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turismo SOFRIMENTO NÃO É ITEM OBRIGATÓRIO PARA FAZER A TRILHA ATÉ MACHU PICCHU, A MAIOR ATRAÇÃO DO PERU. DE LODGE EM LODGE, NÃO FALTARÃO CAMAS CONFORTÁVEIS, COZINHA DE PRIMEIRA E ATÉ JACUZZI grande estilo trekking em texto e fotos Cris Berger Aqui, após as Sete Voltas e antes do Paso de Salkantay: um pequeno trecho plano antes de atingir o ponto mais alto da trilha LEA EL TEXTO EN LA VERSIÓN EN ESPAÑOL A LA PÁGINA 136 GOL#77_TURISMO.qxd 8/18/08 6:24 PM Page 70

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turismo

SOFRIMENTO NÃO É ITEM OBRIGATÓRIO PARA FAZER A TRILHA ATÉ MACHU

PICCHU, A MAIOR ATRAÇÃO DO PERU. DE LODGE EM LODGE, NÃO FALTARÃO

CAMAS CONFORTÁVEIS, COZINHA DE PRIMEIRA E ATÉ JACUZZI

grande estilotrekking em

texto e fotos Cris Berger

Aqui, após asSete Voltas e

antes do Pasode Salkantay:um pequenotrecho plano

antes de atingiro ponto maisalto da trilha

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turismo

O PERU É UMA ESPÉCIE DE NOSSO VIZINHO mais distante.

E Lima, a capital e porta de entrada do país, fica “do lado de

lá” do continente, voltada para o Pacífico. Com 9 milhões de

habitantes, história e cultura de sobra, esse destino interna-

cional da Gol Linhas Aéreas Inteligentes tem muito mais a

oferecer. Igrejas barrocas do século 16 e nada menos que 57

museus convivem com a pulsação de uma das metrópoles

mais incríveis da América Latina. Sem contar sua gastrono-

mia, que aos poucos começa a mostrar sua cara para o

mundo revelando múltiplos sabores.

Mas a lista de atrações do Peru não pára por aí. Da capital, é

fácil ir para qualquer região do país, como Cusco, o ponto de

partida para seu mais conhecido cartão-postal, Machu Picchu,

nosso destino final nesta aventura em que o trekking é feito

em grande estilo — no lugar de hospedagem modesta, lodges

luxuosos com a melhor infra-estrutura. Mas, antes de encar-

ar a trilha, você terá a “obrigação” de ficar em Cusco 48 horas

para aclimatação devido à altitude de quase 4 mil metros.

Depois de aterrissar em Lima e chegar à porta do Vale

Sagrado dos Incas, não faltarão atrações. Fundada no século

11, Cusco é recheada de fachadas coloniais, ruazinhas de

pedra e vendedores e mais vendedores de artesanato. Escolha

seu tênis mais confortável (para não escorregar na pedraria

antiga) e siga em frente: aprecie a Plaza das Armas, passe pe-

la Igreja de la Merced e pelo Templo do Sol, almoce um cevi-

che, refresque-se com um pisco sauer e não perca a fortaleza

de Sacsayhuaman — “Falcão satisfeito”, em quíchua.

Se sobrar pique, a noite de Cusco é bastante animada.

Roteiro básico: comece cedo no Norton Rats — que tem si-

nuca, dados e a ótima cerveja Cusqueña. Siga depois para

Fallen Angel, restaurante em que as mesas são uma espécie

de banheira-aquário com um tampo de vidro, para jantar

olhando os peixinhos. Fechando a noite, caia na pista do Pepe

Zeta, clube animado, bom para beber, dançar e paquerar.

Fim de festa, aclimatação feita, é hora de encarar as mon-

tanhas rumo a Machu Picchu. Dá para chegar até lá de trem,

mas o bacana é ir a pé. O único porém é que a trilha conven-

cional é muito concorrida, e o conforto nos abrigos tradi-

cionais não é top. Mas a reportagem de Gol Linhas Aéreas

Inteligentes foi até lá em um esquema que alia natureza e

muito conforto, dormindo em lodges de luxo do grupo Moun-

tain Lodges of Peru, sem nenhum sinal de mochilagem.

DIA 1 — ENTRANDO NO CLIMAA primeira caminhada é uma espécie de reconhecimento de

campo e é quando os guias observam o desempenho de cada

um. Eles deixam claro que o ritmo certo é o seu. Ou seja, nin-

guém deve tentar bancar o herói e se superar. Depois de qua-

tro horas, a chegada em Soraypampa, a 3.800 metros, é triun-

fante. Junto da calorosa recepção do lodge, somos brindados

com uma bandeja com chá. Mais à vontade, o grupo se reúne

na lareira, antes do compromisso do fim da tarde: relaxar em

uma Jacuzzi ao ar livre, aquecida a 37ºC. Tudo regado a pisco

sauer, e as montanhas Salkantay e Humantay no horizonte.

DIA 2 — ESTILO INDIANA JONESAqui começa o aprendizado: as roupas. São elas que determi-

nam o sucesso de sua viagem. Separe uma bota amaciada —

nem pense em levar uma nova — e mais luva, gorro e capa de

chuva. Aqui, as palavras de ordem são impermeável e corta-

vento. Durante o trajeto, suas malas serão transportadas por

uma mula. Mesmo assim, seja econômico na bagagem ou

acabará tirando metade da roupa depois de dez minutos. E o

melhor é que mulas farão todo o transporte das malas.

Acima, em sentido horário, arquitetura de Cusco; oartesanato que invade as ruas; entardecer na Plaza

das Armas; e a vista do topo das ruínas deSacsayhuaman. Na outra pág., momento de descanso

no Soray Lodge, após trekking de oito horas

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turismoA temida subida das Sete Voltas, íngreme e a 4 mil metros de altitude. A gastronomiarequintada e balanceada do MountainLodge, com destaque para a especialidadelocal: Quinoa. Por fim, a Jacuzzi pararelaxar após longas caminhadas

DIA 3 — DESAFIO À VISTASeis da manhã e batidas na porta chamam para o café-da-

manhã, que oferece uma variedade de pães, cereais, frios

e frutas, que vão nos preparar para o que virá a seguir.

Sete horas e já estamos caminhando para o vale de

Wayraccmachay. Você olha para a frente e pensa: será que

vou conseguir? Respire fundo e siga, afinal você ainda terá

oito horas de caminhada pela frente. Caminhar nem é o mais

difícil, o duro é a altitude. Chegar a 4.650 metros é um desafio.

Há também as temíveis Sete Voltas, que virão depois da para-

da para o lanche. O nome remete a um caminho em zigueza-

gue que corta a montanha Soyro Cocha, íngreme que só ela.

Enquanto os novatos se esforçam, os arrieiros (condutores de

mulas) vão na maior facilidade. A recompensa, o ponto mais

alto da travessia, está logo ali: entre os glaciares de Salkantay

e Humantay, está Salcantayccasa, com 4.650 metros de pura

beleza. Todos se abraçam e se sentem realmente capazes de

tudo. Faz muito frio e não se pode ficar parado mais do que o

tempo suficiente para agradecer a Deus, Pacha Mama (Mãe

Terra) e Salkantay. Dificuldades vencidas e Sete Voltas depois,

chega a merecida hora do almoço. E aí entra o diferencial de

uma caminhada com estrutura: uma mesa está posta em

uma tenda de lona nos aguardando para um almoço balan-

ceado criado por uma nutricionista, que harmoniza o gasto

calórico na trilha com a necessidade de reposição de energia.

Após o almoço, uma suave descida por um lindo vale nos leva

ao Wayrac Lodge, nossa segunda hospedagem. A progra-

mação? Jacuzzi, claro. Nada mais relaxante. Depois de uma

caminhada de oito horas, os travesseiros e edredons de

pluma de ganso ficam ainda mais macios. Isso sem falar na

ducha quente. Esta aventura padrão cinco estrelas reserva

ainda surpresas como trufas esperando na cabeceira da

cama e uma bolsa de água quente embaixo do cobertor. No

Wayrac Lodge, a simpática Pilar, a governanta, recebe os vi-

sitantes com tanto carinho que é difícil ir embora. Falando

nela, as batatas que planta ganharam o prêmio de melhores

no Concurso Nacional de Papas.

DIA 4 — SOMBRA E ÁGUA FRESCADe volta à estrada, a trilha já parece bem mais suave.

Grande parte do caminho foi descida e, no meio da tarde,

nosso grupo chega a Mesada, no terceiro lodge: o Colpa, a

2.800 metros de altitude. Lá, além da Jacuzzi — por

supuesto —, nos aguarda uma autêntica Pachamanca,

assado peruano composto de vários tipos de carnes, entre

elas porquinho-da-índia assados em pedras quentes.

Como acompanhamento, batatas. À tarde, um descanso

merecido com toda a mordomia do lodge.

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turismo

DIA 5 — SUPERPODERESSem dúvida, a travessia de Mesada a Lucmabamba é a mais

fácil. Quanto mais baixo se vai, mais quente a temperatura se

torna. E o cenário muda completamente. Ficam para trás os

picos nevados. Agora, o que se vê são plantações de banana

e café. O ar fica abafado, e o uso de repelente é mais do que

necessário. O rio Santa Teresa é uma bênção para os olhos e

para um mergulho. Após quatro horas de caminhada, a che-

gada ao Lucma Lodge é cheia de oxigênio — estar a 2.100

metros parece fácil. O dia seguinte será o último de caminha-

da e uma sensação de superpoderes invade a todos.

DIA 6 — SÍTIO ARQUEOLÓGICOMais um dia de sol e três horas de caminhada pela frente.

Mas você está enganado se pensa que quem já enfrentou oi-

to horas vai olhar para este novo desafio com desdém. Enga-

no. Sobe-se a 2.700 metros, e estes 600 metros a mais pare-

cem uma eternidade de uma subida longa e inclinada, feita na

garra. Quando finalmente chegamos ao topo, todo o grupo

comemora. Começa então a descida rumo a Machu Picchu,

que, claro, parece ser muito mais fácil. Mais um engano: esta

enorme trilha exige muito dos joelhos. Mas tudo na vida tem

seu lado bom: a melhor vista de Machu Picchu — Llactapata

— é vista daqui. O lugar é um pequeno sítio arqueológico cuja

beleza nos dá a sensação de que todo o esforço foi compen-

sado. Lá embaixo, no fim da trilha, um trem nos leva à cidade

de Águas Calientes e o hotel Inkaterra parece um oásis. Jan-

tamos como reis, mas dormimos sentindo saudades dos

lodges, silenciosos e alheios à civilização.

DIA 7 — MISSÃO CUMPRIDAO último dia acontece já no fantástico sítio arqueológico inca.

A dica é acordar antes de o sol nascer e vê-lo iluminar Machu

Picchu. A luz é linda nesse horário e há poucas pessoas no

lugar. Não há dúvidas de que a sétima Maravilha do Mundo

tem razão de ser, mas, no fim, as montanhas nevadas, os rios,

as cachoeiras, os pássaros e o sorriso daquela gente tão cari-

nhosa fizeram do percurso o grande prazer desta viagem.

Acima, as ruínas de Machu Picchu. Ao lado, parte datravessia de 50 quilômetros até chegar à sétima Nova

Maravilha do Mundo. Visitantes explorando o que um diafoi o antigo império Inca. Em cena típica, menina

peruana cuidando da criação de porcos

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QUEM LEVAMountain Lodges of PeruCompanhia que organiza caminhadas

“first class”. Tel.: (21) 3861-9922 (no Brasil).

www.mountainlodgesofperu.com.

BARES E RESTAURANTESCala RestauranteCom ambiente moderno, decoração clean e

comida ótima. O pisco sauer e o ceviche são

espetaculares. Playa Barranquito, s/n, Lima.

Tel.: 252-9187. www.calarestaurante.com.

Norton RatsPerfeito para happy hour, tem mesa de

sinuca e dados. Serve cerveja cusqueña,

com sacada virada para a Plaza das Armas.

Santa Catalina Angosta, 116,

2° andar, Cusco.

Fallen AngelSupermoderna, a decoração disputa atenção

com o cardápio. Peça o pisco sauer, que

aqui é incrível. Recomenda-se fazer reserva.

Plazoleta Nazarenas, 221, Cusco. Tel.: (5184)

258-184. www.fallenangelincusco.com.

ONDE FICARCasa Andina Private Collection MirafloresNo coração do bairro de Miraflores, é um

hotel cinco estrelas bem localizado, a duas

quadras do Kennedy Park. Av. La Paz, 463,

Miraflores, Lima. Tel.: (511) 213-4300.

www.casa-andina.com.

Hotel MonastérioO melhor hotel de Cusco, funciona num

antigo monastério de 1592. Seu pátio interno

é surpreendente. Calle Palácios, 136,

Plazoleta Nazarenas, Cusco. Tel.: (5184) 241-

777. www.monasterio.orient-express.com.

Hotel Casa Andina Private CollectionPertinho da Plaza das Armas, fica em uma

casa colonial do século 18. Tem quartos

espaçosos, um lindo pátio interno e farto

café-da-manhã. Plazoleta de Limacpampa

Chico, 473, Cusco. Tel.: (5184) 232-610.

www.casa-andina.com.

InkaterraExcelente opção de hospedagem em Águas

Calientes, cidade que abriga os visitantes

que vão a Machu Picchu. Em estilo colonial,

tem spa, restaurante, quartos confortáveis

e uma linda sala com lareira. Águas

Calientes — Machu Picchu. Tel.: (511)

610-04000. www.inkaterra.com.

GUIA PERU

ILUSTRAÇÃO: XXXXXX XXXXXXXXXX; COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: VANESSA AMARAL

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