Gordon Lindsay - Adão e Eva - Vol. 01

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L748aLindsay, Gordon, 1906-1973.Ado e Eva/ Gordon Lindsay; traduzido por Josu Ribeiro; Rio de Janeiro: Graa, 2001.48 p.; 14x21 cm. - (Heris do Antigo Testamento; vol. 1)ISBN 85-7343-430-9Traduo de: Adam and Eve.1. Ado (Personagem bblico). 2. Eva (Personagem bblico). I. Ttulo. II. Srie.CDD-222.11vaSrie heris do Antigo Testamento Retratos dos personagens notveisVolume 1GORDON LINDSAYTraduzido por Josu RibeiroEditado pela Graa Artes Grficas e Editora Ltda.Graa EditorialRio de Janeiro, 2001Ado e Eva Gordon Lindsay, 1983ORIGINAL: "Adam and Eve" Gordon Lindsay Christ for the Nations, Inc. P. O. Box 769000 Dallas, Texas 75376-9000Traduo: Coordenao: Reviso: OriginalProva SupervisoDireo de Arte:Diagramao:Capa: Graa EditorialDesignJosu RibeiroEber CocareliRenata ValrieClia CndidoMagdalena Bezerra SoaresElaine NascimentoJonas LemosUma Martins de SouzaKleber Ribeiro Bruno VieiraReservados todos os direitos de publicao GRAA ARTES GRFICAS E EDITORA LTDA.Rua Torres de Oliveira, 271 - PiedadeRio de Janeiro - RJ - CEP: 20740-380Caixa Postal 3001 - Rio de Janeiro - RJ - 20001-970TeL: (0xx21) 3899-5375/2594-1303 - Fax: (0xx21) 2591-2344SUMRIOCaptulo 1A criao de Ado e Eva......................................................7Captulo 2Tentao e queda de Ado e Eva......................................13Captulo 3Os resultados da queda......................................................23Captulo 4A rvore da vida no meio do jardim do Paraso............31Captulo 5Ado e Eva deixam o jardim do Paraso.........................35Captulo 1A CRIAO DE ADO E EVAE formou o Senhor Deus o homem do p da terra e soprou em seus narizes o flego da vida; e o homem foi feito alma vivente.Gnesis 2.7Deus insuflou seu prprio ar no homem, tornando-o alma vivente. Ao despertar para a vida, o homem achou-se em um jardim de beleza indescritvel que Deus criara para ele. Apesar de no se ter a localizao geogrfica exata do jardim, os nomes dos rios adjacentes so mencionados e indicam que a rea ficava em algum ponto na Baixa Mesopotmia, na regio onde hoje o Iraque. evidente que Deus no criou o homem para uma vida de inatividade, mas deu-lhe, pelo menos, uma responsabilidade:E tomou o Senhor Deus o homem e o ps no jardim do den para o lavrar e o guardar. Gnesis 2.15O jardim tinha sido plantado por Deus, mas algum precisava cultiv-lo e dele cuidar. As rvores precisavam ser podadas e exigiam outros cuidados, da mesma forma que um agricultor faria hoje, embora no se mencione que tipo de ferramenta Ado usava. Certamente, no era necessrio o uso de inseticidas; tambm no havia espinhos nem qualquer espcie de erva daninha infestando o jardim. Antes da queda e da subsequente maldio da terra, tais coisas no existiam. Cuidar do den, em condies to favorveis, s poderia ser um prazer. As vrias rvores produziam seus frutos de acordo com as estaes, proporcionando a Ado e Eva uma alimentao variada e equilibrada durante todo o ano.7Ado e EvaO clima, sempre ameno e refrescante, mudava brandamente a cada nova estao (Gn 1.14). No havia tempestades. No havia chuva; um vapor, porm, subia da terra e regava toda a face da terra (Gn 2.6).O anoitecer, referido como a virao do dia, contrastava com o calor da tarde como ainda hoje. Naquele momento de frescor, Deus visitava Ado. Sem dvida, era durante essas visitas de fim de tarde que Deus fazia com que os animais passassem diante de Ado, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Ado chamou a toda alma vivente, isso foi o seu nome (Gn 2.19). interessante notar que, desde o princpio, Deus permitiu que Ado tivesse uma certa iniciativa. O homem deveria possuir um alto nvel de inteligncia para ser capaz de dar nomes apropriados a centenas, ou talvez at milhares de espcies. Esses nomes, provavelmente, tinham uma certa relao com a natureza e as caractersticas de cada criatura. Note que, quando Ado deu nome sua noiva, apropriadamente, chamou-a de Eva, ou doadora de vida, porquanto ela era a me de todos os viventes (Gn 3.20). O fato de existir uma variedade grande de espcies de animais indica que Ado levou um tempo considervel para terminar essa tarefa.Embora Ado estivesse tendo momentos interessantes e agradveis no jardim, ao longo das semanas e dos meses, ele comeou a sentir necessidade de companhia, algum de sua prpria espcie, pois, havia percebido que todos os animais tinham sua companheira, mas para o homem no se achava adjutora que estivesse como diante dele (Gn 2.20).A criao de EvaEnto, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Ado, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Ado. E disse Ado: Esta agora osso dos meus ossos eA criao de Ado e Evacarne da minha carne, esta ser chamada varoa, porquanto do varo foi tomada. Portanto, deixar o varo o seu pai e a sua me e apegar-se- sua mulher, e sero ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e no se envergonhavam. Gnesis 2.21-25Deus disse: No bom que o homem esteja s; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele (Gn 2.18). Certamente, Deus sabia que o homem era uma criatura social; viver solitrio algo contrrio sua natureza. No corao humano h emoes intensas, as quais s podem ser expressas na vida familiar. A mulher, do modo como Deus a criou, corresponde outra metade do homem e ambos completam um ao outro. Como foi mencionado anteriormente, Ado percebeu que tinha necessidade de uma companheira. Dentre todos os animais que havia visto e nomeado, no encontrou um sequer que fosse igual a ele. Ado se certificou de que os animais no tinham o poder de falar ( verdade que mais tarde a serpente falou com Eva - para o seu desgosto - s que, na verdade, no foi propriamente o animal, mas Satans). O homem percebeu tambm que todos os animais andavam apoiados sobre quatro patas e no assumiam a posio ereta, a posio de dignidade do ser humano.Chegou o tempo em que Deus daria uma ajudadora a Ado. O Senhor poderia ter criado a mulher na mesma poca em que criou o homem, mas Ele tinha um propsito para tal demora: o homem precisava viver um tempo como solteiro, antes de assumir a responsabilidade de ter uma esposa. Foi sbio esperar at que a necessidade de uma companheira fosse sentida pelo homem. Quando essa necessidade foi despertada em Ado, Deus o fez adormecer profundamente, em preparao para a delicada operao de tirar uma noiva do lado do seu corpo. E bem provvel que o sono de Ado tenha sido ocasionado com o mesmo propsito da utilizao dos anestsicos, os quais so usados nos dias de hoje: o de evitar sofrimento e desconforto. Deus tirou uma costela (pelo original9Ado e Evahebraico a melhor traduo lado) de Ado, enquanto este estava inconsciente. Quanto ou o que exatamente foi tirado dele no sabemos.Obviamente, Deus poderia ter criado Eva da mesma maneira que criara Ado; s que o homem no poderia ter dito: Esta agora osso dos meus ossos e carne da minha carne (v. 23). Ela era uma varoa porque fora tirada de um varo.O fato de Eva ter sido criada a partir do corpo de Ado nos faz traar um paralelo entre Cristo e Sua Igreja. Assim como Eva fora tirada de Ado, a Igreja de Cristo foi extrada do seu lado ferido. Da mesma maneira que a carne foi posteriormente fechada, tambm a carne de Cristo foi curada, e Ele ressuscitou para tornar-Se a Cabea da Igreja. Em Efsios, Paulo menciona essa passagem de Gnesis. Ele cita Eva sendo tirada do corpo de Ado, como uma figura de Cristo e a Igreja, dizendo: Grande este mistrio; digo-o, porm, a respeito de Cristo e da Igreja (Ef 5.32).Gnesis 2.24 mostra como o homem e a mulher tornam-se um no casamento. Tendo sido feitos um para o outro, no atingiriam toda a plenitude do que Deus idealizou para eles, at que estivessem juntos. O casamento muito mais do que um contrato civil; uma instituio divina. Edith Dean, em seu livro AU the women of the Bible [Todas as mulheres da Bblia], diz:No relato de Gnesis, Eva elevada a uma beleza etrea e a uma dignidade elevada. Como um grande escultor faz uma linda figura no mrmore, [...] ela geralmente retratada, tanto pelo artista como pelo poeta, com cabelos dourados brilhantes, com uma face que expressa amor celestial e uma forma forte e imortal.Todas as grandes pocas na vida de uma mulher, seu casamento e maternidade, so apresentadas em toda sua plenitude no relato sobre Eva em Gnesis. Tambm a famlia, com todas as suas alegrias e pesares, passa a existir com Eva no centro. Em Eva, todas as questes mais fundamentais da vida, como10A criao de Ado e Evanascimento, morte, mesmo o pecado e a tentao, so mostradas nas dimenses humanas.Como veremos mais adiante, depois que Deus apresentou a Ado sua noiva, o efeito sobre ele foi extraordinrio. Seu amor por Eva foi to grande que - dizemos com tristeza - prejudicou sua lealdade a Deus.O domnio do homem sobre a TerraDeus deu Sua bno especial tanto para o homem quanto para a mulher. Notamos que o Senhor, depois de os haver criado, deu-lhes domnio sobre a Terra.E disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos cus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo rptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem a sua imagem; a imagem de Deus o criou; macho e fmea os criou. Gnesis 1.26,27Com base nos versculos acima, vemos que o plano divino visualizava um destino elevado para Ado, Eva e seus descendentes. O homem, criado imagem de Deus, tinha um maravilhoso papel diante de si, envolvendo possibilidades quase ilimitadas. Ele deveria ter domnio sobre toda a Terra. Isso significava que como vice-regente da criao, deveria "sujeitar" o mudo e coloc-lo sob o seu domnio. Alm disso, Deus ordenou ao homem e mulher que frutificassem, se multiplicassem e enchessem a Terra.No momento em que Ado pecou, ele no apenas perdeu seu domnio, como tambm, aparentemente, transferiu-o para Satans. Isso pode ser visto no incidente em que Cristo foi tentado pelo diabo. Satans chamou a ateno do Senhor para o fato de que os reinos do mundo foram dados a ele.E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe, num momento de tempo, todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti11Ado e Evatodo este poder e a sua glria, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Lucas 4.5, 6Cristo, claro, rejeitou a tentao por meio de Sua obedincia vontade divina. No final, reconquistou esse domnio, do qual Ado fora despojado por sua desobedincia a Deus.Voltemos aos acontecimentos do jardim do den. At aquele momento, tudo transcorria bem. Eva, a ajudadora de Ado, linda, fascinante e adorvel, encheu seu clice de alegria at transbord-lo. Sua graa e charme peculiares eram uma fragrncia na vida de Ado, proporcionando-lhe um regozijo com o qual ele em tempo algum havia sonhado.Ao anoitecer, na virao do dia, o Senhor Deus se encontrava com Ado e Eva em um momento de comunho. Havia muitas coisas misteriosas para eles que suscitavam inmeras perguntas a fazer. Cremos que Deus os ensinava, como um pai ensina seu filho. Ele lhes falava sobre seu destino elevado e que tinham sido criados Sua prpria imagem. Naquele momento, Ado e sua ajudadora eram os zeladores do jardim, do qual deviam cuidar e se ocupar, visto que posteriormente, eles e seus filhos assumiriam o domnio de toda a Terra.Ento, Deus lhes falou algo de suma importncia. Disse-lhes que lhes havia concedido todos os frutos do jardim como alimento, exceto os frutos de uma rvore. Era a rvore da cincia do bem e do mal, a qual Ele reservara para Si mesmo. Alertou-os solenemente para no comerem daquele fruto. Caso o fizessem, teriam a morte como castigo.Infelizmente, no auge de toda aquela alegria, a ordem de Deus seria desrespeitada. Como consequncia, os dois seriam expulsos do paraso. A coisa mais trgica a respeito disso tudo era que a culpa seria inteiramente deles.12Captulo 2TENTAO E QUEDA DE ADO E EVAOra, a serpente era mais astuta que todas as alimrias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse mulher: assim que Deus disse: No comereis de toda a rvore do jardim? Gnesis 3.1J vimos que Ado deu nome a todos os animais do campo - nomes que, sem dvida, refletiam de alguma maneira a natureza e o carter de cada um. A um dos animais ele chamou serpente, devido sua sagacidade e sutileza. Essas caractersticas no devem ser consideradas negativas, porque depois que Deus criou os animais, Ele olhou Sua obra e viu que era boa. E fez Deus as bestas-feras da terra [...] e viu Deus que era bom (Gn 1.25). Logo, naquela poca, a serpente no era a criatura repulsiva que conhecemos em nossos dias.Consequentemente, conclumos que um outro esprito havia entrado na serpente e agia por meio dela para enganar a mulher. Era Satans. O fato de que foi o diabo quem enganou Eva confirmado e dado como certo em toda a Bblia. Jesus disse que o diabo homicida e mentiroso desde o princpio.Vs tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princpio e no se firmou na verdade, porque no h verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe prprio, porque mentiroso e pai da mentira. Joo 8.44O Apstolo Paulo fala sobre a serpente seduzindo Eva por meio da sutileza (2 Co 11.3). Depois declara que o prprio Satans se transfigura em anjo de luz (v. 14), evidentemente, referindo-se tentao de Eva. Apocalipse 20.1,2 identifica claramente a serpente como Satans: a antiga serpente, que o13Ado e Evadiabo. Sabemos tambm que Satans e os demnios subordinados a ele, em algumas circunstncias, tm o poder de apossar-se de corpos humanos ou mesmo de animais. Temos um incidente na Bblia, no qual uma legio de demnios foi expulsa de um homem que vivia pelos sepulcros. Aps serem expulsos, os demnios entraram em uma manada de porcos (Mc 5.12,13).Sabemos que Satans, tambm chamado Lcifer, em certa poca, foi um ser perfeito e sem pecado. Lemos sobre sua queda em Isaas 14.12-14 e em Ezequiel 28.11-19. Em tais passagens, vemos que o diabo se tornou orgulhoso e procurou exaltar-se acima das estrelas de Deus. Aparentemente, Lcifer cobiou a posio que foi dada a Cristo; quando viu que de modo algum isso seria possvel, rebelou-se e arrastou a tera parte dos anjos consigo (Ap 12.3,4).Como j afirmamos anteriormente, a serpente, na qual o diabo entrou, no deve ser imaginada como o rptil rastejante que conhecemos hoje. Isso aconteceu como resultado da maldio que a serpente recebeu de Deus (Gn 3.14). Normalmente, os artistas ilustram a tentao de Eva por meio da figura de uma cobra enrolada ao redor do tronco de uma rvore, olhando maliciosamente para a mulher. Essa, certamente, no era a verdadeira forma da serpente na poca da primeira tentao. Provavelmente, ela possua beleza incomum, antes de ser amaldioada e obrigada a mover-se, arrastando-se sobre o prprio ventre. estranho que a ONU (Organizao das Naes Unidas), logo depois de fundada, ao procurar um smbolo para sua organizao oficial de sade, tenha escolhido justamente o emblema de Esculpio, o deus da cura, uma serpente enrolada em uma vara! Esculpio era adorado pelo povo de Prgamo, cidade onde Jesus disse estar o trono de Satans (Ap 2.12). A ONU (que imprime o emblema da serpente em seus selos14Tentao e queda de Ado e Evapostais) se identifica, involuntariamente, com esse personagem satnico.Estaramos indo alm da esfera do estudo de Ado e Eva, se entrssemos na discusso sobre o porqu de Deus ter permitido que Satans incorporasse na serpente, ou o motivo pelo qual o inimigo foi autorizado a tentar a mulher. Certamente, todas as criaturas que recebem livre-arbtrio devem ser testadas. Devemos supor tambm que o diabo entrou no jardim do den sob a vontade permissiva de Deus. Satans, em sua malvola oposio ao Senhor, faz continuamente a acusao de que Suas criaturas somente servem a Deus pelo que podem conseguir dEle (J 1.6-12; 2.1-7). Porventura, teme J a Deus debalde? Porventura, no o cercaste tu de bens? (J 1.9b;10a). Para estabelecer um reino eterno, seria necessrio que Deus no inclusse nele elementos que se rebelassem contra Sua autoridade e buscassem subvert-lo, como fez Satans. Isso s podia ser evitado se o Senhor permitisse que cada homem fosse testado. Portanto, sem dvida, Satans entrou no jardim do den como parte do conselho predeterminado e da prescincia de Deus (At 15.18). Seria necessrio que o problema do mal fosse tratado no plano de Deus, em favor da humanidade. A f na bondade de Deus nos leva a crer que Ele escolheu o plano mais sbio ao criar a humanidade e ao traz-la a um relacionamento eterno e feliz com Ele.A serpente fala com EvaSurge mais uma questo. Por quais meios a serpente falou com a mulher? No existe evidncia alguma que nos leve a crer que a serpente, de modo geral, tinha a capacidade de falar. Foi Satans, incorporado na serpente, que falou com Eva. Evidentemente, isso foi feito da mesma maneira que, atualmente, espritos tomam posse de mdiuns e falam por meio deles. Eva no pareceu surpresa ao ouvir a serpente15Ado e Evafalar. Por ter sido formada depois de Ado, ela no tinha a mesma experincia que ele. Como uma criana, a cada dia experimentava novas maravilhas. Quando a serpente comeou a falar, sua graa e sutileza fizeram com que parecesse um anjo de luz aos olhos de Eva (2 Co 11.3,14).O plano de Satans para seduzir a mulher foi astutamente elaborado e executado de forma refinada. Aquela era sua oportunidade suprema para macular a criao de Deus, introduzindo o pecado e, assim, reforando seu argumento de que no h quem sirva a Deus sem querer algo em troca; se a recompensa for grande o suficiente, a pessoa seguir sempre os prprios interesses. A ideia de amor, devoo e gratido como base para servir a Deus repelente ao corao maligno de Satans.Como bom estrategista que , o diabo comeou a colocar seu plano em execuo. Em primeiro lugar, viu que no seria sbio dirigir o ataque contra Ado, por este ser mais experiente. Tambm por esse motivo, no poderia atacar a mulher enquanto ela estivesse na companhia do marido. Ele teria de esperar uma ocasio oportuna, quando ela estivesse sozinha e prxima da rvore da cincia do bem e do mal.Alm disso, estava claro que ele no poderia falhar na primeira tentativa, porque Ado e Eva estariam prevenidos e a oportunidade, quem sabe, perdida para sempre. Assim, Satans esperou pacientemente o momento adequado para agir.O diabo no estava enganado em seus clculos. Sem dvida, Ado j havia mostrado a rvore da cincia do bem e do mal para Eva. Ado j teria explicado a ela que podiam comer o fruto de qualquer outra rvore do jardim, mas naquela rvore no deveriam mexer, seno morreriam. Em 1 Timteo 2.14, Paulo diz especificamente que Ado no foi enganado. Ele entendia totalmente o perigo e o castigo, e certamente explicou isso a Eva.16Tentao e queda de Ado e EvaAdo, entretanto, no percebeu o fascnio peculiar que a rvore exercia sobre sua companheira. O perigo exerce uma misteriosa atrao sobre certas pessoas. Algumas, por exemplo, tm de evitar lugares altos, seno so atradas por um estranho magnetismo para a beira do precipcio. Eva pode ter proposto em seu corao que, quando tivesse oportunidade, visitaria secretamente o local onde a rvore se encontrava, no meio do jardim, para tentar descobrir qual era o segredo ali contido. Por que o fruto no poderia ser comido? Seria venenoso? Tudo o que Eva sabia era que tanto o seu marido quanto o Senhor Deus haviam-lhe avisado que, se comessem daquele fruto, morreriam. Talvez, se ela fosse visitar a rvore, pudesse descobrir por si mesma o segredo do seu poder misterioso.No sabemos quanto tempo Eva ficou contemplando a rvore. Subitamente, contudo, sua divagao foi interrompida por um visitante que falou com ela em um tom de voz agradvel e bem-modulado. Passado o primeiro momento de surpresa, descobriu que estava atrada por aquele que se dirigia a ela. A bela criatura parecia conhecer seus pensamentos; ela abrira a conversa com essas palavras: assim que Deus disse: No comereis de toda a rvore do jardim? (Gn 3.1b).Foi uma pergunta extremamente astuta. O diabo tomou precaues para no alarmar, nem assustar Eva; assim, colocou a pergunta em termos ambguos. Ele a estava testando, reconhecendo o terreno. Era seu primeiro tiro, em uma campanha de engano e falsidade, a qual, desde ento, tem levado adiante contra a humanidade. A pergunta de Satans, elaborada de maneira esperta, poderia ser interpretada de vrias maneiras.O diabo queria saber como Eva teria interpretado aquela pergunta capciosa. Fora isso exatamente o que Deus desejaria dizer: eles no deveriam comer de rvore alguma? Isso, certamente, no seria atitude de algum to bom e amoroso. Talvez Eva no tivesse compreendido corretamente a ordenana do Pai celestial, e Satans, como um anjo de luz, tentaria ajud-la17Ado e Evaa entender a verdadeira interpretao (a serpente ainda fala da mesma maneira para aqueles que nela acreditam: Deus bom e generoso demais para permitir que qualquer pessoa se perca).Talvez Eva fosse mais longe, permitindo ao diabo lanar dvidas sobre a bondade de Deus. Sua declarao, no comereis de toda a rvore do jardim (Gn 3.1b) - se fora do contexto de toda a histria da tentao do homem -, pode significar que, na verdade, Deus no queria que eles comessem de rvore alguma. A mulher, contudo, deu a resposta correta: eles podiam comer frutos de qualquer rvore, exceto os de uma:E disse a mulher serpente: Do fruto das rvores do jardim comeremos, mas, do fruto da rvore que est no meio do jardim, disse Deus: No comereis dele, nem nele tocareis, para que no morrais.Gnesis 3.2,3A ateno de Eva estava na rvore da cincia do bem e do mal, a qual logo se tornou para ela e seu esposo a rvore da morte. Alguns criticam Eva por ter dito que no deveria simplesmente tocar no fruto, pelo fato de Deus no t-los proibido disso. Tal ponto de vista, contudo, tem pouco a seu favor, pois, se Eva no tivesse tocado no fruto, nunca o teria comido. A mulher no teria o que ganhar tocando o fruto ou mesmo chegando perto da rvore. sempre aconselhvel deixar a tentao o mais distante possvel de nossa vida.De qualquer maneira, Satans percebeu que tinha semeado uma dvida na mente de Eva e seguiu adiante com essa vantagem. Em seguida, ele fez uma declarao ousada. Displicentemente, o diabo disse mulher que aquilo que Deus havia dito a respeito da rvore no era verdade, e acrescentou ainda que, caso eles comessem do fruto, com certeza no iriam morrer. O inimigo exagerou nas vantagens e minimizou as consequncias:Ento, a serpente disse mulher: Certamente no morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abriro os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. Gnesis 3.4,518Tentao e queda de Ado e EvaA morte fora descartada. Ser que a mulher cairia naquela grande mentira? O diabo tinha enfatizado dois pontos em sua mentira: primeiro, assegurou a impunidade a Eva, se ela comesse o fruto; segundo, apresentou uma razo plausvel pela qual Deus no queria que eles comessem o fruto - assim que eles comessem, teriam seus olhos abertos e seriam como deuses.De fato, o argumento de Satans era uma mistura curiosa de verdade e mentira. Em um certo sentido, os olhos de Ado e Eva realmente lhes seriam abertos para o bem e o mal, mas o diabo os fez entender que, provando do fruto, eles obteriam muito conhecimento. Em outras palavras, eles teriam a sabedoria de um deus. Basil Atkinson, em seu livro Pocket commentary of Gnesis [Pequeno comentrio de Gnesis], afirma:A serpente estava sugerindo para a mulher o mesmo pensamento perverso que tinha entrado em seu prprio corao e que causara sua queda (Is 14.14): conhecer o bem e o mal; isso tambm literalmente verdade, mas o conhecimento significava algo bem diferente do que a serpente sugerira. Deus conhece o mal apenas para abomin-lo. O homem inocente s poderia conhecer o mal, participando dele e depois perecendo por causa dele.Decididamente, o diabo acusou o Senhor de mentiroso. Disse que Deus no queria que provassem do fruto, simplesmente porque dessa forma, Ado e Eva, tal como Ele, seriam deuses. Segundo o pensamento de Satans, no seria injusto da parte de Deus priv-los desse conhecimento? O diabo havia feito a proposta, porm, aguardava o resultado.Note a situao em que Eva se encontrava: tinha diante de si seu arquiinimigo, fazendo pose de bom amigo, mas na verdade, buscando sua destruio. Ela podia ter escolhido rejeitar a sugesto, porm, infelizmente, Eva no lhe deu as costas. Mesmo assim, ainda daria para ela voltar atrs, se Eva tivesse agido rapidamente, pois, os ltimos segundos da oportunidade de escapar da catstrofe estavam esgotando-se.19Ado e EvaEnto aconteceu: em vez de resistir tentao, Eva olhou para trs, viu o fruto da rvore e, de repente, aquela oferta tornara-se irresistvel. Em 1 Joo 2.16 vemos as trs fases da tentao:Porque tudo o que h no mundo, a concupiscncia da carne, a concupiscncia dos olhos e a soberba da vida, no do Pai, mas do mundo.Esse fragmento do versculo nos aponta a concupiscncia da carne: Vendo a mulher que aquela rvore era boa para se comer (Gn 3.6a). O homem um ser trino: corpo, alma e esprito; logo, poder vir a ser tentado em qualquer um desses trs aspectos do seu ser. Poder, assim como aconteceu com Eva, ser tentado na esfera dos apetites do corpo. E fcil observarmos que muitas pessoas so escravizadas dessa maneira. O alcolatra, por exemplo, escravizado pela bebida; o fumante, pela nicotina; o viciado, pelas drogas, e o libertino, pela sensualidade. Todas essas coisas so tentaes do corpo.E agradvel aos olhos (Gn 3.6). Essa a concupiscncia dos olhos. Essa tentao afeta a alma do ser humano. O homem rico disse prpria alma: Alma, tens em depsito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga (Lc 12.19). Essa perspectiva de abundncia terrena era agradvel para os pensamentos do rico, embora tivesse apenas poucas horas de vida e no soubesse disso.E rvore desejvel para dar entendimento (Gn 3.6). Essa tentao corresponde soberba da vida e atormenta o esprito, fazendo-o sentir uma ambio mundana, e ainda um grande desejo por fama.E interessante notarmos que Cristo, o segundo Ado, enquanto estava no monte, foi tentado de maneira semelhante(Lc 4.1-13):Primeiro, o diabo tentou-O na esfera fsica. Se tu s o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em po (v. 3). Jesus rejeitou a tentao. Ele no transformaria pedra em po para o diabo.20Tentao e queda de Ado e EvaDepois, o inimigo mostrou a Jesus todos os reinos do mundo e a glria deles. Tudo aquilo seria dEle, se apenas o adorasse. Essa era a tentao do esprito - uma oferta fundamentada na ambio humana.A seguir, o diabo disse para Jesus atirar-se do pinculo do templo, provando assim ser o Filho de Deus. Esse era um apelo alma. Realizar um ato herico diante do povo! Tal demonstrao de poder receberia os aplausos e conquistaria a admirao das pessoas! Isso provaria que Ele realmente era quem dizia ser - o Filho de Deus.Jesus, claro, rejeitou todas as tentaes do diabo, e venceu em reas, nas quais Ado e Eva haviam sido derrotados: nas tentaes do corpo, alma e esprito.A queda de Ado e EvaO momento final da tentao chegara. Movida pelo trgico impulso, Eva estendeu a mo, apanhou o fruto, experimentou-o e o ato irreversvel estava feito. Provavelmente, o diabo ainda a acalmava dizendo: "Est vendo? Nada aconteceu. O fruto bom. Voc no morreu". Naquele momento, para Eva talvez tenha parecido que o fato de ter comido daquele fruto, no surtira qualquer efeito malfico em sua vida; tudo estava bem, como a serpente havia garantido. A mulher, aliviada, voltou para junto do marido.Vamos reconstituir a cena que se seguiu, quando Eva se encontrou com Ado. Que momento doloroso deve ter sido descobrir o que a esposa tinha feito. Ele nem por um momento se enganou com respeito ao significado do ato. Alguns no interpretam assim e dizem que, na verdade, Ado foi iludido, tal como Eva; entretanto, tendo em vista a clara afirmao bblica de que Ado no foi enganado (1 Tm 2.14a), no cremos que tal interpretao seja aceitvel.Ado amava profundamente sua esposa. Eva, vindo dire-tamente das mos do Criador, devia ser extremamente bonita.21Ado e EvaUma vez que ela era a nica companhia humana que Ado tinha, compreensvel que tivesse um lugar to precioso em seu corao, a ponto de ele julgar impossvel desistir dela. Existem pessoas, hoje em dia, que ficam to apaixonadas que parece que nada mais importa. Alguns amantes tm at feito pacto de suicdio. O ato de Eva era irreversvel. Ado sabia que a perderia para sempre, a menos que tambm a acompanhasse em seu ato. Ele chegou a uma trgica deciso. No a deixaria. Silenciosamente, tomou o fruto que ela lhe oferecia. Em um instante, ele tambm o tinha comido e a queda do primeiro casal humano tornava-se histria.Conforme havia falado a serpente, os olhos deles foram abertos, no para exalt-los, torn-los seres angelicais ou deuses, como Eva imaginara; pelo contrrio, tornaram-se conscientes de um sentimento de culpa e vergonha. Quando a plena compreenso do terrvel ato veio sobre eles, correram e se esconderam entre as rvores do jardim.22Captulo 3OS RESULTADOS DA QUEDA ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e no se envergonhavam.Gnesis 2.25Ento, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.Gnesis 3.7Paulo disse que o corpo humano o templo do Esprito Santo (1 Co 6.19,20). Assim, Ado e Eva, nossos primeiros pais, foram criados para serem esse templo. Muitos sculos mais tarde, Deus permitiu que Salomo construsse um templo feito por mos, dentro do qual a shekin, a glria de Deus habitou. Quando, entretanto, a obra redentora de Deus se completou, por meio de Cristo, o Esprito Santo voltou a habitar no templo que no era feito por mos. interessante notar o ponto de vista de muitos expositores da Bblia que dizem que a shekin (a glria de Deus) cobria os corpos de Ado e Eva. Eles afirmam que todos os animais e aves tm uma cobertura protetora. Da, argumentam que Deus cobrira Ado e Eva com um vu de glria, at que pecaram.Se realmente Ado e Eva haviam sido cobertos por um vu de glria, ento, certamente, o resultado inicial da desobedincia deles foi o de tomarem conscincia de que estavam nus, e que essa nudez fsica era a expresso de um corao culpado, que agora estava tambm nu diante de Deus. Ado e Eva, ao perceberem que estavam nus, fizeram coberturas com folhas de figueira entrelaadas. Essa tentativa de se vestirem com a prpria justia o que os pecadores tm feito desde os dias de Ado. Os judeus tentaram providenciar essa cobertura com as obras da lei. Os gentios, com seus rituais religiosos23Ado e Evade um ou outro tipo; buscaram todos, por meio dos esforos humanos, aliviar uma conscincia culpada; contudo, como o profeta Isaas disse, todos ns somos como o imundo, e todas as nossas justias, como trapo da imundcia (Is 64.6a).Ao anoitecer daquele dia fatdico, o impacto total das atitudes de Ado e Eva veio sobre eles. Chegou o momento em que o Senhor se encontrava com eles para a comunho diria. Ado e Eva, que sempre recebiam Sua aproximao com alegria, na ocasio, esconderam-se dEle - de fato, um esforo tolo. Isso representa a mobilizao intil do pecador para esconder-se de Deus. A Bblia d uma viso dos pecadores, no grande Dia do Juzo, clamando s rochas e montanhas para que caiam sobre eles e os escondam dAquele que est assentado no trono (Ap 6.16).O Senhor chama Ado, dizendo: Onde ests? (Gn 3.9). Ado responde: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me (v. 10). Deus no chamou Ado para fazer-lhe perguntas, pois Ele sabia onde Ado estava. Aquele foi um chamado de compaixo e tem relao com a primeira pergunta que foi feita no Novo Testamento: Onde est aquele que nascido rei dos judeus? (Mt 2.2a). Esse o reverso da questo - o homem perguntando por Deus. A pergunta que Deus fez s poderia ser respondida com uma confisso de culpa por parte de Ado e Eva. A resposta deles, contudo, no foi uma confisso verdadeira, foi uma evasiva, uma tentativa de jogar a culpa em outra pessoa.Ado confessa, dizendo: Fm temi. Basil Atkinson faz uma sensvel anlise da situao de Ado e a compara com a situao do pecador:O caso do pecador hoje o mesmo. Ele fica cego quanto real natureza do prprio pecado e embora seja consciente de que algo est errado, seu pecado lhe parece muito mais leve do que na realidade e sua condio muito menos grave. Alm disso, a resposta de Ado, como a de todos os pecadores,24Os resultados da quedaevita o ponto central da questo. Ele aponta para os sintomas; em consequncia, evita mencionar sua atitude pecaminosa. Em seu corao, ele sabia que tinha comido do fruto da rvore e insensatamente esperava conseguir manter esse fato fora do conhecimento de Deus.Em resposta explicao irrelevante de Ado, Deus o leva de volta ao ponto. Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da rvore de que te ordenei que no comesses? (Gn 3.11). Agora Ado mostra que, na realidade, um covarde. comum queles que quebram a lei, quando se vem acuados no canto, tentarem jogar a culpa em outra pessoa. Ado no foi exceo. Primeiro, ele culpa o prprio Deus: A mulher que me deste por companheira [...] (Gn 3.12). Em outras palavras: "Se Tu no me tivesses concedido aquela mulher, eu no teria pecado". Depois, tambm culpa a esposa, dizendo: Ela me deu da rvore, e comi (Gn 3.12).Essas foram desculpas muito fracas de Ado. To fracas que Deus nem se dignou a dar uma resposta. Em vez disso, Ele Se voltou para Eva para ver o que ela tinha a dizer. Pobre Eva! Que mulher diferente ela era naquele momento, depois daquela tarde em que se deixou seduzir pela serpente e at mesmo participou da obra maligna do diabo, seduzindo seu marido. Agora s podia encolher-se aterrorizada e passar a culpa adiante, respondendo temerosa: A serpente me enganou, e eu comi (Gn 3.13b).O Senhor Deus no fez pergunta alguma serpente. Satans, h muito tempo, j ultrapassara o ponto da possibilidade de redeno. Qualquer pergunta que tivesse de ser dirigida a ele, j teria sido feita antes. Pelo contrrio, Deus pronunciou a condenao da serpente.O pacto admicoO tempo da inocncia tinha acabado e a dispensao da conscincia estava comeando! Deus, a partir de ento,25Ado e Evarelacionou as condies, nas quais o homem cado deveria viver - condies que continuam e continuaro adiante, at o fim, at o momento em que a mesma criatura ser libertada da servido da corrupo, para a liberdade da glria dos filhos de Deus (Rm 8.21b).Nos sete itens que se seguem, analisaremos o que aconteceu com Ado e Eva, bem como com a serpente nos momentos que sucederam a queda do homem.1. Juzo sobre a serpenteEnto, o Senhor Deus disse serpente: Porquanto fizeste isso, maldita sers mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andars e p comers todos os dias da tua vida.Gnesis 3.14Deus primeiramente pronunciou seu juzo sobre a serpente, instrumento de Satans, a qual se tornou um rptil venenoso, repulsivo e rastejante a partir daquele momento. A serpente uma ilustrao dos efeitos da maldio. Primordialmente, a serpente era uma criatura bonita e, por isso, captara a admirao de Eva. Era a criatura mais prxima do homem no jardim. Logo aps a queda do homem, ela foi degradada para ser o animal mais insignificante da Terra: Sobre o teu ventre andars (Gn 3.14b). Em um certo sentido, uma maldio veio sobre toda a criao, pois a morte passou a ser a condenao para todos os seres. Contudo, a serpente foi amaldioada mais do que todos os outros. Apesar disso, de uma maneira estranha, a serpente tornou-se uma figura de Cristo, que tomou a maldio sobre si e foi feito pecado por ns (Ap 21.5-9; Jo 3.14,15; 2 Co 5.21).2. A promessa do RedentorE porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar.Gnesis 3.1526Os resultados da quedaEssas palavras foram dirigidas a Satans, embora indubitavelmente na presena de Ado e Eva. Notamos que, por meio dessas palavras, Deus ilustra o Seu grande amor e bondade em favor da humanidade. Apesar de Ado e Eva serem culpados, Deus no os condena; pelo contrrio, comea a mostrar-lhes o Seu grande plano da redeno.Tendo pronunciado o castigo sobre a serpente, a qual, corno j foi falado, tornar-se-ia um rptil rastejante, o Senhor tambm declarou a condenao da criatura, que foi o verdadeiro responsvel pela seduo de Eva, isto , o diabo. Satans que, anteriormente, j era uma criatura cada, tornou-se, naquele momento, totalmente um derrotado. A expresso a semente da mulher (v. 15) antecipa o nascimento virginal de Cristo que, em Seu dia, esmagaria completamente a cabea da serpente. Haveria inimizade entre a semente de Eva e a semente da serpente - no a inimizade pessoal do justo pelo mpio, mas uma incompatibilidade de pontos de vista e de maneiras de viver.Por outro lado, Satans iria ferir o calcanhar dAquele que o esmagaria. O diabo teria permisso para afligir a humanidade de Cristo e promover a perseguio sobre Seus seguidores. Gnesis 3.15 retrata a primeira das grandes profecias messinicas, a qual foi um grande raio de esperana, concedido a Eva naquele dia negro.3. A mudana no estado de EvaE mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceio; com dor ters filhos; e o teu desejo ser vara o teu marido, e ele te dominar.Gnesis 3.16Devido ao pecado que cometeu, Eva iria experimentar mudanas em sua vida em trs aspectos. O primeiro estava relacionado s dores do parto, as quais seriam intensificadas, pois sua maternidade estaria ligada tristeza. O segundo diz respeito angstia que sentiria durante a27Ado e Evagravidez. Tanto a gestao como o parto serviriam de testemunho da queda do homem, um sinal de que nem tudo estava bera, e um chamado para o arrependimento e a converso.O terceiro aspecto relaciona-se sujeio da mulher a seu marido. Como a Bblia ensina, o homem deve ser o cabea do lar, no com intuito de governar a mulher de maneira brutal, caracterstica dos pases pagos, tampouco para trat-la como se fosse gado, mas para am-la como Cristo amou a Igreja. De qualquer forma, o homem deveria ser o cabea da mulher. A revolta feminista que presenciamos nos dias de hoje somente mais um vestgio de que nossa civilizao caminha para a destruio.4. A terra amaldioadaMaldita a terra por causa de ti (Gn 3.17b). Agora, toda a terra estava debaixo da maldio. No jardim do den, no cresceu mais grama. Agora, espinhos nocivos e ervas daninhas cresciam por toda parte. A serpente foi amaldioada e, em um grau menor, os outros animais adquiriram uma natureza malvola. Animais predadores rondariam pelas florestas, atacando uns aos outros. Insetos herbvoros devorariam as plantaes dos agricultores. At mesmo o clima seria afetado: tempestades, tornados, furaces, enchentes, terremotos e outros desastres assolariam, periodicamente, a Terra. Em muitas reas, o vero seria quente demais e em outras, o inverno frio demais. O salmista diz: Todos os fundamentos da terra vacilam (SI 82.5b).5. A tristeza da vidaComo resultado de todas essas transformaes, a humanidade enfrentaria tristezas inevitveis. Haveria sofrimento pelas privaes, pela morte de entes queridos, por desapontamentos e mesmo pela traio daqueles nos quais confiamos. Pense na tristeza que Ado e Eva experimentaram na perda do28Os resultados da quedafilho, Abel, morto pelo prprio irmo Caim. Que preo amargo eles pagaram pelo seu ato de desobedincia! Quo pouco entenderam sobre as consequncias terrveis que o pecado traria para sua vida.6. Sobrevivncia rduaEmbora tenha sido Eva quem trouxe o pecado ao mundo, Ado ouviu sua mulher e, por isso, tinha sua parcela de culpa. Do momento de sua queda em diante, Ado teria de trabalhar duro a fim de adquirir seu po pelo suor do seu rosto. A partir daquele instante, ele deveria labutar para arrancar do solo seu sustento e garantir sua sobrevivncia!7. Morte fsicaConforme Deus alertara, a morte seria o castigo da desobedincia. No somente a morte fsica, mas tambm a morte espiritual tambm ocorreria, tornando necessria a redeno do homem, a operao do novo nascimento. Falaremos mais sobre esse assunto no prximo captulo. A promessa de Gnesis 3.15, de uma certa forma, fala de redeno e, junto com a redeno, a esperana da vitria final e da abolio da morte.O homem foi expulso do paraso, mas antes de tomar tal atitude, Deus precisou vesti-los.Efez o Senhor Deus a Ado e a sua mulher tnicas de peles e os vestiu.Gnesis 3.21Com base no versculo acima, vemos a primeira grande verdade da redeno - o homem, em seu estado cado, est espiritualmente nu e precisa ser vestido. Sua cobertura shekin se fora. Ado e Eva fizeram uma tentativa de se cobrirem com aventais de folhas de figueira. Descobrindo que seus esforos eram completamente inteis, esconderam-se entre as rvores do jardim.O esforo humano de cobrir-se com a prpria justia sempre insuficiente. Deus teve de fazer tnicas de peles29Ado e Evapara Ado e Eva. Foi preciso a morte de um animal e o derramamento de sangue. E sem derramamento de sangue no h remisso (Hb 9.22b). As tnicas, as quais Deus providenciou, representaram uma figura da justia de Cristo. Deus no s matou o animal, mas tambm apresentou as vestes para Ado e Eva. Como diz Basil Atkinson:Ele providencia o Cordeiro, sacrifica-o custa de um infinito preo, confecciona as tnicas e veste Seu povo, no ficando satisfeito at que eles estejam completos em Cristo, tendo perfeito acesso e plena aceitao.Sem dvida, foi esse acontecimento que marcou a origem do sacrifcio. Praticado por Abel, prevaleceu atravs das geraes at o advento de Cristo, de quem todos os sacrifcios eram apenas uma figura.30Captulo 4A RVORE DA VIDA NO MEIO DO JARDIM DO PARASOE o Senhor Deus fez brotar da terra toda rvore agradvel vista e boa para comida, e a rvore da vida no meio do jardim, e a rvore da cincia do bem edo mal. Gnesis 2.9Ento, disse o Senhor Deus: Eis que o homem como um de ns, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que no estenda a sua mo, e tome tambm da rvore da vida, e coma, e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, o lanou fora do jardim do den, para lavrar a terra, de que fora tomado. E, havendo lanado fora o homem, ps querubins ao oriente do jardim do den e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da rvore da vida. Gnesis 3.22-24Foi permitido ao homem comer dos frutos de todas as rvores do jardim do den, com exceo do fruto da rvore da cincia do bem e do mal. Isso significa que o fruto da rvore da vida tambm estava disposio! De fato, a rvore estava nas proximidades, aparentemente no sendo nem notada (Gn 2.9), enquanto Eva conversava com a serpente. Da, conclumos que era inteno de Deus que o homem vivesse eternamente. Tambm nos parece que Deus antecipou e previu a queda da humanidade e, portanto, fez uma proviso, por meio da qual o homem pudesse ser salvo de seu pecado e da consequente morte.Deus havia deixado muito claro a Ado e Eva que no deveriam comer do fruto da rvore do conhecimento do bem e do mal, porque, no dia em que dela comeres, certamente morrers (Gn 2.17b).31Ado e EvaAlguns crticos tm tentado mostrar que o castigo includo nesse aviso, na verdade, no aconteceu. Ado e Eva, em vez de morrerem no dia em que desobedeceram, ainda viveram por mais de 900 anos. Ado, conforme somos informados, s morreu com a idade de 930 anos (Gn 5.5).Na realidade, o aviso cumpriu-se exatamente como Deus dissera. Existem dois tipos de dias nos registros bblicos - o dia do homem, de 24 horas, e o dia de Deus, de mil anos.Porque mil anos so aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a viglia da noite Salmo 90.4Mas, amados, no ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor como mil anos, e mil anos, como um dia. 2 Pedro 3.8Na realidade, existem dois tipos principais de morte que o homem experimenta: morte espiritual e morte fsica. A primeira muito mais sria. O homem morre espiritualmente em ofensas e pecados (Ef 2.1). A morte espiritual o estado do homem natural, no-regenerado. Dessa forma, o homem est alienado da vida de Deus. Aps a morte do corpo fsico, a morte espiritual torna-se um estado de separao eterna de Deus. Ela atinge seu clmax na segunda morte, depois do julgamento do grande trono branco (Ap 20.6,14).A declarao de Deus para Ado e Eva cumpriu-se nos dois sentidos. No dia em que eles desobedeceram, morreram espiritualmente; foram cortados, separados da vida de Deus e precisavam de redeno. Na verdade, eles mesmos, conscientes da culpa e da sua condio cada, correram e se esconderam de Deus. Isso aconteceu no mesmo dia em que desobedeceram.O dia do homem tem durao de 24 horas, enquanto o dia de Deus tem mil anos. Todos os homens que j viveram sobre a Terra, morreram dentro do limite de mil anos (com exceo dos casos especiais de Elias e Enoque). Ado morreu com a idade de 930 anos. Metusalm, que teve a vida mais longa de32A rvore da vida no meio do jardim do Parasoque se tem registro, viveu 969 anos. Todos os homens, portanto, tm morrido fisicamente dentro do limite do dia de Deus. Ado e Eva tambm morreram espiritualmente, no mesmo dia de 24 horas em que pecaram.Deus havia recomendado a Ado e Eva que eles provassem de todas as rvores do jardim, com exceo da rvore do conhecimento do bem e do mal. Por isso, entendemos que o casal tinha livre acesso rvore da vida. Embora a Bblia nos informe que a rvore da vida estava plantada no meio do jardim do den, no diz se a localizao era conhecida de Ado e Eva. Se Eva comeu o fruto proibido, comeria o fruto da rvore da vida, caso soubesse onde esta se encontrava. No decorrer do tempo, se Ado e Eva tivessem permanecido no den, eles descobririam a rvore da vida, comeriam o seu fruto e receberiam a imortalidade. Esse, certamente, seria o plano de Deus para eles, se no tivessem pecado.Entretanto, a mo que no pde resistir de apanhar o fruto do conhecimento do bem e do mal, teve de ser impedida de apropriar-se do fruto da rvore da vida. Se o homem pudesse t-lo feito, o castigo da morte seria anulado. O homem viveria eternamente em seu corpo fsico e mortal - uma perspectiva terrvel! Setenta ou oitenta anos de pecado normalmente satisfazem completamente o apetite do pecador, deixando-o ansioso e apressado por receber o perdo. Para uma pessoa perversa, entregue s emoes negativas do dio, da impureza, ira, inveja e maldade, existir em um corpo fsico no qual tais emoes impuras permanecem para sempre, certamente seria um castigo maior do que ele poderia suportar. um ato de misericrdia que a morte faa descer a cortina e coloque um fim nesse tipo de existncia corrompida.O jardim do den no poderia mais ser o lar de Ado e Eva. Eles foram obrigados a abandonar o jardim, onde crescia a rvore da vida. Para guardar o caminho at a rvore,33Ado e EvaDeus colocou querubins ao oriente do jardim do den e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da rvore da vida (Gn 3.24b). Esses seres angelicais, chamados querubins, tambm so mencionados no primeiro captulo de Ezequiel. A Bblia indica que eles flanqueiam e sustentam o trono de Deus e, como algum disse, eles tm a ver com a defesa da santidade de Deus, contra o orgulho presunoso do homem pecador.Aquele, com certeza, foi um dia muito triste, quando Ado e Eva foram obrigados a deixar o jardim do den. Eles tinham vivido em um paraso preparado pelo Senhor. No havia enfermidade, tristeza, dor nem sofrimento! Subitamente, toda aquele cenrio mudou: por causa da desobedincia, foram lanados fora do paraso, para garantir a existncia por meio do suor do rosto. Ado e Eva teriam de extrair sua sobrevivncia de uma terra relutante, amaldioada, a qual, a partir do pecado do homem, produziria espinhos e ervas daninhas. Os sofrimentos da gravidez e do parto aguardavam Eva. O casal teria o corao partido por causa de um filho que se tornaria culpado de fratricdio. Ainda, no final da vida, ficariam estirados sobre a terra e seus corpos voltariam para o p de onde foram tirados. Que castigo a ser pago por um ato de desobedincia!34Captulo 5ADO E EVA DEIXAM O JARDIM DO PARASOQue momento trgico deve ter sido para Ado e Eva a primeira noite fora do paraso! Todo o impacto da sua grande perda recaa sobre o casal cheio de culpa. Aquele dia tinha comeado repleto de promessas e esperanas, como todos os dias anteriores no jardim do den. O cu estava limpo, sem nuvem. No havia coisa alguma que lhes servisse de pressgio dos trgicos acontecimentos que ocorreriam to rapidamente. Naquela circunstncia, com tempo para refletir, toda a extenso da calamidade abateu-se sobre eles com uma fora paralisante. Que remorso terrvel eles compartilharam naquela noite, quando perceberam o tamanho do mal que lhes sobreveio, principalmente porque tomaram conscincia de que facilmente poderiam ter evitado todo aquele sofrimento. Por que Eva no se afastou do inimigo, que lanava dvidas sobre a veracidade da Palavra de Deus? Como ela pde parar para ouvir as perversas sugestes da serpente e ser atrada para um ato cujas consequncias j lhe tinham sido claramente explicadas? O que dizer do seu marido, que a amava mais que a prpria vida e tinha escolhido compartilhar seu destino para no perd-la, apesar de conhecer as tristes consequncias? Tudo isso no seria um pesadelo, do qual certamente eles acordariam?Nos assim chamados Livros esquecidos do den, temos uma descrio de Ado e Eva deixando o paraso. No cremos que tais registros sejam autnticos, nem que sejam inspirados;35Ado e Evamas, como foram escritos h milhares de anos, revela-nos uma ideia das tradies concernentes a esse evento:Quando, porm, Ado e Eva saram do jardim, pisaram em solo desconhecido. Quando chegaram ao porto e viram a terra que se estendia a perder de vista diante deles, coberta de pedras grandes, pequenas e areia, temeram e estremeceram, caindo com o rosto em terra, por causa do medo que veio sobre eles; ficaram cados como mortos. At aquele momento, tinham vivido em um jardim lindamente ornamentado com todos os tipos de rvores, e agora se viam em uma terra estranha e desconhecida para eles, a qual jamais tinham visto. At aquele momento, gozavam da graa de uma natureza brilhante, e seus coraes no se tinham voltado para as coisas terrenas. Deus, entretanto, teve misericrdia deles. Quando os viu prostrados diante do porto do jardim, enviou Sua Palavra a Ado e Eva e os levantou do seu estado cado.Deus disse a Ado: "Tenho ordenado dias e anos na Terra; voc e sua semente habitaro e vivero nela at que os dias e anos sejam cumpridos; quando Eu enviar a Palavra que criou vocs, contra a qual transgrediram, a Palavra que os fez sair do jardim e os levantou quando estavam cados. Sim, essa mesma Palavra os salvar novamente, quando os cinco dias e meio estiverem cumpridos". Quando, entretanto, Ado ouviu essas Palavras de Deus e ouviu sobre os cinco dias e meio, no entendeu o sentido delas. Porque Ado pensou que haveria apenas cinco dias e meio de vida para ele at o fim do mundo. Ado chorou e orou, pedindo a Deus que explicasse. Deus, ento, em Sua misericrdia por Ado, criado Sua imagem e semelhana, explicou-lhe de que se tratava de 5.500 anos, e viria Aquele que salvaria tanto a ele como sua descendncia. Antes disso, porm, Deus j tinha feito esse pacto com nosso pai, nos mesmos termos, antes de ele sair do jardim, quando estava perto da rvore da qual Eva tomara o fruto e lhe dera para comer. Quando nosso pai deixou o jardim, passou pela rvore e viu como Deus tinha mudado sua aparncia e como ela tinha secado. E quando viu isso, Ado temeu, tremeu e caiu por terra; mas Deus em Sua misericrdia o36Ado e Eva deixam o jardim do Parasolevantou e, ento, fez esse pacto com ele. Novamente, quando estavam no porto do jardim, viram o querubim com a espada flamejante na mo, o qual lanou-lhes um olhar irado. Ado e Eva ficaram com medo, pensando que o querubim iria mat-los. Assim, caram sobre o rosto e tremeram de medo; porm, o querubim teve pena deles e mostrou-lhes misericrdia; e vol-tando-se, retirou-se para o cu [Os livros esquecidos do den, cap.2e3].Havia apenas uma luz brilhando no meio de toda aquela escurido. Era a Palavra do Senhor com a promessa de que um dia a semente da mulher destruiria a serpente.Aquela escura e longa noite passou, e um Sol sem alegria se levantou, lanando seus raios sobre o casal, terminando assim a noite de agonia e insnia. Na direo oeste, Ado e Eva podiam ver as rvores do den, seu antigo lar, movendo-se suavemente com a brisa da manh. A espada flamejante na entrada, contudo, lembrava-os duramente que nunca mais poderiam voltar para l. O paraso estava perdido para sempre. Daquele instante em diante, deveriam fazer o melhor que pudessem, ajustando-se da melhor maneira nova situao.Apesar de expulsos do paraso, a providncia de Deus no os abandonara totalmente. Havia outras rvores fora do den. Deus no havia feito qualquer proibio com relao quelas rvores. Ado e Eva, de alguma maneira, deveriam prosseguir com a vida.A histria de Caim e AbelNo muito tempo depois de terem abandonado o den, Eva descobriu que esperava um beb. No tempo determinado, ela deu luz um filho, no qual colocou o nome de Caim. Em sua alegre expectativa quanto s possibilidades daquela nova vida, ela exclamou: Alcancei do Senhor um varo (Gn 4.1b). O nascimento daquele beb deve ter sido uma experincia maravilhosa para o casal. Ele representava o primeiro sinal do37Ado e Evacumprimento da promessa de que algum dia Deus enviaria o Redentor. Que esperanas Eva no deve ter alimentado, enquanto olhava para o rosto do seu pequeno filho, o qual era o primeiro beb nascido no mundo! Como aquela mulher poderia imaginar que, um dia, Caim iria assassinar o prprio irmo em uma exploso de raiva?Pouco tempo depois, ela deu luz outro filho, ao qual chamou Abel. Quando os garotos se tornaram adultos, escolheram ocupaes diferentes. Caim tornou-se agricultor; enquanto Abel cuidava dos rebanhos de ovelhas.A pergunta : o que aconteceu que resultou no fato do primognito desse mundo tornar-se um assassino? Seria possvel reconstituirmos os acontecimentos para darmos uma resposta lgica a essa pergunta?A histria de Caim e Abel o relato de uma estranha rivalidade entre irmos. Vemos em Caim, o mais velho, uma vontade forte e determinada, e muito orgulho. A rivalidade entre os dois irmos atingiu seu ponto mximo de ebulio quando foram apresentar suas ofertas diante de Deus. Caim ignorou as instrues claras e estava decidido a trazer as primcias das colheitas, em lugar das primcias do rebanho. Quando Deus no aceitou sua oferta, ele foi ferido em seu orgulho. Uma admoestao por parte do seu irmo Abel no ajudou e causou uma troca de palavras iradas. A contenda entre os dois tornou-se to aguda que Caim, descontrolado e com muita fria, levantou-se e feriu o irmo com tamanha violncia que o matou. O primeiro homem a nascer no mundo tornou-se, dessa maneira, o primeiro assassino. Ele tambm seria o pai de uma civilizao mpia - aquela a qual seria destruda 1600 anos mais tarde nas guas do grande dilvio. Vamos verificar as informaes que a Bblia nos d sobre esse filho obstinado de Ado, que foi a primeira pessoa a nascer no mundo.38Ado e Eva deixam o jardim do Paraso1. A teimosia de CaimCaim era religioso, mas queria estabelecer suas prprias regras. Estava disposto a oferecer o sacrifcio a Deus, se pudesse fazer isso sua prpria maneira. Assim, trouxe uma oferta composta pelas primcias dos frutos. A terra, entretanto, tinha sido amaldioada (Gn 3.17) e, por essa razo, seus frutos no poderiam ser aceitos em oferta a Deus. Apesar disso, Caim determinou fazer as coisas sua prpria maneira, desrespeitando esse fato. Abel, por outro lado, trouxe uma oferta das primcias do rebanho.Pela f, Abel ofereceu a Deus maior sacrifcio do que Caim, pelo qual alcanou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala. Hebreus 11.4Foi assim que a oferta de Caim foi rejeitada, enquanto que a de Abel foi aceita.2. Caim ficou irado com DeusNo sabemos como Deus demonstrou que a oferta de Abel fora aceita, mas algum sinal ocorreu. Talvez tenha cado fogo do cu e consumido tal sacrifcio. De qualquer forma, a Bblia diz: Mas para Caim e para a sua oferta no atentou (Gn 4.5a). O fato de Deus no se ter agradado da oferta de Caim, deixou-o extremamente zangado. interessante lembrar-se da referncia que o apstolo Joo fez sobre Caim:Porque esta a mensagem que ouvistes desde o princpio: que nos amemos uns aos outros. No como Caim, que era do maligno e matou a seu irmo. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram ms, easdeseu irmo, justas. 1 Joo 3.11,12Apesar disso, Deus, em Sua misericrdia, ainda tentou argumentar com Caim. Pelo fato de ser o primognito sobre a Terra, parece-nos que Deus tinha uma graa especial para com ele. Deus lhe assegurou que tambm seria aceito, se procedesse corretamente.39Ado e EvaE o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, no hver aceitao para ti? E, se no fizeres bem, o pecado jaz porta, e para ti ser o seu desejo, e sobre ele dominars.Gnesis 4.6,7Essa admoestao de Deus deveria ter feito com que Caim mudasse sua atitude e seu humor; poderia t-lo encorajado a preparar sua oferta de maneira aceitvel aos olhos de Deus. No entanto, no foi o que aconteceu. Caim dirigiu palavras duras a seu irmo sobre o assunto e no demonstrou inteno de submeter-se. Aparentemente, Caim sentiu que seria vergonhoso ceder naquele momento.Deus chamou a ateno de Caim, dizendo que o pecado jaz a porta (v. 7). A palavra no hebraico para pecado a mesma para oferta pelo pecado, indicando a relao entre as duas coisas. A oferta de Caim tinha sido uma rejeio ao plano divino. Mesmo assim, Deus deu-lhe outra chance e lhe disse para trazer a oferta apropriada. Nada poderia ter privado Caim da bno de Deus, exceto sua prpria vontade e teimosia.Caim, contudo, no se preocupou em agir de acordo com a vontade de Deus. Em sua rivalidade contra seu irmo, no tinha inteno de sucumbir. Estava totalmente determinado. Na atitude de Caim, percebemos a extrema maldade do pecado. O pecador est determinado a seguir por seu prprio caminho, sem importar-se com as consequncias vindouras.3. Caim assassina Abel, seu irmoE falou Caim com o seu irmo Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmo Abel e o matou.Gnesis 4.8Em vez de arrepender-se, Caim procurou Abel, zangado, com o esprito endurecido e determinado. Seu irmo, referido na Bblia como o justo Abel (Mt 23.35), ficou firme e defendeu a concepo de Deus a respeito de como deve ser o sacrifcio.40Ado e Eva deixam o jardim do ParasoO temperamento de Caim, o qual j estava perturbado h um tempo, levou-o a perder totalmente a noo de como deveria agir. Joo diz que Caim era do maligno. Tendo-se entregado ao mal, Caim era um canal para a operao do poder de Satans, como igualmente acontecia com Saul: todas as vezes que o esprito maligno vinha sobre ele, este tentava assassinar Davi (1 Sm 18.10,11). Em uma exploso de raiva, Caim atingiu seu irmo com um golpe violento, deixando-o cado no cho, mortalmente ferido.4. Caim mentiu para DeusE disse o Senhor a Caim: Onde est Abel, teu irmo? E ele disse: No sei; sou eu guardador do meu irmo? Gnesis 4.9Algumas vezes, quando um homem comete um homicdio em um momento de ira, durante uma discusso, depois que percebe a gravidade do crime que cometeu, sente-se totalmente oprimido. Fustigado pelo remorso, ele se entrega justia, consciente de que deve pagar por seu crime. Mais frequentemente, porm, o homicida comea imediatamente a planejar como cobrir e esconder as provas que o incriminam. Ele tenta manter a polcia afastada e foge da cena do crime o mais rpido que pode. Se for preso, comea a declarar que inocente. Caim estava includo nessa ltima categoria.Deus lhe perguntara onde estava Abel. Em sua rebelio, Caim no demonstrou qualquer respeito por Deus. Sua resposta foi desafiadora: "Eu no sei. No sou bab do meu irmo". A despeito de sua atitude, Deus interrompeu suas mentiras e o denunciou, dizendo-lhe que o sangue de Abel clamava da terra.5. Caim tornou-se um erranteE agora maldito s tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mo o sangue do teu irmo. Quando lavrares a terra, no te dar mais a sua fora; fugitivo e errante sers na terra. Gnesis 4.11,1241Ado e EvaA seguir, Deus disse a Caim que ele seria fugitivo e condenado a ficar vagando pela Terra. Finalmente, Caim despertou para as consequncias do seu crime. Ele no havia demonstrado piedade por Abel. Em vez do prazer e da alegria por ter um irmo com o qual poderia compartilhar o mundo, considerou melhor ceder s suas paixes e matar o nico irmo. Caim no demonstrou remorso at o momento em que sua vida comeou a correr risco. Foi ento, muito veemente em sua defesa:Ento, disse Caim ao Senhor: E maior a minha maldade que a que possa ser perdoada. Eis que hoje me lanas da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra, e ser que todo aquele que me achar me matar. Gnesis 4.13,146. Caim estabeleceu uma civilizao mpiaEm resposta ao pedido de Caim por misericrdia, Deus lhe pe uma marca, para que no o ferisse qualquer que o achasse (Gn 4.15b).E saiu Caim de diante da face do Senhor (Gn 4.16a). Ao que parece, ele nunca deu muito valor para o relacionamento e a comunho com Deus. Infelizmente, em uma atitude atrevida e desafiadora, mentiu para Deus e foi at mesmo rude nas respostas que Lhe deu.Depois de sair da presena de Deus, Caim foi para a terra de Node. Naquela regio, ele edificou uma cidade e estabeleceu a primeira civilizao. Tal civilizao teve como base o materialismo. A indstria floresceu com o uso do ferro e do cobre; as artes eram promovidas; e a harpa e o rgo foram inventados por um dos descendentes de Caim (Gn 4.21,22). Lameque, o sexto depois de Caim, introduziu a poligamia. Ele tambm foi um assassino. Como Caim, Lameque tentou justificar seu crime. O fato de que sua vtima era um jovem uma forte indicao de que se tratou de um crime passional. Lameque declarou-se inocente, alegando legtima defesa;42Ado e Eva deixam o jardim do Parasoporm, sua bigamia pode muito bem estar relacionada com esse crime (Gn 4.23,24).E quanto a Ado e Eva?Como Eva deve ter ficado com o corao amargurado ao saber das coisas terrveis que haviam acontecido! Ela, realmente, pode ter ficado com o corao partido. De que forma, contudo, poderia esperar que as coisas melhorassem? Quando foi tentada, ela escolheu acreditar na serpente, em vez de crer em Deus. Preferiu aceitar a verso da serpente de que Deus no era justo e no se podia confiar na Sua integridade. Por meio de um ato deliberado, ela trouxera o pecado ao mundo. Agora, seu primognito tinha cometido assassinato. Abel estava morto. Caim, porm, fugira da presena de Deus, para uma terra distante. Como Eva deve ter sofrido! Ainda assim, em Sua graa, Deus deu-lhe outro filho chamado Sete. Ouvimos, ento, as ltimas palavras registradas vindas dos lbios de Eva: Porque Deus me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou (Gn 4.25b).Assim, Eva foi confortada com o nascimento de Sete. Por meio da sua linhagem, o Redentor - Aquele que esmagaria a cabea da serpente - levantar-se-ia. Ado viveu at os 930 anos de idade (Gn 5.5). Talvez Eva tenha vivido mais ou menos at essa idade. Sendo assim, os dois teriam testemunhado o desenvolvimento da civilizao mpia de Caim. Presenciaram a rpida degenerao de seus descendentes. Como Caim, assim tambm seus descendentes eram inclinados violncia. A imaginao dos seus coraes era m, continuamente.E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginao dos pensamentos de seu corao era s m continuamente. Gnesis 6.5Sem dvida, Ado e sua esposa lembravam-se, muitas vezes, dos seus dias no jardim do den. Lembravam-se com43Ado e Evagrande tristeza de como se submeteram serpente. Ano aps ano, podiam ver o que o mundo estava colhendo como consequncia do ato deles. Infelizmente, porm, o ato uma vez feito, no pde mais ser desfeito.Ado e Eva viveram para ver EnoqueQuando Ado tinha 622 anos de idade, um evento maravilhoso aconteceu. Nasceu uma criana cujo nome era Enoque. Ele foi o stimo depois de Ado. A princpio, at onde sabemos, no havia nada de especial com aquele garoto. Com o passar do tempo, contudo, ficou claro que a mo de Deus estava sobre Enoque, como no havia acontecido com outro homem. E andou Enoque com Deus (Gn 5.24a). Deus outorgou a esse homem um poderoso ministrio proftico. Ele alertou o mundo antediluviano que o juzo se aproximava:E destes profetizou tambm Enoque, o stimo depois de Ado, dizendo: Eis que vindo o Senhor com milhares de seus santos, para fazer juzo contra todos e condenar dentre eles todos os mpios, por todas as suas obras de impiedade que impiamente cometeram e por todas as duras palavras que mpios pecadores disseram contra ele.Judas 1.14,15Enoque demonstrou ser um homem que no tinha medo de repreender a impiedade do seu tempo. Ele pregou sobre o juzo do dilvio que se aproximava e mesmo sobre o advento do grande Redentor, a semente da mulher, prometida a Eva. Enoque deve ter ido muitas vezes casa de Ado e Eva, pois Ado continuava vivo durante quase toda a vida de Enoque, antes deste ser transladado. Sem dvida, Enoque ouviu Eva repetir muitas vezes o que o Senhor dissera sobre a vinda do Redentor. E muito provvel que esse "neto do neto do seu neto" tenha confortado o corao de Eva na sua velhice. Ela e seu marido no viveram para testemunhar como Deus tomou Enoque para Si, mas viveram o bastante para saber que Deus manteria44Ado e Eva deixam o jardim do ParasoSua promessa. Em alguma ocasio, eles e todos os seus descendentes teriam uma outra chance de entrar no paraso de Deus e ter acesso rvore da vida.Srie Heris do Antigo Testamento Gordon LindsayAdo e Eva - vol. 1Enoque e No: Patriarcas do dilvio - vol. 2Abrao: o amigo de Deus - vol. 3L e sua esposa - vol. 4Isaque e Rebeca - vol. 5Jac, o enganador que se tornou um prncipe com Deus - vol. 6Jac e seu filho Jos - vol. 7Jos e seus irmos - vol. 8Moiss, o libertador - vol. 9Moiss, o legislador - vol. 10Moiss: a igreja no deserto - vol. 11Moiss e seus contemporneos - vol. 12Josu: o conquistador de Cana - vol. 13Gideo e os primeiros juzes - vol. 14Jeft e Sanso - vol. 15Rute, a respigadeira e o menino Samuel - vol.16O profeta Samuel - vol. 17Saul, primeiro rei de Israel - vol. 18Saul e Jnata - vol. 19O jovem Davi - vol. 20Davi alcana o reino - vol. 21Davi: colhendo tempestades - vol. 2246Os ltimos dias de Davi - vol. 23Salomo e Roboo - vol. 24Os primeiros reis de Jud - vol. 25Os primeiros reis de Israel - vol. 26Elias: o profeta do turbilho - vol. 27Elias: o homem que no morreu - vol. 28Eliseu: aquele que recebeu poro dobrada - vol. 29Eliseu: o profeta do sobrenatural - vol. 30A revoluo e suas consequncias - vol. 31Declnio e queda de Israel e Jud - vol. 32Esdras e Neemias: o retorno da Babilnia - vol. 33Isaas: o profeta messinico - Jeremias: o profeta "choro" - vol. 34Os profetas menores: Osias a Miquias - vol. 35Os profetas menores: Naum a Malaquias - vol. 36Os 400 anos do silncio proftico - vol. 37Graa EditorialAdo e EvaImpresso feita pela Graa Artes Grficas e Editora Ltda.Miolo em papel off-set 70g/m2.Capa em papel carto supremo 250g/m2.Composio em PalmSprings.