Nossa cidade se assemelha muito às

suas origens lá no meio da floresta, na

pequena casa de seringueiro. Simples,

limpa, pacífica, organizada e cheia de

alegria. Rio Branco é sim essa bela casi-

nha de seringueiro no meio mata, onde

tenha certeza, que mesmo contando

com poucos recursos , estará sempre

de portas abertas para compartilhar o

que possui e receber a qualquer um que

queira aprender e ouvir os sábios conse-

lhos da floresta.

Copa do Mundo FIFA 2014, você é muito

bem-vinda entre nós!

Raimundo Angelim, Prefeito de Rio

Branco.

30 31

O Estado do Acre está situado

no extremo oeste do Brasil,

ocupando 4% da Amazônia

Brasileira e constituindo-se no portão

da Amazônia Ocidental. Faz fronteira

com o Peru e Bolívia e representa o ter-

ritório de integração física e econômica

entre Brasil e Peru, especialmente com

a utilização dos portos de Illo e Matara-

ni, através do Oceano Pacífico. Num raio

de 750 quilômetros em torno dos limites

do Estado vivem 30 milhões de pessoas

(só na Amazônia brasileira vivem 24 mi-

lhões de pessoas).

Historicamente, o Acre notabilizou-se

pela grande produção de borracha no

século passado. A partir da década de

70, com declínio desta atividade eco-

nômica, o Governo Federal fomentou

a criação de projetos de reforma agrá-

ria e a implantação de grandes pro-

jetos pecuários. A partir do início da

década de 80, um movimento de resis-

tência foi se consolidando no Estado,

como forma de contrapor o modelo

desenvolvimentista imposto pelos go-

vernos. Nesta época, o líder seringuei-

ro Chico Mendes e seus companheiros

conciliaram uma luta fundiária com

uma luta ambiental, o que constituiu

uma batalha sócio-ambiental que ti-

nha como grande objetivo a melhoria

da qualidade de vida com a preserva-

ção da floresta.

O brutal assassinato de Chico Mendes

no final da década de 80 não apagou os

seus ideais e sonhos. Grande parte do

seu legado vem sendo incorporado em

forma de políticas públicas pelos gover-

nos municipal, estadual e federal nos

últimos 10 anos. Temos um projeto que

busca efetivamente alcançar o desen-

volvimento sustentável, consolidando

as áreas já desmatadas e valorizando

o uso múltiplo da floresta, através do

reconhecimento das potencialidades e

vulnerabilidades ambientais, e com a

valorização da sabedoria local rumo a

consolidação de uma economia de base

florestal.

Vamos levar ao mundo o legado de Chico Mendes!

Eufram Amaral

32 33

O Acre possui 88 % de seu território com

florestas primárias e 50 % do estado é

constituído de terras protegidas (unida-

des de conservação e terras indígenas.

Na região do Juruá, fronteira com o Peru

onde encontra-se o Parque Nacional da

Serra Divisor, uma das maiores biodi-

versidade do planeta.

Nestas terras criou-se o conceito de Flo-

restania que é a união das palavras “flo-

resta” e “cidadania”: um termo novo,

criado para descrever os diversos jeitos

de se viver na Amazônia. A Florestania

é uma tentativa de chamar atenção

para o fato de que a humanidade não

é o centro, mas parte integrante e de-

pendente da natureza. É uma mudança

de conceitos culturais, sociais e econô-

micos em resposta a uma consciência

emancipadora na relação homem-meio

ambiente.

A FIFA, ao selecionar o Acre como sede

da copa de 2014, tem a oportunidade

de mostrar ao mundo na prática o que é

construir um território sustentável com

respeito ao conhecimento tradicional e

de levar o sonho de Chico Mendes para

outros territórios.

Aqui neste pedaço da Amazônia se tem

no conhecimento dos recursos sociais,

econômicos e ambientais a base de pla-

nejamento das ações do governo e da so-

Temos uma bela história e um ótimo estádio

ciedade civil organizada e tem como ob-

jetivo e prioridade máxima a construção

de um novo modelo de desenvolvimen-

to sustentável local e regional, pautado

no combate à pobreza e na elevação do

bem-estar da população, no dinamismo

de uma economia de base florestal com

a geração de emprego e renda, no forta-

lecimento da identidade e respeito à di-

versidade cultural, e no uso dos recursos

naturais com sabedoria e a manutenção

do equilíbrio ambiental.

Aqui se segue a lição de que a floresta

estável dá, onde sua economia sustenta

uma grande diversidade de formas bio-

lógicas ao mesmo tempo em que conso-

me relativamente pouco insumo. Desta

forma, busca-se conciliar as demandas

atuais com as necessidades das gera-

ções futuras, de forma que agindo de

forma consistente, apoiado em conhe-

cimento técnico, para que aqueles que

venham depois possam conviver com o

que há de melhor na cultura, nas paisa-

gens e biodiversidade da Amazônia.

O campeonato mundial de futebol, a

Copa FIFA 2014, pode ter no Acre uma

amostra de integração de trabalho no

nível local com busca de sustentabilida-

de em nível global. Onde se pode olhar

para o futuro e sonhar com a consolida-

ção de uma economia de base florestal

que permita intensificar o uso das áreas

alteradas e garantir a manutenção da

cobertura florestal original e que tem na

diversificação de produtos da cadeia da

floresta e de áreas já alteradas a base da

construção de propriedades agroflores-

tais. Este sonho de futuro se constrói a

cada dia e espelha um pouco do gran-

de legado de Chico Mendes que a FIFA

pode com a Copa 2014 levar mundo afo-

ra como um vento que sopra forte das

terras acreanas.

Eufram Amaral, Secretário de Estado

de Meio Ambiente do Acre.

Cassiano Marques de Oliveira

35

O Acre é diferente. Rio Branco,

sua capital, não é pior nem

melhor que outras cidades

candidatas. É um lugar onde seu povo lu-

tou para torná-lo Brasil, de gente simples,

trabalhadora e de visão globalizada.

Daqui contribuímos para a Revolução

Industrial, ainda no século 19, com o

fornecimento de um dos seus mais im-

portantes suprimentos, a borracha. Po-

voamos a Floresta, recebendo gente de

todos os cantos e conquistamos com

armas um território antes ignorado até

pela Bolívia, país até então detentor dos

direitos desse lugar. Naquele tempo,

basicamente, o Brasil era exportador

de dois produtos: o café, responsável

por 45% da pauta das exportações, e a

borracha, respondendo por 40% da en-

trada de divisas do País, cujos registros

eram realizados em benefício do Ama-

zonas ou Pará, por onde escoava nossa

riqueza para outros países, notadamen-

te os Estados Unidos e Inglaterra. E era

Acre, esse pedaço da Amazônia, o maior

produtor mundial. Veio a biopirataria e

imensas áreas da Malásia foram planta-

das com a Hevea Brasiliensis, retirando

a Amazônia, com seus seringais nativos,

do cenário produtor nas décadas se-

guintes.

Nos antigos seringais e nas aldeias in-

dígenas se jogava futebol. A bola, pro-

duzida com látex da Hevea, garantia a

diversão.

Nas vilas e cidades os primeiros times fo-

ram fundados, seguindo as regras mun-

diais. Pepira, Clube dos Militares e o Rio

Branco Football Club formaram na segun-

da década do século passado as primeiras

competições na cidade de Rio Branco.

Durante a Segunda Guerra, novamen-

te coube ao Acre o esforço de suprir os

Aliados com a borracha, escassa desde

que os japoneses tomaram a Malásia.

Milhares de seringueiros, os reconheci-

dos “soldados da borracha”, voltaram a

produzir o “ouro negro”. Mais uma vez a

riqueza do esforço de guerra ficou para

outras regiões, deixando o Acre de se

beneficiar dos impostos decorrentes

por que aqui o Governo Federal não nos

tinha permitido autonomia administra-

tiva e política, nos relegando a condição

de Território Federal. Fim da Guerra e a

produção deixou de ser competitiva em

relação aos seringais de cultivo.

A produção do látex e da borracha limi-

tou-se ao extrativismo de subsistência,

mas permanecemos até hoje como prin-

cipal produtor brasileiro de castanha do

36 37

Pará (!), sendo para aquele estado enca-

minhada a nossa produção in natura por

não haver, até então, qualquer política

de industrialização ou mesmo retenção

de impostos, pela razão da condição

de Território Federal. Nos tiraram até o

nome da amêndoa !

Na capital e em diversos municípios

acreanos, os clubes de futebol represen-

tiu, sob a liderança de um seringueiro: o

Chico Mendes.

A luta de Chico Mendes e o movimen-

to em defesa da Amazônia ganharam o

Mundo, produzindo um novo conceito

ecológico: a maior floresta tropical do

planeta deve ser preservada, mas não

intocada, e gerar riqueza para o seu

povo através da sua utilização racional

e sustentável.

Com o fim da ditadura, a democracia

brasileira ainda engatinhava, com suas

instituições fragilizadas e sujeitas às

infiltrações dos interesses econômicos

diversos, inclusive do crime organizado.

Chico Mendes é assassinado há exatos

20 anos. O Acre sofre com isso e mergu-

lha numa década de crise moral e insti-

tucional.

Há 10 anos um grupo de diversos parti-

dos, articulado pela Frente Popular do

Acre e sob liderança do ex-governador

Jorge Viana, assumiu o Governo do Es-

tado e profundas transformações po-

sitivas se iniciaram. O Acre passa a ser

evidência nos cenários nacional e inter-

nacional, sendo o primeiro estado bra-

sileiro a enfrentar, desarticular e punir o

crime organizado e o narcotráfico. Ini-

cia-se a era da implantação de políticas

idealizadas por Chico Mendes e, em ape-

nas uma década, o Acre transformou-se

em referência de desenvolvimento eco-

nômico sustentável, inclusão social e

desenvolvimento humano, governabili-

dade, governança – aqui nossos “stakes

holders”, o povo, participam efetiva-

mente do processo de planejamento e

definição do orçamento.

Nossa trajetória nos faz capazes de rea-

lizar o verdadeiramente necessário para

recebermos os milhares de visitantes

durante os jogos e dispomos das con-

dições materiais e políticas para isso. O

que queremos aqui é um lugar que seja

o melhor para se viver para nossa gen-

te, do nosso jeito e estamos cuidando

e trabalhando para isso. Para entender

o Acre e a capital Rio Branco, o modelo

mental deverá ser outro. Venha, conhe-

ça o Acre, faça-nos uma visita!

O Acre merece ser sede da Copa de

2014 porque seu povo e suas histórias

contribuem há mais de um século com

o desenvolvimento da humanidade e a

sustentabilidade do Planeta, de forma

inconteste.

O Acre merece ser sede da Copa de 2014

porque os investimentos em infra-estru-

tura, inclusão social e desenvolvimento

humano, meio-ambiente e desenvolvi-

mento econômico sustentável estão em

curso numa proporção que garantirá,

até 2014, uma excelente qualidade de

vida a todas as camadas sociais de Rio

Branco e as dos demais municípios acre-

anos. Não queremos a Copa para que

possamos iniciar um novo projeto. O

projeto existe e é o melhor para os acre-

anos, para a Amazônia e para o restante

do Mundo.

O Acre merece ser sede da Copa de 2014

porque governo e sociedade investem

no desenvolvimento do futebol e temos

o estádio Arena da Floresta com um ex-

celente projeto de nível mundial para

sua expansão e demais equipamentos,

inovador, viável, sustentável econômica

e ambientalmente.

Cassiano Marques de Oliveira, Secretá-

rio de Estado de Esporte e Turismo.

tavam a organização do esporte e unia

classes sociais. Na década de 40, com a

existência de diversos clubes, foi criada

a liga de futebol, precursora da Federa-

ção de Futebol do Acre.

Em 1962, a tão sonhada autonomia foi

conquistada e o Acre passou a ser um

dos estados da federação brasileira.

Logo depois em 1964, porém, os milita-

res tomaram o poder no País e criaram

políticas equivocadas de progresso para

a Amazônia. Estabeleceram que o Acre,

um local forjado no extrativismo, passa-

ria a produzir gado bovino e iniciaram a

agressão ao Meio Ambiente, com entre-

ga de grandes áreas aos fazendeiros das

regiões sul e sudeste do País e as derru-

badas de parte da Floresta. Novamente

o acreano viu além do seu tempo e resis-

38 39

O projeto de transformar o Acre em

uma das sedes da Copa do Mundo de

2014 não é apenas do Governo do Es-

tado, mas de toda a população. Afinal,

essa é uma chance de ver o nome desse

pedaço do Brasil no maior evento espor-

tivo do mundo. Essa proposta também

não é apenas um sonho distante de ser

realizado. O Acre realmente pode trans-

formar este sonho em realidade.

O Estado se candidatou com mereci-

mento. Basta lembrarmos os investi-

mentos feitos para incentivar o esporte,

em todas as modalidades. O maior sím-

bolo disso é a construção da Arena da

Floresta, que inclui o Acre no circuito na-

cional de competições com qualidade.

O presidente da Confederação Brasilei-

ra de Futebol, Ricardo Teixeira, já anun-

ciou que nenhum Estado está total-

mente preparado para sediar os jogos.

Portanto, todos precisam melhorar suas

estruturas, inclusive, isso se torna uma

vantagem para nós.

O Acre tem muito mais vantagens em

preparar a casa, porque tem espaço fí-

sico ideal, diferente dos grandes cen-

tros que possuem dificuldade. A Arena

da Floresta é uma prova nesse quesito

e consta na revista do Sindicato do Fu-

tebol em 5º lugar entre os estádios mais

adequados para os jogos, e melhorar

O Acre tem tudo para sediar jogos da Copa 2014!

Antonio Aquino Lopes

sua condição para que fique totalmente

adequado é possível, porque temos es-

paço e projeto técnico para isso.

Além da vantagem de termos espaço, o

que depende apenas da vontade políti-

ca de ocupá-los de forma correta, o Acre

tem grandes chances pela sua história.

A Fifa adota uma política social volta-

da para o meio ambiente, e a Copa de

2014 será um grande momento para a

entidade máxima do futebol mundial se

afirmar enquanto organismo preocupa-

do com o futuro do planeta. Isso estará

ainda mais forte se o Acre, que é símbo-

lo da causa ambiental no mundo, estiver

entre as sedes da Copa.

Antes do Arena da Floresta ser constru-

ído, nos sentíamos pequenos ao partici-

par de jogos em casa com os convidados

de fora. Hoje, temos uma ótima auto-

estima. Sinto que a maioria dos acrea-

nos compartilha deste sonho do Gover-

no do Estado. Estamos confiantes, mas

é preciso fazermos bem o dever de casa,

participarmos ativamente de todo mo-

vimento esportivo nesse sentido.

Em 20 anos de atuação no esporte, eu

sempre acreditei que chegaríamos a

esse patamar, mas confesso que veio

mais cedo do que esperava. Isso tudo

é graças ao trabalho do Governo, junto

aos atletas e a população.

Outro fator a ser considerado é a ques-

tão da segurança. As pessoas que saem

de seu país para assistirem a jogos da

Copa querem total garantia de que vão

estar um lugar seguro. Rio Branco é uma

das cidades estatisticamente mais segu-

ra do Brasil. No Acre, qualquer índice de

violência é inferior aos de outros lugares,

e isso também é fator determinante em

uma Copa do Mundo. As pessoas vão se

sentir muito mais seguras estando em

Rio Branco, onde os índices de violência

estão entre os menores do país.

É importante destacar que temos tem-

po suficiente para viabilizarmos tudo o

que está sendo exigido pelo Comitê Bra-

sileiro e pela FIFA.

Antonio Aquino Lopes, Presidente da

Federação de Futebol do Estado do Acre

- FFEA.

40

O Estado do Acre é conhecido

pela hospitalidade de seus

habitantes. Uma velha tradi-

ção afirma que quem bebe da água do

rio Acre não quer ir embora. Esta místi-

ca, porém, é explicada pela receptivida-

de com que as pessoas de fora são re-

cebidas, passando a amar esta “Terra de

Galvez”.

Só este motivo já seria suficiente para

tornar o Acre e torná-la uma das sedes

para a Copa do Mundo FIFA 2014, no Bra-

sil. Mas a receptividade é apenas uma das

várias qualidades que temos. Um dos Es-

tados mais tranqüilos e seguros da união,

o Acre proporciona ainda vários centros

turísticos para seus visitantes, quase to-

dos com apelos ecológicos. Não poderia

ser diferente, afinal estamos geografica-

mente no “pulmão do planeta”, inseridos

na Amazônia Ocidental, com uma rique-

za ecológica fora do comum.

E é justamente neste segmento, a eco-

logia e sua preservação, que o Acre tem

o orgulho de ter na sua história um ho-

mem que foi um visionário e acabaria

por se tornar um ícone no mundo intei-

ro, sendo a maior expressão no comba-

te ao desmate: Chico Mendes. Trazer a

Copa para o Brasil e não explorar o com-

bate ao desmate, seria desperdiçar uma

oportunidade sem igual e, para isto, o

Acre está preparado.

O povo acreano vê com grande expecta-

tiva a possibilidade de ser uma das sedes

para a Copa do Mundo. Toda vez que aqui

sediamos algum evento, seus organiza-

dores e o povo acreano sempre deram a

resposta para torná-lo grandioso, como é

o espírito do acreano: impávido colosso,

assim como está descrito em seu hino.

Bom exemplo desta grandiosidade de

espírito é que, quando nós nos propo-

mos a fazer algo, queremos fazer o me-

lhor. Isto está estampada no novo cartão

postal, o estádio Arena da Floresta, pon-

to de referência na região Norte, pela

sua estrutura (apenas na sua primeira

parte da construção), como também

pela sua tecnologia. O estádio atende os

requisitos da CBF e FIFA, afinal a Arena

já nasceu grande, por isso mesmo a re-

vista “Brasil, País do Futebol”, apoiada

pela CBF e o Clube dos 13, apontou seu

gramado como um dos cinco melhores

do país e a estrutura chama a atenção

de todos que aqui visitam para enfren-

tar as equipes locais.

O espaço físico para a construção de

prédios próximos ao estádio o torna úni-

co. O turista ficaria a metros do local dos

jogos, como foi ressaltado no projeto do

Governo. O plano diretor da Capital vai

garantir escoamento fácil do público da

Arena da Floresta para toda a cidade,

com via de acesso direto.

Segurança, comodidade, lazer, recep-

tividade, meio ambiente, pontos turís-

ticos, aliados a tecnologia e a pureza

da Amazônia, são apenas alguns dos

atrativos que Rio Branco, no Acre, pode

proporcionar aos seus turistas em 2014.

Falta apenas receber a oportunidade

de comprovar que é capaz disso tudo e

muito mais.

Ramiro Marcelo, Presidente da Asso-

ciação dos Cronistas Esportivos do Acre

(ACEA).

Queremos a Copa 2014 aqui!

Ramiro Marcelo

41

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44 45

A Copa na floresta

Antonio Alves

Primeiro deixa eu contar a histó-ria. Foi no ano passado, no início do inverno amazônico, que o go-

verno do Acre promoveu o V Encontro de Cultura Indígena, junto com os Jogos da Celebração, a etapa estadual dos Jo-gos Indígenas. Esse duplo evento acon-teceu no território dos Puyanawa, lá na pontinha do mapa, no extremo oeste do Brasil. Juntando as delegações de todos os povos com os funcionários do Estado e os visitantes, dava mais de 500 pesso-as alojadas durante uma semana numa aldeia que tem pouco mais de 600 habi-tantes. Quer dizer: a população da área dobrou de uma hora para outra.

Era a primeira vez que se juntava tanta gente assim numa terra indígena, en-tão a preparação foi longa e os deta-lhes eram muitos. Saúde, alimentação, transporte, segurança... imagine que os Jaminawa levaram um dia no barco pra descer o rio e depois enfrentaram 800 quilômetros de estrada, num ônibus, pra poder chegar. E que veio gente de 16 povos que vivem em mais de 60 aldeias espalhadas por todos os rios, lá nas ca-beceiras, na fronteira com o Peru.

Como é que os Puyanawa receberam tanta gente? Bem, eles viram aquilo como uma oportunidade de ouro. Há quase cem anos o povo Puyanawa foi quase dizimado, dominado e escraviza-do pelos colonizadores que chegavam em busca da borracha. Perderam muito de sua cultura, sua língua e tradições, mas sobreviveram e ganharam a terra onde antes viviam “no cativeiro”. É um lindo trecho de floresta na terra arenosa cortada pelo rio Moa e pelos igarapés de água límpida e muito fria que descem da Serra do Divisor. Para receber todos os outros povos em sua área, os Puyanawa tiveram que preparar-se, começando por rever sua própria cultura e relembrar suas antigas tradições.

Com ajuda do governo, a comunidade limpou uma parte da terra que estava sem ocupação e uso há muitos anos, mas que tinha sido muito importan-te no passado. Ali foram construídos alojamentos, refeitório, banheiros, um grande kupixaua para reuniões, campo de futebol e área para outras competi-ções. Tudo de madeira e palha de cana-raí trançada, trabalho feito com capri-

cho em todos os detalhes. Reuniram-se para tomar huni, a bebida sagrada dos pajés, e após uma noite de cânticos e danças escolheram o nome para o En-contro: Dimana Êwê Yubabu, “floresta, casa de todos nós”.

Seria necessário um livro pra contar tudo o que aconteceu, toda a riqueza e beleza daqueles dias. Mas uma imagem sintetiza o resultado: o velho cacique Mário Puyanawa, no encerramento da festa, andando no terreiro com seu co-car na cabeça e o corpo pintado de uru-cum, como não fazia há muitos anos. E a palavra que disse a todos, revelou o que seu povo pretende fazer com toda a estrutura que ficou na aldeia: “esta vai ser uma casa de todos, vamos fazer aqui muitos encontros e jogos”. E já agenda-ram ali mesmo várias visitas de outras comunidades nos próximos meses.

Bom, agora a moral da história. É sim-ples: não sei se o mundo merece, mas certamente necessita conhecer melhor a Amazônia e os povos que nela vivem. O mundo assustado com o aquecimento global, que descobre a importância das

46 47

florestas, necessita saber como é pos-sível conservá-la e o quanto isso custa. Necessita saber como combinar cidade com floresta, economia com ecologia, política com cultura. Seria muito bom, portanto, que o mundo conhecesse me-lhor o Acre, esse pequeno estado brasi-leiro na fronteira com o Peru e a Bolívia. Pois estas lições que a Amazônia ensina ao mundo, modéstia à parte, é com o Acre que ela aprende.

São os povos que aqui vivem, entranha-dos na floresta, na região dos altos rios, entre a planície e a montanha, que resis-tiram às intempéries do século 20 e aca-baram por se tornar guardiões da maior biodiversidade do planeta. Foi em meio a esses povos que nasceu Chico Men-des, para inspirar mudanças que -ainda devagar e com dificuldades- o Acre co-meçou a fazer e o mundo necessita co-meçar com urgência urgentíssima.

Em 2014 a urgência será ainda maior e a Amazônia será uma jóia ainda mais preciosa. A experiência do Acre, com

apoio para consolidar-se e avançar, será um presente para todos os povos num mundo tão necessitado de boas notí-cias. Esse presente pode ser entregue na Copa do Mundo FIFA de futebol, tendo na cidade de Rio Branco uma de suas sedes. Atrair para o Acre milhares de pessoas, de vários países, recebê-las com um sorriso em nossa face cabocla, servir-lhes comida natural e saudável, proporcionar-lhes o ar puro e a paisa-gem verde de nossas florestas, brindá-las com os produtos variados de nossa diversidade cultural, tudo isso comporá com o esporte uma celebração especial. Mas um aprendizado essencial para o futuro se insinuará em meio à festa. Um encontro de sabedorias, um diálogo en-tre tradição e modernidade, uma recon-ciliação entre civilização e natureza. O sonho do desenvolvimento sustentável pode ser real.

É claro que o Acre terá que se preparar para isso, com um trabalho caprichoso e muito detalhado. E não é apenas pra arrumar a casa para os visitantes, provi-

denciar hotéis e um estádio que atenda a todas as exigências. É principalmente rever o desenvolvimento sustentável que pretende apresentar ao mundo: recuperar os atrasos na economia flo-restal, melhorar os índices sociais, ace-lerar as mudanças na educação, sanar as deficiências na saúde... Não se trata de inventar a bola, basta cumprir com o que já está previsto nos planos e sonhos cultivados desde o tempo em que Chico Mendes andava pelos seringais.

E depois da Copa, o que fazer com toda a estrutura que ficar, com os novos amigos espalhados pelo mundo, com a visibilida-de conquistada? Ora, chamar os vizinhos para promover, na prática, a tão falada integração da América Latina. Encontros e Jogos por todo o século 21.

Isto é: se o mundo aprender a lição dos povos da floresta e não chutar pra fora a bola do planeta.

Antonio Alves, jornalista, historiador, escritor.

48 49

O Brasil tem 5.564 cidades.

Apenas 14 delas têm mais

de 1 milhão de habitantes.

Outras 20 são consideradas cidades de

grande porte, na faixa entre 500 mil e

1 milhão de habitantes. Com exceção

de Rio Branco, todas as candidatas a

sede da Copa do Mundo se incluem en-

tre nossas 34 metrópoles, que, sejam

quais forem as escolhidas, estarão su-

per representadas. Mas todos os ou-

tros 5.530 municípios brasileiros têm

menos de 500 mil habitantes e ficarão

à margem do grande evento de 2014

se Rio Branco não for uma das sedes. À

margem da realização dos jogos, mas

principalmente do simbolismo com

que o caráter nacional da organização

de uma Copa do Mundo torna especial

cada edição da mais universal das fes-

tas dos povos do planeta Terra.

Rio Branco é hoje a perfeita tradução

daquilo que o povo brasileiro costuma-

va chamar de “cidade pequena, porém

decente”. “Cidade de porte médio”, cor-

rigem os tecnicistas, mas pequena, in-

sisto, traduz melhor o jeito tranqüilo de

viver da cidade ideal do brasileiro, com

sua rotina solidária e a alegre disposição

para quebrá-la com hospitalidade ao

receber tantos quantos venham passar

momentos extraordinários e viver coi-

sas fantásticas que serão contadas para

sempre nas tardes mansas da sua eter-

nidade. Então, haverá encontro mais

perfeito que a mágica de uma Copa do

Mundo e a realidade telúrica da peque-

na cidade brasileira?

Rio Branco é o Brasil na Copa por intei-

ro. E sendo a única cidade com menos

de 500 mil habitantes que conseguiu

trazer até aqui sua candidatura a sede

da Copa no Brasil, já merece ser uma

das cidades escolhidas para receber os

jogos de 2014.

Mas a pequena sede da maioria ainda

guarda trunfos e charmes que são só seus.

Com Poder Público e iniciativa privada

trabalhando em sinergia, a capital do

Acre executa uma projeto de moderni-

zação que a capacita em infra-estrutura

e organização para receber um evento

do porte da Copa do Mundo.

Quanto à paixão pelo futebol, a con-

corrência pode estar em pé de igual-

dade, mas dificilmente haverá alhures

alguém que tenha levado tão ao ex-

tremo uma estratégia de jogo quanto

o gênio popular do saudoso técnico

Martins Bruzugu. Quando o Floresta

Futebol Clube virou o placar contra

um adversário do vizinho estado de

Rondônia, aos 46 minutos do segundo

tempo, o árbitro inventou de contar

quantos jogadores haviam no cam-

po congestionado: o Floresta tinha

16 atletas. Sorrateiramente, Bruzugu

enxertara mais cinco atacantes em

campo.

Agora, neste momento decisivo para

nossa classificação como sede da Copa

de 2014, nossos representantes cumpri-

ram com mérito as regras do jogo e to-

dos os acreanos, com ginga e fair play,

entraram em campo para ajudar nesta

vitória.

Cidade aldeia no coração da Amazônia,

Rio Branco será a Sede Verde da Copa

do Mundo no Brasil. E quando a bola

rolar no Acre, todos os torcedores do

planeta serão Povos da Floresta.

Gilberto Braga, Jornalista e torcedor.

A pequena sede de todos

Gilberto Braga

50 51

O mais sustentável estádio de futebol do mundo

A arquitetura proposta para a

Arena da Floresta em Rio Bran-

co - Acre é um plano ambicioso

para a concepção do “mais sustentável

estádio de futebol do mundo”.

O grupo de designers e projetistas for-

mado tem uma longa história de con-

cepção sustentável de estádios com

exemplos como o inovador estádio am-

bientalmente sustentável para os Jogos

Olímpicos de 2000 em Sydney, na Aus-

trália, mais recentemente o Ballpark em

Washington DC para ser o primeiro es-

tádio a ser certificado como “Prata pela

LEED - Liderança em Energia e Design

Ambiental e também a mais moderna

arena da America Latina, em Curitiba –

Brasil, do Clube Atlético Paranaense.

A proposta para a Arena da Floresta,

tem a concepção sustentável de gran-

des estádios para um novo e completo

nível, incorporando uma abordagem

holística para a concepção, construção

e exploração do estádio e do complexo.

Os projetos atuais da Arena da Floresta

são reforçados e complementados com

a incorporação de um novo complexo

de 200 quartos, centro de exposições e

convenções e uma arena para 5000 luga-

res que compartilham muitos recursos e

produzem um extraordinário complexo

multi-uso. Também oferece um número

de quartos que podem ser convertidos

para suítes corporativas para utilização

na Copa do Mundo FIFA 2014 e outros

grandes eventos.

A proposta utiliza uma variedade de téc-

nicas para minimizar o impacto do está-

dio, que incluem a construção da cober-

tura principal com pranchas de madeira,

utilizando-se o ‘refugo’ sustentável da

madeira que é geralmente descartado no

processo de moagem, para criar madei-

ra estruturalmente sólida para pilaretes

e colunas que suportam todo o estádio,

bem como a estrutura da cobertura da

arena e centro de exposições e conven-

ções. Além disso, esta abordagem vai

criar uma indústria viável em Rio Branco

após a conclusão do estádio.

O estádio se propõe a ser 80% natural-

mente ventilado, empregando sistemas

internos de ventilação passivos à força e

de controle interno de temperaturas pela

incorporação de uma “tela verde”, que

envolve a fachada do estádio. Esta tela

viva fornece uma barreira mediadora da

entrada da energia solar e cria um ha-

bitat natural e utilizável por aves locais.

Toda água da chuva da grande cobertura

do estádio e toda água servida é recolhi-

da e filtrada através de bio-Swales, ar-

mazenadas em um grande lago natural

adjacente ao estádio, para reutilização

na irrigação do campo e em águas não

potáveis de uso em sanitários.

A cobertura do estádio também propor-

cionará a incorporação de células fotovol-

taicas, energia solar para aquecimento

da água e turbinas eólicas para produzir

uma quantidade de eletricidade requeri-

da. O estacionamento do complexo é de-

senhado para permitir que aproximada-

mente 50% das vagas de estacionamento

exigidas para a Copa do Mundo sejam

transformadas em “vegetação natural”,

construindo-se ainda alguns caminhos

dentro do estacionamento sobre áreas

degradáveis com materiais como tapete

de bambu e reforçado por sistemas de

ervas. Como estes materiais degradam

naturalmente um novo paisagismo vai

“crescer” produzindo uma malha de ca-

minhos e áreas de lazer para a utilização

pelas comunidades locais.

Estas medidas ambientais, além de uma

série de outras, tais como saídas prote-

gidas da chuva e do sol, extensos locais

de abastecimento de materiais e recicla-

gem e compostagem de resíduos farão

da Arena da Floresta um exemplo de de-

sign e projeto de um estádio revolucio-

nário em sustentabilidade e uma amos-

tra das credenciais verdes do Brasil e da

FIFA para o mundo assistir em 2014.

Ana Serra - Buro Happold (EUA e Reino

Unido)

Christopher Lee - HOK sport (EUA)

Luiz Volpato - Voltoragui (Brasil)

Ana Serra - Christopher Lee - Luiz Volpato

5353

Durante milhares de anos o

Acre, ou Aquiry como o cha-

mavam as tribos Aruak, foi

um território exclusivamente indígena,

tendo sido uma das ultimas fronteiras

da Amazônia a ser transformada em

território nacional.

Até 1850, os altos rios acreanos eram

“Tierras no discubiertas”, como assina-

lavam os mapas da época. Somente a

partir de 1860 começaram a ser realiza-

das as primeiras expedições que deram

a conhecer todo o imenso potencial eco-

nômico que a região apresentava para a

extração da borracha e de outras maté-

rias primas da floresta.

Entretanto, o povoamento das terras

acreanas aconteceu muito rapidamen-

te e de forma intensa. Especialmente

depois que a Revolução Industrial, que

estava em curso na Europa e Estados

Unidos, aumentou assustadoramen-

te a demanda pela borracha e que a

grande seca do sertão nordestino, em

1877/1878, disponibilizou milhares de

trabalhadores nordestinos para traba-

lhar na extração do ouro negro (a borra-

cha defumada).

Em poucos anos, os altos rios acreanos

estavam totalmente povoados por bra-

sileiros de diversas origens e estrangei-

ros de todas as partes do mundo que,

junto com as populações indígenas nati-

vas da região, compuseram um rico mo-

saico de culturas e etnias.

A Criação do Acre

A partir de 1880 grandes levas de imi-

grantes nordestinos penetraram li-

vremente nos territórios da Amazônia

Sul-Ocidental. Os rios Purus e Juruá,

afluentes do rio Amazonas, davam aces-

so direto aos vapores provenientes de

Belém e Manaus, que traziam milhares

de brasileiros e levavam toneladas de

borracha. Enquanto bolivianos e peru-

anos possuíam grandes dificuldades no

povoamento na planície amazônica.

Logo se desenvolveram grandes e pro-

dutivos seringais que comerciavam sua

borracha, através das casas aviadoras,

com os centros consumidores na Ingla-

terra, França, Alemanha, Holanda e Es-

tados Unidos. E toda essa imensa rique-

za gerada pela exploração da floresta

gerou a cobiça internacional e conflitos

internacionais.

Mal se iniciava o ano de 1899, quando o

governo da Bolívia tentou ocupar mili-

tarmente o rio Acre enquanto negociava

um contrato de arrendamento com ca-

pitalistas europeus e norte-americanos

interessados na exploração da borracha

da região.

Diante dessa ameaça os brasileiros

da região, liderados pelo aventurei-

ro espanhol Luiz Galvez Rodrigues

de Arias, proclamaram a criação do

“Estado Independente do Acre”. Uma

nova republica fundada no dia 14 de

julho de 1899, em referencia à Re-

volução Francesa e aos princípios da

Brevíssima História Acreana

Marcos Vinícius Neves

52

54

liberdade, igualdade e fraternidade

fundamentais para o exercício da ci-

dadania. E, apesar do maior objetivo

desta Republica ser a anexação do

Acre ao Brasil, já em março de 1900,

chegavam à região navios da marinha

brasileira para dissolver o movimento

e devolver estas terras à Bolívia.

Mas, nos primeiros meses de 1902, a

notícia da formação do Bolivian Syndi-

cate desabou sobre a opinião pública

nacional. Essa companhia comercial de

capital anglo-americano arrendaria o

Acre pelo prazo de vinte anos com am-

plos poderes territoriais, militares e al-

fandegários. Seu contrato com a Bolívia

implicava também na livre navegação

internacional dos rios amazônicos e fe-

ria frontalmente a soberania brasileira

sobre a Amazônia.

Os brasileiros do Acre mais uma vez

pegaram em armas e proclamaram

recriado o Estado Independente do

Acre como forma de obrigar o gover-

no federal a considerar a região como

litigiosa. E tamanha foi a pressão na-

cional que o Presidente Rodrigues Al-

ves teve que reverter a posição oficial

brasileira estabelecendo negociações

que culminaram com a assinatura do

Tratado de Petrópolis e anexaram o

Acre ao Brasil em 17 de novembro de

1903.

Foram necessários quatro anos de luta

para que o Acre passasse a fazer parte

do Brasil e os brasileiros do Acre, sob

a liderança do gaúcho José Plácido de

Castro, finalmente conquistassem o di-

reito de se autodenominar acreanos e

brasileiros. As terras do Acre eram defi-

nitivamente conquistadas para o Brasil.

O Sonho da Autonomia

No principio de 1904, como resultado de

sua anexação ao Brasil, o Acre se tornou

o primeiro Território Federal da história

brasileira. Um novo sistema político que

estabelecia que o Acre deveria ser admi-

nistrado diretamente pela Presidência

da Republica, a quem caberia nomear

seus governantes e arrecadar seus im-

postos.

O resultado imediato da surpreendente

medida do governo brasileiro foi que a

sociedade acreana passou a uma con-

dição de tutela e dependência do poder

executivo federal sem precedentes na

história brasileira.

Assim, os acreanos que haviam con-

quistado pelas armas o direito de

serem brasileiros, ao alcançar a

vitória foram condenados a se-

rem cidadãos de segun-

da categoria

em seu

próprio país. A autonomia política do

Acre tornava-se então a nova e necessá-

ria bandeira de luta do povo acreano.

Na verdade, uma aspiração muito sim-

ples: a transformação imediata do Ter-

ritório Federal do Acre em Estado au-

tônomo da federação brasileira. E para

lutar por essa causa foram fundados

clubes políticos e organizações de pro-

prietários e/ou de trabalhadores em di-

versas cidades como Xapuri, Rio Branco

e Cruzeiro do Sul.

A sociedade acreana viveu então um dos

períodos mais difíceis da sua história. Os

anos 20 foram marcados pela completa

decadência econômica provocada pela

queda dos preços internacionais da bor-

racha graças à produção infinitamen-

te mais barata dos seringais de cultivo

asiáticos, cujas sementes haviam sido

pirateadas dos seringais acreanos duas

décadas atrás. Os seringais acreanos en-

traram em falência e uma boa parte dos

seringueiros começou a voltar para suas

regiões de origem

Era tempo de se buscar novas formas de

organização social e de encontrar novos

produtos que pudessem substituir a bor-

racha no comércio internacional. Assim

os seringais se transformaram em uni-

dades produtivas mais complexas.

Nem mesmo o novo período de pros-

peridade da borracha, provocado pela

Segunda Guerra Mundial, foi capaz de

modificar esse quadro. Mas pelo menos,

durante quatro anos (1942-1945), a “Ba-

talha da Borracha” trouxe milhares de

famílias nordestinas para o Acre, repo-

voando e enriquecendo novamente os

seringais, e contribuindo de forma deci-

siva para a vitória das forças aliadas, que

ficaram sem acesso aos seringais asiáti-

cos tomados pelas tropas japonesas.

Essa melhoria do contexto econômico

fez com que os anseios autonomistas

ganhassem nova força. Mas os acreanos

teriam que esperar ainda quase vinte

anos para ver sua antiga aspiração de

autonomia política ser realizada. Só em

1962, os acreanos conseguiram através

de uma longa batalha legislativa trans-

formar o Território em Estado.

Foram 58 anos de resistência, entre 1904

e 1962, até que o movimento autono-

mista finalmente conquistasse para os

acreanos os mesmos direitos básicos e

essenciais de qualquer cidadão brasilei-

ro. Pela primeira vez na história os acre-

anos poderiam exercer plenamente sua

cidadania.

A defesa dos povos da floresta

A criação do Estado do Acre e a possi-

bilidade da primeira experiência demo-

crática da sociedade acreana anuncia-

vam grandes mudanças e o início de um

novo tempo para a região. Entretanto,

o peso da história se revelou mais uma

vez opressivo para a sociedade acreana.

Menos de dois anos depois da eleição de

José Augusto, o Brasil sofreu um golpe

militar que mudaria também, e brusca-

mente, os rumos da história do Acre.

Mais uma vez a sociedade acreana seria

obrigada a conviver com governantes

indicados pelo poder federal. Uma con-

dição que perduraria até 1982, quando a

Ditadura Militar permitiu a realização de

eleições, não só no Acre, como no resto

do país.

Por outro lado, o início da década de

70 foi marcado por uma nova diretriz

governamental para o “progresso eco-

nômico” da região. Sob o discurso de

“integrar para não entregar” foi estimu-

lada uma nova ocupação da Amazônia

através de grandes projetos minerado-

res, madeireiros e agropecuários que re-

ceberam financiamentos internacionais

e incentivos fiscais em nome da “defe-

sa” da soberania brasileira.

A transformação do Banco da Borracha

em Banco da Amazônia e o corte de ou-

tras fontes de financiamento fizeram os

seringais falir e serem vendidos por pre-

ço muito baixo para que nestas terras

fossem instalados empreendimentos

pecuários. Repentinamente, índios, se-

ringueiros, ribeirinhos e colonos viram

suas terras sendo invadidas e devasta-

das em nome de um novo tipo de pro-

gresso que transformava a floresta em

terra arrasada.

A partir de 1975 as populações tradicio-

nais da floresta começaram a se organi-

zar e a desenvolver diferentes estraté-

gias de resistência. Foram fundados os

primeiros sindicatos de trabalhadores

rurais em Brasiléia, Xapuri, Rio Branco e

Sena Madureira. A implantação da pri-

meira Ajudância da Funai no estado pos-

sibilitou que se iniciasse o processo de

demarcação e regularização das terras

indígenas acreanas. A igreja católica do

vale do Acre, de perfil progressista, re-

forçou a luta popular com as Comunida-

des Eclesiais de Base. Intelectuais, artis-

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56

tas, estudantes e trabalhadores em geral

criaram organizações civis e um intenso

movimento social em Rio Branco. Jorna-

listas e militantes da oposição criaram

o jornal “O Varadouro” para noticiar os

graves problemas sociais, especialmen-

te os conflitos pela posse da terra.

A luta dos povos da floresta liderada por

Chico Mendes e muitos outros compa-

nheiros foi reconhecida pelo Movimen-

to Ambientalista internacional e por

governos do mundo inteiro. A trágica

morte de Chico Mendes, em 1988, criou

uma enorme pressão sobre os organis-

mos financeiros internacionais, que fo-

ram obrigados a rever seus critérios de

investimento na Amazônia. Mais uma

vez acreanos tiveram que lutar para de-

fender sua integridade, seus modos de

vida tradicionais, seu direito à cidadania

e à autodeterminação.

Enfim...

O Acre é hoje um estado colorido, mul-

tiétnico, tão diversificado quanto sua

floresta que contem enorme riqueza e

biodiversidade. É formado por descen-

dentes de todas as raças presentes na

sociedade brasileira. Possui 14 etnias

indígenas reconhecidas e organizadas,

além de grupos de índios isolados den-

tro da floresta vivendo como há cinco

mil anos. Uma sociedade multifacetada

que apresenta, entretanto, uma intensa

identificação sócio-cultural. Um senti-

mento de ser acreano que é muito mais

amplo que as fronteiras desse pequeno

estado situado no extremo ocidental da

Amazônia brasileira.

Esta característica, facilmente perce-

bida por qualquer pessoa que conheça

o Acre, é ainda mais surpreendente ao

pensarmos que esta identidade históri-

ca e cultural do povo acreano tem um

século apenas. Breve século, mas inten-

so o suficiente para forjar um povo cons-

ciente e orgulhoso de suas raízes.

O acreano é um povo que luta. Nas suas

lutas, afirma sua vontade de escolher li-

vremente seu caminho. Busca um mode-

lo de desenvolvimento verdadeiramen-

te justo e sustentável. E vai criando, em

seu caminho de lutas, uma profusão de

novos paradigmas, como o Governo da

Floresta e a florestania, que atualizam o

legado e os ideais de Chico Mendes, dos

Autonomistas e dos Revolucionários do

início do século XX.

É com esse legado que apresentamos

nossa capital, Rio Branco, para ser

uma das cidades sedes da Copa FIFA

2014 no Brasil. Será que não fizemos

por merecer?

Marcos Vinícius Neves, historiador,

presidente da Fundação de Cultura

Garibaldi Brasil da Prefeitura de Rio

Branco.

Letra: Francisco Mangabeira

Música: Mozart Donizetti

Que este sol a brilhar soberano

Sobre as matas que o vêem com amor

Encha o peito de cada acreano

De nobreza, constância e valor...

Invencíveis e grandes na guerra,

Imitemos o exemplo sem par

Do amplo rio que briga com a terra

Vence-a e entra brigando com o mar

Fulge um astro na nossa bandeira

Que foi tinto no sangue de heróis

Adoremos na estrela altaneira

O mais belo e o melhor dos faróis

Triunfantes da luta voltando

Temos n’alma os encantos do céu

E na fronte serena, radiante,

Imortal e sagrado troféu

O Brasil a exultar acompanha

Nossos passos portanto é subir

Que da glória a divina montanha

Tem no cimo o arrebol do porvir

Fulge um astro na nossa bandeira

Que foi tinto no sangue de heróis

Adoremos na estrela altaneira

O mais belo e o melhor dos faróis

Possuímos um bem conquistado

Nobremente com armas na mão

Se o afrontarem, de cada soldado

Surgirá de repente um leão

Liberdade é o querido tesouro

Que depois do lutar nos seduz

Tal o rio que rola, o sol de ouro

Lança um manto sublime de luz

Fulge um astro na nossa bandeira

Que foi tinto no sangue de heróis

Adoremos na estrela altaneira

O mais belo e o melhor dos faróis

Vamos ter como prêmio da guerra

Um consolo que as penas desfaz

57

Vendo as flores do amor sobre a terra

E no céu o arco-íris da paz

As esposas e mães carinhosas

A esperarem nos lares fiéis

Atapetam a porta de rosas

E cantando entretecem lauréis

Fulge um astro na nossa bandeira

Que foi tinto no sangue de heróis

Adoremos na estrela altaneira

O mais belo e o melhor dos faróis

Mas se audaz estrangeiro algum dia

Nossos brios de novo ofender

Lutaremos com a mesma energia

Sem recuar, sem cair, sem temer

E ergueremos, então, destas zonas

Um tal canto vibrante e viril

Que será como a voz do Amazonas

Ecoando por todo o Brasil

Fulge um astro na nossa bandeira

Que foi tinto no sangue de heróis

Adoremos na estrela altaneira

O mais belo e o melhor dos faróis.

Hino Acreano

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Responsible Committee

State of Acre Government

Rio Branco town Hall

State of Acre Soccer Federation

Sustainable Development Forum of Acre

63

SummaryIntroduction

Team

Acre deserves to be the Green Host of the 2014 FIFA World Cup

The goal of the future in Chico Mendes’ Amazonia

Rio Branco-Acre can ensure FIFA´s green goal in 2014

Permit us a new revolution!

2014 FIFA World Cup, Rio Branco welcomes you with great emotion!

Let´s take Chico Mendes´ Legacy to the World!

We have a beautiful history and a great stadium

Acre has what it takes to host the 2014 World Cup

We want the 2014 World Cup here!

The Cup in the Forest

The smallest and coziest city of all

The most sustainable football stadium in the world

A Brief History of Acre

Acre´s Hymn

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There are many consistent arguments in

favor of choosing Rio Branco, capital of

the state of Acre, as one of the hostscities

of the 2014 FIFA World Cup which will be

held in Brazil.

Governor Binho Marques says that

technically we are prepared because:

“We built a stadium with the required

dimensions, the Arena da Floresta

stadium. We are prepared to adapt

its conditions where needed so as to

provide with a pleasant and comfortable

spectacle for the thousands of visitors

and billions of soccer lovers which will

watch the matches through satellite

images around the globe.”

The president of the Sustainable

Development Forum of Acre and ex-

governor Jorge Viana mentions that:

“Here, we have the most authentic

forest-based sustainable development

project in the Amazon, consolidated

on social movements made by forest

citizens, based in an original concept

called “florestania”. He also says that

our proposal is quite singular since it can

provide FIFA with a definite encounter

with the planet´s socio-environmental

agenda.

The Senator and ex-environment

Minister, Marina Silva writes about “the

goal of the future on Chico Mendes

Amazonia,” where she concludes that,

“For us Brazilians, the ball culture, which

is so democratic and integrating, can

now take us further. In our dreams of

Acre we can take the world together to

run after the ball which will help make

the supreme goal of a better world.”

For Senator Tião Viana, vice-president of

the Brazilian Federal Senate, Acre has “a

rich history which started with the arrival

of the first colonizers to this region, who

still in the 18th century went through a

revolution and many struggles which

culminated with the example today

of been the sole state in the Amazon

region with an effectively consolidated

sustainable development project.”

The journalist and historian Antonio

Alves talks about “The Cup in the Forest”

and took the risk to predict that one of

the possible legacies of the 2014 Cup in

Acre will be “to promote in practice so

called Latin-American integration,” by

accomplishing “encounters and games

for the rest of the 21st century.”

Giving the warm welcome home, Rio

Branco´s major, Raimundo Angelim,

recently vested for a new mandate which

goes until December 2012, expresses

everyone´s happiness in receiving the

2014 Cup among us. “To host the 2014

Fifa World Cup matches in our dear Rio

Branco will be a great pleasure.”

For the State of Acre Soccer Federation

president, Antonio Aquino Lopes, “Acre

has what it takes to host 2014 Cup

matches”.... “ we have enough time to

provide everything that it is been required

by the Brazilian Committee and by FIFA.

Eufram Amaral, who is Environment

State Secretary defends that: “The

world soccer tournament, 2014 FIFA

World Cup, can obtain in Acre a sample

of the integration of local level work

with the search of sustainability at a

global level.”

State Sports and Tourism Secretary,

Cassiano Marques, describes the

investments which are been made and

alerts that: “Acre deserves to host the

2014 Cup because the government

and society invest in soccer´s

development.”

Ramiro Marcelo, journalist and

president of the Acre Sports Chroniclers

Association (ACEA), also defends his

position talking about the hospitality

and receptivity of the people from Acre,

who do their outmost to receive gladly

their visitors. “Acre´s population sees

with great expectation the possibility

to be one of the hosts of the World

Cup. Every time we host any event,

its organizers and the people from

Acre always turn it into something

magnificent, reflecting the spirit of the

person from Acre.”

Last but not least, Marcos Vinicius Neves,

historian and president of the Garibaldi

Brasil Culture Foundation in Rio Branco´s

town hall, translates in a brief history of

Acre how much the world can benefit

from choosing Rio Branco as one of

the 2014 Cup hosts. “The people from

Acre are people who struggle. In their

battles they affirm their willingness to

freely choose their path. They search

for a development model which is truly

righteous and sustainable. In their struggle

passage they create the profusion of new

paradigms such as the Government of the

Forest and “florestania”, which bring up

to actuality the ideas of Chico Mendes,

the Autonomists and the 20th century

revolutionists. It is with this legacy that we

hereby present our capital Rio Branco to

be one of the host cities of 2014 FIFA World

Cup in Brazil. Don´t we deserve it?”

There is a lot more we could say. But, for

the objective that we are proposing, the

next articles speak for themselves and

eloquently translate the feeling of the

whole population of Acre.

It is truly with this legacy that we present

ourselves to FIFA to be one of the hosts

of the 2014 Cup in Brazil.

Anibal Diniz, Organizer.

Introduction

teamAníbal Diniz

Organizer

ARtiCLESBinho Marques

Governor of the state of Acre

Marina SilvaSenator of the Republic

Jorge VianaSustainable Development Forum of Acre

tião VianaSenator of the Republic

Vice President of the Brazilian Senate

Raimundo AngelimRio Branco´s Mayor

Eufram Amaral State Secretary of Environment

Cassiano MarquesState Secretary of Sports and tourism

Antônio Aquino LopesPresident of Acre´s Soccer Federation

Ramiro Marcelo President of Acre´s Sports Chronicler´s Association

Antônio AlvesJournalist and Writer

Gilberto BragaJournalist

Macos Vinicius NevesHistorian

tECHNiCAL COORDiNAtORSAna Serra - Christopher Lee - Luiz Volpato

tRANSLAtiONKruskaya Dijsselbloem

DESiGNMX Design

Leoney Lima - Maxtane Dias

PRiNtiNGKaco Gráfica

68 69

centers and everything needed that is

included in our technical project. We have

already started with the construction

of a fourth bridge on the Acre river,

which will reduce the distance, allowing

people to go walking from the stadium

to downtown.

We have already proven that Acre

deserves to host the 2014 Cup for a series

of tangible reasons. Nevertheless, it is the

intangible reasons which can offer FIFA

a unimaginable legacy to the billions of

people which will be watching us in the

most distant regions of the world. Having

Rio Branco as green host of the Cup will

be the best contribution that FIFA will

offer to the world: to reflect on the need

for sustainable development which can

offer better life quality to the current

generations without compromising the

future generations´ lives. The forest-

based multidimensional sustainable

project occurring today in Acre, the

most western state of the Brazilian

Amazon, needs to be shown to the

world. To do so, there is no more visible

stage than the one offered by FIFA in

2014. It was in Acre where the term

“Florestania” was created. It is the most

encompassing term which contemplates

the environmental, economical, social,

political, cultural and ethical dimensions

of sustainability, in the search for an

inter-generational treaty for a healthy

living on planet earth.

I was the first governor to introduce

myself to CBF´s president, Ricardo

Teixeira, and present him Rio Branco

and Acre´s disposition to battle together

with CBF so that Brazil would become

the host country and Rio Branco a

seat of the 2014 World Cup. The initial

conversation with CBF´s president

caused two different reactions. At first,

Acre deserves to be the Green Host of the 2014 FIFA World Cup

Technically speaking, Acre and

Rio Branco deserve to host 2014

FIFA World Cup because we

initiated our preparation for this long

time before Brazil was confirmed as

the hosting country. We built a stadium

with the required dimensions, the Arena

da Floresta stadium. We are prepared

to adapt its conditions where needed

so as to provide with a pleasant and

comfortable spectacle for the thousands

of visitors and billions of soccer lovers

which will watch the matches through

satellite images around the globe. Our

stadium Arena da Floresta is located

less than five kilometers from the city

center and it includes an area superior

to 430,000 square meters for parking

and FIFA required accommodation such

as hotel, gym, technical operational

Binho Marques

70 71

the president was surprised to hear such

a daring proposal coming from such a

small, unknown state and practically

unexpressive in soccer matters.

Afterwards, when President Ricardo

Teixeira got to know a bit of our history

and especially the true political and

infra-structure revolution which Acre is

undergoing through the last 10 years, he

expressed respect, interest and attention

to our proposal. He discovered that

our apparent daring proposal is indeed

serious to be considered and backed

up with consistent arguments to be

appreciated. The president promised to

take our project to the FIFA.

We have been governing the State for

exactly 10 years now and the results

of our work don´t leave a trace of

doubt that we are able to fulfill all

FIFA´s requirements on the deadlines

established since we have all technical,

institutional and political conditions to

do so. We have reached institutional

maturity with a harmonious relationship

between the Executive, Legislative and

Judiciary powers, which are undersigning

our proposal as well. The municipal

and state governments are completely

tuned-in in their purposes. Their staff

is motivated in order to contribute to

whatever needs to be done so that the

2014 World Cup can be a motive of pride

and example for its organizers. Today

Acre is a financially sound state, with

an “A” concept at the Brazilian Central

Bank and with total credit allowance at

the financing institutions. At the end

of the year 2008, we signed a US$ 150

million contract with the World Bank for

investments to be made during the next

6 years in areas such as: production,

health and education. Additionally,

we have other contracts signed with

BNDES, Caixa Economica Federal and

BID – Inter-American Development

Bank.

From a historical perspective, Acre and

Rio Branco stared many moments in

time which allows them to be one of the

hosts of the 2014 Cup in Brazil. First,

because Acre was the only Federation

State whose inhabitants fought to be

a part of Brazil. We can affirm that we

are Brazilian by option because Acre´s

lands and forests were annexed to

Brazil thanks to the determination, the

effort and the blood sacrifice on Acre´s

Revolution by the end of the 19th and

beginning of the 20th century. Second,

because it was in the 40´s that Acre´s

rubber helped the allied forces´ while

the rubber plantations in Asia had been

overtaken by the Japanese. We can

affirm that Acre´s rubber contributed

enormously to the allied forces victory

in Second World War. Third, because

in the 80´s , when the world had not

yet been awaken to the environmental

cause, the environmental leader Chico

Mendes emerged in Acre´s forests,

more precisely in Xapuri. He paid the

price of defending the forest and its

people with his own life. It was thanks

to Chico Mendes´ sacrifice that Acre and

the Amazon region are now considered

the last existing tropical rainforest and

all efforts should be undertaken in order

to hinder the destruction of its fantastic

biodiversity.

As it can be seen, Acre and the city of

Rio Branco are not proposing to do

something important for the planet in

case they can be one of the hosts of

2014 FIFA World Cup in Brazil. What we

are proposing is that, due to everything

that has already been done, especially

concerning the environmental cause,

the State deserves to be seat of the

Cup, providing FIFA the opportunity

to have an unimaginable legacy related

to its image across all nations. By

hosting the 2014 Cup in Acre, FIFA

will be able to say to the world that it

is also giving its contribution for the

environment´s preservation and for

the planet´s sustainability. In this

occasion, other nations can have

the opportunity to get to know the

experience developed in Acre, whose

government brought Chico Mendes´

legacy to institutional levels. This will be

of great contribution in order to attract

sustainable investments in certified

products, opposing predatory practices

which search only for immediate profit

and exert great deal of pressure on

the forests. Summarizing, we can

vehemently affirm that the forests

preservation, florestania´s victory, is

directly conditioned to the existence of

sustainable investments which provide

better living conditions and social

ascension to the forest people. We can

mention as examples of this success the

existence of a factory of natural rubber

condoms, a brazil nut processing unit,

and a wooden floor tiles factory (using

certificated timber), all of which have

been built by our government with the

intention of preserving the forest and

improving the living conditions of those

who inhabit them.

From a geographical point of view, if FIFA

chooses Acre and Rio Branco to host the

Cup, it will positively open a dialogue with

other Latin-American countries, especially

Peru and Bolivia. The neighboring visitors

will have the opportunity to watch the

matches directly coming from their cities

of origin through the Pacific Highway that

in 2010 will be completely paved from Rio

Branco up to the Peruvian ports in the

Pacific Ocean. Rio Branco is the smallest

and less populated city among the other

2014 Cup candidate cities. If Rio Branco

becomes one of the hosts of the Cup, FIFA

will be indirectly contemplating more than

70 71

72 73

Acre deserves to be the Green Host of 2014 FIFA World Cup

Welcome to Rio Branco and to the State of Acre!

Binho MarquesAcre State Governor

5,500 small and medium cities spread

through the entire Brazil, which would not

feel represented by the larger cities which

will naturally host the tournament.

The people from Acre are mobilized,

happy and will have open arms to receive

the FIFA family in 2014. We will do our

best for a reception and hospitality up to

standards of the largest sportive event

of the planet. We will continue to invest

fully in order to provide safety, well-being,

leisure options, gastronomy and tourism,

health care and appropriate installations

for everyone who will visit us during the

matches. Our city Rio Branco is already

beautiful, safe and pleasant and it will

be even better with all investments that

we will be made during the next 6 years,

as consequence of already existing

partnerships among the municipal, state

and federal governments. The 2014 Cup in

Acre will be an unforgettable party for FIFA

and everyone who will have the pleasure

to visit us and watch the matches.

Acre deserves to the be the green host

of 2014 FIFA World Cup!

Marina Silva

72

The goal of the future in Chico Mendes’ Amazonia

73

74 75

of the world´s 500 people who mostly

contributed to the environment´s

defense. Also in 1987, Chico Mendes

appeared in the American Congress

talking about his strife. He made such a

big impression that at the time Senator

Al Gore together with a parliamentary

group went to Acre when Chico Mendes

was assassinated at the age of 44 on

December 22nd , 1988.

Ever since Chico Mendes, it became

clear that the forests´ defense means

also the defense of the cultural and

economical survival of thousands of

people who are dependent from it. The

idea of development cannot be confused

with environmental devastation. The

standing Amazon rainforest is much

more important and profitable for

Brazil and humanity than its destruction

serving any short-term interests.

Joseph Campell, universal mythology

scholar, says in his book The thousand

face hero that “the hero is the man of

auto-conquered submission.” It is the

one who obligates himself to do almost

nothing, to renounce almost everything

in order to achieve one unique moment

which becomes eternal. Only he will

know how much it cost him.

Chico Mendes knew how much it cost

him to be beyond his time. Twenty years

In the beginning of 1987, for the first

time an Amazon rubber tree tapper

participated in a conference held by

the Inter-American Development Bank

in the United States. He denounced the

devastating effect of highways which

were been financed by the bank without

considering the immeasurable value of

the biodiversity and the importance of

the forest in the lives of traditional and

indigenous populations. Since then,

there has been a historical change in

BID policies, which now require control

measures on environmental and social

aspects for projects related to the

Amazon region.

The same year, this rubber tree tapper

– Francisco Mendes Filho, also known

as Chico Mendes – received UN´s Global

500 award, for been considered one

76 77

ago he led the “ties”, which were a form

of movement in which men, women

and children would place themselves

peacefully between the trees and the

tractors and saw machines while trying

to sensitize the laborers not to cut them

down. Today, FIFA is receiving the call to

“untie” the big environmental match of

our times. Acre is willing to turn the 2014

World Cup also into an event in defense of

the forest, as part of the planetary efforts

to confront the serious environmental

crisis expressed in climate changes.

Acre is a sui-generis state, firstly because

it was the only state which struggled to be

part of Brazil. A century later it became

the cradle of a socio-environmental

strife in favor of the preservation of the

Amazon region in the hands of Chico

Mendes. When we find in other countries

parks, universities´ spaces and libraries

named after Chico Mendes, we know

that it is there where the strength of his

ideas prevail. His message goes across

cultures, borders, languages, ethnic

groups and reach out to the human

sensitivity in its universal aspect: the

desire to have a more righteous world

and a more well-balanced relationship

with nature.

It is hard not to relate this history with

the universal strength of sports in its

capacity to mobilize minds and hearts in

favor of huge relevant collective causes.

We in Acre see the 2014 World Cup as an

opportunity we cannot miss in order to

motivate men and women of all nations

to reassume the green flag taken by FIFA

in 2006 Cup and take it a step further.

Additionally, the Cup will be held in

Brazil, a country which possesses most

environmental assets in biodiversity and

hydro resources. It will be a historical

event to host the matches in Amazonia,

the great global environmental symbol.

We will be at a strategic moment to

promote the environmental cause

and the sports events as bonds which

integrate economics, culture, race and

creeds above conflicts and divergences

on behalf of something superior in

common. It will be of great impact to

put together in one single place two big

competitions of the 21st century: the

largest sportive contest and the largest

civilization´s challenge which is to make

the transition to a development plan

based on human values and respect to

the natural environment.

Observing the quality of our stadium

and the organizational capacity shown

by our state and municipal governments

demonstrated when justifying Rio

Branco´s candidature to the Cup, I think of

our trajectory since the times of the “ties.”

I feel there is something major at stake

other than the interest shown by other

candidate cities. It is difficult to explain,

but maybe it will be made clearer through

a personal childhood memory.

My family would stay up in the house´s

garden until midnight. It was something

very special, to be out of the routine of

walking up at 4 in the morning in order

to extract latex and going to bed at a

maximum bed time of 7 pm. It was even

better on full moon nights. My father

would organize the soccer teams. From

a family of eight siblings, seven were

girls and my youngest brother was too

young to play. My father and one goal

keeper would form a team. In the other

one, the rest of the girls would play. The

ball was made of pure latex, designed

by himself, it bounced very much, which

increased the raid and the fun.

I imagine that around the globe, thousands

of children of all times ran and still go after

the available ball at the places which life

determined for each one of them. All

of them share the same laughter and

emotion. For us Brazilians, the ball culture,

which is so democratic and integrating, can

now take us further. In our dreams of Acre

we can take the world together to run after

the ball which will help make the supreme

goal of a better world.

Marina Silva, Senator of the Republic.

Jorge Viana

Rio Branco-Acrecan ensure FIFA´s green goal in 2014

“Soccer is like this: it awakens in the person a virtous sentiment

which transcends friendship, which goes beyond love and it

culminates with insane passion. It has a bit of everything;

nevertheless it is more than everything. To be a team´s fan is

to devote one entirely. It is more than been a mother, because

it doesn´t disentangle the heart´s fibers one by one. It destroys

it at once at the desperation of a defeat. In compensation it

rejuvenates it with a victory´s delirium….”

Armando Nogueira, A Ginga e o Jogo-o Botafogo e eu...

7978

FIFA can only win by choosing Rio

Branco as ‘green” host of the

2014 FIFA World Cup in Brazil.

The governor Binho Marques has made

a firm decision by putting together an

Executive Committee to coordinate the

construction works as well as a Legate

Committee to direct investments

which will guarantee sustainability

after the event. These initiatives show

the singularity of our candidature and

it definitely links FIFA with the world´s

social-environmental agenda. Here,

we have the most authentic forest-

based sustainable development project

in the Amazon, consolidated on social

movements made by forest citizens,

based in an original concept called

“florestania”.

Acre has a unique history among the 27

Brazilian states. It has a population of

almost 800,000 people, half of which

live in the capital Rio Branco, named

after the most important Brazilian

diplomat. It was here were legendary

characters appeared such as Placido

de Castro, Acre´s freedom fighter and

national patriot; Luiz Galvez, president

of the Independent State of Acre and

Chico Mendes, the most important

environmentalist in Brazilian history.

But, when talking about soccer, it is

important to mention another Acrean,

our Armando Nogueira, soccer´s poet,

from who we reproduce here the text

which is part of the inaugural plate at

the Arena da Floresta stadium:

“Soccer is like this: it awakens in the

person a virtous sentiment which

transcends friendship, which goes

beyond love and it culminates with

insane passion. It has a bit of everything;

nevertheless it is more than everything.

To be a team´s fan is to devote one

entirely. It is more than been a mother,

because it doesn´t disentangle the

heart´s fibers one by one. It destroys it

at once at the desperation of a defeat.

In compensation it rejuvenates it with a

victory´s delirium….”

Armando Nogueira, A Ginga e o Jogo-o

Botafogo e eu...

Acre is very special. Rio Branco is also

special. It is smaller, safer, and cozier

than other candidate cities, and it is the

only one which can represent the more

than 5,000 small and medium Brazilian

cities.

Taking a look at the map of Americas, Rio

Branco has a central position. In a 1000

kilometers radius we have a population

of more than 30 million people, including

the populations of Bolivia, Peru, a part

of Chile, Colombia an others. When will

we have a world cup held in one of these

countries ? We have no doubt that we

occupy a strategic geographic position

for FIFA at a world level, since these

neighboring nations will feel at home

with this 2014 Cup occurring in Acre.

Our presentations given to the FIFA

Committee caused a positive impact

because we work with proven facts,

verified by the representatives who

have visited us. The governor Binho

Marques and the major Raimundo

Angelim, involved all power sectors and

society in order to prove to the Brazilian

Cup´s Managing Committee that we

are prepared and willing to make the

necessary investments so that FIFA will

feel safe when choosing us as one of the

hosting cities. Our Arena da Floresta

stadium- one of the country´s best

locations for soccer practices –was built

according to FIFA´s standards in a time

before Brazil was confirmed as host

country of the 2014 Cup.

Arena da Floresta stadium is located

in the strategic central region of Rio

Branco. The city has already an excellent

transportation structure including

sidewalks, bicycle paths, avenues, parks

and public infra-structure which establish

a new urban concept of an Amazon city.

All of this counts when considering us as

a host of the cup. Our technical project

shows that all installations required by

FIFA will be built around the stadium.

Parking lot for 6,000 cars, FIFA standard

hotel and Local Organizing Committee

can be installed without any problems

in the 430,000 square meters existing

around the stadium. Another important

aspect is that Arena da Floresta is a

stadium built considering soccer as total

priority, where the fans can stay at less

than 7 meters from the show´s main

actors. This is all that FIFA wants in a

World Cup.

Arena da Floresta stadium is designed

to be a building which reflects

environmental concerns. That is why we

call it “green seat”. Everything is been

taken care of so that we can receive

a sustainability certification. FIFA

promotes the largest world show. It

reaches the largest world audience. By

incorporating the social-environmental

agenda, FIFA will perform the greatest

goal of all, the green goal.

Jorge Viana, President of the Sustainable

Development Forum of Acre.

80 81

If there is something that makes Acre

stand out as a different place, it is the

stubbornness of its people in order

to become Brazilian. It is a rich history

which started with the arrival of the first

colonizers to this region, who still in the

XVIII century went through a revolution

and many struggles which culminated

with the example today of been the

sole state in the Amazon region with

an effectively consolidated sustainable

development project.

This is a result of the harmony between

federal and state governments in the

execution of integrating actions with the

Andean countries and at the same time

the struggle to preserve both biodiversity

and traditional communities´ cultural

diversity. If they prove to be essential

for the planet´s life, they are as well our

biggest patrimony. It is here where the

importance of sports exists as a uniting

factor among the people and the

awakening to a new reality.

During the last decade, Acre has

experienced a new era thanks to the

federal government support and

careful planning. Investments reach

fundamental sectors and go directly to

the population. Highways are opened

and paved, security is been done in

partnerships with members of the

community, health is a national reference

Permit us a new revolution!

and environmental preservation come

from the forest to the cities.

To host the 2014 Cup will be for Acre the

perfect moment to show to the world

how in this green universe of our forest

it is possible the integration between

modernity and tradition, between

cultures and brother countries´ cultural

habits. It is our people who preserve water

springs at our rivers and water beds, and it

is them who can show how this is actually

made possible. It is them who are able to

offer economically sustainable answers

to the future´s challenges.

These answers emerge from the forests´

bosom, as it is shown with the certified

exploitation of its timber potential,

the forest essences usage in cosmetic

and medicinal industry, the vegetable

leather, the sustainable production

of trees´ raw material and destined

for export, the fruits which only the

Amazon soil is capable of producing and

the colossal genetic bank

The transoceanic highway, which goes

from Rio Branco towards the Peruvian

border, is a guaranteed work with BNDES´

(Development Bank) resources. In 2014

this highway will be already established as

one of the country´s main export corridor,

establishing a sea communication

between the Amazon region and the

Tião Viana

83

Pacific Ocean. More than 30 million

Brazilians, Peruvians and Bolivians will

benefit from this construction, besides the

million tourists which will pass through it.

Acre´s mysteries, with its footpaths,

landscapes, environments, costumes

and colors are an attraction for those

who visit us. The 2014 Cup in Acre

will open up an unprecedented portal

for visitors from around the globe.

The forest´s beauty, the rituals of the

people who inhabit it, the easiness in

locomotion, done through rivers or by

highways, will make the tourist´s stay a

lot more pleasant.

Investments in tourism are priority for

Acre´s government, federal government

and private initiatives – starting with a

quality hotel chain, transportation facilities,

technological advances in communication,

safe routes for access to the competitions,

even the fans´ accommodation at the

Arena da Floresta, one of the most modern

stadiums in Brazil.

Over there, the main show will be the

soccer games. But the Arena da Floresta

can be also the stage, at the matches´

intervals, for cultural manifestations of

the people that inhabit the Andes, or the

Amazon indigenous rituals and dances,

legends of the forest warriors, the stories

of the heroes which struggled, killed and

were killed in order to form the identity

of this blessed corner of the world.

There is a permanent effort made by the

federal representatives of Acre in Brasilia

so that Rio Branco can become one of

the hosts of the 2014 Cup. This is a dream

which goes beyond any individual pride.

The world needs to get to know what

is been done here and how the concept

of “florestania”, which is born every

morning with the forest citizen, can reach

the other side of the oceans too.

The Andean America is the cradle

of civilizations which left their

marks. It contains historical wealth

of immeasurable value. All of this is

located near a State which takes pride

of its people, its history, its past, its

present full of accomplishments and a

promising future. Sports are capable of

putting everyone together on the same

map, with open doors for all continents.

It will soon be possible to reach Bolivia

and Peru or choosing another destination

in South-America, at a low cost and in a

short period of time. The works being

done on the transoceanic highway, a

personal commitment of President Lula,

is an important step in this direction.

Along the highway nothing will remain

the same and many small communities

which are today marginalized will live a

new era.

A World Cup which is not only focused

on the best world teams´ matches but

also includes the culture of a country

with special people, mixture of races

and uncommon solidarity will have

something even more special in Acre´s

capital Rio Branco, such a beautiful part

of Amazon. The Cup will finally arrive to

the first inhabitants of this planet – the

forest populations.

The Amazon region has a lot to contribute

with so that Brazil can accomplish the

best of all cups in 2014. Acre can be

important in this process. A chain is

been formed, involving a whole society –

rubber tree tappers, indigenous people,

urban workers, politicians and opinion

makers. The challenge is posted. We only

want to be allowed to have the chance to

accomplish one more revolution.

tião Viana, Senator of the Republic and

vice president of the Brazilian Federal

Senate.

82

84 85

It will be a great honor, a reason to

take pride in, a huge happiness!

To host matches at the 2014 FIFA

World Cup in our dear Rio Branco will be

an enormous pleasure.

The feeling that beats in the heart

of every person in Acre when we talk

about this issue on our day- to -day

lives is a lot stronger. People from

here know very well the important

of their role created with this

possibility. We, guardians of the

forest, know that the world needs

to hear our voice, the voice of the

ones who live harmoniously with the

environment.

Amazonia, the natural forest is not in

fact ours. It is nobody´s patrimony. We,

indigenous people, half-breeds, river

side populations and urban population

know that we do no posses the forests,

in fact, we are the ones who belong to it.

The forest is our mother, it is nobody´s

daughter.

2014 FIFA World Cup,Rio Branco welcomes you with great emotion!

Raimundo Angelim

The city of Rio Branco is a daughter of this

forest. Enclosed, supplied and sheltered

by the “Green Mother”, this daughter,

proud of its origin, wants to open its arms

to the world and share the many lessons

which she has learned. Lessons related

to living together, harmony, health and

education, modernity and responsibility.

With the blessings of “Mother Nature,”

Rio Branco will be the Green Host of this

beautiful event, the 2014 FIFA World

Cup. The Cup is also an event wealthy

in its lessons: living together, harmony,

health and education, modernity and

responsibility.

Our city is very similar to its origins

in the middle of the Forest, at the

rubber tree tapper´s house: simple,

clean, peaceful, organized and full

of happiness. Yes, Rio Branco is that

pretty rubber tree tapper´s house in

the middle of the forest, where you can

be certain that even with few material

things it will always have open doors to

share what it possesses and will receive

anyone who wishes to learn and listen

to the forest´s wise advice.

2014 FIFA World Cup, you are very

welcome among us!

Raimundo Angelim, Major of Rio

Branco.

86 87

The State of Acre is located in

Brazil´s western area, occupying

4% of the Brazilian Amazon

region and constituting itself as gateway

to the Eastern Amazon region. It borders

with Peru and Bolivia and it represents a

territory where physical and economical

integration occurs between Brazil and

Peru, especially with the usage of the Illo

and Matarani ports in the Pacific Ocean.

In a radius of 750,000 square kilometers

around the state live 30 million people

(only in the Brazilian Amazon live 24

million people).

Historically, Acre was known by the

large rubber production during last

century. From the 70´s onwards,

this economic activity declined and

the federal Government fomented

the creation of agrarian reform

projects and implementation of

large agriculture and cattle raising

projects. In the beginning of the

80´s, a resistance movement was

formed in the state so as to hinder the

development model imposed by the

government. At that time, the rubber-

tree tapper leader Chico Mendes and

his partners conciliated a land and

environmental battle, which became

a social-environmental battle with

the objective of improving the quality

of life with the forests´ preservation.

The brutal murder of Chico Mendes

by the end of the 80´s did not vanish

his ideals and dreams. Great part of

his legacy has been incorporated in

public policies at municipal, state and

federal governments´ levels in the

last 10 years. We have a project that

seeks to effectively achieve sustainable

development by consolidating the

deforested areas and valuing the

multiple usage of the forest through the

recognition of environmental potentials

and weaknesses and by valorizing local

knowledge towards a forest-based

economy consolidation.

Acre has 88% of its territory covered

with primary forest and 50% of the

Let´s take Chico Mendes´ Legacy to the World!

Eufram Amaral

88 89

state is constituted by protected lands

(conservation units and indigenous

lands). In Jurua´s region, border with

Peru, the Serra do Divisor National Park

is located, considered one of the places

in the world containing the largest

biodiversity.

It was in these lands that the concept

“Florestania” was created, which is

the union of the word “forest” and

“citizenship” in Portuguese, a new term

created to describe the diverse ways of

living in the Amazon. Florestania is a

tentative to call upon the attention to

the fact that humanity is not the center,

but an integrating and dependent part

of nature. It is a shift in cultural, social

and economic concepts as a response

to the emancipating conscience in the

man-environment relationship.

By choosing Acre to be a host of the 2014

cup, FIFA has the opportunity to show to

the world what it is in practice, to build

a sustainable territory respecting the

traditional knowledge and to take Chico

Mendes´ dream to other places.

It is in this piece of the Amazon where

the actions of the government and civil

society are based on the knowledge of

social, economic and environmental

resources. The main objective is to

build a new model of sustainable

development at local and regional levels

We have a beautiful history and a great stadium

based on: poverty struggle with the

improvement of the population´s well-

being, the dynamics of forest based

economy with the creation of jobs and

increase in income, strengthening of

cultural identity and respect of diversity,

the wise usage of natural resources and

the maintenance of an environmental

equilibrium.

Here we follow the lesson that the

stable forest supports an economy and

a large number of biological forms and

at the same time it consumes relatively

few inputs. In this way, we try to

conciliate the current demands and the

future generation necessities, so that

by acting in a consisting manner based

on technical knowledge, people in the

future will be able to live here with the

best terms in Amazon culture, landscape

and biodiversity.

The world soccer tournament, 2014

FIFA 2014 World Cup, can obtain in Acre

a sample of the integration of local level

work with the search of sustainability

at a global level. This is a place where

we can see the future and dream of a

forest-based economy which permits

intensifying the usage of altered land

areas and guarantee the maintenance

of original forest coverage. Additionally,

the diversification of forest-chain

products and altered land areas are a

basis to the construction of agro-forestry

properties. This dream of the future, is

been built every day and it reflects a bit

of the large Chico Mendes´ legacy which

FIFA can take to the world in the 2014

cup like a strong wind coming from the

lands of Acre.

Eufram Amaral is Acre´s State

Environment Secretary

Cassiano Marques de Oliveira

91

Acre is different. Rio Branco,

its capital is not worse or

better than any other of the

candidate cities. It is a place where its

people fought to make it part of Brazil,

a place of hardworking, simple people

who have a globalized vision.

From here we contributed with the

Industrial Revolution, yet in the 19th

century, by supplying one of the most

important resources: rubber. We

inhabited the forest, receiving people

from all places and we conquered a

territory with arms- a land which was

owned by Bolivia but neglected by its

government. At that time, Brazil was

exporting basically two products: coffee,

responsible for 45% of total exports

and rubber, responding for 40% of the

country´s income, whose registration

occurred in benefit of the states of

Amazonas and Pará, from where our

wealth exited to other countries, mainly

USA and England. And it was Acre, this

small piece of Amazon, the main world

rubber producer at the time. Then came

bio-piracy and huge areas in Malasia were

planted with Hevea Brasiliensis putting

the Amazon with its native rubber tree

plantations away from the producing

scenario on the next decades.

In the old rubber tree plantations and

indigenous lands soccer was played.

The ball was produced with latex from

Hevea, guaranteeing the fun.

In the villages and cities the first teams

were founded following the world

rules. Pepira, Military Club and the

Rio Branco Football Club formed the

first competitions in Rio Branco on the

second decade of last century.

During the Second World War, it was

Acre´s role to supply rubber to the

allies, since the Japanese had taken

hold of Malaysia. Thousands of rubber

tree tappers, known as “rubber soldiers”

started to produce again the “black gold”.

Once again, the profits obtained went

to other regions. We were not allowed

to even profit from the taxes which the

Federal Government collected since

we did not enjoy an administrative and

politic autonomy. We were considered

as a Federal Territory and not as a State.

With the end of the war, the production

stopped been profitable in relation to

man planted rubber.

Latex and rubber production became

limited to extraction for subsistence,

but today we are still the main Brazilian

producer of Para´s Nut (!) (now named

92 93

Brazil Nut), being that at that time our

production was sent to the state of Pará in

natura. This occurred because there was

not any industrialization or taxes policy for

our products since our legal condition was

that of Federal Territory. They even took

away from us the name of the nut!

At the capital and many cities of Acre,

the soccer clubs represented the

parts of the forest. Here again, the

people from Acre foresaw the future and

resisted under the leadership of rubber

tree tapper leader Chico Mendes.

Chico Mendes´ struggle and the

Amazon defense movement conquered

the world, producing a new ecological

concept: the world´s largest tropical

rainforest should be preserved, but not

untouched, and it should provide profit

for its people through its rational and

sustainable use.

With the end of dictatorship, Brazilian

democracy was just crawling. The

institutions were weak and prone to

infiltration by diverse economic interests,

including that of organized crime. Chico

Mendes was murdered exactly 20 years

ago. Acre suffered with this and dived

into a decade of institutional and moral

crisis.

Ten years ago, a group originating from

various political parties, organized by the

Acre´s Popular Front and under leadership

of ex-governor Jorge Viana, assumed

the State Government giving birth to

profound positive transformations. Acre

started to be in evidence at a national

and international levels, been the first

Brazilian state to confront, dismantle

and punish organized crime and drug

traffic. A new era started with the

implementation of policies which were

idealized by Chico Mendes. In solely a

decade, Acre transformed itself into a

reference in sustainable development,

social inclusion, human development,

governability, governance. Here our

stake holders, the people, participate

effectively of budget planning and

definition.

Our trajectory has made us capable of

accomplishing today the truly necessary

in order to host the thousands of visitors

during the matches as we have the

material and political conditions for that.

What we want here is a place that can be

the best to live in, for our people and we

are taking care of things so as to carry

this out. In order to comprehend Acre

and its capital Rio Branco, the mental

model should be different. Come, get

to know Acre. Come and visit us!

Acre deserves to host the 2014 cup

because its people and its history

have contributed in a incontestable

manner for longer than a century

with humanity´s development and the

Planet´s sustainability.

Acre deserves to host the 2014Cup

because the investments in infra-

structure, social inclusion, human

development, environment and

sustainable economic development are

occurring at a speed that will guarantee

an excellent quality of life for all social

layers in Rio Branco and other cities of

Acre by 2014. We do not want the Cup

so that we can start a new project. The

project exists and it is best for the people

of Acre, for the Amazon and for the rest

of the World.

Acre deserves to host the 2014 Cup

because the government and society

invest in soccer´s development and we

have the Arena da Floresta Stadium

with an excellent expansion project

of world-level proportions which is

innovative, environmentally viable and

economically sustainable.

Cassiano Marques, State of Acre Sports

and Tourism Secretary.

organization of sports and the unification

of the social classes. During the 40´s,

with the existence of many clubs, the

soccer league was created, predecessor

of Acre´s Soccer Federation.

In 1962, the autonomy which had been

dreamt of was conquered and Acre

became one of the Brazilian federation

states. Right afterwards, in 1964, the

military took the power in the country

and created wrong progress policies for

the Amazon region. They established

that Acre would from then onwards live

of cattle raising, not any longer from

extractive activities only. They started

an environmental destruction process

by lending big pieces of land to cattle

raisers from the south and south eastern

part of the country and by deforesting

94 95

The Project of transforming Acre

in one of the hosts of the 2014

World Cup is not only the State

Government´s , but it reflects the wish of

the whole state population. It is indeed

a chance to see the name of this small

piece of Brazil appearing in the world´s

major sports´ event. This proposal is

not a far fetched desire to be achieved.

Acre can actually make this dream come

true.

The State has deserved the right to be a

candidate. It is important to remember

the investments already made in order

to encourage all types of sports. The

main symbol of this is the construction

of the Arena da Floresta stadium which

includes Acre in the national circuit of

quality competitions.

Ricardo Teixeira, president of the

Brazilian Soccer Federation has already

announced that not a single state is

totally prepared to host the Cup. This

means everyone needs to improve

their infrastructure and should prove

advantageous for us.

Acre has many more advantages in

preparing the house because it already has

the ideal physical space, been different

from the big centers which present

some difficulties. The Arena da Floresta

stadium proves this, as it appears in the

Acre has what it takes to host the 2014 World Cup

Antonio Aquino Lopes

Soccer Syndicate magazine as the 5th

most adequate stadium for the matches.

It is possible to improve its structure

because we have enough space and a

technical project for this purpose.

Besides the advantage of having enough

space, we only need political willingness

to occupy the spaces in a correct manner.

Acre has great opportunities based on its

history. Fifa adopts a social policy related

to environmental matters and it is on the

2014 Cup were it can have a stand as an

organization that is concerned with the

planet´s future. This will be shown more

strongly if Acre- which is a world symbol

of environmental causes- is chosen as a

host of the Cup.

Before the Arena da Floresta Stadium

was built, we felt small when

participating at home matches with

outside guests. Today, we have an

excellent self-esteem. I feel that most

Acre people share this dream together

with the State Government. We feel

confident, but it is important to do our

homework participating actively in all

sports movements.

In 20 years of sports activity, I always

believed that we would reach this

level, but I sure must confess that

the opportunity came earlier than I

had expected. This is thanks to the

Government´s work together with the

athletes and the population.

Another factor to be considered is the

security issue. People that leave their

countries in order to attend the Cup

matches want to know that they will be

at a safe place. Rio Branco is statistically

one of the safest cities in Brazil. In Acre

any violence index is inferior than those

in other places, this is also a determining

factor at a World Cup. People will feel

a lot safer been in Rio Branco, where

violence indexes are one of the lowest

in the country.

It is important to point out that we have

enough time to provide everything

that is been required by the Brazilian

Committee and by FIFA.

Antonio Aquino Lopes, President of

Acre´s Soccer Federation - FFEA

96

The state of Acre is known by the

hospitality of its inhabitants.

An old tradition affirms that the

person who drinks water from the Acre

river does not want to leave anymore.

This is explained by the receptivity

with which visitors from abroad are

welcomed and consequently falling in

love with this “Galvez Land.”

This reason alone would be enough to

make Acre one of the hosts of the 2014

FIFA World Cup to be held in Brazil.

Hospitality is only one of the many

qualities that we posses. Been one of

the most tranquil and safe states of

the country, Acre has many different

touristic places for its visitors, almost

all of them with ecological appeal. It

could not be different; we are located

geographically in the “planet´s lung”,

inserted in the western Amazon, with

an uncommon ecological richness.

It is exactly in this segment, ecology and

its preservation, that Acre is proud to

have had in its history a man who was

a visionary and would turn into a world

icon, been the largest expression in the

struggle against deforestation: Chico

Mendes. To bring the Cup to Brazil

and not exploiting the struggle against

deforestation would mean wasting an

unequal opportunity, and it is for this

that Acre is well prepared.

Acre´s population sees with great

expectation the possibility to be one of

the hosts of the World Cup. Every time

we host any event, its organizers and

the people from Acre always turn it into

something magnificent, reflecting the

spirit of the person from Acre: fearless

magnificent, like it is described in its

hymn.

A good example of this spiritual

magnificence is that when we propose

ourselves to do something, we want

to do the best. This is clearly stamped

in our new postcard: the Arena da

Floresta stadium, a reference point in

the northern region, due to its structure

(only in the first part of its construction),

as well as its technology. The

stadium meets both CBF´s and FIFA´s

requirements, this is why the magazine

“Brazil, Soccer Country”, based on CBF

and Clube dos 13, pointed this soccer

field as one of the best five fields of the

country and its structure calls upon the

attention of everyone who comes to

visit it in order to compete against the

local teams.

The physical space for the construction

of buildings close to the stadium is

unique. The tourist would stay meters

away from the matches, like it was

pointed out in the Government´s

project. The city´s directive plan will

guarantee the easy exit of the Arena

da Floresta´s public to the city with a

direct access entry.

Security, comfort, leisure, hospitality,

natural environment, touristic points,

together with technology and the

purity of the Amazon region, are only

some of the many attractions that Rio

Branco in Acre can offer its tourists in

2014. We only need the opportunity to

show that we are capable of this and

much more.

Ramiro Marcelo, President of the Acre

Sports Chroniclers Association (ACEA).

We wantthe 2014 WorldCup here!

Ramiro Marcelo

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98 99

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The Cupin the Forest

Antonio Alves

Let me first tell you a story. It was last year, at the beginning of the Amazon winter, that the

state government of Acre promoted the 5th Indigenous Culture Encounter together with the Celebration Games, the state-phase of the Indigenous Games. This double event occurred at the Puyanawas´s territory, located on the extreme end of the map, the most western part of Brazil. Joining together the delegations from all indigenous groups, civil servants and visitors it totalized more than 500 people, accommodated during one week in an indigenous village which normally has around 600 inhabitants. This meant that the area´s population doubled from one hour to the next.

It was the first time that so many people got together in one indigenous village, so preparation was extensive and there were many details to be taken care of. Health, food, transportation, safety…. Imagine that the Jaminawa people took a whole day to get down by the river and later had to travel for an additional 800 kilometers by bus down the highway in order to arrive to the event. People

from 16 indigenous groups came, who live in more than 60 settlements spread throughout rivers and river heads at the borders with Peru.

How is it that the Puyanawa accommodated so many people? Well, they saw the event as a golden opportunity. Almost a hundred years ago, the Puyanawa people were almost totally annihilated, dominated and enslaved by the colonizers who arrived in search of rubber. They lost much of their culture, language and traditions; nevertheless they survived and acquired the land where they used to live “in captivity.” It is a beautiful forest stretch on the sandy soil crossed by the Moa river and by the many crystal and cold water riverbanks which descend from the Serra do Divisor. In order to receive all the other groups in their area, the Puyanawa had to prepare themselves, starting to review their own culture and remembering their old traditions.

With the government´s help the community cleaned a part of the land which had not been occupied in many years but that it had been important in

the past. Over there, lodges were built, bathrooms, a big kupixau for meetings, a soccer field and an area for other competitions. Everything was built with timber and canarí straw in a very careful and detailed manner. They got together to drink huni, a sacred beverage for the shamans and after a night of singing and dancing they chose to give a name for the Encounter: Dimana Êwê Yubabu, which means: “Forest, home to all of us.”

It would be necessary a whole book to tell everything that happened, all the richness and beauty of those days. Nevertheless, an image synthesizes the result: at the end of the party, the old cacique Mario Puyanawa, was walking through the yard with his cockade on his head and his body painted with urucum (a natural red dye) as he had not done in years. The words that he said to everyone revealed what his people pretend to do with the whole structure built in his village after the event: “this one will be everyone´s house, we will celebrate in here many encounters and games,” he said. And right there, they already set the dates for other communities to visit them in the coming months.

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Well, and now the moral of the story. It is quite simple: I don´t know if the world deserves to, but certainly it does need to get to better know the Amazon and the people who live in it. The world which is frightened with global warming, who is discovering the importance of the forests, needs to know how it is possible to conserve it and how much that costs. It needs to know how to combine a city with the forest, economics with ecology, and politics with culture. It would be very good indeed that the world got to know Acre, this small Brazilian state in the border with Peru and Bolivia. In all modesty, the lessons that Amazonia gives to the world have been learned in Acre.

It is the people who live here, deeply rooted in the forest, in the region of the high rivers between plains and mountains, which resisted the inclemency of the 20th century and turned out to be the guardians of the planet´s major biodiversity. It was in the middle of these people that Chico Mendes was born in order to inspire changes. It is these changes that Acre has already started to make, although slowly and encountering difficulties, which the world needs to implement with urgency, urgently.

In 2014, the urgency will be even greater and Amazonia will be an even more precious jewel. Acre´s experience with support to consolidate itself and continue to advance will be a present for all world populations who are in need of good news. This present can be delivered on Fifa´s Soccer World Cup having Rio Branco as one of its hosts. By attracting thousands of people to Acre, welcoming them with the smiles in our half-breed faces, serving them natural healthy food, supplying them with pure air and the green landscapes of our forests, offering them the varied products of our cultural diversity as presents, all of this together with sport will definitely compose a special celebration. A special learning will be insinuated in the middle of the party. An encounter of wisdoms, a dialogue between tradition and modernity, a reconciliation between civilization and nature. The sustainable development dream can become real.

Clearly, Acre will have to prepare itself for this, with hard, careful and

detailed work. It is not only a matter of arranging the house for visitors, supply hotels and a stadium which meets all requirements. It is mainly to examine carefully the sustainable development which it pretends to show to the world: recuperate the delays in forest economy, improve social indexes, accelerate changes in education, to make amends in the health sector… It is not an issue of re-inventing the ball, it is enough to comply with what is foreseen in the projects and in the cultivated dreams from the times in which Chico Mendes walked through the rubber tree plantations. And after the Cup, what to do with the remaining infra-structure? With the new friends spread around the world? With the conquered visibility? Well, call on the neighbors to promote in practice the so called Latin-American integration. Encounters and Games for the rest of the 21st century.

This is, if the world learns the lesson from the forest people and refrain from kicking the planet ball out.

Antonio Alves, journalist, historian and writer.

104 105

Brazil has 5,564 cities. Only

14 of them have more than 1

million inhabitants. Other 20

are considered cities of big proportions,

in the range between 500,000 and 1

million inhabitants. With the exception

of Rio Branco, all candidate cities to

host the World cup are included in our

34 metropolis which will automatically

be well represented. Nevertheless, all

the other 5,530 Brazilian cities that have

less than 500,000 inhabitants will lay

aside on the 2014 Cup if Rio Branco is

not chosen as one of the hosting cities.

They will be laid aside not only from the

matches, but away from the national

character´s symbolism included in the

organization of the World Cup, the most

universal party in the planet.

Rio Branco is today the perfect

translation of that which the Brazilian

people used to call “small but decent

city.” “Medium-range city” others

would say, but I insist: small better

translates the tranquil way of living of

the ideal Brazilian city with its solidary

routine and cheerful disposition to

interrupt it with due hospitality when

receiving visitors. Visitors who come

to experience extraordinary moments

and live fantastic things which will be

told forever in their tranquil afternoons.

Would there be a more perfect

encounter than the one between the

magic of a World Cup and the telluric

reality of the small Brazilian city?

Rio Branco is Brazil entirely at the Cup.

And being the only city with less than

500,000 inhabitants which succeeded

in bringing its candidature so far, it

deserves already to be one of the chosen

cities to receive the matches in 2014.

But the small hosting city of the majority

still keeps triumphs and charms which

are only hers.

With the Public Power and private

initiative working in synergy, the capital

of Acre executes a modernization

project which makes it capable in terms

of infra-structure and organization to

host an event like the World Cup.

Maybe in terms of soccer passion, the

rivalry might be equal but I doubt that

there exists elsewhere a more extreme

game strategy than the one exerted

by the popular genius coach Martins

Bruzugu. When the Floresta Soccer

Club changed the course of the match

in its favor against its adversary of the

State of Rondonia on the 46th minute

of the second half, the umpire decided

to count how many players were on the

congested field: Floresta Club had 16

athletes. Bruzugu had cunningly added

5 linemen on the field.

Now, at this decisive moment for our

classification as one of the hosts of the

2014 Cup, our representatives have

complied fully with the rules of the

game and all the people from Acre have

entered into the field with swing and fair

play to help in this victory.

In the heart of Amazonia, Rio Branco

will be the Green Host of the World Cup

in Brazil. And when the ball rolls in Acre,

all planetary fans will become Forest

People.

Gilberto Braga, Journalist and soccer

fan.

The smallest and coziest city of all

Gilberto Braga

107106

The most sustainable football stadium in the world

The architectural proposal for the

Arena da Floresta stadium in Rio

Branco - Acre is an ambitious

plan to design the ‘most sustainable

football stadium in the world’.

The designers group have a long history

of designing sustainable stadia with

examples such as the groundbreaking

environmentally sustainable stadium

for the 2000 Olympic Games in Sydney,

Australia, more recently the ballpark

for the DC Nationals in Washington DC

being the first stadium to be certified

as ‘Silver’ by Leadership in Energy

and Environmental Design (LEED)and

also the most modern arena of Latin

America, in Curitiba-Brazil of Clube

Atlético Paranaense.

The proposals for the Arena da Floresta

stadium, take sustainable design of large

stadia to a new and comprehensive level

by incorporating a holistic approach to

the design, construction and operation

of the stadium complex and site.

The existing and enhanced Arena da

Floresta is supplemented with a new

complex incorporating a 200 room

hotel, exhibition and convention centre

and 5000 seats arena that share many

facilities and produce a remarkably

multi-use complex where even a number

of hotel rooms can be converted into

corporate suites for the 2014 FIFA World

Cup and other major events.

The proposal utilizes a range of

techniques to minimize the impact of the

stadium; these include the construction

of the main roof of laminated timber,

utilizing the ‘scrap’ sustainably sourced

timber often discarded in the timber

milling process to create structurally

sound timber masts and columns that

support the entire stadium roof and grid

shell roofs of the arena and exhibition´s

and convention´s centre. Furthermore,

this approach will create a viable industry

in Rio Branco after the completion of

the stadium.

The stadium is proposed to be 80%

naturally ventilated, employing passive

systems to ‘force’ internal ventilation

and controlling internal temperatures

by incorporating a ‘living green screen’

that wraps the stadium facade. This

living screen provides a mediating

barrier from solar input and creates a

usable natural habitat for local birdlife.

All rainwater from the stadium’s large

roof and stadium grey water is collected

and filtered via natural bio-swales and

stored in a large ‘feature’ lake adjacent

to the stadium for reuse in irrigation of

the pitch and flushing of water closets.

The stadium roof will also provide a

location for the installation of photovoltaic

cells, solar hot water systems and wind

turbines to produce an amount of the

electricity required. The stadium complex

site is designed to allow approximately

50% of the parking required for the

World Cup to be ‘naturally re-vegetated’

by constructing certain roadways

and parking areas within the site with

degradable materials such as bamboo

matting and reinforced grass systems. As

these materials naturally degrade, a new

design will ‘grow’ producing a network

of leisure paths and areas for use by the

local communities.

These environmental measures, in

addition to others such as waterless

urinals, solar tubes, locally sourcing of

materials and extensive on-site waste

recycling and composting will make

the Arena da Floresta a revolutionary

example of sustainable stadium

design and a showcase of the green

credentials of Brazil and FIFA to the

watching world in 2014.

Ana Serra - Buro Happold (USA e UK)

Christopher Lee - HOK sport (USA)

Luiz Volpato - Voltoragui (Brazil)

Ana Serra - Christopher Lee - Luiz Volpato

108 109

During thousands of years,

Acre, or Aquiry as it was called

by the Aruak tribes, was an

exclusively indigenous territory, been

one of the last Amazon borders to be

transformed into national territory.

Untill 1850, the high Acre rivers

used to be “Tierras no descubiertas”

(undiscovered lands) as the maps at the

time would should. It was only from

1860 onwards that the first expeditions

were made in order to get to know the

immense economical potential of the

region in terms of rubber extraction and

other forests raw materials.

Meanwhile, the population of Acre

lands occurred in a very quickly and

intense manner. Especially after

the Industrial Revolution, which was

happening in Europe and the United

States, the demand for rubber increased

dramatically. The great draught which

took place in the northeast part of

Brazil in 1877/1878, made thousands

of northeastern workers travel to

the Amazon in order to work on the

extraction of the black gold (smoked

rubber).

In a few years time, the high Acre rivers

were totally populated by Brazilians

from diverse origins and foreigners from

all parts of the world. Together with the

indigenous populations they composed

a rich mosaic of cultures and ethnic

groups.

Acre´s Creation

From 1880 onwards, large groups of

northeastern immigrants accessed freely

the South- eastern part of the Amazon

region. The Purus and Juruá rivers,

affluent of the Amazon River, gave direct

access to the steam boats coming from

Belem and Manaus. They would bring

in thousands of Brazilians and transport

tons of rubber. Meanwhile, the Bolivians

and Peruvians had difficulties populating

the Amazon plain.

Afterwards, large productive rubber tree

properties developed while trading their

rubber through dispatchers’ houses and

sending their products to the consumers’

centers in England, Germany, Holland

and the United States. All this huge

wealth created by the forest exploitation

generated international greed and

international conflicts.

In the beginning of the year 1899, the

Bolivian government tried to militarily

occupy the Acre River and at the same

time it negotiated a leasing agreement

with European and American capitals

who were interested in the rubber

exploitation in the region.

Facing this threat, the Brazilians

in the region, lead by the Spanish

adventurer Luiz Galvez Rodrigues de

Arias, proclaimed the creation of the

“Independent Sate of Acre.” A new

republic was founded on July 14th, 1899,

in reference to the French Revolution and

the fundamental citizenship principles of

A Brief Historyof Acre

Marcos Vinícius Neves

110 111

liberty, equity and fraternity. Even though

the main objective of this Republic was

to annex Acre to Brazil, in March 1900

Brazilian marine boats arrived to the

region to dissolve the movement and

return these lands to Bolivia.

However, in the first months of

1902, the news of the creation of

the Bolivian Syndicate came to

knowledge of the national public

opinion. This commercial company

of Anglo-American capital would

lease Acre during 20 years with ample

territorial, military and custom rights.

Its contract with Bolivia implied also

a free international navigation on

Amazon Rivers, which was clearly

against the Brazilian sovereignty of

Amazonia.

The Brazilians from Acre took

once again the arms in hands and

proclaimed the Independent State of

Acre as a means to obligate the federal

government to consider the region

as litigious. The national pressure

was huge and President Rodrigues

Alves had to revert the initial official

Brazilian position by establishing

negotiations which culminated

with the signature of the Petropolis

Treaty and annexed Acre to Brazil in

November 17th, 1903.

Four years of struggle were needed so

that Acre would become part of Brazil.

The Brazilians from Acre under the

leadership of southern José Plácido de

Castro finally conquered the right to

auto-denominate themselves Acrean

and Brazilian. The lands of Acre were

definitely conquered for Brazil.

the Autonomy´s Dream

At the beginning of 1904, as a result of

its annexation to Brazil, Acre became the

first Federal Territory in Brazilian history.

A new political system established that

Acre should be administered directly by

the Presidency of the Republic, who had

the right to nominate its governors and

collect its taxes.

The immediate result of this surprising

measure taken by the Brazilian

government was that the society of Acre

was forced to a condition of dependence

and custody by the federal executive

power which was unprecedented in

Brazilian history.

In this way, the Acrean people who

had conquered with arms the right

to be Brazilian, found themselves

condemned to be second-class

citizens in their own country

after the victory. The

political

autonomy

in Acre became the new necessary

struggle flag for the people from Acre.

In reality, the aspiration was very

simple: the immediate transformation

of the Federal Territory of Acre into

an autonomous state of the Brazilian

Federation. In order to fight for this

cause, various political clubs and

organizations of owners and/or workers

were composed in many cities such as

Xapuri, Rio Branco and Cruzeiro do Sul.

The society of Acre lived then one of

the most difficult periods of its history.

The 20´s were marked by the complete

economic decadence provoked by the

fall in international rubber prices thanks

to the cheaper production in Asian man-

cultivated plantations, whose seeds had

been pirated from Acrean lands two

decades before. The rubber properties

in Acre went bankrupt and part of the

workers started to return to their places

of origin.

It was a time to search for new ways of

social organization and find new products

which could substitute the rubber in

international commerce. In this way,

the rubber properties were transformed

into more complex productive units.

Not even the new rubber prosperity

period, provoked by the Second World

War, was capable of modifying this

picture. But at least, during four years

(1942-1945), the “Rubber Battle” brought

thousands of northeaster families to

Acre, repopulating and enriching again

the rubber properties and contributing

in a decisive manner for the allied forces

´victory, which had no access to Asian

rubber plantations for they had been

taken by the Japanese troops.

This improvement in the economic

context made the autonomist longings

win new forces. But the people from

Acre would have to wait yet more

twenty years to see their old aspiration

of political autonomy come true. Only

in 1962, the people from Acre achieved

the transformation of Territory into

State after a long legislative battle.

It was 58 years of resistance, between

1904 and 1962, until the autonomist

movement finally conquered for the

people from Acre the same basic and

essential rights of any Brazilian citizen.

For the first time in history, the Acreans

could fully exert their citizenship.

the defense of the Forest People

The creation of the State of Acre and

the possibility of the first democratic

experience for Acrean society announced

great changes and the beginning of

a new time for the region. However,

once again history revealed itself more

oppressive for Acre´s society. Less than

two years after Jose Augusto´s election,

Brazil suffered a military coup which

would change in an abrupt manner the

course of Acre´s history.

Once more, the Acrean society would be

obliged to accept governors which were

designated by the federal power. This

condition remained so until 1982, when

the Military Dictatorship allowed the

holding of elections, not only in Acre,

but in the rest of the country.

On the other hand, the beginning of the

70´s was marked by a new governmental

policy promoting the “economic

progress” of the region. Under the

discourse of “integrating so as not to give

away”, a new occupation of Amazonia

was stimulated through big mining,

timber and agro-business projects

which received international financing

and fiscal incentives in the name of

Brazilian sovereignty´s “defense.”

The transformation of the Rubber Bank

into Amazonia Bank and the cutting

down of other funding sources made the

rubber properties go bankrupt and were

sold for a very low price so that in these

lands cattle raising businesses were

installed. All of a sudden, indigenous

people, rubber tree tappers, riverside

population and small farmers saw their

lands been invaded and devastated in

the name of a new type of progress which

transformed the forest into demolished

land.

From 1975 onwards, the traditional

forest populations started to organize

themselves and developed different

resistance strategies. The first rural

workers syndicates were created in

Brasiléia, Xapuri, Rio Branco and Sena

Madureira. The first Ajudância da Funai

(Indigenous People Federal Institution)

in Acre made it possible to start the

demarcation and regularization of

indigenous lands in the state. The Vale

do Acre´s Catholic Church, which had

a progressive profile, reinforced the

popular strife with the Basis Ecclesiastic

Communities. Intellectuals, artists,

students and workers created civil

organizations and an intense social

movement in Rio Branco. Journalists

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and opposition members created the

“O Varadouro” newspaper to inform

the huge social problems, especially the

land ownership conflicts.

The forest people´s struggle lead by

Chico Mendes and many other fellows

was recognized by the International

Environmentalist Movement and by

governments of the whole world. The

tragic death of Chico Mendes in 1988,

created an enormous pressure on

international financing institutions,

which were then forced to review

their criteria on investments made in

Amazonia. Once again, the people from

Acre had to struggle in order to defend

their integrity, their traditional living

ways, and their right to citizenship and

to auto determination.

Finally…..

Today, Acre is a colored, multiethnic

state, so diversified as the forest that

contains huge wealth and biodiversity.

It is formed by descendants of all

races represented in Brazilian society.

It has 14 recognized and organized

indigenous ethnic groups besides the

indigenous groups which are isolated

in the middle of the forest who live

like they did 5000 years ago. It is a

multi-facet society which presents

nevertheless an intense socio-cultural

identification. The feeling of been

Acrean is a lot more ample than the

borders of this small state located

in the extreme west of the Brazilian

Amazonia.

Anyone who has been in Acre will easily

perceive this characteristic. What is

more surprising is the fact that this

historical and cultural identity has been

formed in merely one century. It has

been a brief but nevertheless intense

century forming people who are proud

and conscious of their roots.

The people from Acre are people who

struggle. In their battles they affirm

their willingness to freely choose their

path. They search for a development

model which is truly righteous and

sustainable. In their struggle passage

they create the profusion of new

paradigms such as the Government

of the Forest and “florestania”, which

bring up to actuality the ideas of Chico

Mendes, the Autonomists and the 20th

century revolutionists.

It is with this legacy that we hereby

present our capital Rio Branco to be one

of the hosts cities of 2014 FIFA World

Cup in Brazil. Don´t we deserve it?

Marcos Vinicius Neves, Historian and

president of the Garibaldi Brasil Culture

Foundation in Rio Branco´s town hall.

Lyrics: Francisco Mangabeira

Music: Mozart Donizetti

Let this sun which shines sovereign

On the forests which observe him with

love

Fill the heart of every Acrean person

With nobility, perseverance and courage…

Invincible and great at war,

Let´s imitate the incomparable example

Of the ample river which struggles with

the soil

It overcomes it and enters fighting into the

sea

A star shines on our flag

Which was stained with heroes´ blood

Let´s adore on the soaring star

The most beautiful and best guiding light

Triumphantly coming back from the

battle

We have in our souls the enchantments of

the sky

And in our serene and radiant foreheads

We carry an immortal and sacred trophy

Brazil is rejoicing and accompanies

Our steps, so we must keep going up

The glory rests in the mountain

And on top of it the aurora of the times to

come

A star shines on our flag

Which was stained with heroes´ blood

Let´s adore on the soaring star

The most beautiful and best guiding light

We possess a conquered asset

Conquered with nobility with arms in

hand

If it is again confronted, a lion will emerge

From each soldier

Freedom is the loving treasure

Which seduces us after the battle

Like the river which flows, the golden sun

Sends a sublime light mantle

A star shines on our flag

Which was stained with heroes´ blood

Let´s adore on the soaring star

The most beautiful and best guiding light

We will have as a war reward

A consolation which dilutes the sorrows

Looking at the flowers of love on Earth

An in the sky, the peace rainbow

The caring wives and mothers

Awaiting faithfully at home

Making a roses´ carpet at the doorstep

And while singing they weave the crown of

laurels

A star shines on our flag

Which was stained with heroes´ blood

Let´s adore on the soaring star

The most beautiful and best guiding light

But if one day audacious foreigners

Offend our dignity again

We will struggle with the same energy

Without drawing back, without falling,

without fearing

And we will then raise in these lands

A vibrant and strong chant

Which will be like the Amazon´s voice

Echoing in the whole of Brazil

A star shines on our flag

Which was stained with heroes´ blood

Let´s adore on the soaring star

The most beautiful and best guiding light

Acre´s Hymn

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