Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    MARIA DE FTIMA RODRIGUES RIBEIRO

    GRAFISMO INFANTIL: Uma anlise do processo de desenvolvimento do

    desenho infantil de crianas de 0 a 12 anos

    BELM PA

    2002

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    MARIA DE FTIMA RODRIGUES RIBEIRO

    GRAFISMO INFANTIL: Uma anlise do processo de desenvolvimento do

    desenho infantil de crianas de 0 a 12 anos

    Trabalho de Concluso de Curso apresentadoao curso de Educao Artstica-Habilitao emDesenho, do Centro de Cincias Exatas eTecnologia, da Universidade da Amaznia,como requisito parcial, para obteno do grauem licenciado, orientado pelo professor OnofreArcleidy Pereira.

    BELM PAR

    2002

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    MARIA DE FTIMA RODRIGUES RIBEIRO

    GRAFISMO INFANTIL: Uma anlise do processo de desenvolvimento do

    desenho infantil de crianas de 0 a 12 anos

    Avaliado por:

    _______________________________________Prof. Orientador: Onofre Arcleidy Pereira

    _______________________________________

    Profa. Ms. Ana Del Tabor Magalhes

    _______________________________________

    Profa. Esp. Carla Milena G.Gonalves

    BELM PAR

    2002

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    minha me.

    Ao meu namorado Antnio Pinho.

    Aos colegas de turma e aos professores do

    Curso de Educao Artstica - Habilitao emDesenho.

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    A Deus por ter me mantido forte e iluminado

    meus caminhos.

    Coordenadora do Curso de Educao

    Artstica da UNAMA, Profa. Ms. Ana Del Tabor,

    pelo incentivo e apoio recebidos durante ocurso

    Ao professor Arcleidy, pelo auxlio

    compreenso e, sobretudo pela confiana

    depositada em mim, durante todo o processo

    de desenvolvimento do trabalho.

    direo e aos alunos da Creche - EscolaCriarte e Centro Educacional Marirray.

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    Antes eu desenhava como Rafael, mas eu

    precisei de toda uma existncia para aprender

    a desenhar como as crianas.

    Picasso

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    RESUMO

    O trabalho mostra um estudo do desenvolvimento progressivo do desenho infantil

    dos 0 aos 12 anos de idade. Atravs da ao educativa e de desenhos coletados

    dos alunos da Creche-Escola Criarte e do Centro Educacional Marirray, analisa a

    passagem dos rabiscos iniciais, da garatuja, para construes cada vez mais

    ordenadas, fazendo surgir os primeiros smbolos. Analisando que no decorrer da

    simbolizao, a criana incorpora progressivamente regularidades ou cdigos de

    representao das imagens do entorno, passamos a considerar a hiptese de que o

    desenho serve para imprimir o que se v. Desse modo o estudo desenvolve novas

    possibilidades para o ensino da Arte atravs de uma proposta contextualizadarevelando que por meio do desenho, a criana cria e recria individualmente formas

    expressiva, integrando percepo, imaginao, reflexo e sensibilidade.

    Palavras-Chave: grafismo infantil, simbolizao e arte.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01 - Tales, 01 ano - Creche-Escola Criarte --------------------------------------------- 21

    Figura 02 - Joelma, 2 anos Creche- Escola-Criarte ----------------------------------------- 23

    Figura 03 - Jade Ariel, 03 anos - Creche-Escola Criarte ------------------------------------- 23

    Figura 04 - Filipe, 33 anos e 3 meses - Creche-Escola Criarte ---------------------------- 24

    Figura 05 - Renan, 04 anos - Creche - Escola Criate ----------------------------------------- 25

    Figura 06 -Renan, 04 anos - Creche-Escola Criarte ------------------------------------------ 27

    Figura 07 - Mariza, 09 anos - Centro Educacional Marirray -------------------------------- 28

    Figura 08 -Bianca, 08 anos - Centro Educacional Marirray --------------------------------- 29

    Figura 09 - Manuel, 08 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------- 30

    Figura 10 - Danielle,10anos - Centro Educacional Mariray --------------------------------- 31Figura 11 - Leila, 10 anos - Centro Educacional Marirray ----------------------------------- 32

    Figura 12 - Jullyana, 10 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------ 32

    Figura 13 - Milena, 11 anos - Centro Educacional Marirray --------------------------------- 33

    Figura 14 - O desenho da criana parece muito rgido --------------------------------------- 34

    Figura 15 - Gabriela, 11 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------ 35

    Figura 16 - Glucia, 12 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------- 36

    Figura 17 - Daniel, 03 anos - Creche-Escola Criarte ------------------------------------------ 37

    Figura 18 - Daniel, 03 anos - Creche-Escola Criarte ------------------------------------------ 38Figura 19 - Bianca, 04 anos - Creche-Escola Criarte ----------------------------------------- 40

    Figura 20 - Andr, 07 anos - Centro Educacional Marirray --------------------------------- 42

    Figura 21 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte --------------------------------------- 44

    Figura 22 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte --------------------------------------- 44

    Figura 23 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte --------------------------------------- 45

    Figura 24 - Tales, 01 ano - Creche-Escola Criarte --------------------------------------------- 45

    Figura 25 - Dara, 02 anos - Creche-Escola Criarte -------------------------------------------- 46

    Figura 26 - Isis, 03 anos - Creche-Escola Criarte ---------------------------------------------- 46Figura 27 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte --------------------------------------- 47

    Figura 28 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte --------------------------------------- 47

    Figura 29 - Jeovana, 05 anos - Creche-Escola Criarte --------------------------------------- 48

    Figura 30 - Joo Paulo, 05 anos - Creche-Escola Criarte ----------------------------------- 49

    Figura 31 - Creche-Escola Criarte ------------------------------------------------------------------- 50

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    Figura 32 - Creche-Escola Criarte ------------------------------------------------------------------- 50

    Figura 33 - Bianca, 06 anos - Creche-Escola Criarte ----------------------------------------- 51

    Figura 34 - Rafaela, 06 anos - Creche-Escola Criarte ---------------------------------------- 52

    Figura 35 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray ------------------------------ 53

    Figura 36 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray ------------------------------ 53

    Figura 37 - Ao Educativa no Centro EducacionalMarirray ------------------------------- 54

    Figura 38 - Eduardo Augusto, 07 anos - Centro Educacional Marirray ----------------- 54

    Figura 39 - Caio, 07 anos - Centro Educacional Marirray ----------------------------------- 55

    Figura 40 - Gustavo, 08 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------ 56

    Figura 41 - Tomaz, 08 anos - Centro Educacional Marirray -------------------------------- 56

    Figura 42 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray ------------------------------ 57

    Figura 43 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray ------------------------------ 57Figura 44 - Roberta, 09 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------- 58

    Figura 45 - Valeska, 10 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------- 58

    Figura 46 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray ------------------------------ 59

    Figura 47 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray ------------------------------ 59

    Figura 48 - Luiz, 11 anos - Centro Educacional Marirray ------------------------------------ 60

    Figura 49 - Diego, 12 anos - Centro Educacional Marriray ---------------------------------- 61

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    INTRODUO

    O desenho constitui o modo de expresso prprio da criana, uma forma

    expressiva que possui vocabulrio e sua sintaxe. Percebe-se que a criana faz uma

    relao prxima do desenho e a percepo pelo adulto. Ao prazer do gesto, associa-

    se o prazer da inscrio, a satisfao de deixar a sua marca.

    Os primeiros rabiscos so quase sempre efetuados sobre livros e folhas

    aparentemente estimulados pelo adulto, possesso simblica do universo adulto, to

    estimado pela criana pequena. Essas garatujas refletem, sobretudo, o

    prolongamento de movimentos rtmicos de ir e vir se transformam em formas

    definidas que apresentam maior ordenao, e podem estar se referindo a objetos

    naturais, objetos imaginrios ou mesmo a outros desenhos. Na evoluo da garatuja

    para o desenho de formas mais estruturadas, a criana desenvolve a inteno de

    elaborar imagens no fazer artstico.

    Desse modo, desenvolvi o trabalho intitulado: GRAFISMO INFANTIL: Uma

    anlise do processo de desenvolvimento do desenho infantil de crianas de 0

    a 12 anos, no qual analiso o desenho como possibilidade de falar e de registrar, que

    marca o desenvolvimento da infncia, ressaltando que em cada estgio, o desenho

    assume um carter prprio. Estes estgios definem maneiras de desenhar que so

    bastante similares em todas as crianas, apesar das diferenas individuais de

    temperamento e sensibilidade.

    Desse modo, buscando uma melhor anlise desse processo, dividi o trabalho

    em quatro captulos e Consideraes Finais. No Captulo 1, denominado Trajetria

    da Pesquisa, encontra-se o contedo metodolgico que permitiu a realizao desta

    pesquisa; no Captulo 2, Arte infantil, como deixa entrever a prpria denominao,

    analisa os elementos essenciais da linguagem grfica, que revela a integrao do

    desenvolvimento que a criana apresenta entre seus sentidos e o meio social em

    que est inserida.

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    No Captulo 3: Os significados do grafismo e as etapas de desenvolvimento

    da criana, mostro a originalidade dos desenhos infantis, destacando as fases do

    grafismo infantil, e as concepes relativas infncia que se modificaram

    progressivamente.

    No Captulo 4, O desenvolvimento do grafismo, no ensino da arte, que

    consta a anlise descritiva de todo o processo de ao educativa realizado na

    Creche-Escola Criarte e no Centro Educacional Marirray localizado na Travessa

    Humait, s/n, Belm-PA fazemos a descrio e anlise dos trabalhos produzidos

    pelos alunos mostrando a verificao de uma linguagem prpria da arte infantil e a

    demonstrao da originalidade de seu desenvolvimento que levaram a admitir a

    especificidade desse universo.

    Nas Consideraes Finais, ressalto algumas sugestes para a melhoria do

    ensino da Arte na escola, a partir do conhecimento do grafismo infantil, objetivando

    desenvolver o processo de articulao da criatividade e percepo esttica dos

    indivduos de forma contextualizada. Conhecer a evoluo grfica assim como as

    etapas do desenvolvimento infantil fundamental para um bom educador, no s

    para avaliar os seus alunos, mas para propor novos desafios.

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    CAPTULO 1 TRAJETRIA DA PESQUISA

    Desenhar registrar o ldico, o artstico ou o cientfico atravs de linhas,

    pontos e manchas. Da o desenho ser um eficiente meio de comunicao enquanto

    expressa idias graficamente. Indivduos de diferentes origens e valores sociais tm

    no desenho uma indispensvel e importante ferramenta para a comunicao

    (Derdyk,1994).

    No processo de comunicao Derdyk, destaca que:

    A vivncia a fonte do crescimento, o alicerce da construo de nossaentidade. Fornece um leque de repertrio, amplia a possibilidade expressiva(...) pode significar um caminho aberto para o desconhecido, ampliando a

    nova conscincia (1994, p.11).

    Dessa forma, o grafismo o meio pelo qual a criana manifesta sua

    expresso e viso de mundo, constituindo-se assim como uma linguagem artstica,

    na qual a sua elaborao constituda por fases, conforme o nvel de

    desenvolvimento psquico infantil que varivel a cada criana e envolve tambm

    estados de nimo e o exerccio de uma atividade imaginria, que relaciona-se a um

    processo dinmico, em que a criana procura representar o que conhece e entende.

    Luquet analisa que:

    O desenho, uma vez executado ou em plena execuo, recebe do seu autoruma interpretao, a inteno era apenas o prolongamento de uma idiaque a criana tinha no esprito no momento de comear o traado; domesmo modo a interpretao deve-se a uma idia que tem no espritoenquanto executa o traado, ao qual d o nome (1969,p.37).

    Desse modo, verifico que por ser o desenho infantil um meio de compreenso

    da realidade, um valioso instrumento da arte educao, pois mostra um produtoresultante da imaginao e atividade criadora da criana.

    A escolha do tema surgiu do resultado de alguns conhecimentos adquiridos

    ao longo das minhas vivncias acadmicas, principalmente na disciplina prtica de

    ensino I, na qual desenvolvi um projeto de Alfabetizao Visual, que visou

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    desenvolver no aluno a sua capacidade esttica e criativa, a partir do estudo do

    desenho artstico.

    Segundo Pillar:

    O desenho enquanto imagem grfica, vincula-se mais aos aspectosfigurativos da cognio, porque busca uma correspondncia entre o objetoreal e a imagem mental que o sujeito tem do objeto (1996,p.21).

    No entanto, como aquela havia sido minha primeira experincia profissional,

    faltavam-me na bagagem alm de outros conhecimentos, um estudo mais

    aprofundado que servisse como parmetro para avaliar o trabalho que desenvolvi.

    Observei que durante o projeto realizado no ano passado, os alunos

    trabalharam as modalidades do desenho, numa perspectiva multicultural

    confrontando suas idias e expresses com as experincias vivenciadas no

    cotidiano, e a partir de ento, resolvi mergulhar nesse universo de pesquisa.

    Segundo Fusari;Ferraz: O professor de arte, tem a possibilidade de contribuir

    para a preparao de indivduos que percebam melhor o mundo em que vivem,

    saibam compreend-lo e nele possam atuar (1992, p.20). Como futura arte-

    educadora, meu interesse esteve sempre relacionado a aspectos da educao em

    geral e a um aspecto bastante especfico que me vem instigando, incitando e

    estimulando: o desenho.

    Comecei a querer entender mais e melhor o processo de desenvolvimento do

    desenho infantil. Descortinava-se, para mim, um mundo novo: o da busca consciente

    e inexorvel de novos conhecimentos no sentido de tentar compreender tantas

    inquietaes que me perseguiam em minha trajetria e em minha busca incessante

    de desvendar os mistrios que nos revelam as crianas atravs de seus prprios

    desenhos.

    Diante dessa experincia do desenho no ensino da arte que resolvi analisar

    as etapas de desenvolvimento do desenho da criana desde a garatujas at os 12

    anos de idade, objetivando propor aes que possibilitem novas prticas do ensino

    da arte na educao infantil, ocasionando um ensino inteligente e sensvel depende

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    de ensaio e erro, de pesquisa, investigao, experimentao na busca de soluo

    de problemas que geram dvidas, incertezas, a respeito dessa temtica, porque a

    arte sempre conspira a favor de um esprito curioso, atento e experimental, logo,

    desenhar constitui um complexo processo em que cada indivduo rene diversos

    elementos de sua prpria experincia.

    Wallon afirma que:

    A fantasia constituda sempre com material retirado do mundo real, ouseja a imaginao se encontra em relao direta com a riqueza e avariedade da experincia acumulada diretamente pelo homem. Quantomaior for a experincia do mesmo, maior ser as suas possibilidades paraimaginar (1971,p.18).

    A experincia usada para a expresso de um significativo, pois os desenhos

    das crianas demonstram a sua percepo esttica do mundo envolvendo-se no

    processo de anlise das imagens apresentadas sob as mais diversas formas no

    meio scio cultural.

    Assim, como questes problematizadoras, pergunto-me de que forma pode-

    se viabilizar novas prticas do grafismo infantil de modo a proporcionar o

    desenvolvimento das crianas? Como o grafismo poder ser trabalhado no ensino

    da arte?

    Essas so algumas questes que considero fundamentais a serem

    respondidas luz das teorias voltadas para o processo de desenvolvimento do

    grafismo infantil, para que se possa comear a discutir o processo de

    desenvolvimento da atividade criadora, onde, certamente, se identificar a

    contribuio que a Educao Infantil poder dar nesse aspecto.

    Entendendo o desenho como um processo que principia cedo, muito antes do

    ingresso da criana na escola, e que evolui, fundamentalmente, atravs das

    interaes que a criana mantm com o mundo fsico e social e com o movimento

    das mos em contanto com o lpis e o papel, busquei estabelecer critrios para a

    anlise dessa evoluo. Logo, para o desenvolvimento da pesquisa, foi realizado um

    levantamento bibliogrfico, no qual me fundamentei em DERDIK,, LOWENFELD,

    LOWENFELD e BRITTAIN, LUQUET, MEREDIU, WALLON, visando dar um

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    embasamento terico, possibilitando um estudo dentro de uma abordagem

    qualitativa.

    Bogdan; Biklen destacam que:

    A abordagem da investigao qualitativa exige que o mundo sejaexaminado com a idia de que nada trivial, que tudo tem potencial paraconstituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreenso maisesclarecedora do nosso objeto de estudo (1992, p.49).

    O processo de coleta de dados das imagens contidas nos textos foram

    coletadas em duas escolas para comporem as referidas anlises.

    Para Bogdan; Biklen :O processo de anlise de dados como um funil: as coisas esto abertasde incio (no topo) e vo se tornando fechadas e especficas no extremo. Oinvestigador qualitativo planeja utilizar parte do estudo para perceber quaisso as questes mais importantes. No presume que se sabe o suficientepara reconhecer as questes importantes antes de efetuar a investigao(1994, p. 50)

    Baseada nos autores, alm dos desenhos que eu j havia guardado o ano

    passado, coletei novos desenhos durante a ao educativa que desenvolvi no msde outubro de 2002, na Creche-Escola Criarte, com crianas da educao infantil e

    no Centro Educacional Marirray, com alunos de 1a a 6a sries do ensino

    fundamental.

    Separei os desenhos, de acordo com cada etapa de desenvolvimento que

    envolve o processo de criao que vai desde os primeiros traos, baseados na

    gestualidade at cada fase principal, que caracterizam-se como realismo fortuito,

    realismo falhado e o realismo intelectual, ressaltando que essas fases mostram queo desenho da criana, sofre modificaes .

    Desse modo essas alteraes acontecem na medida em que a criana vai

    avanando em idade, logo representam um meio de compreenso da realidade,

    atravs de uma tentativa em que o indivduo procura firmar-se face ao mundo

    exterior.

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    Para Luquet:

    De fato normal que uma criana cuja inteligncia se desenvolve chegue ainterrogar-se sobre a maneira como os objetos se apresentam aos seusolhos e a terem conta, desde que desenha, as observaes que pode fazer

    (1969,p.10).

    Sendo, assim, o trabalho faz consideraes acerca do processo de

    desenvolvimento do grafismo infantil de crianas de 0 a 12 anos, ressaltando que o

    grafismo no um conjunto de rabiscos, ou desenhos desprovidos de significaes,

    a representao simblica que a criana manifesta de sua viso de mundo,

    inserida num contexto scio cultural e dotado de um determinado nvel de

    desenvolvimento que mostra ao arte-educador um universo constitudo de

    percepes e idias a serem desenvolvidas para o crescimento geral da criana

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    CAPTULO 2 A ARTE INFANTIL

    Analisa-se que a arte constitui um processo no qual a criana rene diversos

    elementos de sua experincia visando formar um novo significado para tudo que v,

    sente e observa. Quando a criana interpreta o desenho que faz, sua interpretao

    pessoal e geralmente difere da inteno inicial quando o comeou. Se a inteno

    inicial desenhar um menino, no final ele pode se transformar em coisa. O que

    demonstra que a habilidade em desenhar um determinado objeto, depender do

    tempo e da prtica que a criana possui em desenh-lo, logo, sua habilidade grfica

    geral ser ampliada pelo nmero de desenhos e prticas que realizar.

    Quanto aos significados, destaca-se que atravs do desenho realizado pelo

    grafismo, a criana comea a perceber os limites do papel e desenvolver suas

    potencialidades iniciais em termos de reflexo, abstrao e conceituao, por meio

    dos elementos essenciais da linguagem grfica, que revela a integrao do

    desenvolvimento que a criana apresenta entre seus sentidos, percepes e

    pensamentos de um contexto social historicamente construdo e dinmico.

    Nesse sentido, a arte uma atividade dinmica e unificadora, que na

    educao formal assume um papel significativo.

    Segundo Lowenfeld:

    (...) a arte pode constituir o equilbrio necessrio entre o intelecto e asemoes. Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente aindaque de modo inconsciente cada vez que alguma coisa os aborrece; umaamiga qual as crianas se dirigiro, quando as palavras se tornareminadequadas (1977, p.19).

    No entanto, destaca-se que para que a criana possa desenvolver a sua arte

    necessrio que no haja interferncia em seu desenvolvimento natural, para que a

    criana no fique inibida por alguma pergunta do tipo: O que isso? Bem como

    um elogio indiscriminadamente pode anular a valorizao da criana pela arte, isso

    porque a crtica auxilia a criana a encontrar-se a si mesma em sua prpria

    arte.Segundo Lowenfeld ; Brittain: Para a criana a arte algo muito diferente e

    constitui primordialmente um meio de expresso(1972, p.19).

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    Falando-se em interferncias, destaca-se que os cadernos para colorir

    segundo estudos feitos nos Estados Unidos produzem um efeito negativo na criana

    e na sua arte. Isso porque os cadernos ao delimitarem os contornos, impedem que a

    criana faa sua prpria conexo entre cor e espao expressando suas prprias

    ansiedades e viso de mundo, alm de que nesses cadernos a criana apenas

    colore e no desenha, e o fato dela no desenhar, no exercita sua sensibilidade e

    sua capacidade criadora.

    Lowenfeld destaca que:

    Uma criana, depois de condicionada colorao de figuras terdificuldades em desfrutar da independncia de criar. A sujeio que essescadernos produzem arrasadora. A experimentao e a pesquisa tmprovado que mais da metade das crianas expostas aos cadernos de

    colorir, perdeu sua criatividade e sua autonomia de expresso tornaram -sergidas e dependentes de modelos (1977,p.24).

    Uma outra interferncia que pode surgir do prprio professor que se no

    possuir um conhecimento sobre o grafismo infantil, pode ficar admirado com a

    beleza do desenho e faz com que a criana assimile esquema de cores parecidos

    com o que o professor admirou, criando modelos e padres e isso mais uma das

    formas de impedir a auto-expresso da criana.

    Lowenfeld; Brittain analisam que:

    Se fosse possvel que as crianas se desenvolvessem sem nenhumainterferncia do mundo exterior, no seria necessrio estmulo algum paraseu trabalho artstico. Toda criana usaria seus impulsos criadores,profundamente arraigados, sem inibio, confiante em seus prprios meiosde exprimir-se. Quando ouvimos uma criana dizer no sou capaz dedesenhar, podemos estar certos que houve alguma espcie de interfernciaem sua vida (1972, p.19).

    Ressalta-se que o repertrio grfico da criana, bem como sua experincia,

    encontram-se condicionados pelo meio que ela vive e realiza seus desenhos.Lembrando-se que condicionamentos no representam uma imposio, mas

    ocorrem na forma de motivao.

    Luquet analisa que: As circunstncias exteriores, se num sentido estimulam a

    espontaneidade da criana, no a subordinam a uma vontade estranha; propem-

    lhe um motivo, mas no lhe impe (1969, p.24). Dessa forma, ressalta-se que

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    capacidade criadora da criana tem vrios tipos de desenvolvimento, no qual

    salienta-se o desenvolvimento intelectual, o fsico, o perceptual, o social, o esttico e

    o criador; que pode ser revelado a partir das produes artsticas de cada uma, isso

    porque de acordo com as etapas de evoluo do desenho a criana passa a ter uma

    maior conscincia visual dos objetos, sendo que isso no significa que ela tenha

    tendncias naturalistas, mas sim demonstra que ela no est interessada em copiar

    o mundo natural e sim em representar o seu mundo real com muitos detalhes em

    conseqncia de sua ampliada e criativa conscincia visual.

    Segundo Merediu:

    A representao da realidade por um caminho que se estabelece com osincios da figurao. Apresenta a evoluo do desenho no como umacaminhada para uma figurao adequada ao real, mas como umacaminhada para uma desgestualizao progressiva (1994, p.23).

    Logo, analisa-se que a figurao se inicia com um desenho informal passando

    depois para um grafismo voluntrio, enriquecido pelos olhos que movimentam o

    traado. Porm no captulo seguinte quando se referir s fases do desenho infantil

    analisar-se- cada uma dessas etapas de desenvolvimento.

    Com efeito, a arte e a criatividade esto intimamente ligadas e essa atividadecriadora surge de forma simples e elementar a outras mais elaboradas, ou seja,

    torna-se mais complexa a medida que o desenvolvimento infantil vai se delineando.

    Lowenfeld; Brittain afirmam que: Cada criana tem seu prprio e exclusivo

    mtodo de organizao. O desenvolvimento de conceitos criadores vem de dentro e

    no pode ser ensinado (1977, p.63). Assim, dentro desse contexto de imaginao e

    criao que surge a linguagem no desenho da criana, na qual se observam a

    leitura de imagens que so feitas atravs da memria, da imaginao, daobservao e da capacidade que a criana possui de estabelecer relaes com o

    mundo real e com o mundo imaginrio.

    No entanto, para que a criana comece a desenhar necessrio que lhe

    forneam instrumentos necessrios para que comece a produzir.

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    Segundo Merediu:

    Nesse aspecto, o aparecimento do que se chama arte infantil foicondicionado pela evoluo das tcnicas grficas e plsticas, e pela difusocada vez maior do papel e do lpis, ocasionada pela baixa do custo de

    fabricao desses produtos (1994,p 4).

    Demonstra-se dessa forma que em um estudo sobre o desenho infantil

    importante destacar que, hoje temos uma liberao muito maior do desenho infantil

    do que antes pois os materiais como caneta hidrogrfica, papel, lpis etc. so mais

    acessveis, o que vm a possibilitar diversas expresses.

    Iniciando-se no rabisco, observa-se que o trao proveniente desse est

    impregnado do dinamismo do gesto que o produziu e que esse vai diminuindo suarapidez medida que a criana vai avanando em idade, assim como os desenhos

    tambm vo evoluindo, pois quando uma criana comea a desenhar deve estar

    pensando em algo significante para o seu prprio eu e para sua experincia pessoal.

    Derdyk destaca que: O ato de desenhar impulsiona outras manifestaes,

    que acontecem juntas, numa atividade indissolvel, possibilitando uma grande

    caminhada pelo quintal do imaginrio (1994, p.18). Com efeito, o desenho constitui

    a expresso da viso de mundo que cada criana possui, pois atravs do desenho acriana desenvolve suas potencialidades manifestando suas reflexes.

    Dessa forma, analisar a arte infantil nos possibilita a descoberta da

    construo espacial e das relaes formais em elementos que a criana destaca e

    reorganiza segundo um critrio prprio e individual.

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    CAPTULO 3 OS SIGNIFICADOS DO GRAFISMO

    Analisa-se que o corpo humano expressa-se de diversas maneiras, sendo

    que o movimento corporal some no ar e o movimento gestual do trao, das linhas e

    pontos ficam guardados no papel.

    Quando a criana pega no lpis e descobre seus registros, comea a rabiscar

    obsessivamente at desgastar toda a ponta do lpis ou quando pega uma caneta

    esferogrfica, o processo o mesmo. Ao final do seu primeiro ano de vida, a criana

    j capaz de manter ritmos regulares e produzir seus primeiros traos grficos, fase

    conhecida como dos rabiscos ou garatujas (termo utilizado por Viktor Lowenfeld para

    nomear os rabiscos produzidos pela criana).

    Derdyk destaca que:

    A permanncia da linha no papel se investe de magia e esta estimulasensorialmente a vontade de prolongar este prazer, o que significa umaintensa atividade interna, incalculvel por ns adultos. (1989, p. 56)

    Com isso, a repetio de gestos ocasiona a produo de diferentes resultados

    descomprometidos dos de figurao, no entanto, a medida que a criana faz aassociao de gestos e traos desenvolve sua atividade mental (Figura 1).

    Figura 1 - Tales, 1 ano - Creche-

    Escola Criarte

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    Fonte: Acervo da autora

    Essas primeiras garatujas bsicas classificam-se como unidades grficas e

    estaro contidas em qualquer desenho, seja ele figurativo ou no.

    No momento em que desenha, a criana imprime marcas no papel de uma

    forma espontnea e em diversas direes, isso ocorre devido a mesma ainda no ter

    o domnio de proporo sobre o papel. Na garatuja, a criana tem como hiptese

    que o desenho simplesmente uma ao sobre uma superfcie, e ela sente prazer

    ao constatar os efeitos visuais que essa ao produziu.

    Segundo Derdyk:

    O dinamismo, a flexibilidade e a transitoriedade do movimento semanifestam na pontinha do lpis (...). No ato de desenhar, a criana opapel, a linha, o objeto, a pontinha que contactua e mergulha neste universoanmico e mutante (1989, p. 84)

    Desse modo, insero da mo, olho e do crebro, evidencia a capacidade de

    imaginar e suas projees concretizam a maravilhosa experincia de existir.

    Durante o ato de desenhar, as crianas visualizam as formas em meio ao seu

    rabisco, mostrando a sua prpria experincia individual.

    A medida em que a criana passa a ter o domnio das sensaes imediatas,

    ela se torna capaz de estabelecer semelhanas e diferenas entre os elementos.

    Ressaltando-se que isso acontece a partir dos 02 anos de idade, quando os gestos

    naturalmente vo se arredondando, logo o aparecimento do crculo, mostra no

    desenho a composio de uma forma fechada (Figura 2).

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    Figura 2- Joelma, 2 anos - Creche-Escola Criarte

    Fonte: Acervo da autora

    Derdyk destaca que: O crculo elevado ao estatuto de forma fechada, de

    corpo de objeto, ganha importncia. Gera a noo de autonomia, atribuindo a cada

    signo grfico um sentido de permanncia (1989, p.90). Portanto, a partir do crculo

    so criadas formas geomtricas concntricas, tenses internas, externas e outras,

    nascendo o crculo de movimentos contnuos em que o gesto motor instintivo

    (Figura 03).

    Figura 3 - Jade Ariel, 3 anos- Creche-Escola Criarte

    Fonte: Acervo da autora

    Assim, partindo do crculo, a criana pode fazer diferentes tipos de desenho e

    como toda evoluo destaca-se a conservao e a modificao do tipo.

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    A conversao do tipo evidencia-se atravs dos bonecos que possuem o

    mesmo molde, caracterizando-se por ausncia de tronco, de onde os braos partem

    diretamente desse, ou mesmo os braos partem da cabea. Geralmente percebidos

    na faixa etria de 03 a 04 anos (Figura 4 e Figura 5).

    Figura 4 - Fillipe, 3 anos e 3 meses- Crche-Escola Criarte

    Fonte: Acervo da autora

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    Figura 5 - Renan, 4 anos - Creche-Escola Criarte

    Fonte: Acervo da autora

    Salientando-se que mesmo que a criana tenha sugestes de outros para

    modificar seu tipo de boneco, ela continuar desenhando dessa mesma forma (seu

    tipo), pois a mudana s ocorre depois de um perodo de vivncia e oscilao entreo tipo primitivo e o tipo novo.

    Luquet afirma que:

    O carter automtico da conservao do tipo, manifesta-se particularmentenos desenhos em que a criana continua a representar pormenores de queesqueceu a significao e por conseqncia, a reproduo pode explicar-sepela rotina (1969, p. 63)

    Dessa maneira, o tipo original mantm-se conservado e somente hmodificaes quando criado algo novo e esse passa para a fase posterior.Durante

    o processo de criao comum muitos professores trabalharem de uma maneira

    errada, motivando os alunos a copiarem figuras.No entanto, analisa-se que o ensino

    que se fundamenta na cpia inibe a expresso original da criana, ocasionando um

    aprendizado deficiente.

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    Derdyk afirma que:

    O ato de copiar, diferentemente carrega um signifi cado opressor, censor,controlador. Poderamos dizer que a necessidade de copiar igualzinho noinclui e no autoriza a criana a ser autora da ao. O ato de copiar vazio

    de contedo, mera reproduo impessoal (1989, p. 110)

    Deve-se, portanto, desenvolver o desenho como ato cultural, pois ensinar a

    criana a copiar inibir a capacidade criadora reduzindo sua apropriao individual

    do universo.

    3.1- AS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANA

    No processo de desenvolvimento do grafismo infantil, de acordo com o

    avano da idade, a criana apresenta uma linguagem prpria relacionada com a

    construo de seu prprio eu, confrontado com suas relaes sociais e seu

    cotidiano. Salientando-se que no necessariamente a criana tem que encaixar-se

    exatamente na etapa descrita, pois se sabe que algumas se desenvolvem mais

    lentamente que as outras. No entanto, nos desenhos aqui coletados foi possvel

    realizar-se uma anlise contextualizada com a teoria dos autores.

    3.1.1 - O GRAFISMO INFANTIL DE 04 a 07 ANOS

    Destaca-se que entre a faixa etria de 04 a 07 anos, as crianas comeam a

    vincular os seus desenhos com o mundo exterior, logo comeam a desenhar

    pessoas e coisas. No entanto, h crianas que no conseguem relacionar as coisas

    entre si, elas apenas as dispersam no papel, como se observa na figura 6.

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    Figura 6- Renan, 4 anos- Crche-Escola Criarte

    Fonte: Acervo da autora

    Segundo Lowenfeld:

    Evidentemente, na maioria dos casos, a criana adquirir, por si mesma, anecessria experincia e o estmulo, que a levaro descoberta dasrelaes espaciais sem precisar de nenhum apoio adicional por parte dosadultos (...) (1954, p. 113).

    Isso acontece gradativamente, a partir de suas prprias experincias, tanto

    que, as motivaes so necessrias para que a criana desenvolva a sua

    sensibilidade. A criana tambm comea a relacionar as cores com os objetos reais,

    a partir do significado emocional que o objeto tm para a mesma.

    Outro aspecto importante que se evidencia a questo da proporo, pois

    essa est relacionada ao lado emocional da criana, ou seja, a criana desenha de

    acordo com suas percepes e no com o tamanho real dos objetos. LOWENFELD

    afirma: A criana desenha proporcionalmente em relao aos seus sentidos e

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    desproporcionadamente para os que olham objetivamente, as suas pinturas (1954,

    p. 119).

    3.1.2 - O GRAFISMO INFANTIL DE 07 A 10 ANOS

    As relaes entre as coisas e desenhos vo melhorando a medida que a

    criana vai crescendo e se submetendo a diversas experincias.Nessa faixa etria a

    criana passa por uma fase em que se sente satisfeita com as figuras que desenha.

    Segundo Lowenfeld :

    Embora seja til motivar nossos filhos, para uma expresso criadora, flexvele sensitiva, mais cedo ou mais tarde geralmente entre os sete e os noveanos de idade a criana precisar desse perodo de repouso, em querepete o mesmo tipo de figura (1954, p. 133)

    Isso porque com a repetio da figura, a criana se convence de si mesma e

    continuar desenhando objetos iguais at que conscientemente tenha idia de

    mud-los para diferenciar, por exemplo, o grande do pequeno, o comprido do curto

    entre outros.

    Nessa fase, a criana ainda continua desenhando sem propores, pois na

    verdade analisa-se que o exagero de certas figuras representa aos adultos a

    impresso desproporcional, porm trata-se apenas de foco de interesse. No caso dodesenho abaixo (Figura 7), a professora pediu que a aluna desenhasse o que mais

    gostava de fazer e ela representou, ento, o caderno de poesias em tamanho

    desproporcional ao seu corpo.

    Figura 7- Mariza 9 anos, Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

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    Outra forma de desproporo que se percebe que muitas crianas

    desenham tudo numa linha s, pois para elas a beira do papel representa uma base

    (Figura 8).

    Figura 8 - Bianca, 8 anos - Centro Educacional Marirray

    Uma outra expresso a concepo rgida dos desenhos, essa rigidez

    acontece quando h repetio de figuras como mostrou a figura acima, numa s

    linha.

    Nessa fase, a criana no pinta o que v, mas o que significa, tanto que

    comum ela nunca separar o sol do cu, tanto que em desenhos onde quer mostrar a

    chuva, ainda desenha o cu ao lado e somente ir parar de desenhar dessa forma

    quando comear a utilizar seus poderes de observao.Nesse desenho, observamos

    ao mesmo tempo o sol o cu, a lua e as estrelas (Figura 9).

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    Figura 9 - Manuel, 8

    anos- Centro Educacional Marirray

    Observa-se que a criana muitas vezes desenha as coisas de cabea para

    baixo ou em ngulo. Para isso, a criana gira o papel para desenhar alguns

    elementos.No caso do desenho abaixo a criana girou o papel para desenhar o

    boneco na gua, para dar a impresso de que ele esta nadando (Figura 10).

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    Figura 10 - Danielle,10 anos, Centro Educacional Marirray

    Segundo Lowenfeld :

    No entanto, muito mais comuns so as chamins inclinadas, cujodesenho, em ngulo, em direo ao teto, ou rvores ou casasdesenhadas, inclinadamente, sobre a encosta de uma montanha (1953, p.

    143).

    Portanto, a expresso do desenho mostra como se a criana estivesse

    vivenciando aquela experincia. Na tentativa de expressar aquilo que mais lhe

    interessa, a criana desenha como se pudesse ver atravs das paredes detalhando

    tudo o que considera importante. Observa-se, nos desenhos (Figura 11 e Figura 12),

    que a casa foi desenhada como se no tivesse paredes e as crianas procuraram

    demonstrar detalhes do seu cotidiano.

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    Figura 11- Leila,10 anos- Centro Educacional Marirray

    Figura 12 - Jullyana, 10 anos - Centro Educacional Marirray

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    Quanto ao processo de criao muitas crianas desenham em escala muito

    pequena. Nesse caso, o educador deve oferecer uma folha de papel menor, pois

    numa grande folha a criana se sente perdida. Porm se ainda assim a criana

    continuar a desenhar em escala reduzida LOWENFELD destaca que (...) possvel

    que seja devido a um sentimento de incerteza ou falta de confiana nela prpria

    .(1954, p. 152)

    Nesse caso, talvez essa criana esteja precisando de afeto, alm de ainda ter

    que passar por outras experincias para estabelecer significados.

    3.1.3 - O GRAFISMO INFANTIL DE 10 a 12 ANOS

    Nessa faixa etria a criana prefere trabalhar em grupo e a troca de

    experincias possibilita a interao social e descobre que a menina possui

    aspiraes diferentes do menino

    Nos desenhos, observa-se caractersticas de ambos, enfatizando-se nos

    desenhos das meninas: lbios vermelhos, vestidos e cabelos, nos meninos bigodes,

    uniformes e outros. Tanto que no desenho (Figura 13) observa-se que a boneca foi

    desenhada com muitos detalhes, como culos, presilha no cabelo, e sandlia de

    salto.

    Figura 13 - Mylena, 11 anos

    Fonte: acervo da autora

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    Nessa fase, comum que as crianas repitam muitas vezes o mesmo

    desenho, principalmente a forma geral do boneco, embora mude alguns detalhes,

    quando isso acontece, os desenhos podem aparecer rgidos.Observe no desenho de

    Joozinho, (Figura 14) LOWENFELD, ressalta que: sempre que desenha um homem

    ele o faz da mesma maneira, embora modifique algumas partes cada vez que

    alguma experincia determina tal mudana (1954,p.138).

    Figura 14 - O desenho da criana parece muito rgido

    Fonte: LOWENFELD,1954,p.139

    A percepo do ambiente torna-se significativa e atinge uma nova concepo

    espacial, visualizando a linha do horizonte, observando que o cu junta-se com a

    terra, como se observa no desenho (Figura 15) em que a linha do horizonte ficou

    diferenciada pelas cores que separam a grama do cu.

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    Figura 15 - Gabriela, 11 anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: acervo da autora

    Em outro desenho (Figura 16), a linha do horizonte foi desenhada, alm de

    ser diferenciada por dois tons de azul, que mostravam a diviso entre o mar e o cu.

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    Figura 16- Glucia, 12 anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: acervo da autora

    Segundo Lowenfeld:

    A percepo com referncia ao ambiente torna-se muito mais intensa,quando este se faz significativo. Enquanto a criana est sendo muitocuidada pelos pais e no tem conscincia das suas potencialidades sociais,dentro de um grupo da sua prpria escolha, o ambiente s tem algumsignificado para ela, quando est estreitamente vinculado ao seu euimediato (1954, p.157)

    Dessa forma, o trabalho em grupo possibilita a descoberta do espao, pois ao

    trabalharem em grupo as crianas trocam idias e confrontam suas experincias.

    3.2 - AS FASES DO GRAFISMO INFANTIL

    Com relao evoluo do espao, o grafismo infantil apresenta-se em trs

    estgios; realismo fortuito, realismo falhado e o realismo intelectual. Essas fases so

    importantes, pois demonstram que o desenho sofre mudanas, destacando um

    realismo que se desenvolve na medida em que a criana vai avanando em idade.

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    3.2.1 - PRIMEIRA FASE: REALISMO FORTUITO

    Durante essa fase, no existe profundidade. Essa concepo de desenho

    abrange as crianas por volta dos 03 anos de idade.

    Devido ser um desenho espontneo, a criana traa linhas, movimentando a

    mo, utilizando diversos acessrios, sem corresponder a uma utilidade especfica.

    Esses movimentos espontneos da mo sobre o papel correspondem apenas a uma

    prazer que a criana sente ao traar (Figura 17).

    Figura 17 - Daniel, 3 anos- Creche-Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

    Segundo Luquet:

    Esta obra involuntria poderia parecer a um adulto, insignificante e semqualquer interesse; mas para a criana um produto de sua atividade, umamanifestao da sua personalidade, uma criao (1969,p.136).

    Dessa forma, a criana por ter a conscincia de um poder criador, desenvolve

    o desenho que primeiramente espordico, mas que depois torna-se intencional,

    como se fossem assinaturas instintivas de seus autores.

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    Nessa fase, em seus desenhos a criana procura mostrar que capaz de

    criar composies prprias, mesmo que induzida pela imitao dos adultos.

    A criana comea a perceber os desenhos bem elaborados de revistas, livros,

    jornais, etc. Assim, a medida em que desenha e repete traados, vai identificando

    semelhanas, podendo tambm produzir inicialmente um desenho sem semelhana

    e depois adicionar acessrios para caracteriz-lo.

    Observa-se na figura que a criana repetiu as formas geomtricas sem

    inteno de associ-las a algo (Figura 18).

    Figura 18 - Daniel, 3 anos- Crche - Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

    Segundo Luquet:

    A criana, em virtude da sua imaginao ao mesmo tempo rica edesordenada, tem uma aptido especial para notar semelhanas, por vezesextraordinariamente longnquas e imperceptveis a todos menos a ela, quelhe escaparo instantes depois.(1969,p.139)

    Com efeito, a criana comea a fazer uma certa analogia entre seus traados

    e o objeto real e levada a aplicar uma interpretao diferente a cada um de seus

    desenhos.

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    Para Luquet:

    A semelhana fortuita entre o traado e o objeto a que a criana d o nome das mais rudimentares, e a criana ao mesmo tempo que se apercebedisso reconhece essa imperfeio. Ento, muito naturalmente, quer tornar

    mais semelhante a imagem que acaba de fazer (1969,141).

    Observa-se que essa semelhana fortuita, acontece em dois momentos: No

    primeiro momento, o desenho fortuito semelhante. No segundo, a criana

    acrescenta alguns detalhes para que esse torne-se semelhante. Existem tambm

    traados que no so provocados por uma inteno de representar algo, ou mesmo

    que depois de traados so destitudos de qualquer significao.

    No geral, durante essa fase a criana comea a traar sem qualquer inteno,s mais tarde que verificar que os traos produzidos assemelham -se a algo.

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    3.2.2 - SEGUNDA FASE: O REALISMO FALHADO

    Nessa fase, o desenho quer ser realista, porm esse ainda possui algumas

    falhas. Geralmente essa fase comea a partir dos 04 anos de idade, momento em

    que a criana ainda no sabe dirigir seus movimentos grficos para dar ao seu

    traado o aspecto que queria. Para Luquet: A inteno realista encontra ainda um

    outro obstculo, j no de ordem grfica, mas psquica ou seja, o carter ao mesmo

    tempo limitado e descontnuo da ateno infantil. (1969,p.148)

    Por isso, observa-se que a criana no desenha os pormenores, na realidade

    ela apenas tem a inteno, enquanto pensa, no entanto no desenha, percebe-se

    essa inteno no instante em que se pede uma explicao verbal sobre o desenho

    (Figura 19).

    Figura 19 - Bianca, 4anos- Creche-Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

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    Destaca-se que ao desenhar a criana pensa em colocar o pormenor no

    desenho, no entanto, hipnotizada por esse pormenor, acaba esquecendo o que j

    desenhou, mesmo que esteja diante de seus olhos ela no os v, ocasionando

    conseqentemente a imperfeio geral do desenho.

    Essa imperfeio a qual denomina-se incapacidade sinttica, manifesta-se

    primeiramente nas propores.

    Luquet ressalta que:

    assim que nos desenhos de vrias crianas os senhores tm cabelosmais compridos que as pernas. Esta desproporo pode ser o resultado decausas mltiplas, por exemplo, a imperfeio grfica, a impotncia dacriana para interromper os traos no momento desejado. (1969,p 151)

    3.2.3 - TERCEIRA FASE: REALISMO INTELECTUAL

    Nessa fase, a criana consegue superar a incapacidade sinttica tornando o

    desenho realista, ocorre a partir dos 06 a 07 anos de idade e vai se aperfeioando

    at os 12 anos.

    Porm esse realismo diferente da criana para o adulto que analisa o

    realismo como sendo uma fotografia do objeto. Na concepo infantil, o desenho

    deve conter os pormenores do objeto, mesmo invisveis, pois esses elementos

    existem no esprito de quem desenha.

    Nessa fase, a criana desenha os objetos como se fossem transparentes,

    para impedir o ocultamento dos detalhes (Figura 20). A planificao tambm uma

    outra caracterstica, que consiste representar o objeto em projeo no solo, como se

    o mesmo fosse visto em linha reta.

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    Figura 20 - Andr, 7 anos- Centro Educacional Marirray

    Fonte: acervo da autora

    Assim, verificou-se durante as anlises que os desenhos das crianas so

    influenciados por fatores intelectuais e emocionais, que so essenciais ao ato

    criador, entretanto no se ajustam a modelos existentes, pois emanam da prpria

    realidade e influi os objetos reais que ao se materializar trazem consigo uma fora

    nova, capaz de modificar essa mesma realidade.

    Desse modo, analisa-se que se avaliarmos o desenho do adulto com o da

    criana saberemos que o primeiro nasce de necessidades profissionais, estticas,

    ornamentais, etc.e o desenho da criana expressa uma linguagem, um meio de

    representao do mundo, mesmo que muitas vezes, essa no saiba dizer

    exatamente os significados dos desenhos que produz.

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    CAPTULO 4 O DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO NO ENSINO DA ARTE

    AO EDUCATIVA REALIZADA NAS ESCOLAS

    Para concretizar meu estudo desenvolvi nas escolas uma ao educativa.

    Durante a ao trabalhei com os alunos o contedo do Estudo das Cores, no qual

    abordei as cores primrias e secundrias.

    Destacando que o contedo foi articulado com base na metodologia triangular

    a partir de trs eixos norteadores: fazer artstico, leitura de obra de arte e

    contextualizao histrica, que permitiram aos alunos um desenvolvimento pelo qual

    foi possvel analisar o processo de desenvolvimento de seu grafismo.

    A primeira escola que desenvolvi esse estudo foi a creche-Escola Criarte, que

    trabalha com Educao Infantil dos 0 aos 6 anos de idade e utiliza a pedagogia

    construtivista

    Em todas as sries expliquei o contedo sobre as cores.No primeiro momento

    mostrei a formao das cores secundrias a partir de suas misturas. No segundo,

    mostrei obras de arte de diversos artistas do movimento artstico Modernismo,

    destacando o uso das cores nessas obras, para que os alunos pudessem ter uma

    compreenso de forma contextualizada.

    Como atividade as crianas fizeram suas composies a partir do contedo

    estudado. Dessa forma, pude coletar os desenhos para desenvolver minhas anlises

    a cerca do grafismo infantil.

    Durante a aula com as crianas de 0 a 3 anos que pertencem ao baby class e

    maternal, orientei as crianas sobre o trabalho e separei junto com elas as cores que

    seriam utilizadas nos desenhos (Figura 21).

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    Figura 21 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

    Observei que as crianas se deliciavam ao desenhar e as misturas de cores,

    as encantavam a cada gesto e trao, mostrando a originalidade do desenvolvimento

    do universo infantil (Figura 22 e Figura 23).

    Figura 22 - Ao Educativa na Creche-Escola CriarteFoto: Fbio Hassegawa

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    Figura 23 - Ao Educativa na Creche-Escola CriarteFoto: Fbio Hassegawa

    Depois da aula os desenhos desenvolvidos por essas crianas mostram a

    satisfao das cores e pigmentos que imprimiram sobre o papel. No desenho de

    Tales de 1 ano de idade (Figura 24), segundo Merediu: Ao prazer do gesto

    associa-se o prazer da inscrio, a satisfao de deixar uma marca, de macular uma

    superfcie (1994,p.9 ). Assim como nos desenhos de Dara, 2 anos (Figura 25),

    evidenciei esse prazer gestual.

    Figura 24- Tales, 1 ano- Creche-Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

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    Figura 25 -Dara, 2 anos - Creche-Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

    No desenho de Isis, de 3 anos (Figura 26), observei que a figura do boneco,

    j comea a se desenvolver a partir das primeiras irradiaes que o desenho

    apresenta, pois encontra-se em uma fase em que o olho j orienta o traado,

    combinando crculos e traos na tentativa de formar um boneco.

    Figura 26 - Isis, 3 anos, Creche-Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

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    Nas turmas de Jardim, a concentrao das crianas foi bem melhor, tanto que

    o contedo das cores foi bem associado em seus desenhos. Nessa fase as crianas

    de 4 a 5 anos, mostrara o espao grfico resultante de uma criao e interpretao

    do mundo (Figura 27 e Figura 28).

    Figura 27- Ao Educativa na Creche-Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

    Figura 28 - Ao Educativa na Creche-Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

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    No desenho de Jeovana (Figura 29 ) e no desenho de Joo Paulo (Figura 30),

    observei a desproporo que freqente nessa idade, mostrando um lugar definido,

    atravs dos principais temas do repertrio grfico Infantil: boneco, casa, rvore,sol,

    flores e pssaro.

    Figura 29 - Jeovana, 5anos - Creche-Escola Criarte

    Fonte: acervo da autora

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    Figura 30 - Joo Paulo, 5 anos Creche -Escola Criarte

    Fonte: Acervo da autora

    Na turma de alfabetizao (Figura 31 e Figura 32 ), em que as crianas

    encontram-se na faixa etria de 06 anos, atravs dos desenhos evidenciei a fase

    intelectual da criana, momento em que ocorre um conceito definitivo de homem e

    meio, dependendo do conhecimento ativo e da personalidade atravs da repetio,

    esquema".

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    Nessa fase analisei o primeiro conceito definido do espao, "linha de base" e

    "linha do horizonte". Relacionei que a linha de base exprime: base, terreno, os

    objetos so desenhados perpendiculares a esta linha. A linha do horizonte exprime o

    cu. Afastamento do esquema da cor (mesma cor para o mesmo objeto), mostrando

    a experincia emocional.

    Figura 31- Creche- Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

    Figura 32- Creche Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    No desenho de Bianca (Figura 33), 6 anos, mostro que os objetos no esto

    representados em perspectiva,mas deitados ao redor da casa que o eixo

    central.Para Merediu: a criana desenha do objeto, no aquilo que v, mas aquilo

    que sabe(1994, p.22).Nesse caso, Bianca mostrou o cotidiano da casa e da famlia.

    Figura 33 - Bianca, 6 anos- Creche- Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

    O desenho de Rafaela (Figura 34), mostra a desproporo da cabea do

    boneco em relao ao corpo. Essa transformao demonstra no plano grfico que a

    folha de papel representa algo que a criana deve dominar independente de

    tamanhos, propores, com isso, a criana expressa a conquista de desenhar.

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    Figura 34 - Rafaela, 6 anos Creche- Escola Criarte

    Foto: Fbio Hassegawa

    No Centro Educacional Marirray, dei continuidade ao meu estudo, realizando

    a mesma ao educativa, da qual obtive o material para anlise do grafismo.

    Analisei que as crianas da 1a e 2a sries com faixa etria de 7 a 8 anos

    (Figura 35, Figura 36 e Figura 37), como analisado pelos autores estudados, que

    nessa faixa etria encontram-se em um perodo estacionrio, durante o qual o

    desenho se mantm sem tantos progressos como os que ocorreram at esta fase.

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    Figura 35 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

    Figura 36 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    Figura 37- Ao Educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

    Nos desenhos de crianas dessa faixa etria, observei que os acabamentos

    so melhores que o das crianas da fase anterior, entretanto, no evoluiram nos

    detalhes. A grande evoluo agora na escrita e comum aparecer bales

    representando conversas entre personagens de seus desenhos ou pequenos textos,

    como no caso do desenho de Eduardo Augusto, 7 anos, (Figura 38) que a escrita

    aparece para explicar melhor a situao ou ao do desenho mostrado.

    Figura 38 - Eduardo Augusto, 7anos, Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    No desenho abaixo (Figura39), analisei que o aluno tem srias dificuldades

    em criar seus desenhos parecem cpias de gibis, em que temos imagens da turma

    da Mnica. Esse aluno precisa urgentemente ser orientado e estimulado para o

    desenvolvimento de sua capacidade criadora, pois se limita a copiar desenhos.

    Figura 39 - Caio, 7anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    No desenho de Gustavo 8 anos (Figura 40) observei que o aluno ainda

    encontra-se na fase das formas mal definidas,que segundo Luquet o realismo

    falhado, a figura do boneco ainda bem primitiva. Assim como no desenho de

    Tomaz, 8 anos (Figura 41 ), que apresenta imagens da figura humana

    incompleta(possui somente olhos). Observando isso, concluo mais do que nunca,

    que o professor deve estimular a auto-expresso, desencorajando a cpia e o

    desenho estereotipado.

    Figura 40 - Gustavo, 8anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

    Figura 41 - Tomaz, 8anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    Nas turmas de 3a e 4a srie (Figuras 42 e 43), fase em que as crianas

    encontram-se com 9 a 10 anos, analiso que as formas dos desenhos j so bem

    definidas.

    Figura 42 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

    Figura 43 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    Observei atravs dos desenhos, que ocorre uma tendncia para as linhas

    realsticas, havendo linha de base e linha do horizonte, que se encontram cobrindo o

    espao em branco que existia na fase anterior (Figura 44 e Figura 45).

    Figura 44 - Roberta 9 anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

    Figura 45 - Valeska, 10 anos no Centro Educacional Marirray

    Fonte: Acervo da autora

  • 7/30/2019 Grafismo Infantil - 0 a 12 Anos

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    Nas 5a e 6a srie (Fgura 46 e Figura 47), fase em que a crianas encontra-se

    com 11 e 12 anos, durante o desenvolvimento do tema livre, observei em seus

    desenhos uma autocrtica pronunciada.

    Figura 46 - Ao Educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

    Figura 47- Ao educativa no Centro Educacional Marirray

    Foto: Fbio Hassegawa

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    Quanto ao espao dos desenhos, analisei que esse descoberto, assim

    como o plano e a superposio, abandonando a linha de base, como no desenho de

    Luiz (Figura 48) e de Diego (Figura 49), que mostram no desenho, maior rigidez e

    formalismo alm de que observei o abandono do esquema de cor, tanto que o

    primeiro aluno no usou cor e o segundo fez um fundo amarelo, substituindo o

    formalismo do azul, mostrando que nessa fase a criana desenvolve sua liberdade

    de criao.

    Figura 48 - Luiz ,11anos, Centro Educacional Marirray

    Fonte: acervo da autora

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    Figura 49 - Diego, 12 anos - Centro Educacional Marirray

    Fonte: acervo da autora

    Ao final da ao educativa, pude analisar a relao das crianas com o

    mundo que as cercam, suas experincias e at mesmo muitas dificuldades que

    evidenciei atravs dos desenhos de algumas.

    As dificuldades que evidenciei, fazem parte do processo de desenvolvimento

    de sua atividade criadora, e justamente essa manifestao do eu que torna a arte

    expressiva tanto para o autor quanto para quem a observa. Logo, importante quetodo professor tenha conhecimento do desenvolvimento do grafismo, para que esse

    possa identificar as necessidades e os interesses da criana.

    Tendo esse aprofundamento, poderei em minhas futuras prticas dar

    oportunidades ao aluno para que esse desenvolva a sua capacidade criadora, deve

    incentivar atividades artsticas buscando a sensibilizao da criana com o meio,

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    transformando a experincia artstica em algo emocionante e compensador. Tal

    interesse, se for desenvolvido adequadamente, despertar no aluno outros

    interesses pelo novo, pela descoberta, pela inveno, impulsionando o mesmo para

    a ao construtiva e ao desenvolvimento da educao esttica e artstica.

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    CONSIDERAES FINAIS

    A LDB-9394/96, estabelece no 2, do art. 26 que: O ensino da arte

    constituir componente curricular obrigatrio, nos diversos nveis da educao

    bsica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Dessa forma,

    analiso que muito importante trabalhar a Arte, no mbito escolar pois possibilita a

    valorizao da pluralidade cultural do pas. Por meio da arte comunicamos e

    manifestamos significados que nos permitem uma percepo sensvel do mundo e

    da sua ambincia cultural.

    Durante a pesquisa foi possvel conhecer os nveis de desenvolvimento do

    Grafismo Infantil e a grande responsabilidade do professor na construo de um

    ambiente favorvel ao desenvolvimento do desenho infantil. Destaco que o prazer

    encontrado pela criana no desenho deixar de existir se no forem permitidas a

    explorao de sua funo expressiva e a realizao de seu potencial criativo, por

    isso, com base nos resultados alcanados durante o estudo, analiso que o professor

    deve repensar as expectativas quanto ao desenho da criana, assim como o dilogo

    que estabelece com ela a respeito da sua produo grfica.

    O olhar que o professor dirige ao desenho da criana apia-se nas

    concepes que ele tem sobre o desenho enquanto linguagem, idias constitudas

    na sua prpria histria e experincia com a linguagem. Desse modo, espera-se que

    esta pesquisa sobre o desenvolvimento do Grafismo Infantil venha contribuir para

    que professores e alunos a partir dessas vivncias possam compreender os

    elementos intelectuais (significado e contextualidade) e elementos formais (cores,

    linhas, intensidade e dinmica), que so evidenciados nos desenhos das crianas

    dentro de suas prprias linguagens e possam a partir desse conhecimento instigar

    sua capacidade criadora.

    Com este trabalho, espero tambm estar fornecendo elementos facilitadores

    da relao em ensino-aprendizagem, contribuindo para que os envolvidos no

    processo, ampliem sua capacidade perceptiva, cognitiva, assim como o seu fazer e

    pensar artstico e esttico. Durante a pesquisa compreendi que os contedos e

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    mtodos de ensino devem estar vinculados a um projeto educativo na rea,

    associado a experincia individual de cada aluno e com a sua prpria realidade

    scio-cultural.

    Adotar uma metodologia adequada um tanto difcil, pois cada uma delas

    apresenta suas vantagens e desvantagens.No entanto destaco que a proposta

    triangular da Dra. Ana Mae Barbosa, trabalha o processo de ensino-aprendizagem

    dentro de uma perspectiva multicultural, onde o fazer e o pensar desenvolvido de

    modo a proporcionar uma educao escolar em Arte mais atualizada e com

    resultados significativos para o aperfeioamento do aluno.

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    REFERNCIAS

    BARBOSA, Ana Mae. Tpicos utpicos. Belo Horizonte: C/ Arte, 1998. 197p.

    BOGDAN, Robert C; BIKLEN, Sari Knopp. Investigao qualitative em educao:

    uma introduo teoria e aos mtodos. Portugal: Porto Editora, 1994. 336p.

    DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo

    infantil. So Paulo: Scipione, 1989, 239p.

    FUSARI, M. F. de R., FERRAZ, M. H. C. de T. Arte na educao escolar. SoPaulo : Cortez, 1992. 151p.

    LOWENFELD, Viktor. A criana e sua arte. So Paulo: Mestre Jou, 1954.

    LOWENFELD, V., BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora.

    So Paulo: Mestre Jou,1977. 395p.

    LUQUET, G. H. O Desenho infantil. Porto, Civilizao, 1969. 253p.

    MREDIU, Florence de. O Desenho infantil. So Paulo: Cultrix, 1974. 115p.

    PILLAR, Analice Dutra. Desenho e Construo de conhecimento na criana.

    Porto Alegre: Artes Mdicas, 1996. 255p.

    WALLON,Henri.As origens do carter na criana.So Paulo: Difuso Europia do

    Livro, 1971.