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Guilherme Sidou Ganha

GRAVIMETRIA APLICADA A UM PORÇÃO DA BACIA AUSTRAL

Sistema de falhas Magallanes-F agnano

Aprovada em: 31.Julho.2007 Por:

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Programa de Pós-graduação erri Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, como requisito necessano à obtenção do grau de Especialista em Geofísica do Petróleo.

Orientadores: Álvaro Lúcio de Oliveira Gomes Leonardo Fonseca Borghi de Almeida Paula Lúcia Ferrucio da Rocha

Álvaro Lúcio de Oliveira Gomes

Leonardo Fonseca Borghi de Almeida

Paula Lúcia Ferrucio da Rocha

UFRJ Rio de Janeiro

2007

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À memória de meu pai, Rildo Peixoto Canha. À minha filha Maria Luíza. À minha esposa Roberta. À minha mãe Ana Teresa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, em especial a minha esposa Roberta e a minha filha Maria

Luíza pelo apoio, e pela paciência durante estes últimos 9 meses.

Agradeço à Petróleo Brasileiro S.A, a todos os professores da UFRJ e aos colegas que

colaboraram efetivamente para a elaboração desta monografia.

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"Luz, mais Luz .......................... está no ponto." Ri/do Peixoto Ganha

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Resumo

CANHA, Guilherme Sidou. Gravimetria aplicada a uma porção da bacia Austral: Sistema de falhas Magallanes Fagnano. 2007. 93p. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Geofísica do Petróleo) - Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

O texto foi baseado em uma pesquisa bibliográfica nos diversos temas envolvidos, e busca sintetizar a estratigrafia, geologia histórica, geologia estrutural e os sistemas petrolíferos da bacia Austral, como também, busca enfatizar o método prospectivo gravimétrico e sua aplicação bacia. No estudo de caso, os dados gravimétricos em conjunto com os dados geológicos e magnetométricos foram integrados, procurando delinear através de um modelo numérico as principais características estruturais e o cenário tectônico da porção sul da bacia Austral, chamada de Ilha da Terra do Fogo mais precisamente no sistema de falha Magallanes-Fagnano.

Palavras-chave: bacia Austral; gravimetria; falha Magallanes-Fagnano.

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Abstract

CANHA, Guilherme Sidou. Applied gravimetry in an area of Austral basin: Magallanes-Fagnano fault system. 2007. 93p. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Geofísica do Petróleo) - Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

The bibliographical research was based in several themes involving stratigraphy, historical geology, structural geology and the petroleum systems of the Austral basin emphasizing the gravimetric method applied on the basin. The case study analyses the integration of the gravity, geologic and magnetic data integrated and try to delineate through a numeric model the main structural settings and the tectonic "scenario" of the south portion of the Austral basin called "Ilha da Terra do Fogo" more precisely in the Magallanes-Fagnano fault system.

Key-Words: Austral basin; gravimetry; Magallanes-Fagnano fault.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Mapa geológico simplificado, parte sul da América do Sul. ....................... 2 Figura 2 - Mapa de localização da bacia Austral, observar isolinhas de espessura de

cobertura sedimentar e as principais delimitações da bacia ................................ 6 Figura 3 - Carta cronoestratigráfico da bacia Austral ................................................. 8 Figura 4 - Distribuição dos afloramentos da Série Tobífera (rosa) e equivalentes ..... 9 Figura 5 - Coluna estratigráfica da Formação Springhi/1 contando com informações

geofísicas de sondagem (sônico em laranja, raios gama em verde e análise de litofácies) .. .......................................................................................................... 1 o

Figura 6 - Bacia Austral, contexto geotectônico, localizaçtio e geometria geral. As quatro zonas morto-estruturais são representadas por zona de plataforma (Plataforma de Springhi/1), zona de flexura ou talude (Talud), zona de bacia profunda (cuenca) e zona dobrada (Faja Plegada) ............................................ 16

Figura 7 - Mapa geológico e estrutural da porção sul dos Andes e bacia Austral. O embasamento consiste em rochas metasedimentares do paleozóico, intrusões, ofiolitos e rochas volcanoclásticas do Jurássico. As estruturas são empurrrões, falhamentos transcorrentes (representadas por meia setas brancas indicando o movimento) e falhas normais (no símbolo ....1L os traços duplos representam o bloco baixo) ........................................................................................................ 17

Figura 8 - Fase rifte da bacia Austral e abertura do Mar de Wede/1 ......................... 19 Figura 9 - Evolução tectônica da bacia Austral ......................................................... 21 Figura 1 O - Principais características do sistema petrolífero lnoceramus Inferior

(Springhi/1 e Maga/fanes Inferior) da bacia Austral e distribuição atual da janela de geração de hidrocarbonetos . ........................................................................ 28

Figura 11 - Reservatório em fraturas cataclásticas em rochas rioliticas ................... 30 Figura 12 - Curva de deriva do gravimetro calculada a partir de leituras sucessivas

numa posição fixa . ............................................................................................. 41 Figura 13 - (a) Variação da velocidade angular com a latitude. (b) Representação

exagerada da forma da Terra ........................................................................... .42 Figura 14 - (a) Correção de ar livre de uma observação situada a uma altura h

acima do datum. (b) Correçtio de Bouguer. (c) Correção de Terreno ............... .45 Figura 15 - Variaçtio da gravidade devida às atrações do Sol e da Lua em Belém,

Pará, Brasil (coordenadas: 1º 30' sul - 48 º 30' oeste; altitude= 14 m) . ............. 46 Figura 16 - Ilustração do modelo de compensaçtio isostática teoria de Airy e teoria

de Pratt . ............................................................................................................. 48 Figura 17 - Efeito da gravidade em um seção geológica falhada e em uma seção

geológica com embasamento com diferentes densidades ................................. 53 Figura 18 - Efeito de gravidade causado por corpos de geometria simples e

densidade constante . ......................................................................................... 54 Figura 19 - Efeito da gravida sobre um esfera em diferentes profundidades . .......... 55 Figura 20 - Efeito da gravida sobre um bloco semi-infinito em diferentes

profundidades . ................................................................................................... 55 Figura 21 -Localização da área do estudo de caso. No diagrama(/), mapa

tectonico; em (li) mapa geológico simplificado da Ilha da Terra do Fogo .......... 58 Figura 22 - Mapa geológico simplificado da porção leste da Ilha da Terra do Fogo,

Tassone et ai. (2005) . ..................... '. .................................................................. 61 Figura 23 - Mapa geológico da porção leste do Lago Fagnano. Tassone et ai.

(2005) ................................................................................................................. 62

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Figura 24 - (A) - Mapa da área estudada, mostrando a distribuição dos pontos geofísicos; (B) - Mapa topográfico; (C) - Mapa de anomalia bouguer completa; (D)- Mapa magnético campo total .................................................................... 68

Figura 25 - Perfis N-S e NW-SE localizados na figura 24-A, anomalia Bouguer, anomalia magnética e perfil topográfico ............................................................. 68

Figura 26 - Modelo numérico 20 criado com o dado proveniente da anomalia Bouguer completa .............................................................................................. 69

Figura 27 - Seção geológica interpretada baseada no modelo numérico gravimétrico combinado dados estruturais e geológicos de campo .................. 71 ·

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Características geoquimicas das principais rochas geradoras da bacia Austral . .................................................................................................... 26

Tabela 2 - Valores medidos de suscetibilidade magnética para cada unidade geológica ............................................................................................................ 65

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SUMÁRIO

Agradecimentos .................................................................................................................................... vi

Resumo ............................................................................................................................................... viii

Abstract ................................................................................................................................................... ix

Lista de Figuras ...................................................................................................................................... x

Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... xi

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1

2 OBJETIVO ....................................................................................................................................... 3

3 MÉTODO ......................................................................................................................................... 3

4 CONTEXTO GEOLÓGICO DA BACIA ........................................................................................... 4

4.1 Introdução ................................................................................................... 5 4.2 Estratigrafia ................................................................................................. 6 4.3 Geologia Estrutural ................................................................................... 14 4.4 Geologia Histórica .................................................................................... 18

4.4.1 PRIMEIRA ETAPA RIFTE ............................................................................................... 18 4.4.2 SEGUNDA ETAPA: SUBSIDÊNCIA TÉRMICA. .............................................................. 20 4.4.3 TERCEIRA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DA BACIA "FORELAND" ............................ 20

4.5 Geologia do Petróleo ................................................................................ 22 4.5.1 ROCHA GERADORA E GERAÇÃO ................................................................................. 24 4.5.2 MIGRAÇÃO ..................................................................................................................... .26 4.5.3 TRAPEAMENTO .............................................................................................................. 28 4.5.4 RESERVATÓRIOS ........................................................................................................... 29

5 GRAVIMETRIA .............................................................................................................................. 32

5.1 Introdução ...................................................................................................... 32 5.2 Teoria básica .................................................................................................. 33 5.3 Medidas de gravidade ................................................................................... 36

5.3.1 GRAVIMETROS ................................................................................................................... 37 5.3.1.1 Gravimetros absolutos .................................................................................................. 37 5. 3.1.2 Gravimetros relativos ..................................................................................................... 38

5.3.2 PROCEDIMENTOS PARA A TOMADA DE MEDIDAS DE GRAVIDADE UTILIZANDO GRAVI METROS ............................................................................................................................ 39

5.4 Correções ou reduções dos valores de gravidade ..................................... 40 5.4.1 CORREÇÃO DE DERIVA (DRIFT) INSTRUMENTAL ...................................................... .41 5.4.2 CORREÇÃO DE LATITUDE ................................................................................................ .41 5.4.3 CORREÇÕES DE TERRENO ............................................................................................. .42

5.4.3.1 Correção de ar livre (Free-Air ou de Faye) (Ca,) ............................................................ 43

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5.4.3.2 Correção Bouguer ( Cb ) ................................................................................................. .43 5.4.3.3 Correção de curvatura (Cc) ........................................................................................... .44 5.4.3.4 Correção de terreno (C1) ............................................................................................... .44

5.4.4 CORREÇÃO DE MARÉ ....................................................................................................... .46 5.4.5 CORREÇÃO DE EÓTVÓS ( C Eot) .................................................................................... 46

5.4.6 CORREÇÃO ISOSTÁTICA (C;5) .......................................................................................... .47

5.5 Anomalias gravimétricas .............................................................................. 48 5.5.1 ANOMALIA DE AR LIVRE ................................................................................................... .48 5.5.2 ANOMALIA BOUGUER SIMPLES ....................................................................................... .49 5.5.3 ANOMALIA BOUGUER COMPLETA .................................................................................. .49 5.5.4 ANOMALIA ISOSTÁTICA .................................................................................................... .49

5.6 Interpretação de anomalias gravimétricas .................................................. 50 5.6.1 CONTROLES DA INTERPRETAÇÃO .................................................................................. 50

5.6.1.1 Ambiguidade na interpretação ....................................................................................... 50 5.6.1.2 Anomalia gravimétrica e efeito da gravidade ................................................................ 51 5.6.1.3 Contraste de densidade ................................................................................................ 52 5.6.1.4 Estrutura x Contraste de densidade do embasamento ................................................. 52 5.6.1.5 Estimativa de profundidade ........................................................................................... 53 5.6.1.6 Localização de um contato vertical ............................................................................... 56 5.6.1.7 Separação de anom alias regionais e residuais ............................................................. 56

6 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 57

6.1 Introdução ...................................................................................................... 57 6.2 Geologia ......................................................................................................... 58 6.3 Geofísica ........................................................................................................ 60

6.3.1 MEDIDAS GEOFÍSICAS ....................................................................................................... 63 6.3.1.1 Gravimetria .................................................................................................................... 63 6.3.1.2 Magnetometria e suscetibilidade magnética ................................................................. 64

6.3.2 RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO GEOFÍSICA .............................................................. 65 6.3.2.1 Perfis geofísicos e mapas ............................................................................................. 65 6.3.2.2 Modelo de gravidade bidimensional e seção geológica interpretada ........................... 68

7 CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 72

8 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................................. 75

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1 INTRODUÇÃO

A bacia Austral, também conhecida como bacia de Magalhães cobre uma área

de 230.000 km2, alcançando aproximadamente 700 km em comprimento e 370 km

em largura nas suas extensões máximas (Biddle et ai., 1986).

O descobrimento de hidrocarbonetos na bacia Austral ocorre como resultado

de uma intensa e variada atividade de investigação e exploração dos recursos

naturais que ocorrem desde o final do século XIX, tanto no Chile como na Argentina,

paises em que a bacia Austral está localizada. A bacia Austral nos últimos anos tem

sido a maior supridora de óleq e gás do Chile e da Argentina, observar a distribuição

de campos de óleo e gás na Figura 1.

O texto a seguir além de sintetizar a estratigrafia, geologia histórica, geologia

estrutural e os sistemas petrolíferos da bacia Austral, busca também, enfatizar o

método prospectivo gravimétrico e sua aplicação à bacia objeto deste texto.

O método gravimétrico possui o objetivo principal de detectar as mudanças de

densidades laterais existentes entre os corpos de rocha e estruturas, é utilizado para

o estudo de pequenas e grandes áreas, em escala de detalhe a escala regional de

mapeamento. Pode ser executado em terra, oceano ou ar.

No estudo de caso, poderá ser observado um levantamento gravimétrico em

escala semi-regional. Os dados gravimétricos em conjunto com os dados geológicos

e magnetométricos foram integrados, e os autores procuraram dellinear através de

um modelo numérico, as principais características estruturais e o cenário tectônico

da porção Argentina da Ilha da Terra do Fogo mais precisamente no sistema de

falha Magallanes-Fagnano (MFS).

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606 North Malvin s Basin

Campos de óleo e gás

.... n ---S'-""litucnt:1ry Rocks lgl1cous and Nkta1.11orphí1. Roéks

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Figura 1 - Localização e simplificação das províncias geológicas da parte sul da América do Sul, enfatizando a bacia de Magallanes (Austral). Adaptado de Shenck et ai. (1997).

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2 OBJETIVO

O objetivo desta monografia é sintetizar de forma clara, aspectos geológicos e

prospectivos para hidrocarbonetos da bacia Austral, mostrar os conceitos adquiridos

no estudo do método gravimétrico e por fim em uma porção da área mostrar a

aplicação da gravimetria e, os resultados fornecidos pelo método nesta porção da

bacia.

3 MÉTODO

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O trabalho foi dividido em duas etapas: a primeira etapa foi realizado uma

pesquisa bibliográfica em grupo, para que depois se fizesse a montagem do texto

geológico referente a bacia Austral; na segunda etapa, cada componente do grupo

ficou responsável por um método geofísico, previamente determinado, para que

então complementasse a monografia com um texto individual.

O grupo responsável pela bacia Austral foi composto pelos seguintes

geofísicos: Guilherme Sidou Canha, Diego Garcia, Analena Mileó, Max Velásquez e

Tiago Nunez. Ficando inicialmente cada componente do grupo responsável por uma

parte da geologia, para que ao final fosse integrada em apenas um corpo de texto

por um dos componentes do grupo.

Na etapa individual foi realizada duas pesquisa bibliográfica direcionadas: a

primeira sobre o método gravimétrico para que assim houvesse a sumarização do

método na monografia; a segunda pesquisa, sobre o método gravimétrico aplicado a

bacia Austral para que se fizesse o estudo de caso.

O estudo de caso ficou restrito apenas a um artigo, pois o tema gravimetria em

conjunto com bacia Austral se mostrou bastante raro nas pesquisas realizadas nas

diferentes fontes disponíveis.

4 CONTEXTO GEOLÓGICO DA BACIA

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4.1 Introdução

A bacia Austral, também conhecida como bacia de Magalhães, estende-se

junto ao limite convergente da placa Sul-americana e a porção oceânica da placa

Antártica no extremo sul da América do Sul. A bacia é localizada ao sul da junção

tripla onde as placas Nazca, Sul-americana e Antártica se encontram. Sua

orientação geral é NNW-SSE, e cobre uma área de 230.000 km2, alcançando

aproximadamente 700 km em comprimento e 370 km em largura nas suas

extensões máximas (Biddle et ai., 1986).

O desenho da bacia é triangular, sua parte axial contém até 8000 m de

sedimentos depositados, que ficam menos espessos para leste, com espessura

entre 1000 m e 2000 m na área de plataforma (Figura 2). Para norte e leste seu

limite é definido pelo arco de Dúngenes-Rio Chico, que representa uma elevada

porção do embasamento paleozóico. Seu limite sul corresponde a uma zona

complexa de encurtamento e dobramento gerada ao longo das bordas das placas

Sul-americana e Escócia (Biddle et ai., 1986). Para oeste, está limitada pela

presença do Batólito Patagônico e das rochas deformadas na zona compressiva,

com dobras e falhamentos de empurrão. Para sudeste, por fim, é conectada à bacia

de Malvinas.

O descobrimento de hidrocarbonetos na bacia Austral ocorre como resultado

de uma intensa e variada atividade de investigação e exploração dos recursos

naturais que ocorrem desde o final do século XIX, e princípio do século XX, tanto no

Chile como na Argentina, países em que a bacia Austral está localizada (Peroni,

2002). Nos últimos anos, a bacia Austral tem sido a maior supridora de óleo e gás

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do Chile e da Argentina (Gonzalez, 1998), na Figura 1 os pontos azuis representam

os campos de óleo e gás existentes na região.

Na bacia Austral, são documentadas sucessões de folhelhos betuminosos

continentais e marinhos. A Formação Springhill, entre outras, possui intervalos de

folhelhos pretos com propriedades para a formação de óleo de alta qualidade. O

material orgânico está na janela de óleo rendendo grandes quantias de

hidrocarboneto. As principais rochas reservatórios são localizadas dentro das

seguintes formações: Formações Tobífera, Formação Springhill e Formação

Magallanes.

7S-W E ST\JDY AREA - 1 0 0 0 - ISOPACH

Sono

6S-W

50"5 ATLANTIC

O C E A N

MALVINAS BASIN

1001(,n

65"W

Figura 2 - Mapa de localização da bacia Austral, observar iso/inhas de espessura de cobertura sedimentar e as principais delimitações da bacia. Quattrocchio, 2006.

4.2 Estratigrafia

A bacia Austral inclui rochas que variam em idade do Jurássico até o

Quaternário.

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No diagrama cronoestratigráfico, representado na Figura 3, é possível observar

a síntese - realizada pela Pecom Energia (2002) - de uma série de informações

regionais e de poços em diferentes regiões da bacia Austral. As formações Tobífera

e Springhill são representadas ao longo de toda a bacia. Depositadas acima destas,

encontram-se fom,ações equivalentes com diferentes nomes.

A base da bacia é composta por um complexo acrecionário - desenvolvido

durante a zona de subducção da margem Pacífica do Gondwana (Hervé et ai.,

1981) - e é coberta por vulcânicas ácidas e vulcanoclásticas do meio ao final do

Jurássico, que são agrupadas na Formação Tobífera e equivalentes (Thomas,

1949).

A Fom,ação Tobífera compreende um conjunto de rochas vulcânicas ácidas,

ignimbritos, brechas e tufos, de composição riolítica a quartzo latito. Em alguns

casos preenchem semi-grabens chegando à espessura de 2000 m (Bravo &

Herrera, 1997). Estende-se desde o maciço Norte-Patagônico até a Terra do Fogo e

desde o oeste da cordilheira Patagônica até a platafom,a continental a leste

(observar Figura 4).

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CHRONOSTRATIGRAPHIC DIAGRAM Austral - Magallanes Basin

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Figura 3 - Diagrama cronoestratigráfíco da bacia Austral (Peroni et ai., 2002).

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8

Hechem & Homovc (1988), reconhecem três associações de fácies

relacionadas à Formação Tobífera: (1) proximal, depósitos piroclásticos grossos

sobre ou nas cercanias dos vulcões; (2) média-distal, piroclástitas primárias e

secundárias, e rochas de mistura distribuídas em áreas baixas entre os centros

efusivos e (3) leque, depósitos de leque aluvial em pequenas bacias associadas aos

altos vulcânicos.

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Devido ao processo de fraturação da etapa rifle, à complexidade estrutural dos

grábens e ao preenchimento em diferentes ciclos vulcânicos, não é possível integrar

e determinar as variações laterais da Formação Tobífera.

Figura 4 - Distribuição dos afloramentos da Série Tobífera (rosa) e equivalentes (Bíddle et ai, 1986).

Sobre o ambiente de rifle desenvolveu-se posteriormente o preenchimento

elástico conhecido pelas seqüências cretácicas formadas por arenitos continentais,

parálicos e marinhos da Formação Springhill e pelos folhelhos conhecidos como

"Estratos com Favrella" (Thomas, 1949) (Figura 5).

Considerando sua importância econômica como produtora de hidrocarbonetos

e sua ampla distribuição geográfica, a Formação Springhill constitui a unidade

sedimentar que mais se destaca na bacia Austral (Pedrazzini et ai., 2002).

A Formação Springhill é descrita em território continental e em território

"offshore". Três unidades em território continental são descritas na região da

plataforma de Santa Cruz e parte da Terra do Fogo (Pedrazzini et ai., 2002), ao

passo que quatro unidades em território "offshore" são descritas na região da Ilha da

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Terra do Fogo (Arbe et ai., 2002). As três unidades do território continental são

descritas como: Springhill Inferior, chamado também Basal ou Continental; Springhill

Médio ou Argiloso e Springhill Superior ou Marinho. Em território "offshore", as

quatro unidades são: Hidra; Argo; Paloma e Carina.

wo 120 100 ao •o ,o

G R

o . .

0 .mma y (OAPI ) "º

Offsho,.e shales

Quartzitic coarse sandstones of beach barrier

Siltstones and fine lmmature sandstones assoclated with marsh, intert.idal fla1 and channel-fill

Tuffs

Tobifera Series

Figura 5 - Coluna estratigráfica da Formação Springhi/1 contando com informações geofísicas de sondagem (sônico em laranja, raios gama em verde e análise de /itofácies). (Quattrocchio et ai., 2006).

A descrição realizada em território continental da unidade Springhill Inferior

possui rápidas mudanças laterais na granulometria, predomínio de seqüências

granodecrescentes, restos carbonosos de plantas e raízes nos níveis pelíticos. Isso

indica condições de sedimentação fluvial a estuarina, e de planície fluvial a costeira.

No topo da unidade Springhill Inferior, uma etapa de subsidência é responsável

pela sedimentação de pelitos com abundantes restos de plantas e que constitui a

unidade conhecida como Springhill Médio, de provável origem marinha marginal ou

de planície costeira ou pântano. Sua espessura é variável, geralmente entre 1 e 12

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m, com continuidade suficiente para determinar o selo entre ambos os ciclos

sedimentares.

A unidade Springhill Superior apresenta predomínio de arenitos glauconíticos

com fragmentos de conchas. Em algumas posições da bacia, este ciclo se

apresenta em fácies de granulometria fina que atuam como selo da unidade

Springhill Inferior. Alguns altos topográficos onde se deram condições de

estabilidade na subsidência, além de luz e oxigênio suficientes, ocorreram

deposição de sedimentos carbonáticos.

Segundo Arbe et ai. (2002), a unidade Hidra de idade Berriasiano-Valanginiano

é descrita como uma megasseqüência de caráter regressivo e, por uma seção basal

da fase transgressiva, começa com um limite de seqüência fortemente erosional -

que corresponde a uma baixa relativa do nível base - , instalando-se, a seguir, um

sistema entrelaçado fluvial que preenche vales amplos incisos correspondentes à

última fase do trato de mar baixo. Com a subida do nível base e a instalação de um

sistema transgressivo, os sedimentos distribuem-se nos vales na forma de canais

sinuosos e em importantes depósitos de planície de inundação. Nessa situação, a

espessura dos reservatórios decresce da base ao topo até que os vales estejam

completamente inundados por um sistema lacustre/palustre dominado por argilitos,

situação de máxima inundação do final do trato transgressivo.

A unidade Argo (Valanginiano Tardio-Hauteriviano) é composta de arenitos e

argilitos desenvolvidos em diferentes tipos de depósitos, de estuarinos litorais a

marinhos rasos. A unidade Argo possui as fácies comuns na Formação Springhill,

que são interpretadas como um produto de intervenções climáticas que provocaram

o deslocamento e deposição de quantidades abundantes de areias em um ambiente

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marinho raso. Estes corpos de arenitos formam lobos maciços e são compostos de

areias grossas interpretados como depósitos de trato de mar baixo.

Arbe et ai. (2002) descreveram a unidade Paloma de idade Hauteriviana como

uma sucessão de arenitos maciços desenvolvidos durante um período de nível de

mar baixo que precede depósitos de anti-praia, de baía e de estuário desenvolvidos

durante período de subida de mar. Sobre os níveis de condensação desenvolvem-

se pelitos de plataforma de trato de mar alto.

De idade Barremiana, a unidade Carina, assim como a unidade Paloma, é

composta por uma sucessão de lobos arenosos maciços de trato de mar baixo, ,,

seguida de depósitos transgressivos de nível de mar alto com canais e fácies

estuarinas (Arbe et ai., 2002).

Os folhelhos descritos por Thomas (1949) - Estratos com Favrella - foram

depositados concomitantemente ou logo acima da Formação Springhill. Eles

consistem em um folhelho fossilífero cinza a cinza-amarronzado, intercalado por

carbonatos com glaconitas na base. A espessura da unidade varia de 10 a 240m. A

fauna encontrada consiste em cefalópodes Streblitos, Favrella, Berrasela,

Belemnpsis e Crioceras e o Pelecypod lnoceramus. O foraminífero mais comum é o

Cristellaria, Polymorfina e o Ammobaculitos.

A Formação Pampa Rincon ou lnoceramus Inferior e equivalentes (folhelhos

com chert) de idade Barremiano-Aptiano (Natland et ai., 1974) foram depositados

sobre a Formação Springhill durante a fase de subsidência térmica (Biddle et ai.,

1986) formando uma cunha extensa e progradante de folhelhos e siltitos que

recobrem o arco de Dungenes e aumentam a espessura em direção sudoeste

(Sanchez, 1999).

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13

Sobre a Formação Pampa Rincon, três unidades sedimentares podem ser

caracterizadas: "marls" da Formação Nueva Argentina ou Margas Verdes, de idade

de Aptiana; folhelhos da Formação Arroyo Alfa ou lnoceramus Medio, de idade

Cenomaniana a Coniaciana; e folhelhos da Formação Cabeza de León ou

lnoceramus Superior, de idade Coniaciana-Maastrichtiana (Harambour, 1998), que

foram depositados abaixo de condições marinhas aeróbicas e têm sua espessura

aumentada para sul e oeste, onde eles se interdigitam com os turbiditos de origem

tectônica da Formação Cerro Toro e equivalentes (Sanchez, 1999).

Na região de Santa Cruz, a Formação Magallanes, que lateralmente é ,,

equivalente a várias outras formações já descritas (Figura 3), apresentou

manifestações de hidrocarbonetos desde o início das pesquisas e da exploração da

bacia Austral.

Miller & Cagnollatti (1998) apresentaram uma atualização do modelo

estratigráfico para a porção inferior da Formação Magallanes (porção arenosa),

baseada em informações obtidas na região do rio Santa Cruz e La Esperanza.

Nesse trabalho, foi observado que a base da Formação Magallanes (unidade

Magallanes Inferior) concentrava os reservatórios de gás e óleo na região da

província de Santa Cruz. Tradicionalmente, estes reservatórios eram temporalmente

localizados no início do Paleogeno, sendo os pelitos da Formação Palermo Aike

localizados ao final do Cretáceo. Após o cruzamento de várias informações no

banco de dados regional e estudos interdisciplinares, foi possível estabelecer o

limite cronoestrátigráfico para a Formação Magallanes, sendo definido no período do

Neocretáceo ao Mioceno.

A Formação Magallanes foi subdividida em duas unidades: (1) Magallanes

Inferior e; (2) Magallanes Superior. A unidade Magallanes Inferior, definida do

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Neocretáceo ao final do Eoceno, possui a porção reservatório desta formação. Ela é

caracterizada por conter pelitos de fácies pró-delta, arenitos marinhos marginais de

fácies de canal, pelitos carbonosos de fácies de canal, arenitos marinhos de fácies

de barra marinhas e pelitos e arenitos glauconiticos de fácies de plataforma externa.

4.3 Geologia Estrutural

As feições estruturais observadas na bacia Austral são caracterizadas por

falhamentos - normais, transcorrentes e cisalhantes -, por dobras assimétricas,.,

dobras causadas por inversão e estruturas compressivas características da zona

dobrada (Diraison et ai., 2000).

Os falhamentos normais que ocorrem entre as direções NW e NNW foram

formados durante o rifteamento do Triássico ao Neojurássico, sendo reativados

durante as etapas de compressão Terciária que, por vezes, provocaram novos

falhamentos subordinados, de direção W-E, com características cisalhantes e

transcorrentes.

A bacia Austral pode ser dividida em quatro zonas morfoestruturais: zona de

plataforma, zona de flexura ou talude, zona de bacia profunda e zona dobrada - ou

faixa dobrada - (observar Figura 6 descrita por Schiuma, 2002).

A zona de plataforma possui espessura sedimentar entre 1000 e 2000m com

fraca estruturação, predominando estruturas extencionais (NNE-SSO) que

constituem os altos do embasamento. Horsts, grábens e semi-grábens são

especialmente bem desenvolvidos nesta zona.

Representando a transição da antefossa (foredeep) para a zona de

plataforma, a zona de Flexura ou Talude é caracterizada por uma maior

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estruturação, com falhas normais (NW-SE}, desde o Jurássico, e com reativações

no Cretáceo e Terciário (Figura 7).

A zona de Bacia Profunda corresponde à antefossa, com espessuras

sedimentares chegando a 8000m. Tectonicamente é mais estruturada devido à

proximidade com a cadeia andina.

A zona dobrada foi classificada em interna e externa. Nela, os sedimentos

detríticos do Paleozóico ao Terciário foram elevados pelos eventos tectônicos

compressivos andinos.

A faixa dobrada interna é caracterizada por conter afloramentos Paleozóicos,

Jurássicos e Cretáceos e uma deformação compressiva intensa diferente da faixa

dobrada externa, que possui afloramentos do Cretáceo ao Terciário, além de uma

deformação cada vez mais suave para leste.

Ainda na faixa dobrada, são reconhecidos dois estilos estruturais dominantes:

o primeiro encontra-se sobre as rochas do embasamento onde são observadas

dobras assimétricas e por inversão (de pequeno a grande comprimento de onda); o

segundo, sobre a cobertura sedimentar marcada pelas estruturas compressivas.

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100 Km

16

CUENCA DE MALVINAS

OCEANO ATLANTICO

Figura 6 - Bacia Austral, contexto geotectônico, localização e geometria geral. As quatro zonas morto-estruturais são representadas por zona de plataforma (Plataforma de Springhífl), zona de flexura ou talude (Talud), zona de bacia profunda (cuenca) e zona dobrada (Faja Plegada). (Schíuma, 2002).

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73ºW 71 °W 69 ° W

100km

67 º W

P'.{:-:·,j Ice cap

r,::-:::;:i Quate. rnary sediments

- Tertiary basalts

65 º W

- 47º S

49º S

· 51 ° SD Tertiary sediments

D Cretaceous sediments Basement

53° S

55° S

17

Figura 7 - Mapa geológico e estrutural da porção sul dos Andes e bacia Austral. O embasamento consiste em rochas metasedimentares do paleozóico, intrusões, ofiolitos e rochas vo/canoclásticas do Jurássico. As estruturas são empurrrões, falhamentos transcorrentes (representadas por meia setas brancas indicando o movimento) e falhas normais (no símbolo . . . . IL os traços duplos representam o bloco baixo). Segundo Diraison (2000).

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4.4 Geologia Histórica

18

A história da bacia Austral está intimamente relacionada com três etapas

principais: (1) a primeira está vinculada à tectônica extensional, que se originou do

meio ao final do Jurássico (etapa de rifte), tendo como conseqüência a

fragmentação do Gondwana, a abertura inicial do Oceano Atlântico Sul e a

formação da bacia (inicialmente a bacia de retro-arco Rocas Verdes); (2) a segunda,

desenvolvida do Neojurássico ao inicio do Cretáceo, está associada a uma lenta

subsidência ténnica, etapa esta conhecida como pós-rifte; (3) a terceira está

relacionada com o desenvolvimento de uma bacia "fore/and" no Neocretáceo e no

Terciário.

A evolução e o desenvolvimento destes cenários foi conseqüência da interação

entre as placas Sulamericana e Antártica. A subsidência se iniciou pelo sul, no

Neojurássico e continuou durante todo o Cretáceo e Terciário, até o Plioceno.

4.4.1 PRIMEIRA ETAPA: RIFTE

Esta etapa está associada à ruptura inicial do setor SE do Supercontinente

Gondwana, durante o Neotriássico e meados do final do Jurássico. A extensão

contínua gerou uma bacia marginal de antearco, com a formação de um oceano

interno, Mar de Wedell, abrindo do sul para o norte (Stern, 1980; de Wit and Stern,

1981) (Figura 8). A inundação marinha inicial que avançou desde o sul e o sudeste,

como conseqüência do suave afundamento térmico, deu lugar ao desenvolvimento

de depósitos de argilitos marinhos, dispostos em camadas de algumas dezenas de

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19

metros contendo fauna de amonitas e belemitas, interestratificados entre as

vulcânicas da Formação Tobífera.

Numa etapa inicial, rochas magmáticas e vulcânicas intrudiram em uma

extensa faixa da margem continental Pacífica do Gondwana; como resultado,

desenvolveu-se um discreto número de hemigrábens com orientação predominante

NW-SE, separados por segmentos de embasamento. Estas feições facilitam o

vulcanismo da Formação Tobífera. Sedimentos vulcânicos e vulcanoclásticos

marcam o sistema sin-rifte da Formação Tobífera Inferior. A essa etapa estão

associados os complexos ígneos máficos, como lavas almofada, diques máficos e

ofiolitos, denominados Rocas Verdes.

AfRICA PLAlE

Figura 8 - Fase rifte da bacia Austral e abertura do Mar de Wede/1 (Fíldaní & Hess/er, 2005)

Estes hemigrábens se concentraram próximos ao Alto Rio Chico, onde ocorreu

uma erosão do embasamento Paleozóico, servindo de fonte de sedimentos para a

bacia. A subida do nível do mar durante o clímax da atividade vulcânica, seguida de

+1

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20

seqüências sedimentares transgressivas entre 157 e 153 Ma, gerou a deposição

das fácies de arenito com o nome de Formação Springhill (Robbiano et. ai., 1996)

(Figura 9).

4.4.2 SEGUNDA ETAPA: SUBSIDÊNCIA TÉRMICA

Esta etapa se inicia no final do período de abertura da bacia retroarco, com a

crosta oceânica sendo formada (Figura 9).

Durante o Neojurássico e o início do Cretáceo, o amplo setor da plataforma

Sul-americana desenvolvido ao leste e a depressão da bacia retroarco tiveram como

principal característica a deposição de sedimentos elásticos e "by-pass" para os

sedimentos de ambientes fluviais e marinhos rasos. Nesses ambientes

desenvolveram-se os depósitos da Formação Springhill, e de talude da Formação

Zapata, todos dispostos em relação discordante sobre a Formação Tobífera.

4.4.3 TERCEIRA ETAPA: DESENVOLVIMENTO DA BACIA "FORELAND"

Uma vez abortada, por inversão, a bacia retro-arco, ocorreram dobramentos e

erosão parcial de seus depósitos, como conseqüência de processos compressivos

durante o Neocretáceo. Estes processos reativaram as antigas falhas da fase rifte e

um novo sistema de falhamentos subordinados com orientação E-W. Além disso,

afetaram intensamente o arco vulcânico e a região imediatamente a leste, iniciando

a formação da bacia de antepaís (Figura 9).

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Figura 9 - Evolução tectônica da bacia Austral (modificado de Galeazzi, 1994).

Esta etapa de inversão está relacionada com o início do ciclo Patagônico - que

é responsável pela continentalização do setor norte da bacia - correspondendo a

uma aceleração na velocidade de convergência, reconhecida em toda a margem do

Pacífico, desde a Colômbia até os Andes Austrais (Ramos, 1999); posteriormente,

entre o final do Cenomaniano e o início do Coniaciano (96-84 Ma), ocorre o

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22

fechamento da bacia formada pelas Rochas Verdes (bacia de "Rocas Verdes"),

culminando com a colisão de uma dorsal oceânica vinculada com o platô basáltico

Adakita Puesto Nuevo, entre 85 e 76,7 Ma (Ramos et ai., 1994; Nulo et al., 2002).

Imediatamente a leste e a noroeste da faixa em soerguimento, a plataforma

estável da bacia começa a subsidir em resposta à carga resultante do empilhamento

tectônico, mudando a polaridade da área de depósito sedimentar e tendo como

conseqüência a formação do antefosso da bacia de antepaís, onde se depositaram

as maiores espessuras sedimentares conhecidas na bacia Austral. O eixo do

antefosso migrou para o setor estável do antepaís entre o Neocretáceo e o Mioceno.

4.5 Geologia do Petróleo.

O progressivo soterramento de seções com condições oleogenéticas durante

desenvolvimento da bacia de antepaís, principalmente nas regiões de "foredeep",

favoreceu não somente o amadurecimento como a migração e o carregamento dos

reservatórios de hidrocarbonetos de diferentes idades e litológicas (arenitos e

vulcânicas).

Várias empresas exploram a região da bacia Austral, e têm na Formação

Springhill o seu principal horizonte de produção de hidrocarbonetos (Gonzalez,

1998). As principais empresas que exploram a região da bacia em questão são:

ENAP, Total Austral, YPF, Amoco, Shell e Petrobras.

Segundo Peroni (2002), até o ano 2000, na bacia Austral, foram descobertas

reservas da ordem de 1.097 MM m3 de petróleo e condensados e pouco mais de

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1.133 M MM m3 de gás, sendo o volume das reservas de óleo e gás, em termos

energéticos, equivalentes.

A exploração da bacia na Argentina, em termos cronológicos, foi feita da

plataforma estável continental em direção à zona de bacia profunda, sendo a área

de plataforma continental a mais madura. A área de plataforma estável continental

está sendo explorada há mais tempo, tendo, até 2002, 1100 poços perfurados

(Peroni, 2002). A exploração na área de talude e bacia profunda se tornou mais

intensa a partir da década de 1990, mas desde a década de 1970 já haviam sido

descobertas grandes acumulações de hidrocarbonetos, principalmente os gasosos.

A bacia Austral tem, como principais, os seguintes sistemas petrolíferos: (1)

lnoceramus lnferior-Springhill; (2) lnoceramus lnferior-Magalhanes Inferior e o

sistema (3) Tobífera-Tobífera/Springhill.

O mais importante é o sistema petrolífero lnoceramus lnferior-Springhill, por

ser o mais bem estudado e o que possui a grande maioria das reservas da bacia. O

sistema é composto pelos reservatórios da Formação Springhill e os localizados na

Formação Tobífera Superior. São exemplos os reservatórios EI Condór, Cerro

Redondo, Faro Vírgenes,. Canãdón Salto, Etancia La Maggie, Cerro Norte, Océano,

Dei Mosquito, entre outros. As seções pelíticas do intervalo Springhill têm

características geoquímicas comparáveis às do lnoceramus Inferior, mas com maior

quantidade de material orgânico terrígeno, o que indica a possibilidade de maior

g.eração de gás.

O sistema petrolífero lnoceramus lnferior-Magallanes Inferior foi identificado na

província de Santa Cruz, e é considerado um sistema com grande potencial para

hidrocarbonetos.

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24

O sistema petrolífero Tobífera-Tobífera/Springhill é composto por argilas

geradoras intercaladas na seção inferior da série Tobífera, o que pode indicar dois

tipos de reservatórios: um tipo da série Tobífera - com porosidade primária e

secundária por fraturamento dentro do preenchimento vulcanoclástico dos grábens -

e o outro, tradicional, da formação Springhill - preenchido através de fraturas.

4.5.1 ROCHA GERADORA E GERAÇÃO

A geração de hidrocarbonetos na bacia Austral começou há aproximadamente

75 milhões de anos durante o Neocretáceo. A expulsão dos hidrocarbonetos da

rocha geradora se iniciou há 50 milhões de anos, durante o início do Terci1ário

(Paleogeno), nas regiões profundas da bacia.

Na bacia Austral, as reservas de hidro,carbonetos dividem-se em reservas de

óleo (30%) e gás (70%). O motivo dessa alta quantidade de gás na bacia pode ser

explicado pelo "cracking" de petróleo em gás na rocha geradora, antes de os

hidrocarbonetos serem expulsos. Outro motivo que explica a relação entre gás e

óleo é a qualidade da matéria orgânica, que teria maior potencial para a geração de

gás. Em alguns casos encontram-se acumulações de óleo sem gás, que podem ser

explicadas pela perda de gás do reservatório.

Segundo Pittion et ai. (1999), a rocha geradora mais importante da bacia está

concentrada no início do Cretáceo. Nas fáci.es continentais da Formação Springhill

existem intercalações finas de folhelho, com espessura de 1 a 5 metros, e com

níveis laminados de composição carbonosa que possuem um bom potencial

gerador, indicado por muitos parâmetros de Rock-E vai (Espitalié et ai., 1977).

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25

Através de análises geoquímicas, é possível verificar que a matéria orgânica

presente possui valores de carbono orgânico total (COT) da ordem de 2 a 6%,

chegando, em alguns pontos, a alcançar 25% (Descalli et ai., 1992). O índice de

hidrogênio da matéria orgânica está entre 300 e 700 mg/g e o seu potencial médio

S2 entre 7 e 20 kg/t. Essas características da matéria orgânica provavelmente

estão relacionadas à presença da exinita, uma alga lacustre, o que indica que os

pelitos foram depositados em um sistema palustre associado a uma planície de

inundação. Nessa fácies prevaleceu o ambiente redutor. Mesmo sendo o sistema

em questão, em geral, associado à matéria orgânica de baixa qualidade - provinda

de plantas terrestres, nesse caso - a presença de exinitas associadas ao ambiente

redutor promoveu a boa qualidade da matéria orgânica formadora do petróleo.

No setor oriental da bacia encontram-se os depósitos da fase lacustre, do

início da formação da bacia, associada às primeiras etapas da formação dos hemi-

grábens. Nos níveis basais da Formação Tobífera foram encontrados sedimentos

continentais finos equivalentes aos da Formação Springhill, com boas

características geradoras. Os valores de COT estão entre 1 % e 7%, o S2 de 1 a 26

kg/t e o índice de hidrogênio, compreendido entre 70 e 350 mg/g (Cagnolatti et ai.,

1996).

Na seção marinha da Formação Springhill há camadas finas de pelitos com

espessura de 1 a 10 m, principalmente no topo da formação. As análises

geoquímicas mostram um potencial gerad.or fraco, mesmo a matéria orgânica sendo

marinha. Os valores de COT são da ordem de 0,4% a 0,9%, os de S2, de 0,7 a 2

kg/t, e o índice de hidrogênio, de 100 a 300 mg/g (Pittion et ai., 1999).

Os folhelhos marinhos da Formação lnoceramus Inferior e seus equivalentes

possuem de 50 a 150 metros de espessura, com boa característica geradora de

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26

rochas mãe do tipo li. Os maiores valores de COT alcançam 2% e os valores

médios são superiores a 8%. O S2 varia entre 1,5 e 1 O kg/t e o índice de hidrogênio

está entre 150 e 550 mg/g. A profundidades maiores que 3 km, observa-se a

diminuição dos valores de S2 e do índice de hidrogênio, o que é um indicativo de

que ali a matéria orgânica foi, em sua maioria, consumida na geração de

hidrocarbonetos. A matéria orgânica da formação Margas Verdes tem, em sua

seção inferior, valores similares aos da formação lnoceramus Inferior, possuindo

bom potencial de geração.

Nas unidades citadas, a disposição da matéria orgânica pela bacia está

relacionada às camadas que se depositaram em anoxia e também à variação do

nível eustático que permite a sucessão dos semiciclos transgressivos. Na Tabela 1,

a seguir, as características geoquímicas das principais rochas geradoras da bacia

Austral são apresentadas.

Tabela 1 - Caracteristicas geoqwm,cas das principais rochas geradoras da bacia Austral. (Pittion et ai., 1999).

Formação TOC HI S2 Tipo Potencial Espessura (%) (m2'2) (K1!/t) dominante

Margas Verdes (parte 0,5-1,5 150-450 1 - 5 II - m médio 100-150inferior) Margas Verdes (rico 1,5-2,0 350-550 6-11 I I - III bom 20-30organicamente) Inocerarnus Inferior 0,8-2,0 150-400 1 , 5 - 5 I I - i l l médio a 50-150

bom Springhill - Folhelhos 0,4-1,0 100-300 0,7 - 2 IIl baixo 1-10 Marinhos Springhill 2 -25 300-700 7 - 5 4 I I - m bom 1-5 Folhelhos Continentais 4.5.2 MIGRAÇAO

A migração na bacia Austral ocorre lateralmente e verticalmente. A migração

lateral (Figura 1 O) ocorre principalmente a partir de oeste, através dos reservatórios

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27

da Formação Springhill, que atuam como condutos principais para outros

reservatórios da Formação Springhill e da Formação Tobífera. A migração vertical

ocorre principalmente através dos falhamentos e dos deslizamentos que ocorrem

próximo à faixa deformada.

Na bacia Austral, as fácies com conteúdo orgânico na janela de óleo - como a

da formação lnoceramus Inferior - e os reservatórios da Formação Springhill estão

próximos, permitindo o bom funcionamento do sistema petrolífero com uma

migração lateral (Pittion et ai., 1999).

Como não existem níveis de rochas reservatórios diretamente relacionados

aos níveis orgânicos da Formação Margas Verdes, espera-se que haja apenas uma

migração vertical da "cozinha de geração" para os níveis de arenitos, que são

considerados os reservatórios mais jovens da Formação Springhill (Villar et ai.,

1993).

No setor ocidental do Chile, os grábens da Formação Tobífera estão

suficientemente maduros para haver pequenas acumulações que provavelmente

foram geradas a partir dos níveis potenciais da Formação Springhill continental.

Esta, apesar de possuir matéria orgânica lacustre, não possui a capacidade de

expulsão para rocha reservatório, não formando, assim, um sistema petrolífero.

Os reservatórios litorais da Formação Springhill estão associados a seqüências

deposicionais distintas e a distribuição das fácies reservatório de cada uma delas é

importante para estabelecer uma via contínua de migração. A distância de migração

é considerada entre média e longa, entre 20 e 200 km na bacia Austral.

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7,1'" 7 2 "

28

, 1 $ '

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□] Imaduro

CUENCA • Janela de Petróleo MAL VI NAS;-±' • Gás & Condensado

Gás Seco

Figura 1 O - Principais características do sistema petrolífero lnoceramus Inferior (Springhí/1 e Magal/anes Inferior) da bacia Austral e distribuição atual da janela de geração de hidrocarbonetos. (Peroni et ai., 2002).

4.5.3 TRAPEAMENTO

Na bacia Austral, o trapeamento é principalmente estrutural, possuindo blocos

rotaci.onados, geralmente associados a antigas falhas no embasamento, que

surgiram no desenvolvimento da Formação Tobífera (hemigrábens). Por outro lado,

existe trapeamento de caráter estratigráfico em alguns reservatórios, especialmente

para as fácies litorâneas da Formação Springhill (acunhamentos sobre a Formação

Tobífera). Além desses dois modelos de trapeamento ocorrendo de forma isolada,

existe, em menor escala, um trapeamento estrutural e estratigráfico (Pittion et ai.,

1999).

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29

4.5.4 RESERVATÓRIOS

Na Formação Tobífera, podem-se reconhecer dois tipos principais de

reservatórios: (1) os reservatórios primários, gerados durante os processos

vulcânicos de acomodação e pelo resfriamento pós-acomodação; e (2) os

reservatórios secundários, originados de fraturas tectônicas (observar exemplo na

Figura 11).

Nos reservatórios secundários, as fraturas atuam como reservatórios

localizados (Hinterwimmer, 2002), sendo apenas alguns poços produtores

comerciais. As fraturas estão presentes em diferentes tipos de rochas vul.cânicas -

como os ignimbritos e riolítos - , conformando, assim, diferentes tipos de fraturas,

podendo ser mi.cro ou macrofraturas, subverticais e/ou subhorizontais, com textura

cataclástica ou com trajetórias caóticas interconectando cavidades. Como exemplo,

aponta-se o reservatório Punta Loyola, que é um pequeno reservatório na Formação

Tobífera. Nesse reservatório, de onze poços perfurados até 2002, somente um

tomou-se produtivo.

Como no caso dos reservatórios do tipo secundário na Formação Tobífera, os

reservatórios primários na mesma formação são constituldos por diferentes tipos de

rochas, como ingnimbritos, riolitos maciços ou brechados. Variando entre 15% e

35%, em média, o índice de porosidade desses reservatórios é satisfatório.

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30

RESERVORIOS FRACTURADOS VIDRIOS RIOLl'fICOS

1 Cor-Ir Dclg•du: J>o.ros:jdad c.n ;1:ul 1

· K:24.0mO

Figura 11 - Reservatório em' fraturas catac/ásticas em rochas riolíticas. (Hinterwimmer, 2002).

A Formação Springhill pode ser estudada melhor se dividida em sua parte

continental e sua área "offshore".

Na parte continental da Fonnação Springhill, há uma variação muito grande

nos valores de porosidade e de penneabilidade. Isso ocorre devido à alta variedade

granulométrica, à presença de argilas, à cimentaçã.o da rocha e ao nível de

compactação.

A qualidade do reservatório na formação é influenciada pela compactação e

pela cimentação. Os membros inferiores e superiores apresentam índices altos de

cimentação. No caso do membro superior, o cimento calcítico é o mais comum. Os

eventos diagenéticos que ocorrem na formação são: compactação, crescimento

secundário de quartzo, caolinitização e calcificação. A caul·inita é o argilomineral

mais presente nos arenitos da Formação Springhill.

Os reservatórios mais importantes da bacia estã.o na Formação Springhill:

"offshore", -e também nela ,estão os condutos de m,igração dos hidrocarbonetos até

as rochas selantes.

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A Formação Magallanes - com ocorrência de hidrocarbonetos conhecida

desde o início da exploração da bacia, principalmente na região de Santa Cruz -

possui as três principais características de trapeamento dos hidrocarbonetos em

seus reservatórios: (1) a primeira é relacionada ao trato transgressivo que é do tipo

estrutural; (2) a segunda também é de trato transgressivo e é de caráter combinado,

tanto estrutural quanto estratigráfico; (3) a terceira característica é do tipo

estratigráfico.

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32

5 GRAVIMETRIA

5.1 Introdução

O método gravimétrico têm como o objeUvo principal, detectar as mudanças de

densidades laterais existentes entre os corpos de rocha, para tal utiliza a leitura do

campo gravitacional terrestre, a qual incluirá anomalias.

O método é utilizado para o estudo de pequenas e grandes áreas, em escala

de detalhe a escala regional de mapeamento. Pode ser executado em terra, oceano

ou ar.

De uma maneira geral a interpretação de gravimetria é complicada, pois a

ambiguidade é um fator muito comum, como por exemplo: os efeitos gravimétricos

de alguns diferentes corpos de massa gerando a mesma anomalia de apenas um

corpo de massa. E esta, é a chave para um bom interprete deste método conseguir

diferenciar os diferentes tipos de anomalia.

O método é aplicado tanto para prospecção mineral como também para a

prospecção de hidrocarbonetos. No caso de hidrocarbonetos, um bom exemplo, é a

visualição de contraste negativo de densidade entre um domo de sal e os

sedimentos em sua volta, a interpretação correta promove a compreensão das

armadilhas estruturas que armazenam o petróleo.

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5.2 Teoria básica

O campo gravitacional { g ) em um ponto do espaço é definido, pela força

gravitacional ( F ) dividido por sua massa (m1 ) .

(5.1)

A força gravitacional exercida em uma massa ( m1 ) por outra massa ( " '2 ) é

dada pela lei da gravitação universal de Newton.

F = G l n 2 f f l i �

r2 r (5.2)

A constante gravitacional (G) determinada por Cavendish é igual a 6,672 X 1 O-a

cm3g-1s·2 (sistema cgs), a massa m, e m2 estão em gramas, r é a distância entre m,

e m2 em centimetros, e !... é o vetor unitário ao longo da linha que liga m, e m2 de ,.

sentido m, para m2 _ A magnetude F é:

F = G m 2rr,, r2

Logo, o campo gravitacional resultante de uma massa pontual é:

_ G r g=--r2 r

(5.3)

(5.4)

(5.5)

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A unidade do campo gravitacional é unidade de força por unidade de massa ou

dina por grama, também conhecida como Gal. Em gravimetria comumente é

utilizado miliGal (mGa/).

Se a unica força que atua sobre a massa m, é a força da gravidade, o campo

gravitacional g é igual a aceleração â da massa de teste m, em relação a

localização de m2 , e se a massa m2 é muito maior que a massa m1, emos a

seguinte expressão derivada de segunda lei de Newton, fr = 7Y1iâ .

Segundo West (1992), o campo gravitacional da Terra tem sido incorretamente

chamado de aceleração da gravidade, pois a massa do planeta Terra é infinitamente

maior que qualquer massa de teste utilizada para medir o campo gravitacional. A

aceleração da gravidade se refere a aceleração de um corpo que está em queda

livre influênciada pelo campo gravitacional terrestre. A aceleração é a propriedade

do movimento de um corpo. Campo gravitacional é a força gravitacional atuando

sobre este corpo. O campo gravitacional e a aceleração pode ou não ser igual,

porêm fisicamente eles possuem diferentes conceitos.

A magnitude do campo gravitacional pode ser calculado através da equação

(5.5) se for assumido que o planeta Terra é um esféra de densidade uniforme.

Newton provou que ume esfera com distribuição de massa esfericamente simétrica,

possue o mesmo campo gravitacional de uma massa pontual (com a mesma massa

da esfera) localizada no centro da primeira.

Usando a massa da Terra igual a 5,967 x 1027 gm e o raio equatorial de 6.378

x 105 cm, o campo gravitacional é de 979,868 Gal, contudo utilizando o raio polar de

6.356 x 105 cm, o campo gravitacional fica em 986,663 Gal. Estas aproximações

indicam que o campo gravitacional muda muitos Gals em função da forma da Terra.

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35

Utilizando o principio de superposição aplicado ao campo gravitacional. O

campo em um ponto no espaço devido a uma série de massas é o vetor soma dos

campos gravitacionais individuais dessas massas.

Matematicamente com a distribuição de massas de tamanhos finitos, g e m2

na equação (5.5) são substituídos pelos diferenciais ôg e ôm2 .

- Grôm2 ug= - -r 3

- GfPôv ug= r 3

(5.6)

(5.7)

(5.8)

Onde a densidade do ponto posicionado em r é dada por P e ôv é o volume

elemento.

O componente vertical do campo gravitacional é dado por.

(5.9)

onde, z é a componente vertical der.

A integração da equação (5.9) só é passivei com corpos de simples geometria

e distribuição de densidade.

West (1992), coloca que relações estão sendo desenvolvidas na teoria do

potencial gravitacional, para que se possa fazer as determinações do campo de

forma menos complicadas do que a forma dada pelas equações (5.8) e (5.9) e

também equações andam sendo desenvolvidas para o calculo de campo

gravitacional de um corpo com forma irregular, equações estas utilizadas no

desenvolvimento de algoritimos para uso em computadores.

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O calculo do efeito da gravidade em um corpo com forma e densidade

conhecida é única e acurada e pode ser facilmente calculado, contudo o calculo

inverso onde se possue a anomalia gravimétrica e se tenta calcular a forma do

corpo e sua densidade não é único. O problema ocorre, quando o elemento de

massa é dividi.do em duas partes, a densidade P e o volume ôv, observar equação

(5.7). Quando o modelo do efeito da gravidade é calculado, duas incógnitas têm que

ser determinadas, a densidade e a geometria, proveniente de apenas uma, a

anomalia gravimétrica, por isso um numero infinito de soluções é gerado.

Complementando, a gravidade g, é definida como resultado do campo

gravitacional ( g) e a aceleração centrifuga devido a rotação da Terra.

(5.1 O)

A medida da magnitude de g,, g, é chamada de medida de gravidade.

A medida de magnitude da aceleração centri.fuga da Terra é dado por

( - a P w2 ), onde a P , é comprimento da linha que liga o eixo de rotação da Terra ao

ponto p na superficie do planeta e w é a velocidade angular de 7,.29212 x 10 ..s rad/s.

Observe que a p varia de 6378 x 105 cm no equador à O cm nos polos, e a

aceleração centrifuga varia de -3,.392 Gal no equador a O Gal nos polos.

5.3 Medidas de gravidade

Neste tópico serão mostrados os equipamentos e os procedimentos de medida

de gravidade.

,11

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37

5.3.1 GRAVIMETROS

É o instrumento usado para medida da componente vertical da aceleração da

gravidade. Os gravimetros são classificados de acordo com os tipos de medidas,

absolutos ou relativos e de acordo com o tipo de levantamento, terrestre, aéreo ou

marítimo.

5.3.1.1 Gravimetros absolutos

São gravimetros utilizados apenas em levantamentos terrestres, medem o

valor real da gravidade no ponto de medida. Existem dois tipos, portateis e fixos. Os

portateis são ut.i,lizados em ,levantamentos terrestres e os fü<0s são uti.lizados em

laboratório.

Para estes gravimetros, duas metodologias de medida são utilizadas, Free-Fall

e Rise-and-Fall.

O método Free-Fall consiste em: um feixe de laser que é partido em dois por

um semi-refletor, refletido de volta por espelhos situados em direções ortogonais e

re-combinados criando um padrão de interferência. Como um dos espelhos cai em

queda-livre, o padrão de interferência muda ao longo do tempo o que permite

determinar o tempo de queda que é proporcional à gravidade local, precisão de

0.005 - 0.01 mGal e,. não são uWizados em prospecção gravimétrica.

Na metodologia Rise-and-Fall, uma esfera de vidro é projetada para cima e

retoma a posição inicial. Durante o traj,eto a esfera cruza dois feixes de luz que

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registram precisamente o tempo de passagem. O tempo é proporcional à gravidade,

Precisão de 0.005 - 0.01 mGal.

5.3.1.2 Gravimetros relativos

São gravimetros utilizados em levantamentos terrestres, marítimos e aéreos.

Medem a variação em relação a uma posição em que um valor é previamente

conhecido. Em levantamentos aéreos ou marítimos são colocados em uma

plataforma estabilizadora.

São quatro os principais tipos de gravimetros relativos: gravimetros zero-

length-spring; gravimetros marítimos de fundo, gravimetros marítimos de bordo e

gravimetros aéreos de bordo.

Os gravimetros de bordo tanto aéreo quanto marítimos, são montados sobre

plataformas estabilizadoras, são de operação rápida e comumente são utilizados em

conjunto com levantamentos sísmicos.

No caso dos gravimetros zero-length spring ou o de fundo (marítimo), possuem

formas de trabalho similares. Uma massa suportada por uma barra horizontal é

presa a uma mola. As variações na gravidade afetam a massa e alteram o

comprimento da mola. O gravimetro zero-length spring é o principal instrumento de

pesquisa gravimétrica, já o gravimetro de fundo possue restrições em relação a

profundidade devido aos cabos, é operado remotamente e possue operação lenta.

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39

5.3.2 PROCEDIMENTOS PARA A TOMADA DE MEDIDAS DE GRAVIDADE

UTILIZANDO GRAVIMETROS

O valor de gravidade obtido em uma estação de leitura, corresponde ao

somatório dos efeitos de todos os corpos, representados por massas de densidade

diferentes, situado abaixo ou nas proximidades do ponto de leitura.

Para se obter o valor de gravidade em uma estação de campo, alguns

procedimentos são tomados. É necessário referenciar esta estação a um ponto com

conhecido valor de gravidade (valor de g e). Isto só é possível graças a uma rede

internacional de estações de gravimetria, construída a partir de leituras com

gravímetros de gravidade absoluta, baseados no princípio da queda livre. Esta rede

possui como datum gravimétrico mundial, o datum IGSN-71, atualmente com quase

2000 estações de primeira ordem e, no Brasil, a Rede Gravimétrica Fundamental

Brasileira, coordenada pelo Observatório Nacional, tem atualmente cerca de 600

estações implantadas, sendo 20 de primeira ordem.

Para se realizar o levantamento as leituras devem seguir a seguinte rotina:

leitura na estação base, com valor de gravidade gez conhecido ou a ser

referenciado; leitura na estação ou estações de campo; e por fim a leitura na

estação base novamente. O motivo para a ida e volta na estação é somente para

que as correções de maré e de drift do equipamento sejam realizadas. A leitura

realizada no campo, reflete somente as divisões de escala do gravímetro, sendo

porttanto relativas, toma-se indispensavel tranforma-las em valor de gravidade g ,1,

para permitir assim, que as correções ou reduções de gravidade necessárias sejam

realizadas.

(5.11)

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, onde: g,, = valor de gravidade na estação de campo; g,1 = valor de gravidade na

estação base; dr = leitura do gravimetro; k =contante do gravimetro; te = correção

de maré e; de = drift do eqt1ipamento. Os símbolo representados pela letra f e I

representam estações de campo e base respectivamente.

O processamento de gravimetria envolve uma seqüência de procedimentos

que visa à redução dos dados observados, ou seja, colocá-los numa forma

adequada ao tratamento e à interpretação. Para tanto, são aplicadas correções, que

iremos ver no próximo tópico, as quais eliminam os vários componentes que afetam

o valor medido, para obter apena aquele proveniente do "efeito geológico"

(variações laterais de densidade).

Desse modo, são fundamentais o posicionamento e a numeração de cada

ponto de amostragem, a velocidade de deslocamento do sensor (no caso de

levantamentos com plataforma móvel), a altimetria (ou batimetria) no ponto de

amostragem, a data da aquisição dos dados, além dos valores da grandeza de

interesse (dados brutos).

5.4 Correções ou reduções dos valores de gravidade

Antes de os resultados de t1m l.evantamento gravimétrico poderem ser

interpretados, é necessário proceder à correcção de todas as variações do campo

gravimétrico da Terra que não resultam de diferenças de densidade da sub-

superficie. Este processo é conhecido por correções ou reduções dos valores de

gravidade. As correções noramalmente realizadas serão descritas a seguir.

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5.4.1 CORREÇÃO DE DERIVA (DRIFT) INSTRUMENTAL

A correção da deriva instrumental é baseada em leituras repetidas numa

estação base (ao longo do tempo do levantamento). As medições são em função do

tempo e admite-se que a deriva é linear entre as várias leituras. A correção da

deriva num tempo t é d, que é corrigida do valor observado, equação (5.11). Na

Figura 12, a seguir, pode ser observada a curva de deriva de um equipamento a

partir de uma estação base ..

Variações da gravidade na estação base

s 3575,03 - . - - � - ' - - - - - - � - � - - ,

3575 ,02 + - - - - - - . , . . . . , 1 - - - -i 3575,01 + - - l l - - - - - - - H H - I H . . , . . _ - - - - 1

is 357 5 -t-r'.,._.,,PrnT11T1TT1TmT,.....,..'r'-'i--"'r'r''mmrml •

357 4 ,9 9 - -357 4 ,98 + - - - - t

, 3574 ,97 + - - - - - - ' - - ,1 H t - - - - - - - - l

: 3574.� . . , . _ _ - - - - � - - � � 1 8:30 9:30 10:30 11 :30 12:30

Tempo em horas e minutos (0:00)

Variações da gravidade na estação base

Figura 12 - Curva de deriva do gravimetro calculada a partir de leituras sucessivas numa posição fixa. Griem-Klee, S. < http://plata.uda.cl/ minas/apuntes/Geologia /EXPLORAC /TEXT/0600lgrav.html>. Acesso em: 06.07.2007.

5.4.2 CORREÇÃO DE LATITUDE

A gravidade varia em função da latitude porque a Figura da Terra não é

perfeitamente esférica. Devido a este fato, a força centrífuga a que está sujeito um

corpo à sua superfície decresce desde um valor máximo no equador até zero nos

polos. Observar Figura 13.

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A verdadeira Figura da Terra é um esteróide oblato, cujos raios equatoriais e

polares diferem de cerca de 21 km. O efeito da não esfericidade é parcialmente

compensado pelo facto de haver mais massa sob a cintura equatorial que nos polos.

O efeito resultante destes fatores é que o valor da gravidade nos polos excede o do

equador em cerca de 5186 mGal.

A mais recente versão da equação, que relaciona a gravidade com a latitude

no esteróide de referência, data de 1967, GRS 67 - 1967 Geodetic Reference

System Equation, e é utilizada pelo datum IGSN 71. Observada abaixo na equação

(5.12).

g 0 = g 067 = 978031,846(1 + 0,005278895 - sen 2 + 0,000023462 - sen 4 ) (5.12)

(a) (b}

Figura 13 - (a) Variação da velocidade angular com a latitude. (b) Representação exagerada da forma da Terra.

5.4.3 CORREÇÕES DE TERRENO

As correções para compensar o fato das estações de observação poderem

estar a altitudes diferentes são feitas em quatro ou três etapas: correção de ar-livre;

correção Bouguer; correção de terreno e, correção de curvatura. A correção de

curvatura e terreno podem ser integrada em apenas uma correção. Figura 14.

1110\14

,,,.,,.,

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43

5.4.3.1 Correção de ar livre (Free-Air ou de Faye) (Cai)

É empregada para compensar os efeitos arbritários da diferença de altitude

das estações em relação ao g,eóide ou a um nivel de referência arbritário. A

correção de ar livre (Cai), corrige o decréscimo de g em função da altitude ou seja,

admitindo que não existe qualquer massa entre o ponto de observação e o nível do

mar (nivel de referencia), resultante do aumento da distância ao centro da terra.

Para reduzir uma observação a um certo datum, efetuada a uma altitude h em

relação a esse datum basta aplicar a seguinte relação

cal = 0,3086.h (h está em métros) (5.13)

A correção de ar livre é negativa para um ponto de observação situado acima

do nível do mar, e positiva para um ponto localizado abaixo do nível do mar. Logo o

valor da gravidade será:

(5.14)

Esta correção só leva em consideração o efeito da variação da distância do

ponto de observação em relação ao centro da Terra, não considerando contudo o

efeito grav,itacional das rochas presentes entre o ponto de observação e o nível de

referência.

5.4.3.2 Correção Bouguer (Cb)

A correção Bouguer (Cb) consiste em adicionar, ao valor normal da gravidade,

a atração de um cmndro de raio infinito e altura igual à altitude da estação no terreno

(mesma altitude empregada na correção ar - livre). Resumindo, corresponde ao

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acréscimo no valor de gravidade devido à massa de rocha entre o nível do mar e o

ponto de observação.

Cb = 2JLG,d, = Ü,04185 ,d , (5.15)

O valor do campo de gravidade após a correção Bouguer é:

(5.16)

Esta fórmula considera o efeito da atração de uma camada de rocha

horizontalmente infinita (Bouguer slab), com uma espessura h (metros) e densidade

p (gtcm\ Blakely (1996). A formula acima é denominada correção Bouguer simples,

pois considera um relevo plano não acidentado nas proximidades do ponto de

observação.

Quando o relevo é acidentado, necessária a aplicação da correção de terreno

(Ct).

5.4.3.3 Correção de curvatura (Cc)

A camada horizontalmente infinita utilizada na correção Bouguer pode ser

corrigida em função da curvatura da Terra. Esta função é uma função da elevação.

A correção da curvatura em mGal é:

(5.17)

5.4.3.4 Correção de terreno (Ct)

A correção de Bouguer parte do princípio de que a topografia em redor do

ponto de observação é plana. Isto, no entanto, raramente é verdade e por isso é

I; li! .,, lm

1t:: 1'[, ,, ,, "' "' , ,

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45

preciso proceder a um outro tipo de correção, a correção de terreno, correção esta

que é sempre positiva. Na Figura 14, pode-se observar os três tipos de correção:

arlivre, Bouguer e terreno ..

Corrigindo as variações devido ao excesso ou falta de massa no relevo

próximo ao ponto de medição, a correção de terreno é feita por meio de fórmulas e

tabelas que encontram-se, por exemplo, nos livros Applied Geophysics [Telford et

ai., 1987] e lntroduction to Geophysical Prospecting [Dobrin e Savitt, 1988].

Atualmente utiliza-se para realizar as correções de terreno o uso dos

chamados modelos digitais de terreno (vulgarmente designados por intermédios de

siglas como: DTM e SRTM). A partir destas representações da superfície da Terra,

podemos calcular o efeito de atração pmvocado pela camada de terreno através da

aplicação de um dos vários algoritmos matemáticos que existem na literatura.

(a) (b) (e)

Figura 14 - (a) Correção de ar livre de uma observação situada a uma altura h acima do datum. (b) Correção de Bouguer. (e) Correção de Terreno.

A correção de terreno e correção de curvatura na maioria das vezes são

combinadas em apenas uma simples correção. O valor do campo gravitacional

após as correções de terreno (Ct) e a correção de curvatura é:

gohcb =go +Cal +Cb + Cc -C, (5.18)

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46

5.4.4 CORREÇÃO DE MARÉ

As marés terrestres, tal como as suas congéneres marinhas, fazem com que a

elevação do ponto de observação varie .. Enquanto que no caso marinho a amplitude

da variação pode ir desde menos de 1 m até quase à dezena de metros, no caso

continental as variações atigem no máximo alguns centimetros. As vari1ações da

gravidade devidas à maré terrestre têm um máximo de amplitude de

aproximadamente 0,3 mGal e um período próximo de 12.h. Os efeitos de maré

podem ser calculados e exitem também sob a forma de tabelas publicadas na

imprensa geofísica.

O 2 •'

O 1 '

crj o ô 8 -o 1'

Valor calculado

1 l 1 1 f I f 1 1 1 S

12 16 20 24 4 8 12 16 20 24 4 -0, 2 . 1 1 05/02/86 06/02/86

Valor medido

, , Hora (lo,cal) 8 12

1)7/02/86

Figura 15 - Variação da gravidade devida às atrações do Sol e da Lua em Belém, Pará, Brasil (coordenadas: 1 º 30' sul - 48 º 30' oeste; altitude = 14 m). Luiz et ai. (1995).

5.4.5 CORREÇÃO DE EÓTVÓS ( CE

.. )ot

Esta correção deve ser aplicada quando o gravimetro se encontra baseado numa

plataforma em movimento (barco ou avião) e depende da direção do movimento. O

1111 1111 '" .. , : : 111

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47

efeito Eõtvõs aumenta a gravidade para objetos movendo-se em direção ao oeste e

reduz a gravidade para objetos movendo-se para leste. Este efeito deve ser

computado para todos os levantamentos em platafonnas móveis (navios, aviões ou

helicópteros). A correção a se fazer é:

C Eot = ((7,503 ·V·COS a-sentp) + (0,004154 -v2 ))mGal

onde, v é a velocidade em nós, a a latitude e q> o azimute.

5.4.6 CORREÇÃO ISOSTÁTICA (Cis)

(5.19)

De acordo com o conceito de isostasia, há uma deficiência de massa abaixo

das rochas da cordilheira aproximadamente igual à massa das próprias montanhas.

O conceito de isostasia baseia-se no princípio de• equilíbrio hidrostático de

Arquimedes, no qual um corpo ao flutuar desloca uma massa de água equivalente à

sua própria. O equilíbrio isostático é atingido quando um acumulo de carga ou perda

de massa existente na parte emersa é contrabalançada, respectivamente, por uma

perda de massa ou acumulo de carga na parte submersa.

Duas hipóteses de compensação isostática, teoria de Airy e teoria de Pratt. A

correção isostática assume um modelo isostático para calcular o efeito da gravidade

na compensação da deficiencia de massa abaixo do nivel do mar.

A correção isostática é um numero positivo, e seu efeito é subtraido do valor

do campo gravitacional g067 para a contagem das raízes de baixa densidade.

(5.20)

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TEORIA DE AIRY

p 3

p , > p 2 > p 3 nlve! isostético

48

TEORIA DE PRATT

p = 3.4 manto

Figura 16 - Ilustração do modelo de compensação isostática teoria de Airy e teoria de Pratt. Buonora et ai. (2002).

5.5 Anomalias gravimétricas

Os valores de anomal1ias gravimétricas são obtidos através da subtração dos

corretos valores da gravidade teórica g O ( g 067; g ohJ; g ohsb; g ohcb; g oh;) dos valores da

gravidade observada üá depois d.e corrigida da deriva do instrumento) ( gef ). A

seguir o calculo para os principais tipos de anomalia utilizados na interpretação de

dados gravimétricos.

5.5.1 ANOMALIA DE AR LIVRE

A anomalia de Ar livre é calculada baseando-se no campo gravitacional teórico, g ohf,

calculado após a correções de ar livre e mostrada na equação (5.14). Logo a anomalia de Ar

Livre pode ser assim calculada:

A N ai = g , j - gOhf (5.21)

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49

5.5.2 ANOMALIA BOUGUER SIMPLES

A anomalia Bouguer Simples é calculada baseando-se no campo gravitacional teórico,

g0hsb > calculado após a correção Bouguer e mostrada na equação (5.16). Logo a anomalia

Bouguer Simples pode ser assim calculada:

A N sb = g ej - g ohsb (5.22)

5.5.3 ANOMALIA BOUGUER COMPLETA

Subtraindo-se do valor da gravidade observada no terreno (g4 ), já corrigjdo dos efeitos

de maré, variação instrumental e latitude, o valor da gravidade normal reduzido para o nível

do terreno ( g 0hcb ), mostrada na equação (5.18), obtém-se a anomalia Bouguer Completa:

A N c b = g , f - gohcb (5.22)

5.5.4 ANOMALIA ISOSTÁTICA

E por fim a anomalia lsostática que é calculada considerando o valor do campo

gravitacional, calculado a partir da correção isostática ( g0h, ), mostrada na equação

(5.20).

A N is = g , f - gOhi (5.23)

111: ,dl: : l i ' ,111 ·1111 1 11 · 1'

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50

5.6 Interpretação de anomalias gravimétricas

O objetivo da interpretação de dados gravimétricos é mostrar um novo modelo

da geologia de subsuperficie, contribuindo assim para a simplificação ou resolução

dos problemas de exploração geológica.

A interpretação pode ser realizada de modo direto, através da construção de

um modelo inicial que melhor se aproxima das informações geológicas e geofísicas

disponíveis; através do modo inverso onde um modelo i:nicial é assumido, porém os.

seus parâmetros são calculados aufomaticamente; e através do realce dos dados e

imageamento, onde nenhum dos parâmetros do modelo é calculado, mas a

anomalia passa por um processamento especial de modo a enfatizar algumas

características da fonte, tais como, profundidades relativas, alinhamentos,

distribuição e resolução espaciais.

Nos tópicos a seguir, os principais fatores controladores da interpretação.

5.6.1 CONTROLES DA INTERPRETAÇÃO

5.6.1.1 Ambiguidade na interpretação

A ambiguidade na interpretação é gerada de duas formas: (1) a primeira

quando recebemos dados do levantamento de campo e tentamos extrair

informações e criar um modelo que rnais se encaixe no modelo geológico

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i.dealizado, atentando para distribuição de massas e para a anomalia gravimétrica

residual (retirado o efeito gravimétrico regional do dado); a segunda forma, (2)

quando a partir de um modelo gravimétrico global tenta-se extrair as anomalias

gravimétricas localizadas na área de interesse geológico.

Como não existe uma unica solução na interpretação gravimétrica, a intuição e

o conhecimento geológico do interprete, são de grande importância para que o

mesmo chegue em sua interpretação o mais próximo da geolog,ia real de

subsuperficie.

5.6. 1.2 Anomalia gravimétrica e efeito da gravidade

As anomalias residuais de Ar Livre, Bouguer e lsostática representam as

diferenças entre o campo gravimétri.co teórico e o medido. O termo, anomalia

gravimétrica, também pode ser utilizado para mostrar características gravimétricas

pontuais, diferentes das caracteri.sti'cas gravimétricas locais ou regionais em uma

determinada área, podendo ser mostradas em mapas e perfis.

Segundo West (1992), os termos anomalia gravimétrica e efeito da gravidade

são usados de forma trocada em grande parte dos livros. É importante restringir o

termo efeito de gravidade aos valores de gravidade que podem ser calculados e o

termo anomalia gravimétrica para valores que são derivados de medidas realizadas

no campo ou ainda valores cal:culados a partir de medidas efetuadas no campo

(anomalias residuais, como Bouguer, Ar Livre e lsostática).

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52

5.6.1.3 Contraste de densidade

A densidade utilizada para calcular o efeito da gravidade no modelo idealizado,

não é a densidade do corpo anômalo, mas sim o contraste entre a densidade do

corpo anômalo e as rochas encaixantes. O contraste de densidade é dado pela

seguinte equação:

!1p = PCA - PENc (5.24)

onde, PCA é a densidade do corpo anômalo e, P& c é a densidade da rocha

encaixante.

O contraste de densidade para um modelo, é estimado considerando a

densidade provável das rochas que provocam a anomalia gravimétrica. Esta

informação pode vir de medidas de densidade em amostras de rocha, gravimetria de

poço, gamma-gamma logs de densidade, comparações entre velocidade sísmica e

densidade ou de tabelas de densidade de rocha.

5.6.1.4 Estrutura x Contraste de densidade do embasamento

Considerando duas situações diferentes: (1) a primeira situação, temos uma

seção geológica com cerca de 100 km, com duas rochas com diferentes densidades

formando o embasamento de uma determinada área, tendo como contato

exatamente o km 50, estas rochas estão localizadas em uma mesma profundidade

e a rocha menos densa esta localizada a oeste da rocha mais densa; em uma

segunda situação (2) considerando uma seção geológica com também 100 km,

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53

temos apenas uma rocha conformando o embasamento, apenas uma densidade,

contudo a mesma esta falhada no km 50 desta seção provocando o rebaixamento

do bloco localizado a oeste. Observar Figura 17.

Nas situações descritas acima, a seção gravimétrica gerada a partir da duas

situações é extremamente pareclda e, somente observando a seção gravimétrica,

fica muito dificil interpretar o correto modelo para uma determinada área. Este

problema descrito acima é bastante comum tanto na exploração de hidrocarbonetos

como na exploração mineral.

' llz

·t--- -----------•1 AI r _ _ _ _ _ _ _ _ _,,_ _ _ ,n d !

z P, f -t

BASEMENTP2

P1 < P2

ª 1-----, R · - - - - BASEMENT P'Z j BASUIENT P3 1

j X

z P1 < P 2 < P 3

Figura 17 - Efeito da gravidade em um seção geológica falhada e em uma seção geológica com embasamento com diferentes densidades. West, 1992.

5.6.1.5 Estimativa de profundidade

A forma mais comum para se fazer a estimativa de profundidade de um corpo,

é comparar a anomalia gravimétrica com o efeito de gravidade em um modelo

idealizado. Na Figura 18, poderemos observar os diferentes efeitos de gravidade

causados por corpos de geometria simples e densidade constante.

,.,11111w1

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Quando se busca um modelo para anomalia gravimétrica sempre se inicia com

as formas geométricas simples que poderião representar o corpo anomalo, como

esferas e cilindros. Observar as Figuras 19 e 20.

aoov

1.lnflnllehorizontal slab

2. Thln seml-lnflnllehorizontal slab

3. S,phere

4.Two• dlmenslonalhorlzonlalcyltnder

5. Verticalcyllnder at •=O

6. Verticalcyllnder, topat ,z = O

7.Two-dlmensionaldlke.T>>B

COORDINATE SYSTEM

- - - - - i ºi'--L - - li 1 d %

1

p

? ' l

P --3-L o .z d

0-1 o 1 'z d

ca_l_

X

X

1(

7[['o p

' R , !

• X

II· · ...... 8 ....

X

9, ln mllllgals

, . • 12.77 P r g, • 4J.9l P t

8 • 4.066 P , lE! - 1an·1 c >J ' 2 d

8, • 13.34 P t [2! - tan"1 (�)) 2 d

g, • 8.52 P R 3

• l d l [1 • (!..)Jl

d ' 27.!14 P R'

l 1 d1 [l • (!..))'

d '

12.77 .I' R2 Bt • x i d (1 • ( d'))

41.91 P R2

Bz • x " d :11 • (d '

)J

g, • 12.77 P (T - S1 • SJ g, • ,41.!ll P (T - S, + S;)

1 1

g • 3.193 P � ((T1 • (x•R)') 2 - [7" • (x • R)2] 2 -2RI • X 1 1

g, = 10.48 P B_ {(T' + (x-R)1 J' -[T2 • (x • R)2J 2 ·2RlX

R,8, • 4.066 P B lnR 1

R., 8, = 13.34 P B ln-"

R,

Figura 18 - Efeito de gravidade g,, causado por corpos de geometria simples e densidade constante. West, 1992.

111111' ln• lwlt' llf 1

: :�. r1: 111•11' ;:::n:

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55

l.O

- 1 2

OP= 0.1 gm/cm'

f.0 R=O.I km

Z(km)

Figura 19 - Efeito da gravidade sobre um esfera em diferentes profundidades. West, 1992.

92 4

3

0 1 - - - r - - - - - - . - - - - - . . . . . . . - - - - - . - - - - - - - . - X ( k- 2 -1 O ---------t

-1 - - - - - - D P _ _ _ jtl Z{km)

DP• 0.1 gm/cm5 1 • 1km

2

l

Figura 20 - Efeito da gravidade sobre um bloco semi-infinito em diferentes profundidades. West, 1992.

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56

5.6.1.6 Localização de um contato vertical

A localização horizontal de um contato vertical, que é a borda entre duas

rochas de densidades diferentes, é localizado na posição de máximo gradiente

horizontal. Isto pode ser observado na Figura 20. Se o contato possuir um mergulho,

a localização do máximo gradiente gravimétrico sempre se direciona para o contato.

5.6.1.7 Separação de anomalias regionais e residuais

A anomalia gravimétrica de interesse, a anomalia residual, pode ser separada

da anomalia "regional" de modo que seja analisada. Uma das metodologias

adotada é a separação baseada em comprimento de onda das anomal.ias

gravimétricas. Fontes rasas possuem comprimento de onda menor que fontes mais

profundas. Filtros dlgitai.s podem facilmente retirar os comprimentos de ondas curto

ou longos.

11t 1I

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57

6 ESTUDO DE CASO

6.1 Introdução

O presente estudo de caso, "A geological and geophysical crusta/ section

across the Maga/lanes-Fagno fault in Tierra dei Fuego': dos autores A. Tassone; H.

Lippai; E. Lodolo; M. Menichetti; A. Comba; J.L. Hormaechea; J.F. Vilas de diversos

institutos de geologia e geofísica da Argentina e Itália, teve como principal objetivo,

a integração de dados geológicos, magnetométricos e gravimétricos para delinear

na porção Argentina da Ilha da Terra do Fogo mais precisamente no sistema de

falha Magallanes-Fagnano (MFS), as principais características estruturais e o

cenário tectônico da área.

A área estudada (Figura 21) está localizada ao sul da bacia Austral.

Como a presente monografia tem o objetivo de mostrar o conhecimento

adquirido no método geofísico descrito. A ênfase do texto que virá a seguir será

dada ao levantamento gravimétrico, e ao modelamento numérico realizado para os

dados de gravidade.

O modelo numérico bidimensional (20} foi executado usando os dados da

anomalia de Bouguer e, foi realizado utilizando o software IGMAS (Gotze, 1978,;

Gotze e Lahmeyer, 1988,; Schmidt e Gotze, 1998) baseado no algoritimo de Won &

Bevis (1987).

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58

76W 68 64W

52S

-54

-56· ANTARTIC PLATE Soulhkoti•.� , . r

. . . , . , , . ANTARTIC PLAn:,

'=====-.-=·- === ·----,,-------,-------,.-----.-':.:....i' 56S ro 6 M

Figura 21 - Localização da área do estudo de caso. No diagrama (I), mapa tectônico; em (li) mapa geológico simplificado da Ilha da Terra do Fogo e localização dos termos utilizados no texto: EFTB,cinturão de dobramento e empurrão externo; IFTB, cinturão de dobramento e empurrão interno; NB, bacia neogenica; PB, bacia pa/eogenica; (1 ), zona de falha Vale Carabaja/; (2),zona de falha Lago Deseado; MS,Estreito de Magalhães; MFS, sistema de falhas Magal/anes-Fagnano ; BCS, Sistema de falhas canal de Beagle; e USH, Ushuaia. A caixa "studied area" representa a área do estudo de caso.

6.2 Geologia

A presente conFiguração tectônica da Ilha da Terra do Fogo (Figura 21) é

resultado de uma longa e complexa evolução da porção mais ao sul da América do

Sul. Após a metade do jurássico, a parte sul do continente sul-americano sofreu

extensão associada com o colapso do Gondwana, Figura 9, esta extensão é

representada: pelo vulcanismo felsico da grande província ígnea da Patagônia e

Penisula Antártica (Pankhurst et ai., 2000); pela produção de crosta oceânica na

bacia de backarc (como os complexos ofiolíticos de Tortuga e Sarmiento); e das

11 •li ,, " íl

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59

deposições das sequências transicionais (Rocas Verdes; Dalziel et ai., 197 4; Dalziel,

1981).

A aproximadamente 100 Ma, uma fase geral de compressão tectônica levou ao

fechamento da bacia de Rocas Verdes e ao desenvolvimento da bacia de "foreland"

Austral com depósitos de sedimentos elásticos da cordilheira (Natland et ai., 1974).

A borda das placas Sul-americana e Escócia na região da Terra do Fogo é

representado principalmente por lineamentos transcorrentes, conhecidos como

sistema de falhas Magallanes-Fagnano (MFS). O MFS divide a Ilha da Terra do

Fogo em dois blocos continentais, inicia da entrada Pacífica do Estreito de

Magalhães até a costa Atlântica' da Ilha (Figura 21 ), onde um significante

deformação relacionada aos falhamentos transcorrentes vêm sendo estudado tanto

em áreas continentais como em áreas "offshore" (Winslow, 1982; Cunningham,

1993; Klepeis & Austin, 1997; Cerredo et ai., 2000; Diraison et ai., 2000; Lodolo et

ai., 2002a,b).

O sistema principal consiste em um sistema com vergência para norte, de

direção ESE-WNW, com dobras assimétricas e empurrões, devido principalmente

ao recente encurtamento N-S durante o Cretáceo-Paleogeno.

A área lêvantada expõe seqüências marinhas da bacia marginal Rocas Verdes

(Formação Yahgan) e, localmente, embasamento vulcanoclástico, constituindo uma

cunha imbricada que afina para norte. Os sedimentos que sobrepõe estas

sucessões sin-tectônicas, Figura 22 e 23, consistem da seqüência silioiclástiica da

bacia "foreland" Austral.

A sudeste do Lago Fagnano, os argilitos da Formação Yahgan foram intrudidos

pelo monzodiorito Cerro Hewhoepen que ocupa aproximadamente 4 km2 , e

coincide com um relevo alto e isolado com aproximadamente 800 m. Esta intrusão é

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60

afetada pelas estruturas transtencionais da bacia "pull-apart'' Lago Fagnano e

contrações tectônicas (Figura 22 e 23).

Um sistema do Otigoceno-Quatemário, E-W, com falhamentos transcorrentes

sinistrais com componentes extensionais sobrepondo estruturas contracionais, é

responsável pela principal depressão do Lago Fagnano (Lodolo et ai., 2003). Os

sedimentos glaciolacustres do Pleistoceno, na costa leste do Lago Fagnano, estão

deformados por diversas grupos de falhas normais E-W, subverticais com

mergulhos para sul, prevalecendo o componete transtencional sinistrai. Neste setor,

as drenagens estão claramente influenciadas pela presença destas estruturas E-W

relacionadas aos falhamentos transcorrentes, com captura de diversas cabeceiras,

como na parte alta dos vales onde estão os rios Turbio e Lainez (Menichetti et ai.,

2001; Lodolo et ai., 2002a).

6.3 Geofísica

Os autores do artigo analisado tiveram como objetivo, prover evidência

geofísica sobre a geometria e orientação das unidades geológicas em subsuperficie,

como também a natureza do tectonismo transformante do MFS, do Lago Fagnano

oriental para o Atlantico.

Dentro da área estudada, segundo os autores, os dados gravimétricos e

magnetométricos geraram informações criticas, pois a zona central é dominada por

florestas que dificultam o acesso, e os afloramentos são restritos ao Lago Fagnano

e à costa Atlântica. A análise conjunta dos dados geológicos e geofísicos permitiu

11tlf1 1•

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61

aos autores, apresentar várias seções N-S que exibem as principais características

geológicas associadas com MFS.

Os dados foram adquiridos em quatro etapas de campo durante o período de

1998 até 2002. Os trabalhos foram realizados em áreas remotas da porção centro-

oriental da Ilha da Terra do Fogo.

-10º -69º -n8 º " 7º - 6º .. 55• -53º" 1 - "--:- - -:-- --:-'- -:-- -:---,, � - 1, _ _ _ _ _ _ . _ _ _ _ _ . .1 . . . . _ _ _ _ I-- -53º " . . " ...

. . . \. - . . . . . . . . - . . . . . . . . . . . . . . ' ' ' . ' . . . . . . .

-70 º -68º -67°

Legend: C ] s

� Stril<e--slip !ai.Ili [ : J 7- . Normal FauJI

' 111111st fault •· lnfermd

c:::::3 6

1 0 5

W 4Stroc

- 3 .[3312 · -54º

50.Km - - -

01

-55 º

Figura 22 - Mapa geológico simplificado da porção leste da Ilha da Terra do Fogo, Tassone et ai. (2005). As maiores estruturas foram interpretadas de imagens SPOT, fotografias aéreas e mapeamento de campo. NB, bacia neogenica; PB, bacia paleogenica MFS, sistema de falhas Magallanes-Fagnan; BCS, sistema de falhas canal de Beag/e; and USH, Ushuaia. Legend:(1) embasamento; (2) Formação Lemaire (Argentina)/ FormaçãoTobifera (Chile); (3) Complexo Tortuga; (4) Formações Yahgan e Beauvoir; (5) Depósitos Neocretáceos; (6) Batólito Patagonico; (7) depósitos Terciários defonnados; e (8) depósitos Terciários não deformados.

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8

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62

Figura 23 - Mapa geológico da porção leste do Lago Fagnano. Tassone et ai. (2005). (1) Quaternário não diferenciado - depósitos lacustres e glaciolacustres; (2) sequências glaciolacustres do Pleistoceno; (3a) Formação Rio Claro; (b) Grupo La Despedida; Arenito fino Terciário; (4) grauvacas feldspáticas e conglomerados do Cretáceo superior; (5) Intrusão Hewhoepen; (6) Formação Yahgan Formation, argilitos negros e calcario; (7) attitude das camadas; (8) falha de empurrão/; (9) falha normal; (10)fa/ha transcorrente; (11)/ineamentos tectônicos inferidos; e (12) estrada.

Todos os pontos mapeados de geologia, gravimetria, magnetometria e

suscetibilidade magnética, tiveram suas coordenadas tomadas com DGPS (sistema

de posicionamento global diferencial). Devido à falta de informação topográfica

precisa, que poderia prover cobertura completa da área estudada, imagens de SAR

(adquirido de ERS-1 e ERS-2) foram utilizadas para produzir um modelo digital do

terreno (DEM) para executar as correções topográficas necessárias ao

levantamento gravimétrico.

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63

Além disso, o DEM foi combinado com imagens SPOT e fotografias aéreas

(1:30,000, Servicio de Hidrografia Naval - Argentina) ajudando a determinação das

lineações regionais (Figuras 21 até 23).

As amostras de rochas e os dados estruturais, mapeados em campo e com os

métodos de geofísica, forneceram informações para o mapa geológico preliminar

(Figura 23) seguindo a estratigrafia de Buatois & Camacho (1993), Olivero et ai.

( 1999), Olivero & Medina (2001 ), Olivero (2002} e Olivero & Martinioni (2001i ).

Para finalizar, uma seção esquemática N-S a leste do Lago Fagnano foi

preparada combinando as informações litológicas e estruturais disponíveis com o

modelo numérico dos dados gravimétricos. Para geração deste modelo numérico foi

utilizado o software IGMAS.

6.3.1 MEDIDAS GEOFÍSICAS

6.3.1.1 Gravimetria

Os dados gravimétricos foram adquiridos com um gravímetro LaCoste-

Romberg, do tipo relativo, onde uma massa suportada por uma barra horizontal é

presa a uma mola e, quando ocorre a variações na gravidade, esta afeta a massa

alterando o comprimento da mola.

Como já dito anteriormente os dados para realização das correções de terreno

foram retirados do modelo digital do terreno (DEM), que por sua vez foi restituído

das imagens SAR.

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64

A correção de deriva instrumental foi realizada com a reocupação diária de

estações-base pré-estabelecidas. Pequenas mudanças nas leituras foram atribuídas

à variação de deriva instrumental, contudo esta correção de drift instrumental foi

aplicada aos dados gravimétricos através de interpolação linear. A correção de

maré (relacionado à atração do sol e lua) também foi aplicada para toda medida de

gravidade.

A base de gravidade absoluta utilizada foi Ushuaia, que esta ligada ao sistema

IGSN71 (Morelli et ai., 1974; Gantar, 1993).

6.3.1.2 Magnetometria e suscetibilidade magnética

O equipamento utilizado para o levantamento magnetométrico foi um EG&G

Geometrics e um próton magnetômetro da Scintrex. Todos os dados foram

corrigidos para variações diurnas, com os dados de base obtidos no boletim da ilha

de Falkland para os anos de 1998 até 2001 (período de aquisição de dados). O

campo de referência geomagnético internacional (IGRF) foi removido dos dados

adquiridos, de forma que as anomalias magnéticas residuais são somente devido à

geologia.

Foram executadas medidas de suscetibilidade magnética para cada

afloramento representativo, com um suscetibilimetro Bartington MS2. São exibidos

os resultados para cada unidade geológica medida na Tabela 2 a seguir. Observar o

contraste entre as unidades sedimentares e o corpo intrusivo.

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65

Tabela 2 - Valores medidos de suscetibilidade magnética para cada unidade íca. Tassone et ai., (2005). geológ

Unidade geolóaica Idade Suscetibilidade CmJ/ka) Fm. Le Maire Neojurassico 15 X 10 Fm. Yaghan / Beauvoir Cretáceo inferior 159 X 10..,

Fm. Matretro/Kami Cretáceo superior 86 X 10..,

1 ntrusão Hewhoepen Cretáceo superior 13568 X 10 Fm. Rio Claro Paleoceno 540 X 10- 8

Fm. Punta Torcida Eoceno 119x10- 8

Fm. Cabo Colorado Eoceno 93 X 10-<>

Fm. Letícia Eoceno 85 X 10

Fm. Cabo Pena Mioceno 267 X 10

6.3.2 RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO GEOFÍSICA

6.3.2.1 Perfis geofísicos e mapas

Neste trabalho foram apresentados, dois mapas geofísicos e três perfis

geofísicos.

Do levantamento gravimétrico foi feito o mapa de anomalia Bouguer completa

(Figura 24-C) mostrando uma tendência à dimi:nuição dos valores Bouguer regionais

em direção sul, o que sugestiona o aumento de profundidade do embasamento para

esta porção da área. Em terreno continental, o campo gravimétrico é caracterizado

por anomalias que variam de -1 O a -50 mGal. Algumas anomalias podem ser

individualizadas como: (CH) - anomali!a positiva que é relacionada à intrusão

monzodioritica Cerro Hewhoepen; entre Lago Fagnano e a costa Atlântica,

aparecem claramente duas anomalias negativas, uma localizada ao sul de Cabo

Colorado (Mi CC) e o outro na porção oriental do vale do Turbio Rio (Mi LC). Outro

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mínimo (Mi CLF) corresponde a depressão correlacionada ao estuário do Rio

Turbio. Estes três mínimos estão organizados aproximadamente na direção E-W.

Os autores colocam que a tendência anômala regional, E-W, pode ser observada no

mapa de anomalia de ar-livre na porção central da Ilha da Terra do Fogo, este mapa

foi: publicado pelo próprio em 1999 (Tassone et ai., 1999) e esta anomalia foi

correlata com a anomalia de ar-livre obtida de imagens de satélite no Atlântico

offshore (Sandwell, 1995).

O mapa magnético do campo total, apresentado na Figura 24-D, mostra

valores de anomalia variando entre -500 e 2500 nT. O mapa exibe uma anomalia

máxima principal a sudeste 'de Lago Fagnano, correspondente a intrusão

monzodioritica Cerro Hewhoepen, com tendência WNW-ESE e gradientes mais

fortes na direção de ENE-WSW.

Na Fi!gura 25, é possível observar as correlações entre os dados gravimétricos,

magnéticos e topográficos combinados em seções topográficas N-S e NW-SE. Em

todas as seções gravimétricas fica possível a observação de mínimos gravimétricos,

correlacionados ao MFS no vale do Rio lrigoyen, com gradiente de 5 mGal para o

perfil P-CLF (Lago Fagnano) com largura de aproximadamente 7 km, 4 mGal para o

perfil P-LC (La Correntina) com largura de aproximadamente 10 km e 8 km no perfil

P-CC (Cabo Colorado). Todos estes valores mínimos são interpretados como

corpos de baixa densidade (bacias possivelmente rasas). Observar posição na

Figura 24-A.

A tendência regional, para diminuição dos valores de anomalia Bouguer para

sul, é identificada nos três perfis: entre estações 272 e 231 no perfil P-CLF/Lago

Fagnano, estações 195 e 28 no perfil P-LC/La Correntina, e estações 173 e 322 no

perfil P-CC/Sul Cabo Colorado. As anomalias positivas tanto gravimétricas quanto

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67

magnéticas representam no perfil P-CLF/Lago Fagnano a intrusão Cerro

Hewhoepen.

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Figura 24 - (A) Mapa da área estudada, mostrando a distribuição dos pontos geofísicos (pontos negros) e localízação das seções. O traço P-CLF corresponde a localização do modelo gravimétrico e a seção geológica interpretada. O segmento tracejado representa o sistema de falhas Magallane-Fagnano (MFS) e, as áreas hachura elipsóides são áreas não levantadas; (B) - Mapa topográfico linhas de contorno a cada 50m (das medidas de elevação adquiridas nas estações DGPS); (C) - Mapa de anomalia bouguer completa, Unhas de contorno a cada 3 mGal.Legenda : Mi - Anomalia Bouguer mínima; CLF - porção leste do Lago Fagnanoque corresponde a depressão do estuário do Rio Turbio; LC - setor leste quecorresponde a terminação leste do vale ocupado pelo Rio Turbio; CC - CaboColorado; CH - máxima anomalia bouguer na intrusão Cerro Hewhoepen; (D) -

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68

Mapa magnético campo total, linhas de contorno a cada 100 nT. Modificado de Tassone et ai., (2005).

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Figura 25 - Perfis N-S e NW-SE localizados na Figura 24-A, anomalia Bouguer, anomalia magnética e perfil topográfico. No diagrama superior Anomalias magnéticas (tracejado nT/50) e anomalia Bouguer (linhas sólidas em mGal). O diagram inferior representa o perfil topográfico e os números a estação geofísica. Tassone et ai., (2005).

6.3.2.2 Modelo de gravidade bidimensional e seção geológica interpretada

O modelo numérico bidimensional (20) (Figura 26) foi executado utilizando os

dados da anomalia de Bouguer. O modelo é exibido em uma seção N-S de

aproximadamente 40 km por 10 km de profundidade.

O modelo foi realizado utilizando o software IGMAS (Gotze, 1978; Gotze e

Lahmeyer, 1988; Schmidt e Gotze, 1998) baseado no algoritmo de Won & Bevis

(1987). A densidade de cada unidade geológica foi medida em amostras secas com

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um picnômetro, mostrando boa correlação com os valores informados na literatura

(Dobrin, 1975). A densidade de referência foi 2.67 g/cm 3.

O software IGMAS é um sistema gráfico computacional interativo, que modela

campos potenciais (gravimetria e magnetometria) através de simulação numérica

(Gõtze, 1978; Gõtze, 1984; Gõtze & Lahmeyer, 1988). O procedimento de

modelamento e baseado no método de "tentativa e erro". O algoritimo utilizado para

o calculo do campo potencial é baseado em poliedros triangulares (Gõtze, 1978), e

teve sua revisão e extensão em 1995 (Tassone et ai., 2005).

Na seção modelada, o MFS (sistema de falhas Magallanes-Fagnano) é

relacionado a um valor mínimo de anomalia Bouguer (-39 mGal), observar

diagrama superior da Figura 26.

(mGal)

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Densities (gr/cm')

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· , 2 2.700 ,, 1 2.800

Vertical Exagg. 1:64

Figura 26 - Modelo numérico 20 criado com o dado proveniente da anomalia Bouguer completa. O modelo foi realizado com o software IGMAS. (1) embasamento Paleozóico; (2) intrusão monzodioritica (Cretáceo superior-meio do Mioceno); (3) Formação Lemaire (Neojurassico); (4) Formação Yahgan (Neocretaceo, argi/ito negro e calcário); (5) rochas sedimentares sin-orogenéticas Terciárias; e (6) depósitos não diferenciados do Mioceno - Quaternário. Tasson et ai. (2005).

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A bacia assimétrica do Lago Fagnano é interpretada como associado ao MFS.

O modelo numérico quantitativamente obriga a disposição das unidades Cretáceas

e Jurássicas afetadas pela compressão andina, como também a extensão lateral

das unidades sin-orogenéticas do Terciário. Um bom ajuste foi realizado entre os

valores medidos e os calculados para a profundidade do embasamento Paleozóico,

cuja geometria modelada indicou um afundamento para o sul de 5 para 7 km.

O corpo intrusivo Hewhoepen aparece na parte sul da seção modelada,

coincidente com um máximo gravimétrico de -21 mGal (Figuras 24-C, 25, e

diagrama superior, Figura 26) e um máximo magnético de 2110 nT (Figura 25).

A seção geológica modelada, N-S, apresentada na Figura 27, foi gerada a

partir da combinação dos dados gravimétricos, informações geológicas de campo e,

geometria de estruturas profundas provenientes de linhas de sísmica de reflexão em

áreas vizinhas (Alvarez Marron, 1993,; Klepeis & Austin, 1997) e do Atlântico

offshore (Galeazzi, 1998,; Tassone et ai., 2001a, 2003,; Lodolo et ai., 2002a, 2003,;

Yagupsky et ai., 2003, em imprensa). O modelo geométrico do duplex profundo que

possui a extremidade principal escondida, geometricamente é semelhante às

estruturas expostas na parte ocidental da Ilha da Terra do Fogo (Klepeis & Austin,

1997) com os passivos roof thrust (topo da zona de falha duplex) e back-thrust (falha

retro-reversa) criando ao norte do Lago Fagnano uma zona triangular (Figura 27).

Os níveis mais baixos apresentam encurtamento de cerca de 40% enquanto os

níveis superiores de apenas 20%.

A geometria do MFS no modelo geológico e gravimétrico é semelhante à

geometria revelada pelas imagens sísmicas no Atlântico offshore e no Estreito de

Magalhães (Lodolo et ai., 2002a, 2003,; Yagupsky et ai., 2003), onde bacias de

meio-graben são tipicamente associadas com segmentos distintos do MFS.

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Figura 27 - Seção geológica interpretada baseada no modelo numérico gravimétrico combinado dados estruturais e geológicos de campo. Os triângulos na arte superior indicam a loca/izaçflo das estações geofísicas. (1) embasamento Paleozóico; (2) intrusão monzodioritica (Cretáceo superior-meio do Mioceno); (3) Formação Lemaire (Neojurassico); (4) Formação Yahgan (Neocretaceo, argilito negro e calcário); (5) rochas sedimentares sín-orogenéticas Terciárias, (a) Formação Rto Claro, (b)Grupo La Despedida; e (6) depósitos não diferenciados do Mioceno -Quaternário. A densidades das unidades estão assim separadas: (1) 2.8 glcm3; (2) 2. 7 glcm3; (3) 2.45 g/cm3; (4) 2.5 g/cm3; (5) 2.4 glcm3; (6) 2.10-1.0 g/cm3.Tassone et ai. (2005).

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7 CONCLUSÃO

Após o levantamento bibliográfico na bacia Austral observou-se uma grande

quantidade de arti.gos descrevendo a geologia da bacia, por se tratar da mais antiga

bacia em produção de hidrcarbonetos da região, muitas vezes de forma confusa,

com inúmeros nomes para a mesma unidade litológica, por vezes até em uma

mesma localidade. Em comum, todos os artigos colocam como as principais rochas

reservatórios, as rochas vulcanoclásticas da Formação Tobifera e os sedimentos

elásticos da Formação Springhill. Estas duas formações perfazem o principal '

objetivo prospectivo para hidrocarbonetos na bacia Austral.

Quatro unidades morto-estruturais foram descritos por diversos autores, zona

de plataforma (Plataforma de Springhill), zona de flexura ou talude, zona de bacia

profunda e zona dobrada (Figura 6). As feições estruturais observadas na bacia

Austral são caracterizadas por falhamentos - normais, transcorrentes e cisalhantes

- , por dobras assimétricas e por inversão e estruturas compressivas características

da zona dobrada.

No estudo de caso dois métodos geofísicos foram aplicados, gravimetria e

magnetometria, com objetivo de integrar em conjunto com as informações

geológicas e delinear na porção Argentina da Ilha da Terra do Fogo, mais

precisamente no sistema de falha Magallanes-Fagnano (MFS), as principais

características estruturais e o cenário tectônico da área.

As informações gravimétricas geradas na área de levantamento mostraram

que uma seqüência de três mínimos gravimétricos orientados E-W, que estão

associados ao sistema de falhas Magallanes-Fagnano. Estes três mínimos

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73

gravimetricos reconhecidos, de acordo com os dados estruturais de campo, são

interpretados como bacia "pull-apart" (bacias associadas com movimentos

transcorrentes), formadas dentro da zona de deslocamento principal do MFS

durante o regime tectônico transtensional.

Uma anomalia gravimétrica máxima, relacionada a uma também anomalia

magnética máxima, esta associada ao corpo intrusivo monzodioritico Hewhoepen.

O modelo geofísico, Figura 26, revela uma forma de pistão para este corpo intrusivo

cuja posição poderia ser favorecida por uma área de distensão associada com o

MFS (Cerredo et ai., 2000). Segundo T ssone et ai. (2005), a anomalia magnética

remanescente indica que a posição original do corpo intrusivo foi tectônicamente

modificada, sendo provavelmente os movimentos transtensivos ao longo do MFS

responsáveis pela inclinação ao redor do eixo sub-horizontal E-W e um à rotação

ao redor do eixo vertical.

O MFS, como indicado pelo modelo gravímétrico 20 e pela seção geológica

interpretada, é representado através de falhas subverticais e uma associação a

bacias assimétricas, relacionadas aos movimentos transcorrentes e normais

extensivos.

Neste trabalho pode-se observar que o método gravimétrico, em conjunto com

outros métodos prospectivos, consegue produzir um modelo geológico bastante

realístico que poderá ser uma possível área alvo, em outras áreas.

Para o método gravimétrico, fica clara a capacidade de resolver variações

laterais de densidade e interfaces verticais/subverticais (como falhamentos e corpos

intrusivos). Contudo o mesmo possui dificuldade em mapear variações horizontais,

como na individualização das unidades litológicas de uma bacia.

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74

A metodologia utilizada, para o modelamento numérico dos dados

apresentados no estudo de caso, resolveu o problema de resolução horizontal, pois

para gerar o modelo numérico gravimétrico, os polígonos interpretativos foram

criados em função de um conjunto de informações obtidas em coletas de dados de

campo (geológicos/estruturais) e na sísmica de reflexão realizadas em áreas

vizinhas, ou seja, resolveu-se o problema de resolução horizontal do método com a

utilização conjunta e integrada do método gravimétrico com a geologia e outros

métodos geofísicos, como pode ser observado no modelo final apresentado na

Figura 27.

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8 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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