Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana,...

10
GRAMÁTICA CIENPIES DESIGN / SHUTTERSTOCK

Transcript of Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana,...

Page 1: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

polisaber 1

321-

3

Gramática

Cie

npi

es D

esig

n /

sh

utt

erst

oC

k

Page 2: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

Gramática aula 8

4 polisaber

321-

3

o termo "hype" é um estrangeirismoser politizado é ser hype[…]para entender o que é ser hype, primeiro é necessário entender a cultura

pop, tudo aquilo que faz sucesso, que causa e acontece, essa é a premis-sa do termo hype. Contudo, antes de criticar a hype mania e tachá-la de vazia e coisa de quem não tem nada melhor pra fazer, é preciso saber que quem é hype de verdade pode até ser militante político. o hype é politizado, educado, uma mistura de cult e glam, outros termos da moda meio antigos. o hype é inteligente e superdescolado, veste roupas caras, porém sabe o valor de um bom brechó. está superantenado em literatura – lê muito, inclusive Dostoievski –, cinema – curte Quentin tarantino e al-modóvar –, gosta de arte e entende o mínimo que seja – saber quem foi Frida khalo, ao menos.

um coisa é hype quando é pop, quando agrada o gosto coletivo, de quem está mais antenado, quando é diferente do comum, mesmo que não rompa com as tradições e vá contra as tendências. pode ser colorido, chamativo ou neutro e discreto, depende da forma, do uso.

em suma, ser hype é ser motivo de comentários, de qualquer espécie, é ter um caminho na mídia, despertar o instinto opinativo e até ter o rosto colorido em um cartaz – clímax!

os hypes movem o mundo cultural, e criar movimento é uma coisa muito hype! e você, é hype ou tem outro estilo? Comente!

Disponível em: <https://modaadentro.wordpress.com/2009/11/11/ o-que-e-ser-hype/>. acesso em: 23 dez. 2017.

exercícios

1. (Unicamp-SP) O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reverenciados pela inven-tividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores “praticamente intraduzíveis”. Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês. Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão:

I. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som natural, utilizando-se os recursos da língua); e

II. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já existentes na língua). Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (I) e (II) estão presentes:

a) Quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém) e tattarrattat (JJ, Ulisses). b) Transtrazer (GR, Grande sertão: veredas) e monoideal (JJ, Ulisses). c) Rtststr (JJ, Ulisses) e quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém). d) Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, palavra). tattarrattat imita algum ruído; inesquecer-se é formada

a partir do prefixo “in” agregado ao verbo “esquecer-se”.

Page 3: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

polisaber 5

aula 8 Gramática

321-

3

2. (Unicamp-SP) Estrangeirismos são palavras e ex-

pressões de outras línguas usadas correntemente

em nosso cotidiano. Sobre o emprego de palavras

estrangeiras no português, o linguista Sírio Possenti

comenta:

tomamos alguns verbos do inglês e os adaptamos a

nosso sistema verbal exclusivamente segundo regras

do português. se adotarmos start, logo teremos es-tartar (e todas as suas flexões), pois nossa língua não

tem sílabas iniciais como st-, que imediatamente se

tornam est-. a forma nunca será startar, nem ostartar ou ustartar, nem estarter ou estartir, nem printer ou

printir, nem atacher ou atachir etc., etc., etc.

possenti, sírio. a questão dos estrangeirismos. in: FaraCo, Carlos alberto. Estrangeirismos: guerras

em torno da língua. são paulo: parábola, 2001, p. 173-174.

As alternativas abaixo reproduzem trechos de um

fórum de discussão na internet sobre um jogo ele-

trônico. Nessa discussão, um jogador queixa-se por

não ter conseguido se conectar a uma partida e ter

perdido pontos. Escolha a alternativa que contém

um exemplo do processo de adaptação de verbos

do inglês para o sistema verbal do português, como

descreve Sírio Possenti.

a) “Aconteceu logo na manhã deste domingo, quando

iniciei uma ranked.”

b) “Ela não deu load e pensei que era um bug no site.”

c) “Entrei no lolking para ver se a partida estava sendo

computada.”

d) “Nem upei meu personagem de tanto problema no

server.”

Disponível em: <http://forums.br.leagueoflegends.com/board/showthread.php?t=187120>.

acesso em: 15 jul. 2017 (adaptado).

Glossário:

Bug: falha devido ao mau funcionamento em um programa de

informática.

Computar: contar, incluir.

Dar load: carregar.

Lolking: site da internet sobre o jogo.

Ranked: partida que dá pontos ao jogador.

Server: servidor; em informática, é um programa ou um computador

que fornecem serviços a uma rede de computadores.

Upar: subir de nível, recarregar.

3. (Unicamp-SP)

Do ponto de vista da norma culta, é correto afirmar que “coisar” é:

a) uma palavra resultante da atribuição do sentido cono-tativo de um verbo qualquer ao substantivo “coisa”.

b) uma palavra resultante do processo de sufixação que transforma o substantivo “coisa” no verbo “coisar”.

c) uma palavra que, graças a seu sentido universal, pode ser usada em substituição a todo e qualquer verbo não lembrado.

d) uma palavra que resulta da transformação do subs-tantivo “coisa” em verbo “coisar”, reiterando um esquecimento.

4. (Enem-MEC / PPL)

Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. o principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. além do sentimento muito forte manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas companheiras na maternidade que estão amamentando. esses conflitos constituem nosso maior desafio. assim, criamos a técni-ca de mamadeirar. o que é isso? É substituir o seio ma-terno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!

paDoin, s. M. M. et al. (org.). Experiências interdisciplinares em aids: interfaces de uma

epidemia. santa Maria: uFsM, 2006 (adaptado).

2. “upar”, de acordo com o glossário, é “subir de nível”, “carregar”. a única alternativa em que há uma palavra em que o verbo do inglês se adaptou ao português é a d. a terminação “ei” foi utilizada para indicar que tal verbo foi conjugado no pretérito perfeito do indicativo. na alternativa a, a palavra ranked continua em inglês. Load e bug, na alternativa b, também estão em inglês. Lolking, idem. portanto, apenas “upei” foi adaptada ao português.

3. apenas a alternativa b está correta. o verbo “coisar” é uma transformação, pelo uso, do substantivo “coisa”. É resultado de uma derivação sufixal que nesse caso atribui uma terminação verbal ao substantivo.

Page 4: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

Gramática aula 8

6 polisaber

321-

3

O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães que não devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra “mamadeirar”, que consiste:

a) na manifestação do preconceito linguístico. b) na recorrência a um neologismo. c) no registro coloquial da linguagem. d) na expressividade da ambiguidade lexical. e) na contribuição da justaposição na formação de palavras.

estudo orieNtado

Caro aluno, o acervo lexical da língua portuguesa é constituído de uma grande maioria de palavras herdadas do latim. A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em nosso próprio idioma. Ultimamente, em razão do desenvolvimento científico e tecnológico, surgiram muitos termos técnico-científicos ligados à área da ciência, da tecnologia e da informática. Atentos a essa questão, os vestibulares solicitam esses conhecimentos dos candidatos. Os exercícios a seguir foram selecionados para ajudá-lo a aumentar seu repertório linguístico e contribuir com seu preparo para o ingresso em uma boa universidade.

exercícios

1. (Enem-MEC)

Texto I

um ato de criatividade pode, contudo, gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra “sambódromo”, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, for-mas que designam itens culturais da alta burguesia. não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo.

aZereDo, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. são paulo: publifolha, 2008.

Texto II

existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1.

gullar, F. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. acesso em: 3 ago. 2012.

Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra “sambódromo”, o processo de formação dessa palavra reflete:

4. o termo “mamadeirar” é exemplo de um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova a partir de processos que já existem na língua, no caso a sufixação à palavra “ma-madeira”. assim, é correta a alternativa b.

Page 5: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

16 polisaber

321-

3

Gramática aulas 9 e 10

exercícios

1. (Enem-MEC)

o nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem uma interessante certidão de nascimento. De repente, no fim do século Xvii, os poetas de lisboa não repararam que não podiam cantar o inseto luminoso apesar de ele ser um manancial de metáforas, pois possuía um nome “indecoroso” que não podia ser “usado em papéis sérios”: “caga-lume”. Foi então que o dicionarista raphael bluteau inventou a nova palavra, pirilampo, a partir do grego pyr significando “fogo” e lampas, “candeia”.

Ferreira, M. b. Caminhos do português: exposição comemorativa do ano europeu das línguas. portugal: biblioteca nacional, 2001 (adaptado).

O texto descreve a mudança ocorrida na nomeação do inseto, por questões de tabu linguístico. Esse tabu diz respeito à:

a) recuperação histórica do significado.b) ampliação do sentido de uma palavra. c) produção imprópria de poetas portugueses. d) denominação científica com base em termos gregos.e) restrição ao uso de um vocábulo pouco aceito socialmente.

2. (Fuvest-SP, adaptada) “Cultivar amizades, semear empregos e preservar a cultura fazem parte da nossa natureza.”Reescreva a frase, substituindo por substantivos cognatos os verbos cultivar, semear e preservar, fazendo as adaptações necessárias.

3. (Fuvest-SP)

a gente via brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas diminutas: a cari-nha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho que-carícia. aos tantos, não parava, andorinhava, espiava agora – o xixixi e o empapar-se da paisagem – as pestanas til-til. porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê, pelos entrefios: – “tanto chove, que me gela!”

guimarães rosa. “partida do audaz navegante”. Primeiras estórias.

a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a personagem traduzem também sua atitude em relação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a brevemente.

os poetas portugueses consideraram que “caga-lume” não seria aceito em “papéis sérios”, por ser “indecoroso”. então, criou-se o substantivo “pirilampo” pela junção de dois morfemas originários do idioma grego.

o cultivo de amizades, a semeadura de empregos e a preservação da cultura fazem parte da nossa natureza.

os diminutivos, no texto, servem para caracterizar a personagem tanto fisicamente (a personagem é uma garota) quanto em relação ao afeto, sugerindo a predileção que o narrador nutria

por brejeirinha.

Page 6: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

polisaber 17

321-

3

aulas 9 e 10 Gramática

b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa. Explique o processo de formação dessa palavra. Indi-que resumidamente o sentido dessa palavra no texto.

4. (Fuvest-SP, adaptada)

a civilização “pós-moderna” culminou em um pro-gresso inegável, que não foi percebido antecipadamen-te, em sua inteireza. ao mesmo tempo, sob o “mau uso” da ciência, da tecnologia e da capacidade de invenção, nos precipitou na miséria moral inexorável. os que condenam a ciência, a tecnologia e a invenção criativa por essa miséria ignoram os desafios que explodiram com o capitalismo monopolista de sua terceira fase.

Florestan Fernandes. Folha de S.Paulo, 27 dez.1993.

No trecho “nos precipitou na miséria moral inexorá-

vel”, a palavra destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por:

a) inelutável.b) inexequível.c) inolvidável.d) inominável.e) impensável.

5. (Insper)

[…] o segundo exemplo é de conhecimento de muitos: uma peça publicitária que, para enaltecer as qualidades de um carro, compara dois atores, um considerado um grande ator e o outro, um ator grande. nesse comercial, é um brasileiro que se presta a ocu-par o lugar de ator grande (com atuação considerada muito ruim em sua profissão). Foi dessa maneira que ele saiu do ostracismo e voltou a ser “famoso”. Muitos jovens enalteceram a coragem do moço, sua beleza e o dinheiro que ele ganhou para fazer parte dessa campanha. […]

rosely sayão. Folha de S.Paulo, 13 set. 2011.

No excerto apresentado, ao fazer um jogo de pa-lavras com “ator grande” e “grande ator”, a autora produz diferentes efeitos de sentido. A alteração da ordem das palavras só não produz mudanças de sentido em:

a) pobre homem. b) estrela esportista. c) poesia simples. d) novo modelo. e) homem algum.

6. (Ibmec-RJ) O texto a seguir foi retirado da obra de Graciliano Ramos Vidas secas. Esse romance com-pletou, em agosto de 2008, 70 anos de sua primeira publicação. É narrado em 3a pessoa (ao contrário das obras anteriores de Graciliano) e pertence a um gê-nero intermediário entre romance e livro de contos.

Fabiano, uma coisa da fazenda, um triste, seria des-pedido quando menos esperasse. ao ser contratado, recebera o cavalo de fábrica, peneiras, gibão, guarda--peito e sapatões de couro, mas ao sair largaria tudo ao vaqueiro que o substituísse.

sinhá vitória desejava possuir uma cama igual à de seu tomás da bolandeira. Doidice.

não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? e estavam ali de passagem.

Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganha-riam o mundo, sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos. viviam de trouxa amarrada, dormiriam bem debaixo de um pau.

olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. se a seca chegasse, não ficaria planta verde. arrepiou--se. Chegaria, naturalmente. sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera.

e antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mes-mo – anos bons, misturados com anos ruins. a desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. nem valia a pena trabalhar. ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas – ela se avizinhando a galope, com vontade de matá-lo.

graciliano ramos. Vidas secas.

Muitas vezes, uma palavra tem sua classe gramatical usual deslocada para se atribuir mais expressividade ao ato de comunicação. É o que acontece no seguin-te fragmento retirado do texto de Graciliano Ramos:

o neologismo “andorinhava” foi criado com o substantivo andorinha (radical: andorinh-)

acrescido da vogal de ligação -a- e da desinência verbal indicadora do tempo pretérito

imperfeito do modo indicativo (-va).

o adjetivo “inexorável” significa “inelutável”, ou seja, “algo contra o que não se pode lutar”. “inexequível” significa “que não se pode executar”; “inolvidável”, “não se pode esque-cer”; “inominável”, “algo ao qual não se pode dar nome”; “impensável”, “aquilo sobre o que não se pode pensar”.

em geral, a língua portuguesa permite grande liberdade quanto à posição do adjetivo no sintagma nominal; no entanto, com certos adjetivos, a ante-posição assinala uma diferença semântica. em a, b, c, e, haveria mudança de sentido se fosse invertida a posição do adjetivo relativamente ao substantivo a que se refere, pois passariam a designar homem sem recursos materiais, esportista famosa, texto banal em forma poética e um homem entre vários, respectivamente. apenas em d não haveria alteração de significado, pois o adjetivo “novo” continuaria com o mesmo sentido: “com pouco tempo de existência”.

Page 7: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

18 polisaber

321-

3

Gramática aulas 9 e 10

a) “Fabiano, uma coisa da fazenda, um triste, seria despedido quando menos esperasse.” (par. 1) b) “Não dizia nada para não contrariá-la…” (par. 3) c) “… que o poente avermelhava.” (par. 5) d) “… não ficaria planta verde.” (par. 5) e) “A desgraça estava em caminho…” (par. 6)

7. (Unifesp, adaptada)

você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?

uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível:

ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. o objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da

rede social.

Disponível em: <http://codigofonte.uol.com.br> (adaptado).

Examine as seguintes passagens do texto:“Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio”“O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.”A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:

a) da retomada de informações que podem ser facilmente depreendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes semanticamente.

b) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alteraria o sentido do texto.

c) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de informação conhecida, e da especificação, no segundo, com informação nova.

d) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso, e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo. e) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo qual são introduzidas de forma mais generalizada.

8. (Fuvest-SP)

as duas manas lousadas! secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em oliveira, eram elas

as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as

intrigas. e na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela

entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes

de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia

estridente.

eça de Queirós. A ilustre casa de Ramires.

No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos têm como efeito, respectivamente:a) atribuir às personagens traços negativos de caráter; apontar Oliveira como cidade onde tudo acontece.b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das personagens; marcar a generalidade das situações que são

objeto de seus comentários.c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-las como responsáveis pela maioria dos acontecimentos

na cidade.d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las numa cidade onde são famosas pela maledicência.e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer ambiente na cidade.

no texto de graciliano ramos, “triste”, originalmente adjetivo, teve sua classe gramatical deslocada para substantivo: no caso, o vocábulo está nomeando Fabiano. a presença do artigo reforça essa nomeação.

em geral, para uma informação nova, usa-se o artigo inde-finido (uma). por sua vez, o artigo definido é usado quando há uma referência a uma ideia já citada.

os artigos definidos, como se sabe, particularizam os substantivos. nesse sentido, a ausência desses artigos acentua a exclusividade do comportamento típico dessas personagens. Já a omissão de artigos indefinidos serve para marcar a generalidade das situações que são objeto de sua maledicência, ou seja, nada passa despercebido pelos olhos “furantes” dessas duas manas.

Page 8: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

polisaber 31

321-

3

aula 11 Gramática

Não se confunde a noção de aspecto com a noção de tempo. O tempo exprime o momento em que o fato se dá (no presente, no pretérito ou no futuro). O aspecto refere-se à duração do processo verbal, importando a ideia de começo, curso, instante, fim e frequência que o verbo encerra em si mesmo. Para se conhecer o tempo, conjuga-se o verbo. O aspecto, ao contrário, pode ser analisado independentemente da conjugação.

formas nominais

As formas nominais – infinitivo, particípio e gerúndio4 – se distinguem de acordo com o ponto de vista semântico. O infinitivo (ampliar) equivale a um substantivo; o particípio (ampliado), a um adjetivo, e o gerúndio (ampliando), a um advérbio.

exercícios

1. (Fuvest-SP)a) Considerando o contexto da propaganda, existe alguma

relação de sentido entre a imagem estilizada dos dedos e as palavras “digital” e “diferença”? Explique.

b) Sem alterar o modo verbal, reescreva o trecho “Venha para a biometria. Cadastre suas digitais.”, passando os verbos para a primeira pessoa do plural e fazendo as modificações necessárias.

4. Muitas vezes, os puristas condenam o uso desnecessário do gerúndio e, para esses casos, criaram a expressão “gerundismo”. Às vezes estão certos. ouvir alguém dizer ao telefone “vou estar chamando o gerente” (em vez de “vou chamar…”) é realmente desagradável. existe um uso adequado dessa forma nominal: é quando está em jogo a ideia de futuro durativo ou contínuo, como em ”não vou poder entregar o texto, pois na ocasião vou estar viajando”. portanto, o uso do gerúndio no presente deve ser evitado, mas no futuro, não.

sim. a peça publicitária da Justiça Federal convoca os eleitores para a realização do cadastramento biométrico e traz o slogan “a digital de cada um faz a diferença”, exibindo também a imagem de diversos dedos personificados, com destaque para quatro deles, sendo que cada um é caracterizado de modo diferente, tanto nos trajes quanto no que se refere à cor da pele. nesse contexto, além de convidar o eleitor para realizar o cadastramento, a publicidade sugere a valorização de cada indivíduo no processo eleitoral – já que a digital é algo muito específico – ao mesmo tempo que, por meio da estilização os dedos, motiva a expressão da diversidade – ou seja, da diferença – por meio do voto, o qual supostamente poderia trazer representatividade para diferentes grupos. (resposta da professora vanessa Mesquita, do Cursinho da poli.)

reescrevendo o trecho, passando os verbos para a primeira pessoa do plural e fazendo as modificações necessárias, temos: venhamos para a biometria. Cadas-tremos nossas digitais. a frase da propaganda está escrita na 3a pessoa do singular do modo imperativo afirmativo e, ao passarmos o trecho para a 1a pessoa do plural, ocorrem as modificações nos verbos (provenientes das formas verbais do subjuntivo) e também no pronome.

Page 9: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

32 polisaber

321-

3

Gramática aula 11

2. (Enem-MEC)

broWne, D. hagar, o horrível. O Globo, segundo Caderno, 20 fev. 2009.

A linguagem da tirinha revela: a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de épocas antigas. b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais formal da língua. c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho. d) o uso de um vocabulário específico para situações comunicativas de emergência. e) a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles.

3. (Enem-MEC / PPL)

MORUMBI próxima ao Col. PIO XII

linda residência rodeada por maravilhoso jardim com piscina e amplo espaço gourmet. 1.000 m2 construídos em 2.000 m2 de terreno, 6 suítes. r$ 3.200.000. rua tranquila: David pimentel. Cód. 480067 Morumbi palácio tel.: 3740-5000

Folha de S.Paulo. Classificados, 27 fev. 2012 (adaptado).

Os gêneros textuais nascem emparelhados a necessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracte-rizam-se por uma função social específica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que lhes conferem determinado formato. Esse classificado procura convencer o leitor a comprar um imóvel e, para isso, utiliza-se:

a) da predominância das formas imperativas dos verbos e de abundância de substantivos. b) de uma riqueza de adjetivos que modificam os substantivos, revelando as qualidades do produto. c) de uma enumeração de vocábulos, que visam conferir ao texto um efeito de certeza. d) do emprego de numerais, quantificando as características e aspectos positivos do produto. e) da exposição de opiniões de corretores de imóveis no que se refere à qualidade do produto.

4. (Fuvest-SP)

não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à feição da antiga grécia. o surto marí-timo que enche sua história do século Xv não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. a ascensão do fundador da Casa de avis ao trono português trouxe esta burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e do poder da nobreza, representado pela rainha leonor teles, cingira o Mestre de avis com a coroa lusitana. era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções. esgotadas as possibilidades do reino com as pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para contentar os insaciáveis companheiros de d. João i.

Caio prado Júnior. Evolução política do Brasil (adaptado).

vê-se na tirinha uma linguagem informal: o verbo “ter” (“pensei que você tinha consertado…”), na linguagem formal, deveria ser substituído pelo modo subjuntivo (“pensei que você tivesse consertado…”).

os termos “linda”, “maravilhoso”, “amplo” e “tranquila”, empregados para designar as características da residência, do jardim, do espaço gourmet e da rua onde está situada a casa à venda, permitem deduzir que esse classificado emprega uma profusão de adjetivos para revelar as qualidades do produto.

Page 10: Gramática - cursinhodapoli.net.br · A estas, vieram se juntar termos de origem africana, indígena, árabe, palavras vindas da língua inglesa, além de vocábu-los formados em

polisaber 33

321-

3

aula 11 Gramática

No contexto, o verbo “enche” indica:a) habitualidade no passado.b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”.c) ideia de atemporalidade.d) presente histórico.e) anterioridade temporal em relação a “reino lusitano”.

estudo orieNtado

Caro aluno, os exercícios a seguir chamam a atenção para os vários matizes que os verbos podem apresentar. Pro-cure observar que os vestibulares, quando solicitam conhecimentos referentes a verbos, não exigem memorização de paradigmas verbais nem nomenclaturas complicadas, mas a mobilização de conhecimentos advindos da experiência diária com a leitura e a escrita.

exercícios

1. (Enem-MEC)

em junho de 1913, embarquei para a europa a fim de me tratar num sanatório suíço. escolhi o de Clavadel, perto de Davos-platz, porque a respeito dele me falara João luso, que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber que antes de existir no lugar um sanatório, lá estivera por algum tempo antônio nobre. “ao cair das folhas”, um de seus mais belos sonetos, talvez o meu predileto, está datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na suíça até outubro de 1914.

banDeira, M. Poesia completa e prosa. rio de Janeiro: nova aguilar, 1985.

No relato de memórias do autor, entre os recursos usados para organizar a sequência dos eventos narrados, destaca-se a:

a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto.b) presença de advérbios de lugar para indicar a progressão dos fatos.c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos.d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações pessoais.e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor.

2. (Enem-MEC)

Novas tecnologias

atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às ativida-des de telecomunicações. expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.

todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. entretanto, desenvolvemos uma relação

no trecho “o surto marítimo que enche sua história do século Xv”, o presente do indicativo é usado para dar mais vivacidade ao texto e realçar os acontecimentos que estão sendo descritos. trata-se do presente histórico, processo de dramatização linguística que transporta fatos do passado para a atualidade.