GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana...

79
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Ohana França GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA PENSAMIENTO TERENO PARAGUÁ SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO Orientador Prof o . Dr Amarildo Salina Ruiz Co-orientadora Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa CUIABÁ 2014

Transcript of GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana...

Page 1: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Ohana França

GRANITO MORRINHOS – MAGMATISMO DA SUÍTE

INTRUSIVA PENSAMIENTO – TERENO PARAGUÁ –

SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

Orientador

Profo. Dr Amarildo Salina Ruiz

Co-orientadora

Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa

CUIABÁ

2014

Page 2: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

REITORIA

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. João Carlos de Souza Maia

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Pró-Reitora

Profª. Drª. Leny Caselli Anzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

Diretor

Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

Chefe

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Coordenador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Vice-Coordenador

Prof. Dr. Ronaldo Pierosan

Page 3: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

iii

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

N° 46

GRANITO MORRINHOS – MAGMATISMO DA SUÍTE

INTRUSIVA PENSAMIENTO – TERENO PARAGUÁ –

SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

Ohana Franca

Orientador

Profo. Dr Amarildo Salina Ruiz

Co-orientadora

Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa

CUIABÁ

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geociências do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso como requisito parcial

para a obtenção do Título de Mestre em

Geociências.

Page 4: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

iv

Page 5: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

v

GRANITO MORRINHOS – MAGMATISMO DA SUÍTE

INTRUSIVA PENSAMIENTO – TERENO PARAGUÁ –

SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

Dissertação de mestrado aprovada em 28 de Fevereiro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Profo. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Orientador (UFMT)

_______________________________________

Profa. Dra. Ana Cláudia Dantas Costa

Examinadora Interna (UFMT)

_______________________________________

Profo. Dr. Gerardo Ramiro Matos Salinas

Examinador Externo (UMSA-La Paz)

Page 6: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

vi

Dedicatória

Ao meu companheiro Felix Huber

Page 7: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

vii

Agradecimentos

Embora esta dissertação seja individual, pela sua natureza acadêmica, não posso deixar de

expressar os meus sinceros agradecimentos a algumas pessoas que estiveram muito próximas neste

percurso, contribuindo sobremaneira para a construção deste trabalho.

Agradeço imensamente ao Profº. Dr. Amarildo Salina Ruiz e a Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar

pelo convite e incentivo a realizar esse trabalho, por serem compreensivos com meus limites, por todo

o aprendizado que me passaram, regado ao constante apoio, dedicação, paciência e excelentes

supervisões. À Msc. Maria Elisa Fróes Batata que sempre esteve presente, nunca se negando a dividir

seus conhecimentos, e que, com a sua clareza simples, generosidade imensurável, torna as coisas tão

fáceis e palpáveis;

Gostaria de ressaltar minha enorme admiração por estas três pessoas, que mais que professores,

são amigos que quero guardar com carinho, pois sei que para me orientar despenderam o seu precioso

tempo, mesmo em horas críticas de saúde familiar ou de compromissos particulares;

Agradeço aos que me ajudaram na descrição petrográfica, na confecção dos mapas, na utilização

de alguns softwares, bem como todo apoio e companheirismo durante essa etapa: Cinthya de Deus

Souza, Gabriela dos Santos, Antônio David Passos Corrêa, Rafael Cabrera, Flávia Regina dos Santos,

Regiane Oliveira e Kamila Gomes Fernandes. Também sou muito grata a todos os professores da

graduação e pós-graduação que embasaram a construção de meus conhecimentos geológicos ao longo

desses 7 (sete) anos, e aos membros da banca examinadora, pelas contribuições que certamente virão;

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ao Programa de Pós-graduação em

Geociências (PPGEC), ao Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD - 096/2007), ao

Programa de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superir (CAPES), ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ - 479779/2011-2) e ao Instituto Nacional e

Tecnologia de Geociências da Amazônia (GEOCIAM) pelo suporte financeiro ao desenvolvimento da

pesquisa e a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado;

Ao meu companheiro Felix Huber, minha gratidão por permanecer ao meu lado, quando

possível, pelo cuidado, compreensão e imensa paciência que dedicou a mim nessa etapa das nossas vidas

(por que não houve como não envolvê-lo ao máximo);

Por fim agradeço imensamente a minha mãe Rose e a meu irmão Krivan, meu muito obrigada

a vocês que são a minha base, pessoas que tanto amo e apoiam minhas escolhas.

Page 8: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

viii

Sumário

AGRADECIMENTOS……………………………………………………………………………… vii

SUMÁRIO…………………………………………………………………………………………... viii

LISTA DE FIGURAS………………………………………………………………………………… x

LISTA DE TABELAS………………………………………………………………………………. xii

LISTA DE ANEXOS……………………………………………………………………………….. xiii

RESUMO…………………………………………………………………………………………..... xiv

ABSTRACT………………………………………………………………………………………...... vx

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO………………………………………………………………………1

I.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA ..................................................................................................... 1

I.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................................................. 1

I.3. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 2

I.4. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ...................................................................................... 2

I.5. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 3

I.5.1. Etapa Preliminar ........................................................................................................................... 3

I.5.2. Etapa de Aquisição de Dados ....................................................................................................... 4

I.5.2.1. TRABALHO DE CAMPO...............................................................................................……. 4

I.5.2.2. TRABALHO DE LABORATÓRIO........................................................................................... 6

I.5.2.2.1. Análises Petrográficas ..................................................................................................... 6

I.5.2.2.2. Análises Litogeoquímicas ................................................................................................ 6

I.5.2.2.3. Análises Geocronológicas ............................................................................................... 6

I.5.3. Etapa de Tratamento e Interpretação dos Dados ........................................................................... 8

I.5.4. Etapa de Elaboração e Apresentação da Dissertação .................................................................... 8

I.6. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL .................................................................................. 9

I.6.1. Cráton Amazônico ........................................................................................................................ 9

I.2.2. Sudoeste do Cráton Amazônico .................................................................................................. 13

I.2.2.1. PROVÍNCIA RONDONIANA-SAN IGNÁCIO ..................................................................... 13

I.2.2.1.1. Terreno Jauru ................................................................................................................ 16

I.2.2.1.2. Terreno Rio Alegre ........................................................................................................ 17

I.2.2.1.3. Faixa Alto Guaporé ....................................................................................................... 17

I.2.2.1.4. Terreno Paraguá ........................................................................................................... 18

I.2.2. PROVÍNCIA SUNSÁS-AGUAPEÍ............................................................................................ 28

I.2.2.1. Grupo Aguapeí (Mato Grosso e Oriente Boliviano) ........................................................ 28

I.2.3. Formação Guaporé.................................................................................................................. 29

CAPÍTULO II - ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS…. 30

Page 9: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

ix

RESUMO. ............................................................................................................................................ 30

ABSTRACT. ........................................................................................................................................ 30

II. 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 31

II.2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ............................................................................... 31

II.3. ASPECTOS DE CAMPO E PETROGRÁFICOS DO GRANITO MORRINHOS .............. 34

II.4. ASPECTOS DEFORMACIONAIS ........................................................................................... 39

II.5. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA .................................................................................... 40

II.6. ANÁLISE GEOCRONOLÓGICA (U-Pb SHRIMP) E ISOTÓPICA (Sm-Nd) .................... 46

II.6.1. Análise U-Pb em Zircão (SHRIMP) .......................................................................................... 47

II.6.2. Análise Isotópica Sm-Nd ........................................................................................................... 49

II.7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 50

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................ 51

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 51

CAPÍTULO III - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES................................................... 53

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 55

ANEXO 1............................................................................................................................................. 60

Page 10: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

x

Lista de Figuras

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Figura I.1. Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo……………………………………..3

Figura I.2. Mapa de localização de afloramentos descritos, com identificação das amostras com análises

geocronológicas……………………………………………………………………………………..5

Figura I.3. Distribuição das províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Tassinari & Macambira

2004)……………………………………………………………………………………………….10

Figura I.4 Províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Extraído de Santos et al. 2008)………11

Figura I.5. Compartimentação geocronológica do Cráton Amazônico considerando o Maciço Rio Apa

como seu extremo meridional do Cráton Amazônico (Extraído de Ruiz 2005)……………………12

Figura I.6. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton Amazônico;

(B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007). Extraído e

modificado de Bettencourt et al. (2010)……………………………………………………………15

Figura I.7. (A) Mapa de integração dos granitóides do Complexo Granitóide Pensamiento/ Suíte

Intrusiva Pensamiento baseados em Litherland et al. 1986 e Bettencourt et al. (2010)……………..23

CAPÍTULO II - ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS

Figura II.1. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton

Amazônico; (B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007).

Extraído e modificado de Bettencourt et al. (2010)………………………………………………...32

Figura II.2. Mapa geológico da área de estudo na escala de 1:500.000………………………………34

Figura II.3. Aspectos de campo e petrográficos do GM: (A) aspecto geomorfológico de ocorrência de

morro em várzea, (B) detalhe de trama mineralógica orientada, (C) aspecto macroscópico da FHBG

com fenocristais de plagioclásio em matriz inequigranular, e (D) aspecto macroscópico da FBM…35

Figura II.4. Fotomicrografias das rochas da Fácies Hornblenda-biotita granodiorito do GM ilustrando:

(A) textura inequigranular xenomórfica a hipidiomórfica formada por plagioclásio, feldspato

alcalino e agregado máfico constituído por biotita com textura do tipo drop-like quartz e minerais

opacos; (B) associação de hornblenda subédrica, palhetas de biotita e minerais opacos, todos com

textura drop-like quartz; (C) agregado máfico formado por hornblenda, biotita/clorita de alteração,

poiquiloclastoblasto de titanita e opacos; (D) biotita parcialmente cloritizada e agregado

fibrorradiado de muscovita secundária. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados à direita…..37

Figura II.5. Fotomicrografias das rochas da Fácies Biotita monzogranito do GM ilustrando: (A) textura

xenomórfica e nítida distinção entre quartzo, feldspato alcalino mais límpidos e plagioclásio

intensamente saussuritizado e palhetas de biotita parcialmente cloritizada; (B) duas gerações de

plagioclásio, uma primária representada por cristais intensamente saussuritizados e uma segunda de

grãos neo-cristalizados límpidos; (C) cristal romboédrico de titanita com textura coronítica formada

por opaco; (D) biotita com inclusões de rutilo acicular caracterizando textura sagenítica; (E)

agregado de palhetas de biotita, opacos e grão de allanita metamíctica. Polarizadores paralelos à

esquerda e cruzados à direita em (A), cruzados em (B), e paralelos em (C), (D) e (E)……………...38

Figura II.6. Estereogramas para isofreqüência e pólos do GM representando as medidas referentes à

foliação S1 e S2, projeção feita no hemisfério inferior. Foram realizadas 38 medidas de S1 com

concentração preferencial em torno de 240/80 e 12 medidas de S2, com máxima concentração em

350/82……………………………………………………………………………………………...39

Page 11: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

xi

Figura II.7. Fotomicrografia das rochas do GM ilustrando a foliação S1 dada pela orientação

preferencial dos minerais placóides e prismáticos. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados à

direita………………………………………………………………………………………………39

Figura II.8. Relação de corte entre a foliação S1 (xistosidade) e as faixas de cisalhamento dúctil (S2)

paralelas às dobras D2………………………………………………………………………………40

Figura II.9. Diagramas de Harker (1909): variação de SiO2 versus óxidos (% em peso), e elementos

maiores e menores (ppm) para as rochas do GM…………………………………………………...42

Figura II.10. Diagramas de Classificação Geoquímica para as rochas do GM: (A) Total de álcalis versus

sílica (Le Bas 1986), (B) R1 versus R2 (La Roche et al. 1980) e (C) Q-P (Debon & Le Fort 1983)...43

Figura II.11. Diagramas classificatórios das séries magmáticas para as rochas do GM: (A) Total de

álcalis e CaO versus sílica (Peacock 1931), (B) A/CNK versus A/NK (Maniar & Piccoli, 1989) e

(C) FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 (Frost et al. 2001)…………………………………………….44

Figura II.12. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM nos diagramas propostos por

Whalen et al. (1987)………………………………………………………………………………..45

Figura II.13. Diagramas de elementos traço para o GM: (A) Hf-Rb-Ta (Harris et al. 1986) e (B) Rb

versus Y+Nb (Pearce et al. 1996)………………………………………………………………….45

Figura II.14. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM no diagrama: (A) Rb/Nb versus

Y/Nb e (B) Y–Nb–3*Ga (Eby 1992)………………………………………………………………46

Figura II.15. Padrões de distribuição das rochas do GM nos diagramas: (A) ETR, normalizados pelos

valores condríticos (Nakamura 1977) e (B) elementos traço e K2O, normalizados pelos valores dos

granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984)………………………………………46

Figura II.16. Imagem de catadoluminescência de cristais de zircão (A) FC-22B 1.1, (B) FC-22B 2.1,

(C) FC-22B 3.1, (D) FC-22B 4.1, (E) FC-22B 5.1, (F) FC-22B 6.1, (G) FC-22B 7.1, (H) FC-22B

9.1, (I) FC-22B 10.1, (J) FC-22B 11.1. A imagem indica também os pontos de impacto do feixe

iônico………………………………………………………………………………………………48

Figura II.17. Diagrama concórdia U/Pb (SHRIMP) da amostra FC-22B, do GM mostra a idade

Concórdia de 1350 ± 12 Ma, interpretada como a idade de cristalização………………………….49

Figura II.18. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio…………50

CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

Figura III.1. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio…………..54

Page 12: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

xii

Lista de Tabelas

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Tabela I.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte

Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica análises em cristais de biotita, (M) em muscovita,

(Z) em zircão e (RT) em rocha total...................................................................................................27

CAPÍTULO II - ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS

Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte

Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica análises em cristais de biotita, (M) em muscovita,

(Z) em zircão e (RT) em rocha total………………………………………………………………33

Tabela II.2. Composição química das amostras do GM (óxidos em peso % e demais elementos em

ppm)………………………………………………………………………………………………..41

Tabela II.3. Dados isotópicos de zircões para o GM da amostra FC-22B. Razão corrigida para chumbo

comum. Erro 1-sigma………………………………………………………………………………48

Tabela II.4. Dados analíticos de Sm-Nd do GM……………………………………………………….49

Page 13: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

xiii

Lista de Anexos

Anexo 1. Tabela de pontos de afloramentos descritos.............................................................................60

Page 14: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

xiv

Resumo

Este trabalho tem o propósito de apresentar os dados geológicos, petrológicos e geocronológicos do

Granito Morrinhos, pertencente a Suíte Intrusiva Pensamiento, localizado nos domínios do Terreno

Paraguá, porção sudoeste do Cráton Amazônico. O mapeamento geológico permitiu a identificação de

duas fácies petrográficas no Granito Morrinhos, sendo: Hornblenda-biotita granodiorito e Biotita

monzogranito, das quais a primeira predomina em extensão areal. Macroscopicamente, a primeira fácies

caracteriza-se por rochas leucocráticas, cinza-claro, constituídas de quartzo, plagioclásio, feldspatos

alcalinos, biotita e hornblenda, diferentemente da fácies Biotita monzogranito que consiste de rochas

leucocráticas, cinza-rosado, tendo biotita como único máfico essencial. Ambas foram metamorfizadas

na fácies xisto verde. Quimicamente, esses litotipos caracterizam uma sequência ácida formada por um

magmatismo subalcalino, do tipo álcali-cálcico, metaluminoso a levemente peraluminoso, com algumas

feições de granitos do tipo A, evoluído por meio de mecanismos de cristalização fracionada. Dados

estruturais exibem registros de duas fases deformacionais, representadas pela xistosidade (S1) e

clivagem de crenulação (S2) de atitude preferencial, respectivamente, de 220/80 e 350/85, ambas,

provavelmente, relacionadas à Orogenia San Ignácio. Determinação geocronológica obtida pelo método

U-Pb (SHRIMP) e geoquímica isotópica (Sm-Nd) dessas rochas indicaram, respectivamente, idade de

cristalização 1350 ± 12 Ma, TDM em torno de 1,77 Ga e valor negativo para εNd(1,35) de -2,57. Os

resultados aqui obtidos sugerem que o Granito Morrinhos tenha sido gerado em arco magmático

continental, em estágio pós-colisional, da Orogenia San Ignácio e permite reconhece-lo como parte da

Suíte Intrusiva Pensamiento.

Palavras-chave: Granito Morrinhos; Suíte Intrusiva Pensamiento; Orogenia San Ignácio.

Page 15: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

xv

Abstract

This work presents the geologic, petrological, and geochronological data of Morrinhos Granite

belonging to Pensamiento Intrusive Suite, located in the areas of Paraguá Terrain, southwestern portion

of the Amazonian Craton. Geological mapping allowed the identification of two facies in Morrinhos

Granite, which are: Hornblende-biotite granodiorite e Biotite monzogranite, the first of which

predominates in areal extent. The first facies is characterized by leucocratic rocks, light gray, consisting

of quartz, plagioclase, alkali feldspar, biotite and hornblende, unlike facies Biotite monzogranite, that is

consisting of pinkish gray leucocratic rocks, with biotite as the only mafic essential. Both

metamorphosed at greenschist facies. Chemically, these rock types characterize an acid sequence formed

by sub alkaline magmatism, alkali-calcic metaluminous to slightly peraluminous type with some

features A-type granites as standard evolved through fractional crystallization mechanisms. Structural

data show two phases of deformation represented by the schistosity (S1) and cleavage crenulation (S2)

with preferential attitude, respectively, 220 /80 and 350/85, both probably related to San Ignácio

Orogeny. Geochronological determination obtained by the U-Pb (SHRIMP) and isotope geochemistry

(Sm-Nd) of these rocks indicate, respectively, crystallization age 1350 ± 12 Ma, TDM around 1.77 Ga

and negative value for εNd(1.35) of -2.57.The results obtained suggest that the Morrinhos Granite has

been generated in a continental magmatic arc during the post colisional stage of San Ignacio Orogeny

and allow to recognizes as an extension of Pensamiento Intrusive Suite.

Keywords: Morrinhos Granite; Pensamiento Intrusive Suite; San Ignacio Orogeny.

Page 16: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.

1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

I.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

O Granito Morrinhos, alvo desde trabalho, encontra-se alojado em ortognaisses do Complexo

Metamórfico Chiquitania/ Suíte Intrusiva Serra do Baú, porção extremo oriental do Terreno Paraguá.

A área estudada situa-se nas proximidades da Vila Ponta do Aterro, município de Vila Bela da

Santíssima Trindade, sudoeste do estado de Mato Grosso, fronteira Brasil-Bolívia, onde ocorrem rochas

que constituem o Terreno Paraguá. Esse terreno, inserido na Província Rondoniana-San Ignácio, se

estende do oeste da Bolívia ao extremo ocidente do Brasil e é descrito como um fragmento crustal

alóctone, acrescido à margem do Proto-Cráton Amazônico do Mesoproterozoico ao Neoproterozoico

durante a Orogenia San Ignácio (1,40 a 1,28 Ga).

Litherland et al. (1986), Ruiz (2005), Matos et al. (2009), Bettencourt et al. (2010) e Ruiz et al.

(2012) têm classificado o expressivo magmatismo ácido estateriano de natureza plutônica que ocorre na

região, como sin a pós-cinemático conforme sua colocação em relação à Orogenia San Ignácio. Busca-

se saber se o Granito Morrinhos faz parte desse evento ígneo e, do ponto de vista litoestratigrafico, se é

abrigado como parte do Complexo Granitóide Pensamiento de Litherland et al. (1986) / Suíte Intrusiva

Pensamiento Ruiz et al. (2012).

I.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está estruturada em 3 (três) capítulos, onde o primeiro deles trata o tema

estudado, enfatizando a relevância desta pesquisa ao enriquecer o banco de dados referente às rochas

formadoras do Terreno Paraguá. São apresentados os objetivos, a localização da área de estudo,

materiais e métodos utilizados para a coleta de dados em campo e em laboratórios, bem como o Contexto

Geológico Regional.

O Capítulo II traz o artigo “Petrologia, Geocronologia U-Pb (SHRIMP - Sensitive High

Resolution Ion Microprobe) e Deformação do Granito Morrinhos – Suíte Intrusiva Pensamiento –

Terreno Paraguá, SW do Cráton Amazônico: Implicações Sobre a Evolução Crustal do Arco

Magmático Continental Durante a Orogenia San Ignácio” submetido ao Brazilian Journal of Geology.

O Capítulo III denominado Considerações Finais e Sugestões têm o intuito de expor uma

proposta de evolução geológica relacionada à Orogenia San Ignácio em território brasileiro, assim como

sugestões para trabalhos futuros, Referências Bibliográficas e os Anexos.

Page 17: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.

2

I.3. OBJETIVOS

Esta pesquisa visou contribuir para o entendimento geológico do Cráton Amazônico na porção

sudoeste do estado de Mato Grosso, Terreno Paraguá, particularmente na evolução magmática e

deformacional relacionada à Orogenia San Ignácio, inclusa na Pronvíncia Rondoniana San-Ignácio. Para

tal propósito, utilizou-se do mapeamento lito-estrutural, análise petrográfica e geoquímica e

investigação geocronológica (U-Pb) e isotópica (Sm-Nd) do Granito Morrinhos.

I.4. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

A região pesquisada dista aproximadamente 520 km da capital Cuiabá e situa-se na porção

sudoeste do estado de Mato Grosso, na junção das folhas Serra do Baú (SE-21-V-A), Candelária (SE-

20-X-B), Jauru (SD-21-Y-C) e Baía Grande (SD-20-Z-D), nas proximidades da Vila Santa Clara do

Monte Cristo - Ponta do Aterro, município de Vila Bela da Santíssima Trindade.

O acesso por via terrestre é feito, partindo-se de Cuiabá, pela rodovia BR-070 até o município

de Cáceres, de onde se percorre cerca de 130 km pela BR-174 até Porto Esperidião. Desse ponto tem-

se duas alternativas para chegar a área de estudo, sendo que em uma delas percorre aproximadamente

180 Km pela MT-265, sem pavimentação asfáltica, passando pelo destacamento Santa Rita, Vila Santa

Luzia (Suvacão) até a sede da Vila Santa Clara do Monte Cristo - Ponta do Aterro. Na outra opção,

toma-se a rodovia BR-174 por cerca de 115 km até ao município de Pontes e Lacerda, e a partir daí,

percorre-se aproximadamente mais 165 km até área de estudo, através da MT-473 (estrada sem

pavimentação asfáltica), passando pelo posto do Grupo Especial de Segurança de Fronteira (GEFRON),

Vila São José da Serra (Matão), assentamento Triunfo, Vila Santa Luzia até a sede da Vila Santa Clara

do Monte Cristo - Ponta do Aterro. A locomoção no interior da área é feita pela MT-265 e por estradas

vicinais não asfaltadas, que interligam as vilas e fazendas (Fig. I.1).

Page 18: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.

3

Figura I.1. Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo.

I.5. MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi subdividido em quatro etapas que parcialmente se superpõem: preliminar,

aquisição de dados (em campo e em laboratório), tratamento e interpretação dos dados obtidos e

elaboração e apresentação da dissertação.

I.5.1. Etapa Preliminar

A etapa preliminar constou da realização do levantamento bibliográfico da literatura disponível,

para melhor compreensão sobre o contexto geológico da região sudoeste do Cráton Amazônico, bem

como análise e interpretação de imagens de satélites SPOT (Satellite Pour l'Observation de la Terre),

LANDSAT 5 (Land Remote Sensing Satellite) e SRTM (Suttle Radar Topography Mission).

Page 19: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.

4

Posteriormente, realizou-se o levantamento quantitativo das amostras e pontos de afloramentos

disponíveis, a fim de gerar um banco de dados.

O levantamento bibliográfico foi feito a partir de trabalhos de monografia do curso de geologia

da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), dissertações, teses e artigos nacionais e

internacionais, realizados em regiões adjacentes à área pesquisada. Para a elaboração do mapa geológico

preliminar, foram utilizadas as bases cartográficas das folhas Serra do Baú (SE-21-V-A), Candelária

(SE-20-X-B), Jauru (SD-21-Y-C) e Baía Grande (SD-20-Z-D), editadas pela Diretoria de Serviço

Geográfico – Ministério do Exército (DSG-ME) em 1973.

I.5.2. Etapa de Aquisição de Dados

Esta etapa corresponde às atividades desenvolvidas para a obtenção de dados em campo através

do mapeamento geológico, e em laboratório por meio de análises petrográficas, geoquímicas,

geocronológicas e isotópicas.

I.5.2.1. TRABALHO DE CAMPO

Foi realizada uma etapa de campo com duração de 10 (dez) dias, onde se descreveu 48 (quarenta

e oito) afloramentos, que, somados aos 108 (cento e oito) do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC;

Corrêa & França, 2011), perfazem 156 (cento e cinquenta e seis) pontos (Anexo 1), conforme ilustrado

no mapa de localização de afloramentos (Fig. I.2). Nessa fase buscou-se delimitar as diferentes fácies

litológicas, a checagem e refinamento do mapa geológico disponível de Corrêa & França (2011), bem

como coletar novos dados estruturais e amostras de rochas para os estudos geoquímicos e petrográficos.

Page 20: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.

5

Figura I.2. Mapa de localização de afloramentos descritos, com identificação das amostras com análises geocronológicas.

Page 21: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

6

I.5.2.2. TRABALHO DE LABORATÓRIO

I.5.2.2.1. Análises Petrográficas

As análises petrográficas foram iniciadas com o estudo macroscópico que serviu de base para a

seleção de 20 (vinte) amostras para confecção de lâminas delgadas. No estudo microscópico foram

descritos os principais aspectos, como texturas, estruturas, processos de alteração, composição

mineralógica, entre outros.

As amostram foram cortadas em tabletes no Laboratório de Preparação de Amostra do

Departamento de Recursos Minerais (DRM) da UFMT e, em seguida, enviadas ao Laboratório de

Laminação do Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Universidade Estadual Paulista (IGCE-

UNESP) para a confecção das seções delgadas. Essas seções foram descritas no Laboratório de

Microscopia do DRM/UFMT, com o auxílio de microscópio petrográfico Olympus BX 41. As

fotomicrografias das seções delgadas foram feitas com polarizadores paralelos e cruzados, com objetivas

de aumento 2,5, 4 e 10 vezes, utilizando o equipamento Infinity 1 e o software de mesma denominação.

I.5.2.2.2. Análises Litogeoquímicas

Para o estudo litogeoquímico das rochas do Granito Morrinhos foram selecionadas 12 (doze)

amostras para obtenção da composição dos elementos maiores, menores e traços, incluindo terras raras

(ETR). Inicialmente, foram cortados tabletes dos exemplares no laboratório de Preparação de Amostra

do DRM/UFMT que, em seguida, foram enviados ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-

Vancouver/Canadá para análises através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS

(Inductively Couple Plasma Mass Espectrometry).

I.5.2.2.3. Análises Geocronológicas

Com a finalidade de identificar a idade de cristalização e a fonte do magma gerador do Granito

Morrinhos, foram selecionadas 2 (duas) amostas para análises geocronológica e isotópica, processadas

no Laboratório Intermediário de Preparação de Amostras para Geocronologia do DRM/UFMT. Os

dados geocronológicos U-Pb (SHRIMP) em zircão foram obtidos no laboratório do Centro de Pesquisas

Geocronológicas do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (CPGeo-IGc/USP),

enquanto que as análises de Sm-Nd em rocha total foram realizadas no Laboratório de Geologia

Isotópica (Pará-Iso), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Page 22: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

7

Método U-Pb em Zircão (SHRIMP)

A amostra coletada foi preparada seguindo os métodos convencionais como britagem, moagem

e peneiramento nas frações entre 63-250 mesh, sendo usada a do intervalo de 90 mesh. Para facilitar o

trabalho na etapa posterior fez-se a remoção dos minerais magnéticos com a utilização de ímã. Em

seguida, a amostra foi processada em líquido denso (Bromofórmio 2,85 g/cm3), que resultou num

concentrado de minerais pesados. Em seguida, a amostra foi processada no separador magnético Frantz,

e com o auxílio de lupa binocular, foram selecionados 100 (cem) cristais de zircão, que foram enviados

para o laboratório do CPGeo-IGc/USP.

O equipamento SHRIMP é um espectrômetro de massa de alta resolução acoplado a

microssonda iônica. Permite efetuar análises isotópicas de U e Pb de zircão “in situ” e, portanto, a

datação de zircão que apresente fases múltiplas de crescimento. Para isto, necessita-se de um estudo

prévio por microscopia eletrônica de varredura para a obtenção de imagens por catodoluminescência

dos cristais (Sato et al. 2008).

Os dados isotópicos U-Pb (SHRIMP) em zircão foram obtidos utilizando-se um feixe primário

de O2 com 30 µm de diâmetro. Os detalhes sobre os procedimentos analíticos e calibração do aparelho

são descritos em Stern (1998), Williams (1998) e Sato et al. (2008). A razão 206Pb/238U tem um

componente de erro entre 1,5 a 2,0% da calibração das medidas quando se usam os zircões padrões. O

teor de U foi calibrado em relação a um cristal padrão SL13 com 238 ppm de U (< ± 10%), bem como

a razão Pb/U foi calibrada em relação ao padrão AS57 com idade de 1100 Ma (Paces & Miller 1993).

Todos os erros levaram em consideração as flutuações não lineares nas taxas de contagem iônica, além

daquelas esperadas pela contagem estatística (Stern 1998).

As constantes de desintegração e a razão atual 238U/235U utilizadas nos cálculos são aquelas

fornecidas por Steiger & Jäger (1977). Para o cálculo de idade integrada foram feitas médias ponderadas

dos pontos correspondendo a uma mesma geração de zircão, com base na interpretação das imagens de

catadoluminescência. As idades foram calculadas utilizando-se o programa Isoplot/EX de Ludwig

(1998).

Método Sm-Nd

O procedimento analítico adotado no laboratório Pará-Iso para a metodologia Sm-Nd em rocha

total está descrito em Gioia & Pimentel (2000) e a amostra selecionada, previamente pulverizada, foi

dissolvida com HNO3, HCl e HF em forno de microondas, após introdução de um traçador misto

149Sm/150Nd para a determinação dos teores de Sm e Nd por diluição isotópica. Em seguida, foi realizada

a separação química por cromatografia em resina de troca iônica em duas etapas, a primeira, para

separação do grupo dos ETRs dos outros elementos, utilizando uma coluna de teflon com resina

catiônica e a segunda, para a separação dos elementos Sm e Nd entre si e dos outros ETRs, em uma

Page 23: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

8

coluna de teflon com resina Eichron® Ln-Spec. Após a coleta e secagem, as frações concentradas de Sm

e de Nd foram solubilizadas com HNO3. Essa solução é analisada por um espectrômetro de massa com

fonte de plasma (ICP-MS) modelo Thermo-Finnigan Neptune.

As razões 143Nd/144Nd foram normalizadas pelos valores de 146Nd/144Nd=0,7219. A

reprodutibilidade dos resultados isotópicos foi avaliada por análises repetidas do padrão La Jolla. A

constante de decaimento usada foi o valor de 6,54 x 10-12/ano (Lugmair & Marti, 1978). Os cálculos das

idades-modelo foram feitos com base no modelo de evolução do manto empobrecido de DePaolo (1981).

I.5.3. Etapa de Tratamento e Interpretação dos Dados

Nesta etapa, foi realizado o tratamento dos dados obtidos em todas as etapas anteriores através

dos seguintes Softwares:

MapInfo 10.5: confecção dos mapas de localização e vias de acesso, localização de

afloramentos e geológico; melhoramento de fotografias, fotomicrografias, gráficos

litogeoquímicos e geocronológicos;

GCDKit 2.2: tratamento e elaboração de diagramas litogeoquímicos;

Openstereo: tratamento de dados estruturais na preparação dos estereogramas;

Microsoft Excel 2013: elaboração de planilhas;

Microsoft Word 2013: confecção da redação e formatação da presente dissertação;

Microsoft Power Point 2013: elaboração da apresentação da dissertação de mestrado.

I.5.4. Etapa de Elaboração e Apresentação da Dissertação

Esta etapa corresponde à elaboração da dissertação de mestrado, acompanhada da apresentação

e defesa pública para a banca avaliadora. Os resultados obtidos durante o desenvolvimento deste

trabalho foram submetidos em forma de artigo acadêmico no Brazilian Journal of Geology, intitulado

“Petrologia, Geocronologia U-Pb (SHRIMP) e Deformação do Granito Morrinhos – Suíte Intrusiva

Pensamiento – Terreno Paraguá, SW do Cráton Amazônico: Implicações Sobre a Evolução Crustal do

Arco Magmático Continental Durante a Orogenia San Ignácio”, pré-requisito necessário para obtenção

do título de mestre no programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de Mato

Grosso (PPGEC/UFMT).

Page 24: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

9

I.6. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

O propósito deste item é apresentar histórico da evolução do conhecimento relativo à

litoestratigrafia e aos modelos de compartimentação tectônica do Cráton Amazônico e, em particular,

aquele que compreende parte do estado de Mato Grosso e extremo oriente da Bolívia.

I.6.1. Cráton Amazônico

O Cráton Amazônico, localizado na Plataforma Sul-Americana corresponde a uma das

principais entidades geotectônicas pré-cambrianas do mundo, aflorando principalmente nos escudos das

Guianas e Brasil Central, sendo recoberto parcialmente por sedimentos quaternários.

No Brasil, a primeira síntese sobre a geologia/tectônica do Cráton Amazônico deve-se a

Almeida (1974 in Ruiz, 2005), quando o autor delineia os primeiros esboços do então denominado

Cráton do Guaporé. Ao longo do tempo vários autores discutiram propostas sobre a evolução desta área

cratônica, apresentando assim duas hipóteses distintas.

A primeira concepção, foi proposta por Amaral (1974), baseando-se, nos trabalhos de

mapeamento geológico executado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e no

Projeto Radambrasil nos anos 70. Outros autores seguem essa idéia (e.g. Issler 1977, Almeida 1978,

Hasui et al. 1984 e Costa & Hasui 1997: in Ruiz, 2005), apoiados nos conceitos da escola geossinclinal

que propunha que a tectônica pré-cambriana do cráton fosse caracterizada por processos de reativação

de plataforma e formação de blocos continentais por meio de retrabalhamento de crosta continental no

Arqueano e Paleoproterozoico e que durante o Mesoproterozoico teriam ocorrido apenas processos de

reativação e/ou retrabalhamento de rochas preexistentes. A segunda concepção, proposta por Cordani et

al. (1979), seguida e modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et al.

(1989), Tassinari (1996), Tassinari & Macambira (1999), Santos (2000), entre outros, se fundamenta na

Teoria da Tectônica Global ou de Placas, e defendem a ocorrência, durante o Arqueano, Paleo e

Mesoproterozoico, de uma sucessão de arcos magmáticos envolvendo a formação de material juvenil,

além de processos subordinados de retrabalhamento crustal.

Além das divergências em torno dos modelos evolutivos, não há consenso de compartimentação

tectônica-geocronológica do Cráton Amazônico. Três principais modelos permanecem em debate:

Tassinari & Macambira (1999 e 2004), Santos et al. (2000 e 2008) e Ruiz (2005).

A compartimentação proposta por Tassinari & Macambira (1999 e 2004; Fig. I.3), baseada nas

idades do embasamento metamórfico, nas características geológicas e em evidências geofísicas, dados

evoluídos a partir de Cordani et al. (1979), retrata sucessivas acresções de crostas juvenis em cinturões

móveis proterozóicos (províncias Maroni-Itacaiúnas, 2,2 a 1,9 Ga; Ventuari-Tapajós, 1,9 a 1,8 Ga; Rio

Page 25: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

10

Negro-Juruena, 1,8 a 1,5 Ga; Rondoniano-San Ignácio, 1,5 a 1,3 Ga e Sunsás-Aguapeí, 1,2 a 0,9 Ga),

situados ao redor de um núcleo proto-cratônico arqueano (Província Amazônia Central, > 2,5 Ga).

Importante resaltando que este é o modelo adotado na elaboração dessa dissertação.

Figura I.3. Distribuição das províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Tassinari &

Macambira, 2004).

Santos et al. (2000 e 2008; Fig. I.4) com base, principalmente, nos dados geocronológicos

obtidos pelo método U-Pb (SHRIMP), propuseram uma subdivisão para o Cráton Amazônico, nas

Page 26: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

11

seguintes províncias: Provínvia Carajás-Imataca (3,10 a 2,53 Ga); Transamazônica (2,25 a 2,00 Ga);

Tapajós-Parima (2,10 a 1,87 Ga); Amazônia Central (1,88 a 1,70 Ga); Rio Negro (1,86 a 1,52 Ga);

Rondônia-Juruena (1,76 a 1,47 Ga) e Sunsás (1,33 a 0,99 Ga).

Figura I.4. Províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Extraído de Santos et al. 2008).

Ruiz (2005), baseado em Tassinari & Macambira (2004), resgata a concepção de Almeida

(1967) e Amaral (1974), e apresenta uma compartimentação tectônica-geocronológica que considera o

Terreno Rio Apa, que aflora no Brasil (Mato Grosso do Sul) e Paraguai entre os sedimentos da Bacia

do Pantanal, como parte integrante do extremo meridional do Cráton Amazônico (Fig. I.5).

Page 27: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

12

Figura I.5. Compartimentação geocronológica do Cráton Amazônico considerando o Maciço Rio

Apa como seu extremo meridional do Cráton Amazônico (Extraído de Ruiz 2005).

Na Bolívia, segundo Litherland et al. (1989), o Cráton Amazônico (Escudo Brasil Central está

representando por um embasamento metamórfico de granulitos (Complexo Granulítico Lomas

Manechis), gnaisses (Complexo Gnáissico Chiquitania) e xistos (Grupo Xistos San Ignácio) que afloram

como cinturões metassedimentares. De acordo com os mesmo autores os protolitos dos granulitos

apresentam idade de Rb-Sr ~2000 Ma, porém, o padrão apresentado pelas rochas metamórficas como

um todo é devido a Orogenia San Ignásio, responsável pela colocação generalizada de corpos graníticos

e o metamorfismo da fácies granulito. O Ciclo Sunsás começou com a deposição do Grupo

Sunsás/Vibosi e terminou com o desenvolvimento dos Cinturões Moveis Sunsás/ Agapeí em ~1000 Ma.

Page 28: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

13

I.2.2. Sudoeste do Cráton Amazônico

Diversas propostas de divisão geológica e tectônica para o sudoeste do Cráton Amazônico em

Mato Grosso foram apresentadas, como as de Monteiro et al. (1986, in: Ruiz 2005), que definiram para

essa porção três calhas sinformais: Faixa Cabaçal, Araputanga e Jauru, constituídas por sequências

supracrustais do Greenstone Belt do Alto Jauru, separadas pelos terrenos gnáissico-migmatíticos com

intrusões graníticas denominadas, de leste para oeste, Bloco Cachoeirinha, Domo Água Clara e Bloco

Córrego Fortuna.

Saes & Fragoso César (1996) apresentam um arranjo tectônico destacando três terrenos: Jauru,

Paraguá, San Pablo e uma zona de sutura. Saes (1999) modifica parcialmente a proposta de Saes &

Fragoso César (1996), discriminando, de oeste para leste, os seguintes terrenos: Paraguá, Rio Alegre,

Santa Helena e Jauru.

Matos et al. (2004) apresentam o sudoeste do Cráton Amazônico como um amálgama de

orógenos justapostos: Orógeno Alto Jauru (1,79 a 1,74 Ga), Cachoeirinha (1,58 a 1,52 Ga), Santa

Helena, Rio Alegre e San Ignácio.

Ruiz (2005) sugere, para a porção sudoeste do cráton em Mato Grosso, a divisão em cinco

Domínios Tectônicos: Cachoeirinha, Jauru, Rio Alegre, Santa Bárbara e Paraguá.

Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) propõem a compartimentação em terrenos, os quais

caracterizam um trato geológico particular, delimitado por zonas de cisalhamento de expressão regional,

que apresenta um acervo de registros litológicos, estruturais e geocronológicos contrastantes com os

segmentos imediatamente justapostos.

Segundo Tassinari & Macambira (2004), Ruiz (2009), Bettencourt et al. (2010) e Teixeira et al.

(2010), o sudoeste do Cráton Amazônico em Mato Grosso é constituído pelas províncias Rondoniana-

San Ignácio e Sunsás-Aguapeí.

I.2.2.1. PROVÍNCIA RONDONIANA-SAN IGNÁCIO

Bettencourt et al. (2010) apresenta, pela primeira vez, uma revisão sobre as concepções

consensuais de vários pesquisadores (e.g. Cordani et al. 1979, Teixeira & Tassinari 1984, Teixeira et al.

1989, Litherland et al. 1986, Tassinari et al. 1996, Tassinari & Macambira 1999) sobre a Província

Rondoniana-San Ignácio, embasados na correlação detalhada dos dados geológicos e geocronológicos

da região sudoeste do Cráton Amazônico, incluindo a ambiência tectônica.

A área de estudo está inserida na Província Rondoniana-San Ignácio e conforme os autores

supracitados a mesma é composta por um orógeno criado através de sucessivas acresções de arcos

Page 29: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

14

vulcânicos, fechamento de bacia oceânica e, finalmente, por colisão de microcontinente-continente. Os

efeitos dessa colisão estão muitos bem preservados no Terreno Paraguá, na Faixa Alto Guaporé e regiões

adjacentes, considerando que essa província foi afetada por uma colisão posterior relacionada com

deformação colisional e metamorfismo durante a orogenia Sunsás (1,25 a 1,00 Ga).

A Província Rondoniana-San Ignácio (1,5 a 1,3 Ga) segundo Bettencourt et al. (2010, I.6)

compreende: (1) O Terreno Jauru (1,78 a 1,42 Ga) que hospeda o embasamento paleoproterozoico (1,78

a 1,72 Ga), e os orógenos acrescionários Cachoeirinha (1,56 a 1,52 Ga) e Santa Helena (1,48 a 1,42 Ga),

ambos desenvolvido em arco magmático tipo Andino; (2) Terreno Paraguá (1,74 a 1,32 Ga), que

hospeda unidades pré-orogenia San Ignácio (>1640 Ma: Complexo Gnáissico Chiquitania, Grupo Xisto

San Ignácio, Complexo Granulítico Lomas Manechis) e o Complexo Granitóide Pensamiento,

desenvolvido em arco magmático tipo Andino (1,37 a 1,34 Ga); (3) Terreno Rio Alegre (1,51 a 1,38 Ga)

que inclui unidades geradas em cordilheira meso-oceânica e em ambiente de arco vulcânico

intraoceânico e, finalmente (4) Faixa Alto Guaporé (<1,42 a 1,34 Ga) que hospeda as unidades

desenvolvidas em bacia marginal passiva configurando arcos intra-oceânicos.

Page 30: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

15

Figura I.6. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton

Amazônico; (B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007).

Extraído e modificado de Bettencourt et al. (2010).

Page 31: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

16

I.2.2.1.1. Terreno Jauru

O Terreno Jauru (Fig. I.6) é limitado a leste e norte pela bacia dos Parecis, a sul pela bacia do

Pantanal e a oeste com o Terreno Rio Alegre por zona de cisalhamento normal.

Saes & Fragoso César (1996) foram os primeiros a definir o Terreno Jauru incluindo a este,

complexos metamórficos do Paleoproterozoico resultantes de acréscimos de arcos intra-oceânicos na

Província Amazônia Central.

De acordo com Geraldes et al. (2001), Matos et al. (2004) e Ruiz (2005), este bloco continental

guarda registros geológicos do Estateriano ao Toniano, que refletem pelo menos três orogenias

proterozóicas: Santa Fé, Cachoeirinha e Santa Helena.

Posteriormente, Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) advogam que o embasamento

paleoproterozoico do Terreno Jauru é constituído pelas seguintes unidades litoestratigráficas: sequências

metavulcanossedimentares (Grupo Alto Jauru), suítes plutônicas máfico-ultramáficas (Suíte Intrusiva

Figueira Branca), ortognaisses granodioríticos-tonalíticos (Complexo Metamórfico Alto Guaporé) e

intrusões tonalíticas (Tonalito Cabaçal), todas submetidas a metamorfismo de médio a alto grau.

Idades U-Pb e Pb-Pb indicam que o arcabouço geológico pré-orogenias do sistema Rondoniano-

San Ignácio formou-se no intervalo entre 1,8 a 1,75 Ga e idades mais jovens (1,55 Ga) podem ser

atribuídas ao reseting do sistema isotópico durante as orogenias superimpostas (Pinho, 1996, Santos et

al. 2000, Geraldes et al. 2001, Ruiz et al. 2004 e Ruiz, 2005).

A Orogenia Santa Fé (1,8 a 1,75 Ga; Ruiz, 2005) corresponde à formação de arcos insulares

em regime orogênico acrescionário, dominado por processos de coalescência de arcos vulcânicos.

As rochas meta-supracrustais representam os derrames e sedimentos clasto-químicos de arcos,

enquanto os corpos plutônicos máfico-ultramáficos são interpretados como remanescentes da

porção inferior da crosta oceânica (ofiolitos) e os ortognaisses, como intrusões cálcio-alcalinas do

tipo TTG.

A Orogenia Cachoeirinha (1,56 a 1,45 Ga) é caracterizada por eventos magmáticos e

metamórficos que afetaram o conjunto de unidades geológicas descritas acima. Com base em Geraldes

et al. (2001), Ruiz et al. (2004), Ruiz (2005) e Araújo (2008) distinguem-se dois estágios no

magmatismo relacionado à Orogenia Cachoeirinha: magmatismo sin-cinemático (Suíte Intrusiva Santa

Cruz) e magmatismo tarde-cinemático (Suíte Intrusiva Alvorada). Segundo Ruiz (2005). O ambiente

geodinâmico sugerido para essa orogenia é caracterizado pela subducção do tipo B, geradoras de arcos

magmáticos continentais evoluídos sobre crosta estateriana edificada na Orogenia Santa Fé.

A Orogenia Santa Helena (1,48 a 1,42 Ga) retrata a implantação de um arco magmático

continental (Arco Magmático Santa Helena, Geraldes 2000), caracterizado pela formação de intrusões

Page 32: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

17

sin-cinemáticas das suítes intrusivas Santa Helena, Água Clara, Pindaituba e pelo magmatismo rapakivi,

pós-cinemático ou anorogênico da Suíte Rio Branco (Geraldes et al. 2001, Ruiz, 2005, Araújo 2008).

Ruiz (2005) sugere para essa orogenia o ambiente geodinâmico do tipo arco magmático continental

implantado sobre crosta formada durante as orogenias Santa Fé e Cachoeirinha.

I.2.2.1.2. Terreno Rio Alegre

O Terreno Rio Alegre foi definido como uma zona de sutura por Saes & Fragoso César (1996),

designado como Terreno Rio Alegre por Saes (1999) e Geraldes (2000), e Orógeno Rio Alegre por

Matos et al. (2004).

O desenvolvimento do Orógeno Rio Alegre apresenta dois estágios do Ciclo de Wilson, o

estágio de expansão de crosta oceânica (1,51 a 1,50 Ga), corroborado por dados litogeoquímicos e de

isótopos de Nd (Geraldes 2000, Matos et al. 2004), e o de subducção e colisão continental (1,44 a 1,38

Ga), de acordo com Saes (1999), Geraldes (2000), Matos et al. (2004) e Ruiz (2005).

O estágio drift (1,51 a 1,50 Ga) é caracterizado pela formação de crosta oceânica primitiva

(Complexo Vulcano-Sedimentar Rio Alegre), constituída na base por derrames de lavas ultramáficas a

máficas e no topo derrames intermediários a ácidos, com sedimentação clasto-química associada (Matos

1994, Matos et al. 2004), sendo que plútons ultramáficos a máficos (Suíte Intrusiva Máfico-ultramáfica)

circulares a elípticos relacionam-se ao estágio extensional do terreno (Ruiz 2005). O estágio orogênico

(1,44 a 1,38 Ga) é caracterizado pelo consumo de crosta oceânica em provável arco vulcânico, com

geração de plútons e batólitos (Suíte Intrusiva Santa Rita) constituídos por rochas toleíticas a cálcio-

alcalinas, tipo I, metaluminosas a peraluminosas, com valores de εNd(t) positivos, caracterizando a

natureza juvenil do magma parental (Matos et al. 2004, Ruiz 2005).

Ruiz (2009) descreve o Terreno Rio Alegre como um segmento crustal com cerca de 15 km de

largura, com trend N40W, limitado por zonas de cisalhamentos dúcteis, a leste com o Terreno Jauru, a

oeste com o Terreno Paraguá. A norte e sul sua extensão é desconhecida (Matos et al. 2004), estando

recoberto por sequências sedimentares cenozóicas (Fig. I.6).

I.2.2.1.3. Faixa Alto Guaporé

Segundo Bettencourt et al. (2010), a Faixa Alto Guaporé compreende uma área de 500x100 km,

com tendências direcionais WNW-ESE, na região sul e sudeste de Rondônia. É caracterizada como

acrescionária ao orógeno, compreendendo pelo menos seis unidades: Complexo Máfico-Ultramáfico

Trincheira, Complexo Colorado, Suíte Metamórfica Nova Mamoré, Suíte Intrusiva Serra do Colorado,

Suíte Intrusiva Igarapé Enganado e Suíte Intrusiva Alto Escondido. O limite norte é com a Bacia do

Page 33: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

18

Pacaás Novos, Suíte intrusiva Alto Candeias, Terreno Nova Brasilândia e Província Rio Negro-Juruena;

para o sul e leste as fronteiras são pouco conhecidas, sendo que os limites são cobertos por uma

sequência sedimentar fanerozóica de acordo com Bettencourt et al. (2010; Fig. I.6).

A partir de dados geológicos e geoquímicos Rizzoto et al. (2012) descreve o Complexo Máfico-

Ultramáfico Trincheira como uma unidade formada por varias fatias de rochas máficas e ultramáficas,

imbricadas e desmembradas por uma tectônica de empurrão, constituindo uma sequência ofiolítica

incompleta, posteriormente, exumada durante o acoplamento tectônico do Bloco Paraguá com o proto-

Cráton Amazônico durante o Mesoproterozoico, entre 1470 e 1350 Ma.

Rizzotto et al. (2013) baseados em dados geoquímicos, geocronológicos e aeromagnéticos

define a Zona de Sutura Guaporé como um limite tectônico entre o Terreno Paraguá, Terreno Rio Alegre

e Faíxa Alto Guaporé.

I.2.2.1.4. Terreno Paraguá

A área de estudo localiza-se neste terreno, e por isso, inicialmente será feita uma introdução

sobre o Terreno Paraguá. Em seguida será apresentada uma tentativa de correlação litoestratigráfica e

tectônica das unidades desse terreno existentes na região de fronteira Brasil – Bolívia. Esta correlação

está em ordem geocronológica do litotipo mais antigo para o mais jovem, dando enfoque às principais

unidades.

Inicialmente Klinck & Litherland (1982) e Litherland et al. (1986), com base nos dados

estruturais e idades K-Ar, agrupa os tratos geológicos pré-cambrianos do oriente boliviano que foram

poupados pela Orogenia Sunsás, em uma área estável então denominada “Cráton Paraguá” e seus

limites, com o Cinturão Móvel Sunsás e Aguapeí, foram definidos pelos fronts tectônicos Santa

Catalina-Rio Negro e Aguapeí, respectivamente.

Posteriormente Litherland et al. (1986) reconhecem como parte do embasamento metamórfico

do pré-cambriano boliviano, três principais unidades litoestratigráficas-metamórficas: Complexo

Granulítico Lomas Manechis, Complexo Gnáissico Chiquitania e o Grupo Xistos San Ignácio.

No Brasil, os pioneiros a trabalharem no sudoeste da Cráton Amazônico nos municípios de Vila

Bela da Santíssima Trindade - MT e Porto Esperidião - MT, foram feitos por Santos et al. (1979) e

Del’Arco et al. (1982), onde caracterizam como embasamento do Grupo Aguapeí uma associação de

gnaisses, anfibolitos e granitos agrupados anteriormente como Complexo Xingu.

Saes & Fragoso César (1996) propuseram o termo terreno e subdividiram o escudo pré-

cambriano em dois, o terreno Paraguá e terreno San Pablo. O conceito de terreno empregado por esses

Page 34: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

19

autores é referente a uma entidade caracterizada por homogenuidade interna, continuidade em sua

estratigrafia, estilo tectônico, história geológica e são limitados por descontinuidade fundamentais a

nível de crosta terrestre.

Tohver et al. (2004) amplia a área e, por conseguinte, a definição do Terreno ou Cráton Paraguá

como toda a porção cratônica situada a sul do Cinturão Nova Brasilândia. Boger et al. (2005) descreve

esse terreno como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do Proto-Cráton Amazônico

durante o Meso e Neoproterozoico. Essa colisão e aglutinação teria ocorrido durante a Orogenia Sunsás

(1,0 a 0,9 Ga).

Santos et al. (2007) ao discutirem o “Mito Cráton Paraguá” descartam a sua existência

considerando que cerca de 70% da área cratônica é composta por rochas graníticas do Complexo

Granitóide Pensamiento, cujas idades mesoproterozoicas seriam muito jovens para constituírem um

cráton.

Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) adotam o termo Terreno Paraguá, para denotar um

terreno composto por rochas do embasamento paleoproterozoico (Complexo Gnáissico Chiquitania,

Grupo Xistos San Ignácio e Complexo Granulítico Lomas Manechis) e granitóides mesoproterozoicos

(Complexo Granitóide Pensamiento), amalgamados ao proto-Cráton Amazônico durante a Orogenia San

Ignácio. Esse embasamento paleo-mesoproterozoico encontra-se recoberto, por discordância erosiva,

pelos sedimentos do Grupo Aguapeí, que retrata uma bacia intracontinental ou do tipo aulacogênica

(Saes 1999, Teixeira et al. 2010).

Segundo Ruiz (2009) no Terreno Paraguá são reconhecidas duas orogêneses que precederam a

Orogenia Sunsás: Orogenia Lomas Manechis (1,74 a 1,69 Ga) e Orogenia San Ignácio (1,4 a 1,28 Ga)

(Boger et al. 2005, Ruiz 2005, Santos et al. 2008).

A Orogenia Lomas Manechis (1,74 a 1,69 Ga) se caracteriza pela formação e retrabalhamento

termo-tectônico do Complexo Granulítico Lomas Manechis, Complexo Gnáissico Chiquitania e Grupo

Xistos San Ignácio. A Orogenia San Ignácio se manifesta em todo o Terreno Paraguá, sendo

caracterizada pela deformação penetrativa, com trend estrutural NNW, metamorfismo de fácies xisto-

verde a anfibolito e expressivo magmatismo ácido-intermediário, de caráter sin a pós cinemático,

representado principalmente pelo Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al. 1986).

Ruiz et al. (2011) contrapõem o conceito inicial de Litherland et al. (1986), definindo como

Terreno Paraguá um fragmento crustal Estateriano (1,8 a 1,65 Ga) retrabalhado em dois ciclos

orogênicos distintos: Orogenia San Ignácio (1,4 a 1,3 Ga) e Sunsás (1,0 a 0,9 Ga), uma vez que as áreas

afetadas pelos Cinturões Móveis Sunsás e Aguapeí pertencem ao Terreno Paraguá e não apenas as

regiões poupadas por tais faixas orogênicas.

Page 35: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

20

Com base nos dados geológicos e geocronológicos disponíveis, Ruiz et al. (2011) discorda da

concepção de Tohver et al. (2004), e limita o uso do termo Paraguá ao fragmento crustal situado no

oriente boliviano e sudoeste de Mato Grosso, que faz contato, por meio de zonas de cisalhamentos

dúcteis com o Terreno Rio Alegre (Fig. I.6).

Dessa forma, adota-se neste trabalho o termo Terreno Paraguá para se referir a esta área

complexa sob o ponto de vista geológico e uma entidade tectônica que configura grande parte do escudo

pré-cambriano boliviano.

Complexo Granulítico Lomas Manechis

Com base em idades Rb-Sr Litherland et al. (1986) reconhecem o Complexo Granulítico Lomas

Manechis como parte mais antiga do embasamento metamórfico do Terreno Paraguá, e o define como

composto por granulitos charnockíticos, enderbíticos básicos e gnaisses bandados quartzo-feldspáticos.

Segundo Boger et al. (2005) o Complexo Granulítico Lomas Manechis é predominantemente

composto por granitos, granitóides com ortopiroxênios e granitóides rosados, com idades de

cristalização U-Pb (SHRIMP, em zircão) de1689 ± 5 e 1663 ± 4 Ma.

Vargas-Mattos (2006) caracteriza as rochas enderbíticas e granulíticas desta unidade como

ortognaisses de composição granítica a adamelítica, que por vezes são descritos na literatura como

migmatitos; formados em um ambiente colisional como produto de subducção, cujos valores de

Elementos Terras Raras sugerem fracionamento magmático.

Os granulitos da Folha Santa Rita na região da Serra de Santa Bárbara - Destacamento Fortuna

- município de Porto Esperidião - MT, relatado inicialmente em monografia de conclusão do Curso de

Geologia da UFMT (Jesus & Assis 2006) e descrito pela primeira vez por Matos et al. (2006),

caracterizam composição félsica, cor cinza-escuro a esverdeado, e estrutura gnáissica. Devido ao seu

caráter félsico, aspecto gnáissico e proximidade física com os granulitos bolivianos, os últimos autores

sugerem que estas rochas sejam correlacionáveis ao Grupo Granulítico Lomas Manechis, descrito por

Litherland et al. (1986). Belufi (2010) plota os granulitos localizados nas imediações da Fazenda Lajes

no diagrama QAP modal para granulitos (Winkler 1976) classificando-os como granulito charno-

enderbítico.

De acordo com Matos et al. (2006) as rochas granuliticas ortoderivadas do Complexo Lomas

Manechis da Folha Santa Rita e adjacências são classificadas como granulitos charnoquíticos. O

tratamento dos dados químicos dessas rochas sugerem para elas, altos valores de SiO2, refletindo

natureza evoluída do magmatismo, sub-alcalino, do tipo cálcio-alcalino, metaluminoso, sugerindo uma

provável contaminação crustal. Quanto ao arcabouço tectônico, seu protólito classifica-se como um

granitóide de arco magmático.

Page 36: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

21

Complexo Gnáissico Chiquitania/Suíte Intrusiva Serra do Baú

Litherland et al. (1986) subdividem o Complexo Gnáissico Chiquitania em tipo A (paragnaisses)

e tipo B (ortognaisses). Segundo Boger et al. (2005) esse complexo é representado por biotita gnaisses

félsicos interpretados, em parte, como sendo paraderivados ou de origem vulcânica com presença de

zircões detríticos. Os mesmos autores interpretam os paragnaisses como protólitos derivados de uma

fonte paleoproterozoica formada em torno de 1765 Ma, com início da deposição após 1690 Ma.

Vargas-Mattos (2006) trabalhando em território boliviano interpreta para os gnaisses desta

unidade uma composição granítica, onde os dados geoquímicos de Elementos Terras Raras sugerem

uma origem ígnea, ressalvando apenas uma amostra que apresenta granada indicando paraderivação,

formados em um ambiente de margem ativa, pré a sin-colisional.

Santos et al. (2008) data o gnaisse Rio Fortuna na Bolívia com uma idade de 1772-1734 Ma e

outra idade de 1336 ± 3 Ma que se correlaciona a idade de metamorfismo, sugerindo que o magmatismo

responsável pela formação do protólito gnáissico estudado foi formado durante a Orogenia Lomas

Manechis.

Matos & Ruiz (1991) descrevem em território brasileiro um embasamento metamórfico

representado por gnaisses bandados com lentes ou mega xenólitos de anfibolito, biotita-augen gnaisse e

migmatitos, com idades atribuídas ao Arqueano. Ruiz (2005) agrupa as rochas da unidade descrita

anteriormente e propõem o uso do termo Suíte Intrusiva Serra do Baú para caracterizar um conjunto de

ortognaisses rosa de composição dominante monzogranítica, bandados, de granulação grossa. Em

territotório boliviano são correlacionáveis ao Complexo Gnáissico Chiquitania e aos Gnaisses Rio

Fortuna, expostos na região de fronteira.

Na região de Vila Bela da Santíssima Trindade - MT a Suíte Intrusiva Serra do Baú foi

reconhecida pelos gnaisses Shangri-lá e Turvo, ambos polideformados. O primeiro deles é composto

por gnaisses monzograníticos, de natureza ortoderivada (Oliveira & Nogueira 2007); já o Gnaisse Turvo

(Figueiredo 2010) é constituído por ortognaisses, com idade de cristalização Pb-Pb de 1651 ± 4 Ma,

associados à evolução de arcos magmáticos em ambiente de subducção (Orogenia Lomas Manechi - 1,7

a 1,6 Ga), sendo posteriormente retrabalhados metamórfica e tectonicamente durante a Orogenia San

Ignácio (1,4 a 1,3 Ga). Próximo ao Destacamento Fortuna - município de Porto Esperidião - MT, Faria

et al. (2011) descrevem quatro corpos gnáissicos distintos, denominados gnaisses: Retiro, Córrego

Vermelho, Retiro I e Rio Fortuna, e agrupam estas rochas à Suíte Intrusiva Serra do Baú,

correlacionando-os aos gnaisses do tipo B do Complexo Gnáissico Chiquitania. O Gnaisse Rio Fortuna

é classificado como ortognaisse polideformado, gerado em um ambiente de arco magmático ou arco de

ilhas, com idade concórdia de cristalização no intercepto superior de 1711±13 Ma pelo método U-Pb

(laser ablation). Na mesma região Nascimento et al. (2013) descrevem o Gnaisse Furnas Azul

Page 37: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

22

correspondente a uma intrusão alojada em anfibolitos e granulitos paraderivados que ocorrem como

enclaves e recortado por diques pegmatíticos e aplíticos.

França et al. (2013) apresentam um conjunto de corpos gnáissicos aflorantes próximos à Serra

de Santa Barbara e ao assentamento Triunfo, como pertencentes à Suíte Intrusiva Serra do Baú,

denominando-os Gnaisse Matão e Gnaisse Triunfo.

Grupo Xistos San Ignácio

Suarez-Soruco (2000, in: Vargas-Mattos 2006) caracteriza esta unidade como composta por

sequências de rochas sedimentares metamorfizadas em grau de baixo a médio, compreendendo:

quartzitos, psamitos feldspáticos metamorfizados, xistos de duas micas e filito de origem vulcânica;

estas rochas encontram-se rodeadas por gnaisses e granitóides que afloram na forma de terreno granito-

greenstone favoráveis a mineralizações.

Segundo Adamek et al. (1996, in: Vargas-Mattos 2006) a complexidade desta faixa deve-se à

superimposição das estruturas do evento orogênico Sunsás sobre o evento San Ignácio, fator que

favoreceu a formação de corpos mineralizados em ouro.

Boger et al. (2005) analisaram algumas amostras desta unidade que afloram entre San Rafael e

San Ignácio e obtiveram idades Pb/Pb de 1764 ± 6 Ma (MSWD = 0,94). Os autores ainda sugerem que,

assim como o Complexo Gnáissico Chiquitania, que o Grupo Xistos San Ignácio deriva de protólito

paleoproterozoico, no entanto interpretam que essas rochas não foram depositadas antes de 1690 Ma,

que é a idade mais jovem obtida a partir da população de zircões detríticos.

O Complexo Xistos San Ignácio até o momento não apresenta correspondente na região

sudoeste do Cráton Amazônico em território brasileiro.

Complexo Granitóide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento

O Complexo Granitóide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento é um expressivo e

volumoso magmatismo associado à evolução da Província Rondoniana-San Ignacio, na porção

sudoeste do Cráton Amazônico (Fig. I.7).

Page 38: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

23

Figura I.7. Mapa de integração dos granitóides do Complexo Granitóide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento baseados em Litherland et al. 1986

e Bettencourt et al. (2010).

Page 39: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

24

O termo Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al. 1986) compreende um conjunto

de rochas granitóides no setor norte do Pré-Cambriano boliviano (Bloco Paraguá) que não foi afetado

pela Orogenia Sunsás. De acordo com os mesmo autores, este complexo é composto por granitos,

sienitos, granodioritos, tonalitos, trondjemitos e, subordinadamente, dioritos, de idades Rb/Sr e K/Ar

entre 1,39 a 1,24 Ga. Estas rochas foram subdivididas pelos autores anteriores como sin a tardi-

cinemáticos e tardi a pós-cinemáticos conforme o momento de sua colocação e em relação ao pico

metamórfico/deformacional da orogenia San Ignácio, e segundo Ruiz (2009), Matos et al. (2009) e

Bettencourt et al. (2010) é o principal produto magmático relacionado a essa orogenia.

Baseados em relações geológicas, dados estruturais e análises Rb/Sr e K/Ar Litherland et al.

(1986) descrevem os seguintes granitos pertencentes ao Complexo Granitóide Pensamiento em território

boliviano: Puerto Alegre, La Junta, San Martin, Campamento, Florida, San Cristobal, Porvenir, Padre

Eterno, Três Picos, Orobayaya, Diamantina e o Complexo Granófiro.

Litherland et al. (1986) define os granitos Puerto Alegre e La Junta (sin a tardi-cinemáticos)

como rochas de cor cinza-rosado, textura inequigranular grossa a porfirítica, comumente com foliação

definida pelos minerais máficos e fenocristais de feldspatos alcalinos, definidos como Hoblenda-biotita

monzogranito, o segundo apresenta idade Rb-Sr de 1375 ± 80 Ma. De acordo com os mesmos autores

os granitos San Martin e Campamento (sin a tardi-cinemáticos) apresentam cor rosa-acinzentado, textura

equigranular média a grossa, foliação marcada por biotita e fenocristais de feldspatos e uma variação

composicional de Biotita sienogranito a monzogranito. Ainda segundo os autores acima o Granito

Florida (sin a tardi-cinemático) compreende tipos foliados e não foliados, com desenvolvimento de

fenocristais de feldspato alcalino, e apresenta idades K-Ar em biotita de 1380 ± 19 Ma e em muscovita

de 1244 ± 27 Ma.

Os granitos tardi a pós-cinemáticos do Complexo Granitóide Pensamiento apresentam como

característica predominante o alinhamento dos corpos em um eixo N e NW (Litherland et al. 1986).

Conforme Litherland et al. (1986) os granitos San Cristobal e Porvenir (tardi a pós-cinemáticos)

são unidades que apresentam cor rosa-claro a cinza-rosado, granulação média a grossa, descritos como

Biotita-hornblenda monzogranito, o primeiro exibe idade K-Ar em biotita de 1296 ± 1 Ma.

Segundo Litherland et al. (1986) o Granito Padre Eterno (tardi a pós-cinemático) é uma rocha

homogênea leucocrática, cor rosa-claro a cinza-rosado, granulação media, com fenocristais de

feldspatos, tendo biotita e hornblenda como máficos predominantes. Sua composição varia de

granodiorito a sienogranito, com predominância de monzogranito, e idade K-Ar em biotita de 1326 ±

19 Ma e em muscovita de 1268 ± 20 Ma. De acordo com os autores supracitados o Granito Três Picos

(tardi a pós-cinemático) é descrito como Biotita sienogranito e subordinadamente como monzogranito

e quartzo monzonito.

Page 40: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

25

O Granito Orobayaya é dividido em três fácies (Litherland et al. 1986): Fácies equigranular

(parte mais externa, cor rosa-claro a cinza-rosado, granulação média a grossa, descrito como Biotita

monzogranito, localmente contendo xenólitos de aplito, microgranito, quartzo monzogranito e

granodiorito rico em máficos), Fácies mista (granulação grossa a pegmatítica, de composição

sienogranítica com xenólitos ricos em máficos, localmente, formado níveis) e Fácies feldspato pofirítica

(núcleo central composto por rocha de cor rosa, granulação média a grossa, de composição sienitica,

apresentando fenocristais de feldspato alcalino, e xenólitos ricos em biotita).

Litherland et al. (1986) descreve o Granito Diamantina (tardi a pós-cinemático) constituído por

rocha que varia de rosa-claro a cinza-claro de granulação média a grossa, com raros fenocristais de

feldspato alcalino, classificada como Biotita monzogranito, de idade Rb-Sr de 1391 ± 70 Ma. Esse

granito tem como característica distintiva a concentração de minerais de urânio.

Granitoides Discordância é o nome aplicado por Litherland et al. (1986) ao um conjunto de

granitos pós-cinemáticos que estão localizados abaixo da escarpa sudoeste da Serra de Huanchaca, que

foi estudada através das seguintes seções: El Mojón (rocha cinza de granulação grossa, com fenocristais

de feldspato alcalino, contendo xenólitos de tonalito rico em biotita, definido como Hornblenda-biotita

monzogranito; essa seção em particular apresenta xenólito de um aplogranito, que contém significativa

atividade radioativa), Arroyo Discondancia (monzogranito que se diferencia do anterior pela diversidade

dos xenólitos: ricos em anfibólio, de biotita gnaisse, de granito pegmatítico e de tonalito rico em biotita)

e Arroyo El Cuchillo (monzogranitos e tonalitos de granulação fina a média e ricos em biotita).

O Complexo Granofirico segundo Litherland et al. (1986) faz parte do Complexo Granitóide

Pensamiento na região de Piso Firme, foi afetado pela Orogenia Sunsás, sendo algumas vezes adjacentes

aos cinturões de xistos do Grupo Xistos San Ignácio, e é constituído pelas unidades Piso Firme, Cerro

Grande, San Simon de Guarayos e Cerro Blanco. Conforme os mesmo autores o Granófiro Piso Firme

faz parte de um conjunto de corpos contemporâneos que inclui o Microgranito Bela Vista e os granitos

San Cristobal e Padre Eterno; e a Suíte Granofirica Cerro Grande forma três cinturões granofiricos en-

echelon que são, de norte para sul, San Simon de Guarayos, Cerro Blanco e Cerro Grande.

Conforme Matos et al. (2009) os granitos La Junta e San Martin (sin a tardi-cinemáticos)

apresentam idade de cristalização de 1347 ± 21 e 1373 ± 20 Ma, respectivamente, idades modelo TDM

entre 1,9 e 2,0 Ga e valores de εNd(1330) entre +1,8 e -4,3. Em adição, os plútons Porvenir, San Cristobal

e Piso Firme (tardi a pós-cinemáticos) têm idades TDM modelo entre 1,6 e 1,7 Ga e valores de εNd(1330)

entre +2,7 e +1,5, o que sugere uma origem em arco magmático intraoceânico. Segundo os mesmos

autores o plúton Diamantina (tardi a pós-cinemático de idade 1340 ± 20 Ma) tem idades TDM modelo

entre 1,6 e 1,9 Ga com valores de εNd(1330) entre +0,4 e -1,2, o que corrobora a hipótese de significativa

contribuição de material juvenil mesoproterozoica durante a sua gênese.

Page 41: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

26

No Brasil, a Suíte Intrusiva Pensamiento na região da Serra de Santa Bárbara - Destacamento

Fortuna - município de Porto Esperidião - MT, correlata ao Complexo Granitóide Pensamiento,

corresponde aos granitos Lajes e Tarumã. Na região do município de Vila Bela da Santíssima Trindade

- MT os granitóides desta suíte não são afetados pela Orogenia Sunsás, preservando características do

metamorfismo deformacional San Ignácio; correspondem aos granitos Passagem, Fronteira, Guaporeí,

Três Reis e Amparo.

Matos & Ruiz (1991) identificam o Granito Lajes, que posteriormente foi definido por Geraldes

(2000) como um granito tarde-cinemático fracamente foliados, com idade U-Pb em zircão de 1,31 Ga,

Nd TDM = 1,7 Ga. Matos et al. (2005) e Jesus & Assis (2006) tratam o Tarumã como ortognaisse,

interpretando o magmatismo gerador como sub-alcalino do tipo cálcio-alcalino, peraluminoso, gerado

em ambiente sin-cinemático, apresentando feições retrometamórficas. Matos et al. (em prep.) definem

o Granito Tarumã (sin-cinemático) como Hornblenda-biotita sienogranito foliado, localmente com

estrutura milonítica apresentando porfiroclastos de feldspato alcalino, granulação grossa, com idade de

cristalização de U-Pb de 1377 ± 5 Ma, Nd TDM=1930 Ma.

Jesus et al. (2010) definem para o Granito Passagem, tipicamente pós-cinemático, uma idade

concordante de 1291 ± 16 Ma (U-Pb, Laser ablation em zircão) com idade modelo TDM de 1,6 Ga e

εNd(t) em torno de -7, assinalando natureza híbrida do magma parental.

Ruiz et al. 2012 a partir de critérios geológicos, estruturais e geocronológicos apresenta para

Granito Fronteira (sin a tardi-cinemático) uma idade de cristalização Pb-Pb de 1333±4 Ma.

Nalon et al. (2013) definem para o Batólito Guaporeí uma idade Pb-Pb de 1314 ± 2,5 Ma (sin a

tardi-cinemático), interpretada como idade de formação da intrusão, com idade modelo TDM de 1,76 Ga,

e εNd(1,3) -14, o que indica forte contaminação crustal.

Campos & Couto 2013 descrevem pela primeira vez o Granito Três Reis (sin-cinemático)

constituído por tonalitos, granodioritos e monzogranitos, com xistosidade que evolui para um

bandamento composicional onde se destaca granada, bem como o Granito Amparo (tardi-cinemático),

de caráter predominantemente isotrópico, variando de tonalitos a sienogranitos.

A Tabela I.1 reúne informações geocronológicas registradas ao longo dos últimos anos de

pesquisa, de algumas unidades relacionadas à Orogenia San Ignácio, que configuram o Complexo

Granitoide Pensamiento em território boliviano, correlato à Suíte Intrusiva Pensamiento no Brasil.

Page 42: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

27

Tabela I.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica

análises em cristais de biotita, (M) em muscovita, (Z) em zircão e (RT) em rocha total.

Unidade

Litoestratigráfica Referências

U-Pb Pb-Pb Rb-Sr Sm-Nd K-Ar (Ma)

Idade (Ma) Idade (Ma) Idade (Ma) Sr87/Sr86 TDM (Ga) εNd(0) εNd(t) Idade (Ma)

Gra

nit

oid

es T

ard

i a

s

Cin

emá

tico

s (1

340

Ma

)

Padre Eterno Litherland et al.

(1986) _ _ _ _ _ _ _

(B)1326±19

(M)1268±20

Orabayaya Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1283±33 0,7058 _ _ _

Piso Firme

Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1325±45 0,7044 _ _

Matos et al. (2009) _ _ _ _ 1,59 -7,99 2,32 _

Diamantina

Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1391±70 0,7004 _ _ _

Matos et al. (2009) (Z) 1340 ±

20 _ _ _ 1,65 a 1,92 -16,6 a -8,51 -1,25 a 0,38

San Cristobal

Litherland et al.

(1986) _ _ _ _ _ _ (B)1296±18

Matos et al. (2009) _ _ _ _ 1,58 a 1,59 -6,28 a -5,87 2,63 a 2,75

Porvenir Matos et al. (2009) _ _ _ _ 1,74 -6,89 1,48 _

Lajes Geraldes (2000) (Z) 1310±34 _ _ _ 1,69 - 0,0 _

Passagem Jesus et al. (2010) (Z) 1284±20 _ _ _ 1,60 -10,56 -7 _

Gra

nit

oid

es S

in a

Ta

rdi

Cin

emá

tico

s (1

373

– 1

34

7 M

a) Florida

Litherland et al.

(1986) _ _ _ _ _ _ _

(B)1380±19

(B)1244±27

La Junta

Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1375±80 0,7052 _ _ _ _

Matos et al. (2009) (Z) 1347±21 _ _ _ 1,87 a 2,04 -19,6 a

-17,8 - 4,29 a -2,94

San Martín Matos et al. (2009) (Z) 1373±20 _ _ _ 1,68 -7,43 1,78 _

Fronteira Ruiz et al. (2012) _ (Z) 1333±4 _ _ _ _ _ _

Guaporeí Nalon et al. (2013) _ (Z) 1314±2,5 _ _ 1,76 -21,42 -14 _

Tarumã Matos et al. (em prep.) (Z) 1377±5 _ _ _ 1,9 -19,68 -4,11 _

Page 43: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

28

I.2.2. PROVÍNCIA SUNSÁS-AGUAPEÍ

A Província Sunsás segundo Litherland et al. (1986) é a mais jovem unidade geocronológica do

Cráton Amazônico, sendo suas rochas geradas a partir da erosão de crosta continental mais antiga,

seguida de sedimentação, deformação e metamorfismo entre 1,3 a 1,0 Ga. Segundo Teixeira et al. (2010)

a evolução tardia mesoproterozoica do Cinturão Sunsás pode ser distinguida a partir da margem passiva

para as fases pós-tectônicas. A margem passiva é representada pelos grupos Sunsás e Vibosi, enquanto

que as características de intraplaca são destacadas pela sedimentação crâtonica Aguapeí-Huanchaca e

Cinturão Nova Brasilândia.

I.2.2.1. Grupo Aguapeí (Mato Grosso e Oriente Boliviano)

Figueiredo et al. (1974) estabelece no extremo sul da serra Santa Bárbara, acerca de 12 km a

oeste do Destacamento Fortuna - município de Porto Esperidião - MT, a seção-tipo do Grupo Aguapeí,

reconhecendo três subunidades: a inferior composta por metaconglomerados oligomíticos e arenitos

quartzosos; a media constituida por ardósias, metassíltitos e filitos e a superior predominam metarenitos

feldspáticos, metassíltitos e ardósias.

Souza & Hildred (1980) elevaram os metassedimentos estabelecidos anteriormente por

Figueiredo et al. (1974) como Unidades Inferior, Média e Superior para a categoria de grupo,

denominados respectivamente como formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalina.

A Formação Fortuna que é o pacote inferior é denominado como Formação Fortuna no Mato

Grosso (Souza & Hildred 1980), Arco-íris nas Serras Huanchaca/Ricardo Franco (Litherland & Power

1989) e Lower Psamitic Unit na Serra de Santo Corazón na Bolívia (Litherland et al. 1986). Essa

formação inicia-se por conglomerado basal com seixos de quartzo e abundante matriz sericítica, com

maior espessura a região de Santo Corazón e na forma de lentes em sua extensão mais setentrional na

Serra do Aguapeí, eventualmente apresentando cimento ferruginoso. Segue-se espesso pacote arenoso

(Lower Psamitic Unit) em Santo Corazón, adelgaçando-se e apresentando composição ortoquartzítica

nas Serras do Rio Branco e Huanchaca/Aguapeí. De acordo com Saes et al. (1987) essa sequência exibe

feições típicas de ambiente marinho raso, sob influência de correntes de maré e, esporadicamente, de

tempestades.

A Formação Vale da Promissão é a unidade intermediária denominada por Souza & Hildred

(1980), Cuatro Carpas por Litherland & Power (1989) e Argilaceous Unit por Litherland & Bloomfield

(1981). Caracteriza-se por variada associação de fácies, resultado da diferenciação paleogeográfica das

bacias, concomitante ao episódio de ascensão relativa do nível do mar que marca este intervalo. Nas

Serras do Aguapeí e Rio Branco, esta unidade apresenta uma sequência de pelitos amarelados e

subarcóseos líticos muito finos, arranjados em sequências granocrescentes cíclicas. Estruturas linsen,

Page 44: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

29

flaser, wavy, gretas de sinerese, brechas intraformacionais, ondulações truncadas e estruturas diapíricas

são ubíquas e diagnósticas de contexto deposicional marinho de plataforma rasa, dominado por

tempestades (Saes et al. 1987). Na seção de Santo Corazón, ao julgar pelo registro de acamamentos

gradacionais (Litherland et al 1986), pode incorporar sequências turbidíticas componentes de um

sistema de leques submarinos.

A Formação Morro Cristalina (Souza & Hildred 1980) ocorre no topo de sucessão, onde volta

a predominar os quartzo-arenitos, frequentemente seixosos. Essa formação é denominada Buena Vista

na Serra Huanchaca (Litherland & Power 1989) e Upper Psamitic Unit na região de Santo Corazón

(Litherland et al. 1986).

Saes & Leite (1993) classificam a evolução sedimentar das unidades que compõem o Grupo

Aguapeí, em Mato Grosso e no oriente boliviano, como registro de um ciclo completo de oscilação do

cráton, com uma fase de individualização, marcada pela deposição de uma sequência inferior de quartzo-

arenitos e conglomerados e uma fase de submergência marcada pelo avanço de mares epicontinentais,

afogamento das áreas fontes e deposição da sequência pelítica intermediária. A sequência superior marca

o estágio de emergência final do cráton, com a erosão de parte das unidades precedentes e deposição de

fácies essencialmente continentais.

O Faixa Aguapeí é uma bacia sedimentar que sobrepõe os limites de terrenos anteriormentes

acrescionados, sua evolução começa com a reativação extensiona da margem sul do Cráton Amazônico

e formação de um rift intracontinental (aulacógeno Aguapeí) após 1,2 Ga (Litherland et al. 1989, Saes

e Fragoso César 1994, 1996). Saes (1999) compartimentou o Grupo Aguapeí como Aulacógeno Aguapeí

originado por rifteamento intracontinental durante a parte final do Mesoproterozoico.

I.2.3. Formação Guaporé

A Formação Guaporé é a denominação para os sedimentos inconsolidados que foram e estão

sendo depositados na planície aluvionar do Rio Guaporé e seus afluentes. A equipe do Projeto Alto

Guaporé (Figueiredo & Olivatti 1974), considerando a distribuição regional desses sedimentos, sugere

a denominação de Formação Guaporé para esses depósitos.

Figueiredo & Olivatti (1974) correlacionam os depósitos da Formação Guaporé com os da

Formação Pantanal, separando-os em dois níveis: o superior ainda em deposição e o inferior com

sedimentos argilo-arenosos laterizados. Posteriormente Olivatti & Ribeiro Filho (1976) confirmam a

denominação descrevendo-a litologicamente como sedimentos arenosos inconsolidados com

intercalações síltico-argilosas, laterizadas.

Page 45: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

30

CAPÍTULO II

ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS

PETROLOGIA, GEOCRONOLOGIA U-Pb (SHRIMP) E DEFORMAÇÃO DO GRANITO

MORRINHOS – SUÍTE INTRUSIVA PENSAMIENTO – TERRENO PARAGUÁ, SW DO CRÁTON

AMAZÔNICO: IMPLICAÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO CRUSTAL DO ARCO MAGMÁTICO

CONTINENTAL DURANTE A OROGENIA SAN IGNÁCIO

OHANA FRANÇA (3,5), AMARILDO SALINA RUIZ (1,3,5),

MARIA ZÉLIA AGUIAR DE SOUSA (2,3,5), MARIA ELISA FRÓES BATATA (3),

JEAN-MICHEL LAFON (4,5)

Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Ciências Exatas e da Terra – (ICET),

Universidade Federal de Mato Grosso – (UFMT) – Avenida Fenando Corrêa, s/n, Bairro Coxipó. CEP:

78060-900. Cuiabá-MT, Brasil. E-mail: [email protected];

(1) Departamento de Geologia Geral, ICET, UFMT. E-mail: [email protected];

(2) Departamento de Recursos Minerais, ICET, UFMT. E-mail: [email protected];

(3) Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica - Guaporé. E-mail: [email protected];

(4) Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso), Instituto de Geociências da UFPA. E-mail:

[email protected];

(5) Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia (GEOCIAM).

Resumo: O Granito Morrinhos é um corpo batolítico alongado segundo a direção NNW, de

aproximadamente 1140 km2, localizado no município de Vila Bela da Santíssima Trindade, estado de

Mato Grosso. Situa-se no Terreno Paraguá, Província Rondoniana-San Ignácio, na porção sudoeste do

Cráton Amazônico. Essa intrusão exibe uma variação composicional restrita entre granodiorito e

monzogranito, textura inequigranular média a grossa, localmente, porfirítica, tendo biotita como máfico

predominante em uma das fácies e hornblenda na outra, ambas metamorfizadas na fácies xisto verde.

As rochas estudadas caracterizam uma sequência ácida formada por um magmatismo subalcalino, do

tipo álcali-cálcico, metaluminoso a levemente peraluminoso, com algumas feições de granitos do tipo

A, evoluído por meio de mecanismos de cristalização fracionada. Dados estruturais exibem registros de

duas fases deformacionais, representadas pela xistosidade (S1) e clivagem de crenulação (S2) ambas,

provavelmente, relacionadas à Orogenia San Ignácio. A investigação geocronológica (U-Pb SHRIMP)

e geoquímica isotópica (Sm-Nd) dessas rochas indicaram, respectivamente, idade de cristalização 1350

± 12 Ma, TDM em torno de 1,77 Ga e valor negativo para εNd(1,35) de -2,57, sugerindo processos de fusão

parcial de uma crosta continental paleoproterozoica (estateriana) na sua geração. Os resultados aqui

obtidos sugerem que o Granito Morrinhos tenha sido gerado em arco magmático continental, em estágio

pós-colisional, da Orogenia San Ignácio e permite reconhece-lo como prolongamento da Suíte Intrusiva

Pensamiento.

Palavras-Chave: Granito Morrinhos; Suíte Intrusiva Pensamiento; Orogenia San Ignácio.

Abstract: Petrology, geochronology U-Pb (SHRIMP) and deformation of Morrinhos Granit –

Pensamiento Intrusive Suite – Paraguá Terrain SW Amazon Craton: Implications about evolution

crustal of continental magmatic arc for San Ignacio Orogeny. The Morrinhos Granite is an elongated

batholith with a NNW strike and approximately 1140 km2 of extension. It is located in the town of Vila

Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso state. It lies on the Paraguá Terrain, Rondonian-San Ignácio

Province in the southwestern portion of Amazon Craton. This intrusive body shows a limited variation

between granodiorite to monzogranite composition, medium to coarse inequigranular texture, locally

porphyritic with biotite as the predominant mafic mineral for one of the facies and hornblende in another,

both metamorphosed at greenschist facies.The studied rocks characterize a acid sequence formed by sub

alkaline magmatism, alkali-calcic metaluminous to slightly peraluminous type with some features A-

Page 46: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

31

type granites as standard evolved through fractional crystallization mechanisms. Structural data show

two phases of deformation represented by the schistosity (S1) and cleavage crenulation (S2) both

probably related to San Ignácio Orogeny. Geochronological (U-Pb SHRIMP) and isotope geochemical

(Sm-Nd) investigations these rocks indicated respectively a crystallization age of 1350 ± 12 Ma, TDM

around 1.77 Ga and negative value for εNd(1,35) of -2.57, suggesting partial melting processes of a

paleoproterozoic continental crust (Statherian) in his generation. The results obtained here suggest that

the Morrinhos Granite has been generated in a continental magmatic arc during the post colisional stage

of San Ignacio Orogeny and allow to recognizes it as a extension of Pensamiento Intrusive Suite.

Keywords: Morrinhos Granite; Pensamiento Intrusive Suite; San Ignacio Orogeny.

II.1. INTRODUÇÃO

Expressivo e volumoso magmatismo de natureza plutônica ácida, localizado na porção sudoeste

do Cráton Amazônico, de idade ectasiana, classificado como sin a pós-cinemático conforme sua

colocação em relação à Orogenia San Ignácio e designado como Complexo Granitoide Pensamiento/

Suíte Intrusiva Pensamiento, têm sido descrito por vários autores (Litherland et al. 1986, Ruiz 2005,

Ruiz 2009, Matos et al. 2009, Bettencourt et al. 2010).

A área estudada situa-se nas proximidades da Vila Ponta do Aterro, município de Vila Bela da

Santíssima Trindade, sudoeste do estado de Mato Grosso, fronteira Brasil-Bolívia, onde ocorrem rochas

que constituem o Terreno Paraguá. Esse terreno se estende do oeste da Bolívia ao extremo ocidente do

Brasil, descrito como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do Proto-Cráton Amazônico

do Mesoproterozoico ao Neoproterozoico durante a Orogenia San Ignácio (1,40 a 1,28 Ga), inserido na

Província Rondoniana-San Ignácio.

O Granito Morrinhos (GM), alvo desde trabalho, encontra-se alojado em ortognaisses do

Complexo Metamórfico Chiquitania/ Suíte Intrusiva Serra do Baú, porção extremo oriental do Terreno

Paraguá. Este trabalho compreende dados obtidos a partir do mapeamento geológico sistemático na

escala de 1:300.000, caracterização petrográfica, análises geoquímicas, geocronológicas (U-

Pb/SHRIMP) e isotópicas (Sm-Nd) empregadas para definir a idade de colocação da intrusão, a

petrogênese do magma e o provável ambiente tectônico onde foi gerado. Os resultados alcançados

contribuirão para o conhecimento da evolução magmática e deformacional relacionada à Orogenia San

Ignácio em território brasileiro.

II.2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

O Cráton Amazônico, localizado na Plataforma Sul-Americana corresponde a uma das

principais entidades geotectônicas pré-cambrianas do mundo, aflorando principalmente nos escudos das

Guianas e Brasil Central, sendo recoberto parcialmente por sedimentos quaternários.

A Província Rondoniana-San Ignácio, segundo Bettencourt et al. (2010; Fig. II.1) trata-se de

um orógeno estabelecido através de sucessivas acresções de arcos vulcânicos, fechamento de bacia

oceânica e, finalmente, por colisão de microcontinente-continente. Compreendem os terrenos Jauru

(1,78 a 1,42 Ga), Paraguá (1,74 a 1,32 Ga) e Rio Alegre (1,51 a 1,38 Ga) e o Cinturão Alto Guaporé

(1,42 a 1,34 Ga).

O Terreno Paraguá foi inicialmente denominado Cráton Paraguá por Litherland et al. (1986) e

ultimamente descrito como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do proto-Cráton

Amazônico durante o Mesoproterozoico ou Neoproterozoico de acordo com Boger et al. (2005).

Segundo esse últimos autores, a colisão e aglutinação deste terreno ao Cráton Amazônico teria ocorrido

durante a Orogenia Sunsás (1,0 a 0,9 Ga). Ruiz et al. (2011) interpretam o Terreno Paraguá como um

fragmento crustal (1,8 a 1,60 Ga) retrabalhado em dois ciclos orogênicos: Orogênia San Ignácio (1,4 a

1,3 Ga) e Sunsás (1,0 a 0,9 Ga). Esse terreno hospeda unidades paleoproterozoicas anteriores à Orogenia

San Ignácio de 1,40 a 1,28 Ga, discriminados como Complexo Granulítico Lomas Manechis, Grupo

Xisto San Ignácio e Complexo Gnáissico Chiquitania/ Suíte Intrusiva Serra do Baú e intrusivas

mesoproterozoicas do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento (Litherland et

al. 1986, Matos et al. 2009, Bettencourt et al. 2010, Jesus et al. 2010; Ruiz et al. 2011 e Nalon et al.

2013).

O Complexo Granitoide Pensamiento, em território boliviano, foi dividido por Litherland et al.

(1986) em granitos sin a tardi-cinemáticos (1373 a 1347 Ma) e tardi a pós-cinemáticos (1340 Ma), e

Page 47: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

32

segundo Ruiz (2009), Matos et al. (2009) e Bettencourt et al. (2010) é o principal produto magmático

relacionado a Orogenia San Ignácio.

A Tabela II.1 reúne informações geocronológicas registradas ao longo dos últimos anos de

pesquisa, de algumas unidades relacionadas à Orogenia San Ignácio, que configuram o Complexo

Granitoide Pensamiento em território boliviano, correlato à Suíte Intrusiva Pensamiento no Brasil.

Figura II.1. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton Amazônico;

(B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007). Extraído e modificado

de Bettencourt et al. (2010).

Page 48: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

33

Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica análises em

cristais de biotita, (M) em muscovita, (Z) em zircão e (RT) em rocha total.

Unidade

Litoestratigráfica Referências

U-Pb Pb-Pb Rb-Sr Sm-Nd K-Ar (Ma)

Idade (Ma) Idade (Ma) Idade (Ma) Sr87/Sr86 TDM (Ga) εNd(0) εNd(t) Idade (Ma)

Gra

nit

oid

es T

ard

i a

s

Cin

emá

tico

s (1

340

Ma

)

Padre Eterno Litherland et al.

(1986) _ _ _ _ _ _ _

(B)1326±19

(M)1268±20

Orabayaya Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1283±33 0,7058 _ _ _

Piso Firme

Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1325±45 0,7044 _ _

Matos et al. (2009) _ _ _ _ 1,59 -7,99 2,32 _

Diamantina

Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1391±70 0,7004 _ _ _

Matos et al. (2009) (Z) 1340 ±

20 _ _ _ 1,65 a 1,92 -16,6 a -8,51 -1,25 a 0,38

San Cristobal

Litherland et al.

(1986) _ _ _ _ _ _ (B)1296±18

Matos et al. (2009) _ _ _ _ 1,58 a 1,59 -6,28 a -5,87 2,63 a 2,75

Porvenir Matos et al. (2009) _ _ _ _ 1,74 -6,89 1,48 _

Lajes Geraldes (2000) (Z) 1310±34 _ _ _ 1,69 - 0,0 _

Passagem Jesus et al. (2010) (Z) 1284±20 _ _ _ 1,60 -10,56 -7 _

Gra

nit

oid

es S

in a

Ta

rdi

Cin

emá

tico

s (1

373

– 1

34

7 M

a) Florida

Litherland et al.

(1986) _ _ _ _ _ _ _

(B)1380±19

(B)1244±27

La Junta

Litherland et al.

(1986) _ _ (RT) 1375±80 0,7052 _ _ _ _

Matos et al. (2009) (Z) 1347±21 _ _ _ 1,87 a 2,04 -19,6 a

-17,8 - 4,29 a -2,94

San Martín Matos et al. (2009) (Z) 1373±20 _ _ _ 1,68 -7,43 1,78 _

Fronteira Ruiz et al. (2012) _ (Z) 1333±4 _ _ _ _ _ _

Guaporeí Nalon et al. (2013) _ (Z) 1314±2,5 _ _ 1,76 -21,42 -14 _

Tarumã Matos et al. (em prep.) (Z) 1377±5 _ _ _ 1,9 -19,68 -4,11 _

Page 49: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

34

II.3. ASPECTOS DE CAMPO E PETROGRÁFICOS DO GRANITO MORRINHOS

O Granito Morrinhos (GM), individualizado neste trabalho, caracteriza-se como uma intrusão

alongada de aproximadamente 1140km², com seu eixo maior orientado segundo a direção NNW.

Apresenta contato tectônico com o Complexo Granulítico Lomas Manechis e é recoberto, em suas

extremidades, por sedimentos quaternários inconsolidados da Formação Guaporé (Fig. II.2).

Suas rochas constituem morros (Fig. II.3A) e lajedos aflorando principalmente em áreas

rebaixadas, alagadas ou em baías, por vezes, exibem estruturas de fluxo magmático reliquiar, com

aproximadamente 1 m de largura (direção N10E), bem como, diques de mesma composição granítica

de granulação fina e enclaves. O GM foi afetado por eventos deformacionais que lhe conferiram uma

foliação penetrativa do tipo xistosidade (Fig. II.3B) e é dada pela orientação preferencial dos minerais

placóides (micas), e localmente pelos minerais prismáticos (plagioclásio e feldspatos alcalinos), assim

como pelo achatamento generalizado de seus minerais.

Essa unidade é constituída por rochas holocristalinas, leucocráticas com índice M entre 15 e

35%, de cores claras que variam de cinza-claro, a cinza-rosado, e textura inequigranular média a grossa,

localmente, porfirítica. A paragênese essencial desses litotipos é formada por quartzo, plagioclásio,

feldspato alcalino, hornblenda e biotita. As amostras porfiríticas caracterizam-se pela presença de

fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino. De acordo com o diagrama QAP (Streckeisen 1976), as

rochas estudadas são caracterizadas por uma variação composicional restrita entre granodiorito a

monzogranito. Com base nas características de campo e mineralógicas, foram identificadas duas fácies

petrográficas do GM: Hornblenda-biotita granodiorito (FHBG) e Biotita monzogranito (FBM), das

quais a primeira predomina em extensão areal não sendo possível, no entanto, uma individualização

faciológica.

Macroscopicamente, a FHBG (Fig. II.3C) caracteriza-se por rochas leucocráticas (M: 25 a

35%), cinza-claro, constituídas de quartzo, plagioclásio, feldspatos alcalinos, biotita e hornblenda

diferentemente da FBM (Fig. II.3D) que consiste de rochas leucocráticas (M: 15 a 20%), cinza-rosado,

tendo biotita como único máfico essencial.

Figura II.2. Mapa geológico da área de estudo na escala de 1:500.000.

Page 50: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

35

Figura II.3. Aspectos de campo e petrográficos do GM: (A) aspecto geomorfológico de ocorrência de

morro em várzea, (B) detalhe de trama mineralógica orientada, (C) aspecto macroscópico da FHBG com

fenocristais de plagioclásio em matriz inequigranular, e (D) aspecto macroscópico da FBM.

Opticamente, as rochas da FHBG apresentam textura inequigranular xenomórfica a

hipidiomórfica (Fig. II.4A), média a grossa, por vezes porfirítica, diferenciando-se da FBM que é

predominantemente xenomórfica (Fig. II.5A). Grande quantidade de agregados de hornblenda e biotita

caracterizam a FHBG (Fig. II.4B), enquanto que na FBM a biotita é o único máfico presente, com

frequência como agregados. A paragênese acessória primária consiste de titanita, apatita, zircão, rutilo,

allanita e opacos; e os produtos de alteração hidrotermal associados ao metamorfismo de baixo grau, da

fácies xisto verde, estão representados pela sericita, epidoto, argilo-minerais, clorita, muscovita, titanita

e opacos.

O plagioclásio, em ambas as fácies, ocorre como cristais tabulares subédricos a anédricos, com

geminação tipo albita, Carlsbad e periclina que podem estar combinadas, apresentando inclusões de

apatita, biotita, quartzo e opacos. Através do método estatístico de Michel-Levy, foi classificado desde

andesina até albita. Frequentemente apresenta zonação normal onde o núcleo mais cálcico encontra-se

levemente alterado na FHBG, enquanto que na FBM distinguem-se duas gerações de plagioclásio (Fig.

II.5B), uma primária representada por cristais intensamente alterados e uma pós-magmática, consistindo

de cristais límpidos recristalizados. O plagioclásio exibe textura mirmequítica na interface com

feldspatos alcalinos, dispondo-se em pequenos cristais associados a minúsculos grãos de quartzo.

Alguns processos de alteração são observados nas fácies descritas, como saussuritização, sericitização

e argilização; localmente, ocorre alterado para cristais fibrosos de muscovita.

O feldspato alcalino ocorre como cristais tabulares subédricos a anédricos, e na FBM encontra-

se também como fenocristais. Em ambas as fácies apresenta geminação do tipo grade, por vezes

combinada com Carlsbad, e encontra-se parcialmente sericitizado ou argilizado. Em geral, apresenta-se

Page 51: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

36

pertítico, tanto em vênulas como em grãos/gotas, e pode exibir intercrescimento gráfico, bem como

inclusão de apatita, biotita e opacos.

O quartzo é encontrado em grãos anédricos intersticiais, em subgrãos ou formando agregados

recristalizados, bem como de hábito vermicular intercrescido com plagioclásio e feldspato alcalino. A

deformação intracristalina do quartzo é marcada por extinção ondulante, lamelas e bandas de

deformação e pela presença de subgrãos.

A biotita ocorre em ambas às fácies, mas representa a única fase máfica primária das rochas da

FBM. Ocorre em lamelas, palhetas e plaquetas subédricas, com pleocroísmo castanho-claro a marrom-

escuro, isoladas ou formando agregados ou inclusas nos feldspatos. Nas rochas da FHBG está

geralmente associada à hornblenda, titanita e opacos. Exibe alteração parcial para clorita, muscovita

(Fig. II.4D) e opacos. Inclui, por vezes, cristais euédricos a subédricos de zircão, que nela desenvolvem

halos pleocróicos, bem como agulhas de rutilo, caracterizando textura sagenítica.

O anfibólio, representado pela hornblenda magmática é encontrado apenas na FHBG. Ocorre

de forma anédrica a subédrica, com pleocloísmo verde-oliva a castanho, compondo agregados máficos;

subordinadamente exibe geminação setorial além de inclusões de apatita. Observam-se processos de

alteração formando clorita, biotita e opacos, bem como a textura drop-like quartz.

A titanita está representada por duas gerações diferentes, sendo uma delas formada por cristais

anédricos a subédricos de hábito romboédrico, com borda de minerais opacos, caracterizando textura

coronítica (Fig. II.5C). A outra é definida por grãos poiquilíticos alaranjados anédricos (Fig. II.4C),

associados aos máficos.

A apatita representa fase acessória primária, ocorrendo com hábito acicular, prismático ou em

seções basais, inclusa, indiscriminadamente, nos feldspatos e nos minerais máficos. O zircão apresenta

típico hábito prismático bipiramidal, às vezes subédricos, associados principalmente aos máficos, onde

desenvolve halos pleocróicos; já o rutilo ocorre com hábito acicular incluso na biotita, formando a

textura sagenítica (Fig. II.5D). A allanita representa fase acessória primária em minúsculos grãos de cor

amarelada, metamícticos (Fig. II.5E), associados ao epidoto. Os minerais opacos podem ser fase

primária em cristais euédricos/subédricos isolados ou secundária proveniente de alteração de biotita,

hornblenda e titanita, por vezes, anédricos ou esqueletais, pretos ou com tonalidades marrons e

avermelhadas, ocorrendo isolados na matriz, em agregados máficos ou inclusos nos feldspatos, quartzo,

biotita e titanita.

O epidoto constitui agregado microgranular e é produto de alteração do plagioclásio. Os argilo-

minerais representam produto de alteração dos feldspatos e formam uma massa turva muito fina

juntamente com diminutas palhetas de sericita, de difícil distinção ao microscópio. A clorita ocorre com

hábito fibroso a fibrorradiado, produto de alteração da biotita e da hornblenda. A biotita secundária

ocorre associada à clorita através do processo de alteração da hornblenda. Os minerais opacos são

subédricos a anédricos, e produtos de alteração da titanita, anfibólio e da biotita.

Page 52: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

37

Figura II.4. Fotomicrografias das rochas da Fácies Hornblenda-biotita granodiorito do GM ilustrando:

(A) textura inequigranular xenomórfica a hipidiomórfica formada por plagioclásio, feldspato alcalino e

agregado máfico constituído por biotita com textura do tipo drop-like quartz e minerais opacos; (B)

associação de hornblenda subédrica, palhetas de biotita e minerais opacos, todos com textura drop-like

quartz; (C) agregado máfico formado por hornblenda, biotita/clorita de alteração, poiquiloclastoblasto

de titanita e opacos; (D) biotita parcialmente cloritizada e agregado fibrorradiado de muscovita

secundária. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados à direita.

Page 53: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

38

Figura II.5. Fotomicrografias das rochas da Fácies Biotita monzogranito do GM ilustrando: (A) textura

xenomórfica e nítida distinção entre quartzo, feldspato alcalino mais límpidos e plagioclásio

intensamente saussuritizado e palhetas de biotita parcialmente cloritizada; (B) duas gerações de

plagioclásio, uma primária representada por cristais intensamente saussuritizados e uma segunda de

grãos neo-cristalizados límpidos; (C) cristal romboédrico de titanita com textura coronítica formada por

opaco; (D) biotita com inclusões de rutilo acicular caracterizando textura sagenítica; (E) agregado de

palhetas de biotita, opacos e grão de allanita metamíctica. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados

à direita em (A), cruzados em (B), e paralelos em (C), (D) e (E).

Page 54: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

39

II.4. ASPECTOS DEFORMACIONAIS

As convenções adotadas para a organização das informações relativas à deformação do Granito

Morrinhos (GM) foram às seguintes: (Sn) para designar a foliação, (Ln) lineação, (Dn) dobra e (Fn) para

fase de deformação. Em cada um dos símbolos utilizados, a letra n corresponde a um índice (n=1, 2 ou

3) de acordo com a fase de deformação a que estão relacionados.

A partir da análise das estruturas e texturas tectônicas em escala macroscópica a microscópica

foram identificados elementos estruturais gerados em duas fases deformacionais (F1 e F2).

A principal fase deformacional (F1) afeta todo GM sendo responsável pelo desenvolvimento de

uma foliação penetrativa (S1) com atitude preferencial em torno de 240/80 (Fig. II.6A). A foliação S1 é

definida pela trama planar dada pelos arranjos preferenciais dos minerais placóides (micas) e prismáticos

(plagioclásio e feldspato alcalino), assim como pelo discreto achatamento dos mesmos (Fig. II.7). A

xistosidade dispõe-se segundo o comprimento maior do batólito (NNW), normalmente mostra-se tênue

embora haja sítios com maior intensidade, sugerindo uma heterogênea distribuição da deformação.

A fase (F2) é definida pela formação de dobras abertas (D2) cujos plano-axiais tem atitude em

torno de 350/82 (Fig. II.6B) e são paralelos a estreitos (milimétricos a centimétricos) feixes de

cisalhamento dúcteis que, com frequência, provocam a transposição total ou parcial da xistosidade (S1)

(Fig. II.8).

Figura II.6. Estereogramas para isofreqüência e pólos do GM representando as medidas referentes à

foliação S1 e S2, projeção feita no hemisfério inferior. Foram realizadas 38 medidas de S1 com

concentração preferencial em torno de 240/80 e 12 medidas de S2, com máxima concentração em 350/82.

Figura II.7.Fotomicrografia das rochas do GM ilustrando a foliação S1 dada pela orientação preferencial

dos minerais placóides e prismáticos. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados à direita.

Page 55: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

40

Figura II.8. Relação de corte entre a foliação S1 (xistosidade) e as faixas de cisalhamento dúctil (S2)

paralelas às dobras D2.

II.5. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA

Para o estudo geoquímico das rochas do Granito Morrinhos (GM) foram selecionadas 12 (doze)

amostras para obtenção da composição química dos elementos maiores, menores e traços, incluindo

terras raras (ETR) cujos dados são apresentados na tabela II.2, objetivando a caracterização geoquímica,

bem como a identificação da natureza do magmatismo e da ambiência tectônica destas rochas.

Inicialmente, foram cortados tabletes dos exemplares no laboratório de Preparação de Amostra do

Departamento de Recursos Minerais – Universidade Federal de Mato Grosso que, em seguida, foram

enviados ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-Vancouver/Canadá (Tab. II.2) para análises

através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS (Inductively Couple Plasma Mass

Spectrometry).

Page 56: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

41

Tabela II.2. Composição química das amostras do GM (óxidos em peso % e demais elementos em ppm).

Elem. FC-

16B

FC-

17B

FC-

16C

FC-

19

FC-

22B

FC-

57A

FC-

57B

OF-

05B

FC-

57C

OF-

05A

FC-

25

FC-

104

SiO2 59,98 60,97 62,01 62,42 62,89 65,72 65,90 65,90 66,77 66,86 67,26 68,64

TiO2 1,41 1,41 1,42 1,35 1,27 0,88 0,83 0,80 0,78 0,77 0,64 0,47

Al2O3 15,24 14,79 14,64 14,41 14,63 14,57 14,56 14,89 14,48 14,61 14,58 14,79

Fe2O3 8,10 8,04 7,47 8,04 7,24 5,11 5,44 5,09 4,64 4,85 5,01 3,84

MnO 0,11 0,12 0,11 0,12 0,10 0,07 0,07 0,06 0,06 0,06 0,06 0,04

MgO 2,17 1,93 1,86 1,78 1,72 1,34 1,38 1,23 1,25 1,17 1,07 0,79

CaO 4,20 3,91 3,95 3,70 3,69 2,93 3,00 2,67 2,80 2,51 2,18 1,54

Na2O 3,01 2,88 2,86 2,91 2,93 2,75 2,82 2,91 2,68 2,80 3,00 2,59

K2O 4,16 4,19 4,00 4,08 4,14 4,99 4,56 5,08 5,15 5,16 4,99 6,37

P2O5 0,64 0,61 0,59 0,58 0,54 0,33 0,34 0,31 0,29 0,31 0,28 0,20

PF 0,50 0,70 0,60 0,20 0,40 0,90 0,70 0,70 0,70 0,50 0,60 0,40

Total 99,53 99,56 99,52 99,60 99,55 99,59 99,60 99,64 99,60 0,5 99,67 99,67

Ba 1493 1325 1414 1286 1332 1461 1336 1410 1476 1413 1306 963

Co 15,3 12,9 11,8 12,8 11,8 13,4 8,3 7,9 9,1 7,8 8,8 6,0

Cs 1,50 1,60 1,90 1,60 1,90 0,90 0,80 1,40 0,60 1,20 2,20 0,70

Ga 22,6 19,0 18,6 20,6 21,0 18,9 18,7 17,1 18,4 17,1 20,6 17,9

Hf 19,0 20,5 19,7 17,8 19,2 17,1 16,2 16,1 14,2 15,3 11,6 11,2

Nb 28,90 29,60 30,10 33,00 32,10 20,10 17,20 17,60 18,90 16,20 21,50 16,80

Rb 197,9 168,6 174,5 189,8 201,1 213,3 202,5 224,3 207,3 229,8 255,3 266,9

Sr 366,5 330,8 351,2 337,4 316,2 293,5 295,7 298,6 291,9 290,3 270,4 201,9

Ta 1,1 1,2 1,4 1,7 1,7 1,0 0,6 0,7 1,0 0,5 1,2 0,7

Th 21,4 27,0 25,5 21,8 38,8 36,9 38,5 24,2 42,6 29,9 64,4 135,2

U 2,3 1,8 2,1 2,5 3,4 1,9 1,7 1,4 1,6 1,3 3,8 2,5

W <0,5 0,6 <0,5 1,0 1,1 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 0,6 <0,5 <0,5

Zr 744,1 792,6 772,9 694,4 782,5 649,3 636,2 574,1 567,5 556,4 406,5 384,9

Y 68,8 66,3 75,3 70,0 70,3 55,3 41,4 37,4 53,3 26,1 37,3 40,8

La 111,6 142,5 140,2 89,1 141,2 115,7 91,9 84,8 136,5 92,8 94,1 134,6

Ce 245,7 282,7 314,8 226,1 307,6 265,4 218,8 186,7 306,5 196,1 210,1 331,8

Pr 30,71 34,19 37,52 27,88 36,68 32,70 27,54 23,71 36,69 24,08 22,97 38,65

Nd 122,6 125,3 143,5 112,2 139,4 130,1 111,6 91,4 143,6 85,7 82,5 150,4

Sm 21,59 21,93 24,80 20,80 22,62 20,94 17,55 16,87 22,18 13,19 13,19 25,43

Eu 3,46 2,93 3,59 3,02 3,17 2,53 2,10 2,38 2,68 1,99 1,24 1,70

Gd 16,85 17,75 20,00 16,68 17,50 14,68 11,81 12,93 15,76 9,94 8,86 17,24

Tb 2,45 2,35 2,77 2,53 2,45 2,08 1,62 1,61 2,12 1,21 1,26 2,11

Dy 14,12 12,58 15,21 12,49 13,58 10,31 8,26 8,15 10,89 5,77 6,15 8,74

Ho 2,37 2,41 2,81 2,70 2,50 1,90 1,36 1,43 1,81 0,90 1,36 1,57

Er 6,72 6,44 7,30 7,27 7,43 5,34 3,90 3,49 5,08 2,13 3,58 3,91

Tm 1,00 0,95 1,07 1,13 1,06 0,72 0,57 0,47 0,77 0,34 0,41 0,50

Yb 6,17 5,97 6,86 6,59 6,79 4,63 3,55 2,54 4,51 2,04 2,17 2,56

Lu 0,87 0,89 1,00 1,00 1,00 0,67 0,52 0,43 0,63 0,31 0,35 0,43

Eu/Eu* 0,56 0,46 0,50 0,50 0,49 0,44 0,45 0,50 0,44 0,53 0,35 0,25

(La/Yb)N 12,06 15,91 13,62 9,01 13,86 16,66 17,26 22,26 20,18 30,33 28,91 35,05

Quanto aos teores de SiO2, as rochas do GM são classificadas de intermediárias a ácidas, com

concentração nos intervalos de 59,98 a 62,89% (Fácies Hornblenda-biotita granodiorito) e 65,72 a

68,64% (Fácies Biotita monzogranito), com um nítido hiato composicional entre 62,89 e 65,72% em

decorrência de possível ausência de afloramentos. Os diagramas de Harker (1909; Fig. II.9) mostram

tendências com correlações lineares negativas entre sílica e TiO2, MgO, (Fe2O3)t, P2O5, CaO e Sr que

refletem o fracionamento de plagioclásio cálcico e minerais máficos primários, tais como, anfibólio,

biotita, titanita, óxidos de Fe/Ti e apatita durante a evolução magmática.

Page 57: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

42

Figura II.9. Diagramas de Harker (1909): variação de SiO2 versus óxidos (% em peso), e elementos

maiores e menores (ppm) para as rochas do GM.

Geoquimicamente, as rochas do GM classificam-se como traqui-andesitos (latitos pela razão

Na2O-2<K2O) e traquidacitos (q>20%) no diagrama total de álcalis versus sílica proposto por Le Bas

(1986; Fig. II.10A); como tonalitos, granodioritos e monzogranitos, no R1-R2 (La Roche 1980; Fig.

Page 58: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

43

II.10B); como quartzo-monzonitos, monzogranitos e granitos no diagrama Q-P de Debon & Le Fort

(1983; Fig. II.10C).

Conforme o diagrama da figura II.10A, a linha divisória de Irvine & Baragar (1971) sugere que

o magmatismo que originou as rochas do GM é de afinidade subalcalina, enquanto que seu caráter álcali-

cálcico fica evidenciado no diagrama de Peacock (1931; Fig. II.11A), pela interseção dos trends de total

de álcalis e CaO versus SiO2 obtidos para as rochas estudadas com índice em torno de 55.

Utilizando os índices de alcalinidade de Shand (1927), no diagrama A/CNK versus A/NK

proposto por Maniar & Piccoli (1989), as amostras estudadas classificam-se como metaluminosas, à

exceção de duas delas correspondentes a FBM que se caracterizam como levemente peraluminosas (Fig.

II.11B).

No diagrama proposto por Frost et al. (2001; Fig. II.11C) baseado na relação FeOt/(FeOt+MgO)

versus SiO2, que permite distinção em granitos magnesianos e ferrosos, as amostras analisadas plotam

no campo dos granitos tipo A ferrosos.

Figura II.10. Diagramas de Classificação Geoquímica para as rochas do GM: (A) Total de álcalis versus

sílica (Le Bas 1986), (B) R1 versus R2 (La Roche et al. 1980) e (C) Q-P (Debon & Le Fort 1983).

Page 59: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

44

Figura II.11. Diagramas classificatórios das séries magmáticas para as rochas do GM: (A) Total de

álcalis e CaO versus sílica (Peacock 1931), (B) A/CNK versus A/NK (Maniar & Piccoli, 1989) e (C)

FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 (Frost et al. 2001).

Os diagramas discriminantes Zr+Nb+Ce+Y versus FeOt/MgO e K2O+Na2O/CaO (Fig. II.12A e

B) e Ga/Al versus Zr e Ce (Fig. II.12C e D), propostos por Whalen et al. (1987), utilizados para as

rochas do GM as classificam como granitóides do tipo A.

Para caracterização da ambiência tectônica foram utilizados os diagramas Hf-Rb-Ta, Rb versus

Y+Nb e Rb/100-Tb-Ta propostos, respectivamente, por Harris et al. (1986) e Pearce et al. (1996). A

distribuição dos pontos representativos das rochas analisadas sugere um magmatismo compatível com

as séries graníticas geradas em Arco Magmático (Fig. II.13A) em ambiente pós-colisional (Fig. II.13B).

Eby (1992) propôs os diagramas Rb/Nb versus Y/Nb e Y-Nb-3*Ga (Fig. II.14A e B) para classificar

granitoides tipo A, e quando utilizados para o GM, as amostras se posicionam todas no campo dos

produtos do tipo A2, que, segundo esse autor, engloba alguns ambientes tectônicos, inclusive o pós

colisional.

O padrão geoquímico obtido para essas rochas, normalizadas pelos valores condrito de

Nakamura (1977; Fig. II.15A) mostra um fracionamento de Elementos Terras Raras Pesados (ETRP)

em relação aos Elementos Terras Raras Leves (ETRL), com razões (La/Yb)n entre 9,01 e 35,05.

Observam-se discretas anomalias negativas de Eu, com razões Eu/Eu* variando de 0,25 a 0,56,

corroborando a hipótese de fracionamento de plagioclásio sugerida pelo gráfico CaO versus sílica (Fig.

9). No diagrama de distribuição de elementos traços e K2O (Fig. II.15B), normalizados por valores dos

granitos de cordilheiras meso-oceânicas, essas rochas caracterizam-se por enriquecimento em elementos

litófilos de íons grandes (LILE) em relação aos elementos de alta carga (HFSE), com padrão semelhante

ao de VAG conforme Pearce et al. (1984), e anomalias negativas de Ta e Nb que reforcam essa hipótese.

Page 60: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

45

Figura II.12. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM nos diagramas propostos por

Whalen et al. (1987).

Figura II.13. Diagramas de elementos traço para o GM: (A) Hf-Rb-Ta (Harris et al. 1986) e (B) Rb

versus Y+Nb (Pearce et al. 1996).

Page 61: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

46

Figura II.14. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM no diagrama: (A) Rb/Nb versus

Y/Nb e (B) Y–Nb–3*Ga (Eby 1992).

Figura II.15. Padrões de distribuição das rochas do GM nos diagramas: (A) ETR, normalizados pelos

valores condríticos (Nakamura 1977) e (B) elementos traço e K2O, normalizados pelos valores dos

granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984).

II.6. ANÁLISE GEOCRONOLÓGICA (U-Pb SHRIMP) E ISOTÓPICA (Sm-Nd)

Com a finalidade de identificar a idade de cristalização e a fonte do magma gerador do Granito

Morrinhos (GM), foram selecionadas para análises geocronológica e isotópica as amostras FC-22B

(Coordenadas em UTM 174564/8226783) e FC-41A (Coordenadas em UTM 187513/8214239),

coletadas, respectivamente, nas proximidades das fazendas Nossa Senhora das Graças e Fortaleza. A

primeira delas corresponde à Fácies Hornblenda-biotita granodiorito (FHBG), com textura

inequigranular média a grossa, por vezes porfirítica, com fenocristais de plagioclásio, imersos em matriz

quartzo-feldspática, além de minerais máficos de biotita e hornblenda, nessa amostra foi empregada a

técnica U-Pb (SHRIMP) em zircão. A segunda, utilizada para análise isotópica Sm-Nd, é relativa à

Fácies Biotita monzogranito (FBM) e diferencia-se da amostra anterior por ser predominantemente

xenomórfica, e possuir biotita como único máfico.

As amostras foram processadas no Laboratório de Preparação de Amostras do Departamento de

Recursos Minerais da UFMT. Os dados isotópicos U-Pb (SHRIMP) em zircão foram obtidos no

Page 62: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

47

laboratório do Centro de Pesquisas Geocronológicas do Instituto de Geociências da Universidade de São

Paulo (CPGeo-IGc/USP), enquanto que as análises Sm-Nd em rocha total foram realizadas no

Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

II.6.1. Análise U-Pb em Zircão (SHRIMP)

A amostra FC-22B foi preparada seguindo os métodos convencionais como britagem, moagem

e peneiramento nas frações entre 63-250 mesh, sendo a usada a do intervalo de 90 mesh. Para facilitar o

trabalho na etapa posterior fez-se a remoção dos minerais magnéticos com a utilização de um ímã. Em

seguida, a amostra foi processada em líquido denso (Bromofórmio 2,85 g/cm3), que resultou num

concentrado de minerais pesados contendo cristais de zircão. Em seguida, a amostra foi processada no

separador magnético Frantz, e com o auxílio de lupa binocular, foram selecionados 100 (cem) cristais

de zircão, que foram enviados para o laboratório do CPGeo-IGc/USP.

O equipamento SHRIMP (Sensitive High Resolution Ion Microprobe) é um espectrômetro de

massa de alta resolução acoplado a uma microssonda iônica. Permite efetuar análises isotópicas de U e

Pb de zircão “in situ” e, portanto, a datação de zircão que apresente fases múltiplas de crescimento. Para

isto, necessita-se de um estudo prévio por microscopia eletrônica de varredura para a obtenção de

imagens por catodoluminescência dos cristais (Sato et al. 2008).

Os dados isotópicos U-Pb (SHRIMP) em zircão foram obtidos utilizando-se um feixe primário

de O2 com 30 µm de diâmetro. Os detalhes sobre os procedimentos analíticos e calibração do aparelho

são descritos em Stern (1998), Williams (1998) e Sato et al. (2008). A razão 206Pb/238U tem um

componente de erro entre 1,5 a 2,0% da calibração das medidas quando se usam os zircões padrões. O

teor de U foi calibrado em relação a um cristal padrão SL13 com 238 ppm de U (< ± 10%), bem como

a razão Pb/U foi calibrada em relação ao padrão AS57 com idade de 1100 Ma (Paces & Miller 1993).

Todos os erros levaram em consideração as flutuações não lineares nas taxas de contagem iônica, além

daquelas esperadas pela contagem estatística (Stern 1998).

As constantes de desintegração e a razão atual 238U/235U utilizadas nos cálculos são aquelas

fornecidas por Steiger & Jäger (1977). Para o cálculo de idade integrada foram feitas médias ponderadas

dos pontos correspondendo a uma mesma geração de zircão, com base na interpretação das imagens de

catadoluminescência. As idades foram calculadas utilizando-se o programa Isoplot/EX de Ludwig

(1998).

Foram utilizados 10 (dez) cristais de zircão, inicialmente para obter imagens de microscopia

eletrônica de varredura e posterior análise. Os cristais de zircão caracterizam-se morfologicamente como

prismas longos, com dimensões aproximadamente entre 150 e 200 µm, onde a relação comprimento

versus largura equivalente a 2/1, e uma minoria dos cristais apresenta essa relação em 4/1. Exibem-se

nas cores amarelo claro, fumê, variando de transparentes a opacos; alguns exemplares mostram-se

fraturados e quebrados.

O imageamento por catadoluminescência precedeu as análises e permitiu a visualização interna

dos cristais, facilitando na escolha do local mais adequado à aplicação do feixe iônico. A figura II.16

mostra que os cristais FC-22B 1.1, FC-22B 2.1, FC-22B 3.1, FC-22B 4.1, FC-22B 5.1, FC-22B 6.1, FC-

22B 7.1, FC-22B 9.1, FC-22B 10.1 e FC-22B 11.1 exibem bandas de zoneamento magmático claras e

escuras relativamente regulares que são interpretadas como variações dos teores químicos de U (Sato et

al. 2008) não se observando núcleos herdados; o cristal FC-22B 1.1 mostra-se homogêneo, isento de

zonação interna; os cristais FC-22B 2.1, FC-22B 5.1, FC-22B 7.1 e FC-22B 10.1 apresentam mais de

uma fase de crescimento, destacando-se o núcleo e borda com sobrecrescimento homogêneo.

Page 63: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

48

Figura II.16. Imagens de catadoluminescência de cristais de zircão (A) FC-22B 1.1, (B) FC-22B 2.1,

(C) FC-22B 3.1, (D) FC-22B 4.1, (E) FC-22B 5.1, (F) FC-22B 6.1, (G) FC-22B 7.1, (H) FC-22B 9.1,

(I) FC-22B 10.1, (J) FC-22B 11.1. Em cada imagem estão sinalizados pontos de impacto do feixe iônico.

Os resultados das análises U/Pb (SHRIMP) estão apresentados na Tabela II.3, cujas idades

variam entre 1324 ± 64 a 1375 ± 55 Ma. No diagrama Concórdia (Fig. II.17), os pontos analíticos

forneceram uma idade concordante de 1350 ± 12 Ma. O resultado obtido é interpretado como a idade de

cristalização do magma granítico do GM.

Tabela II.3. Dados isotópicos de zircões para o GM da amostra FC-22B. Razão corrigida para chumbo

comum. Erro 1-sigma.

Sigla

do

Grão

U

(ppm)

Th

(ppm)

232Th/ 238U

206 Pb

Comum

%

Razão 207Pb/

235U

%

Erro

Razão 206Pb/

238U

%

Erro

Erro

Corrigido

Idade

Ma 206Pb/

238U

±

%

Disc

1.1 69 140 2,11 3,00 2,59 10,9 0,2279 3,4 0,315 1323,6 40,8 -5

2.1 316 126 0,41 0,78 2,65 5,5 0,2343 3,0 0,547 1357,0 36,5 -8

3.1 85 178 2,17 1,08 2,94 6,4 0,2363 3,6 0,566 1367,4 44,5 5

4.1 245 154 0,65 1,28 2,55 7,5 0,2296 3,1 0,410 1332,4 36,8 -9

5.1 186 162 0,90 2,41 2,68 7,4 0,2348 3,1 0,421 1359,8 37,9 -7

6.1 180 259 1,49 1,25 2,66 6,0 0,2368 3,1 0,516 1370,1 38,3 -10

7.1 385 197 0,53 0,59 2,80 4,1 0,2377 3,0 0,734 1374,7 37,4 -4

9.1 70 73 1,08 1,91 2,77 11,8 0,2376 3,5 0,295 1374,4 42,6 -5

10.1 85 94 1,14 1,87 2,70 8,2 0,2323 3,3 0,403 1346,4 39,9 -4

11.1 76 102 1,39 2,21 2,66 8,8 0,2341 3,3 0,378 1356,0 40,7 -7

Page 64: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

49

Figura II.17. Diagrama concórdia U/Pb (SHRIMP) da amostra FC-22B, do GM mostra a idade

Concórdia de 1350 ± 12 Ma, interpretada como a idade de cristalização.

II.6.2. Análise Isotópica Sm-Nd

O procedimento analítico adotado no laboratório Pará-Iso para a metodologia Sm-Nd em rocha

total está descrito em Gioia & Pimentel (2000) e A amostra FC-41A, previamente pulverizada, foi

dissolvida com HNO3, HCl e HF em forno de microondas, após introdução de um traçador misto 149Sm/150Nd para a determinação dos teores de Sm e Nd por diluição isotópica. Em seguida, foi realizada

a separação química por cromatografia em resina de troca iônica em duas etapas, a primeira, para

separação do grupo dos ETRs dos outros elementos, utilizando uma coluna de teflon com resina

catiônica e a segunda, para a separação dos elementos Sm e Nd entre si e dos outros ETRs, em uma

coluna de teflon com resina Eichron® Ln-Spec. Após a coleta e secagem, as frações concentradas de Sm

e de Nd foram solubilizadas com HNO3. Essa solução é analisada por um espectrômetro de massa com

fonte de plasma (ICP-MS) modelo Thermo-Finnigan Neptune.

As razões 143Nd/144Nd foram normalizadas pelos valores de 146Nd/144Nd=0,7219. A

reprodutibilidade dos resultados isotópicos foi avaliada por análises repetidas do padrão La Jolla. A

constante de decaimento usada foi o valor de 6,54 x 10-12/ano (Lugmair & Marti, 1978). Os cálculos das

idades-modelo foram feitos com base no modelo de evolução do manto empobrecido de DePaolo (1981).

Os dados isotópicos Sm-Nd obtidos para a amostra do GM (Tabela II.4) permitem determinar

uma idade modelo TDM de 1,77 Ga e um valor de εNd(1,35) de -2,57, considerando a idade de 1350 ± 12

Ma (U-Pb SHRIMP) para a cristalização do granito. O valor negativo de εNd(1,35) e a idade modelo TDM

de 1,77 Ga, sugerem uma fonte crustal para o GM, envolvendo processos de fusão parcial de uma crosta

continental paleoproterozoica (Estateriana) na sua geração.

Tabela II.4. Dados analíticos de Sm-Nd do GM.

Amostra Sm Nd 147Sm/144Nd 143Nd/144Nd f (Sm/Nd) εNd (0) T(DM) εNd(1,35)

FC-41A 5,43 45,46 0,072264 0,511403 -0,6326 -24,09 1,77 -2,57

Page 65: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

50

II.7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sudoeste do Cráton Amazônico é constituído por diversos terrenos ou fragmentos crustais que

foram aglutinados durante o Mesoproterozoico, ao longo de vários episódios orogênicos. O Granito

Morrinhos pertence a Província Rondoniana-San Ignácio (1,56 a 1,3 Ga) conforme a definição de

Bettencourt et al. (2010) e faz parte do principal evento magmático registrado no Terreno Paraguá duran-

te a evolução da Orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga).

O Granito Morrinhos é um batólito alongado na direção NNW com área de aproximadamente

1140 km² e constitui-se pelas fácies petrográficas Hornblenda-biotita granodiorito e Biotita

monzogranito, ambas metamorfizadas na fácies xisto verde. Ao microscópio, esse litotipos apresentam

textura inequigranular xenomórfica a hipidiomórfica média a grossa, localmente, porfirítica. A

paragênese essencial é constituída por plagioclásio, feldspato alcalino, quartzo tendo biotita e

hornblenda como máficos primários. As fases acessórias/alteração estão representadas por titanita,

apatita, allanita, zircão, rutilo, opacos, clorita, epidoto, sericita/muscovita e argilominerais, e exibem

graus variados de saussuritização, argilização, sericitização e cloritização.

As fases deformacionais D1 e D2 que afetaram o Granito Morrinhos geraram uma xistosidade

(S1) e clivagem de crenulação (S2) de atitude preferencial, respectivamente, de 210/82 e 350/82, ambas

originadas provavelmente durante a Orogenia San Ignácio. A tênue foliação principal (S1) sugere que a

colocação desse batólito granítico da Suíte Intrusiva Pensamiento é correlata às intrusões tardi a pós-

cinemáticas definidas por Litherland et al. (1986) no oriente da Bolívia.

O tratamento geoquímico permitiu classificar as rochas estudadas como uma sequência ácida

formada por um magmatismo subalcalino, do tipo álcali-cálcico, metaluminoso a levemente

peraluminoso, com algumas feições de granitos do tipo A, evoluído por meio de mecanismos de

cristalização fracionada. Quanto à caracterização geotectônica, os resultados apresentados por essas

rochas são compatíveis com as séries graníticas geradas em arco magmático em ambiente pós-colisional

e coincidem com o campo dos granitos tipo A2 pós-orogênicos.

A determinação geocronológica pelo método U-Pb (SHRIMP), em zircão, indica idade de

cristalização de 1350 ± 12 Ma para o Granito Morrinhos. Os dados de Sm-Nd fornecem uma idade

modelo TDM de 1,77 Ga e um valor de εNd(1,35) de -2,57 sugerindo uma fonte crustal para essas rochas,

envolvendo processos de fusão parcial de uma crosta continental na sua geração.

Os dados petrogenéticos e deformacionais do Granito Morrinhos sugerem que a intrusão

investigada foi gerada em um ambiente tectônico convergente, em um arco magmático continental tipo

andino, na fase tardi a pós-cinemática da Orogenia San Ignácio.

Admite-se que os granitoides da Suíte Intrusiva Pensamiento (Ruiz 2005) no Brasil, entre eles

o Granito Morrinhos, ou Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al. 1986) na Bolívia, foram

gerados inicialmente em um orógeno acrescionário, resultante do consumo do “Oceano Rio Alegre” sob

a placa continental Paraguá, seguido da colisão entre os terrenos paleo-mesoproterozoicos Jauru e

Paraguá (Fig. II.18).

Figura II.18. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio.

O importante magmatismo de natureza plutônica ácida que ocorreu durante a evolução da

Orogenia San Ignácio no oriente boliviano, representado pelas intrusões tardi a pós-cinemáticas do

Complexo Granitoide Pensamiento e exemplificado pelos granitos Orobayaya, Três Picos, Padre Eterno,

Diamantina e Discordância (Litherland et al. 1986 e Matos et al. 2009) é cogenético aos granitoides da

Suíte Intrusiva Pensamiento expressos, em território brasileiro, pelos granitos Morrinhos (este trabalho),

Page 66: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

51

Lajes (Matos e Ruiz 1991; Geraldes 2000), Passagem (Jesus et al. 2010), e Amparo (Campos &

Nascimento 2013).

Agradecimentos Os autores agradecem ao PROCAD (096/2007), ao Instituto Nacional e Tecnologia de

Geociências da Amazônia (GEOCIAM) e ao Programa de Pós-graduação em Geociências da UFMT

pelo suporte financeiro ao desenvolvimento da pesquisa. A primeira autora agradece a CAPES pela

concessão de bolsa de mestrado.

Referências Bettencourt J.S., Leite Jr. W.B., Ruiz A.S., Matos R., Payolla B.L., Tosdal R.M. 2010. The Rondonian-San Ignácio

Province in the SW Amazonian Craton: an overview. Journal of South American Earth Sciences, 29(1):28-46.

Boger S.D., Raetz M., Giles D., Etchart E., Fanning C.M. 2005. U-Pb age data from the Sunsas region of Eastern

Bolivia, evidence for the allochthonous origin of the Paragua Block. Precambrian Research, 139:121-146.

Debon, F. & Le Fort, P. (1983). A chemical–mineralogical classification of common plutonic rocks and

associations. Transactions of the Royal Society of Edinburgh, Earth Sciences 73, 135–149.

DePaolo D.J. 1981. Nd isotopic studies: Some new perspectives on Earth Structure and Evolution. EOS,

62(14):137-145.

Eby G.N., 1992. Chemical subdivision of the A-type granitoids: petrogenetic and tectonic implications. Geology,

20:641–644.

Frost, B. R., Barnes, C. G, Collins, W. J., Arculus, R. J., Ellis, D. J., Frost, C., 2001. A geochemical classification

for granitic rocks. Journal of Petrology 42, 2033–2048.

Geraldes, M.C. 2000. Geocronologia e geoquímica do plutonismo mesoproterozóico do SW do Estado de Mato

Grosso (SW do Cráton Amazônico). Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de

Doutorado, 193 p.

Gioia, S. M. C. L. & Pimentel, M. M. 2000. The Sm-Nd isotopic method in the geochronology laboratory of the

University of Brasilia. Annals of the Brazilian Academy of Sciences, 72: 219-245.

Harker A. 1909. The natural history of the igneous rocks. New York, 384 p.

Harris N. B. W., Perarce J. A. & Tindle A. G. 1986. Geochemical characteristics of collision-zone magmatism. In:

Special Publications of Geological Society, London, 19: 67-81.

Irvine I. N. & Baragar W. R. A. 1971. A guide to the chemical classification of the common volcanics rocks.

Canadian Journal Earth Science, v. 8, p. 523-548.

Jesus, G.C.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz, A.S.; Matos, J.B. 2010. Petrologia e geocronologia (U/Pb-Sm/Nd) do Granito

Passagem, Complexo Granitóide Pensamiento, SW do Cráton Amazônico (MT). Revista Brasileira de

Geociências, 40(3): 392-408.

La Roche (de) H. 1980. Granites chemistry through multicationic diagrams. Sciences de la Terre, Série

Informatique Géologique, 13:65-88.

Le Bas M. J.; Le Maitre R. W., Streckeisen A.; Zanettin B. A. 1986. Chemical classification of volcanic rocks

based on total alkali-silica diagram. Journal of Petrology, v. 27, p.745-750.

Litherland M., Annells R.N., Appleton J.D., Berrangé J.P., Bloomfield K., Burton C.C.J., Darbyshire D.P.F.,

Fletcher C.J.N., Hawkins M.P., Klinck B.A., Lanos A., Mithcell W.I., O Connor E.A., Pitfield P.E.J., Power G.,

Webb B.C. 1986. The Geology and Mineral Resources of the Bolivian Precambrian Shield. London, Her Majesty’s

Stationery Office, 140 p.

Lugmair, G. W, Marti, K. (1978). Lunar initial 143Nd/144Nd: differential evolution of the lunar crust and mantle.

Earth and Planetary Science Letters. 39: 349-357.

Ludwig K. R. 1998. Isoplot/Ex. (v. 1.00b): a geochronological toolkit for Microsoft excel. Berkeley,

Geochronology Center. 45p. (Special Publication 1).

Maniar P. D. & Piccoli P. M. 1989. Tectonic discrimination of granitoids. Geol. Soc. Amer. Bull., 101:635-643.

Matos J.B. e Ruiz A.S. 1991. Contribuição à geologia da Folha Santa Rita – Mato Grosso. In: III Simpósio de

Geologia Centro Oeste, Anais, Cuiabá, p. 122 – 130.

Matos R., Teixeira W., Geraldes M.C., Bettencourt J.S. 2009. Geochemistry and Nd-Sr Isotopic Signatures of the

Pensamiento Granitoid Complex, Rondonian-San Ignacio Province, East Precambrian Shield of Bolívia:

Petrogenetic Constraints for a Mesoproterozoic Magmatic Arc Setting. Geol. USP Série Científica, 9(2):89-117.

Nakamura K. 1977. Volcanoes as a possible indicator of tectonic stress orientation: principle and proposal. Journal

of Volcanology Geothermal Research, 2:1-16.

Nalon P. A., Sousa M. Z. A., Ruiz A. S., Macambira M. J. B. 2013. Batólito Guaporeí: uma extensão do Complexo

Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Brazilian Journal of Geology, 43(1):85-100.

Page 67: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

52

Oliveira E. C., Lafon J. M., Gioia S. M. L., Pimentel M. M. 2008. Datação Sm-Nd em rocha total e granada do

metamorfismo granulítico da região de Tartarugal Grande, Amapá Central. Revista Brasileira de Geociências,

38:116-129.

Paces J. B., Miller Jr, J. D. 1993. Precise U-Pb ages of Duluth Complex and related mafic intrusions, northeastern

Minnesota: Geochronological insights to physical, petrogenetic, paleomagnetic, and tectonomagmatic processes

associated with the 1.1 Ga midcontinent rift system. Journal Geophysical Research, v. 98, p. 13997-14013.

Peacock M. A. (1931). Classification of igneous rock series. Journal of Geology, v. 39, p. 54–67.

Pearce J.A., Harris N.B.W., Tindle A.G. 1984. Trace element discrimination diagrams for the tectonic

interpretation of granitic rocks. Journal of Petrology., v. 25(4): p. 956-983.

Pearce J.A. 1996. Sources and settings of granitic rocks. Episodes, 19:120-125.

Ruiz A. S. 2005. Evolução geológica do sudoeste do Cráton Amazônico região limítrofe Brasil-Bolívia – Mato

Grosso. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 14-245p.

Ruiz, A. S. 2009. Compartimentação Tectônica (Pré-Sunsás) do SW do Cráton Amazônico: ênfase em Mato

Grosso – Brasil. In: Congreso Geológico Boliviano, 18, Actas, p.159-163.

Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Matos, J. B.; Macambira, M. B.; Lima, G. A.; Faria, D. A. Craton ou Terreno Paraguá?

Uma discussão baseada em novos dados geológicos e geocronológicos do SW do Craton Amazônico em território

brasileiro. In: XIII Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 2011, Campinas. Anais do XIII Simpósio Nacional

de Estudos Tectônicos, 2011. v. único. p. 239-242.

Sato k., Basei M. A. S., Siga O. J., 2008. Novas técnicas aplicadas ao método U-Pb no CPGeo - IGc/USP: avanços

na digestão química, espectrometria de massa (TIMS) e exemplos de aplicação integrada com SHRIMP. Geologia

USP Série Científica, 8: 77-99

Shand S. J. (1927). Eruptive Rocks. Their Genesis, Composition, Classification, and Their Relation to Ore-

Deposits. London, pp: 360.

Steiger R. H., Jäger, E. 1977. Subcommission on geochronology: convention on the use of decay constants in

geoand chosmochronology. Earth Planetary Science Letters. 36: 359-362.

Stern R. A. 1998. High resolution SIMS determination of radiogenic trace isotope ratios in minerals. In: Cabri, L.

J.; Vaughan, D. J (Eds). Modern approaches to ore and environmental mineralogy. Mineralogical Association of

Canada. Short Course Series 27: 241-268.

Streckeisen A. 1976. To each plutonic rock, its proper name. Earth Science Review, Amsterdam, 12(1):1-33.

Whalen J. B., Currie K. L., Chappell B. W. 1987. A-type granites - geochemical characteristics, discrimination

and petrogenesis. Contributions to Mineralogy and Petrology, 95(4):407-419.

Williams I. 1998. U-Th-Pb geochronology by ion microprobe, In: McKibben M.A., Shanks III W.C., Ridley W.I.,

(eds), Applications of microanalytical techniques to understanding mineralizing processes. Society of Economic

Geologists. Short course 7: 1-35.

Page 68: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

53

CAPÍTULO III

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Os resultados obtidos nos trabalhos desenvolvidos nesta dissertação de mestrado, contribuem

para ampliar o conhecimento da região sudoeste do Cráton Amazônico. O Granito Morrinhos pertence

à Suíte Intrusiva Pensamiento, faz parte do principal evento magmático registrado no Terreno Paraguá

durante a Orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga), na Província Rondoniana-San Ignácio (1,56 a 1,3 Ga).

O mapeamento geológico desenvolvido na região da Vila Santa Clara do Monte Cristo - Ponta

do Aterro permitiu discriminar o Granito Morrinhos que configura um batólito alongado na direção

NNW com área de aproximadamente 1140 km², em grande parte recoberto pelos sedimentos da

Formação Guaporé.

A intrusão é constituída por duas fácies petrográficas, Hornblenda-biotita granodiorito e Biotita

monzogranito, ambas deformadas e metamorfizadas na fácies xisto verde. Ao microscópio, esse litotipos

apresentam textura inequigranular xenomórfica a hipidiomórfica média a grossa, localmente, porfirítica.

A paragênese essencial é constituída por plagioclásio, feldspato alcalino e quartzo, tendo biotita e

hornblenda como máficos primários. As fases acessórias/alteração estão representadas por titanita,

apatita, allanita, zircão, rutilo, opacos, clorita, epidoto, sericita/muscovita e argilominerais, e exibem

graus variados de saussuritização, argilização, sericitização e cloritização.

Os dados estruturais obtidos indicam registros de duas fases deformacionais D1 e D2 que

afetaram o Granito Morrinhos E geraram uma xistosidade (S1) e clivagem de crenulação (S2) de atitude

preferencial, respectivamente, de 220/80 e 350/85, ambas originadas provavelmente durante a Orogenia

San Ignácio. A tênue foliação principal (S1) sugere que a colocação do batólito granítico é correlata às

intrusões tardi a pós-cinemáticas definidas por Litherland et al. (1986) no oriente da Bolívia.

O tratamento geoquímico permitiu classificar as rochas estudadas como uma sequência ácida

formada por magmatismo subalcalino, do tipo álcali-cálcico, metaluminoso a levemente peraluminoso,

com algumas feições de granitos tipo A, evoluído por meio de mecanismos de cristalização fracionada.

Quanto à caracterização geotectônica, os resultados observados por essas rochas são compatíveis com

as séries graníticas geradas em arco magmático em ambiente pós-colisional e coincidem com o campo

dos granitos tipo A2 pós-orogênicos.

A determinação geocronológica pelo método U-Pb (SHRIMP), em zircão, indica idade de

cristalização de 1350 ± 12 Ma para o Granito Morrinhos. Os dados de Sm-Nd fornecem uma idade

modelo TDM de 1,77 Ga e um valor de εNd(1,35) de -2,57, sugerindo fonte crustal para essas rochas,

envolvendo processos de fusão parcial de crosta continental na sua geração.

Page 69: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

54

Os dados petrogenéticos e deformacionais do Granito Morrinhos sugerem que a intrusão

investigada foi gerada em ambiente tectônico convergente, em arco magmático continental tipo andino,

na fase tardi a pós-cinemática da Orogenia San Ignácio.

Admite-se que os granitoides da Suíte Intrusiva Pensamiento (Ruiz et al. 2012) no Brasil, entre

eles o Granito Morrinhos, ou Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al. 1986) na Bolívia,

foram gerados inicialmente em um orógeno acrescionário, resultante do consumo do “Oceano Rio

Alegre” sob a placa continental Paraguá, seguido da colisão entre os terrenos paleo-mesoproterozoicos

Jauru e Paraguá (Fig. III.1).

Figura III.1. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio.

O importante magmatismo de natureza plutônica ácida que ocorreu durante a evolução da

Orogenia San Ignácio no oriente boliviano, representado pelas intrusões tardi a pós-cinemáticas do

Complexo Granitoide Pensamiento e exemplificado pelos granitos Orobayaya, Três Picos, Padre Eterno,

Diamantina e Discordância (Litherland et al. 1986 e Matos et al. 2009) é cogenético aos granitoides da

Suíte Intrusiva Pensamiento expressos, em território brasileiro, pelos granitos Morrinhos (este trabalho),

Lajes (Matos e Ruiz 1991; Geraldes 2000), Passagem (Jesus et al. 2010), e Amparo (Campos &

Nascimento 2013).

Se faz necessário uma integração dos dados existentes no setor brasileiro da Suíte Intrusiva

Pensamiento, seguido por detalhamento petrogenético, estrutural e geocronológico, para determinar a

sequência temporal dos eventos magmáticos e metamórficos-deformacionais que afetaram esta suíte.

Existe também a necessidade de se estender a pesquisa em território boliviano correlacionando

os dados e dimensionando com exatidão estes corpos, seus contatos e sua forma de ocorrência.

Sugere-se a aplicação de técnicas geocronológicas que permitam definir temporalmente os

episódios metamórficos e deformacionais que afetaram as rochas da Suíte Intrusiva Pensamiento, em

particular, seria indicado o emprego do método Ar-Ar tanto para a definição da idade do metamorfismo

regional, assim como o metamorfismo dinâmico, verificado em zonas de cisalhamentos dúcteis.

Page 70: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

55

Referências

Almeida, F.F.M. 1967. Origem e evolução da Plataforma Brasileira. Rio de Janeiro, DNPM/DGM, 36p.

(Boletim 241).

Amaral, G. 1974. Geologia Pré-Cambriana da Região Amazônica. Tese de Doutorado, IGC, Universidade de São

Paulo, 212 p.

Araújo, L. M. B. Evolução do Magmatismo do Domínio Cachoeirinha: Suítes Intrusivas Santa Cruz, Alvorada,

Rio Branco e Salto do Céu SW do Cráton Amazônico MT. Rio Claro: UNESP, 2008 (Doutorado).

Belufi F. M. R., 2010. Contribuição a Petrografia e Geoquímica do Granito Lajes, SW do Craton Amazônico,

Fronteira Brasil-Bolívia. Instituto de Ciências Exatas e da Terra - UFMT, Monografia de Graduação p. 15-30.

Bettencourt J.S., Leite Jr. W.B., Ruiz A.S., Matos R., Payolla B.L., Tosdal R.M. 2010. The Rondonian-San Ignácio

Province in the SW Amazonian Craton: an overview. Journal of South American Earth Sciences, 29(1):28-

46.

Boger S.D., Raetz M., Giles D., Etchart E., Fanning C.M. 2005. U-Pb age data from the Sunsas region of Eastern

Bolivia, evidence for the allochthonous origin of the Paragua Block. Precambrian Research, 139:121-146.

Campos, F. A. P. & Nascimento, N. D. C. 2013. Análise Estrutural e Metamórfica do Terreno Paraguá, Porção

Norte da Folha São João do Guaporé - SW do Cráton Amazônico (MT). Instituto de Ciências Exatas e da

Terra - UFMT, Monografia de Graduação. 109 p.

Cordani , U.G. & Brito Neves, B. B. (1982). The Geology Evolution of South America During the Archean and

Early Proterozoic. Revista Brasileira de Geociências. 12(1-3): 78-88.

Cordani , U.G., Tassinari C.C.G., Teixeira W., Basei M.A.S., Kawasita K.1979. Evolução Tectônica da Amazônia

com base nos dados geocronológicos. In: Congresso Geológico Chileno, 2, Chile. Atas, p.137-48.

Corrêa A. D. P. & França O. 2011. Geologia, Geoquímica e Análise Estrutural da região Vila Ponta do Aterro

(MT), ênfase nos granitos Tarumã e Morrinhos – Terreno Paraguá – SW do Cráton Amazônico. Trabalho de

Conclusão de Curso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, UFMT, 90p.

Debon, F. & Le Fort, P. (1983). A chemical–mineralogical classification of common plutonic rocks and

associations. Transactions of the Royal Society of Edinburgh, Earth Sciences 73, 135–149.

DePaolo D.J. 1981. Nd isotopic studies: Some new perspectives on Earth Structure and Evolution. EOS,

62(14):137-145.

Del’Arco, J.O., Silva, R.H., Tarapanoff, I., Freire, F.A., Pereira, L.G.M.,Souza, S.L., Luz, J.S., Palmeira, R.C.B.,

Tassinari, C.C.G. 1982. Geologia. In: Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL, Folha SE.21.

Corumbá e Parte da Folha SE 20. Rio de Janeiro, p. 25-160.

Eby G.N., 1992. Chemical subdivision of the A-type granitoids: petrogenetic and tectonic implications. Geology,

20:641–644.

Faria, D. A. 2011. Geologia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Serra do Baú – Ênfase no Gnaisse

Rio Fortuna - Terreno Paraguá, SW do Cráton Amazônico – Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de

Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Mato Grosso, 92p. (inédito).

França, O.; Corrêa, A. D. P.; Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Batata, M. E. Análise Estrutural Preliminar da Região

da Vila Ponta do Aterro (MT) – Terreno Paraguá – SW do Cráton Amazônico. In: Simpósio Nacional de

Estudos Tectônicos, Cuiabá, 2013. Anais do XIV Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos.

Figueiredo, A.J. de A.; Barros, A.M.; Eulalio Filho, A.; Rodrigues, A.P.; Barreto, B.F.; Pimentel, G.B.; Couto,

J.G.P.; Reischl, J.L.; Costa, S.A.G.; Resende Filho, S.T.; Pastore Junior, W.P.; Ribeiro Filho, W. Projeto Alto

Guapore. Relatorio Final. Goiania: CPRM, 1974. v.1. (Convenio DNPM/CPRM).

Figueiredo, A. J. A.; Olivatti, O. Projeto Alto Guaporé, Relatório Final Integrado. Escala 1:500.000. Goiânia:

CPRM, 1974. v. 11. Convênio DNPM/CPRM.

Figueiredo, F. L. P. 2010. Ortognaisse Turvo – Registro de Magmatismo Paleoproterozoico no Terreno Paraguá –

SW do Cráton Amazônico, Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso. Dissertação de mestrado, Instituto

de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Mato Grosso, 60p. (inédito)

Page 71: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

56

Frost, B. R., Barnes, C. G, Collins, W. J., Arculus, R. J., Ellis, D. J., Frost, C., 2001. A geochemical classification

for granitic rocks. Journal of Petrology 42, 2033–2048.

Geraldes, M.C. 2000. Geocronologia e geoquímica do plutonismo mesoproterozóico do SW do Estado de Mato

Grosso (SW do Cráton Amazônico). Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de

Doutorado, 193 p.

Geraldes, M.C. Van Schmus W.R. Condie, K.C. Bell, S. Teixeira, W. & Babinski M. 2001. Proterozoic geologic

evolution of the SW part of the Amazonian Craton in Mato Grosso state, Brazil. Precambrian Research, 111:

91-128.

Gioia, S. M. C. L. & Pimentel, M. M. 2000. The Sm-Nd isotopic method in the geochronology laboratory of the

University of Brasilia. Annals of the Brazilian Academy of Sciences, 72: 219-245.

Grohmann, C. H., Campanha, G. A. C., and Soares Junior, A. V. 2011. OpenStereo: um programa livre e

multiplataforma para análise de dados estruturais. In: XIII Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos.

Harker, A. 1909. The natural history of the igneous rocks. New York, 384 p.

Harris, N. B. W., Perarce J. A. & Tindle A. G. 1986. Geochemical characteristics of collision-zone magmatism.

In: Special Publications of Geological Society, London, 19: 67-81.

Irvine, I. N. & Baragar, W. R. A. 1971. A guide to the chemical classification of the common volcanics rocks.

Canadian Journal Earth Science, v. 8, p. 523-548.

Janousek, V., Farrow C. M. and Erban, V. 2006. Interpretation of whole-rock geochemical data in igneous

geochemistry: introducing Geochemical Data Toolkit (GCD-kit). Journ of Petrology 47(6): 1255-1259.

Jesus, C.G. & Assis, M.M.C. 2006. Petrográfia, Geoquímica e Deformação do Ortognaisse Tarumã - SW do Estado

de Mato Grosso - Fronteira Brasil/ Bolívia. Instituto de Ciências Exatas e da Terra - UFMT, Monografia de

Graduação p.15-19.

Jesus, G.C.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz, A.S.; Matos, J.B. 2010. Petrologia e geocronologia (U/Pb-Sm/Nd) do Granito

Passagem, Complexo Granitóide Pensamiento, SW do Cráton Amazônico (MT). Revista Brasileira de

Geociências, 40(3): 392-408.

Klick, B.A. e Litherland, M. 1982. A model for the Proterozoic structural history of eastern Bolivia. Rep. East.

Bolivia Miner. Expl. Proj.Santa Cruz, BAK/15 (inédito).

La Roche (de) H. 1980. Granites chemistry through multicationic diagrams. Sciences de la Terre, Série

Informatique Géologique, 13:65-88.

Le Bas M. J.; Le Maitre R. W., Streckeisen A.; Zanettin B. A. 1986. Chemical classification of volcanic rocks

based on total alkali-silica diagram. Journal of Petrology, v. 27, p.745-750.

Litherland M. & Bloomfield, K. 1981. The Proterozoic History of Eastern Bolivia. Precambrian Research. Vol.

15, 157-179.

Litherland M., Annells R.N., Appleton J.D., Berrangé J.P., Bloomfield K., Burton C.C.J., Darbyshire D.P.F.,

Fletcher C.J.N., Hawkins M.P., Klinck B.A., Lanos A., Mithcell W.I., O Connor E.A., Pitfield P.E.J., Power

G., Webb B.C. 1986. The Geology and Mineral Resources of the Bolivian Precambrian Shield. London, Her

Majesty’s Stationery Office, 140 p.

Litherland, M., Annells, R. N., Darbyshire, D. P. F., Fletcher, C. J. N., Hawkins, M. P., Klinck, B. A., Mitchell,

W. I., O'Connor, E. A., Pitfield, P. E. J., Power, G. and Webb, B. C., 1989. The Proterozoic of eastern Bolivia

and its relationship to the Andean Mobile Belt. Precambrian Res., 43: 157-174.

Lugmair, G. W, Marti, K. (1978). Lunar initial 143Nd/144Nd: differential evolution of the lunar crust and mantle.

Earth and Planetary Science Letters. 39: 349-357.

Ludwig K. R. 1998. Isoplot/Ex. (v. 1.00b): a geochronological toolkit for Microsoft excel. Berkeley,

Geochronology Center. 45p. (Special Publication 1).

Maniar P. D. & Piccoli P. M. 1989. Tectonic discrimination of granitoids. Geol. Soc. Amer. Bull., 101:635-643.

Matos, J.B. 1994. Contribuição à geologia de parte da porção meridional do Cráton Amazônico, região do Rio

Alegre-MT. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Dissertação de Mestrado, 133p.

Page 72: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

57

Matos, J. B.; Assis, M. M. C.; Jesus, G. C.; Sousa, M. Z. A.; Costa, P. C. C.; Silva, C. H.; Ruiz, A. S. 2006. Rochas

Granulíticas Félsicas da Fronteira Brasil-Bolívia: aspectos petrográficos preliminares. In: XVII Congresso

Geológico Boliviano, 2006, Sucre. Colegio de ingenieros geologos de Chuquisaca. Sucre: Colegio de

Geólogos de Bolivia, v. único. p. 126-128.

Matos, J. B.; Juliani, C.; Tokashik, C. C. Oliveira, R. F; Ruiz, A. S.; Granulitos Ortoderivados da Suíte Lomas

Manechis, Fronteira Brasil-Bolívia – Geoquimíca e Geocronologia. In: 13º Simpósio de Geologia da

Amazônia, 2013, Belém. Anais do 13º Simpósio de Geologia da Amazônia.

Matos J.B. e Ruiz A.S. 1991. Contribuição à geologia da Folha Santa Rita – Mato Grosso. In: III Simpósio de

Geologia Centro Oeste, Anais, Cuiabá, p. 122 – 130.

Matos, J. B.; Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Batata, M. E. F.; Lima, G. A. Em preparação. Petrologia, Geoquímica

e Geocronologia U/Pb e Sm/Nd do Granito Tarumã, Terreno Paraguá - Fronteira Brasil-Bolívia.

Matos, J. B., Schorscher, J.H.D., Geraldes, M.C., Sousa, M.Z.A., Ruiz, A.S. 2004. Petrografia, geoquímica e

geocronologia das rochas do Orógeno Rio Alegre, Mato Grosso: um registro de crosta oceânica

Mesoproterozóica no SW do Cráton Amazônico. Geologia USP – Série Científica, 4: 75–90.

Matos J.B., Sousa M.Z.A., Silva C.H., Costa P.C.C., Ruiz A.S., Quadros A.P., Godoy A. M., Assis M. M.C. e

Jesus G.C. 2005. O Ortognaisse Tarumã do Domínio Paraguá: Caracterização Petrogenética Preliminar. In:

IX Simp. Geol. Centro Oeste, Anais, Goiânia, p. 187- 190.

Matos R., Teixeira W., Geraldes M.C., Bettencourt J.S. 2009. Geochemistry and Nd-Sr Isotopic Signatures of the

Pensamiento Granitoid Complex, Rondonian-San Ignacio Province, East Precambrian Shield of Bolívia:

Petrogenetic Constraints for a Mesoproterozoic Magmatic Arc Setting. Geol. USP Série Científica, 9(2):89-

117.

Nascimento, N. D. C.; Ruiz, A. S.; Pierosan, R; Sousa, M. Z. A. Gnaisse Furna Azul - Evidências de Anatexia Sob

Metamorfismo de Alta Temperatura no Terreno Paraguá - Sw do Cráton Amazônico. In: 13º Simpósio de

Geologia da Amazônia, 2013, Belém. Anais do 13º Simpósio de Geologia da Amazônia.

Nakamura K. 1977. Volcanoes as a possible indicator of tectonic stress orientation: principle and proposal. Journal

of Volcanology Geothermal Research, 2:1-16.

Nalon P. A., Sousa M. Z. A., Ruiz A. S., Macambira M. J. B. 2013. Batólito Guaporeí: uma extensão do Complexo

Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Brazilian Journal of Geology, 43(1):85-

100.

Oliveira E. C., Lafon J. M., Gioia S. M. L., Pimentel M. M. 2008. Datação Sm-Nd em rocha total e granada do

metamorfismo granulítico da região de Tartarugal Grande, Amapá Central. Revista Brasileira de Geociências,

38:116-129.

Oliveira, J.R. & Nogueira, E.R. 2007. Caracterização Geológica do Embasamento do Grupo Aguapeí na Borda

Sudoeste da Serra Ricardo Franco nas imediações de Vila Bela da Santíssima Trindade/MT. Trabalho de

Conclusão de Curso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá,

Trabalho de Conclusão de Curso, 75p.

Olivatti, O. & Ribeiro Filho, W. Projetos centro-oeste de Mato Grosso, Alto Guaporé e Serra Azul. S.L., CPRM,

1976b. 51p.

Paces J. B., Miller Jr, J. D. 1993. Precise U-Pb ages of Duluth Complex and related mafic intrusions, northeastern

Minnesota: Geochronological insights to physical, petrogenetic, paleomagnetic, and tectonomagmatic

processes associated with the 1.1 Ga midcontinent rift system. Journal Geophysical Research, v. 98, p. 13997-

14013.

Peacock M. A. (1931). Classification of igneous rock series. Journal of Geology, v. 39, p. 54–67.

Pearce J.A., Harris N.B.W., Tindle A.G. 1984. Trace element discrimination diagrams for the tectonic

interpretation of granitic rocks. Journal of Petrology, v. 25(4): p. 956-983.

Pearce J.A. 1996. Sources and settings of granitic rocks. Episodes, 19:120-125.

Pinho, F.E.C. 1996. The origen of the Cabaçal Cu-Au deposit, Alto Jauru Greenstone Belt, Brazil. Doctored

Dissertation. The University of Western Ontário, London, Canadá. 211p.

Rizzotto, G. J.; Hartmann, L. A. 2012. Geological and geochemical evolution of the Trincheira Complex, a

Mesoproterozoic ophiolite in the southwestern Amazon Craton, Brazil. Lithos, v. 148, p. 277-295.

Page 73: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

58

Rizzotto, G. J.; Santos, J. O. S; Hartmann, L. A.; Tohver, E.; Pimentel, M. M.; McNaughton, N. J. 2013. The

Mesoproterozoic Guaporé Suture in the SW Amazonian Craton: Geotectonic Implications Based on Field

Geology, Zircon Geochronology and Nd-Sr Isotope Geochemistry. Journal of South American Earth Sciences,

48(1):271-295.

Ruiz A. S. 2005. Evolução geológica do sudoeste do Cráton Amazônico região limítrofe Brasil-Bolívia – Mato

Grosso. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 14-

245p.

Ruiz, A. S. 2009. Compartimentação Tectônica (Pré-Sunsás) do SW do Cráton Amazônico: ênfase em Mato

Grosso – Brasil. In: Congreso Geológico Boliviano, 18, Actas, p.159-163.

Ruiz, A.S., Geraldes, M.C., Matos, J.B, Teixeira, W., Van Schmus, W.R., Schmitt, R. 2004. The 1590 – 1520 Ma

Cachoeirinha magmatic arc and its tectonic implications for the Mesoproterozoic. SW Amazonian craton

crustal evolution. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 76(4): 807-824.

Ruiz, A.S., Matos, J. B., Sousa, M. Z. A.; Lima, G. A.; Macambira, M. B.; Matos, G. R.; Faria, D. A.; Fança, O.;

Costa, P. C. C. Granites of Pensamiento Intrusive Suite: Records of Continental Magmatic Arc San Ignacio in

Brazil. In: VIII South American Symposium on Isotope Geology, 2012, Medellín. Anais do VIII South

American Symposium on Isotope Geology, 2012. v. único.

Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Matos, J. B.; Macambira, M. B.; Lima, G. A.; Faria, D. A. Craton ou Terreno Paraguá?

Uma discussão baseada em novos dados geológicos e geocronológicos do SW do Craton Amazônico em

território brasileiro. In: XIII Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 2011, Campinas. Anais do XIII

Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 2011. v. único. p. 239-242.

Saes, G.S. 1999. Evolução tectônica e paleogeográfica do Aulacogeno Aguapeí (1.2 - 1.0 Ga) e dos terrenos do

seu embasamento na porção sul do Craton Amazônico. Instittuto de Geociências, Universidade de São Paulo,

Tese de Doutorado, 135 p.

Saes, G.S.; Alvarenga, C.J.S.; Cunha, J.E. 1987. Depósitos de plataforma marinha dominada por marés e

tempestades do Prpterozóico Médio na porção sudente do cráton Amazônico, região de Rio Branco, MT. In:

Simp. sobre Sistemas Deposicionais no Pré- Cambriano. Ouro Preto, 1987. Anais Ouro Preto, SBG-NMG.

Boi. 6, p. 1- 15.

Saes G.S. & Fragoso Cesar A.R.S.1994. The Aguapeí Basin (sowthwest Amazonia): a Greenville age aulacogen

of the Sunsas orogen. SBG-Congresso Brasileiro de Geologia, 38, Camboriú, Boletim de Resumos

Expandidos, 1:207-209

Saes, G.S. & Fragoso César, A.R.S. 1996. Acresção de terrenos mesoproteróicos no SW da Amazônia. In: SBG,

Congresso Brasileiro de Geologia, 39, Atas, p.348.

Saes, G.S. & Leite, J. A. D. 1993. Evolução Tectono-Sedimentar do Grupo Aguapeí, Proterozóico Médio na Porção

Meridional do Cráton Amazônico: Mato Grosso e Oriente Boliviano. Revista Brasileira de Geociêcias,

23(1):31-37.

Sato k., Basei M. A. S., Siga O. J., 2008. Novas técnicas aplicadas ao método U-Pb no CPGeo - IGc/USP: avanços

na digestão química, espectrometria de massa (TIMS) e exemplos de aplicação integrada com SHRIMP.

Geologia USP Série Científica, 8: 77-99

Santos, J. O. S.; Hartmann, L. A.; Gaudette, H. E.; Groves, D. I.; Mcnaughton, N. J.; Fletcher, I. R. 2000. A new

understanding of the Amazon Craton Provinces based on integration of field mapping and U-Pb and Sm-Nd

Geochronology, Gondwana Research, 3:453-488.

Santos, J. O. S.; Rizzotto, G. J.; McNaughton, N. J.; Matos, R.; Hartmann L. A. O mito cráton Paraguá. In: X

Simpósio de Geologia da Amazônia, 11-15 nov. 2007, Porto Velho. Anais. Porto Velho: SBG-Núcleo Norte,

2007.

Santos, J.O.S.; Rizzotto, G.J.; Potter, P.E.; Mcnaughton, N.J.; Matos, R.S.; Hartmann, L.A.; Chemale Jr, F. &

Quadros, M.E.S. 2008. Age and Autochthonous Evolution of The Sunsás Orogen in the West Amazon Craton

based on mapping and U-Pb Greochronology. Precambrian Research, 165:120-152.

Santos, R.O.B., Pitthan, J.H.L., Barbosa, E.S., Fernandes, C.A.C., Tassinari, C.C.G., Campos, D. A. 1979. Folha

Sd.20 - Guaporé. Geologia. Rio De Janeiro, Ministério das Minas e Energia-Secretaria Geral, Projeto

RADAMBRASIL – Geologia, 19:21-123.

Page 74: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

59

Shand S. J. (1927). Eruptive Rocks. Their Genesis, Composition, Classification, and Their Relation to Ore-

Deposits. London, pp: 360.

Souza, E.P. e Hildred, P.R. 1980. Contribuição ao estudo da geologia do Grupo Aguapeí, Oeste de Mato Grosso.

In: SBG, Cong. Bras. Geol., 31, Camboriu, Anais, 2: 813 – 825.

Steiger R. H., Jäger, E. 1977. Subcommission on geochronology: convention on the use of decay constants in

geoand chosmochronology. Earth Planetary Science Letters. 36: 359-362.

Stern R. A. 1998. High resolution SIMS determination of radiogenic trace isotope ratios in minerals. In: Cabri, L.

J.; Vaughan, D. J (Eds). Modern approaches to ore and environmental mineralogy. Mineralogical Association

of Canada. Short Course Series 27: 241-268.

Streckeisen A. 1976. To each plutonic rock, its proper name. Earth Science Review, Amsterdam, 12(1):1-33.

Tassinari, C.C.G. Comentários sobre a geocronologia da Folha SD.21 Cuiabá. Goiânia, Projeto RADAMBRASIL,

1981. 1v. (Relatório Interno RADAMBRASIL, 446-G).

Tassinari, C.C.G. 1996. O Mapa Geocronológico do Cráton Amazônico no Brasil: revisão dos dados isotópicos.

Tese de Livre-Docência, Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, 139 p.

Tassinari, C.C.G. & Macambira, M.J.B. 1999. Geochronological Provinces Of The Amazonian Craton. Episodes,

38:174-182.

Tassinari, C. G. C., Macambira, M. J. B. 2004. A Evolução Tectônica do Cráton Amazônico. In: Neto-Mantesso,

V., Bartorelli, A, Carneiro, C. D. R., Brito-Neves, B. B. (eds). Geologia do Continente Sul-Americano:

Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, p.: 471-486.

Teixeira, W.; Geraldes, M. C.; Matos, R.; Ruiz, A. S.; Saes, G.; Vargas-Mattos, G. 2010. A Review of the tectonic

evolution of the Sunsás Belt, SW Amazonian Craton. Journal of South American Earth Sciences, 29:47-60.

Teixeira, W. & Tassinari, C.C.G. 1984. Caracterização Geocronológica da Província Rondoniana e suas

Implicações Geotectônicas. Congresso Brasileiro de Geologia. Vol. 3 p. 87-100.

Teixeira, W., Tassinari, C.C.G., Cordani, U.G. & Kawashita, K. 1989. A review of the Geochronoloy

of the Amazonian Cráton: Tectonic Implications. Precambrian Research, 42: 213-227.

Tohver, E., van der Pluijm, B., Mezger, K., Essene, E. J., Scandolara, J.E., Rizzotto, G. R., 2004. Significance of

the Nova Brasilândia metasedimentary belt in western Brazil: redefining the Mesoproterozoic boundary of the

Amazon craton. Tectonics 23 TC 6004.

Vargas-Mattos G. L. 2006. Estudo petrográfico e geoquímico do embasamento e dos granitoides das Orogenias

Sunsás e San Ignácio da região de San Ramón e Concepción, SW do Cráton Amazônico da Bolívia.

Dissertação de mestrado, faculdade de geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 110p.

Whalen J. B., Currie K. L., Chappell B. W. 1987. A-type granites - geochemical characteristics, discrimination

and petrogenesis. Contributions to Mineralogy and Petrology, 95(4):407-419.

Williams I. 1998. U-Th-Pb geochronology by ion microprobe, In: McKibben M.A., Shanks III W.C., Ridley W.I.,

(eds), Applications of microanalytical techniques to understanding mineralizing processes. Society of

Economic Geologists. Short course 7: 1-35.

Page 75: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

60

Anexo 1

TABELA DE PONTOS DE AFLORAMENTOS DESCRITOS

PONTOS LAT_UTM LONG_UTM LITOLOGIA

1 8226623 173495 Formação Guaporé

*2 8217720 183240 Pousada Hélinho/ Vila Ponta do Aterro

3 8216760 178011 Formação Guaporé

4 8216784 174985 Formação Guaporé

5 8219326 172281 Formação Guaporé

6 8221369 171115 Formação Guaporé

7 8223160 171704 Formação Guaporé

*8 8224670 172249 Escola Municipal da Vila Morrinhos

9 8227979 171294 Formação Guaporé

10 8218296 180712 Formação Guaporé

11 8226514 174677 Formação Guaporé

12 8226781 174746 Formação Guaporé

13 8226849 174513 Granito Morrinhos

14 8227042 174036 Granito Morrinhos

15 8227019 174160 Granito Morrinhos

16 8227001 174258 Granito Morrinhos

17 8226954 174389 Granito Morrinhos

18 8226920 174467 Granito Morrinhos

19 8226887 174537 Granito Morrinhos

**20 8226783 174564 Granito Morrinhos

*21 8238292 162335 Destacamento São Simão/ Vila Santa Mônica

22 8238958 160902 Formação Guaporé

23 8216024 187491 Granito Morrinhos

24 8216782 187528 Formação Guaporé

25 8224413 188959 Formação Guaporé

26 8224871 188261 Formação Guaporé

27 8227402 187449 Formação Guaporé

28 8227913 181597 Granito Morrinhos

29 8229869 180104 Formação Guaporé

30 8244356 174046 Formação Guaporé

31 8244457 172357 Formação Guaporé

Page 76: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

61

*32 8244775 172250 Ancoradouro da lagoa Baía do Padre

33 8226908 182149 Granito Morrinhos

34 8226989 185606 Formação Guaporé

*35 8214247 197623 Entrada da Fazenda Guaicurus

*36 8212919 197984 Sede da Fazenda Guaicurus

37 8210642 195963 Formação Guaporé

***38 8214239 187513 Granito Morrinhos

39 8246367 173138 Granito Morrinhos

40 8213349 186896 Formação Guaporé

41 8213973 187073 Granito Morrinhos

*42 8223782 171147 Limite centro-oeste da área

43 8217894 183065 Granito Morrinhos

44 8214449 170659 Formação Guaporé

*45 8211883 167487 Sede da Fazenda Travessão

*46 8211375 167139 Sede da Fazenda Silmar

*47 8216200 174720 Entrada da Fazenda Nossa Senhora das Graças

48 8219107 167520 Formação Guaporé

49 8223332 159357 Formação Guaporé

50 8222723 158460 Formação Guaporé

*51 8217440 171829 Sede da Fazenda Nossa Senhora das Graças

52 8217936 182314 Formação Guaporé

53 8207122 181475 Formação Guaporé

*54 8204742 180508 INDEA (Instituto de Defesa Agropecuária MT)

55 8203947 178729 Formação Guaporé

*56 8201606 173838 Posto desativado do INDEA (Instituto de Defesa

Agropecuária MT)

*57 8198907 172882 Marco de divisa Brasil-Bolívia

58 8207941 198164 Formação Guaporé

59 8206368 199462 Formação Guaporé

60 8206031 198513 Complexo Granulítico Lomas Manechis

61 8205891 198130 Complexo Granulítico Lomas Manechis

62 8205705 197600 Complexo Granulítico Lomas Manechis

63 8205390 196690 Complexo Granulítico Lomas Manechis

64 8205194 196260 Complexo Granulítico Lomas Manechis

65 8204811 196538 Formação Guaporé - Represa

*66 8228962 190504 Entrada da Fazenda Gomalina

Page 77: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

62

67 8231190 190990 Granito Morrinhos

68 8215859 190900 Formação Guaporé

69 8214739 190235 Formação Guaporé

70 8213749 190141 Formação Guaporé

71 8209575 189005 Formação Guaporé

72 8209089 189834 Formação Guaporé

73 8209329 190396 Complexo Granulítico Lomas Manechis

74 8209228 190185 Complexo Granulítico Lomas Manechis

75 8207597 189246 Formação Guaporé

*76 8198799 190455 Marco de divisa Brasil-Bolívia

77 8198823 186276 Formação Guaporé

78 8203465 190024 Formação Guaporé

79 8207715 190157 Complexo Granulítico Lomas Manechis

80 8207848 190900 Formação Guaporé

81 8213290 182346 Formação Guaporé

82 8209847 181033 Formação Guaporé

83 8206156 180932 Formação Guaporé

84 8204449 180505 Complexo Granulítico Lomas Manechis

85 8201684 180075 Formação Guaporé

*86 8199416 180854 Escola Municipal As Cruzes/

Comunidade As Cruzes

87 8212111 166576 Formação Guaporé

88 8209973 163344 Formação Guaporé

89 8206646 164036 Complexo Granulítico Lomas Manechis

90 8203502 163583 Formação Guaporé

91 8200704 160574 Formação Guaporé

92 8199138 160702 Formação Fortuna/ Grupo Aguapeí

93 8198899 160719 Formação Fortuna/ Grupo Aguapeí - Marca de

divisa Brasil-Bolívia - Morro Quatro Irmãos

94 8200705 161546 Complexo Granulítico Lomas Manechis

95 8226814 174425 Granito Morrinhos

96 8226870 174342 Granito Morrinhos

97 8217929 174386 Granito Morrinhos

98 8203726 180861 Complexo Granulítico Lomas Manechis

99 8202994 181641 Complexo Granulítico Lomas Manechis

*100 8206513 199845 Ponto de Controle

Page 78: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

63

101 8205561 196553 Complexo Granulítico Lomas Manechis

102 8205730 196445 Complexo Granulítico Lomas Manechis

103 8205803 196325 Complexo Granulítico Lomas Manechis

104 8210369 196190 Complexo Granulítico Lomas Manechis

105 8230709 210563 Formção Guaporé

106 8232093 210854 Formção Guaporé

107 8231149 207481 Formção Guaporé

108 8231225 206150 Formção Guaporé

109 8213318 186924 Formação Guaporé

110 8215518 187568 Granito Morrinhos

111 8216308 189105 Formação Guaporé

112 8218076 188955 Formação Guaporé

113 8218949 188963 Formação Guaporé

114 8219168 190292 Formação Guaporé

115 8219112 190925 Formação Guaporé

116 8210322 207628 Formação Guaporé

117 8209188 206479 Formação Guaporé

118 8207938 205925 Formação Guaporé

119 8206851 205062 Formação Guaporé

120 8204882 205051 Formação Guaporé

121 8217400 184993 Granito Morrinhos

122 8216897 186614 Formação Guaporé

123 8214739 195578 Formação Guaporé

124 8213962 198834 Formação Guaporé

125 8213523 200140 Formação Guaporé

126 8213045 201252 Formação Guaporé

127 8212164 203304 Formação Guaporé

128 8211630 204565 Formação Guaporé

129 8211231 205501 Formação Guaporé

130 8210829 206440 Formação Guaporé

131 8204202 205466 Formação Guaporé

132 8203773 205539 Formação Guaporé

133 8209621 211131 Formação Guaporé

134 8251858 209240 Formação Guaporé

135 8251756 207597 Formação Guaporé

Page 79: GRANITO MORRINHOS MAGMATISMO DA SUÍTE INTRUSIVA ...ri.ufmt.br/bitstream/1/595/1/DISS_2014_Ohana França.pdf · Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide

Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento

64

136 8251539 205716 Formação Guaporé

137 8251225 203309 Formação Guaporé

138 8250783 200104 Formação Guaporé

139 8250052 199492 Formação Guaporé

140 8248536 199001 Formação Guaporé

141 8247673 198272 Formação Guaporé

142 8247142 197003 Formação Guaporé

143 8246353 196185 Formação Guaporé

144 8245935 195103 Formação Guaporé

145 8246153 193364 Formação Guaporé

146 8245816 192706 Formação Guaporé

147 8244513 192712 Formação Guaporé

149 8243351 192724 Formação Guaporé

151 8242461 192725 Formação Guaporé

153 8241496 192735 Formação Guaporé

155 8240423 192744 Formação Guaporé

156 8238406 192761 Formação Guaporé

157 8236831 192353 Formação Guaporé

158 8235556 191657 Formação Guaporé

159 8233888 191044 Formação Guaporé

160 8232359 190645 Formação Guaporé

* Ponto de Controle.

** Amostra FC22B – utilizada para análise geocronológica U-Pb (SHRIMP).

*** Amostra FC41A – utilizada para análise isotópica (Sm-Nd).