Gramática Histórica - Ismael de Lima Coutinho

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COUTINEIO, Ismael de Lima. "~raraática ~istórica" LIh'GUAGEhí. LINGUA. DIALETO. 25. LINCUACI:LI C O conjunto (Ic siiiais dc qiic a Iiiiniaiiirl:iilc iiiicii- cionalmcntc se serve para corniir~ic:ir ns siins id6i:is c ~~ciisnniciiio~. h linguagem consiiiui o apnnúgio do Iionicin. Coiii isto csi; dc acordo o próprio Danvin, qiic assim sc csicrnn: "h li~igiingriiinrti<.iilri<ln pcrlcncc cs~icci:iliiicriic no liorneiri, sc bciii lii ir, coriio os fiiilriis :iiiiiriiii.i. possn elc cxpriiiiir ns suas iiilcriçBcs por gritos iii:irliciiliiiliia. [)"r ~:YIDY c pclos movimcnios dos músculos da face" (1). Acha Hovclacquc que cla deve ser scrnprc irivocndn corno sir?al dis- tintivo do scr humano: "I? R faculdade da lingiingcm nrticiilnda qi:c sc dcvc invocar, de modo dcfiiiitivo, para dislingtiir o liorncm dos scus irmUos inferiores" (2). Onde quer que elc se encontre, cni csiado sclvagcm ou civilizado, revela aempre o conhecimento de um aislema cspccial dc sinais ariiciilados, o que imporin dizcr. usa uma linguagcm própria. metaforicamente se pode afirmar que os animais possuem lingua- . gem. Os sons que eles emitem não passam de ruídos unilormcs, dcsigna- iivos dos v8rios sentimentos dc dor, cspanio. alegria. dc quc cstáo possuí- dos. O aparelho fonador do Iiomcrn, só cle, aprcscnta a complcxidado exigida para a emissão de uma variedade cxtraordinárLa de soris, com os quais lhe é possívcl exprimir t o d a as modalidadcs do pensamento. A este propósito convbm citar o que dissc Sclilçiclicr: "A linguagem, isto é, a expressão do pensamento por ~alavras, 6 o único característico exclusiyo d o Iiomcm. O animal possui tamb6m siiiais f6riicos muito desenvolvidos para a imediata cxprcssio dos seus scnlimcntos c. por meio dcsscs sinais, é possível uma comunicn~ãodos sentimentos cnlrc os ani- mais. como por meio doutros sinais. A expressão da scnsaçóo pode, sem dúvida, produzir rcprcscntaçõcs nos outros. 1; por isso que sc fala Lam- b6m na linguagem dos animais. Nenlium animal. todavia, tem a capa- cidade de expressão imediata do pensanieiiio pelo soiii" (3). (I) Apud Abcl fIo\.elacquc. La Ling., p. 22. (2) Ibid.. v. 27. . . (3) ubrr dic Bedeul. der Sprachr Jiir die Nalurge,ch. de, hfensehen. p. 14. 26. Oriqrm dn Linpiinqrm. - A origcrn dn lingiingcrn 4 iiiiin dw qiicst~s qiie ninia LBrn prroa<ipndo i>ccpiiilo I>iimnno. Deadc rcrnorn nntipiiidn<lc, \.e," sendo dis- curidn whs s6liios. sem que 1116 ng<irnIinjsin cbegndo n u m acordo. J<istiliçn-.c 6s.c riiipcnlin por eniisn do papel iinpsrlnnlc qiic R lingiingom axern cm iadas ns mnnileslncócs dn vidn huinann. Piiio E. pik, eein rnziío quc K iam niribuido ò pala\-rn origem di\.inn. O instinto de socinbilidndc. mnir imperioso nn espkic humana quc nos outros nni- mnis. "50 encniitrnrin cXPre%=3O ndçqliildn. o11 mcsmo .% nniilnrin. se ii5o eriatisso a lin- giinflin. G~in rfi,itr>. o eristi.iii:iii rni niiliiiiii aiipir n lixnciii* de iimn. tniitn~ iir>mnr uu regriia. qiic cnils pwnn é iiI,iIgniln n respeitnr. pnrn quo o enilinlc <ICM iiitcrrsees anin- gGnims núo prejudique n boa hnrmonin qitc deve exislir no seiò do colelividado humano. Cmnio. inrfm. cslnlzlecer es3w normrci. sem um conlrnto ou nmrdo pr0vio. por Oulrrci pniovrai, sem n lingungcm? As grnn<lc.s rrnlizrtcírr <IR encliam do nwoml,ro os sdeulm. "$0 errinm inlrliK2ncin. q ~o po~slvei acm n linpiingcm. p r q u c 6 cln qoic lrnnsmila a cndn pern~iío nova a? wnquklar dar @rq'"S nnlrriores. SCo nindn milito esp<asns. ù niingiin di: dndcs esclnrcadorm. ici Lrevw qiio envolvem n qitesldo do origem <In linpiingcni. hq liifilçsc~,riir~cm. nssr>lierl,nm por iiin inslsnla OP t:xpirito~, crn ~egiiiilitiIrs,tpnrecciii. <liliido I c i g ~ o oulrns I,iliOt<:sn. Erilrolnnto, <Iii Irnrin iiiiin iXo<srn-u: ti16 Ii<ijr R-. n<i ~~ritliiiriliiw Iiiiiiiniiiciii<l<~. linoiio úriice (Trem- I~tli) 011 multiplicidn~l~ (I'i>~l.Scl~leiclier de lillRllm c I'rc~lerico hl(lllcr).

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COUTINEIO, I s m a e l de Lima. "~raraática~ i s t ó r i c a "

LIh'GUAGEhí. LINGUA. DIALETO.

25. LINCUACI:LIC O conjunto (Ic siiiais dc qiic a Iiiiniaiiirl:iilc iiiicii- cionalmcntc se serve para corniir~ic:ir ns siins id6i:is c ~~ci isnnici i io~.

h linguagem consiiiui o apnnúgio do Iionicin. Coiii isto csi; dc acordo o próprio Danvin, qiic assim sc csicrnn: "h li~igiingriii nrti<.iilri<ln pcrlcncc cs~icci:iliiicriic no liorneiri, sc bciii lii ir, coriio os fiiilriis :i i i i i r i i i i . i .

possn elc cxpriiiiir ns suas iiilcriçBcs por gritos iii:irliciiliiiliia. [)"r ~ : Y I D Y

c pclos movimcnios dos músculos da face" (1).

Acha Hovclacquc que cla deve ser scrnprc irivocndn corno sir?al dis- tintivo do s c r humano: "I? R faculdade da lingiingcm nrticiilnda qi:c sc dcvc invocar, de modo dcfiiiitivo, para dislingtiir o liorncm dos scus irmUos inferiores" (2).

Onde quer que elc se encontre, cni csiado sclvagcm ou civilizado, revela aempre o conhecimento de um aislema cspccial dc sinais ariiciilados, o que imporin dizcr. usa uma linguagcm própria.

Só metaforicamente se pode afirmar que os animais possuem lingua- .gem. Os sons que eles emitem não passam de ruídos unilormcs, dcsigna- iivos dos v8rios sentimentos dc dor, cspanio. alegria. dc quc cstáo possuí- dos. O aparelho fonador do Iiomcrn, só cle, aprcscnta a complcxidado exigida para a emissão de uma variedade cxtraordinárLa de soris, com os quais lhe é possívcl exprimir t o d a as modalidadcs d o pensamento.

A este propósito convbm citar o que dissc Sclilçiclicr: "A linguagem, isto é, a expressão do pensamento por ~ a l a v r a s , 6 o único característico exclusiyo d o Iiomcm. O animal possui tamb6m siiiais f6riicos muito desenvolvidos para a imediata cxprcssio dos seus scnlimcntos c. por meio dcsscs sinais, é possível uma comunicn~ão dos sentimentos cnlrc os ani- mais. como por meio doutros sinais. A expressão d a scnsaçóo pode, sem dúvida, produzir rcprcscntaçõcs nos outros. 1; por isso que sc fala Lam- b6m na linguagem dos animais. Nenlium animal. todavia, tem a capa- cidade de expressão imediata do pensanieiiio pelo soiii" (3).

( I ) Apud Abcl fIo\.elacquc. La Ling., p. 22 . (2) Ibid.. v. 27.. . (3) ubrr dic Bedeul. der Sprachr Jiir die Nalurge,ch. de, hfensehen. p. 14.

26. Oriqrm dn Linpiinqrm. - A origcrn dn lingiingcrn 4 i i i i in d w q i i c s t ~ s qiie ninia LBrn prroa<ipndo i>ccpiiilo I>iimnno. Deadc rcrnorn nntipiiidn<lc, \.e," sendo dis-curidn whs s6liios. sem que 1116 ng<irn Iinjsin cbegndo n u m acordo.

J<istiliçn-.c 6s.c ri i ipcnlin por eniisn do papel i inpsrlnnlc qiic R lingiingom a x e r n cm iadas ns mnnileslncócs dn vidn huinann. Piiio E. pik,eein rnziío quc K iam niribuido ò pala\-rn origem di\.inn.

O instinto de socinbilidndc. mnir imperioso nn espkic humana quc nos outros nni- mnis. "50 encniitrnrin cXPre%=3O ndçqliildn. o11 mcsmo .%nniilnrin. se ii5o eriatisso a lin-giinflin. G ~ i nrfi,itr>. o eristi.iii:iii rni niiliiiiii ai ip i r n lixnciii* de iimn. t n i i t n ~i i r>mnr uu regriia. qiic cnils p w n n é iiI,iIgniln n respeitnr. pnrn quo o enilinlc <ICMiiitcrrsees anin- gGnims núo prejudique n boa hnrmonin qitc deve exislir no seiò d o colelividado humano.

Cmnio. inrfm. cslnlzlecer es3w normrci. sem u m conlrnto ou nmrdo pr0vio. por Oulrrci pniovrai, sem n lingungcm?

As grnn<lc.s rrnlizrtcírr <IR encliam do nwoml,ro os sdeulm. "$0 errinm inlrliK2ncin. q ~ o p o ~ s l v e iacm n linpiingcm. p r q u c 6 cln qoic lrnnsmila a cndn pern~iío nova a?w n q u k l a r dar @rq'"S nnlrriores.

SCo nindn mil i to esp<asns. ù niingiin di: dndcs esclnrcadorm. ic i Lrevw qiio envolvem n qitesldo do origem <In linpiingcni. h q l i i f i l çsc~ , r i i r~cm. nssr>lierl,nm por iiin inslsnla OP t:xpirito~, crn ~egi i i i l i t iIrs,tpnrecciii. <liliido I c i g ~ o oulrns I,iliOt<:sn. Erilrolnnto,

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.o!l!su<1 .s unueiir*~ui!sm suuaii o y .uiafufur,8u!lu J I ~ ! J ~ apnp!"u<liin u nl>~:l>ap uqII-j:n 01s u!~olxxl'u iuu i< i i l u <ipui!wb%l<l':irilud ' an la 31) u!iiuglr!xJ "18 U#V~.I ! , wilctlu~!ME!

uiaK .uuuuiriil ~?Li1!13 ap 9 q i > ilnù ~ s pa%~l< ,d !~~ OQL>U!I:IU! ~!2?1?!3yv v ~ v d L ' U J ~ ~ O ~

'uia8sn8u!l i ~ por_*o!m Q noml o aptip!ssdmu o '~oputio~~oillali,r~u o uieni!isua> ~ r i ùsorY19 sollno sop a U I I Y U ! ~ ap opuio<i -Ituriiou a uJusluulsa os!<m !OJ mauioq op q m d ~ o d wa9iiii8u!l up 0!3!s!iibu u aiiù alu~uluna!rioiul!ju ;!ajiisn.l

' O ~ ~ U J A U D Juxid ap slqo !OJ 'uluolua ou 'oluauithlo* -uss~pnss O s n x 60 S"U~!UO 6" 3nú.soluani!iu~ss o ! ~ ? ~ uiaJ!ui!xixa o ~ u d 6cy lY ~31!~13 .r~!airnuis w s m op 1auauiilua!3%a3u! u p v U J U S ~ I I J V 3nú u:.t)qou 0~115!d:.1~ a u l o q 'POUYUOJ 3 6083~860J0591!J 6 0 O J l U J 6JJ06Uaj3p U Y I O I l U < N U J SJi31()3!1( rn mqlll-,?

6 alua op Jalloo ou 'opuluanu! q m e ! ~ q ii n o uiauioq uii uia8uii8uil o opulshaj6naO o ! l q 'q!93w9) uiis ui> u j, & , J ~ ~ ! ~ ~ ~ J ~ ~ !.iuuuit~ilno uu!~!p U ~ ~ ! J O 3

sualvl a seqriuuuua opup niq anb 'uio8un8u!l op m n ? Y iii; o-lr-~nbsu 'oiual o ~ i i i n -'JS'!~glapod sou oinlnJ o 99 $ I a ~ ! s wod6! giaç .o~!ls!@ii!l

U!I!UBJ no odnl8 spso op wuio!p! r> q u m s p a l w d ~ OpuWL!lU3<rJ . E ! O ! J I U ~ 60pn160 0!uq enb ra)s!ui ) ' u r j ) ld 'q6! s i a j .iil~qs muJ su sopuluj auuimp! 60 wpw ap on!>om<l - u m o nlm uin Ia*!n;n~ mumi se opuuni: -op!lua *Ti)"~ ~ g ~ s l l b ~ ~ t ~ tJn!l!xnO y ~ a p duo!lr!!, du!g y 'h%yiUpriiia w a m d o ?lu wul<ij 02" ciiriHu!l .hul!iiüi anb i 3 S J J 3 V

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- c . 44. Quanto no uso, classificam-se as Ilngiias cm vivas, mortas e rxfinla<. 3,

45. VIVAS, as qiic cstiio scrvindo de instrumento diiirio de comuni- cação entrc os indivíduos de uma nação, como o porluguês, ~ j r ancês . etc.

46. MonlAs. as que jú não são faladas. mas deixaram documcntos escribs, mmo o lalim c o grego lirerários.

47. EXTI~TAB, dcsaparcccram, scm dcisar memória Uociimcn- as ~ I I C

tal, como o indo-europeu.

48. DIALETO6 a modificação rcgional dc uma língua.

"~ni 'dialeto, diz Maroiizcnii. sc dcfiiic por um coiijiinto dc particula- ridades tais quc o scii agrupamento dá a irnpressiio diirn falar distinto dos falares vizinlios, a dcspcito do pnrcntesco qiic os uac" ( I ) .

N l o sc dcve edmitir a falsa idbia dc quc o dialcto scjn a corrirpçóo de uma língua. O povo, quando inodi[i.cn o idioiiia, obcdccciido hs suas tend8ncins nnturais, 1150 o corrornpc. A língua, como tudo na natiircza. está sujcila a transforrnaçõcs iricvitávcis.

Para a formação dc um dialeto, concorrcm cniisns (Ic várias ordcns: Btnica, social, geográfica, ctc.

Uma língua só conscrva o scu aspccto uniformc cnquanto é falada por um pequeno agrupamento humano. É quc, ncstc caso, as influên-

cias são ns mesmas; as comiinicaçócs entrc IU pcssons, main ínl.imas c constantes; os intercsscs idênticos.

* Dcsde, porkm, qiic a família liumana se multiplicn, dcsdohrando-sc por várias rcgiõcs, o unidade lingüísticn sc torna insiistcritável, a nicnos que haja uma ação enkrgica d o podcr ccntral, mantcndo as divcrsas rcgiócs vinculadas espiritual c matcrialmenle h mclrópole. Esta ação quc sc exerce, sobretudo. pcla li:cratura, pelo jornalisnio. pelas escolas, cslá condicior.ado no grau d c dcpcnd6nci; política, h clist8ncin c nos nicios d c c o m u n i c ~ ~ ã o . Assim, quaiito mais dcpcndcntc politicamcntc cslivcr a região, mcnos distante se acliar (Ia capital ou scdc do poder ccntral, mais facilidade houver de comunicações com ela, tarito maior scrá a rcsistêricia d a Iíiigua cm. manter a sua unidade.

Quebrados os laços políticos oii cn~raqiicricln a nçZo d a nirtr;~polc. começam logo a surgir difcrcnças locais. quc d a ã o cin resultado, no corrcr dos nnos, a formaçüo dc dialctos.

a o que por outras palavras olirma Daiizat: "<les(lc rliic a nçáo (10 podcr ccntral sr cnfroquccc ou <Ics:iparecc. dcsclc qiic o Inço social sc rclaxn. os grupos se dcslocam, e cada um delcs, rctomnndo a sua autonomia, clicga rápida. e inconscientcmeiitc a sc constituir cin linguagcm iiidcpciidcntc: foi o qiic aconteceu, por exemplo, dcpois d a qiie(la do império romano" ( 1 )

Nüo sc pode ignorar prcsentamcctc a importfin'cia do conliccimcnLo dos dialetos, porque sáo clcs quc nos diio o cliave (Ic miiilos problcrnas de linguagcm. "Já niio é possível, declara o já citado Dauznt, quc sc '1raf.c hoje dc uma questão qualquer de linguagem, com ubslraçáo dos documentos dialetológicos" (2)

A dialciologin cicnlífica só apaicccu no súciilo X I S , com os trnbnllios de Cornu e dc Ascoli.

Os estudos dialetológicos, apcrfciçoados coni os modernos processos da fonética experimental, assumem Iiojc caráter definitivo, grayas ù coii: tribuiçáo que Ilie veio trnzer uma ciência nova, dc origcm francesa - a Gcograjia Lingiilslica.

E m sua origem. toda língua é um dialcto, que, por circunsifincias várias. conscguc predominar. Assim. o ilaliano foi o principio o dialclo da Toscana; o espanhol. o d c Castcla; ojrancês, o d a Illia (Ic Fraiiçn.

Língua c dinlcto súo, pois, termos rclativos. O i la l ian~, o jrancês,

o espanliol, o porluguês, ctc., que, toinados scparadnn~cnlc, coiistitucni vcrdadciras líogiias, com rclaçiío no latim. niío passam de siinplcs dialctos.

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49. A priricípio. o que existia era simplesmerite o lalim. Depois. o idioma tlos rornniios se cstiiiza, trnnslormaiido-sc riiim instrunierito literlirio. Piissn ciitiio a aprcsciitnr dois aspectos que, coin o correr do tempo, se tori~arn cndn vcz mais distiiitos: o clúasico c o uiilgar. Küo crnm duas língiias diferentes, mas dois aspectos da mesma língua. Um surgiu do outro, como a úrvorc da scinentc. Essas duas modalidndcs do latirn, a literlria e a popular, receberam dos romanos a dcnomiiin~lo respectiva- mente de sarmo urbanus c sermo rulgaris.

50. Diz-se ialini clóssico a língua escrita, cujo imagem est4 pcrfci- tamente configurada nas obras dos escritores latinos. Caracteriza-se pelo apuro do rocnhulário, pcla correção grcmatical, pela elegtncin dc estilo, numa palavra, por aquilo que ~ í c c r o chamava, com propriedade, a urbanilas.

Era uma Iíugua artificial, rígida, imota. Por isso mesmo que não refletia a vida trepidante e mud5vel do povo. pôde permanecer, por tanto tempo, mais ou menos estável.

A tradiçno literária começa em Roma no s6culo 111 a.C., com o apn- recimcnto dos primeiros escritores: Lívio Andronico, Cncu Névio, Enio. Antes, o que havia eram sirnplcs inscriçóes de nulo valor literário. O período de ouro do latim clássico é representado pcla época de Cícero e de Augusto. É então que aparcccm os grandes artistas da pros- e do verso, que levam a língua ao seu maior esplendor.

(1) Apud Bourciez, gltn. de Ling. Rm., p. 31. - Ver Lnmbém o ieJíemu&o de Quinriliaoo, Inrl. Orol., XII. 10.40.

51. Chama-se lolim uulgar o latim falado pelas classes iiiferiores d a sociedade romana inicialmente c depois de todo o Império Romano (1). Nestas classes estava compreendida a imensa multidáo das pcssoas iiicultas quc erani de todò indiferentes i s criações do espírito, que náo tinliam preo- cupações artísticas ou literárias, que eiicaravam n vida pelo lado prútico, obje~ivamenlc.

A. estas pertenciam os soldados (mililes). os m;riiiheiros (nauloc), os artífices (Jabri), os agricultores (agricolae), os barbeiros (lonsores), os sapa- teiros (sulores), os taverneiros~(coiiponcs),os artistas de circo (hislrioncs), ctc., Iiomens livres e escravos. que se neotovelavnm nas r!ias, qiie se com- primiam nas praças, que frequentavam o forum, que superlotavam os teatros, a negócio ou em busca de diversõcs. tocia essa gente, eiifim, que. s i passara pcla escola, dela 96 conservara os coolieeimentos mais ncccss4- rios ao exerclcio da sua atividade.

Representava esse latim, pois, a soma de todos os Ialares das camadas sociais mais Iiumildes. E ra uma espkic de denominador comum. que

se sobrcpunlia hs gfrias das várias profissi>es. conio iirn iiistrurnento Inmi- liar de comunicaç80 diária.

Encerrava ele não poucos arcalsmos, banidos da língua literária, a par de um grande núrnero de inovações ou eioprl.stimos. quc se refletiam principalmerite no vocabult5rio. em consequêiicia das conquistas.

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t '. I.\ I , . . , .

Contido durante muito tempo, em suas expansões naturais, pela ação dos gramáticos, da literntura e dn classe cultni o Iatirn vulgnr se expande livrcmentc mais tarde, com a ruína do;'Inlpério Romano e o avassnlamento dos scus domínios pelas bordas' bárbaras. cuja conse-qüência foi, c não podia deixar de ser, o fecliamento das escolas e o desapa- recimento d a .uistocrncia, onde se cultivavam as boas letras.

Produto de uma contribuiçuo tão variada, em que ao lastro primitivo, dc liumildc origcm rural, sc Iiaviarn sobreposto elcmciitos divcrsos dia-

(1) A cxpresstio lalirn uirlgar. crnboro gerdrncnle ndrnilidn, é imprópriii pnre signilicor o qiie mrn ela se pretende. I'or isso. tem-se corrigir m a irnpro- pricdode, aul>ç~iluindo-a Fj r oulrm. C<invérii cilrir a esLc rrupeilo u quc diz o ~>rnf. Scrafim dri Silvn NcLo: h s vnricdades dii liiigua Cri l~ ir l i i chninorcinos sermo usualii. loiirn correnle, lalirn coloqilial- rugindo ò cxprcssiic> lalirri oulgnr, que 6 rniiilu deleiliiosii". (Fonl. do Lol. Vulp.. p. 27). Podemae dirlitigiiir. acgundo ele, na língua correole quoiro motizcs: "Ernlwra sem preiisEo rniilernótieo. pcwo qiic wdeinos ndmitii quatro ma-lizcs do lingiin corrente: jarniliar (loiirn d i ~ dos Ironcstioreseld3cs mfdlirs. - inrliicii-cindo w l n urbonilai): rulgar (Inlim d&3 I > R ~ x R ~cnrnodw do p p ~ I u c " < ) ,do3 CSETUVOI); piriar (mililar. dos gladisdorea, dos rnarinhcims. elç.); yroo;ncial". (Ilisl. do Lof. Vulg.. p. 27). ' letais ou de outra proccdsncin, cssc Intiin ciicerrava já rni si o gcrmc (In diferenciaçZo, que se foi accntiiiiiido cada vcz iiiuis. dcsclc quc o adotaram como idioma comum povos tSo diversos peln líiigiia c prlos costumes.

Foram cssas transformações, que clc sofreu cni cada rcgião, quc deram em resultado o aparccimcnto dos difercntes romances c, postcriomcnte, das vhrias Iínguns ncolntinas.

m Nno 6 fAcil conliecer, em scus pormcnores, csta modalidndc do latim.

Nos autores latinos não houve nunca c propbsito deliberado de rclratar o falar do viilgo. O Iiumildc cntalliador. no gravar nn pcdrn ou no már- more uma inscrição, julgava cstsr cscrevcndc a boa 1í:igun. ou scjn, o latim clássico (1)

Era a literatura latina uma espécie de círculo fechado è s maniicstacões da vida popular. Os escritores puiiliam scmpre grande empcnlio em evitar o emp;Ego de palavras ou cxprcssões da plebc. Assim, não é cm suas

' obrei que sc pode cstudar o sermo nulgaris. Com isso, cntretanto. não queremos dizer que não se encontrem absolutamente palavras ou expres- Ges do povo cm scus traballios. NUo é possívcl supor quc o sermo urhanus, em contacto permanente com o nulgaris, iiGo sc deixasse pcnetrar de certos vulgarismos. como também não sc pode negat que a língua d o povo con- tivesse palavras ou expressões pertencentes Q língua culta.

Os poucos informes que tcmos d o lalim oulgar são-nos ministrados: a j pelos trabalhos dos gramáticos, na correção das formas crroneas usuais; b) p c l a obras dos comcdiógrafos, quando aprcsentqm em cena pessoas do povo, falando; c) pclas inscrições, qiie nos legaram humildcs artista8 plebeus; d) pelos cochilos dos copistas; e) pelos erros ocasionais dos pr6prios escritores cultos, principalmcote dos Últimos tempos.

Por semelliantes documentos e pclos abundantes subsídios que no6 fornecem as línguas rominicas, podemos concluir que bcm profuodns eram as diferenças que extrcmavam o sermo nulgaris d o sermo urknus .

No estudo do'latim vulgar. deve-sc salientar a import8ocia das obras dos escritores da decadêricia romana, sobretudo daquelcs que, visaiido a um objetivo superior. escreviam com simplicidadc, scm a preocupação da gramática e d o estilo. Ncstc número. estão os escritorce cristúos. Fontes dc informaçúo scgura, para o coiiliecimciito desta n~odnlidadc

(1) "É diricil. diz hlenfndez I1idul. o conlicciineiilo do latim vulgnr. piir iiiincn fo i wcrilo delil>ersdai~iciile: o cniilciru rnois rudc, ao graviu uiii Iclreim. pmliiiiilia-sa wcrever a lingua elúnsica". (nlon. dc Çrruii. iiiif.E,,,.. p. 3).

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31. L~NGU.ASR O ~ A N I C A S são as que conservam vestígios indeléveis de sua iiliação ao latim no vocabulhio, na morfologia e na sintaxe.

58. Há dez línguas românicas: o porluguês, o espanhol, o calalão, o francês, o prownçal, o ilaliano, o relo-romano, o dalmálico, o romeno e O

sardo.

Estas línguas estão assim distribuídas:

o porluguês, falado em Portugal, no Brasil, na ilha da Madeira, no aquipélago dos AçÔres, nas antigas e atuais colôuias portuguesas da a r i ca , da hsia e da Oceânia;

o espanhol, falado na Espanha e suas colônias, em quase toda a AmE- rica do Sul à rxceção do Brasil e das Guianas:'na América Central, no lIéxico, em algumas iihas do arquipélago das Antiihas e nas Filipinas;

o calaláo, falado na Catalunha, nos vales de Andorra, no departa- mento francês dos Pirineus orientais, na zona oriental de Aragão, na maior parte de Valência, nas ilhas Baleares e na cidade de Alguer, situada na

I costa noroeste da Sardenha;

ofrancês, falado em quase toda a França, exceto no sol e na Bretanha, em Suas colôuias da Ásia, da África, da América e Oceânia, na Bélgica e

! Congo Belga, na Suíça, em i\Iônaco, no Canadá, na Lgisiânia e n o Haiti;

p prov~nçal, falado no sul d a Franca (Provença);

o ilaliano, ialado n a Itália e nas ilhas adjacentes (Córsega, Sicília,

I etc.1. nas antigas colônias italianas da Asia e da África. e em S. I l a -

rinho; o reto-romano, rélico ou hdino, falado no Tirol, no Friul e no cantão

dos Grisóes (Suíça);

o dahhlico. outrora falado na Dalmácia:

o romeno ou raláquio, falado na România e na parte d a ~ ~ ~ ~ ~ d ô ~ i ~ , próxima ao monte Olimpo;

o sardo. falado na Sardenha.

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O terrirório atual. em que se falam estes idiomas, oriundos do latim, não coincide com os limites do Império Romano, antes da invasão dos bárbaros.

H& lugares em que o latim não conseguiu impor-se, outro3 em que ele logou implantar-se, mas depois teve que ceder A investida de idiomas estranlios. Basta dizer que, não obstante a vasta área em que foi ialado depois das conquistas, só deixou representantes na Europa.

Aí mesmo. Iiá regiões em que não conseguiu manter-se. Assim, muito precária foi a sua sorte nos países balcânicos, na ilha de Malta e na Inglateira.

59. As línguas ncolatinas nãose derivaram d i re tament~ do latim. mas entre aquelas e este houve os vários r m a n c e s , - assim se chamavam as modi[ieações regionais do la t in -, dos qtiais saíram então as línguas românicas.

S ã o se pode precisar a época exata da formação dos romances. nem a do desapusecimerito do latim <ulgar. Segundo Grandgent. o período deste estende-se do ano 200 a.C. até pouco mais ou menos o de 600 da Era Cristà: ( L ) . Só entzo 6 que aparecem os romances.

Diz h,Ieyer-Lübke que as altera~ões características do sistema foné- tico das línguas românicas se verificaram entre o IV e VI séculos.

Para Laij. modiiicacões, além da diversidade de meio, da extensão territorial e d a topografia irregular dos vários domínios romanos, elemrn- tos importantes na transformação de uma língua, outras causas costumam

%er invocadas: o) a hislórica; b) a elnológica; c) a polf l ica. 60. A causa h i ~ l t i c a .-.bconquistas romanas deram-se em diiereotes épocas.

a o m a não impós a seu juco simultançamente a todos os paros. Consumiu-Lhe vários século^ a dominatão do mundo.

- k i m , a Sicilia é cori\.ertida em provinci? romana. no ano de 241 a. C.: a Cómga e a Sardenhu,>no ano de 138 a. C.: a !liapInia. no de 197 a . C.: a Iliria é a h v i d a desde 167 a. C.: a Airica. a partir d a i-itórir sobre Car tqo . em 146 a. C.: a Gália meridional.

e m 120 a. C.; a Gália setentrional torna-se provincia romana no ano de 50 a. C.; a Récia, desdt o ano 15 a. C.;a Dácia wfre a colonizatüo romana no ano dc 107 da Era Cristã (1).

Por conseqüência. entre a conquista d a Sardenhs e a da Dácia. medeiam apmrima- damente puatm séculos.

Xeste e s p a p de tempo, tinha solrido a língua latina nòo poucas modificaçõer. É a raz io por que o sardo apresenta traços de um lalim muita m;ús a n i i , ~ do que o italiano. D o mesmo modo. os povos que habitavam a Península Ibérica receberam o sermo pulgaris primeiro que os da Gália.

Enquanto as primeiras t e r r a mmanizadas aprenderam uma linguqem mais wpular. as últimas oonheceram um latim mais poiida, ou seja "uma linguagem mais oficial".

J I a a causa histórica poderá explicar a diferenciação do latim; nunca. porém. a das linruas românicas entre si.

&te lato e' reconhecido por AIeyer-Lübke: "a diferente mtigiiidade do latim nos diveruri países pode explicar diIerença dentro das línguas românicas, mer nào a própria di lerenp d a t a s línguas entre si" (2).

61. A m u o elnológica - .As várias regiões sobre que os romanos estenderam o seu domínio eram hcbi tada por povos de racas diIrrentsr. SRprjpria Itjlin. al6m do oam e m b m , de origem inênticn ao latim. eram falador outros idiomas: o niesrápio. ao sudeste; o grego. na Sicilia e no sul: o ciruaco, ao norte: o ci!lico. na regi20 du 1'6: o íigúrico. ao noroeste; o i-êneto. ao nordeste.

NO temtório wrrespondeote I Franca atual. [oram idiomar ususis o ibírico. o li@;-rico e o ci l l im (gaulês).

S a resião mnstituida modernamente por Portugal e Lp.mhn. havia o ibirico e o ciilico. h Portugal especialmente. habitavam as seguintes tiitmsos: lurdrianoi no sul. c r i l u no sul e no norte. 11irduloa ao norte do Tejo. igedilonos na Beira. prrrwo5 ao sul do Douro. grócior ao norte, brácaror . no Jlinho. :elas ein 'L'rá5-x-Jlontçs - algumas nati- vas. outras resultanteo do cruraruento din Ç c I L ~ , c de ootros puvus mm cs Iusitann; (3).

Era larçoso que e lingue latina. na boca de gentes de índole eemtumer tZo di~erros. se modicicas tamb6ni diversamente. em tods s floinânia.

AO receber o latim, cada povo o transrurmnva n seu modo. de acordo com os hibi-tos lonéiicos próprios.

É esta s hipótere do rubsirolo de que .iscoli se valeu paro erplicor certii; puticula-r idade lonética do ~TOIC?S e do rrpauiioi (.t).

. . .

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Page 8: Gramática Histórica - Ismael de Lima Coutinho

(4) Chamn-se subrlrolo a lingun suplantoda em conseqü8ncin dc conquista. posse e colonizscào da terra por Ou110 p v o . D o m i i u c t o de duas i i n g u ~ no mesmo terril6- rio resulta que a lingun sobrevivente guarda certos t r a a s de inlluêiicin da oiiterilir. que podem consistir em cerlas palavras. húbitos lunC1ims. lormas gromnticais.etc. Filando de subrlmlo a,dominio das línguas românicas. diz Paivs DolCo: "Esiudonda e.; fontes do ICxico. não se pode deixar de l u e r relerêncio. embora sumhria. no probbnin dos rubr- Irolor. o q u d mnsisle. como C sabido, em determinar s influéncin dar linguaç sui&io~ics. faladas antes da doioinaçZo romana. sobre cada um dos idiomaç ncolstinos. É ~alver o =unto mais delicado de quanlos se apresentam Iioje ao estudo dos romonisbi. T.1-vez por úso mesmo ele apaixona os fil6logos. que Ilie têm dedicado numerosos trnbellios. quer de caráler geral. quer especial. Barra recordar. entre tantos outros, os de Brrtoldi. IlolCglioai. Terracini. Schrijnen. Alenéndez I'idN. M.. von \\'artL>urn e l l w r i Sleicr". ( In l rcd . ao rrludo d o Filol. Purl.. ps. 23-21].

Poderia ela. quando muito. explicw a formnçZo de dialetos na Rornãoia, ~ á o ,porh, a de linguas Lào difereotej corno as neolalinar.

62. ,Ic o u l ~wiilico. - 3 e todw s causas aqui a p o l a d m é. sem dúvida, esta a iinlmrtante da diferencioçSo dar linnuar

Com efeito. enquanto um povo e516 pl;licamenle sujeito e outro, forte a unidade lingii isúca

~ n d c ,p r c m . quc se quebram os IPÇDS ar no quep l i t i m , tomeçam d i ~ e r ~ ~ n c i a r diz rcspe:iu à l í n j s . E s t w se vúo a~ol i imandoi proprção que os aoos pasiam e di-riiinucw as r e l a c k entre a a n t i ~ a inetiipole e a ml6nia. &mo conseqüência lógica, iinpir-se a crincPo de dialetos, que poder" tcnnsformur-se depois em Linguaj indepen-dsnles.

Foi o que suceda com o latim.

"As diferen~4i locais, diz hleyer-Lübke. talvez mir im% na origem, sumencaramq quando o imp8rio rumano caiu. quando 8+ r e l a c k d<irarsm de ser reciprocas e. em lugar de um império homozêoeo, houve estados isoledos e independentes uns dos outros".

63. .A língua portuguesa pror.eio do ialim vulgar que os romanos introduziram na Lusitânia, regilo situada ao ocidente d a Pensínsula Ibérica.

Pode-se aíiumar, com mais propriedade, que o portugués é o próprio Iatim modificado. É licito concluir, portanto, que o idioma falado pelo povo romano não morreu, como erradamente se assevera, mas cootinlia -a viver. transformado, no grupo de línguas românicas ou novilaljnas.

I s circunstâncias históricas, em que se criou e desenvolve3 o nosso idioma, estão intimamente ligadas a fatos que pei tencem à história geral d a Península.

77. Leite de Vasconcelos divide a história d a língua portuguesa em três grandes épocas: pré-hislórica, prolo-hislórica e hislórira (2).

78. A pé-hislórica começa com as origcns da língua e se prolonga até o século IX , em que surgem os pr imeir~s docume~itos latino-portu- gueses. É reduzido o material liiiguístico desta época, constante de ej- cassas inscrições. Só por coiijetura é que se pode fornisr urna idéia do romance então falado.

79. A prolo-histórico estende-se do século I S ao S I I . Os textos,

que então aparecem, são todos redigidos em latim bárbaro. Keles. porém.

de quando em quando, se encontram palavras portuguesas, o que prova à evidência que o dialeto galaico-português já existia nesse tempo.

$0. A hislórico inicia-se no século XI I , em que o s textos ou documen- tos aparecem inteiramente redigidos em português. Anteriormente, a língua era apenas falada.

81. A época hislórica comporta uma divisiio em duas fases: a arcaica (do século S I 1 ao S V I ) e a moderna (do século S V í para cá).

Quase no limiar da época moderna. como a extremá-Ia dn arcaica, o [ato literário dc maior importância é a publicação dos Lusladm (15í2) por Luís de Camões. Constitui es ta ohra a verdadcira epopéia nacional