Gravidez Na AdolescÊncia Apresentação

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1 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA JORNADAS DE ACTUALIZAÇÃO EM MEDICINA JORNADAS DE ACTUALIZAÇÃO EM MEDICINA E CIRURGIA DO AMBULATÓRIO E CIRURGIA DO AMBULATÓRIO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO Porto, 14-16 Maio de 2003 João Pedro Patrão Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

JORNADAS DE ACTUALIZAÇÃO EM MEDICINA E JORNADAS DE ACTUALIZAÇÃO EM MEDICINA E

CIRURGIA DO AMBULATÓRIOCIRURGIA DO AMBULATÓRIO

HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO

Porto, 14-16 Maio de 2003

João Pedro Patrão Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Ocorre antes dos 18 anos.

Está associada a um aumento de complicações materno-fetais.

Ocorre num momento de instabilidade do eixo endócrino da mulher.

Associação a preconceitos e mitos socioculturais.

Gravidez de risco.

Requer cuidados pré-natais diferenciados.

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Designação “gravidez na adolescência” é imprecisa:

Quais são os critérios para estabelecimento do final da

adolescência?

Que relevância pode deles advir para a identificação dos

factores de risco que verdadeiramente condicionam a

gravidez nesse grupo etário?

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Do ponto de vista exclusivamente biológico e endócrino, a

gravidez em duas jovens do mesmo meio social, com a

mesma escolaridade e com a mesma idade – 15 anos, por

exemplo – apresenta características bastante diferentes

consoante a idade da respectiva menarca.

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Se uma grávida tem uma idade ginecológica (tempo decorrido

entre a menarca e a primeira concepção) de 6 meses e outra de

4 anos, o risco materno-fetal é teoricamente muito superior no

primeiro caso.

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Imaturidade / instabilidade do eixo HHO e do endométrio.

Dura em média 24 meses após a menarca, acarreta

irregularidade nos interlúneos, escassez e imprevisibilidade

na ovulação.

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Nas últimas 3 décadas, a gravidez antes dos 18 anos

atingiu valores incomparavelmente elevados na

sociedade ocidental.

Este facto tem sido associado a uma crescente

proporção de adolescentes sexualmente activas

cada vez mais adolescentes em risco de engravidar.

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Em Portugal, as mães com menos de 20 anos

representaram em 1993, 8.9% da totalidade dos partos

(embora se tenha assistido a um paulatino decréscimo

desde meados da década de 80).

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 1939 - Lina Medina.

1960 - Primeiros programas pré-natais nos EUA para jovens

grávidas.

1970 - Problema sociológico primário com consequências

médicas.

Pobreza, má nutrição, má condição física antes da gravidez,

tabaco, álcool, abuso drogas, infecções genitais, ausência de

contracepção, insucesso escolar, empregos precários, recusa

no contacto com as instituições convencionais...

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Complicações Materno - Fetais

O desfecho materno-fetal, mais do que apenas da idade,

depende do contexto sócioeconómico, dos antecedentes

pessoais (em termos médicos) e da qualidade dos cuidados

pré-natais.

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A gravidez antes dos 18 anos tem um risco aumentado de:

Ameaça de parto pré-termo (APPT) e parto pré-termo (PPT).

Infecção génito-urinária.

Depressão pós-parto (30%).

Atraso de crescimento intra-uterino (ACIU); RN baixo peso; DPPNI.

Hipertensão induzida pela gravidez.

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Estilo de vida dos adolescentes:

Vida sexual e higiene inadequadas.

Stress acentuado.

Circunstâncias individuais, familiares, escolares ou

profissionais.

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Deficiente adaptação útero-placentária.

Grávidas muito jovens e/ou com idade ginecológica

inferior a 2 anos:

Imaturidade do gonadostat.

Deficiente situação calórica.

Não se realize adequadamente a primeira invasão

trofoblástica que tem lugar pela 10ª semana.

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A) Impacto da gravidez na adolescente

Klein (1978): focando aspectos psico-sociais “ a gravidez

na adolescência como iniciadora do síndroma de falência

falha completar educação; falha limitar tamanho da família;

falha em estabelecer vocação e tornar-se independente...”.

Furstenberg (1987): follow-up aos 5 e 15 anos.

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Gravidez vs processo de crescimento físico

Não há unanimidade sobre

esta hipótese.

Trabalho de parto e parto propriamente dito

Não se verifica aumento da

frequência de situações que

cursem com sofrimento fetal

nem de partos distócicos.

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Apesar de na adolescência muito jovem (até aos 15

anos), i.é., aquela cujo canal de parto ainda não atingiu

as dimensões potenciais de uma mulher adulta, se

poder verificar uma maior incidência de distócias

“mecânicas”, com consequente realização de

cesariana...

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

...a verdade é que , para lá deste subgrupo ser pouco

numeroso e assim dificultar estudos com casuística

significativa, também é nestas adolescentes que se

verifica a maior incidência de fetos com baixo-peso,

pré-termo e ACIU.

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Trate-se ou não de um fenómeno de adaptação do meio

uterino a um canal de parto ainda imaturo e

desfavorável, no cômputo geral admite-se que a

indicação de cesariana nas adolescentes em trabalho

de parto releva também de factores emocionais

existentes nos técnicos de saúde.

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B) Impacto da idade no “outcome” da gravidez Muitos estudos relatam resultados contraditórios...

Falta de consenso deve-se, em parte, à definição um pouco vaga de

“gravidez na adolescência”. Não podemos comparar adolescentes

15 anos com aquelas 17 anos...

Contudo... Os piores resultados foram obtidos em grávidas 15

anos assim como as maiores complicações pós-natais.

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O padrão de cuidados pré-natais prestados nem

sempre é o mais eficiente e adequado.

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1ª consulta tardia.

Programação não adaptada às necessidades específicas da

adolescente.

Curva de evolução ponderal sobreponível à da população

adulta.

Técnicos de saúde pouco sensibilizados para o problema.

Consulta sem espaço e tempo próprios para as adolescentes.

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São necessários programas de intervenção pré-natal com

objectivo de melhorar o desfecho materno-fetal e sócio-

cultural associado à maternidade antes dos 18 anos.

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Programa de cuidados globais

Abordagem da jovem adolescente grávida a nível da

escola, família, meios de comunicação social e

estruturas médicas (hospital e centro de saúde).

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Programa de Intervenção de Cuidados Pré-natais

Idealmente, os cuidados pré-natais devem ser proporcionados ao

longo da gravidez pelos mesmos técnicos de saúde, devendo a

consulta decorrer num espaço e tempo próprios.

Os principais vectores de intervenção assentam na articulação

dos seguintes aspectos:

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Consultas pré-natais precoces (com início 1º T) e

espaçamento flexível, com acesso personalizado aos

técnicos de saúde.

Educação sanitária básica sobre prevenção e tratamento de

infecções génito-urinárias, fisiologia da gravidez e parto.

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Orientação e discussão sobre comportamentos de saúde –

higiene, vida sexual, alimentação – e estilo de vida.

Recomendação de um aporte calórico adequado às

necessidades individuais, baseado no IMC pré-concepcional,

na avaliação nutricional aquando da 1ª consulta e numa dieta

geral.

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Objectivo:

Aumento ponderal médio na ordem de 16 Kg nas adolescentes

com um IMC pré-concepcional entre 20 e 25 Kg/m2, de acordo

com uma curva de evolução ponderal específica, sendo dado

relevo à importância do ganho de peso na 1ª metade da

gestação.

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Sendo física e emocionalmente diferente da grávida adulta,

a jovem adolescente grávida requer, não apenas uma

vigilância apertada, como também a possibilidade de

desfrutar de um espaço de diálogo em que aborde

problemas familiares, escolares, profissionais e de saúde.

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Pós-parto

Abordagem da vida afectivo-sexual.

Instituição de medidas apropriadas e eficazes na esfera

contraceptiva.

Seguimento numa consulta de planeamento familiar de

forma a se fazer a prevenção de uma posterior gravidez.