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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico 1 ÍNDICE 1. Expediente _______________________________________________________2 Justificativa ______________________________________________________2 Moções__________________________________________________________2 Comunicações da Presidência _______________________________________2 Comunicação dos Conselheiros ______________________________________2 Comunicação do Grupo Técnico ______________________________________2 2. Proposições ______________________________________________________2 3. Ordem do dia _____________________________________________________2 3.1. Processos para Deliberação com Parecer de Conselheiro Relator ____ 3 01. Processo nº. 01018/2009 – Campinas _____________________________ 5 02. Processo nº.00805/2002 – Rio Claro _____________________________15 03. Processo nº. 00843/2003 – São Paulo____________________________ 26 04. Processo nº. 00992/2008 – São Paulo____________________________ 37 05. Processo nº. 63457/2010 – São Paulo____________________________ 46

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA

CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico

1

ÍNDICE

1. Expediente _______________________________________________________2

Justificativa ______________________________________________________2

Moções__________________________________________________________2

Comunicações da Presidência _______________________________________2

Comunicação dos Conselheiros ______________________________________2

Comunicação do Grupo Técnico ______________________________________2

2. Proposições______________________________________________________2

3. Ordem do dia _____________________________________________________2

3.1. Processos para Deliberação com Parecer de Conselheiro Relator ____3

01. Processo nº. 01018/2009 – Campinas _____________________________5

02. Processo nº.00805/2002 – Rio Claro _____________________________15

03. Processo nº. 00843/2003 – São Paulo____________________________26

04. Processo nº. 00992/2008 – São Paulo____________________________37

05. Processo nº. 63457/2010 – São Paulo____________________________46

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA

CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico

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Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico

e Turístico do Estado - CONDEPHAAT

SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

19/09/2011

Horário – 9:30 hs. – 12:00 hs.

Local – Sede da Secretaria de Estado da Cultura Rua Mauá nº 51 – 3º Andar

1. Expediente

Justificativa

Moções

Comunicações da Presidência

Comunicação dos Conselheiros

Comunicação do Grupo Técnico

2. Proposições

3. Ordem do dia

3.1. Processos para Deliberação com Parecer de Conselheiro Relator

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CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico

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3.1. Processos para Deliberação com Parecer de Conselheiro Relator

01. Número do Processo: 01018/2009 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento da Mata Nativa (Guarani Futebol Clube) Interessado: MILENE CHRISTINA BERTINATO Município: CAMPINAS Parecer do Conselheiro: Maria Tereza Paes

02. Número do Processo: 00805/2002 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento da Capela Santo Antonio e do Matadouro Municipal. Interessado: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO CLARO Município: RIO CLARO Parecer do Conselheiro: Haroldo Gallo

03. Número do Processo: 00843/2003 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento do imóvel situado na Rua Coriolano, 1313 (Antiga Fábrica Matarazzo) Interessado: LEONARDO GOMES MELO E SILVA Município: SÃO PAULO Parecer do Conselheiro: Haroldo Gallo 04. Número do Processo: 00992/2008 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento do mural localizado dentro do imóvel situado a Rua Peixoto Gomide, 1066. Interessado: INSTITUTO JOHN GRAZ Município: SÃO PAULO Parecer do Conselheiro: Haroldo Gallo

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CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico

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05. Número do Processo: 63457/2010 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento do Cine Belas Artes imóvel situado a Rua da Consolação, 2423, nesta Capital. Interessado: VIA CULTURAL – Inst. Pesq. Ação pela Cultura Município: SÃO PAULO Parecer do Conselheiro: Francisco Alambert

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CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico

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01. Número do Processo: 01018/2009 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento da Mata Nativa (Guarani Futebol Clube) Interessado: MILENE CHRISTINA BERTINATO Município: CAMPINAS Parecer do Conselheiro: Maria Tereza Paes

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CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico

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02. Número do Processo: 00805/2002 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento da Capela Santo Antonio e do Matadouro Municipal. Interessado: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO CLARO Município: RIO CLARO Parecer do Conselheiro: Haroldo Gallo

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03. Número do Processo: 00843/2003 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento do imóvel situado na Rua Coriolano, 1313 (Antiga Fábrica Matarazzo) Interessado: LEONARDO GOMES MELO E SILVA Município: SÃO PAULO Parecer do Conselheiro: Haroldo Gallo

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04. Número do Processo: 00992/2008 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento do mural localizado dentro do imóvel situado a Rua Peixoto Gomide, 1066. Interessado: INSTITUTO JOHN GRAZ Município: SÃO PAULO Parecer do Conselheiro: Haroldo Gallo

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05. Número do Processo: 63457/2010 Assunto: Solicita abertura de estudo de tombamento do Cine Belas Artes imóvel situado a Rua da Consolação, 2423, nesta Capital. Interessado: VIA CULTURAL – Inst. Pesq. Ação pela Cultura Município: SÃO PAULO Parecer do Conselheiro: Francisco Alambert

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PROCESSO CONDEPHAAT 63457

2011

• Parecer Técnico UPPH nº GEI-26-2011

• Data do Protocolo: 11/01/2011

• Interessado: VIA CULTURAL – Inst. Pesq. Ação pela Cultura

• Assunto: Pedido de Tombamento do Cine Belas Artes – São Paulo

• Proprietário: F lávio Maluf

Senhora Coordenadora,

Trata-se da solic itação, em caráter de urgência, do estudo de tombamento

do Cine Belas Artes, à Rua da Consolação no. 2423, São Paulo, como

“PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL INESTIMÁVEL DA CIDADE DE SÃO

PAULO.” (f l. 04), com entrada no Protocolo deste Órgão em 11 de janeiro de

2011.

Já no dia 12 subseqüente foi anexada nova documentação aos autos, com

solic itações no mesmo sent ido, do Exmo. Senhor Vereador Gi lberto Natalini

(f ls. 08 e 09) e da APACI – Associação Paulista de Cineastas (fls. 14 e 16),

assim como juntadas inúmeras cópias de artigos e matérias da imprensa

escrita favoráveis à preservação da função de c inema naquele local. (f ls. 17

a 97). Em 1 de fevereiro ainda se acrescentaram pró Belas Artes os of íc ios

de João Manoel da Costa Neto (f l. 134), Assessor Parlamentar e do I lmo.

Sr. Carlos Giannazi, Deputado Estadual.

O mesmo pedido foi feito em caráter extraordinário ao Órgão de

preservação do Patrimônio Munic ipal – CONPRESP – que pela premência da

demanda levou à consideração do Conselho a inc lusão do pedido na

primeira reunião do ano de 2011. Acatada a solic itação, o CONPRESP

concluiu pela abertura de processo de tombamento do edif íc io que abriga o

Cine Belas Artes, como medida inic ia l, cautelar e de proteção provisória.

A motivação para tamanho empenho decorreu do anúncio de fechamento do

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tradic ional Cine Belas Artes, na Capital, já em 27 de janeiro deste, por

conta da não renovação de contrato do proprietário do estabelec imento com

os locatários.

Considerado um dos últ imos cinemas de rua da cidade, dotado de perf i l

diferenciado de programação e localizado em ponto privi legiado – o

cruzamento da Rua da Consolação com a Avenida Paulista – efet ivamente o

Belas Artes, enquanto sala de projeção, é uma referência na cartograf ia

cultural paulistana.

Registre-se, desde já, que raramente foi observada na Capital tamanha

mobil ização da sociedade c ivil, c lasse art íst ica e representantes

inst ituc ionais, em favor da preservação do uso de um espaço cultural da

cidade, como se deu neste episódio do tradicional Cine Belas Artes.

Em passado já distante, do ano de 1975, ass ist iu-se a episódio histórico

deste envolvimento da população paulistana em defesa de patrimônio

relevante para a cidade e para o Estado: a grita pelo tombamento da

tradic ional Escola Normal Caetano de Campos, ameaçada de demolição em

favor da construção de uma estação do Metrô, na Praça da República.

Af inal, se tratava da escola pioneira do Ensino Normal na República

nascente, de 1894, com projeto arquitetônico de Ramos de Azevedo.

A edif icação balizava simbolicamente a la ic ização do novo regime e do

espaço, uma vez que, para sua realização, se preteriu a verba dest inada à

construção da nova Catedral da Sé, em favor da edif icação de uma Escola.

Coinc identemente, a Escola Normal Caetano de Campos, hoje tombada, se

localiza na Praça da República, protagonizando a ênfase na Educação, como

projeto da nova Ordem republ icana.

Bastante diverso é o caso do Cine Belas Artes. Na Caetano, se defendia um

monumento de alvenaria de extrema visibil idade, naquela altura quase

secular e de ressonância cultural inegável na Cidade, no Estado e mesmo no

País; hoje, se debate pela preservação de uso de um espaço, cultural sem

dúvida, mas enquanto programa de sala de projeção, de certa forma quase

anacrônico , se pensarmos na realidade das salas c inematográf icas da

atualidade e na adaptação precária das salas de seu interior.1

Curiosamente, a exemplo da defesa da Caetano de Campos, também no

episódio do Belas Artes a mídia foi altamente mobi lizada e deu espaço ao

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tema, colocando-o na pauta dos princ ipais veículos da imprensa escrita,

falada, televis ionada e on line. Leve-se em conta que a atenção dispensada

ao assunto se deu em meio ao mês de Janeiro, tradic ionalmente carente de

notíc ias midiát icas retumbantes, por conta do longo período de fér ias que

sucede às festas da virada do ano, com recesso de Instituições do

Legislat ivo, Judiciário e mesmo do Executivo. Entre a posse da Presidenta

Di lma e as lamentáveis e recorrentes enchentes e desmoronamentos de

áreas de r isco, por conta das chuvas de verão, houve espaço para se deter

e defender a manutenção de uso do Cine Belas Artes.

A ampla cobertura veiculou breves históricos do tradic ional c inema, que se

inic iou em 1952, e também colocou em cena o direito legít imo do

proprietário do imóvel – Sr. F lávio Maluf - em não renovar o contrato de

seu locatário. No caso, o locatário é o cineasta e formador cultural André

Sturm, em sociedade com Fernando Meirelles.

Desde 2003, André Sturm, também diretor da Pandora Filmes, é o

responsável pela programação do Cine Belas Artes, reconhecido pela

qualidade de sua Curadoria na seleção de fi lmes importantes do repertório

cinematográf ico, independente, inclus ive, do retorno de mercado por suas

projeções. A despeito da bilheteria, sozinha, não fechar as contas do

negócio, o apoio via patrocínios de entidades culturais de peso - HSBC

entre outros - garant ia o funcionamento do local, enquanto sala de

projeção.

A este propósito, reproduzimos algumas manchetes dos órgãos da grande

imprensa nestes dias correntes:

O Inquilino mais querido da cidade

(O Estado de S. Paulo 16 de janeiro de 2011)

Um ciclo para deixar saudades

(O Estado de S. Paulo 14 de janeiro de 2011)

Adeus. Belas Artes se despede da Consolação com retrospectiva.

(Guia Folha 14 a 20 de janeiro de 2011)

Salve o Cinema

(D Divirta-se, caderno de programação semanal de O Estado de S. Paulo, edição 16.)

Concomitante, várias passeatas foram igualmente conclamadas, com muitos

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adeptos, também reproduzidas pela mídia, em espetáculo de mobil ização

pouco visto na c idade, por conta de um equipamento cultural.

Diga-se que a estratégia do inqui l ino, no quadro de término do Belas Artes,

foi hábil e mobil izadora. Anunciou-se para antes do descerrar def init ivo das

portas, previsto para o dia 27, uma retrospect iva de arrasar, “só para

mostrar a falta que (o c inema) fará à cidade”. (O Estado de S. Paulo,

14.01.2011)

De fato, a programação condensada enfi leirou c láss icos e f i lmes notáveis,

em mostra que se estendeu do dia 14 a 27 de janeiro, d ia do encerramento

das atividades. E mais: anunciou para a sexta (21), uma edição extra de

cinco fi lmes para o Noitão, programa que às sextas feiras projetava f i lmes

noite adentro. Esta especia l programação, em período de fér ias e de lazer

na Capital, aglut inou não só cinéf i los, mas jogou mais luz sobre a iminência

do término das salas do Belas Artes, aguçando a curios idade sobre sua

história, mobil izando redes de comunicação e s ites, que divulgaram

passagens desconhecidas e esquecidas do grande público, a lus ivas ao

“tempo do Belas Artes”.

A manifestação do Prefeito Gilberto Kassab, favorável à permanência do

Belas Artes como c inema e naquele endereço, forneceu o aval necessário

para que os af ic ionados da causa sent issem respaldo para investidas

inst ituc ionais.

Ass im, ato cont ínuo, no calor da defesa da causa e, de certa forma

equivocadamente, cogitou-se do ato do tombamento como “único

instrumento” impedit ivo da mudança de uso do estabelecimento, decisão

eventualmente viabil izadora da manutenção do Belas Artes em

funcionamento naquele local.

Solic itações de aberturas de estudos de tombamento foram imediatamente

providenciadas aos órgãos do setor, a exemplo do CONPRESP e deste

CONDEPHAAT, num entendimento enviesado do real s ignif icado do instituto

do tombamento; em outros termos, do uso inapropriado de recurso legal,

que no caso deste Órgão estadual, só se aplica a manifestações e

representações efetivas de importância cultural para o Estado, cuja

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legis lação sobre o patrimônio imateria l ainda está em fase elaboração.

Com o debate na ordem do dia, a mídia também apontou justif icativas

coerentes que minimizavam a necessidade de preservação do Belas Artes.

Uma delas, no quadro do “fecha não fecha”, just if icava:

(o Cine Belas Artes) deixará saudades? Provavelmente não muita,

se pensarmos nos atuais e bem equipados multip lex dos shoppings

centers e os compararmos com o desconforto do velho complexo.

De labirínticos corredores e minúsculas salas claustrofóbicas no

subsolo – a Carmem Miranda e a Mário de Andrade, com 97 e 88

lugares, respectivamente. Ficará, s im na lembrança e na memória

afet iva dos cinéfi los por seu passado de glória, inic iado em 1967,

quando deixou de ser o Cine Trianon para se tornar o Cine Belas

Artes (...) onde f izeram tremendo sucesso fitas emblemáticas e

hoje c lássicas, como Morte em Veneza (1971), do ital iano Luchino

Viscont i, Corações e Mentes (1974), do americano Peter Davis, O

passageiro: prof issão repórter (1975) do italiano Michelangelo

Antonioni, Cria Cuervos (1976) do espanhol Carlos Saura e a Lei do

desejo (1987) do também espanhol Pedro Almodovar. (Veja SP ,

12/01/2011)

Em 18 de janeiro deste, uma nota do caderno “Metrópole” do jornal O

Estado de S. Paulo, s inalizava que o assunto fora, em princípio, acolhido

pelo CONPRESP. Em sua primeira reunião do ano, o Conselho acatava a

abertura de estudo de tombamento, assunto que segundo a imprensa fora

colocado “a toque de caixa na pauta”. (Estado, 18.01.2011, C12).

Ass im, com este sopro de sobrevida, se encontra a demanda também

encaminhada a este Condephaat e objeto deste parecer. Nesse sent ido,

passamos a ponderar sobre o mesmo.

Do Trianon ao Belas Artes: notas preliminares

O Belas Artes bal iza especial etapa da história da programação e

efervescência c inematográfica em São Paulo. Concebido em 1952,

especia lmente para o programa de uso cinematográfico e para sediar o Cine

Trianon, mereceu a partir de 1967 – quando se tornou Cine Belas Artes - a

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curadoria de exibição de Dante Ancona Lopes, divulgador do dito “c inema

de arte” em São Paulo. A expressão é controversa, entendendo determinada

corrente, que a denominação f i lme de arte:

(...) foi dada pelos exibidores (que são comerciantes) para designar, na década de 50, os f i lmes de tomadas demoradas, sem ação, quando da explosão no mercado das obras de Ingmar Bergman, Michelangelo Antonioni, Robert Bresson, Roberto Rossel l ini, entre tantos outros. Os exibidores é que denominaram estes de f i lmes de arte porque f i lmes que não at ingiam muito público, e o mercado, restr ito, dominado pelo cinema americano. Queriam eles d izer, na verdade, se t ivessem mais noção da arte do f i lme, que os f i lmes de arte se caracterizavam pela ref lexão em detr imento da ação (...)2

A despeito desta percepção tomada tão só na perspect iva do mercado, a

origem do Belas Artes, voltada para o “cinema de arte”, já impregnou suas

salas do diferencial de programação e explica, em parte, a legião de

af ic ionados que hoje se debatem por sua manutenção. Com propriedade,

Carlos Augusto Cali l s itua o papel de Ancona Lopes (SP/1909 – SP/1977) no

quadro dos exibidores da época:

Dante foi nosso melhor exibidor. Sem seu exemplo São Paulo não se ter ia tornado uma capital do c inema, uma Cinecittà, cuja programação r ivaliza hoje com os grandes centros estrangeiros.

Mais que isso:

Dante teve a qualidade de atuar de maneira diferenciada junto aos ramos de distribuição e exib ição, o que fez com que ele viesse a se projetar entre seus colegas de profissão. Sua ação pioneira foi decis iva para a formação de um circuito de exibição que fosse capaz de atender a um público mais exigente e crít ico em relação à produção f í lmica como um todo.3

Deve-se a Dante Ancona Lopes a criação do Cine Coral, em 1951, primeira

experiência bem-sucedida na implantação de uma sala totalmente voltada

para o público amante do chamado f i lm d’art. A inic iativa inovadora do

Coral serviu de modelo para a instalação de outras salas de arte pelo resto

do país. Entre elas, o Cine Belas Artes.

Registre-se ainda que por algum tempo, o Coral também abrigou a sede da

Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), criada em 1962, para apoiar a

Fundação Cinemateca Brasileira. Além de Dante Ancona, entre os membros

fundadores da SAC, encontravam - se naquela inic iat iva o exibidor

Florent ino Llorente, o produtor Oswaldo Massaini, intelectuais como Paulo

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Emilio Sal les Gomes, Francisco Luiz de Almeida Salles, Flávio Rangel, Rudá

de Andrade, Jean-Claude Bernardet e polít icos, como Roberto de Abreu

Sodré.

Na década de 1960, Dante estendeu sua especial programação de arte para

os c ines Picolino, Scala e Trianon. Este últ imo seria transformado naquela

que certamente foi a realização de maior peso do decano programador: o

Cine Belas Artes.

Aberto ao público no dia 14 de julho de 1967, o Belas Artes - a mais ampla

sala de f i lmes de arte da América do Sul, com seus 1200 lugares4 -, se

tornou caudatário natural da efervescência c inematográfica daquele período

e se converteu em uma referência de amplo alcance. Por sua vez, o antigo

Cine Scala passou a se chamar Belas Artes Centro, sendo que ambos os

Belas Artes recepcionaram as sessões organizadas pela SAC.

Consta que quando se tornou Belas Artes a sala foi d ivid ida em duas, que

em breve viraram três. Pelo relato de Eder Mazini, diretor do Escritór io de

Cinema de São Paulo – ECINE SMC-G, sabe-se que:

o subsolo do c inema passou a ser a sede da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), capitaneada por Bernardo Vorobow, e virou casa de toda uma geração de c ineastas e artistas. Uma casa com jeito de quit inete, pequena para suas 60 poltronas, mas celeiro de grandes idéias e fonte de referências para o resto da vida. "Aquele porão se transformou num reduto do c inema experimental da época", af irma o diretor Carlos Reichenbach”.5

Após um incêndio o local passou por nova reforma e reabriu com seis salas,

em 1983, com o nome de Gaumont Belas Artes, tornando-se o primeiro

multiplex do País.

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A despeito da má qual idade, esta é uma das raras fotos com a denominação Gaumont Belas Artes. Fonte: ECINE

Vale lembrar que a conjuntura de emergência do Belas Artes, no ano de

1967, já o insere em especial e delicado momento da história do País, uma

vez que, em ação durante os Anos de Chumbo, figurou como espaço

diferenciado de projeção artíst ica, a despeito da severa censura em curso.

Logo, a programação inovadora e quali f icada, ass im como sua quase “ l ivre

expressão”, em tempos de controle da mensagem e da comunicação,

agregaram ao Belas Artes signif icados especia is em termos da memória do

entretenimento e da sociabil idade da Metrópole. Nesse sent ido, cabe

mencionar o trabalho de mestrado do geógrafo Eduardo Baider Stefani,

int itulado A geograf ia dos c inemas no lazer paulistano contemporâneo, onde

o autor confirma os vínculos entre afetiv idade, sociabi l idade e espaços

f ís icos, a exemplo do que parece i lustrar o “lugar” do Cine Belas Artes.6

Para além da especialidade e conteúdo de sua programação, acreditamos

que “o lugar” de implantação do Belas Artes, vale dizer, dos edif íc ios

Chipre, Gibraltar e Cine Belas Artes concorreu e muito para atração,

ampliação e consolidação de sua freqüência, vocacionando aquela esquina

para o entretenimento e direcionando para o Cine Trianon, depois Belas

Artes, público f iel e diferenciado. Eram famosas as f i las que se formavam

em suas bilheterias e que, na seqüência, se dispersavam pela espera da

sessão nos bares fronteiros: Riviera e Ponto 4.

Por esta razão, para além da memória socia l de uso tão prezada deste

espaço de projeção, outra vertente possível de leitura de eventuais

significados do Belas Artes, demanda olhar para a paisagem urbana da qual

é parte e conforma, passível de nos remeter para novos dados de

significação do bem em apreço.

Agora, não exatamente, ins ist imos, quanto a seu uso, mas pelo potencial do

quadro urbanístico no qual se insere e é parte, pelo “lugar de encontro” que

gerou, conferindo especial d inâmica para uma das esquinas tão

marcantemente paulistanas, a exemplo daquela que – guardadas as

diferenças temporais e de s ignificados – celebrizaram a esquina da Avenida

Ipiranga com a Avenida São João.

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Na paisagem urbana, um ponto dinâmico de confluências

Tentando ampliar o foco e inferir outros signif icados neste “patrimônio” tão

pranteado nas últ imas semanas que antecedem seu fechamento, alteramos

o zoom, até aqui apenas direc ionado para o Belas Artes e que, na breve

pesquisa realizada para este texto, não revelou s ignif icação just if icável de

preservação para o Estado.

Nesta visada mais ampla, procura-se percebê-lo como parte de uma

paisagem urbana e cultural maior: aquela conformada por uma esquina,

sem dúvida emblemática da vida da c idade, onde se encontram as

importantes artérias da Rua da Consolação e da Avenida Paulista, área que

melhor focada resulta em significativo lugar de história e memória da

Capital.

Nas últ imas décadas, desde que a Avenida Paulista foi a lçada a espaço de

celebração por excelência da cidade, aquela confluência figura como local

imprescindível para seu acesso, pontuando o encontro das importantes

Avenidas Rebouças, Dr. Arnaldo e Rua da Consolação. O traçado desta

últ ima, inc lus ive, remonta ao século XVI, então denominado "Caminho de

Pinheiros", estrada de trânsito cont ínuo pelas tropas que demandavam o

sertão. Naquele ponto, no alto do espigão, se cruzavam o “Caminho de

Pinheiros”, com a portentosa floresta do Caaguassu, então mata primária da

atual Avenida Paulista. Hoje, a vocação de importante passagem desta área

se mantém, por meio de avenidas urbanizadas que unem vários lados da

cidade, reproduzindo o centro nervoso de trânsito adensado de carros e

pedestres, passagens subterrâneas e alças de acesso viário, referência

potencializada de ponto de encontro e programas culturais múlt iplos.

Sublinhe-se que al i se deram as primeiras s inalizações de uso comercia l e

vert icalização da área no traçado da Avenida Paulista, até então

reconhecida como de uso exclusivamente res idencial.

Antes mesmo do Conjunto Nacional, de 1954, ali instalaram-se, de cada

lado da Rua da Consolação, dois importantes exemplares de arquitetura

moderna da c idade: o Edif íc io Anchieta, dos irmãos Roberto, em 1941, e o

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os edifíc ios Chipre, Gibraltar e então Cine Trianon, de 1952, projeto do

arquiteto italiano, naturalizado brasileiro, Giancarlo Palant i (Milão, 26 de

outubro de 1906 - São Paulo, 30 de setembro de 1977). Interessa-nos

preliminarmente este últ imo.

Palanti, formado pela escola Politécnica de Milão, em 1929, chegou ao

Brasil no pós-Segunda Guerra e atuou como arquiteto, urbanista e designer.

Reconhecido como expoente da arquitetura rac ionalista italiana, integrou o

grupo rac ionalista da arquitetura moderna em São Paulo, projetando vários

edif íc ios de qualidade na Capital. Quando da concepção do Chipre, Gibraltar

e Cine Trianon, Palant i trabalhava como diretor da Seção de Projetos da

Construtora Alfredo Mathias.7

I lustração do projeto de Giancarlo Palant i para o

Cine Trianon (atual Cine Belas Artes) e os edif íc ios Chipre e Gibraltar. Autoria da perspectiva

art íst ica não identif icada (Arquivo Giancarlo Palant i) Fonte: SANCHEZ, Aline Coelho. Op. Cit.

Indíc io da importância do conjunto arquitetônico foi sua publicação na

revista Acrópole, em 1956, cujos créditos são tr ibutados apenas à

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Construtora Alfredo Mathias S. A. como a autora do projeto e da

construção, e a Giul io Rosso, como o autor da decoração.

Aline Coelho Sanches, em seu texto “Notas sobre a arquitetura do Cine

Belas Artes”, esclarece que Palanti, naquela altura, como arquiteto

estrangeiro não podia legalmente ass inar seus próprios projetos. Assim, é

compreensível que os créditos da Acrópole tenham sido dados apenas à

construtora, assim como é provável que mesmo contando com o desenho

de Giancarlo Palant i, o edif íc io do Cine Belas Artes tenha a assinatura de

outro prof iss ional em documentos of ic ia is.8

As imagens da revista Acrópole são eloquentes da qualidade do projeto, no

transcorrer dos anos de 1950:

Fachada, Cine Trianon (atual Cine Belas Artes), São Paulo Autoria da foto não identif icada (Acrópole, n. 215, set. 1956, p. 448

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Foyer, Cine Trianon (atual Cine Belas Artes), São Paulo Autoria da foto não identif icada (Acrópole, n. 215, set. 1956, p. 448

Escada, Cine Trianon (atual Cine Belas Artes), São Paulo Autoria da foto não identificada (Acrópole, n. 215, set. 1956, p. 448)

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Tela, Cine Trianon (atual Cine Belas Artes), São Paulo Autoria da foto não identificada (Acrópole, n. 215, set. 1956, p. 449)

Tela, Cine Trianon (atual Cine Belas Artes), São Paulo Autoria da foto não identificada (Acrópole, n. 215, set. 1956, p. 449)

Do outro lado da rua

De um lado da rua, a obra de Palant i, no projeto arquitetônico dos edif íc ios

Chipre, Gibraltar e Trianon, pontuava a estét ica rac ional moderna na

fachada e interior da nova sala c inematográfica, enquanto a decoração,

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também de trato luxuoso, correspondia ao requinte esperado do local.

Palanti compôs harmoniosamente com a construção do outro lado da rua, o

preexistente e notável Edif íc io Anchieta, que também contribuiu para

conformar a potencializada esquina da Consolação com a Paulista.

Ainda em iníc ios do século XX, o vasto lote que se estendia da Avenida

Angélica até a Rua da Consolação fora ocupado pelo palacete do industr ial

português Pereira Inácio, de vastas dimensões e sofist icado programa de

uso. Neste local e antecedendo o projeto de Palant i, ainda ao tempo da II

Guerra, foi erguido em 1941, o Edif íc io Anchieta, projeto dos cariocas

irmãos Roberto, que conceberam na Avenida Paulista uma das primeiras

referências da arquitetura moderna em São Paulo, que, segundo Carlos

Lemos, f igura:

sem dúvida, (como) o primeiro modelo, não só pelos seus

apartamentos duplex como pelas past i lhas color idas em painéis

horizontais ritmados, a lém do pilot is, a grande novidade.9

Edifíc io Anchieta, em 1941. Edifíc io Anchieta. c. 1980 À dir., no térreo, o Bar Riviera.

Destaque-se no térreo do Anchieta, com entrada pela Rua da Consolação, a

existência memorável do Bar Riviera, em frente ao Belas Artes, fundado em

1949.

A princ íp io voltado para uma cl ientela elit ista, em f ins dos anos de 1960 e

durante toda a década de 1970 mudou de perf i l e viveu seu período de

grande efervescência revolucionária, fest iva e etí l ica. Ali se reuniam

estudantes, intelectuais e militantes contra a repressão. Como assíduos

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freqüentadores estavam Toquinho, Chico Buarque, os irmãos Caruso, José

Dirceu, membros da UNE, da Polop - a organização c landest ina -, entre

tantos.

O bar foi imortal izado por Angeli, com sua personagem Rê Bordosa e o local

pode ser ainda revisto em sua atmosfera boêmia no youtube, em tomada de

cena de f i lmagem com Antonio Fagundes, José Wilker e uma jovem Glória

Pires.10 Mas o Riviera era também destino natural do pessoal que saía do

Cine Belas Artes.

A gente saía do cinema e ia direto para o Riviera, para ficar

comentando o f i lme”, diz Dina, jornalista. Albert inho Lira lembra-se

de que pulavam uma divisória do canteiro central da Consolação,

para chegar mais depressa ao bar”. A seu lado, havia outro bar

agitado, o Ponto 4. A c lientela ia e vinha de um para outro e a

políc ia “baixava e pegava o pessoal em trânsito”. Aliás, a presença

do DOPS e dos delegados Sérgio F leury e Erasmo Dias também

foram registradas no Riviera, por conta da caça implacável aos

“subvers ivos. 11

Com a abertura polít ica, a partir de 1985, sua freqüência diminuiu e entrou

em decadência, fechando as portas após 56 anos de presença na noite

paulistana. Não adiantou ser o bar da Rê-Bordosa do Angeli, do Belas Artes,

de Chico Buarque e do Fernando Henrique nos idos dos 70.

O Bar Riviera e sua escada circular e retrô, seus t ijolos de vidro,

o garçom Juvenal e o Renato (derradeiro dono) cof iando os bigodes. Fonte: Riviera Fotos.

Afastando-se um pouco da esquina da Consolação, mas fazendo parte do

“pedaço”, na quadra delimitada pela Avenida Paulista, Rua Augusta,

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Alameda Santos e Rua Padre João Manuel, emergiu outra baliza marcante do

novo cenário vert ical izado e comercial da área, com a inauguração, em

1954, do Conjunto Nacional, de autoria do arquiteto David Libeskind. Em

seu lote na Avenida Paulista, até então, implantava-se, majestosa, aquela

que é t ida como a primeira casa art-nouveau da c idade, de propriedade de

Horacio Sabino, com projeto de Victor Dubugras.

A subida para o espigão

Não obstante este pontilhar de vert ical ização e comércio da Paulista, dos

anos de 1940 e 1950, é só a partir da década de 1960 que se ass iste à

mudança de uso radical da área.

Data dos anos de 1960 o êxodo inic ial de parte do comércio do Centro para

o alto do espigão, exatamente nas viz inhanças do atual Belas Artes. A

começar pela elegante Casa Sloper, até então na Rua Direita e do Fasano,

que da Vieira de Carvalho se instalava no próprio Conjunto Nacional.

Registre-se, a inda, em 1963, a mudança da tradicional casa de modas e

peleteria, a Peleteria Americana, s ituada desde 1930 na rua Barão de

Itapet ininga, para o Conjunto Nacional, passando a chamar-se Maison

Madame Rosita.

No ano seguinte instalava-se, no . 2.295 da Paulista, em sede própria, com

estufa c limat izada especial para as suas peles.

Em termos de memória daquela área – isto é, daquela def inida pelo

penúlt imo quarteirão da Paulista - algumas lembranças marcam seu

passado, bal izando o tempo do espaço res idencial dos primeiros anos, sua

vert icalização nos anos de 1940/60 e a consolidação da zona comercia l por

excelência, que sobreveio a partir dos anos de 1960/70, área de transito

múltipo de novas “tribos urbanas”. Uma delas, dos af ic ionados do “c inema

de arte”, do Belas Artes.

Da primeira fase, de iníc ios do século XX, sabe-se que lá se erig ira o

palacete do industria l português Pereira Inácio, que ocupava todo o

quarteirão entre a Angélica e a Consolação; da fase intermediária, da

vert icalização, implantaram-se harmoniosamente, de um lado, o edif íc io

Anchieta, do outro, o conjunto de edif íc ios Chipre, Gibraltar e Cine Trianon.

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Para quem sobe a Avenida Rebouças para descer a Consolação, ambos

permitem bela visual de acesso, f igurando como um portal de ingresso rumo

ao Centro, quase como se ambos fossem sent inelas.

Registre-se ainda, como interferência viár ia no local, a construção, em

1972, de uma passagem de pedestres embaixo da rua do Consolação, onde

são realizadas exposições diversas.

Concluindo

Com este breve elencar de marcos da área tentamos identif icar alguns

possíveis s ignif icados para o Belas Artes, inc lus ive recompondo parte da

paisagem urbana onde se insere. Nela, a lguns elementos até permitem

inserí-lo em histórico e plasticamente qualif icado ponto de confluência

viária e socia l da c idade; ass im como tomá-lo como referência de lugar de

celebração e lazer da Capital.

Não obstante, se, de certa forma, se pode recompor até um cenário de

interesse na trama urbana da Sao Paulo contemporânea, o mesmo não se dá

para o quadro cultural do Estado. Nesta últ ima perspectiva, não foram

ident if icados – salvo melhor juízo - atr ibutos passíveis de atestar

importância ao Cine Belas Arteas, seja quanto a seu espaço f ís ico e

sobretudo, quanto à força de propagação de seu uso.

Não é suf ic iente a referência qual if icada e pioneira da arquitetura moderna,

definindo a paisagem urbana onde se insere. A despeito da r ica vivência

daquela esquina, no passado e no presente, efetivamente também não se

tem ali, a atmosfera imortalizada por Vanzolini em Ronda e, em 1978, por

Caetano Veloso, quando compôs Sampa, com os versos: "alguma coisa

acontece no meu coração/que só quando cruzo a Ipiranga e avenida São

João.”

Novas e vindouras gerações até poderão infer ir naquele “pedaço” um ethos

especial, evocativo do lado Blade Runner da cidade, da São Paulo ainda

autofágica, mas também vanguardista, da qual o Belas Artes é até parte.

Inclus ive inc idem ali os graf iteiros que colorem o c inza da c idade, assim

como os ambulantes que vendem os mais sofist icados softwares,

manifestações e práticas que s ingularizam o “lugar do Belas Artes”. Que foi

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e é o lugar de “tribos urbanas” que dizem respeito tão só á Metrópole

paulistana.

Nesse sent ido, e arrematando um argumento f inal pert inente aos critér ios

de atuação legal deste Condephaat, o Belas Artes não gerou

desdobramentos de sua atuação no interior do Estado. Alguns c ineclubes

até existem em munic íp ios paul istas, mas, não propriamente inspirados ou

decorrentes do modelo e da programação do Belas Artes. Mesmo o recente

Festival Cinematográf ico de Paulínia, tudo indica, atende a outra demanda

da produção e projeção c inematográficas brasileiras.

Logo, procuramos levantar aqui pontos representativos da trajetória do

Belas Artes, a exemplo de ser:

• um dos primeiros c inemas com programação voltada para fi lmes de arte;

• espaço pensado inic ia lmente para c inema, dotado de tradição de uso, de autoria do arquiteto Giancarlo Palanti;

• lugar de vivência pol ít ica e boêmia cultural das décadas de 1960/70/80;

• parte de uma paisagem cultural dotada de qualidade arquitetônica.

Estes atributos, contudo, l imitam-se tão só a signif icados afetos à c idade de

São Paulo, não figurando como vetores ou repl icando-se no interior do

Estado.

Nesse sent ido, e a despeito de possível ambivalência que possa ser

depreendida do presente parecer, somos favoráveis ao arquivamento

deste dossiê preliminar. Afinal, a ambivalência se faz presente a priori ,

no pedido inic ial, solic itando o tombamento como “PATRIMÔNIO MATERIAL E

IMATERIAL INESTIMÁVEL DA CIDADE DE SÃO PAULO.” (f l. 04), def inindo o

âmbito munic ipal de sua importância, no próprio entendimento dos

interessados.

Isto posto, espera-se que a competente e at i lada gestão do Conpresp,

invest igue e analise com pluralidade técnica e generosidade, a demanda

deste ato c ívico pouco comum de mobil ização pela defesa do patrimônio

cultural da cidade. Não será demais lembrar, porém, que o tombamento

“per s i” não resolve o problema, se t ivermos presente que das sete salas de

cinema tombadas pelo CONPRESP - Art Palác io, D. José, Ipiranga, Marabá,

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Marrocos, Petrópolis e Paissandu - somente o Marabá está ativo e com

programação divers if icada.

Na sequência, fotos atuais do Cine Belas Artes e adjacências, t iradas no

mês de janeiro e capturadas do s ite Vitruvius e de autoria de Abí l io Guerra.

Ana Luiza Mart ins UPPG/GEI/CET 27 de Janeiro de 2011

Edifíc ios Chipre e Gibraltar, São Paulo, com Cine Belas Artes ao lado

Foto Abil io Guerra. 2011

Cine Belas Artes

Foto Abilio Guerra. 2011

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NOTAS

1. Certo que nosso trabalho implica em trabalhar com anacronismos de todo o teor, importando na preservação de exemplares de forte carga cultural alus ivos a formas e práticas culturais do passado. Nesse caso, contudo, não se está diante de um modelo de c inema qualif icado na forma. Mesmo enquanto c inema de rua, o Belas Artes demanda ampla reforma de seu interior para se tornar exemplar de programa de uso de sala de cinema. 2. SETARO, André, cr ít ico e professor de comunicação na Univers idade Federal da Dahia. In: Terra Magazine. Acessado em 21.01.2011

3. CALIL, Carlos Augusto e all i. Organização da mostra Dante Ancona Lopez, criador do c inema de arte em São Paulo. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2003, s/p.

4. TOMAZZONI, Marco. “Belas Artes é símbolo do cinema de arte em São Paulo”. http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/belas+artes+e+simbolo+do+cinema+de+arte+em+sao+paulo/n1237930672558.html

5. Parecer do Ecine – Escritório de Cinema de São Paulo ao CONPRESP, de 17 de janeiro de 2011.

6. STEFANI, Eduardo Baider. A geografia dos cinemas no lazer paulistano contemporâneo. São Paulo: Mestrado Geografia Humana FFLCH - USP, 2003.

7. Palanti trabalhou também com Henrique Mindlin, com quem projetou a agência paulistana da KLM, o edifício do Bank of London and South America, na rua XV de Novembro, ambos inaugurados em 1959. Assinou com Henrique Mindlin e equipe o pavilhão do Brasil na XXX Bienal de Veneza e o projeto para o Plano Piloto de Brasília, classificado em quinto lugar.[7] Sua parceria com Mindlin perdura até 1966. SANCHEZ, Aline Coelho. “Notas sobre a arquitetura do Cine Belas Artes”. In: http://agitprop.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/11.040/3729ES. Acessado em 21.01.2011.

8. Idem

9. LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. O modernismo arquitetônico em São Paulo (1). Arqtextos. In: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.065/413.

10. Para visualizar cenas do filme acessar: www. youtube.com/watch?v=OCanIjVieF

11. Sanches, Valdir. “A casa na Rua da Consolação (...)”. In: Jornal O Estado de S. Paulo, 26 de abril de 2006.

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BIBLIOGRAFIA

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BARRO, Máximo. Caminhos e descaminhos do cinema paulista: a década de 50. São Paulo: 1997.

GALVÃO, Maria Rita Eliezer. Crônica do Cinema Paulistano. São Paulo: Ática, 1975.

SALVADORE, Waldir. São Paulo em preto & branco: cinema e sociedade nos anos 50 e 60. São Paulo: Annablume, 2005.

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SOUZA, José Inácio de Melo. Imagens do Passado: São Paulo e Rio de Janeiro nos primórdios do cinema. São Paulo: SENAC, 2004.

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