Grandes Mitos Sobre a Igreja Católica

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Grandes mitos sobre a Igreja Catlica #15610:05 AMVINICIUS OLIVEIRA

Galileu Galilei

Nos dias de hoje, nem os catlicos conseguem defender a Igreja; muitos se calam diante de qualquer questionamento. Seus escudos esto quebrados; suas espadas foram perdidas. de partir o corao o estado em que se encontram muitos que vo Igreja durante toda a vida, mas nem mesmo a conhecem.

E agora, diante desta situao, uma minoria de pessoas mal intencionadas consegue fazer os catlicos se sentirem culpados por pertencer a uma Igreja "corrupta", "assassina" e "cruel". Ns vivemos em um pas em que no se pode ousar dizer que o homossexualismo pecado, mas podemos ofender a Igreja, chamar todos os padres de pedfilos e acusar o Papa dos mais variados crimes. Este o Brasil de hoje: um reflexo do mundo que est enlouquecendo.

No fico triste pelo que dizem e tenho pena dos ignorantes - que enchendo a boca com saliva venenosa para ofender a Igreja, provam ser brasileiros genunos do tipo mais imbecil que s aqui se encontra. Tenho pena daqueles que nada sabem sobre a Igreja, nunca averiguaram os mitos to contados sobre ela e ainda assim orgulham-se de atac-la e desprez-la da maneira mais arrogante possvel.

Mas por que todo mundo acredita nos mitos contados? Sabem ao menos que so mitos? E por que algum iria querer cont-los? Essas so questes que precisam ser respondidas, e isto que ser feito agora. Terra Plana, Santa Inquisio, Caso Galileu,Cruzadas, Venda de Indulgncias ou o Silncio de Pio XII: exemplos de bobagens sem fundamento que nunca deixaro de ser repetidas pelos inimigos da Igreja, ou at pelos seus prprios filhos.

1.1 -O mito da Terra PlanaDe to comum, esse mito, hoje, j est at sendo misturado com outros. Algumas pessoas chegam a dizer que o motivo da pena de Galileu, foi ele ter afirmado que a Terra era redonda, contrariando a Igreja, que pregava que esta era plana. Antes de mais nada, vamos, ento, aos exemplos.

No Yahoo! Answers, feita a pergunta:A Bblia achava que a Terra era Plana?A partir da, as maiores bobagens so ditas. O usurio ASA SUL diz: "Durante muitos anos a cincia afirmou que a Terra era plana, e Galileu Galilei discordou e disse que a Terra era redonda. Por isso foi condenado morte pela igreja catlica". Alm de demonstrar ignorncia quanto ao caso da Terra plana, demonstra tambm ignorncia quanto ao caso de Galileu, mas deste falo mais diante. O usurio NELSON diz que "Galileu, Vespuci, Da vinci, [...] comprovaram que a Terra era redonda". E no vdeo "Crimes do Atesmo", o usurio DavidWDRS diz que "Galileu foi morto e excumungado pela igreja, porque propos a teoria [de] que a Terra era redonda".

Acreditem: no difcil encontrar exemplos em que a confuso feita. Mas lembremos, por hora, que o caso Galileu relacionado ao Heliocentrismo, que apareceu com Nicolau Coprnico, publicado em seuDe revolutionibus orbium coelestium, em 1543. Ento, deixando Galileu de lado, necessrio responder a pergunta: A Igreja Catlica ensinava que a Terra era plana?

Conta-se que, bravo e destemido, Colombo disps-se a aventurar-se nos grandes mares e circular todo o globo terrestre, por isso sendo fortemente repreendido pela Igreja, que hesitou em apoi-lo, alegando que ele cairia na borda da Terra, ou que drages e outros monstros comeriam ele e sua tripulao vivos, j que havia um abismo em determinado ponto dos Oceanos. Mas seria isso verdade? A Igreja se ops a Colombo baseado em argumentos to infantis e anti-cientficos?

Pelo contrrio, era sabido que a Terra era um globo, e isto pode ser comprovado facilmente atravs das evidncias histricas. Mais que isso, pode ser comprovado pela prpria Bblia: Salomo, por exemplo, se refere ao globo terrestre nos Provrbios e no Livro da Sabedoria. De qualquer forma, no o relato bblico que est sendo discutido, mas sim a hiptese de as pessoas terem acreditado na Terra plana e de a Igreja t-la ensinado. Isso, com toda a certeza, nunca aconteceu.

Ningum, na Idade Mdia, acreditava que a Terra era plana. Na verdade, algumas pessoas falavam sobre isso, ou mesmo acreditavam, mas eram grupos bem pequenos que no influenciaram o pensamento de ningum. Os dois mais "populares" so to populares que ningum nunca ouviu falar deles: Lactantius, que viveu entre o Sculo III e IV; e Cosmas Indicopleustes, navegante do Sculo VI. Lactantius teve sua viso considerada hertica pela Igreja; em seu trabalho, ele rejeitou todos os filsofos gregos e, consequentemente, a terra esfrica - os gregos j at haviam medido a circunferncia da Terra, muitos anos antes de Cristo. Cosmas tambm foi ignorado pela Igreja e, mais importante do que isso, seus escritos - em grego - foram traduzidos para o latim apenas em 1706, o que significa que sua obra, tal como a de Lactantius, alm de ter sido rejeitada, nunca pde influenciar ningum, visto que no estava acessvel aos leigos da poca (Sculo VI), em que pouqussimos do Ocidente entendiam grego, e no fora aceita entre os intelectuais. Seria impossvel que a crena ganhasse fora a partir deles.

Ento, se a Igreja rejeitou qualquer viso de Terra plana, como teria este to famoso mito comeado? Jeffrey Burton Russel, em seu livroInventing the Flat Earth(Inventando a Terra Plana) oferece a resposta: Antoine-Jean Letronne e Washington Irving, interessados em retratar a Igreja como estpida, inventaram o mito para que a credibilidade da Igreja em outros debates fosse abalada.

Outro historiador, Thomas Woods, exemplifica a inteno deles, quando diz: "Se podemos [os iluministas] retratar a Igreja como sendo to ridcula, que, na verdade, costumava ensinar que a Terra era plana, ento, ns podemos mostrar que Ela um oponente absolutamente desprezvel". E continua: "Eu tenho certeza que eles no tinham ideia da durabilidade desse mito; de que no Sculo XXI ainda o ensinariam [...]. Ele [o mito] simplesmente no desaparece. Mas por que no desaparece? Por que tem tanta durabilidade? A razo, que o mito alimenta o esteretipo iluminista: a Igreja Catlica estpida, impede o progresso e nos fora a acreditar em bobagens".

Widson Porto Reis exemplifica o queLetronne fez com a obra "Topografia Crist", de Cosmas, quando atribuiu ela uma importncia que ela nunca teve: "Seria como se daqui a mil anos algum encontrasse um obscuro trabalho cientfico questionando a evoluo e afirmasse que os cientistas do sculo XXI no acreditavam na evoluo". Sobre a definitiva propagao do mito, acrescenta ele: "O mito realmente ganhou a fora que tem at hoje quando John Draper (1811-1882), um fsico violentamente anti-catlico, publicou em 1873 o livroA Histria do conflito entre a Cincia e a Religioutilizando o mito da Terra plana como exemplo de como as crenas religiosas eram estpidas e atrasadas e necessariamente se opunham ao progresso da cincia", exatamente o que Woods retrata como a inteno de Letronne e Irving.

O Globo na IdadeMdia(clique para ampliar)

Por tudo isso, absurdo afirmar que a Igreja ensinava que a Terra era plana, e que este foi o motivo que a levou a repreender a viagem de Colombo. No h historiador srio que seja capaz de acreditar nesta bobagem, e at em obras muitssimo antigas possvel notar que, durante toda a Idade Mdia, era aceita e difundida a ideia de que a Terra era esfrica. Orlando Fedeli cita alguns exemplos, como a esttua de Carlos Magno, obra romntica do Sculo IX, em que o Imperador segura um globo que representa a Terra. Cita, tambm, o exemplo da Catedral de Notre-Dame - 1300 -, em que Nossa Senhora tem em seus braos o menino Jesus, que segura o globo da Terra entre seus dedos, como se brincasse com o nosso mundo. A escultura inspirada em Provrbios 8: 30-31, que diz: "E cada dia eu me deleitava brincando continuamente diante d'Ele, brincando sobre o globo da Terra".

De fato, houve discusso entre Colombo e a Igreja (o debate de Salamanca), mas no porque a Terra era plana, e sim porque a Igreja afirmava que Colombo, em sua tentativa de chagar ndia pelo Ocidente, estaria subestimando o tamanho do globo terrestre, e que provavelmente morreria de fome, pois navegaria e no chegaria a lugar algum. Pois a Igreja estava certssima, e se Colombo no tivesse se deparado com o continente Americano, seria exatamente isto que aconteceria com ele e sua tripulao - Colombo considerava que Terra tinha apenas 20% do seu tamanho real.

Para quem duvida que os inimigos da Igreja fazem de tudo para v-la em maus lenis, est a um bom exemplo de clara desonestidade que continua, ainda hoje, a ser professado em cada colgio, por cada professor desinformado ou mal intencionado, j retratando paras a crianas uma imagem negativa da Igreja, baseados em algo que ela nunca fez; baseados em uma mentira que pode ser facilmente desmascarada, mas que, como lembra Woods,"no foi desmascarada, porque serve a um propsito". De qualquer forma, seria timo se este mito fosse o nico.

1.2 -A Santa InquisioNo caso da Terra plana, inventou-se algo que nunca aconteceu, mas todos ns sabemos que a Inquisio, de fato, existiu. Ningum nega a Inquisio, mas mesmo sendo real, muitas so as distores, omisses e desonestidades referentes a este episdio to marcante. Talvez o pior deste episdio, que os inimigos do cristianismo tm como aliados os protestantes: peritos em difamar a Igreja Catlica. A difamao, como de praxe, no tem validade histrica, no tem boas referncias e no pode ser confirmada; seu nico motor a sede de ofender a Igreja e faz-la parecer vil de todas as histrias.

Muitas vezes, os prprios catlicos acabam concordando com as bobagens pregadas contra a Igreja. Eu mesmo j vi muitos dizendo coisas como: "Sou catlico, mas a Igreja tem um passado negro";"sou catlico, mas no por causa da Igreja"; ou "a Igreja Catlica no tem o direito de repreender o que h de errado no mundo, porque j errou mais do que todo o mundo junto". Este o nvel dos "catlicos" brasileiros: aqueles que, conformados com toda lorota que ouvem, acabam prestando um desservio doutrina que afirmam seguir e respeitar. aquele que Luciano Ayan define comocristo vira-lata.

Alguns atestas e protestantes afirmam que, durante a Inquisio, milhes de pessoas foram mortas. E esse "alguns" no se refere a poucas pessoas; muito pelo contrrio. Os que supem nmeros mais moderados tambm acabam cometendo erros. Este site (http://www.espada.eti.br/n1676.asp) afirma que a Inquisio foi responsvel por mais de 75 milhes de mortes. J o site Ateus do Brasil (http://ateusdobrasil.com.br/p/1995/) diz que foram 600 mil pessoas torturadas e queimadas durante a Idade das Trevas - vamos desconsiderar o fato de o autor do texto achar que Frei Betto catlico; o foco a lorota do nmero de vtimas durante a dita "Idade das Trevas".

Estes nmeros no so nada modestos: 75 milhes um nmero de mortes maior que causado por Mao Ts-Tung, o maior genocida da histria da humanidade; 600 mil equivale a quase seis Fidis Castro. Mas seriam estes nmeros verdadeiros e confiveis? A inquisio realmente matou milhes - ou centenas de milhares - de pessoas? Esqueamos o que diz as apostilas de ensino mdio, os neo-atestas raivosos ou os protestantes ignorantes, e olhemos para o que os historiadores tm a dizer. Somente atravs da pesquisa profissional e dedicada que a verdade pode ser esclarecida; atravs de propaganda fundamentada no dio nada confivel ser alcanado.

Joo Bernardino Gonzaga, no livroA Inquisio em seu Mundo, introduz o esteretipo da Inquisio: "Nascida oficialmente no comeo do sculo XIII e durando at o sculo XIX, a Inquisio dedicou-se, dizem eles, a semear o terror e a embrutecer os espritos. Adotando como mtodo de trabalho a pedagogia do medo, reinou, de modo implacvel, para impor aos povos uma ordem, a sua ordem, que no admitia divergncias, nem sequer hesitaes. Ao mesmo tempo, pretende-se que o que havia por detrs dela, nos bastidores, era um clero depravado, ignorante e corrupto, em busca apenas do poder poltico e da riqueza material".

Qualquer pessoa que tenha ousado discutir o tema, seja com amigos - casualmente -, ou mesmo na Internet, sabe bem que em todo grupo, por menor que seja, h sempre um ou dois, com ferro na mo, prontos para dar cacetadas nas costas da Igreja usando como justificativa a Santa Inquisio. Ningum se interessa em entender o contexto, ou se aprofundar no que defendido pelos historiadores que investigaram o assunto; o nico objetivo justificar o dio contra a Igreja, mostrando como ela cometeu crimes repugnantes - crimes que s homens sujos e desonestos seriam capazes de tolerar, ainda que sem nenhuma referncia -, ou seja, uma tentativa de envergonhar todo filho da Igreja por ser catlico e fazer parte de uma instituio to "cruel e opressora".

Achismos, dio e ignorncia deixados de lado, vejamos o que foi a Inquisio, porque aconteceu, e quais foram seus resultados. Relata Gonzaga, sobre a origem da propaganda anti-catlica: "A Inquisio se tornou [...] um arqutipo, um smbolo universalmente aceito de intolerncia, prepotncia, crueldade; e ela ficou sobretudo ligada, de modo indissolvel, Espanha [...]. A ofensiva principiou no sculo XVI, quando esse pas se converteu na maior potncia mundial [...]. Tal hegemonia despertou a cobia dos protestantes, tendo frente a Holanda, que ansiava por assenhorear-se do trfico internacional. A propaganda desmoralizadora foi uma das grandes armas utilizadas: valendo-se da imprensa recm-inventada, os protestantes inundaram a Europa de livros e panfletos, todos insistindo em denegrir a imagem dos papas, da Igreja e dos catlicos ibricos".

Obviamente, os protestantes no eram os nicos. Continua o autor: "O combate foi engrossado pelos anglo-saxes [...]. A tcnica utilizada para atacar o catolicismo foi sempre a mesma: o leitmotiv era a figura de uma Espanha dirigida pelo clero, por isso atrasada, obscurantista e, em consequncia, reduzida afinal pobreza. Para a campanha, com muito empenho sempre contriburam tambm os judeus [...]. Esse clima [...] recebeu mais adiante o reforo do movimento iluminista do sculo XVIII, o "sculo das luzes". Tomados de feroz anticlericalismo, os enciclopedistas franceses, com Voltaire frente, converteram a Inquisio na sua principal arma de combate Igreja. Tratava-se, diziam, de instrumento de opresso contra as liberdades individuais, manejado por um clero fantico e corrupto, desejoso de manter o povo na ignorncia e que se imps pela tortura".

Mas mais importante que entender a origem das distores, entender o que era, de fato, a Inquisio. Recentemente, ouvi uma grande bobagem em um dos programas que parece ser um dos mais respeitados pelos atestas:Atheist Experience. No episdio "Christians, read about the Inquisition!" (Cristos, leiam sobre a Inquisio), um espectador chamado Chuck, recomenda que os cristos "leiam sobre a Inquisio:isso os explicar bastantes coisas sobre a religio". Por hora, ignoremos o fato de ele no ter seguido o prprio conselho, e notemos que ele diz que "o cristianismo nem mesmo existiria, hoje, se no fosse pela Inquisio".

Por que ele diz isso? simples: na cabea de muitos, alm do carter cruel da Inquisio, pensa-se tambm que ela era aplicada a qualquer ser humano que estivesse por perto, toa, fazendo algo que desagradasse a Igreja. Por isso, o nobre Chuck diz, sobre o carter da Inquisio: "Basicamente, se voc no acreditasse em Deus, eles [os catlicos] te enforcavam, te queimavam, ou - sabe? - te destruam". Mas este no , nem de perto, o caso. Como descreve Fedeli, "a Inquisio foi instituda para combater o catarismo". O catarismo era uma heresia considerada perigosa, e foi justamente pelo combate da heresiadentroda Igreja, que a Inquisio existiu. O que isto significa? Significa que os tribunais da Inquisio s poderiam julgar catlicos hereges.

No o que dizem os livros "didticos", no o que nos contam, mas o que era. o que Chuck no sabe. Quando ele diz que o cristianismo no existiria, no fosse pela Inquisio, ele sugere que qualquer opositor do catolicismo seria assassinado, e que a doutrina crist era forada toda populao, como um requisito bsico para sobrevivncia, algo como: "Quem no for cristo ser eliminado, a menos que se converta". Mas os tribunais no existiam para obrigar o cristianismo, e quem no fazia parte da Igreja nunca poderia ser, por ela, condenado. Como seria herege aquele que nem mesmo acredita em Deus? A mora o perigo da interpretao de tais tribunais: pensa-se que ateus, muulmanos e judeus, por exemplo, poderiam ser julgados por heresia contra a Igreja Catlica, mas bvio que isto era impossvel. Lembremos, ora, de Galileu: foi justamente porque era catlico, que a Igreja o condenou - mas, novamente, deixo este caso para depois.

Em adio isto, o judeu George Sokolsky escreveu, em 1935, que "a tarefa da Inquisio no era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo trao de heresia ou qualquer coisa no ortodoxa. A Inquisio no estava preocupada com os infiis fora da Santa Igreja, mas com aqueles herticos que estavam dentro dela".O especialista ingls em Histria do Judasmo, Dr. Cecil Roth, declarou, em 1927: "A verdade que os Papas e a Igreja Catlica, desde os primeiros tempos da Santa Igreja, nunca foram responsveis por perseguies fsicas aos judeus, e entre todas as capitais do mundo, Roma o nico lugar isento de ter sido cenrio para a tragdia judaica. E, por isso, ns judeus, deveramos ter gratido".

Portanto, pior do que as bobagens ditas por Chuck sobre Inquisio, o fato de os apresentadores do programa concordarem com o que dito, e ainda acrescentarem mais mentiras sobre o caso. Na verdade, penso eu, isto bom: prova o quanto as referncias atestas so ignorantes sobre vrios assuntos; muito ignorantes, mesmo. Jeff Dee afirma que "a Inquisio foi a poca em que o cristianismo era como o Taliban hoje", e isto, para mim, confirma a completa falta de entendimento do que foi a Inquisio, o que ela fez, com quem fez e porque fez. Mas necessrio advertir que difcil encontrar um atesta que conhece a Inquisio, ou se interessou em compreend-la; eu mesmo nunca vi um.

Ainda sabendo que a Inquisio era destinada exclusivamente aos catlicos - enquanto tribunal eclesistico, j que havia tambm os tribunais civis, e estes no estavam submetidos Igreja -, fato que possivelmente ser negado quando apresentado, falta esclarecer uma coisa: foram, de fato, milhes de hereges mortos durante a famosa Idade das Trevas?

O historiador Agostino Borromeu, especialista no assunto, revela dados completamente contrrios aos absurdos que se propaga por a. To contrrios que, sem dvida, a primeira reao de quem l, de fortssimo ceticismo. Queiram ou no, segue aqui o que vrias autoridades no assunto tm a dizer.

Afirma Borromeu: "A Inquisio na Espanha que era dirigida pelos Reis - em referncia ao tribunal mais conhecido - celebrou entre 1540 e 1700, 44.674 juzos. Os acusados condenados morte foram 1,8% (804)". Rino Camillieri, autor do livroLa Vera Storia dell Inquisizione,afirma que "na principal cidade medieval - centro da heresia ctara -, em um sculo, houve apenas 1% de sentenas morte" (pg. 36). Referente s famosas "caadas de bruxas", Borromeu diz que "dos 125.000 processos de sua histria, a Inquisio espanhola condenou morte 59 pessoas. Na Itlia, foram 36, e em Portugal, 4". Ainda acrescenta que, "ao contrrio do que se divulga, o nmero de pessoas condenadas a pena mxima era muito pequeno".

Sobre o caso das bruxas, muito, tambm, precisa ser dito. O historiador Gustav Henningsen diz: "O certo que, ao contrrio do que comumente se cr, as perseguies de bruxas no se deveram a iniciativa da Igreja, foram manifestao de uma crena popular, cuja bem documentada existncia se remonta a mais remota antiguidade [...]. No foi a Inquisio que iniciou a perseguio s bruxas, seno a justia civil nos Alpes e na Crocia [...]. A inquisio podia haver causado um holocausto de bruxas nos pases catlicos do Mediterrneo, mas a histria demonstra algo muito diferente: a Inquisio foi, aqui, a salvao de milhares de pessoas acusadas de um crime impossvel" -La inquisicin y las brujas, pg. 568-94 (L'Inquisizione, Atti del Simposio internazionale).

Como vai ficando evidente, os especialistas demonstram, sem rodeios, que a maioria das afirmaes feitas por leigos sobre a Inquisio, merece simplesmente ser ignoradas. importante saber, tambm, que historiadores no-catlicos, como o protestante Henry Charles Lea, defendem a Igreja neste ponto. Afirma ele que "a Igreja, combatendo os ctaros, salvou a humanidade". Isto por causa de algumas vises ctaras referentes mulher e seu papel, que poderiam causar problemas muita gente se propagadas.

Sobre os casos de tortura, diz Henry Kamen: "Em uma poca em que o uso da tortura era geral nos tribunais penais europeus, a Inquisio espanhola seguiu uma poltica de benignidade e circunspeo que a deixa em lugar favorvel se se compara com qualquer outra instituio. A tortura era empregada somente como ltimo recurso e se aplicava em pouqussimos casos". Fedeli acrescenta: "Foi a Igreja a primeira a no aceitar a confisso sob tortura como prova de culpa. Na Inquisio - ao contrrio do que se fazia em todas as partes, a tortura s podia ser aplicada uma vez, sem derramamento de sangue, s com a aprovao do Bispo e com a assistncia de um mdico. Os papas sempre preveniram os inquisidores de que eles eram pastores, e no torturadores, nem carrascos. Nas prises de todos os pases, toda pena capital era precedida de torturas punitivas. Por isso os acusados preferiam ser julgados pela Inquisio, onde o tratamento era sempre muito menos cruel".

Kamen, ento, mostra que "as cenas de sadismo que descrevem os escritores que se inspiraram no tema possuem pouca relao com a realidade", e Camillieri confirma: "O fato que os inquisidores no acreditavam na eficcia da tortura [...],como meio de prova a tortura era pouco til. No s isso. A confisso obtida sob tortura devia ser confirmada posteriormente por escrito pelo imputado, sem tortura (somente assim as eventuais admisses de culpa podiam ser levadas a juzo)".

Diante de tudo isto apresentado, podemos concluir que a Inquisio catlica no o monstro retratado pelos inimigos da Igreja: foi restrita aos hereges, foi mais humana que os tribunais civis, condenou morte um nmero proporcionalmente pequeno de pessoas e no perseguiu bruxas e descrentes, muito menos com a sede de sangue que retratam os leigos e desonestos interessados em retratar a Igreja como cruel e repressora.

Como bem lembra Dinesh D'Souza, considerando o tempo que durou a Inquisio, a mdia de mortes foi de 4 a 5 por ano - um nmero desprezvel -, e diante deste dado histrico confirmado pelas maiores autoridades do assunto, seguro dizer que a Inquisio, tal como retratada, no passa de um mito. O Papa Joo Paulo II realmente se desculpou pelos erros cometidos pelos filhos da Igreja durante a Inquisio, mas no porque nada na Inquisio se justifica, e sim porque todo tribunal humano est sujeito a erros - a menos que eu esteja enganado e a justia perfeita esteja sendo praticada nos tribunais do Sculo XXI. este o caso?

1.3 -O caso GalileuO caso Galileu talvez o mais triste de todos, porque serve de justificativa para uma crena que, alm de nunca ter sido verdade, baseada exatamente no oposto da verdade: a crena de que a Igreja Catlica inimiga da Cincia e da razo. A Igreja que forneceu as bases para a revoluo cientfica , hoje, condenada por ter impedido o progresso neste campo. Desmitificar esta crena trabalho aparentemente complicado, mas o certo dizer que ningum se interessa em faz-lo. Thomas Woods, Edward Grant, A. C. Crombie, etc.: historiadores que mostraram que a Igreja no s incentivou a Cincia Moderna, como foi fundamental para que esta se tornasse o gigante que o mundo conheceu. As autoridades no assunto entendem que o ttulo justo Idade Mdia seria "Idade da Razo e do Conhecimento". A reao de quem l tal "absurdo" talvez seja um riso de desdm, mas, novamente, no interessa a quem srio o sentimento arrogante de quem bota o preconceito e o dio acima da verdade.

O caso de Galileu Galilei, to distorcido e confundido, como j foi mostrado, merece ateno especial, pois so tantas as mentiras e omisses feitas - no diferente dos outros dois mitos abordados -, que necessrio desmentir, de uma vez por todas, uma das histrias que tem justificado uma das maiores bobagens professadas contra a Igreja: a de que ela inimiga do conhecimento.

Tudo comea com Nicolau Coprnico, o homem que props o modelo heliocntrico. Coprnico foi um astrnomo polons que acreditava, em geral, no que conhecemos por Sistema Ptolomaico. Ptolomeu foi o astrnomo grego que props que os planetas eram ordenados da seguinte maneira: a Terra no centro, e o Sol e os outros planetas orbitando a Terra. De acordo com o Sistema Ptolomaico, ou Sistema Ptolomaico-Aristotlico, os planetas orbitavam a Terra em crculos perfeitos, e a uma velocidade constante perfeita. O modelo tambm sugeria que os vrios corpos celestes, incluindo os outros planetas e a Lua, eram esferas perfeitas.

Coprnico sugeriu que algumas mudanas deviam ser feitas: pr o Sol no centro e ter a Terra como um dos planetas que orbitam o Sol. O resto - esferas perfeitas, rbitas circulares perfeitas e uma velocidade constante - ele manteve. Isto ficou conhecido como Sistema Heliocntrico. Ao contrrio do que se pensa, a Igreja no considerava hertica a defesa do modelo copernicano. Coprnico dedicou sua obra ao Papa Paulo III, que foi publicada a pedido de cardeais catlicos, em 1543.

Em um artigo dos mais mentirosos que j encontrei na Internet, que declara a Bblia como anti-cientfica (http://www.evo.bio.br/LAYOUT/BibleXCien.html), l-se o seguinte: "De fato, a Bblia no declara explicitamente que o Sol gire em torno da Terra, tal afirmao era feita principalmente por alguns filsofos gregos e alexandrinos, e sendo assim a Igreja Catlica, influenciada por tais vises, e ignorando propostas Heliocentristas que j existiam antes da prpria fundao da Igreja de Roma, assumiu tal postura intransigente, declarando o Heliocentrismo como uma heresia".

Percebam o tamanho da bobagem escrita: a Igreja ignorou propostas heliocentristas que j existiam desde antes da sua fundao - e por intransigncia declarou o heliocentrismo uma heresia. Espero que algum j tenha reconhecido o talento do autor para contar piadas. A Igreja incentiva que Coprnico publique sua obra, ele ento a dedica ao Papa, mas a sua teoria considerada hertica? Ora, a Igreja nunca considerou o Heliocentrismo uma heresia e, alis, o geocentrismo no era adotado por puro dogmatismo, mas porque as evidncias estavam ao seu lado at poucos sculos atrs.

Ignorando a especulao infundada do rapaz, voltemos anlise sria do caso. O modelo copernicano era ensinado como uma teoria legtima em universidades jesuticas por todo o Sculo XVI. No incio do Sculo XVII, surge Galileu, que foi responsvel por descobertas na fsica e em outras reas. Ele detectou, atravs de suas observaes, caractersticas que debilitavam aspectos do Sistema Ptolomaico; notou que havia crateras na Lua, anulando, assim, a ideia de esfera perfeita e, consequentemente, evidenciando falhas no modelo de Ptolomeu. Notou, tambm, que havia luas orbitando Jpiter, e que, enquanto Jpiter seguia sua tragetria, suas luas o acompanhavam. Isso no podia ser conciliado com o modelo de Ptolomeu, em que tudo orbitava a Terra.

O trabalho de Galileu foi bem recebido e bastante celebrado por homens da Igreja. Em 1610, o pe. Cristvo Clvio o escreveu dizendo que seus colegas - jesutas astrnomos - haviam confirmado suas descobertas feitas pelo telescpio. Galileu escrevera: "Fui recebido e favorecido por muitos ilustres cardeais, prelados e prncipes desta cidade". Foi ouvido pelo Papa Paulo V, e teve um dia de atividades em sua homenagem, no Colgio Romano Jesuta. Em 1612, pela primeira vez em impresso, ele disse que favorecia o sistema copernicano, ao menos no que se referia posio do Sol.

Galileu acreditava no Sistema Heliocntrico, e isto no lhe trouxe problema algum. Recebeu uma carta de congratulaes sobre seu escrito referente ao Heliocentrismo (Histria e demonstraes em torno das manchas solares e dos seus acidentes), do futuro Papa Urbano VIII, ento cardeal Maffeo Barberini. A Igreja argumentava que o modelo copernicano estava correto como modelo terico, mas ainda carecia de ser provado como verdade literal. Mesmo aps detectar crateras na Lua e notar o movimento das luas de Jpiter, Galileu ainda era incapaz de refutar o Sistema Ptolomaico ou provar o de Coprnico. A rotao da Terra e o heliocentrismo s vieram a ser comprovados experimentalmente em 1851, com o pndulo de Lon Foucault.

Era impossvel, tambm, na poca, que a Paralaxe Estelar fosse detectada: o primeiro a faz-lo foiFriedrich Wilhelm Bessel, em 1838. Diante disso, estaria fora do alcance de Galileu demonstr-la, ainda que vivesse mais de cem anos. E foi justamente diante da impossibilidade de refutao do modelo de Ptolomeu, que comearam os problemas do caso Galileu. Insatisfeito em admitir o heliocentrismo apenas como teoria, continuou a afirm-lo como verdade, e foi mais longe, sugeriu, ainda que sem base, que as Escrituras deveriam ser reinterpretadas. Aqui comearia o problema.

Jerome Langford, especialista no caso, diz: "Galileu estava convencido de possuir a verdade, mas no tinha provas objetivas para convencer os homens de mente aberta. [...] Muitos eclesisticos influentes acreditavam que Galileu devia estar certo, mas tinham de esperar por mais provas. Como evidente, no inteiramente correto pintar Galileu como uma vtima inocente do preconceito e da ignorncia do mundo [...], parte da culpa dos acontecimentos subsequentes deve ser atribuda ao prprio Galileu, que recusou qualquer ressalva e, sem provas suficientes, fez derivar o debate para o terreno prprio dos telogos".

O cardeal Roberto Belarmino comentou, na poca: "Se houvesse uma verdadeira prova de que [...] o Sol no gira em torno da Terra, mas a Terra em torno do Sol, ento deveramos agir com grande circunspeco ao explicar passagens da Escritura que parecem ensinar o contrrio, e declarar que no as havamos entendido, em vez de declarar como falsa uma opinio que se mostra verdadeira. Mas eu mesmo no devo acreditar que existam tais provas enquanto no me sejam mostradas". Tal posio no era, de maneira alguma, intolerante. Qualquer pessoa racional do Sculo atual concordar que ceticismo fundamental cincia, e que no se deve acreditar sem provas.

"Em 1616, Galileu foi avisado que devia parar de sustentar a teoria copernicana como verdade, embora fosse livre para apresent-la como hiptese. Galileu concordou e prosseguiu com os seus trabalhos", escreve Thomas Woods. Em 1624, voltou a Roma, e foi novamente recebido com entusiasmo. O Papa Urbano VIII comentou com ele que no tinha declarado o copernicanismo como hertico, e que nunca o faria. Porm, em 1632, Galileu publicou oDilogo sobre os dois grandes sistemas do mundo, em que ignorou a instruo de que o copernicanismo fosse tratado como hiptese. Pior que isso, ele escreveu o "Dilogo" como se fosse, mesmo, um dilogo, em que um dos personagens era um idiota: pois na boca do idiota, ele botou as opinies do Papa.

Woods ressalta que "isso era tpico de Galileu, que tinha uma natureza agressiva; irascvel; uma personalidade que, s vezes, deixava a desejar. Foi pblico algumas vezes para ofender quem discordava de algumas de suas ideias. E no havia sutileza na ao de utilizar a opinio do Papa colocando-a nas palavras do tolo, em seu dilogo".

Galileu no podia provar sua teoria e havia um argumento contrrio bastante forte: a mudana de paralaxe, que, como j dito, s foi detectada em 1838, perodo em que finalmente existira equipamento capaz de detect-la; protestantes pressionavam os catlicos, dizendo que era preciso seguir a Bblia e que no se podia adotar novas interpretaes sem que se tivesse uma boa razo; e somado a tudo isso, havia esse embate de personalidades ente Galileu e o Papa - o mesmo Papa que, anteriormente, havia elogiado Galileu, e que lhe garantiu que a Igreja jamais condenaria sua teoria. A igreja no estava se recusando a aceitar evidncias, ou a aceitar a cincia. Pelo contrrio, estava comprometida com as evidncias.

Aceitar o Modelo Heliocntrico, naquela altura, seria como se, hoje, todos os darwinistas passassem, sem mais nem menos, a admitir o Design Inteligente. Os mesmos cientistas que hora ou outra apontam a "intolerncia" contra Galileu, seriam os mesmos a repreend-lo sem que as provas suficientes existissem. o que fazem com o Design Inteligente, porque ainda no h motivos para abandonar o darwinismo, e no se sabe se haver. O fato que a Igreja agiu corretamente, respeitando a cincia da maneira que ela precisa ser respeitada: com base nas evidncias. Se a paralaxe e a rotao da Terra foram descobertas mais de cem anos aps Galileu, como seria sensato e cientfico consider-lo correto? Acusar a Igreja de ignorar as evidncias no exatamente o que fazem os neo-atestas raivosos de hoje?

Parece que querem acus-la por agir com ceticismo, quando fazem com outras teorias exatamente a mesma coisa. Se a Igreja tivesse aceitado o Heliocentrismo sem provas, a acusariam de anti-cientfica, mas como agiu com respeito s evidncias, a acusam de repressora. O que fica claro que, no importa a situao, querem sempre culpar a Igreja.

H quem chegue ao ponto de dizer que Galileu morreu queimado na fogueira da Inquisio - mais uma das centenas de mentiras j relatadas ao longo deste texto. Galileu apenas foi detido,e possuindo muitos privilgios junto cria, em vez de ocupar uma cela, residia no apartamento do procurador fiscal, uma espcie de hospedaria do palcio do Santo Ofcio, providncia de excepcional deferncia para um acusado de exceo.

Foi "condenado penitncia e a priso perptua, maspor ordem do Papa, em vez de ser encarcerado nas celas do palcio do Santo Ofcio, pode imediatamente instalar-se na residncia do embaixador e em seguida cumprir a pena sob a forma de priso domiciliar em sua casa de Arcetri", ressalta Fedeli. Galileu morreu em 1642, em sua cama, aos 77 anos de idade.

Vejam que curioso: por defender a cincia, deu-se a origem do mito de que a Igreja era hostil cincia. muito engraado este mundo em que vivemos. Se por ventura a teoria de Darwin falhar, como falhou a de Ptolomeu, ser justo que chamemos os darwinistas de opressores, inimigos da cincia ou culpados por impedir o progresso da humanidade? Tendo em vista o que dizem cientistas como Dawkins, exatamente isto que deveria acontecer: culpar o cientista por praticar a cincia. Talvez aqueles que, hoje, perdem seus empregos por irem contra o darwinismo estejam sofrendo algo que o prprio Galileu nunca sofreu: intolerncia religiosa.

http://www.caosdinamico.com/2010/11/grandes-mitos-sobre-igreja-catolica-1.html