[GRATUITO] Os 7 Pilares do Aprendizado: Usando a Ciência Para Aprender Mais e Melhor

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OS 7 PILARES DO APRENDIZADO Usando a ciência para aprender mais e melhor PAULO RIBEIRO

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Você já teve problemas com o decoreba? Não sabe o que fazer para estudar o conteúdo que é grande? Tem problema de esquecimento e perde tempo revisando o mesmo assunto várias vezes? Bem, então esse livro é para você. Entenda COMO o aprendizado acontece e conheça as melhores TÉCNICAS para um estudo rápido e de qualidade, tudo retirado diretamente da CIÊNCIA.

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OS 7 PILARES DOAPRENDIZADO

Usando a ciência para aprender mais e melhor

PAULO RIBEIRO

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A meus pais, que me criaram para amar a educação e respeitar ao próximo. Sem eles não seria quem eu sou.

A Sebastian Marshall, um mentor, que com um exemplo de vida, me fez acreditar na construção de um mundo melhor e de uma vida significativa.

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sumárioIntrodução 07

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Capítulo 1 1. A Arquitetura da Mente: Como o conhecimento é armazenado

1.1 A teoria do multiarmazenamento

1.2 Conhecimento Declarativo

1.2.1 Reconhecimento Sensorial

1.2.2 Strings: associações simples como a base

1.2.3 Ideias

1.2.4 Schemas: como as ideias se relacionam

1.2.5 Modelos Mentais: executando realidades virtuais

1.3 Conhecimento Procedural

Para Relembrar e por em prática

2.1 O Poder de Uma Base Sólida-2.1.1 Como Ativar e Acelerar o Aprendizado

2.1.2 O Perigo de Saber Sem Saber

2.2 O Impacto de Organizar o Conhecimento da Maneira Correta

2.2.1 O Que Fazemos (de errado) No Automático

Capítulo 2 2. Os Principais Fatores que Influenciam o Aprendizado

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sumário2.2.2 Diferenças Entre O Modo de Um Expert e de Um Principiante

2.3 A Motivação e o Aprendizado

2.3.1 Como Desativar o Modo Automático de Enrolação

2.3.2 Alinhando os Valores de Sua Jornada

2.3.3 Criando Confiança de Modo Saudável

Para relembrar e por em prática

Capítulo 33. A Caixa de Ferramentas do Autodidata

3.1 O Que é Possível Fazer Sozinho?

3.2 Desenvolvendo Hábitos e Rotinas de Sucesso

3.2.1 Força de Vontade Não É Infinita

3.2.2 Os 4 Passos Para Criar Qualquer Hábito

3.2.2.1 Identifique a Rotina

3.2.2.2 Experimente com as Recompensas

3.2.2.3 Isole a deixa e possíveis barreiras

3.2.2.4 Tenha um plano

3.2.3 Desenvolvendo os sistemas ideias

3.3 A mentalidade certa importa. E muito

3.

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sumário

4.2 Modulando Seu Objetivo

4.2.1 Duas Técnicas Para Modular Seus Objetivos

4.2.1.1 Referências

4.2.1.2 Entrevistas

4.3 A Regra de Pareto Acelerando o Aprendizado

4.3.1 Selecionando para Acelerar

4.3.2 Utilizando Os Critérios Certos

4.4 A Ordem Importa?

4.4.1 Aprendendo a falar antes de escrever

4.4.2 Dominando as finalizações antes das aberturas

Para relembrar e por em prática

Capítulo 44. A Arte de Estudar o Problema Certo 4.1 Trazendo a Eficiência Para O Mundo do Aprendizado

3.4 O Que Fazer Quando For Demais:Um Guia Para Superar a Sobrecarga Cognitiva

Para relembrar e por em prática

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Capítulo 55. A Captura Eficiente do Conhecimento

5.1 Tomando notas de maneira eficiente

5.1.1 Erro comum ao fazer anotações

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sumário

Capítulo 66. Como Processar o Conhecimento

6.1 Flip Learning ou "Indo de Fora Para Dentro"

6.2 Transferência e A Busca Por Conexões

6.3 Técnicas Mnemônicas

6.3.1 Técnicas para Processar Conceitos

6.3.1.1 Metáforas

6.3.1.2 Técnica Goldfish

6.3.1.3 Mapas Mentais

6.3.2 Técnicas Para Processar Informações

6.3.2.1 Sistema Link

6.3.2.2 Sistema Peg

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5.1.2 Duas Técnicas Para Melhorar Suas Anotações

5.2 Como Extrair o Máximo de Um Livro

5.2.1 Os Quatro Tipos de Leitura

5.3 Um Guia Para Extrair o Máximo da Leitura

Para relembrar e por em prática

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2.1 O Poder de Uma Base Sólida-2.1.1 Como Ativar e Acelerar o Aprendizado

2.1.2 O Perigo de Saber Sem Saber

2.2 O Impacto de Organizar o Conhecimento da Maneira Correta

2.2.1 O Que Fazemos (de errado) No Automático

sumário

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6.3.2.3 Palácios de Memória

Para relembrar e por em prática

Capítulo 77. Desenvolva a Maestria e Crie a Memória Perfeita

7.1 O significado da maestria

7.2 A mente de um expert

7.2.1 Conhecimento em chunks

7.2.2 Padrões significativos

7.2.3 Automatismo por causa da experiência

7.2.4 Schemas e modelos mentais

7.3 As 3 Características da Prática Deliberada

7.4 Repetição Espaçada e a Memória Perfeita

7.4.1 Como Esquecemos das Coisas

7.4.2 Usando Um Sistema Para Maximizar Lembranças

Para relembrar e por em prática

Conclusão

Agradecimentos

Referências

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3.1 O Que é Possível Fazer Sozinho?

3.2 Desenvolvendo Hábitos e Rotinas de Sucesso

3.2.1 Força de Vontade Não É Infinita

3.2.2 Os 4 Passos Para Criar Qualquer Hábito

3.2.2.1 Identifique a Rotina

3.2.2.2 Experimente com as Recompensas

3.2.2.3 Isole a deixa e possíveis barreiras

3.2.2.4 Tenha um plano

3.2.3 Desenvolvendo os sistemas ideias

3.3 A mentalidade certa importa. E muito

3.

introdução

“Grande parte dos resultados vem dos métodos e das técnicas de estudo. ”

Todo mundo quer aprender melhor e mais rápido. Seja para melhorar o desempenho em escolas e faculdades, passar em concursos e certificações, aprender novas línguas ou dominar hobbies: aprender melhor traz resultado direto em nossas vidas.

O problema é que parecemos estar fadados a depender de escolas, cursos e materiais cada vez mais caros a fim de aprender melhor. Afinal de contas, todo mundo estuda da mesma maneira e o que vai diferenciar os resultados é a qualidade dos materiais de sua preparação, certo?

Errado. Aprender é uma habilidade como outra qualquer e depende muito pouco de sua capacidade original; grande parte dos resultados vem dos métodos e das técnicas de estudo. Não é conhecimento comum, mas há um corpo inteiro de pesquisas científicas em torno do aprendizado, em busca de entender como o processo acontece e como podemos fazê-lo melhor.

“Grande parte dosresultados vemdos métodos edas técnicas deestudo.”

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Comecei, então, numa jornada pesada de estudos. E não apenas de conteúdo do colégio, mas também um tema incomum: aprendizado. Eu comecei a ativamente experimentar com técnicas diferentes de aprendizado em busca dos melhores resultados, para que eu pudesse absorver e aplicar na minha jornada de preparação. Experimentei bastante, principalmente com meus (então) calcanhares de Aquiles: história e redação.

Hoje, olhando para trás, eu vejo como essa fase de experimentação com o aprendizado foi importante. Usei o conhecimento que adquiri para ser aprovado em 1º lugar nas duas maiores universidades do meu estado, o que me permitiu cursar engenharia.

Meu interesse pelo aprendizado começou há mais de seis anos e tem permeado minha vida desde então. Na época, eu era um estudante prestes a entrar no terceiro ano do ensino médio e em um ponto-chave da vida: a preparação para entrar na universidade. Como eu venho de uma família humilde, não tinha escolha: ou aprendia da melhor maneira possível para entrar numa (concorrida) faculdade pública, ou não faria ensino superior. Não teríamos dinheiro para uma faculdade particular.

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E tem sido assim desde então. De lá para cá, já usei essas técnicas para: aprender inglês por conta própria ao nível de fluência, estudar negócios e marketing, tendo trabalhado com empreendedores de sucesso ao redor do mundo em startups e organizações filantrópicas, melhorar minha escrita a um nível profissional, aprender programação, dança de salão e tudo aquilo que me interessa. Até que chegou o momento de ensinar o que aprendi às outras pessoas, de modo que elas pudessem ficar mais perto de seus sonhos como eu fiquei. Sempre tivesse essa vontade de causar impacto, o que se traduziu em alguns projetos e blogs que se acabaram com o tempo.

Os resultados obtidos depois de eu ter refinado as melhores técnicas de estudo que encontrei não teriam existido se eu não tivesse investido tempo nesse garimpo. Aprender a aprender mostrou-se essencial naquele momento da minha vida.

Exceto um, desde 2011, escrevo em um portal sobre estilo de vida e sucesso chamado Estrategistas, onde compartilho o conhecimento que tem funcionado na minha vida e na vida de mentores. No final de 2012, em uma conversa com Eduardo, com quem eu fundei o Estrategistas, durante o evento TEDxRecifeAntigo, algo clicou na minha cabeça.

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A partir dali, mergulhei na ciência do aprendizado. Minha ideia foi refinar todos os conceitos e técnicas que eu tinha adquirido ao longo dos anos com o conhecimento científico, atual, a respeito do processo. Fiz cursos, li vários livros, dezenas de artigos científicos, sites na internet, vi palestras, enfim, mergulhei de cabeça na área.

Oficialmente, o Aprendizado Acelerado nasceu no segundo semestre de 2013. Desde então, tem sido uma jornada fantástica. Tenho conhecido muita gente, levado esse conhecimento sobre aprendizado para dezenas de milhares de pessoas pelo Brasil e pelo mundo e impactado muitas vidas no processo.

Eu já tinha um projeto sobre desenvolvimento pessoal para causar impacto na forma como as pessoas vivem suas vidas. Eu poderia fundar um projeto sobre aprendizado, agora para compartilhar conhecimento e técnicas a fim de ajudá-las a aprender melhor, um passo essencial na busca de qualquer objetivo.

Nossa comunidade não para de crescer e as pessoas estão aplicando as técnicas do Aprendizado Acelerado nas mais diversas áreas e obtendo resultados reais. Desde faculdades, escolas, concursos até aprendizado de línguas, de música e hobbies como o pôquer. Essa semana até recebi a excelente notícia que Fábio, um de nossos leitores assíduos, foi aprovado em engenharia na terceira melhor faculdade do país! Um email que fez meu dia.

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7.1 O significado da maestria

7.2 A mente de um expert

7.2.1 Conhecimento em chunks

7.2.2 Padrões significativos

7.2.3 Automatismo por causa da experiência

7.2.4 Schemas e modelos mentais

7.3 As 3 Características da Prática Deliberada

7.4 Repetição Espaçada e a Memória Perfeita

7.4.1 Como Esquecemos das Coisas

7.4.2 Usando Um Sistema Para Maximizar Lembranças

Para relembrar e por em prática

Conclusão

Agradecimentos

Referências

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Se eu fosse escrever um livro recheado sobre aprendizado, ele precisaria ter:

- Uma linguagem acessível. Afinal de contas, uma barreira grande para o acesso ao conhecimento científico atual sobre o aprendizado é o fato dele ser, bem, científico. Há muitas pesquisas e resultados interessantes na área, mas eles estão espalhados e escritos em artigos acadêmicos pela internet. Se fosse para escrever um livro, eu teria que reunir essas informações em um só lugar e fazer uso de uma linguagem acessível.

- Fundamentação científica. A área do aprendizado é vastamente povoada por mitos e confusões a respeito de conceitos importantes, ocorridos principalmente quando eles vão para a mídia pelas mãos de jornalistas sem uma background científico. Não adiantaria escrever um livro com base em "achismo", por isso fui refinar minhas técnicas com uma pesquisa profunda na área.

No final de 2013, as pessoas começaram a me pedir por um livro. Um livro sobre aprendizado, que falasse da ciência por trás do processo e contivesse as técnicas de melhor resultado em um lugar só, praticamente um manual. Comecei, então, a trabalhar na pesquisa e na escrita desse projeto.

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- Uma abordagem prática. Conhecimento teórico é importante para entendermos como as coisas funcionam, mas a pegada de um livro útil sobre aprendizado é a parte prática. Esse livro teria que ter sido preparado, desde a concepção, com a ideia de que o leitor, ao concluí-lo, tivesse uma compreensão geral e fosse capaz de aplicar na hora o que aprendeu.

Este é exatamente o e-book que você está lendo agora. Espero que ele seja útil, lhe ajude a aprender melhor e mais rápido, te deixando mais perto de seus sonhos.

Um grande abraço,Paulo Ribeiro

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OS PRINCIPAIS FATORES QUEINFLUENCIAM O APRENDIZADO

CAPÍTULO 02

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Para aprender melhor, é essencial saber o que você pode fazer para melhorar o processo. Ao entender como o sistema funciona e quais são suas partes principais, você pode fazer um esforço consciente nas atividades que trarão os melhores resultados no estudo. E, como Aristóteles colocou de modo perspicaz, o esforço separado em melhorar cada um dos fatores, já que eles interagem positivamente entre si, vai dar em retorno mais do que a soma de suas partes. Um investimento e tanto.

Neste capítulo, estudaremos os principais fatores que influenciam no aprendizado de modo aprofundado e o que você pode fazer de melhor em cada ponto.

“O todo é mais do que a soma de suas partes” Aristóteles

Os Principais Fatores que Influenciam o Aprendizado

São eles: a influência do conhecimento de base, a forma de organizar as informações enquanto as aprende e a relação da motivação com o aprendizado.

“Para aprender melhor, é essencial saber o que você pode fazer para melhorar o processo.”

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Um grande determinante da velocidade do aprendizado é o conhecimento prévio, o que a mente já sabe. É muito mais fácil trazer novas informações para um conhecimento bem organizado e já construído do que começar do zero. O conhecimento prévio é mais importante do que QI ou estilos de aprendizado em termos de efeitos sobre o aprendizado.

Um estudo focado em memória, feito por Peter Morris e sua equipe em 1981, contou com estudantes com vários níveis de conhecimento sobre futebol. Ao serem pedidos para memorizar placares de jogos, os estudantes com mais conhecimento prévio sobre o jogo tiveram maiores taxas de sucesso.

"Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a apenas um princípio, eu diria que o fator mais importante influenciando o aprendizado é o que o aprendiz já sabe. Averigue isso e ensine de acordo." David Ausubel

Em outra pesquisa, por Alice Healy e James Cole em 2007, estudantes de universidade mostraram uma taxa de memorização 100% maior quando pedidos para memorizar a mesma quantidade de fatos sobre pessoas conhecidas do que sobre pessoas desconhecidas.

O Poder de Uma Base Sólida

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Digamos, por exemplo, que eu pergunte a alguém o que é preciso saber para resolver uma equação do 2º grau. A resposta é algo como "ah, essa é fácil, é só saber fazer conta e usar a fórmula de Bháskara". Bem, não é só isso. Você precisa estar confortável com expressões numéricas, potenciação, sistemas de equações, fatoração de expressões e operações básicas. Uma pessoa com todas essas áreas cobertas se torna muito mais eficiente ao resolver equações do 2º grau, possuindo um schema mais acurado do processo.

Isso é só um exemplo de como as pessoas não pensam até o final quando se trata de conhecimento de base. Além de servir como terreno sobre o qual as ideias futuras serão sedimentadas, ele serve, ao mesmo tempo, como filtro de informações importantes.

As pessoas entendem a importância de ter uma base bem feita, mas parecem ser incapazes de determinar o quão importante é. Normalmente só levam em consideração quando a ausência da base está incapacitando o aprendizado; não conseguem imaginar o

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Afinal de contas, com base no que sabemos, realizamos julgamentos a respeito da relevância de novos fatores durante o momento do estudo. No entanto, não ter o conhecimento necessário, ou tê-lo de modo deficiente, pode se provar desastroso. Estudaremos como contornar esses casos a seguir, começando por como ativar o conhecimento prévio caso você já o tenha.

Como Ativar e Acelerar o Aprendizado

Mesmo que tenhamos o adequado conhecimento de base, nem sempre o ativamos como deveríamos ou quando precisamos. Por exemplo, em um famoso estudo feito por Gyck e Holoyakem 1980, estudantes de faculdade foram apresentados a dois conjuntos de problemas para serem resolvidos aplicando o conceito de convergência. Mesmo sabendo a solução para o primeiro problema, os estudantes não aplicavam o princípio automaticamente para a segunda situação. Contudo, quando foram solicitados para pensar como o segundo problema se relacionava com o primeiro, 80% dos estudantes foram capazes de resolvê-lo.

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Durante o processo do estudo, se perguntar o porquê de algo ser verdadeiro ou inesperado, se for o caso, foi o modo como os experimentadores conseguiram que adultos lembrassem mais fatos de parágrafos estudados.

Esse procedimento auxiliou estudantes a gerar conhecimento prévio condizente com o material, melhorando a performance em comparação com os demais.

Não apenas basear-se em conhecimento passado, mas também em prévias experiências pessoais trouxe resultados interessantes ao processo do aprendizado, como mostra o estudo feito por Joan Garfield e sua equipe em 2007. Perguntar-se como aquele conceito se aplica a situações pelas quais você passou ou que são próximas a você também ajuda gerar conhecimento prévio relevante, acelerando o processo do aprendizado.

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Esse efeito ocorreu mesmo com os estudantes sendo apresentados às situações no mesmo dia, com menos de uma hora de diferença. O modo de resolver estava ali, só não havia sido ativado. É algo que faz você se perguntar: "Quantos problemas eu conseguiria resolver se ativasse o conhecimento que já tenho? Obtido dois anos atrás, ou em outra disciplina, ou em um livro perdido que li em algum lugar?". Seu conhecimento está ali, só precisa ser usado. A pergunta é: como ativá-lo?

Uma quantidade grande de pesquisas mostra como pequenos empurrões, lembretes simples (como a feita por Bransford & Johnson, 1972), ou perguntas elaboradas (estudo feito por Woloshyn, Paivio, e Pressleyem 1994) ajudam a ativar o conhecimento prévio do estudante. Interessante, sem dúvida, quando estamos na posição de estudante, com alguém competente para nos guiar no processo. Todavia, o que fazer quando estamos estudando sozinhos para obter efeitos parecidos?

Adaptamos essa estratégia, chamada elaboração interrogativa, e aplicamo-na a nós mesmos.

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A situação é a seguinte: você está fazendo uma prova importante e, no meio dos questionamentos, se depara com uma pergunta sobre um assunto que você estudou, mas não sabe como responder. É aquela sensação familiar de "eu sei isso, estudei dia tal e tal", mas por algum motivo, você não consegue lembrar exatamente o ponto perguntado. Sensação bastante frustrante.

O Perigo de Saber Sem Saber

O que não é conhecimento geral é que 'competência' em determinado tópico varia numa escala que vai além da binária (sabe/não sabe). Varia de familiaridade superficial ("Eu já ouvi falar sobre isso"), a conhecimento factual ("Eu poderia definir esse ponto"), a conhecimento conceitual ("Eu poderia explicar a alguém"), a aplicação("Eu consigo usar para resolver problemas").

No caso do exemplo anterior, apenas familiaridade não é suficiente para resolver questões objetivas, aquelas de marcar X - exceto as mais triviais, claro. “Ter visto algo sobre aquilo em algum lugar” não é domínio suficiente para acertar uma pergunta.

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No caso de provas discursivas, quando você estará respondendo por extenso aos questionamentos, o requerimento é ainda maior: é preciso um domínio no nível conceitual e, caso sejam contextualizadas, no de aplicação.

É essencial saber qual o seu nível de conhecimento nos tópicos de base para julgar se será preciso reforçá-lo ou não. Ter um tipo de conhecimento e precisa de outro pode ser igualmente um problema. É o perigo de achar que sabe sem saber.

É comum, por exemplo, estudantes possuírem conhecimento declarativo, mas não saber executar (procedural). Estudos na ciência do aprendizado, como o realizado por John Clement, em 1982, mostram que mesmo se estudantes dominam fatos, por exemplo, sendo capaz de afirmar "Força é igual a massa vezes aceleração", normalmente são fracos em aplicá-los. Esses estudantes ao seguirem para outro assunto, como o estudo de polias, serão incapazes de aprender. Insistência,nesse caso, não vai ajudar, mesmo que eles "saibam" a segunda lei de newton, pois eles possuem o conhecimento no nível errado.

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Para lidar com isso, uma boa estratégia:

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Faça uma pesquisa bem feita do conhecimento necessário para abordar o tópico que você está tentando aprender. Conversar com professores e pessoas que já aprenderam o que você deseja ajuda.

Faça uma lista de tudo o que é preciso saber junto com o respectivo nível requerido (Conceitual? Factual? Procedural?).

Para cada tópico necessário, faça uma avaliação correspondente. Se for preciso um nível factual, basta checar as informações mais importantes. Se uma compreensão conceitual é requerida, monte explicações como se estivesse ensinando o conteúdo a alguém; daí em diante. Desse modo, você poderá julgar se detém o nível necessário para estudar o que deseja.

Dê um passo atrás, corrija o que encontrou de deficiência para então começar o assunto alvo.

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Claro, você não precisa realizar o procedimento acima de modo detalhado para tudo que quiser aprender (embora esse seja cenário ideal). Se você está na faculdade estudando Fisiologia 3 é porque foi aprovado nos pré-requisitos existentes, então se assume que você tem tem o estudo prévio preciso. Você encontrará o método acima mais útil quando sair de sua área direta. Por exemplo, um estudante de serviço social que precisa estudar uma disciplina de estatística (e há anos não estuda matemática).

Outra problema em potencial com o conhecimento que você já possui é utilizá-lo de modo errado. O raciocínio análogo (comparação com o que você já sabe) é útil e uma ferramenta poderosa, mas precisa ser acompanhado de limites; caso contrário, torna-se contraproducente.

Por exemplo, músculos esqueléticos e cardíacos são parecidos em sua constituição; logo, extrair analogias entre eles faz sentido até certo ponto. Contudo, as diferenças no funcionamento deles são sensíveis e vitais para entender melhor suas respectivas operações e isso precisa ser destacado; o que normalmente não é.

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Tanto que a equipe de pesquisa RandSpiro em 1989 descobriu que muitos estudantes de medicina possuem uma informação incorreta sobre uma potencial causa de falha cardíaca que pode ser rastreada à distinção deficiente entre esses dois tipos de músculos.

A boa notícia é que, mesmo sendo um erro comum que passa despercebido, a solução é simples. Os estudos, como o trabalho do próprio Spiro, mostram que garantir que os estudantes conheçam os limites para as analogias, sabendo onde falham e quando não podem ser utilizadas, ajuda a evitar o erro.

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Se o conhecimento prévio é um fator relevante ao aprendizado pois determina a base sobre a qual se absorve novos conteúdos, a maneira como organizamos esse conhecimento prévio e o novo está relacionada à facilidade com que aprendemos. O cérebro humano anseia por padrões e sentidos em todo tipo de informação que encontra; ele evoluiu para isso.

O Impacto de Organizar o Conhecimento da Maneira Correta

Quer um exemplo simples? Olhe para cima em um dia ensolarado e observe o céu por alguns instantes. Não vai levar um minuto para observar alguma nuvem com formato conhecido passando. A parte curiosa? Nuvens não possuem forma intrínseca, elas não foram desenhadas; ao olhar para uma configuração aleatória, nosso cérebro automaticamente imprime algum tipo de sentido naquilo que vemos. Daí surgem as nuvens com formato de sorvete, de passarinho e afins.

Como vimos no capítulo passado, a unidade básica de organização das informações no cérebro são os schemas, estruturas de abstração que contém fatos e ideias para representar pedaços da realidade.

“O cérebro humano anseia por padrões e sentidos em todo tipo de informação que encontra; ele evolui para isso.”

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Se manipulamos a informação de modo a ficar mais similar ao nosso "formato padrão", temos muito mais chance de lembrar o que desejamos. Ou seja, a forma como organizamos, caracterizamos e conectamos os fatos entre si influencia diretamente nossa taxa de aprendizado e memorização.

Por exemplo, em 1982, Gary Bradshaw e Jonh Anderson pediram para um grupo de estudantes memorizar vários fatos sobre algumas figuras históricas. Metade do grupo recebeu fatos históricos não-relacionados, como "Newton se tornou emocionalmente inseguro e instável quando criança","Newton foi nomeado diretor do London Mint" e "Newton participou da Trinity College em Cambridge".A outra metade recebeu fatos relacionados entre si de alguma forma, como "Newton se tornou emocionalmente inseguro e instável quando criança", "O pai de Newton morreu quando ele nasceu" e "a mãe de Newton se casou novamente e deixou-o com a avó".

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Resultado? O grupo que recebeu as informações que possuíam alguma relação significativa entre si teve uma taxa de memorização muito maior. Olhando mais de perto, vemos o resultado como a diferença entre tentar memorizar fatos como strings, e fatos relacionados, como schemas.

O Que Fazemos (de errado) No Automático.

Durante o aprendizado no dia a dia, não prestamos muita atenção consciente a questões como "organização do conhecimento". No modo automático, assumimos que a maneira apresentada pelo livro que escolhemos é a única e pronto; lemos, tentamos memorizar, fazemos exercícios e seguimos em frente sem entender porque esquecemos a informação tão facilmente.

O fato é que organização não só ajuda, mas organização deficiente ou inadequada atrapalha.

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No modo automático, terminamos por juntar os fatos em contiguidade temporal (uma coisa depois da outra em termos de quando aconteceram) porque, de algum modo, isso é intuitivo para gerar relações de causa e consequência (apertou o interruptor, a luz apagou). Contudo, isso nos causa bastante dor de cabeça quando fazemos de modo impensado.

Digamos, por exemplo, que você quer estudar os pensadores iluministas. A lista é enorme (várias dezenas) e cada um possui um período associado, um país de origem, ideias principais e obras importantes. A pior maneira de fazer isso seria sem organização alguma, simplesmente memorizando a lista completa e os atributos relacionados (um punhado de strings). Separar os pensadores por países seria menos ruim, mas só isso não ajuda tanto.

Já categorizar pelo foco das ideias - separar o grupo que se concentrou em refutar religiões, do grupo que questionou os valores sociais, daquele preocupado com o avanço científico - é bem mais útil para entender a relação entre os participantes e conectar o conhecimento aprendido (alguns schemas bem ricos).

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Um estudo clássico feito pelo conhecido Anders Ericsson e sua equipe em 1980 (falaremos mais dele no capítulo 7) demonstra isso, ainda que numa escala menor. Ele documentou como alguns estudantes de faculdade com memórias normais puderam desenvolver a habilidade incríveis de memorizar longas sequências de dígitos ao organizar o que estavam aprendendo em uma estrutura hierárquica de vários níveis.

Os estudantes eram também competidores de atletismo, então ao se deparar com uma sequência de números, eles quebravam em pedaços e davam sentido a eles (uma técnica chamada chunking, falamos dela no capítulo 1), organizando-os depois disso. Por exemplo, "....3432..." podia ser lembrado como "34:32, o recorde mundial para ..." e "...12456..." como "1:24:56, o recorde olímpico feminino de ...".

A seguir, eles organizavam isso em grupos, como "recordes olímpicos", "recordes nacionais para a prova z", etc.. Esse procedimento empoderou estudantes normais a lembrar sequências de até 100 dígitos sem auxílio externo algum!

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Outro estudo com resultados impressionantes sobre o poder da organização adequada foi feito por Gordon Bower e sua equipe em 1969. Ao receberem uma lista de minerais a ser memorizada, os estudantes aos quais os itens foram fornecidos em hierarquia (metais versus pedras como categorias, e subcategorias dentro delas) tiveram resultados de 60 a 350% melhores do que aqueles com apenas a lista de minerais.

A pergunta, então, fica no ar: como podemos replicar esse tipo de resultado quando estudamos por conta própria, sem ter quem nos forneça diretamente esse tipo de organização?

A resposta para isso está em entender as diferenças entre as mentes de experts e de principiantes, replicando técnicas úteis desde o princípio.

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Os quadros A e B são exemplo de organizações mentais que provavelmente utilizamos quando começamos a estudar um assunto. Ou não integramos os conceitos, fatos e exemplos o suficiente, como no quadro A, ou utilizamos categorizações simples, lineares (como a separação temporal de nosso exemplo sobre iluminismo), que são insuficientes para nos dar uma compreensão aprofundada do assunto.

Já os quadros C e D são exemplos de como experts organizam o conhecimento (ainda que inconscientemente).

Diferenças Entre O Modo de Um Expert e de Um Principiante

A figura acima representa alguns exemplos de organizações do conhecimento em nossa mente.

DC

A B

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Dois grandes fatores chamam atenção: a quantidade e a densidade de conexões. Na hora de estudar, podemos conscientemente fazer uso de procedimentos que nos permitam, como iniciantes na área, desenvolver mais rapidamente esse tipo de organização e, por conseguinte, obter resultados mais rápidos no aprendizado.

Como fazer isso? O procedimento é: focar primeiro no cenário geral e só então buscar absorver detalhes.

Vejamos a aplicação disso em nosso exemplo. Um grupo de estudantes, como vimos, está estudando os pensadores iluministas.

Na figura C, vemos uma hierarquia clara, de modo que é fácil entender como os pontos se relacionam. Já a figura D, embora possa parecer o mais aleatório de todos os quadros, é na realidade o mais poderoso: o fato de tudo estar conectado fornece ao expert a possibilidade de usar múltiplas organizações, adequando-se à situação e usando o conteúdo de modo mais eficiente.

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Eles já descobriram que certos modos de agrupar os pensadores são melhores do que outros (que são melhores do que estudar sem organização). O que eles podem fazer para abordar o tema como experts e acelerar o aprendizado? Eles poderiam começar analisando fatores históricos e geopolíticos dos países envolvidos durante o período do Iluminismo.

Como estavam economicamente? Qual era o estado geral da população, havia guerras externas, guerras civis? O que levou certos pensadores a se revoltarem especificamente contra religiões, as crenças predominantes eram opressoras? Os pensadores focados em ciência viviam em países com mais recursos a serem destinados a pesquisas?

Ao investir um pouco de energia estudando o cenário no qual os iluministas estavam imersos ao invés de pular direto para a memorização, os estudantes terão uma visão muito mais rica dos pensadores e a necessidade de memorização direta vai cair porque haverá compreensão. "Quais os principais ícones do Iluminismo na Alemanha?".

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"Motivação faz referência ao investimento pessoal que um indivíduo tem em buscar um estado ou objetivo desejado" Martin Maehre Heather Meyer, 1997. No contexto do aprendizado, a motivação influencia a direção, a intensidade, a persistência e a qualidade dos comportamentos de aprendizado nos quais os estudantes se engajam.

A Motivação e o Aprendizado

Não é necessário espressar o quão importante alinhar a motivação do estudante é, pois no final das contas, ela controla o grau de esforço (consciente e inconsciente) é investido no processo.

Para quem está estudando por conta própria, a motivação assume uma importante dimensão. Enquanto quem está usando escolas, cursos e treinamentos também precisa ajustar a motivação para melhorar o processo de aprendizado, quem estuda sozinho precisa estar motivado até mesmo para sentar e estudar, já que não há pressão externa para isso.

Portanto, trataremos da motivação cuidadosamente.

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Como estavam economicamente? Qual era o estado geral da população, havia guerras externas, guerras civis? O que levou certos pensadores a se revoltarem especificamente contra religiões, as crenças predominantes eram opressoras? Os pensadores focados em ciência viviam em países com mais recursos a serem destinados a pesquisas?

Ao investir um pouco de energia estudando o cenário no qual os iluministas estavam imersos ao invés de pular direto para a memorização, os estudantes terão uma visão muito mais rica dos pensadores e a necessidade de memorização direta vai cair porque haverá compreensão. "Quais os principais ícones do Iluminismo na Alemanha?". "Deixa me ver, Alemanha, século XVIII; estavam assim e assado, por isso os pensadores principais, tal e tal, tinham essas e aquelas características"

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"Uma das maneiras mais comuns (e desconhecidas) de autossabotagem é a sinalização. A pior parte é que ela está tão enraizada em nosso cérebro primitivo que é difícil julgar quando está acontecendo, afetando a vida de muita gente sem nem que elas saibam.”

Como Desativar o Modo Automático de Enrolação

Sinalizar, como a palavra sugere, é dar alguma forma de indicação que você está realizando determinada atividade, para si mesmo e para os outros. Por exemplo, um adolescente pode passar a tarde inteira na internet, navegando a esmo e se distraindo nas redes sociais, mas quando os pais passam pelo corredor para checar seu quarto, ele fecha tudo e abre os livros. Desse modo, ele sinaliza para os pais que está estudando sem realmente fazê-lo.

O modo como isso afeta nossas vidas é que normalmente engajamos em atividades que sinalizam características desejadas, que nos fazem parecer fazer algo, sem ser necessariamente o melhor caminho para alcançar o objetivo.

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Esse fenômeno pode, inclusive, assumir o formato de autossinalização, quando inconscientemente sinalizamos para nós mesmos alguma característica desejada, sem persegui-la de verdade.

NinaMazar e Chen-boZhong, em 2009, trouxeram à tona um caso interessante de autossinalização. Eles mostraram que pessoas que compram produtos "verdes" (ambientalmente saudáveis) são mais propensas a trapacear e roubar depois da compra, o que supostamente ocorre porque elas já fizeram a "boa ação moral" do dia. Richard Beck, um teologista experimental, encontrou um fenômeno similar entre os religiosos: eles são menos propensos a fazerem boas ações depois de irem à igreja, por exemplo, pelo mesmo motivo.

No fundo, é a necessidade de nosso cérebro social em busca de validação externa. O adolescente precisa que os pais pensem que ele está estudando, por isso ele engaja em atividades que envolvem mais sinalizar do que realmente estudar.

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Outra é quando as pessoas preferem vídeo-aulas a livros, já que elas são mais 'fáceis' de consumir e passam a impressão de que o aprendizado está ocorrendo.

Para corrigir esse problema, não há um antídoto óbvio. É necessário que você esteja analisando constantemente as tarefas nas quais se engaja em busca do melhor método para fazer aquilo. Não o mais tradicional, não o que é esperado de você no processo, mas o melhor método para fazer a coisa acontecer.

O curioso é que as evidências apontam que nosso estado natural seja essa enrolação.

No aprendizado, isso se manifesta de diversas formas. Ir para aulas em escolas, faculdades ou cursos é uma delas: a maioria das pessoas não aprende tanto quanto poderia nesses contextos, mas continua frequentando pois é o "papel" esperado pela sociedade de um estudante.

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O objetivo final, o aprendizado, passa a ser coadjuvante no processo de sinalizar aprendizado, dar a entender que está fazendo o que se espera, o que é um problema considerável para quem está de fato interessado em alcançar o que se propôs.

Felizmente, a correção para o problema é fácil. Ao invés de focar apenas no objetivo, valorize a jornada. Claro, isso não quer dizer “deixar de querer passar naquele concurso de seus sonhos”. Não! Isso quer dizer entender que para passar no concurso, você precisa aprender bem o que for necessário estudar, seja português, direito ou matemática. Você passa a cultivar um interesse real pelo que estuda, a nutrir a vontade de ficar bom naquilo, não apenas se concentrar aonde quer chegar.

Em um estudo feito por Carol Dweck e Ellen Leggett em 1988, foi observado que que quando guiados por objetivos de performance (foco em tirar boas notas ou ser aprovado em concursos), que é o caso mais comum, estudantes se preocupam com padrões normativos e tentam fazer o que é necessário para demonstrar competência a fim de parecer inteligente, ganhar status e adquirir reconhecimento.

“Ao invés de focar apenas no objetivo, valorize a jornada”

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Alinhando os Valores de Sua Jornada

Se fôssemos desconstruir a motivação para o processo de aprendizado, o que encontraríamos como espinha dorsal? Embora haja várias teorias para tratar disso, boa parte delas contêm dois fatores principais: o valor subjetivo da meta e as expectativas de ter sucesso no objetivo (como apontado por John Atkinson em 1964 e outros pesquisadores).

Comecemos, então, discutindo o valor subjetivo de uma meta. A importância de um objetivo, frequentemente referida como seu valor subjetivo, influencia a motivação, já que só perseguimos metas com alto valor percebido.

E isso funciona. As evidência são amplas de como usar objetivos de aprendizado, ao invés de objetivos de performance, melhora o rendimento do estudante. É mais provável que eles usem estratégias de estudo que levem a uma compreensão profunda do tópico, que busquem ajuda quando precisam e que se sintam confortáveis com tarefas desafiadoras, como mostram os estudos de Carter e Elliot em 2000 e de Mcgregor e Elliot em 2002.

“A importância de um objetivo, frequentemente referida como seu valor subjetivo, influencia a motivação.”

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'Valor' em si pode ser derivado de várias fontes diferentes. Allan Wigfielde Jacquelynne Eccles sugerem três categorias amplas: de obtenção, intrínseco e instrumental. Estudemos cada uma separadamente e vejamos como alinhá-las para maximizar nossa motivação durante os estudos.

Primeiro, o valor de obtenção representa a satisfação que a pessoa obtém da maestria e do alcance do objetivo ou da tarefa. É aquela sensação boa que temos quando concluímos algo difícil, seja passar de nível no jogo do computador ou a resolução de um problema complicado de física.

A segunda fonte é o valor intrínseco, que representa a satisfação que obtemos em realizar a tarefa em si, independente do resultado final do processo.

Por exemplo, você estará bem mais motivado para estudar inglês, se for requisito para ser promovido, do que para estudar uma língua aleatória, como o esperanto, sem razão alguma.

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Ele aparece quando estamos fazendo algo que gostamos, como gastar horas para aprender aquela música na bateria ou quebrar a cabeça estudando astronomia.

A fonte final é o valor instrumental, que representa o quanto uma atividade ou um objetivo ajuda a alcançar outros objetivos importantes, levando ao recebimento de recompensas extrínsecas. Reconhecimento, dinheiro, bens materiais, carreiras interessantes ou bons salário são todos objetivos de longo prazo que podem fornecer valor instrumental para objetivos de curto prazo (esudar inglês – curto prazo a fim de se mudar para Londres – longo prazo).

Vejamos um exemplo para classificar o alinhamento dos três valores. Digamos que eu objetive ser aprovado em uma prova de certificação, a fim de aplicar para uma nova posição na empresa em que trabalho. Para tanto, preciso estudar várias disciplinas, algumas das quais não me interessam nem um pouco. Como alinhar meus valores para me manter motivado ao máximo enquanto estudo?

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Para tanto, eu vou atrás das "frutas mais baixas da árvore"; em outras palavras, persigo as vitórias fáceis.

Começando debaixo, com os conceitos mais simples, eu inicio um ciclo de vitórias para me manter motivado. Eu ataco o tópico mais simples da disciplina, domino-o, e uso a sensação boa de estar progredindo para alimentar meu avanço a tópicos um pouco mais complicados. Aos poucos, eu vou cobrindo o assunto inteiro, mantendo o moral alto.

Quanto ao valor intrínseco, parece não haver muito o que fazer. Afinal de contas, ou você sente prazer executando uma tarefa ou não, certo?

Em primeiro lugar, eu preciso extrair o máximo de valor de obtenção possível (o prazer que temos ao alcançar coisas), principalmente no que toca às disciplinas que não gosto.

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Os resultados de alguns estudos dizem que não. Suzanne Hidi e Ann HIDI &Renninger, em 2006, mostraram que uma tarefa que inicialmente só possui valor instrumental para o estudante (aprender para passar na certificação e obter aumento) pode vir a desenvolver valor intrínseco (prazer em praticar) com o tempo, conforme ele absorve conhecimento e fica melhor naquilo. Em palavras simples, não gostar não é desculpa para não começar; você vai começar a aproveitar a atividade uma vez que comece a ficar bom naquilo. Então comece!

Resta-nos cobrir o conjunto de valores instrumentais. Por que você quer essa certificação? Pense até o final. Seu objetivo de vida, qual é? Se você deseja melhorar sua renda pois está se preparando para ter um filho, tirar a certificação faz todo sentido.

Você está fadado a gostar de estudar as matérias que te agradam e não apreciar as matérias que não te interessam?

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Porém, se seu interesse é apenas financeiro, já que você nem gosta mais da carreira que persegue e quer apenas aumentar a renda, por mais que você se force a estudar, é bem provável que sua motivação quebre ao longo do caminho. Afinal de contas, as motivações não estão muito bem alinhadas, você precisa pensar num objetivo que conecte tudo de modo a se manter motivado a vencer as adversidades naturais de aprender uma grande quantidade de conteúdo para obter uma certificação.

Criando Confiança de Modo Saudável

“Confiança genuína é uma maneira de pensar sobre si mesmo e suas habilidades.É sua percepção de seu próprio potencial; é um tipo de pensamento de longo prazo que te empodera através de obstáculos e momentos difíceis, te ajudando a resolver problemas e te colocando no caminho do sucesso.” John Eliot

John Eliot é um expert mundial da área de performance de alto nível. Ele trabalha com atletas campeões, homens de negócio de grandes empresas, médicos respeitados e músicos famosos. Dentro de minhas pesquisas, ele é uma das poucas pessoas que realmente entendem o que é confiança.

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Confiança se trata de olhar objetivamente para o que você quer alcançar, reconhecer a dificuldade real do caminho e acreditar que, se você colocar o esforço necessário, é possível. Não tem nada de esotérico ou surreal a respeito; é algo bem conectado com a realidade.

Todo esse conceito de confiança se conecta bem com a ideia de expectativas em torno de sua meta de aprendizado. Como vimos, motivação pode ser resumida a alto valor esperado (que aprendemos como alinhar os vários tipos de modo a maximizá-lo) mais expectativas ajustadas em relação à linha de chegada.

Não se tratar de repetir para si mesmo que é possível ou que aquilo vai dar certo. Não, você não é bobo o suficiente para acreditar em algo só porque é repetido várias vezes.

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“Só acreditar que é possível não é suficiente para manter a motivação de pé.”

Aquela tática de "encorajamento reverso", quando você diz à pessoa que ela está tentando algo difícil demais para o potencial dela não funciona se a pessoa realmente acreditar no que você está dizendo.Ela não se sentirá extramotivada por ser julgada incapaz como nos filmes.

Por outro lado, só acreditar que é possível não é suficiente para manter a motivação de pé.Albert Bandura, em seu livro “Self-e�cacy: The exercise of control” confirma isso, que o estudante precisa desenvolver o que chamamos de expectativa de eficácia; em outras palavras, ele precisa se sentircapaz de identificar, organizar, iniciar e executar um plano que vai trazer o resultado esperado.

Se você não acredita ser possível, vai desenvolver comportamento 'vitimista' na situação.

O ponto é que a motivação para aprender não acontece se o estudante não possui uma expectativa de resultado positivo, ou seja, se ele não acredita que é possível conseguir o que deseja, como explicado por Charles Carvere Michael Scheierem 1998.

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“Se acredita que é possível mas não confia na sua capacidade de executar, vai atrapalhar com sua autoestima.”

Se acredita que é possível mas não confia na sua capacidade de executar, vai atrapalhar com sua autoestima. Novamente, esse não é um tipo de situação com antídoto claro, mas boas práticas incluem (1) procurar pessoas que já alcançaram algo parecido com o que você almeja e (2) buscar entender a eficácia das estratégias delas para montar a sua de modo adequado.

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PARA RELEMBRAR EPOR EM PRÁTICA

- No final do dia, todas as pessoas aprendem por conta própria. Mesmo com professores e escolas, o ambiente não pode forçar o conhecimento na cabeça de ninguém.- Uma vez que você olha para além dos estigmas sociais enxerga que é possível fazer muita coisa sozinho e que o autodidatismo está ao alcance de qualquer um.- A ciência aponta para a descoberta que força de vontade não é algo infinito; você não pode ser forçar a realizar atividades para sempre.- Para o autodidata, formar hábitos é uma das principais base para o sucesso. Afinal de contas, não há pressão externa para que ele faça o que é necessário para alcançar o que deseja.- O processo de criação de hábitos é simples, composto de identificação da rotina, experimentação com as recompensas, isolamento de deixas e possíveis barreiras e criação de um plano.

- Além de formar hábitos, que uma vez criados requerem pouco esforço cerebral, criação de sistemas é outra maneira de contornar nosso limite natural da força de vontade.- Ter a mentalidade certa importa bastante e causa impactos reais no aprendizado. O cultivo do mindset de crescimento ajuda no aprendizado a partir de erros.- A sobrecarga cognitiva é um problema real e uma das grandes barreiras a ser superada no aprendizado de qualidade. A boa notícia é que é possível adotar um sistema para tratá-la.- Na ordem de fatores externos a fatores internos, o checklist a verificar ao se encontrar "travado" em um assunto: condições do ambiente de estudo, qualidade da instrução e do material,foco excessivo na avaliação, desenvolvimento de expectativas irreais, uso de estratégias mentais deficientes e baixos níveis de conhecimento de base.

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Essa é uma amostra do livro Os 7 Pilares do Aprendizado - Usando a ciência para aprender mais e melhor.

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