Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

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ERONILDES ANDRADRE DE MATOS SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: A INTERVENCAO PROFISSIONAL FRENTE A CRESCENTE REALIDADE

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Jacobina- BA2013

ERONILDES ANDRADRE DE MATOS

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIÇO SOCIAL

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: A INTERVENCAO PROFISSIONAL FRENTE A CRESCENTE REALIDADE

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Jacobina- BA2013

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: A INTERVENCAO PROFISSIONAL FRENTE A REALIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Serviço Social.

Orientador: Prof. Maria Ângela Santini

ERONILDES ANDRADRE DE MATOS

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Matos, Eronildes Andrade. Gravidez na adolescência:A ação Profissional frente a crescente realidade. 2013.. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social), Universidade Norte do Paraná, Jacobina – Bahia 2013

RESUMO

Na contemporaneidade a gravidez na adolescência tem se tornado um problema social que atinge cada vez mais um numero maior de famílias, que passa a ter toda a sua realidade alterada, na medida que acelera a fase da adolescência para a fase adulta. As causas são interligadas nas profundas transformações da estrutura família, isso tem refletido claramente as mudanças na sociedade. A família enquanto material de estudo possibilita a analise das múltiplas situações que envolvem a questão abordada. A ação profissional aponta novas reflexões acerca do papel da família na construção de identidade do adolescente, e no planejamento e execução de programas e projetos sociais caracterizados para a prevenção e orientação frente à gravidez na adolescência, sendo base concreta para a luta contra a gravidez de forma precoce.

Palavras-chave: Gravidez, Adolescência, Ação Profissional.

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1 INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, a sociedade brasileira passou a conviver com mudanças

significativas na estrutura das famílias, observamos que as mesmas estão mais

heterogêneas, enfrentando paradigmas ate então não observados.

No campo político mesmo os avanços identificados na maneira de observar e

interagir com o mundo a nossa volta observando as necessidades básicas podemos

observar barreiras culturais que dificultam o acesso aos direitos sociais, mesmo que

estejam previstos na constituição boa parte dos mesmos não são colocados em

pratica, expandindo como teoria mas não na pratica;

Dessa forma, tomando por base essa problemática o Assistente Social com as

ferramentas que possui deve utilizar-se das políticas publicas para realizar o seu

trabalho, através da defesa dos direitos dos usuários, ampliando e difundindo os

direitos e ao assim fazer contribuirá na criação de novas leis e políticas,

conscientizando para a importância na manutenção da família através do

planejamento e condições econômicas, sociais e psicológicas favoráveis na luta

conta os problemas sociais, Mynaio 1999..

Dessa forma, neste processo, temo como base as influencias e mudanças culturais

ao longo da historia, moldando a relação e constituição da família. A passagem da

família tradicional para a contemporânea tem suas raízes nas profundas

transformações do pensamento ético, moral, cultural e religioso do ser humano, que

se constitui conforme o modo de agir e pensar sobre si mesmo e o como se

relaciona com o mundo.

As novas constituições familiares que surgiram na sociedade moderna estabelecem

uma nova comunicação na construção afetiva educacional dos filhos adolescentes;

permitindo maior envolvimento emocional e participação de sua formação quando

comparado com os primeiros modelos de família, constituídas como forma de suprir

mão de obra para o trabalho no plantio, do qual a fase da adolescência não era

reconhecida e estudada como hoje, os jovens simplesmente passavam da infância

para a idade adulta conforme a previsão de seus pais.

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Dessa forma a gravidez na adolescência é uma realidade que não esta restrita

apenas as classes menos favorecidas, mas atinge a todas as classes sociais,

gerando mudanças abruptas na estrutura das famílias, mesmo os números

demonstrarem uma diminuição conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), ainda assim, é uma problemática a ser pensada e

direcionada a programas e projetos que visam minimizar essa ocorrência.

Este trabalho tem o intuito de ser mais um instrumento de reflexão e contribuir no

aprofundamento das reflexões sobre as consequências da gravidez na adolescência

na sociedade Brasileira, tomando como ponto central de analise as famílias,

consequências a curto, longo e médio prazo, além de analisar a ação do Assistente

social inserido no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) que se torna

um importante mediador na medida em que cobra o acesso a uma cidadania mais

digna para as mulheres e suas famílias bem como para a sociedade em geral..

Dessa forma, a existência de pouca bibliografia e a necessidade em debater o

assunto em questão nos levam a entender e justificar a escolha do objeto de

estudo.

No transcorrer dessa investigação cientifica o método utilizado para corresponder

aos objetivos foi a pesquisa bibliografia, pois essa metodologia permite analisar a

partir da leitura de livros, revistas e demais publicações investigar e buscar suporte

necessário na mesma. Dessa forma, a abordagem utilizada baseia no enfoque

qualitativo, que segundo Minayo (1999) “trabalha com um universo de significados,

representações, motivos, aspirações, crenças, valores, opiniões e atitudes, em

conformidade a uma área que é difícil de expor ou de compreender do ser humano e

suas relações, o que evidentemente, não há possibilidades de serem reduzidos à

operacionalização de variáveis”.

Portanto, o leitor ao examinar essa pesquisa que tem como base a analise

documental analisada sobre a otica da realidade terá uma leitura de fácil

compreensão e rica em conhecimentos, construídos ao longo da trajetória

profissional de vários autores.

Pretende-se ao término desse trabalho ter construído na ampliação das discussões

sobre a atuação do Assistente Social frente a problemática discutida,

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compreendendo assim, como se caracteriza esse fenômeno muito presente na

contemporaneidade.

No entanto, tomando por base as discussões aqui propostas as mesmas não serão

capazes de esgotarem todo o leque de variáveis que tendem a influencias nas mais

diferentes formas em que o fenômeno poderá ser caracterizado, considerando o

espaço territorial da pesquisa o mesmo representa um retratro próximo da realidade

do nosso pais na medida que a problemática está presente em todo território.. Nesse

sentido deve-se compreender todo processo de pesquisa como algo inacabado, pois

permitirá futuras revisões e criticas na busca por novas visões e contribuições da

realidade estudada.

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CAPÍTULO 1

FAMÍLIA

1.1.- CONCEITO DE FAMILIA CONTEMPORÂNEA

A família contemporânea surge em meio às profundas mudanças psico-sociais da

sociedade ao longo dos séculos, sendo conceituada e analisada por diversos

filósofos e pensadores de diversas épocas; despertando o senso critico acerca do

contexto familiar. (Pratta e Santos, 2007).

Quando pensamos sobre família, logo ligamos o termo à concepção de família

constituída pelo pai, mãe, filho, ou pessoas consanguíneas, e esquecemos de

considerar o contexto em que essa família está inserida, como analise cultural,

social, político e familiar; a definição de família pode ser um tanto subjetiva quando

não levamos em conta esses aspectos; pois depende de quem a define.

Segundo Mioto (1997, p.120), a definição de família é dada por:

Pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo, que se acham unidas (ou não) por laços consanguineos. Sua tarefa primordial é o cuidado com seus membros. Se encontra dialeticamente articulada com a estrutura social na qual se insere

O conceito de família depende ou não desses laços de sangue, estando

articularmente ligados à forma como se relacionam entre si, com respeito, carinho,

amizade, troca de conhecimento e experiências repartidas ao longo da convivência.

Esse sentimento de proteção e intimidade está diretamente relacionado à família.

Família é um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interação dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transacionais. Os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A família como unidade social, enfrenta uma serie de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais (MINUCHIN, 1990, p.25).

Com base no mesmo autor, os membros que ligam uma família contribuem

efetivamente para o crescimento individual e de convivência em grupo,

independente das diferenças étnicas e culturais, tendo como objetivo principal o

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cuidado e zelo pelo próximo de forma a criar um vinculo afetivo seja ele

consanguíneo ou não.

As famílias podem ser organizadas conforme se inter relacionam e se organizam

quanto ao numero de componentes, ou seja, a maneira como se constituem e

solidificam os laços fraternos de amor e mutualidade. A família nuclear é constituída

pelo pai, mãe e filhos, sendo considerada a mais comum das estruturas familiares,

se subdividindo quanto aos papéis de cada membro, ou seja, quando o homem é o

único provedor da família, sendo a mulher dona do lar e dedicada a cuidar dos filhos,

é chamada de família nuclear tradicional. (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).

Quando esses papeis se igualam entre homem e mulher, temos a família nuclear

conjugal, da qual será melhor discutida no capitulo 1.4.

As famílias monoparentais são aquelas constituídas somente pelos filhos e por um

dos genitores, ou seja, pai ou mãe, geralmente, quando ocorre divorcio, abandono

de lar ou óbito. Quando ocorre a separação do casal com filhos, e estes assumem

novas famílias, essa nova constituição familiar é considerada recomposta, onde

membros de uma antiga união familiar, genitor e filhos, coabitam com novos

membros reconstituindo uma nova família. As famílias extensas são aquelas onde

ocorre o aumento da família nuclear, ou seja, quando outro membro se une a

mesma família, geralmente, em casos onde os filhos casam e moram com os pais,

quando o filho (a) que prematuramente se torna pai ou mãe obriga-se a conviver na

mesma casa, ou parentes consanguineos, como avós que necessitam de atenção e

melhores cuidados. (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).

Segundo Sarti (2000), é através da família que se estabelece os laços de afinidade e

parentesco, vivenciando fatos da vida real como um grupo social concreto, através

da troca e enlaço emocional vinculam ainda mais as raízes parentais. A família é a

porta de entrada para a vida em sociedade, é o primeiro ensaio para a vida real,

onde se tem a chance de errar e aprender um com os outros, através dessa

mutualidade aprendemos o respeito pelo próximo, amizade, dedicação e postura

para encarar os desafios perante a vida.

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1.2.- CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA FAMÍLIA

O processo histórico da estrutura familiar está intrinsecamente relacionado com as

influências e mudanças estruturais e culturais da sociedade, conforme as mudanças

de agir, pensar e ser do homem ao longo da história, logo a família vai sendo

moldada de acordo com os novos paradigmas.

A família é uma instituição social que convive em um movimento de constantes transformações sociais, sendo permeada por valores do passado e do presente. Ela não é, portanto, fruto de uma vivencia imediata, mas, resultado de uma historia, trazendo um legado do passado em sua configuração contemporânea. A família, ao mesmo tempo em que constrói a história, influencia e recebe influência da sociedade fazendo parte de sua dinâmica. (D’INCÂO, 1989).

A família se constitui permeando longos processos de cultura e influencia da

sociedade ao longo dos séculos, passando de geração em geração diferentes

culturas e disseminações do pensamento ético e moral do ser humano, construindo

novos horizontes, semeando idéias e conceitos do passado para o presente,

tecendo a estrutura dinâmica da família tradicional para a contemporânea.

Segundo Cachapuz (2004), a palavra família deriva do latim e significa servo,

cortejo, idéia de casa, ligados a um mesmo ancestral. O surgimento da idéia de

família está vinculado ao sistema patriarcal, ao casamento monogâmico e

heterossexual.

Segundo relatos históricos, na Roma antiga, o homem era o membro supremo do

lar considerado como sacerdote, com autoridade máxima sobre os demais

participantes da família ou lar, sendo a mulher, filhos e escravos todos

subordinados, possuindo apenas sentimento de prazer e da carne, sem a

construção efetiva e amorosa de uma boa convivência (COULANGES, 1975).

No Brasil, a contextualização da família também se da pelo modelo patriarcal, onde

o homem era considerado superior em seu lar, sendo tarefa da mulher dar-lhe

prazer sexual, cuidar dos filhos e afazeres domésticos, sendo regulada e medida

conforme suas regras. À mulher era negado qualquer direito a critica, opinião,

estudo e trabalho sem a permissão do marido ou pai, detentores de total poder

(CACHAPUZ, 2004).

Aos filhos, não era permitido conversar com os pais, além de acatar ordens e plena

obediência, nem demonstração de afeto. O filho homem era desde pequeno

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submetido ao trabalho braçal do campo, onde a economia se dava praticamente

pela agricultura familiar; quando atingia a adolescência, geralmente, eram

apresentados à prostitutas, muitas vezes pelos próprios pais, na ânsia de verem os

filhos exercendo papel de homem. E quanto às meninas, eram treinadas para serem

donas do lar, prendadas e submissas aos futuros maridos, dos quais eram

escolhidos pelo pai, independente da idade e sentimento, visando mais riqueza e

prosperidade entre as famílias envolvidas; à menina não tinha direito de escolha, e

apenas à igreja lhe era permitido freqüentar além de sua própria casa, sem que

fosse mal vista pelo resto da sociedade (CACHAPUZ, 2004).

A estrutura familiar nessa época se dava por papeis bem definidos de cada membro,

de acordo com a idade e sexo, onde quase todos trabalhavam na mesma casa ou

campo, configurando a família extensa, pois quanto maior o numero de filhos e

parentes no mesmo teto, mais se somava mão de obra exploratória.

A igreja católica também era soberana em seus dogmas e preceitos religiosos, onde

submetia ainda mais as mulheres a submissão dos pecados, influenciando o direito

das famílias. Com o forte jogo de poder político que a igreja exercia na sociedade na

época, ela detinha o poder nas mãos dos homens, encorajando o papel de

subordinação sobre as mulheres e classes desfavoráveis de cultura e bens (BOZA,

FERREIRA e BARBOZA, 2010).

A partir do século XIX com o advento da revolução industrial o modelo patriarcal e a

idéia de família começam a ser questionados e sofrem intensas mudanças no

contexto político, social e religioso. Nesse contexto, o modelo de família nuclear

toma força, sendo constituída pelo pai, mãe e os filhos, sendo lançado à mulher

novo olhar e papel perante a família, onde deveria ser vista como a boa esposa, fina,

educada, prendada e que passa a zelar pelos cuidados do marido e educação dos

filhos com mais dedicação e amor. Sendo dever de o homem prever o sustento para

a família, apostando no futuro promissor do filho homem do qual atribuíam

expectativas e privilegiada educação para gerenciar os negócios da família.

São características dessa família: o amor conjugal e entre pais e filhos, a monogamia, a fidelidade, o cuidado da prole no sentido de protegê-la e educá-la de acordo com os princípios da moral, da higiene dos bons costumes. Enfim, é um lugar de refugio, de proteção, d e lealdade e amor, respeito à autoridade do pai, provedor e responsável pelo bem estar da família (POSTER, 1979 apud MACEDO, 1994, p.64).

Nesse período, surgem as primeiras questões sociais difundidas pela nova

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sociedade burguesa, que tomava força no comércio e no mercado fabril. Com o

avanço tecnológico das maquinas e mão de obra barata, as famílias passaram a ser

separadas por classes sociais, com a falta de recursos para alimentar a própria

família, muitas mulheres se viram obrigadas a trabalhar nas fabricas em troca de um

pouco mais que nada, a mão de obra era cada vez mais explorada e levou muitas

crianças a serem praticamente escravas desse trabalho ardil.

A ruptura entre local de produção e local de reprodução trazida pelo capitalismo reduz a função econômica da família à produção de valores de uso ou prestação de serviços domésticos, através do trabalho domestico, já que a produção de bens propriamente dita passa a ser feita no mercado, nas fabricas, e nas empresas. (BRUSCHINI, 2000, p.54).

Para Kaloustian (1994), a família é o espaço fundamental para a garantia de

sobrevivência e proteção dos filhos e membros familiares, independente da estrutura

como se organizam. Nesse contexto, surge a preocupação com a educação e saúde

dos filhos, fortalecendo os vínculos familiares, baseados em afeto e muito suor para

garantir o sustento e esperança de uma vida melhor. Conforme Szymanski (2002), a

estrutura familiar não é determinada em relação aos cuidados com a família, pois

duas famílias podem apresentar comportamentos diferente de relacionamento,

sendo relevante somente as histórias, a classe social, a cultura familiar e

organização significativa dessa estrutura familiar no mundo.

1.3.- CONFIGURAÇÃO FAMILIAR DO SÉCULO XXI

A sociedade vem moldando-se e criando novos paradigmas ao longo dos séculos,

através da ruptura com idéias e conceitos do passado conquistamos direitos e

espaço social permeando por novos anseios, lançando um novo olhar sobre a

sociedade e o conceito de família tradicional.

A concepção de família moderna se dá basicamente pela troca de papéis entre

homem e mulher, numa sociedade onde a mulher ganha cada vez mais espaço

igualando seus direitos e funções às dos homens.

Para Lacan (2002), a família moderna aparece como uma contradição da instituição

familiar e mostra uma estrutura complexa, uma vez que perpassa por complexos

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cujos papéis são organizados no desenvolvimento psíquico. Os papéis familiares

vem mudando conforme as mudanças naturais do desenvolvimento da sociedade

em geral, agregando novos valores e obrigações para com a família, sendo que

processar essas mudanças e compactuar com elas não é tarefa fácil, principalmente

quando no mesmo núcleo familiar convivem pessoas de diferentes gerações.

Durante séculos na história da sociedade, a mulher foi oprimida em relação a seus

direitos e opiniões, com o avanço da tecnologia, educação social e política, esse

quadro sofreu, gradativamente, intensas mudanças, mas que hoje cedeu espaço

incondicional para a nova mulher do século XXI, uma mulher que luta e conquista

seus direitos e toma voz na sociedade em qualquer papel que lhe condiz representar

(BORSA e FEIL, 2008).

Dentro desse contexto, o homem vem tentando redefinir seu papel na família e na

sociedade, resgatando, pela própria necessidade econômica, valorizar seu lado

paterno com os filhos e emocional com a família como um todo; refletindo nos

demais papeis que assume, seja ela, profissional, acadêmica ou familiar. Muitas

foram às observações acerca da reprodução da sociedade nas ultimas décadas, não

só os papeis homem e mulher tomaram outros rumos, mas muitas estruturas sociais

da sociedade tiveram seu perfil modificado ao longo da historia. A legalização do

divórcio, o avanço do anticoncepcional, longevidade dos idosos, controle de

natalidade, maior inclusão social, entre outros.

A partir dessas mudanças, novas configurações familiares surgiram na sociedade do

século XXI, como exemplos, a legalização do casamento e adoção dos casais

homossexual, pais que são divorciados e criam seus filhos sozinhos, mulheres que

optam pela maternidade independente, o aumento de adolescentes grávidas, a

redução de numero de filhos por casal. Essas configurações originaram novos

conceitos de família, como a família homossexual, onde existe relação entre duas

pessoas de mesmo sexo, famílias comunitárias, onde homens e mulheres coabitam

a mesma casa ligados por um mesmo ideal ou pensamento, família adotiva, em que

casais passam a ter seus filhos através da adoção ou criando filhos oriundos de

outros casamentos, família de união livre, onde por opção a família escolhe não se

legalizar pelo casamento religioso ou civil, família grávida, onde um membro

engravida sem contar as condições sociais, entre varias outras. A constituição

familiar que mais tem crescido nos últimos tempos é a família nuclear conjugal, onde

homem e mulher dividem os mesmos papeis (BOZA, FERREIRA e BARBOZA,

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2010).

Com base nessas observações, podemos notar a grande diferença da família

contemporânea para a tradicional, um cenário histórico onde a mulher deixa a

submissão ao marido e o trabalho exclusivo de dona do lar para ganhar espaço no

trabalho remunerado, no direito a voto, e demonstração de seus sentimentos com a

família. O homem também muda de opressor e detentor da razão para o papel de

pai, marido e colaborador das despesas familiares. A relação entre pais e filhos

também passaram por intensas mudanças, deixando o modelo de autoritarismo para

a valorização do dialogo, amor, paciência e dedicação. Os idosos também passam

a ter outra perspectiva de convívio dentro da família, com o aumento da expectativa

de vida, o prolongamento de tempo no trabalho ou atividade, passam a ter mais

convívio com a família e principalmente, com o aumento das separações, as avós

muitas vezes, passam a cuidar dos netos em tempo integral, quando não ganham a

guarda dos mesmos, por diversos fatores.

Independente das configurações familiares existentes, não existe um modelo padrão

para família, ou seja, a família sempre será o núcleo de convivência, socialização,

afeto, educação e proteção dos seus membros, principalmente, dos primeiros

cuidados com a criança (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).

Comparando com as outras décadas, hoje se tem uma visão diferenciada sobre a

família, pois os parâmetros idealizados são outros, assim, como as idéias, conceitos

religiosos e sociais também. O ser humano evolui à medida que pensa sobre si

mesmo e sua família.

1.4. PAPEL E IMPORTÂNCIA DA FAMILÍA NA ADOLESCÊNCIA

A família tem sido durante anos o primeiro contato para a vida em sociedade, uma

oportunidade de aprendizado na convivência com outras pessoas com idéias e

atitudes diferentes. A Convivência em família nem sempre é tarefa fácil, mas traduz

como será a vida real lá fora, a vida em que aprendemos a construir e almejar; no

primeiro momento, tudo parece ser simples e fácil, mas na medida em que os jovens

crescem, passam a observar as inúmeras dificuldades que os pais enfrentam e que

logo, irão enfrentar (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010).

De acordo com Sarti (2000), as mudanças que redefiniram a família

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na sociedade são responsáveis pelo distanciamento de alguns elementos antes

presentes na família tradicional, como o casamento, amor, a sexualidade, a troca de

experiências, que antes eram vivenciados por papeis definidos no meio familiar;

hoje, devido à busca pela individualidade, as famílias precisaram se readaptar

alterando papéis e regras antes estabelecidas por cada família.

Muitos conceitos evoluíram, muitos papéis foram reconfigurados, porém, nem todas

essas mudanças e simpatia atingiram a todas as famílias, devido ao atraso

sociocultural, e a forte influencia que tiveram de suas famílias de origem, muitas

famílias atuais tem problemas de convívio e de entendimento dos anseios e

emoções dos filhos.

Muitas famílias não conseguem estabelecer uma boa relação com os filhos, porque,

não se desligam de idéias e conceitos vivenciados na sua própria infância. Muitas

vezes, os erros cometidos pelos pais, são reflexos do que passaram na infância,

aprofundando o sentimento de culpa, e agravando a construção de amizade,

respeito e amor entre pais e filhos.

A família é o anseio da reprodução social, da socialização, e construção de laços de

afeto, sendo esperado que dentre esses aspectos, os filhos sejam educados com

amor, respeito, educação e bondade, ficando livres e protegidos das mazelas da

sociedade. A família busca proporcionar aos filhos um caminho e lugar na sociedade

melhor do que eles próprios tenham experimentado.

A família é o palco em que se vive as emoções intensas e marcantes da experiência humana. É o lugar onde é possível a convivência do amor e do ódio, da alegria e da tristeza, do desespero e da desesperança. A busca do equilíbrio entre tais emoções, somada as diversas transformações na configuração deste grupo social, tem caracterizado uma tarefa ainda mais complexa a ser realizada pelas novas famílias (WAGNER, 2002, p.35-36).

Em vista desses aspectos, muitas famílias sofrem porque não conseguem seguir

esse padrão, geralmente, pelas famílias menos favorecidas. O anseio por idealizar

algo para os filhos, pode se tornar dor de cabeça, pois muitas famílias esquecem a

individualidade dos filhos, de que estes, precisam ter espaço para construir seus

próprios sonhos e objetivos.

Cada família tem suas particularidades, seja na forma como se relaciona com os

filhos e demais membros, ou como estabelece a ligação emocional e

comportamental, possuindo diferentes hábitos, regras, religião, cultura, linguagem,

comportamento, enfim, são esses parâmetros que definirão todo o processo de

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construção entre pais e filhos, marido e mulher, bem como toda relação familiar.

A família possui papel primordial no amadurecimento e desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos, apresentando algumas funções primordiais, as quais podem ser agrupadas em três categorias que estão intimamente relacionadas: funções biológicas (sobrevivência do individuo), psicológicas e sócias. (OSORIO, 1996 apud PRATTA e SANTOS, 2007, p.250).

De acordo com autor, independente das mudanças ocorridas em relação a

composição e estrutura familiar, a família continua sendo a base fundamental para o

crescimento, desenvolvimento e amadurecimento das crianças e jovens, de forma a

prepará-los para a vida como adultos. Os pais ou a constituição familiar torna-se um

modelo para esses jovens adolescentes que terão sua formação psicológica e social

baseadas no comportamento geral do convívio familiar.

Amar os filhos não é apenas cuidar do seu bem estar pessoal ou dar ordens e regras sem significação. É bom lembrar que amar os filhos é deixá-los viver suas vidas, mas sempre assegurando a presença de pai e mãe cuidadosos e interessados. É comovente pensar que amar os filhos é divertir-se com eles, sempre que possível. É reconfortante aceitar que amar os filhos é confiar em suas possibilidades. A fala amorosa sugere e lembra que é possível termos um novo olhar sobre os nossos filhos, o que, seguramente, permite uma relação mais gratificante, uma troca mais enriquecedora (BEACH, 1968, p.12).

Hoje, é comum ver famílias com cada vez menos tempo de convivência com seus

filhos, devido a enorme carga horária de trabalho e estudo. Essa falta de interação e

convívio satisfatório afasta o bom dialogo, resultando em problemas no futuro,

quando as crianças crescem e se tornam adolescentes. É imprescindível que para

uma relação saudável e com harmonia familiar se tenha dialogo entre pais e filhos, e

quando falamos de dialogo, não entra o fato de conversar sobre trivialidades, escola,

e as atividades realizadas no dia, mas saber criar e proporcionar espaço para a

criança ou jovem se abrir emocionalmente sobre suas duvidas, problemas e opiniões

sobre a convivência familiar e social.

É comum que todos os pais desejem um relacionamento perfeito com seus filhos,

conhecê-los muito bem, partilhar desejos e opiniões, ter confiança, passar

experiências e ter respeito. Essas expectativas a cerca da criança e do jovem, traz

muitas vezes decepção e dificuldade de educá-los, pois não existe um modelo

padrão de como se educar e amar, cada família precisa buscar construir uma

relação de carinho, respeito e convivência agradável a partir dos seus ideais e

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comportamentos, o exemplo dos pais é fundamental para o crescimento e

amadurecimento, principalmente para os jovens (FORTE, 1996).

Na adolescência, os pais sentem dificuldades de direcionar o exercício de autoridade e de definir seus limites. Os filhos questionam valores, perdem por vezes referencias e acham-se abertos a aventuras e novas experiências, apresentando demandas cognitiva, culturais, esportivas e socialização dentre outras (BRASIL, 1998, p.25).

A convivência familiar é muitas vezes a porta de desespero para muitos

adolescentes, quando se entra numa fase em que apenas os amigos são

importantes, suas próprias idéias e maneira de agir. Criticando tudo e todos que não

fazem parte das próprias convicções, deixando de abrir espaço para o dialogo

fundamental para a convivência familiar.

É importante se considerar as expectativas da família frente ao adolescente. No processo de estabelecimento da identidade do adolescente, pede-se a ele independência em relação à família, ao mesmo tempo e que esse espera dele comportamento de obediência e submissão. Em nossa sociedade, no geral, adolescência se caracteriza por uma condição que não é mais a de criança, mas nem deve ser ainda a do adulto. É a condição de adolescente selada pela provisoriedade (FORTE, 1996, p.159).

A presença da família na fase da adolescência é fundamental, pois

ela será noreadora do desenvolvimento psicoemocional e comportamental do jovem,

contribuindo para o amadurecimento e compromisso deste com a sociedade.

Segundo Forte (1996, p.160), “há muitos pais que compreendem a adolescência

como um processo na vida do filho [...] mantendo postura e dialogo de abertura para

como filho”. A família sempre estará em constante mudança de acordo com a

evolução cultural, religiosa e política da historia da humanidade. (FERREIRA, 2006).

Porem, algumas mudanças refletem nas questões e conflitos familiares presentes na

sociedade moderna, como exemplo a gravidez na adolescência que será melhor

discutida nos próximos capítulos.

1.5. A FAMÍLIA E AS POLÍTICAS SOCIAIS

Após a Segunda Guerra Mundial, foi implementado na Europa o Estado de Bem

Estar, sendo organizada pela sociedade na busca pela garantia de seus direitos

conjuntamente com a rede pública do Estado.

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O Estado de Bem Estar instalado nos países europeus propõe, principalmente, o incentivo e a manutenção do capitalismo. Sustenta o principio da mediação da relação capital versus trabalho. No sentido de garantir a regras sociais, o Estado assume a postura de controlador das políticas publicas, garantindo o mínimo necessário ao desenvolvimento do cidadão de direitos (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010, p.151).

Conforme Carneiro, Vasconcelos e Silveira (2007), A partir da década de 1970 com

a força dos movimentos sociais, tomaram força a crescente preocupação com as

famílias por parte da intervenção estatal. Essa visão de proteção da família como

dever e obrigação da sociedade e estado, entraram em conforto com o Estado de

Bem Estar instalando o Neoliberalismo, buscando então, sanar a crise em meio ao

contexto social e familiar partindo para a concepção das políticas sociais.

Podemos entender políticas sociais como um conjunto de ações governamentais organizadas, publicas, que se traduzem em diretrizes que operam fundamentalmente os setores da saúde, assistência social, previdência social, educação, habitação, segurança, visando assim garantir os direitos de cidadania (BOZA, FERREIRA e BARBOZA, 2010, p.152).

Ainda de acordo com o autor, a política social entra como instrumento estatal para

controlar a pobreza e as questões sociais emergentes na sociedade, visando o

desenvolvimento dos indivíduos como cidadãos de direitos, sendo compromisso da

família contribuir nesse processo de desenvolvimento, e fazer cumprir a garantia dos

seus direitos. ”O Estado e a família constituem papéis semelhantes na sua forma de

atuação, pois são reguladores, impõem direitos de poderes e deveres de proteção e

assistência, entretanto a família e as políticas publicas apresentam funções similares

ao desenvolvimento e proteção social dos seus membros” (BOZA, FERREIRA e

BARBOZA, 2010, p.158).

14

Page 18: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

CAPITULO 2

ADOLESCÊNCIA

2.1. CÓDIGO DE MENORES E ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

A infância passou a ser percebida quando a mulher ingressou no mercado de

trabalho, desde a revolução Industrial, deixando de atender exclusivamente o

trabalho doméstico do lar e filhos, com o excesso de carga horária no trabalho, a

falta de tempo contribui para que as famílias não conseguissem dar conta da

educação e desenvolvimento das crianças e jovens; Transformando-os em menores,

com a característica de delinqüente e abandono social (GODOI et.al, 2009).

A preocupação com a proteção da criança não deve servir de pretexto para anulação de sua criatividade, assim como a indiferença pela criança não pode ser confundida com respeito pela sua liberdade. É preciso que se conjuguem ambas, a proteção e o respeito, para que a criança possa exercer em toda plenitude, o seu direito de viver. E viver é participar da vida, é acrescentar alguma coisa a criação, é imprimir sua marca no mundo criado. Desse modo, o exercício do direito a vida deve ser constante pratica do pensar do falar e do agir, da expressão livre do dialogo (DALLARI e KORCZAC, 1986, p.53).

No contexto histórico a lei passou a amparar a criança e o adolescente em

diferentes contextos sociais. Em 1927, foi promulgado o código de menores em

forma de decreto n°. 17.943, tendo como principal característica proteger a

sociedade do mundo marginalizado e conflitos que esses menores representavam

na época. Esse código permaneceu por 52 anos, passando por algumas

transformações, sendo adaptado a novas leis de trabalho em 1943, pelo decreto de

lei nº. 6026. A legislação passa a ter caráter de tutela, passando a responsabilidade

para o Estado em manter a ordem e vigia às famílias e instituições para menores

(SILVA e APARECIDO, 2005).

O novo Código de Menores visava proteção e vigilância aos menores de 18 anos, e

jovens de 18 a 21 anos de acordo com o Código de Menores (art. 1°, 1979), sendo

então enquadrados como grupo de menores em situação irregular, e não mais, pela

situação de carência e abandono.

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Page 19: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

Art. 2° para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor:Privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; II - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; III - em perigo moral, devido a: a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes; b) exploração em atividade contrária aos bons costumes; IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável; V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária; VI - autor de infração penal. Parágrafo único. Entende-se por responsável aquele que, não sendo pai ou mãe, exerce, a qualquer título, vigilância, direção ou educação de menor, ou voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de ato judicial. (Código de Menores, lei 6.697/79, 1979).

Em 1950 foi proclamado pela ONU os direitos internacionais da Criança através da

Constituição de 1988, assegurando o processo de cidadania a crianças e

adolescentes enquanto sujeitos de direitos e deveres.O artigo 227, afirma esses

direitos:

É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, alem de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, p.110).

Em 1990 foi finalmente elaborado o Estatuto da criança e Adolescente (ECA),

estabelecendo um salto em relação ao Código de Menores, de acordo com Godoi et.

al (2009, p.89-90), “busca o reordenamento político e institucional e envolve a

sociedade civil nos debates, nas decisões e controles de políticas de atendimento às

crianças e aos adolescentes”.

É dever da família, a comunidade, da sociedade em geral e do poder publico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990a, p.1).

Com o ECA as crianças e adolescentes passam a serem vistos como adultos de

direitos, e não como menores em situação de vulnerabilidade, abrangendo a toda e

qualquer criança e adolescente, independente de raça, sexo,e condição social

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Page 20: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

(GODOI et al, 2009). No processo de reinserção na sociedade, o ECA, passa a

garantir esse processo envolvendo de forma construtiva a família, sociedade e o

poder publico.

2.2. ADOLESCÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

A concepção da adolescência tem suas raízes nas profundas transformações da

sociedade, marcada pelas mudanças no modelo das famílias ao longo dos séculos.

As origens históricas sobre essa fase presente na vida do homem, não são

claramente definidas, não se tem embasamento concreto de quando a sociedade

passou a percebê-la como fase diferenciada da infância. Segundo Lepre (2008), até

o século XVIII não se tinha a adolescência como fase natural, a criança passava

direto da infância para a fase adulta, sendo impulsionado pelas escolhas da

autoridade de pai, onde determinava qual era a melhor hora para seu filho (a)

ingressar na vida como adultos.

Conforme Áries (1981), a transformação da Idade Media para a modernidade, se dá

por três fatos históricos, sendo o novo papel do Estado e justiça, modelando o

espaço social, o desenvolvimento da alfabetização e avanço da cultura, e pelas

novas configurações religiosas. A adolescência como fase intermediaria da infância

e fase adulta só passou a ser definida a partir do século XVIII, sendo realmente

percebida e estudada no século XX, com o despertar da era da adolescência.

A adolescência corresponde a um período do ciclo natural da vida que vem sofrendo alterações ao longo da história, seja quanto a localização dos indivíduos nos grupos, quanto as normas de condutas, fenômenos demográficos, que por vezes, também, tem afetado o comportamento dos jovens assim como progresso das ciências, como antropologia, sociologia, e psicologia que tem atribuído estudo quanto ao meio sociocultural do adolescente; apresentando características especiais em função das épocas em que se delimita o estudo, do ambiente cultural , social e econômico. Cada geração é afetada com os problemas socais da época (BRACONNIER e MARCELLI, 2000, p.61).

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A palavra adolescente vem do latim “adolescere” que significa fazer-se “crescer na

maturidade” (Muuss, 1976). Conforme a Organização Mundial de Saúde (2004), a

adolescência compreende a faixa etária dos 10 anos aos 20 anos, uma fase

marcada pelas mudanças do mundo infantil para o curioso mundo adulto, uma fase

onde o jovem passa por diversas transformações psicológicas, sociais e sexuais. A

adolescência é um período de intensas mudanças, um processo pelo qual o jovem

experimenta vários conflitos, como de aceitação pessoal e social dentro do meio do

qual está inserido, seja na família ou nas relações sociais.

Conforme Costa (1998, p.4), define a “adolescência como um segundo nascimento

do individuo e atribui como tarefas básicas deste período da identidade pessoal e

social”. Roberts (1988, p.22), “é um período de tempo que envolve perdas e ganhos,

que envolve a flutuação e o estabelecimento de novas maneiras de pertencer, e que

envolve a aceitação de uma imagem do corpo em mudança, como resultado do

inicio da puberdade”. De acordo com Leal (2000, p.23), “a adolescência é um

período como tantos outros que, vistos ao longe com o distanciamento que os anos

e os acontecimentos de vida posteriores permitem não tem grande história”.

Em concordância com os autores, a adolescência é marcada pela diversidade de

emoções e transformações mental e do corpo físico, uma fase da qual, os jovens

constroem a sua identidade, modelando-se conforme as experiências percebidas de

acordo com o meio, definindo seus sonhos, e projetos de vida que irão nortear a vida

como adultos.

O processo de construção de identidade de produção oscila entre dois movimentos: de um lado, estão aqueles processos que tendem a fixar e estabilizar a identidade, de outro, os processos que tendem a subvertê-la e a desestabiliza - lá. É um processo semelhante a que ocorre com os mecanismos discursivos e lingüísticos nos quais se sustenta a produção da identidade. Tal como a linguagem, a tendência da identidade é para a fixação. Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, à identidade está sempre escapando. Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, à identidade é pra a fixação. Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, à identidade está sempre escapando. Afixação é uma tendência, e ao mesmo tempo, uma impossibilidade (SILVA, 2000. p.84)

O processo de construção da identidade é construído através das influencias do

meio social do individuo, sendo fundamental, considerar os fatores culturais e

psicológicos, conforme Silva (2000), as representações incluem as possibilidades de

tudo o que somos e podemos nos tornar, dando sentido às experiências vivenciadas

como sujeitos.

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Page 22: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

2.3. SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA

A fase da adolescência é confrontada com muitas mudanças psicológicas e

corporais, marcado com o inicio da puberdade. Segundo Osório (1992), a

adolescência é uma fase onde a personalidade está na etapa final de estruturação e

a sexualidade se estabelece nesse processo, como elemento norteador da

identidade do adolescente.

O jovem quando entra na fase da adolescência, sente-se

mergulhado num mundo novo e cheio de descobertas, da qual é aguçada a

curiosidade, principalmente, pelas coisas da qual ainda não conhece. Essa mistura

de sentimentos e exploração por novos conhecimentos o leva a experimentar a vida

sexual cada vez mais cedo. De acordo com Castro, Abramovay e Silva (2004, p.29):

A sexualidade é uma das dimensões do ser humano que envolve gênero, identidade sexual, orientação sexual, erotismo, envolvimento emocional, amor e reprodução. É experimentada ou expressada em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, atividades, praticas, papeis e relacionamentos. Além dos consensos de que os componentes socioculturais são críticos para a conceituação da sexualidade humana, existe uma clara tendência em abordagens teóricas, de que a sexualidade se refere não somente ás capacidades reprodutivas, do ser humano como também ao prazer. Assim, é a própria vida. Envolve, além do nosso corpo, nossa história, nossos costumes, nossas relações afetivas, e nossa cultura.

No processo de construção de identidade do adolescente, a sexualidade está

intimamente imbuída nesse processo como um todo, sendo uma construção natural

no processo evolutivo dessa fase de adolescer para a adulta. Para Figueiredo (1998,

p.9):

Reconhecer a sexualidade como construção social assemelha-se a dizer que as praticas e desejos são também construídos culturalmente, dependendo da diversidade de povos, concepções de mundo e costumes existentes: mesmo quando integrados em um só país, como ocorre no Brasil. Isso envolve a necessidade de questionamentos de idéias majoritariamente presentes na mídia em conceitos idealizados, que são naturalizadas e assim, todos os grupos sociais, independentemente de suas origens e localização.

Os jovens do século XXI vêem a vida sexual de forma muito espontânea e até

mesmo banalizada, hoje, muitos adolescentes, não se permitem conhecer o próprio

corpo e sentimentos quando decidem iniciar a primeira relação sexual; assim, como

não escolhem ou definem seus parceiros pelas emoções atribuídas, apenas o prazer

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Page 23: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

está inserido nesse processo, e a constante pressão e influencia da sociedade como

um todo. Conforme Ana Claudia Bortolozzi Maia, professora de Psicologia da

UNESP de Bauru, ressalta que “a sexualidade tem sido discutida mais aberta nos

discursos pessoais e meios de comunicação, na literatura e arte. Entretanto, essa

aparente liberdade sexual não torna as pessoas mais livres, pois ainda há bastante

repressão e preconceito sobre o assunto”.

O adolescente quando embutido na busca pelo prazer sexual e aceitação social, se

sujeita as muitas influencias negativas da sociedade, principalmente as que

prometem “facilitar” as relações sociais, desinibindo e alegrando, como o uso de

drogas, bebida, cigarro, enfim, o jovem se submete a situações de risco e

vulnerabilidade quanto a sua segurança e desenvolvimento saudável como individuo

em processo de construção.

Em concordância com a professora, a mulher e concomitantemente a menina

adolescente tem sido muito cobrada pela sociedade pela independência pessoal e

profissional, sem levar em conta suas expectativas e sentimentos quanto a essas

escolhas, sendo considerada infeliz a mulher que opta por escolhas diferentes a

estas. A virgindade entra nessa questão de pressão social, onde era vista como

pureza e preservação da menina a décadas atrás, hoje é um problema do qual,

muitas adolescentes sob pressão social do grupo a qual convivem, sentem-se

obrigadas a perderem a virgindade para serem aceitas e vistas como jovens

independentes e cabíveis no modelo de adolescente moderno.

Na atualidade o adolescente é encarado como livre quanto às escolhas que fazem,

principalmente, pela sua sexualidade, mas nem sempre estes jovens, possuem

responsabilidades e informações suficientes para extrapolar essa liberdade social;

os relacionamentos sérios, como namoros tem ficado para trás dando espaço para

as “ficadas”, onde os jovens se permitem a troca de carinhos e sexo sem o

relacionamento serio, mas ao mesmo tempo em que essas mudanças no contexto

social podem ser positiva do ponto de vista de independência, e autonomia em

escolher melhor o parceiro sem o compromisso de ter que atribuir um casamento

futuro, essas mudanças contribuem para uma adolescência em conflito de emoções

e problemas dos jovens que não sabem lidar com a tal liberdade, confundindo

muitas vezes a própria escolha da sexualidade, sofrendo por não compreender seus

sentimentos, sensação de ser usado, pelas doenças sexualmente transmissíveis

que se arriscam, e pela gravidez na adolescência do qual o presente trabalho visa

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Page 24: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

discutir (CANO, FERRIANI e GOMES, 2000).

Nas sociedades contemporâneas a escola tem sido o espaço privilegiado para a aquisição de habilidades cognitivas e sociais por crianças e jovens, facilitando os processos de recriação do mundo e, assim, reduzindo a sua vulnerabilidade social. Jovens fora da escola têm menos chances de reinterpretar as mensagens pejorativas relacionadas às idéias de pobreza, negritude e feminilidade, o que interfere no modo como será exercida sua sexualidade (VILLELA e DORETO, 2006, p.2469).

A relação dos pais frente à sexualidade dos filhos adolescentes é muito discutida por

diversos autores, para Tiba (1986), os pais nem sempre conseguem transmitir o que

realmente desejam, considerando que na maioria das vezes, são movidos pelo

desejo de quererem ver os filhos mais felizes do que eles mesmos foram em suas

épocas, segundo Suplicy apud Cano, Ferriani e Gomes (1991, 2000, p.21), a

sociedade tem passado por varias transformações nas ultimas décadas,

principalmente frente à questão da sexualidade, deixando os pais confusos ao

deparar-se com essa problemática junto aos filhos, sendo que décadas atrás as

famílias tinham uma visão bem definida e estruturada quanto ao que era certo e

errado, na hora de transmitir isso para os filhos e a sociedade.

De acordo com a autora os conflitos experimentados pelos pais nas famílias

contemporâneas, tem ido ao encontro de todas as mudanças da sociedade

culturalmente e socialmente, remetendo-os a insegurança quanto à melhor

educação e delimitações com os filhos adolescentes, mas independente dessas

transformações os pais precisam continuar a transmitir valores como respeito a si

mesmo e aos outros, senso critico opinião própria, e busca por orientação sempre

que tiverem duvidas. Para Conceição apud Cano, Ferriani e Gomes (1998, 2000,

p.20), as transformações de valores das famílias atuais tiveram inicio na década de

60, através dos movimentos juvenis que buscavam romper com a opressão sexual

que eram submetidos.

A posição dos pais frente à sexualidade ainda é complicada, visto que, muitos pais

sentem dificuldades em abordar conversas sobre o tema com os filhos, seja por

vergonha, seja pelos parâmetros diferenciados da educação rudimentar que tiveram,

num tempo em que sexo só depois do casamento, muitos pais tem receio de

influenciar a vida sexual dos filhos através do dialogo sobre o assunto, reprimindo a

abertura para tal dialogo (BOCARDI, 1997). Segundo Osório (1992), muitas famílias

sentem dificuldade em abordar a sexualidade com as meninas, considerando

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Page 25: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

importante conversar somente sobre o processo do ciclo menstrual, na idade

escolar, e sobre as doenças sexualmente transmissíveis com os meninos; essa

ruptura de dialogo construtivo entre pais e filhos na contemporaneidade tem

proporcionado amplos problemas sociais, como a gravidez indesejada na

adolescência, aumento de jovens com HIV e jovens perturbados em relação a sua

sexualidade.

Afirma Monteiro (1985, apud Ferreira e Nelas, 2006), que o adolescente faz um

processo de reintegração do seu passado e a infância, formando uma nova

identidade. A entrada do mundo dos adultos é ao mesmo tempo desejada e temida,

sendo considerado um período de confusão. Em vista disso, se da à importância da

presença e dialogo das famílias frente à essa passagem da vida dos filhos, a

adolescência.

2.4. RELAÇÃO ENTRE PAIS E ADOLESCENTES

Para Cury (2003), os pais da geração atual, se preocuparam em dar o melhor para

seus filhos, melhores brinquedos, televisão, vídeo game, computadores, passeios,

escolas e sonhos de um ótimo futuro para os filhos. Porém, não perceberam que

criaram um mundo artificial, com tantas tarefas e perspectivas para as crianças e

jovens, que acabaram afastando-os da verdadeira infância, onde se inventa, corre

riscos, abusa da imaginação, frusta-se, tem-se tempo para brincar. “Há um mundo a

ser descoberto dentro de cada crianças e de cada jovem. Só não consegue

descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo” (CURY,2003 p.4).

Nos dias de hoje, tem sido difícil para os pais saberem lidar com seus filhos e como

melhor educá-los, tanto as crianças quanto os adolescentes possuem

comportamentos e atitudes muito diferentes das que se tinham décadas atrás,

quando os pais eram as crianças e os adolescentes em questão. Hoje, as crianças e

os jovens estão mergulhados num mundo moderno e facilitado, onde o consumismo,

a mídia, as influencias das rodas de amigos tem influenciado muito nas mudanças

de comportamento principalmente dos adolescentes.

O ponto principal de uma relação harmoniosa entre filhos e adolescentes, está do

dialogo, mas o grande problema é que muitos pais não sabem a hora certa e como

abordar certos assuntos ou até mesmo como iniciar uma conversa sem que esta

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Page 26: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

leve a um stress ainda maior, afastando o jovem ainda mais. Para Marlatt (2004), é

comum os adolescentes discordar da opinião dos pais, achando que não é nada

disso, se irritarem, fiarem sonolentos, serem agressivos, não terem paciência

nenhuma em ouvir os pais. Essas manifestações frente às investidas de muitos pais

acabam sendo desanimadoras e cansativas, frustrando a família e muitas vezes

levando a um afastamento ainda maior desse adolescente e da família. Conforme a

autora, os pais precisam acertar os horários e locais certos para as conversas e

chamadas de atenção. Não basta ser agressivo com os filhos, levantando o tom de

voz, chamando atenção toda hora pra pequenas coisas, fazendo cobranças além de

sua compreensão como jovem, e principalmente, querer dar sermão na frente de

amigos ou na escola. Essas atitudes tendem a não dar certo, pois na adolescência o

jovem tem suas opiniões e sentimentos mais aflorados, mais expressivos; a melhor

coisa é saber abordar o assunto numa hora mais apropriada, onde estejam apenas

os pais e o filho, numa construção de amizade e entendimento, e não de guerra e

gritos. Conforme Marlatt (2004, p.12), sobre a posição dos pais frente aos filhos:

Além de manter a calma, tente abrir espaço para reflexão. Seja franco e honesto, mas não raivoso. Expresse preocupações e mágoa, se for o caso. Transmita seus sentimentos e convide-o a refletir, dê espaço para que ele se expresse, dê tempo para que ele pense “você quer pensar nisso que eu te falei e conversar mais tarde?”; Depois a gente conversa de novo sobre isso, pois eu gostaria muito de saber sua opinião”.

Segundo Castro (1998), o adolescente está cada vez mais solitário em relação a sua

família, os pais estão sempre preocupados em adquirir mais bens, ganhar mais

dinheiro, não perderem tempo com bobagens, serem corretos o tempo todo no

trabalho. O diálogo na família é quase escasso, crianças e adolescentes são

educados em frente à televisão, onde trata assuntos sobre sexo, violência, traição,

ódio, e o eterno final feliz.

Esse é exatamente o retrato da família moderna, onde os pais precisam ir a luta

para o sustento da casa, deixando seus filhos atolados com tarefas extracurriculares

ou em frente a televisão, vídeo game ou computador. Quando os filhos entram na

adolescência, os conflitos vem a tona, e a convivência entra em crise, pois a falta de

dialogo , amor, e respeito não foram construídos ao longo da infância.

Esperávamos que no século XXI os jovens fossem solidários, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não tem garra e projetos de vida. Imaginávamos que,

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pelo fato de aprendermos línguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores, no local de trabalho e nos clubes, a solidão seria resolvida. Mas as pessoas não aprenderam a falar de si mesmas, tem medo de se expor , vivem represadas em seu próprio mundo. Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam seus sonhos, magoas, alegrias, e frustrações (CURY, 2003, p.5).

De acordo com o autor, essa grande frustração dos pais frente à falta de opinião e

objetivos dos filhos, é causa das super expectativas criadas em torno do que

esperam dos seus filhos, muitas vezes, os pais sonham exatamente aquilo que não

conseguiram realizar em suas vidas, e quando descobrem que os jovens apenas

querem aproveitar essa fase, namorar, curtir com amigos, fazer festas, descobrir

suas próprias opiniões e vocação para o que realmente desejam se tornar quando

adultos acaba sendo frustrante para os pais, pois o conflito de geração e a falta de

paciência e compreensão entre muitas relações de pais e filhos, é fator agravante da

construção afetiva da convivência familiar.

CAPITULO 3

GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA

3.1. GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA E A ESTRUTURA FAMILIAR

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o numero de

adolescentes grávidas no Brasil vem diminuindo, conforme registro do Sistema de

Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), apresenta uma redução considerável

no numero de adolescentes grávidas na faixa etária dos 15 a 19 anos e 20 a 24

anos, mas na faixa etária que compreende dos 10 aos 14 anos permaneceu estável,

conforme tabela 1.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as

estatísticas do ano de 2006 mostram que 51,4% dos nascidos vivos foram de mães

com até 25 anos de idade, e 0,9% de mães que correspondem à faixa etária dos 10

a 14 anos, e sendo de 20,6% de mães com 15 a 19 anos, sendo 29,9% das mães

com 20 a 24 anos. Comparando com o ano de 2000, esses dados correspondiam a

0,9%, 22,5% e 31,1%, respectivamente. Conforme a tabela 2, segundo a Unidade da

Federação tem-se uma estatística dos nascidos vivos de acordo com a idade das

mães; observando que no Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa

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Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná foram as Unidades da Federação

onde os nascimentos ocorridos por mães até 24 anos foram menores que 50%, ao

contrario dos demais estados que ultrapassou essa estatística, porém com redução

comparando com o ano de 2000, sendo o estado do Maranhão a Unidade da

Federação que apresentou maior numero de nascimentos (66,2%) por mães com

idade até 24 anos.

Conforme Ministério da Saúde, a diminuição do numero de gravidez na adolescência

é devido à dimensão dos projetos e campanhas sobre sexo, proteção, métodos

seguros contra gravidez, e da participação da mulher no mercado de trabalho.

Embora os dados indiquem uma redução, a questão da gravidez na adolescência

ainda é um problema serio que deve ser enfrentado por parte do governo, dos

programas sociais e da sociedade.

A gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública, como

grupo de risco devido aos problemas que uma gravidez precoce pode vir a ocorrer,

como trabalho de parto prematuro, anemia, complicações obstétricas, problemas

com crescimento, recém nascido prematuro e de baixo peso, além, de complicações

psicológicas, socioculturais e econômicas, que envolvem a família e a sociedade

como um todo (SILVA e TONETE, 2006).

A gravidez na adolescência está relacionada com os fatores sociais, familiares e

pessoais, podendo ser resultado de uma crise familiar, e não um caso isolado

(ZAGONEL e NEVES, 2002), conforme explicita o autor, os conflitos instaurados

durante o processo da fase da adolescência é consequência da construção

deficitária do relacionamento entre pais e filhos, principalmente, no caso da gravidez

durante a adolescência, onde a causa está intimamente ligada aos problemas de

estrutura familiar.

De acordo com Vitalle e Amancio (2008), as causas da gravidez na adolescência

pode-se dar por diversos fatores, dentre eles, pelos fatores biológicos, quanto mais

precoce ocorre o primeiro ciclo menstrual da menina, maior será a probabilidade de

gestação; fatores psicológicos e contraceptivos, onde o mau uso dos métodos de

contracepção, como o uso do anticoncepcional, pode levar a uma gravidez precoce;

fatores sociais, em que as mudanças ocorridas nas ultimas décadas a cerca da

sexualidade, casamento e virgindade tem contribuído para uma formação mais

liberal dos jovens e pela prática cada vez mais cedo do sexo entre adolescentes, e

pelos fatores de ordem familiar, nos casos em que adolescentes iniciam a vida

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sexual e engravidam precocemente, devido a influencia das mesmas experiências

vividas pelos próprios pais ou falta de comunicação.

Os riscos de uma gravidez precoce ainda na adolescência podem ser vinculados ao

estado emocional, como a auto-estima baixa, considerando adolescentes que não

possuem apoio familiar, muitos amigos, falta de carinho, condição social vulnerável,

falta de incentivos quanto as suas opiniões, sonhos, e educação, acabam levando

muitos jovens à depressão e a sérios conflitos que acabam respingando na família e

sua estrutura (VITALLE e AMANCIO, 2008).

As causas da gravidez precoce durante a adolescência têm relação a diversas

questões e fatores, o presente trabalho visa expressar a gravidez na adolescência

relacionando as questões da estrutura familiar, levando em consideração as

profundas mudanças na sociedade e o processo de construção afetiva entre pais e

filhos na fase da adolescência. As famílias com relação bem construída permitem

maior acesso ao dialogo e duvidas com seus filhos, principalmente, quando estes

iniciam a vida sexual; é de suma importância que os pais passem para os filhos, seja

menino ou menina, ensinamentos sobre métodos preventivos, mas não apenas

conversas sobre os fatores biológicos e mudanças do corpo, mas permitir espaço

para um diálogo aberto sobre duvidas, troca de opiniões, e alertas se realmente

estão se protegendo e tomando os devidos cuidados.

Para Simons et.al. (1996, apud Vitalle e Amâncio, 2008), o uso de anticoncepcionais

imprime na confirmação da vida sexual pela adolescente, o que nem sempre

acontece devido a fragilidade de algumas relações entre pais e filhos (a), o medo de

que os pais descubram sua opção em ter uma vida sexual, reprime os conceitos e

informações sobre sexo seguro e responsável. Conforme explicita Campos (2000), o

acesso a informações sobre sexo e doenças sexualmente transmissíveis não

garantem proteção aos riscos de contaminação e a gravidez não desejada.

Na opinião de Berglas, Brindis e Cohen (2003, p.17):

A família em torno de um adolescente, pais, irmãos e outros parentes próximos, exercem considerável influencia sobre seu comportamento sexual. Muitos aspectos da convivência familiar influenciam na decisão dos adolescentes em se tornar sexualmente ativo, no uso de contraceptivos, e de continuar com uma gravidez. Status socioeconômico, estrutura familiar, atitudes e comunicação dos pais, desempenham um papel importante no apoio de tomada de decisão de um adolescente (tradução nossa).

Como expressa os autores, a influencia da família no cotidiano dos adolescentes é

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fundamental no processo de equilíbrio emocional, nas atitudes pensadas e tomadas,

na construção de toda a identidade que se instaura no processo da fase de

adolescente para adulto. Vale ressaltar também a forte influencia socioeconômica

estabelecida em cada família, à falta de condições econômicas e cultural, gerada

pelo déficit na educação, estabelece maiores riscos de uma gravidez precoce,

geralmente, associados à falta de relação bem construída e definida das famílias.

Conforme, a gravidez na adolescência não é um episodio, faz parte do processo de

busca da identidade, busca em que a adolescente pode ter dificuldades em relação

ao espaço e tempo, assumir atitudes de rebeldia, buscar grupos minoritários ou até

marginalizados que a entendam, procurar soluções mágicas para os seus

problemas, criar juízos de valor e desprezar aqueles que os adultos lhe impuseram

e, por isso, desenvolver reações agressivas com aqueles que a cercam.

3.2. IMPACTO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO CONVÍVIO SOCIAL E

ESCOLAR

A descoberta da gravidez ainda na adolescência é um forte impacto na vida de

ambos os envolvidos, trazendo a tona uma turbulência de sentimentos causando

grande perturbação emocional. A noticia abala todas as estruturas da dimensão da

vida dos adolescentes, psíquica, social, amorosa, escolar, e familiar.

Para Souza (1987), ter um filho na adolescência significa ser cada vez mais

dependente dos próprios pais, pois na condição de adolescente, não se tem

condições financeiras, os filhos acabam precisando da ajuda dos pais numa fase em

que buscam a total independência.

Com base nas idéias do autor, a chegada de um filho quando se é muito jovem,

significa abrir mão de muitas coisas das quais se sonha na adolescência, coisas que

ainda não vivenciaram, não experimentaram, objetivos e planos para o futuro que

talvez, terão que ser adiados, ou dependendo das condições sociais, serem

esquecidas. A tão desejada “independência” que os adolescentes almejam, na

maioria das vezes, com a chegada de um filho, acaba sendo adiada, pois na

condição de adolescente, geralmente, os jovens ainda estão na fase escolar ou sem

emprego fixo, sem condições adequadas para o próprio sustento e mais um filho.

27

Page 31: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

Esse choque de responsabilidades que precisarão aprender a ter, e tudo que

deverão abrir mão para dar conta em assumir uma criança ainda tão jovens, levam

muitos casais e meninas adolescentes a adotarem o aborto como medida de auto

proteção, seja por medo do próprio futuro, seja por falta de apoio familiar, “grana”

para manter uma criança, falta do apoio do pai da criança, seja pelos estudos

inacabados, entre vários outros fatores que acabam levando esses jovens a escolha

pelo aborto.

O aborto torna-se, então, a única saída para estas adolescentes e neste desafio, elas arriscam suas próprias vidas, quando decidem interromper a gravidez utilizando - se de quaisquer recursos que tenham a mão. Esta decisão muitas vezes é vivida de forma solitária e clandestina, ou sobre pressão dos parceiros e familiares. O sentimento de abandono não significa necessariamente que sejam deixadas sozinhas, mas sim porque o parceiro e familiares são os primeiros a propor o aborto, sem maiores indagações. Por ser proibido, o aborto leva a pressões psicológicas e sociais muito grandes, sendo carregado de medo, culpa, censura vergonha, e estas adolescentes ainda enfrentam o desespero, a humilhação e julgamento dos profissionais de saúde (SOUZA et. al, 2001, p.43).

A gravidez precoce, na maioria das vezes, é vista como fato irresponsável pela

sociedade em geral, e principalmente, pelos pais. Para as adolescentes grávidas é

vivenciada como uma experiência frustrante, onde o medo, a insegurança, a

vergonha, a falta de apoio, independência financeira, e tristeza por não saber como

lidar com tudo isso. Com essa mistura de sentimentos de angustia e sofrimento,

muitas jovens acabam optando pelo aborto por não perceberem outra opção em

suas vidas, o medo e a pressão de todos os lados, acaba influenciando na escolha

pela alternativa que aparentemente parece mais fácil, “eliminar o problema”. Para

Souza et. al (2001, p.43), “a decisão de ser mãe não é uma decisão fácil e o que,

aparentemente, parece ser uma decisão individual, envolve uma serie de fatores”.

A gravidez na adolescência representa para a menina uma conseqüência de

prejuízos e responsabilidades ainda maiores que para o parceiro, ou aquele que

será o pai da criança. Pois para a menina significa ser mãe, aquela que cuida, ama,

e protege seu filho, mesmo para as meninas que não tiveram uma estrutura familiar

adequada ou com apoio e amor da família, sentem-se na obrigação de partilharem

esses sentimentos para com o filho, e o medo e frustração de não saberem

corresponder a esse “estereotipo” de ser mãe, as deprime ainda mais; além das

mudanças no corpo durante a gestação, que é um fato constrangedor e frustrante

para a maioria das jovens grávidas, o aumento da barriga, estrias, inchaço, aumento

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Page 32: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

de peso, e roupas que não servem ou não caem bem, são mudanças da qual a

adolescente grávida traduz em frustração, pois nessa fase, a construção da

personalidade, e o contato social está em formação, sendo a aparência importante

para a maioria delas.

A gravidez é uma transição que integra o desenvolvimento humano, mas revela complicações ao decorrer na adolescência, pois envolve a necessidade de reestruturação e reajustamento em varias dimensões: em primeiro lugar, verificam-se mudanças na identidade e nova definição de papeis- a mulher passa a ser olhada de forma diferente. Evidentemente, o mesmo processo de mudança de papeis e identidade se verifica no homem e a paternidade, também deve ser considerada como uma transição do seu movimento emocional (MOREIRA et. al, 2008,p.314).

Para a maioria das adolescentes, a gravidez vem à tona como uma bomba, mas

para algumas, mesmo em meio à turbulência de sentimentos frustrantes, percebem

brotar um amor diferente, a ligação que já une o feto a mãe, e decidem enfrentar

toda a situação independente dos conflitos e sonhos adiados. Embora, a situação

seja delicada, a gravidez na adolescência é um fato que, muitas vezes, pode ser

construtivo na vida dos adolescentes. Muitos jovens amadurecem, criam

responsabilidades, se dedicam mais aos estudos e percebem as orientações dos

próprios pais mais positivas.

Quando a gravidez chega ainda no período escolar, o caso geralmente é mais

complicado para a menina gestante, nesta fase os estudos são importantes,

independente da condição social, é nesse momento da escola que os jovens

definem suas personalidades, laços de amizade, vida social além dos parâmetros da

família natural; um período do qual se experimenta a vida, onde os adolescentes

passam a perceber melhor seus papeis em meio a sociedade e descobrem seus

verdadeiros sonhos para o futuro. Conforme Donas (1991), é durante a fase da

adolescência que os jovens passam a elaborar seu projeto de vida, construindo

planos para a realização de seus sonhos. Esse projeto envolve as possibilidades

externas, sendo que só se torna possível devido ao próprio esforço do adolescente

para que aconteça ou não. A gravidez não planejada durante a adolescência poderá

ser considerada como obstáculo e um fator de desvio para a concretização do seu

projeto.

Para Bocardi (2003, p.111), a cerca das mudanças para a adolescente na gravidez:

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Page 33: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

Para a adolescente a mudança de vida acontece de forma radical, no primeiro momento, abandona os estudos e, assim, surge a interferência em sua relação social. Após o nascimento da criança as , as obrigações em estar sempre ao lado do filho, amamentando ou prestando cuidados, afasta ainda mais a adolescente de seu convívio social, interrompendo o vinculo afetivo com seus amigos, pois o filho impede que estas jovens exerçam atividades peculiares a sua idade como vinha acontecendo anteriormente a gestação. Este isolamento do grupo de amigos é natural, uma vez que estes continuam vivendo seus sonhos de adolescentes e caminhando para o desenvolver da idade adulta, entretanto as mães adolescentes precisam assumir abruptamente esse papel, o que acarreta responsabilidades independentemente do querer tê-las ou não.

Conforme explicita a autora, a gravidez durante a fase da adolescência interfere na

vida social da menina que será mãe, seja durante a gestação ou após, quando terá

que ser mais responsável, amamentar, levar o bebe ao pediatra, enfim, uma rotina

totalmente nova, e completamente diferente da qual tinha antes da gravidez, onde a

única responsabilidade que tinha era com a escola e com as regras dos pais. As

novas responsabilidades e a falta de tempo impede que a menina mantenha o

mesmo ritmo social com as amigas, festas, e até mesmo no rendimento escolar,

quando decide seguir com os estudos; a própria relação com o parceiro, quando

decidem ficar juntos, entra em conflito, ou quando a menina se encontra sozinha na

gravidez, sem ajuda do parceiro, encontra muita dificuldade em voltar a se relacionar

com alguém, e a manter uma relação estável quando não tem como acompanhar a

vida social do novo parceiro.

Embora muitos impactos aconteçam com a gestação precoce, é sempre escolha dos

jovens em assumir tais responsabilidades, ou desistir da busca pelo

amadurecimento e da previa vida adulta. A gravidez na adolescência não é um fato

simples na vida de quem as vivencia, mas é um fato possível de ser vivenciado sem

tantos prejuízos na vida futura, basta escolher as alternativas certas.

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Page 34: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

3.3.CONFRONTO COM A NOVA REALIDADE E O APOIO FAMILIAR

Segundo Junior (1999), as meninas que iniciam vida sexual, presumem que com

elas nada vai acontecer; definindo a grande vulnerabilidade dos adolescente frente

aos pensamentos mágicos que possuem nessa fase. O conceito de felicidade para o

adolescente está no presente, no agora e no prazer. Conforme as idéias do autor,

quando o adolescente decide iniciar a vida sexual, não toma por prejuízo os riscos

que se expõe, e tampouco, pensa que irá acontecer alguma coisa com ele. Frente a

esses pensamentos, ficam perturbados quando a surpresa de uma gravidez não

planejada acontece levando-os a um choque de realidade.

Para Moreira et al. (2008), a gestação na adolescência é enfrentada com muita

dificuldade, porque a gravidez significa uma rápida passagem da situação de filha

para mãe, sendo que atualmente a adolescência possui outras necessidades e

objetivos comparadas há décadas atrás. De acordo com Bocardi (2003, p.109):

A criança transforma a vida não só da adolescente, mas também altera os hábitos de vida da família, estabelecendo um a inversão dos papeis, uma vez que a adolescente passa da posição de filha para realizar a função de mãe. A família sente todas essas mudanças decorrentes do nascimento da criança, inclusive com o aumento decorrentes do nascimento da criança, inclusive com o aumento da preocupação de cuidar e educar uma criança e continuar cuidando da jovem mãe.

A questão da inversão de papeis que a autora enfatiza, resulta da necessidade, que

na maioria das vezes, a jovem precisa sair para trabalhar e ajudar no orçamento da

casa, em troca a mãe toma conta do neto. Essa troca acontece quando as mães das

jovens gestantes não estão inseridas no mercado de trabalho, o que dificulta ainda

mais, na construção do apoio e de reintegração dessas meninas a voltar a estudar e

ter uma vida social normal.

Em estudo realizado por Nogueira e Marcon (2004), afirma a problemática

enfrentada pelos pais das meninas adolescentes frente a gravidez precoce, embora

a maioria de suas mães, terem tido o primeiro filho na mesma idade, porém,

ressaltam a diferença de cultura vivenciada pela sociedade décadas atrás, onde o

casamento era muito bem aceito logo após a passagem dos 15 anos para as

meninas, sendo natural terem filhos assim que o casamento era instituído. Também,

apontam a grande brecha de dialogo entre pais e filhos, embora, estudo comprove

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Page 35: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

que a maioria das meninas procuram primeiramente o apoio da mãe frente ao

problema da gravidez.

As expectativas e reação dos pais frente a essa questão, depende de cada contexto

familiar, mas estudos mostram que são pouco frequente casos em que os pais

declaram reações extremas, como expulsar a filha de casa, agreções físicas,

proibições que restringi ainda mais sua vida social e namoro. Para Osofsky (1978),

muitas famílias recebem a noticia como escândalo, com vergonha do que os

vizinhos irão dizer ou pensar, com culpa pelo papel que desempenharam e inclusive

em até que ponto possam ter contribuído para a ocorrência da gravidez. Essas

atitudes adversas depende muito do contexto social e cultural de cada família e suas

relações com as raízes na infância, considerando a fragilidade em lidar com

problemas que vão contra as concepções de ordem religiosa, moral, social e

cultural.

Em vista de todas as problemáticas que envolvem a gravidez na adolescência e a

estrutura familiar, é importante ressaltar a importância do elo entre pais e filhos, do

dialogo, afeto, e principalmente, da compreensão acerca da vida e problemas do

filho adolescente. A estrutura familiar é fundamental no crescimento e

amadurecimento dos jovens, sendo o suporte necessário para o desenvolvimento

positivo de suas vidas. A família como apoio é essencial na vida dos filhos,

principalmente, para as filhas frente à gravidez na adolescência. Para Bocardi (2003,

p.103), “a família exerce importante papel como agente de apoio e orientação para

as jovens grávidas”.

3.4.CONSTRUINDO NOVOS SONHOS E RESPONSABILIDADES

A gravidez na adolescência lança um novo olhar para a vida do adolescente,

determinando novos parâmetros em suas vidas, agregando valores e um novo

processo de amadurecimento, que irão contribuir para a construção de novos

planos, sonhos e pela concretização destes.

Alguns estudos bibliográficos, como Luz (1999), discutem os casos em que a

gravidez na adolescência é definida por escolha consciente dos jovens, seja pela

procura de suprir a solidão e a carência afetiva, seja como forma de entrar na vida

adulta mais rápido, ou até mesmo de facilitar a aceitação dos pais frente a sua

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Page 36: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

escolha conjugal. Esses casos de escolha pelos próprios adolescentes são minoria,

na maioria dos casos, a gravidez acaba surpreendendo, apesar de terem claro os

riscos que corriam numa relação sexual, contudo, esses fatos demonstram a falta de

um elemento norteador na vida dos adolescentes, no grande déficit dos

relacionamentos que envolvem pais e filhos, e na importância desses laços frente as

escolhas dos oilhos.

Embora muitas mães adolescentes acabam abandonando os estudos ainda na

gestação, conforme Souza apud Bocardi (1987, 2003), referencia a interrupção das

relações sociais frente a gravidez na adolescência , devido a interrupção dos

estudos ou trabalho, onde a jovem deixa de crescer com o grupo de iguais e perde

esse laço afetivo importante em sua vida. É importe ressaltar a necessidade de

apoio para esses adolescentes que se preparam para uma nova etapa da vida, de

serem pais, por isso, o apoio da família de ambos os envolvidos, seja da menina

mãe, ou do menino que será o pai, através da compreensão e do apoio, os jovens

terão condições psicológicas para seguir em frente, e não abandonar a escola, ou o

trabalho por inteiro, é fundamental que os adolescentes recebam orientações

positivas frente a caminhada que terão que fazer depois do nascimento do bebê.

Para Bocardi (2003), ressalta que a gravidez na adolescência a partir do ponto de

vista dos atores sociais envolvidos percorre um longo caminho, com vários

obstáculos e perdas no lado pessoal, educacional, social e familiar, sendo que a

insegurança se torna um sentimento constante desde a gestação até o nascimento

do bebê.

Esse sentimento de insegurança acontece naturalmente devido ao fato do

adolescente encarar de uma hora para outra o fato de uma gravidez, que mudará

toda sua rotina e planos de vida, mas é nesse aspecto que entra a importância da

estrutura familiar; as famílias que possuem melhores condições sociais, geralmente,

quando ambos os pais estão inseridos no mercado de trabalho e tiveram curso

universitário, conseguem dar melhor suporte as filhas gestantes, reforçando a

importância de encarar com responsabilidade os estudos e prepará-las para uma

vida social com mais cuidado em suas relações afetivas e sexuais. Já as famílias

que na possuem condições financeiras adequadas ao aumento da família, sentem

com mais intensidade as mudanças embutidas decorrente da gravidez precoce, pois

os valores e papeis se invertem, e os sentimentos de culpa, e não aceitação são

mais fortes para as meninas gestantes.

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Page 37: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

Encarar a gravidez na adolescência não é tarefa fácil, mas nada impede que se

torne uma experiência positiva na vida e no crescimento desses jovens. As

mudanças provenientes da gestação são múltiplas, mas sempre se pode ressaltar o

lado bom dessas mudanças, encarando de frente a responsabilidade, construindo

novos sonhos, planos, e objetivos frente a nova realidade, que embora não seja a

mesma de antes, é agora vivenciada por mais um ator social na dimensão da vida

dos adolescentes.

CAPÍTULO 4

O SERVIÇO SOCIAL E A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

4.1.- PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL NA CONSTRUÇÃO FAMILIAR

Desde os primórdios da atuação do Serviço Social a família está inserida no

contexto profissional como principal alvo a ser desenvolvido e trabalhado. A família é

uma das principais demandas do assistente social, sendo através do trabalho em

cima da família que se consegue atingir os objetivos de maior alcance, interligando

as relações familiares inseridas no contexto social e histórico de cada família em

particular. Para Boza, Ferreira e Barboza (2010, p.168):

O serviço social deve atuar nas demandas, buscando a emancipação e o autodesenvolvimetno da família atendida. Certamente que para isso utilizará dos instrumentos, dos serviços para isso, porém, este não deve ser um fim em si mesmo ele deverá buscar meios para que a família supere a situação e consiga cumpri sua função social junto a seus membros e a sociedade. O objeto de intervenção profissional não é a família e sim as necessidades sociais, como um enfrentamento a questão maior.

A família está inserida no enfrentamento das questões sociais provenientes de toda

relação de conflito entre trabalho e capital, bem como da trajetória social imbuída no

processo de evolução da sociedade contemporânea. O serviço social intervém

através da família quando estes não conseguem cumprir seu papel social, ou não

conseguem fazer valer seus direitos como cidadãos, sendo um elo para o

enfrentamento da questão a ser trabalhada pelo assistente social.

A intervenção profissional deve buscar o amadurecimento da família atendida,

proporcionando a todos os indivíduos interligados, noções da importância do agir e

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Page 38: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

pensar como cidadão de direitos. O trabalho do assistente social deve ser norteado

pelo perfil crítico, ético-politico, e técnico operativo, sendo capaz de realizar a leitura

critica da realidade, saber articular, inserir as redes como parcerias, instrumentos de

intervenção, e se posicionar na ética construtiva que norteia a profissão.

Conforme Iamamoto (1999), o profissional de serviço social precisa estar preparado

para encarar as questões sociais de forma propositiva, tendo capacidade de

interação com novas propostas de trabalho, aguçando o olhar crítico a cerca da

realidade e compreensão a cerca das demandas da realidade social.

O papel do assistente social frente às relações e questões sociais enfrentadas pelas

famílias deve estar associado na luta pela emancipação social e individual, pelos

direitos sociais, desenvolvimento da autonomia, e pelo reconhecimento individual

como sujeitos sociais, despertando nos usuários o olhar critico de como se

encontram e como podem melhorar, através do exercício de cidadania (SILVA,

2009).

De acordo com Mioto (2000, p.221), a ação profissional está marcada por:

Pela ausência de discriminação quanto a natureza das ações direcionadas ao atendimento das famílias, em muitos serviços. Assim, prevalece o uso de uma linguagem do senso comum em detrimento de uma linguagem técnico cientifica em relação a pratica profissional. Pela utilização de categorias de analise sem o devido conhecimento ou discernimento quanto às matrizes teóricas e ação profissional. Pela articulação explícita entre referencias teóricas e ação profissional que aparece quando o Assistente social tem uma formação especifica na área da família, que geralmente, se faz através de outras áreas, como a terapia familiar, por exemplo, o que pode contribuir par ao projeto hegemônico de pscicologização dos problemas sociais. Pelos processos de intervenção com famílias que são pensadas apenas no âmbito do atendimento direto, dirigido às famílias que, por pobreza ou falimento nas suas funções , são tidas como incapazes ou patológicas , sem vislumbrar outras possibilidades de trabalho como os espaços das políticas sociais e da articulação SOS serviços na área da família.

Conforme a autora explicita nesse parágrafo, os serviços de atendimento voltados a

família precisam ser articulados de forma a trabalhar a família como um todo,

engajando valores e reforçando a capacidade dessas famílias, independente de sua

condição social, de se reerguerem como estrutura familiar, possibilitando uma nova

readaptação. Mioto (2000, p.219), também ressalta:

As ações publicas estão concentradas sobre famílias que faliram no provimento de condições de sobrevivência, de suporte afetivo e se socialização de suas crianças e adolescentes. A falência é entendida como resultado da incapacidade das próprias famílias. Portanto, as ações que

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lhes são destinadas tem o objetivo de torná-las aptas para que elas voltem a cumprir seu papel sem comprometer a estabilidade social.

Novamente a autora questiona as ações das políticas publicas para atendimento da

família, do qual buscam a emancipação mas acabam criando uma certa

dependência por parte das famílias, dificultando o processo de inserção na

sociedade. Em vista dessas questões, o Serviço Social precisa ser encarado como

fonte interventora para minimizar os efeitos das questões sociais ligadas a

concepção de família, mas também, de capacitar as famílias para que possam fazer

parte de suas próprias vidas , construindo seus sonhos, objetivos e metas, como

protagonistas e não como coadjuvante de projetos sociais.

4.2. A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA PREVENÇÃO, PROGRAMAS E

PROJETOS DIRECIONADOS PARA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA.

Nos últimos tempos a sociedade tem passado por intensas transformações no que

tange o desenvolvimento moral, social, e educacional, principalmente para os

jovens. Em decorrência das mudanças a cerca do comportamento dos adolescentes

frente à questão sexual e a preocupação decorrente da gravidez precoce,

profissionais de varias áreas tem sentido a necessidade de mobilização e

prevenção.

O profissional de serviço social tem plena aptidão no enfrentamento dessas

questões sociais, através do olhar critico e do amplo estudo a cerca da família e

suas relações sociais no contexto histórico, contribuindo positivamente frente às

intervenções necessárias aos eixos discutidos em relação aos problemas

enfrentados pelos adolescentes. Para Boza, Ferreira e Barboza (2010, p.154) “o

assistente social é capaz de identificar as problemáticas, analisá-las e propor saídas

para as problemáticas detectadas”.

A gravidez na adolescência, como já discutido, gera uma serie de conflitos e

conseqüências vivenciadas pelos jovens, que na maioria das vezes, ocorre por falta

de responsabilidade, prevenção, e orientação adequada. Em vista da grande

necessidade de suprir a carência do dialogo entre as famílias, independente de

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Page 40: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

classe social, vários projetos sociais são elaborados e executados em todo o país,

na busca pelo enfrentamento da prevenção e orientação sexual para fins de

minimizar a ocorrência do numero de gravidez precoce entre adolescentes.

A prevenção de gravidez indesejada na adolescência requer um esteio e uma educação formal bem delineada, que permita o recebimento de informações adequadas sobre educação sexual e métodos contraceptivos, além de requisitar um canal comunicacional aberto para que a adolescente possa expor suas idéias, temores, duvidas e ter respaldo familiar na formação de sua personalidade (MOREIRA et. al , 2008, p 317).

Os projetos sociais nesse eixo preocupam profissionais de diversos setores, como

da saúde, educação e social, pois a vida dimensional do adolescente é interligada a

essas áreas em geral. O adolescente tem seu convívio social dividido entre a família,

escola e amigos; em virtude da grande socialização que abrange a vida dos jovens é

de suma importância a parceria dos profissionais em múltiplas áreas, a soma desses

trabalhos é que irão nortear o futuro desses jovens amanhã. De acordo com Moreira

et. al (2008,p.317), a área da saúde é essencial na prevenção da gravidez:

Os profissionais de saúde devem procurar estabelecer um relacionamento de confiança com essas adolescentes, a fim de prevenir na adolescente o desejo de provocar um aborto ou cometer suicídio. A adolescente deve receber apoio psicológico nesse momento, além de orientações sobre métodos contraceptivos, pré natal e apoio da família, companheiro e sociedade. Além disso, é preciso ouvir e valorizar os sentimentos e preocupações dos jovens para conhecer o mundo adolescente: as pressões e os constrangimentos podem dar pistas das dificuldades que enfrentam na hora de optar e usar um método anticoncepcional, e dos entraves para a negociação dos métodos parceiros.

A abordagem sobre prevenção e educação sexual não deve ser encarado somente

pela área da saúde, mas é fundamental, que se estabeleça esse contato nas

escolas, não de forma empírica, mas agregado a projetos modelados de acordo com

a linguagem, comportamento, idéias e opiniões dos adolescentes, para que assim,

se tenha maior eficácia na construção da identidade e ações desenvolvidas pelos

jovens. Para Costa et. al (2001, p. 222):

Na escola, os educadores devem estar capacitados para lidar com essa trajetória biopsicossocial e pedagógica. É importante que preconceitos, tabus e mitos em relação à sexualidade sejam introjetados junto com o saber cientifico. Os pais devem ser comunicados e integrados ao processo educativo afetivo sexual, para que não haja barreiras e bloqueios ao desenvolvimento da identidade sexual do adolescente. O discurso, as técnicas pra dinâmica de grupos, as posturas e atitudes dos educadores precisam ser compatíveis com aquilo que praticam. O adolescente apreende

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e aprende, é critico e contestador, se perceber que o discurso não corresponde à pratica ficara na defensiva, desconfiado, e o que é pior, muitas vezes, decepcionado. Os adolescentes devem ser estimulados em todos os sentidos ao desenvolvimento da sua auto-estima. Os educadores podem dar-lhes condições para que sejam eles mesmos. As relações hierárquicas ou de poder, ao exercer uma autoridade distorcida, os adultos desautorizam os adolescentes impedindo-lhes a criatividade a participação verdadeira.

Relacionando a importância frente ao olhar da prevenção e projetos voltados para a

sexualidade, vale ressaltar a importância do Serviço social presente nas escolas,

reforçando o caráter multidisciplinar das ações sócio educativas no âmbito

educacional, enriquecendo ainda mais o conjunto dos projetos sociais nessa área.

A educação sexual com adolescentes deve ser feito de modo continuo e permanente, ou pelo menos, deverá durar um bom tempo, para que possam ser discutidas além de informações, novas atitudes nas pessoas, frente à sexualidade coletiva existentes nas crianças e jovens dos temas mais urgentes. Cada jovem tem suas particularidades e interesses (FURLANI, 1997, p.5).

As mudanças físicas e emocionais relacionadas ao adolescente, a forma de ver e

encarar o mundo que o cerca, acirra a curiosidade, a busca por prazer e de

preencher as lacunas emocionais, principalmente pela pratica de sexo, considerada

fonte “gratuita” de prazer, porém, sem compromisso e orientação, podem acabar

sento fontes de pesadelo.

Segundo Silva (2009, p.6), “quando a família não consegue cumprir sua função

social aparecem às demandas para o Serviço Social”. Essas demandas são reflexos

de toda relação antagônica do capital e trabalho, das transformações da sociedade e

da troca de papeis familiares ao longo dos séculos, que acabam perpetuando

através das gerações, estabelecendo conflitos emocionais, de comportamentos e

atitudes perante alguns fatos frente às dificuldades encaradas pelas famílias

modernas.

A ação do Assistente Social deve ser transformadora, buscando a emancipação e o autodesenvolvimento da família. O profissional deve atuar nas demandas, essas demandas deverão providenciar respostas, as demandas institucionais que são demandas objetivas, imediatas, devem ser respondidas com o desenvolvimento e a utilização de instrumentos (meios) para atingir seus objetivos, estes instrumentos podem ser: os bens, serviços, benefícios, programas e projetos, porém o âmbito da ação profissional deve transcender a demanda institucional, passando assim para a demanda sócio-profissional, compreender as demandas na sua totalidade, as suas contradições, a sua relação com a sociedade e assim o Assistente

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Social deve articular, criar meios para que a família crie condições para cumprir a sua função social (SILVA, 2009, p.7).

A ação de projetos e programas sociais é realizada por diversas áreas e

profissionais, dentre elas, o Serviço Social, do qual atua diretamente desde a

elaboração até a execução e acompanhamento dos projetos e programas sociais; a

prevenção da gravidez na adolescência é um tema muito polemico e discutido na

atualidade devido a demanda de ocorrências, mesmo com a diminuição em relação

há anos atrás, ainda se tem um crescente numero de casos de jovens que se

tornam pais antes mesmo de terminarem seus estudos básicos. Em vista de toda a

discussão a cerca do tema, tem-se a necessidade através da prevenção e ação

voltadas para esse fim, diminuir o numero de casos e aumentar assim, as chances

dos adolescentes em construir um futuro melhor, com capacitação,

responsabilidade, construção de caráter e mais certezas perante as escolhas que

desejam realizar sem suas vidas, para que no futuro possam estar aptos a serem

excelentes pais.

Existem projetos e programas que satisfazem os dois lados da questão, o da

prevenção da gravidez precoce e do incentivo aos jovens que de fato, já são pais

adolescentes e que precisam de um norte para seguir adiante na construção de

suas identidades e projetos de vida.

Na opinião de Rios, Williams e Aiello (2007, p.11), a cerca dos programas de

prevenção:

Os programas de intervenção precoce para gravidez na adolescência devem ter como objetivos prevenir a ocorrência da gravidez na adolescência, aumentar habilidades parentais, fornecer serviços de pré natal, diminuir a taxa de reincidência de gravidez precoce e promover os desenvolvimento adequado da criança fruto de uma gravidez precoce.

Para Moreira et. al (2008, p. 318), é preciso “[...] desenvolver o trabalho com grupos

adolescentes a partir das necessidades apontadas por eles para que sejam atores

ativos nesse processo, o que contribuirá na sua formação para a vida e o mundo [.]”.

A face dos projetos sociais destinados a prevenção da gravidez precoce, cuidados e

orientações a vida sexual, de motivação e incentivo frente a gravidez na

adolescência, visam a construção dos jovens de acordo com suas relações e

vínculos com a família, sociedade e projetos de vida.

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Page 43: Gravidez Na Adolescencia a Intervencao Profissional Frente a Crescente Realidade 2

O Serviço Social atua através da intermediação frente a essas questões,

proporcionando qualidade e dinâmica nos projetos conforme as necessidades

estabelecidas pelo olhar critico e da realidade inserida em cada caso, onde o foco é

a motivação dos adolescentes frente a realidade da gravidez, a importância da

continuidade da vida social, familiar, dos estudos e dos planos para o futuro, bem

como do bem estar durante a gestação e do bebê. Assim, como a importância em

ressaltar a prevenção sexual, de modo interativo, dinâmico e de acordo com a

linguagem dos adolescentes, frisando a construção do caráter emocional, conjugal,

e familiar dos jovens em relação aos conflitos vivenciados pelas mazelas da

sociedade moderna.

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2 CONCLUSÃO

A adolescência é marcada por uma fase em constante mudança emocional e

comportamental, que traduz atitudes dos jovens perante o que sentem sobre suas

relações sociais e como vêem o mundo que os cercam. Essa transição entre a

infância e o mundo adulto, nem sempre é um processo simples, depende muito do

contexto social, intra familiar, educacional, e das construções sociais que direcionam

a vida do jovem a determinados pensamentos e tomadas de decisão através da

influencia dessas relações. Para Moreira et. al (2008,p.313), sobre adolescência

“nessa fase, a perda do papel infantil gera inquietação, a ansiedade e insegurança

frente à descoberta de um novo mundo”.

Compreende uma fase em que o jovem mergulha num turbilhão de emoções, entre o

medo, insegurança, ansiedade, depressão, isolamento familiar, apego as amizades,

além de idéias caóticas, enquanto uns querem salvar o mundo outros adotam a

rebeldia. Em meio a esse período confuso até a chegada da fase adulta, o

adolescente permeia a busca pela própria identidade e opinião sobre tudo que o

cerca, sendo fundamental a compreensão sobre seus sentimentos e suas idéias

perante o núcleo que está inserido, seja na família, escola, ou na sociedade.

De acordo com Moreira et. al (2008, p. 314):

Na atualidade, vê-se o exercício da sexualidade começando cada vez mais cedo, impulsionado pela imposição social que leva crianças a adolescerem precocemente e, de forma semelhante, leva os adolescentes a rapidamente ingressarem na vida adulta, mesmo não estando preparados psicologicamente. Dessa forma, a sexualidade pode ser pensada a partir de uma esfera na qual são construídas e transformadas relações sociais, culturais e políticas, pelos diferentes valores, atitudes e padrões de comportamentos existentes na sociedade moderna. O adolescente contemporâneo vive sua sexualidade em meio às referencias que invadem seu imaginário [...].

A sexualidade precoce para muitos adolescentes é conseqüência da insegurança a

cerca do seu papel sexual e de aceitação no grupo social inserido. Porém, a

sexualidade é vista como parte natural da fase da adolescência, em decorrência dos

processos hormonais, causando as mudanças necessárias no corpo da menina e

menino, acentuando a feminilidade ou masculinidade, aflorando então, a

sexualidade e o desejo pela busca de prazer.

Quando a gravidez precoce acontece em plena adolescência, o conflito vivenciado

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pelos adolescentes é muito forte para o estado emocional fragilizado pela pressão

social em que estão inseridos na sociedade, é um momento em que se sentem

perdidos, sozinhos diante de uma realidade delicada para tomar qualquer atitude ou

decisão sem pensar, em vista de toda essa contrariedade emocional, a

compreensão e o apoio dos pais é essencial na vida dos jovens, principalmente

frente à gravidez na adolescência.

É comum em famílias de pais de adolescentes a repressão como forma de educar e

a proibição como forma de se expressarem; delimitando as convivências sociais dos

filhos, não permitindo a construção de vida social fora de casa ou escola, cobrando

perfeição nos afazeres domésticos, falta de interesse sobre as opiniões e interesses

dos filhos, proibição dos namoros, principalmente, com as meninas, para que estas

fiquem “protegidas” das relações sexuais e da possível gravidez precoce, porém,

poucas famílias conseguem interagir com seus filhos criando vínculos além da

relação de respeito entre pai e filho, fortalecendo os laços de amizade; na maioria

dos casos, a gravidez precoce acontece, pela superproteção do pais com suas

filhas, ou por demasiada falta de interesse em suas vidas fora da escola. Muitas

famílias possuem uma rotina pesada de trabalho, interferindo no convívio diário com

seus filhos, e quando não há a preocupação no resgate dessa perda de tempo, e do

dialogo construtivo entre pais e filhos, presume-se serias conseqüências entre a

relação do adolescente e a família. Nos casos em que as famílias são constituídas

como monoparental, as dificuldades em lidar e educar um filho adolescente é ainda

maior, pois a realidade exige um excesso maior de trabalho para prover o sustento,

e a falta de um dos genitores geralmente é sentida com mais intensidade na fase da

adolescência, criando conflitos emocionais na construção afetiva entre pai/mãe e

filho.

Na opinião de Colli (1984), os pais precisam ter consciência que tempo com os filhos

não quer dizer qualidade, que o relacionamento entre pais e filhos não depende do

tempo, mas do espaço criado pelo interesse, pelo afeto, preocupação, harmonia,

comunicação e de partilha entre pais e filho, e principalmente, na compreensão e no

saber escutar os problemas vivenciado pelos filhos.

Como discutido, a gravidez na adolescência acontece por diversos fatores, mas a

grande preocupação está nos casos em que jovens decidem iniciar uma vida sexual

sem noção da dimensão das conseqüências de uma relação sexual sem os devidos

cuidados, resultando na maioria das vezes, a gravidez precoce, onde a mãe e o

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bebe podem correr riscos de saúde, além das perdas na dimensão da vida dos

adolescentes, como no convívio social, na escola, no amadurecimento forçado de

condição de filho para pai, e ainda assim, ser filho, geralmente, ainda dependente

dos próprios pais, por serem menores e sem formação.

O enfrentamento dessa realidade é diferente em cada caso, muitas meninas

sentem-se sufocadas e com medo e acabam optando pelo caminho trágico do

aborto, trazendo serias complicações emocionais além do risco de vida pela pratica

ilegal. Em outros casos, dependerá do fator econômico, do apoio do companheiro e

da aceitação da família.

Frente a essa realidade que envolve a sociedade moderna, a gravidez na

adolescência é enfrentada pela multidisciplinaridade entre diversos profissionais,

que abraçam a causa, lutando pela prevenção e minimização dos danos causados

pela gestação precoce na vida dos jovens, e orientando aqueles que por uma razão,

serão pais adolescentes. Uma das áreas que o Serviço Social atua condiz com as

problemáticas em torno da família e suas relações sociais envolvidas ao longo da

história. Sendo um precioso instrumento ao tratar a família e a dimensão causada

pela gravidez na adolescência, bem como em elaborar e executar programas que

visam orientação e prevenção em todos os contextos sociais e familiares. Conforme

Oliveira (2009, p.86):

É necessário ter um olhar crítico para a realidade, e ao mesmo tempo, buscar ser realista e propositivo na elaboração de políticas e programas sociais, considerando a real necessidade das famílias que são a demanda do cotidiano de trabalho. É preciso ter conhecimento continuado, baseado em uma ação metodológica e em uma avaliação permanente, para a garantia de melhores resultados nas ações interventivas com as famílias.

Independente da situação ou caso, quando a gravidez na adolescência acontece de

forma inesperada, surpreendendo o modo de pensar e agir dos jovens, dimensiona

mudanças em toda a família; mas deve ser encarada com responsabilidade,

persistência, dedicação e paciência, mesmo quando se tem que abrir mão de outras

coisas, pois a fase limitante é temporária, e o bebe, fruto do envolvimento que um

dia foi importante ou continua sendo, cresce, e então as oportunidades de recuperar

o que foi temporariamente adiado surgem conforme se escolhe caminhar na estrada

da vida.

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