Gonzaguinha é filho de Luiz Gonzaga, o rei do baião ... Joao do... · Composição: Gonzaguinha...

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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/2/28/1183953-3418-cp.jpg João do Amor Divino Composição: Gonzaguinha 39 anos de batalha, sem descanso, na vida 19 anos, trapos juntos, com a mesma rapariga 9 bocas de criança para encher de comida Mais de mil pingentes na família para dar guarida Muita noite sem dormir na fila do INPS Muita xepa sobre a mesa, coisa que já não estarrece Todo dia um palhaço dizendo que Deus dos pobres nunca esquece E um bilhete mal escrito Que causou um certo interesse É que meu nome é João do Amor Divino de Santana e Jesus Já carreguei, num guento mais, O peso dessa minha cruz Sentado lá no alto do edifício Ele lembrou do seu menor Chorou e, mesmo assim, achou que O suicídio ainda era o melhor E o povo lá embaixo olhando o seu relógio Exigia e cobrava a sua decisão Saltou sem se benzer por entre aplausos e emoção Desceu os 7 andares num silêncio de quem já morreu Bateu no calçadão e de repente Ele se mexeu Sorriu e o aplauso em volta muito mais cresceu João se levantou e recolheu a grana que a plateia deu Gonzaguinha é filho de Luiz Gonzaga, o rei do baião Gonzagão. Sua vida não foi um mar de rosas. Órfão de mãe, foi criado no Morro de São Carlos, periferia do Rio de Janeiro, por um casal de amigos do pai. Sendo assim, Gonzaguinha teve uma infância simples e modesta. Falecido em 1991, seu nome figura entre os maiores compositores brasileiros. Sua obra, bastante visceral, apresenta sempre contornos sociais e políticos. Analise a letra de uma música desse compositor e depois responda às questões relacionadas a ela.

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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/2/28/1183953-3418-cp.jpg

João do Amor Divino Composição: Gonzaguinha

39 anos de batalha, sem descanso, na vida

19 anos, trapos juntos, com a mesma rapariga

9 bocas de criança para encher de comida

Mais de mil pingentes na família para dar guarida

Muita noite sem dormir na fila do INPS

Muita xepa sobre a mesa, coisa que já não estarrece

Todo dia um palhaço dizendo que Deus dos pobres nunca esquece

E um bilhete mal escrito

Que causou um certo interesse

É que meu nome é

João do Amor Divino de Santana e Jesus

Já carreguei, num guento mais,

O peso dessa minha cruz

Sentado lá no alto do edifício

Ele lembrou do seu menor

Chorou e, mesmo assim, achou que

O suicídio ainda era o melhor

E o povo lá embaixo olhando o seu relógio

Exigia e cobrava a sua decisão

Saltou sem se benzer por entre aplausos e emoção

Desceu os 7 andares num silêncio de quem já morreu

Bateu no calçadão e de repente

Ele se mexeu

Sorriu e o aplauso em volta muito mais cresceu

João se levantou e recolheu a grana que a plateia deu

Gonzaguinha é filho de Luiz Gonzaga, o rei do baião

Gonzagão. Sua vida não foi um mar de rosas. Órfão de mãe, foi criado no Morro de São Carlos, periferia do Rio de Janeiro, por um casal de amigos do pai. Sendo

assim, Gonzaguinha teve uma infância simples e modesta. Falecido em 1991, seu nome figura entre os maiores

compositores brasileiros. Sua obra, bastante visceral, apresenta sempre contornos sociais e políticos.

Analise a letra de uma música desse compositor e depois

responda às questões relacionadas a ela.

Agora ri da multidão executiva quando grita:

"Pula e morre, seu otário"

Pois como tantos outros brasileiros

É profissional de suicídio

E defende muito bem o seu salário

Disponível em: <http://letras.mus.br/gonzaguinha/541457/>. Acesso em: 09 ago. 2012.

A ironia presente na letra de “João do Amor Divino” é contundente. Gonzaguinha, muitas vezes, demonstra que a passividade do cidadão permite que as mazelas da sociedade se perpetuem.

1. Analise a letra da música de Gonzaguinha.

2. Reveja um trecho da música:

Sorriu e o aplauso em volta muito mais cresceu

João se levantou e recolheu a grana que a plateia deu

Agora ri da multidão executiva quando grita:

"Pula e morre, seu otário"

Pois como tantos outros brasileiros

É profissional de suicídio

E defende muito bem o seu salário

Explique o que seria um “profissional de suicídio”.

3. Como a população recebe a figura central da letra?

4. Qual é sua impressão sobre essa obra?