Gonçalves Dias

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Gonçalves Dias (1823 - 1864) Alexandre Rodrigues Nunes Camila Harumi Bordignon Diego Cipriano Sette José Marcos Rodrigues Freitas Manoela Melendez Martin Herbst

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Apresentação de Power Point sobre o tema do Indianismo de Gonçalves Dias.

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Gonçalves Dias (1823 - 1864)

Alexandre Rodrigues NunesCamila Harumi BordignonDiego Cipriano SetteJosé Marcos Rodrigues FreitasManoela MelendezMartin Herbst

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Biografia

1823 - Maranhão - filho de pai português e mãe provavelmente cafuza

1840 / 1844 - Universidade em Coimbra

Brasil - Ana Amélia Ferreira do Vale

1847 - Primeiros Cantos

1851 - Ana Amélia Ferreira do Vale

1852 - Olímpia da Costa.

1864 - Navio Ville de Boulogne Europa/Brasil

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Primeiros Cantos - Prólogo

Dei o nome de Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque espero que não serão as últimas. Muitas delas não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezo regras de mera convenção; adotei

todos os ritmos da metrificação portuguesa, e usei deles como me pareceram quadrar melhor com o queeu pretendia exprimir.

Não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas - debaixo de céudiverso - e sob a influência de impressões momentâneas. Foram compostas nas margens viçosas do

Mondego e nos píncaros enegrecidos do Gerez - no Doiro e no Teia - sobre as vagas do Atlântico, e nasflorestas virgens da América. Escrevi-as para mim, e não para os outros; contentar-me-ei, se agradarem;

ese não... é sempre certo que tive o prazer de as ter composto.

Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler em minhaalma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de improviso, e as idéiasque em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano - o aspecto enfim da natureza. Casar assimo pensamento com o sentimento - o coração com o entendimento - a idéia com a paixão - cobrir tudo isto

com a imaginação, fundir tudo isto com a vida e com a natureza, purificar tudo com o sentimento dareligião e da divindade, eis a Poesia - a Poesia grande e santa - a Poesia como eu a compreendo sem a

poder definir, como eu a sinto sem a poder traduzir. O esforço - ainda vão - para chegar a tal resultado é sempre digno de louvor; talvez seja este o só

merecimento deste volume. O Público o julgará; tanto melhor se ele o despreza, porque o Autor interessaem acabar com essa vida desgraçada, que se diz de Poeta.

Rio de Janeiro, julho de 1846.

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Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar — sozinho, à noite —Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu'inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.  Coimbra - julho 1843.

http://www.revista.agulha.nom.br/gdias01.html#exilio

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Canção do exílio facilitada

lá?ah!sabiá...papá...maná...sofá...sinhá...cá?bah!

PAES, José Paulo. In: ARRIGUCCI JR., Davi (Sel.). Os melhorespoemas de José Paulo Paes. 5. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 130.

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Sabiá

Vou voltarSei que ainda vou voltarPara o meu lugarFoi lá e é ainda láQue eu hei de ouvir cantarUma sabiá

Vou voltarSei que ainda vou voltarVou deitar à sombraDe uma palmeiraQue já não há[...]

JOBIM, Tom; BUARQUE, Chico. Disponívelem: http://www.chicobuarque.com.br (Fragmento).

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O Canto do Guerreiro 

IAqui na florestaDos ventos batida,Façanhas de bravosNão geram escravos,Que estimem a vidaSem guerra e lidar.- Ouvi-me, Guerreiros.- Ouvi meu cantar. IIValente na guerraQuem há, como eu sou?Quem vibra o tacapeCom mais valentia?Quem golpes dariaFatais, como eu dou?- Guerreiros, ouvi-me;- Quem há, como eu sou? IIIQuem guia nos aresA frecha imprumada,Ferindo uma presa,Com tanta certeza,Na altura arrojadaOnde eu a mandar?- Guerreiros, ouvi-me,- Ouvi meu cantar. IVQuem tantos imigosEm guerras preou?Quem canta seus feitosCom mais energia?Quem golpes dariaFatais, como eu dou?- Guerreiros, ouvi-me:- Quem há, como eu sou?

O Canto do Piaga 

IÓ GUERREIROS da Taba sagrada,Ó Guerreiros da Tribu Tupi,Falam Deuses nos cantos do Piaga,Ó Guerreiros, meus cantos ouvi. Esta noite - era a lua já morta -Anhangá me vedava sonhar;Eis na horrível caverna, que habito,Rouca voz começou-me a chamar. Abro os olhos, inquieto, medroso,Manitôs! que prodígios que vilArde o pau de resina fumosa,Não fui eu, não fui eu, que o acendi! Eis rebenta a meus pés um fantasma,Um fantasma d'imensa extensão;Liso crânio repousa a meu lado,Feia cobra se enrosca no chão. O meu sangue gelou-se nas veias,Todo inteiro - ossos, carnes - tremi,Frio horror me coou pelos membros,Frio vento no rosto senti. Era feio, medonho, tremendo,Ó Guerreiros, o espectro que eu vi.Falam Deuses nos cantos do Piaga,Ó Guerreiros, meus cantos ouvi!

http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1820 (Fragmentos)

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O Indianismo de Gonçalves Dias O primeiro indianista foi padre Anchieta, peças catequistas no

século XVI (1554); Basílio da Gama com o Uruguai; Santa Rita Durão, no século XVIII, o poema Caramuru. Na Europa, Montaigne é o primeiro a introduzir na literatura

francesa a idéia do "bom selvagem", que vai ser retomado com ênfase no sentido social por Rousseau.

Portugal, por uma ordem régia (1727), proíbe o uso de língua brasílica no Brasil

Romantismo, o indianismo toma feições nativistas, na criação do nosso cavaleiro medieval.

O indianismo Romântico, na forma de uma epopéia nacional, é uma fonte original e onde se situa Gonçalves Dias.

“O seu índio dos poemas líricos ou épicos seria índio mesmo, e não índio de cartão postal (...)”

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Marabá

Eu vivo sozinha, ninguém me procura!Acaso feituraNão sou de Tupá?

Se algum dentre os homens de mim não se esconde:— “Tu és”, me responde,“Tu és Marabá!”

Meus olhos são garços, são cor das safiras,Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;Imitam as nuvens de um céu anilado,As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:— “Teus olhos são garços”,

Responde anojado, “mas és Marabá:“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,

“Uns olhos fulgentes,“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”

É alvo meu rosto da alvura dos lírios,Da cor das areias batidas do mar:As aves mais brancas, as conchas mais purasNão têm mais alvura, não têm mais brilhar.

Se ainda me escuta meus agros delírios:— “És alva de lírios”,

Sorrindo responde, “mas és Marabá:“Quero antes um rosto de jambo corado,

“Um rosto crestado“Do sol do deserto, não flor de cajá.”

[...]

Meus loiros cabelos em ondas se anelam,O oiro mais puro não tem seu fulgor;As brisas nos bosques de os ver se enamoram,De os ver tão formosos como um beija-flor!

Mas eles respondem: “Teus longos cabelos,“São loiros, são belos,“Mas são anelados, tu és Marabá:“Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,“Cabelos compridos,“Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá.”

E as doces palavras que eu tinha cá dentroA quem as direi?O ramo d’acácia na fronte de um homemJamais cingirei:

Jamais um guerreiro da minha arazóiaMe desprenderá:Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,Que sou Marabá!

DIAS, Gonçalves. In: BARBOSA, Frederico (Sel. e org.). Cinco séculos de poesia: antologia da poesia clássica brasileira. São Paulo: Landy, 2003. p. 141-142. (Fragmento).

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Amoedo, Rodolfo (1857 - 1941)Marabá

Amoedo, Rodolfo Marabá , 1882

óleo sobre tela, c.i.d. 120 x 171 cm

Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)

Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

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I-Juca Pirama

VIII

“Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és!”

[...]

Sê maldito, e sozinho na terra; Pois que a tanta vileza chegaste, Que em presença da morte choraste, Tu, cobarde, meu filho não és."

http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1818 (Fragmento)

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Referências Bibliográficas

MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira: Romantismo. 8.ed. São Paulo: Cultrix, 1999.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira.35 ed.São Paulo: Cultrix, 1994. LIMA, Renato. O Indianismo de Gonçalves Dias. Disponível em:

http://vbookstore.uol.com.br/ensaios/indianismo.shtml. Acesso em: 15 de maio de 2007. VIRTUAL BOOKS TERRA. Gonçalves Dias - Biografia Disponível em:

http://virtualbooks.terra.com.br/literatura_brasileira/goncalves_dias.htm. Acesso em: 15 de maio de 2007.

BIBVIRT. Obras de Gonçalves Dias. Disponível em: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1817. Acesso em: 12 de maio de 2007.

FOLHETIM. Romantismo e Gonçalves Dias – Biografia e Obras. Disponível em: http://www.folhetim.com.br/romantismo.php e http://www.folhetim.com.br/autclass.php?id=27. Acesso em: 14 de maio de 2007.

BUARQUE, Chico; JOBIM, Tom. Letras e Notas da Música Sabiá. Disponível em: http://chicobuarque.uol.com.br. Acesso em: 16 de maio de 2007.

ACADÊMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Gonçalves Dias. Disponível em: http://www.biblio.com.br/conteudo/GoncalvesDias/GoncalvesDias.htm ou www.academia.org.br. Acesso em: 11 de maio de 2007.